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PROCESSO COLETIVO
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litígio estrutural.
Essa reestruturação envolve a elaboração de um plano. É preciso definir de que jeito
BARBARESCO -- CPF:
esse distrito vai ser reestruturado, pra que mude de comportamento. Esse plano precisa ser
implementado mediante providências sucessivas e incrementais. Não é possível simplesmente
PEDROSA BARBARESCO
dizer que tudo será mudado, que a escola vai parar de funcionar, que os alunos serão mudados.
Caso seja feito desta forma, os resultados não serão duradouros. Os alunos vão
VICTOR PEDROSA
cancelarão suas matrículas, usarão subterfúgios para voltar para as escolas anteriores e assim por
diante. Há diferenças tanto metodológicas, quanto finalísticas, entre o processo coletivo normal e
VICTOR
origem àquele problema, àquele litígio. Esse processo coletivo vai incidir buscando medidas
incrementais de solução, porque precisa dar conta deum problema que exige soluções
incrementais.
Quando se fala que o processo estrutural é um processo coletivo, quer dizer que é uma
ação civil pública ou ação popular? Idealmente, sim, porque são essas ações que permitiriam uma
condução mais apropriada, com instrumentos mais adequados para a solução estrutural do litígio.
CPF: 407.043.798-30
No entanto, o STF tem conduzido ou já conduziu pelo menos uma ADPF como ADPF
estrutural, assim, existe uma certa transformação da ADPF em processo estrutural. Se isso é
BARBARESCO -- CPF:
adequado ou não, se é bom ou não, são duas perguntas de difícil solução e de grande controvérsia.
PEDROSA BARBARESCO
Vários autores dizem que o STF não deveria fazer isso, que o STF e a ADPF não são lugares pra
discutir conflitos estruturais, porque esses conflitos exigem uma instrução fática muito significativa.
Nem o procedimento da ADPF e nem a estrutura institucional do STF estão preparados pra fazer.
VICTOR PEDROSA
que não pode numa ADPF. Então, existem diversas ADPF’s com pedidos estruturais, embora, o STF
não esteja se dispondo a conduzir todas elas de maneira estrutural.
Por exemplo, a ADPF 347 é uma ação com pedido estrutural, que é a famosa ADPF dos
presídios em que o STF, no julgamento da liminar, declarou o estado de coisas inconstitucional nos
presídios brasileiros. Na petição inicial dessa ADPF, é possível ver que ali tinha um pedido de
natureza estrutural, um pedido em que se pretendia que fosse elaborado um plano para resolver a
situação das prisões no Brasil. Na liminar, o STF não analisou isso e, ao longo dos anos dessa
liminar, o STF não conduziu esse processo de maneira estrutural. Então, parece equivocado dizer
que esse seja um exemplo de processo seja estrutural. Esse processo tem um pedido estrutural
que não foi sequer instruído e processado pelo STF. Talvez no julgamento do mérito, o relator é o
Resta saber se essa atuação foi eficiente ou não. Existem diversas criticas dizendo que
o Ministro Barroso, que é condutor do caso, apesar de bem intencionado, não conseguiu fazer
com o governo federal resolvesse os problemas dos povos indígenas na pandemia e na prática, os
povos indígenas acabaram sendo muito vitimizados pela pandemia. A etnia Juma desapareceu por
causa disso, extinta de fato pela pandemia.
Esse contexto gerou uma situação bastante delicada por parte do STF, mas pelo menos
CPF: 407.043.798-30
audiências, outiva de diversas autoridades, como AGU e outras autoridades finalísticas, como
PEDROSA BARBARESCO
autoridades de saúde foram ouvidas no STF. Isso não é usual. Usualmente quem tem voz é o
advogado. Houve a flexibilização para a condução de um bom processo estrutural. O STF fez isso
nesse caso, o que não é garantia de resultado.
VICTOR PEDROSA
Toda vez que se fala em intervenção judicial em políticas públicas, não há garantia de
sucesso, pode ser que dê ou não. Mas o STF tentou nesse caso.
VICTOR
4) Processos estruturais são demandas judiciais nas quais se busca reestruturar uma instituição pública ou
privada cujo comportamento causa, fomenta ou viabiliza um litígio estrutural. Essa reestruturação envolve
a elaboração de um plano de longo prazo para alteração do funcionamento da instituição e sua
implementação, mediante providências sucessivas e incrementais, que garantam que os resultados visados
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◦ Elementos reiteradamente associados à litigância estrutural: (a) a intervenção de múltiplos agentes; (b) o
viés coletivo da tutela pretendida; (c) uma condição de origem (normalmente, ação ou omissão estatal ou
BARBARESCO -- CPF:
◦ Elemento essencial: causalidade estrutural = caráter complexo por natureza, não apenas por permitir se
entrelaçarem, na confluência causal multifacetária mediata ou imediata, regras jurídicas, políticas
VICTOR
institucionais, práticas reiteradas e situações sociais consolidadas, como também por admitir que se
identifiquem como sujeitos causadores do contexto de violação inconstitucional de direitos, aqueles que
também porventura integrem o grupo vitimizado. Considera Mariela Puga ser mais adequado falar-se em
um processo causal (ou ciclo causal) do que, propriamente, em um evento causal aos litígios estruturais
A Professora Mariela Puga, argentina, que possui tese de doutorado bastante citada no
Brasil, diz que embora os elementos estejam recorrentemente associados ao processo estrurual, o
elemento essencial de um processo estrutural, que ela nomeou de causalidade estrutural e o
Professor Edilson Vitorelle chamou de complexidade, um litígio complexo.
A professora Mariela Puga diz que às vezes, quem causa o litigio estrutural, também é
Material elaborado por Wanessa Ferreira Ribeiro Cavalcante Mazza
vítima dele. O professor tem dúvidas quanto à veracidade disso, mas enfim, é a teoria da
professora que diz ser mais adequado falar em um processo causal ou ciclo causal, do que em
evento causal para os litígios estruturais, que é o que o Professor Edilson fala também. Os litígios
estruturais decorrem de como uma estrutura burocrática se comporta ao longo do tempo e não
no momento único e específico.
e em que se pretende alterar esse estado de desconformidade, substituindo-o por um estado de coisas
ideal.
Processo bifásico:
BARBARESCO -- CPF:
◦ Fase 2: implementação da decisão estrutural, que estabeleça, ao menos: (i) o tempo, o modo e o grau de
reestruturação a ser implementada; (ii) o regime de transição, conforme art.23 da LINDB; e (iii) a forma de
avaliação/fiscalização permanente das medidas estruturantes
VICTOR PEDROSA
VICTOR
O processo estrutural pro Didier e pro Hermes Zaneti Junior, é um processo que vai
resolver aquilo que eles chamam de problema estrutural, que é uma situação de ilicitude contínua
e permanente ou, ainda uma situação que embora não seja propriamente ilícita, não corresponda
a um estado de coisas considerado ideal.
O conceito aqui é muito mais genérico do que o conceito trazido pelo professor
Vitorelli, se aplicando a muito mais coisas e por isso o professor não aprecia, pois, por ser genérico
demais, dificulta uma definição precisa do que seria um litígio estrutural e do que seria um
processo estrutural.
Os autores utilizam a expressão problema estrutural. O professor Vitorelli possui duas
objeções, uma acadêmica e outra prática. A prática é essa já citada, quanto ao conceito, por ser
regime de transição, conforme art. 23, LINDB e a forma de avaliação e fiscalização permanente das
PEDROSA BARBARESCO
medidas.
O professor não gosta dessa definição porque acredita que estabelecer um processo
bifásico é pouco para as necessidades dos litígios estruturais. O que precisa é de um diálogo
VICTOR PEDROSA
permanente entre conhecimento e execução. Quando se pensa num processo num processo
bifásico, imagina-se um processo de conhecimento com uma sentença genérica e depois, um
VICTOR
Tem autores que falam em processo trifásico. Mas tudo isso é muito ruim. O que se
deve falar é num processo fluído, que permite a interação entre tomada de decisão e
implementação de decisão.
Não seria melhor fazer um processo estrutural extrajudicialmente? Sim. É muito
melhor que se tratem as questões estruturais extrajudicialmente, porque já existe essa fluidez.
Não se está constrito pelas regras do CPC. Então, é muito mais prático, muito mais fácil que se
CPF: 407.043.798-30
conduza no âmbito do Ministério Público, um inquérito civil para se dar conta de um litígio
estrutural. Procure fazer um TAC de cunho estrutural, uma recomendação de cunho estrutural, do
BARBARESCO -- CPF:
que se conduza um processo judicial estrutural. Sem falar, como já mencionado no bloco anterior,
PEDROSA BARBARESCO
no caso de um processo judicial estrutural, é preciso da figura do juiz. No exemplo da ADPF 347 e
709, a primeira conduzida pelo Ministro Marco Aurélio e a segunda pelo Ministro Barroso. As duas
possuam pedido estrutural. A primeira não tem nada de estrutural, a condução é totalmente não
VICTOR PEDROSA
estrutural. Na ADPF 709, o Ministro Barroso deu uma condução estrutural àquele processo.
Não adianta, se for levado isso à juízo, dependerá da figura do juiz que é
VICTOR
absolutamente fundamental e pode ser que o juiz não esteja disposto à uma condução estrutural.
O juiz pode apenas querer resolver e pronto e dá uma decisão.
Da mesma forma que existem promotores resolutivos e demandistas, existem juízes
que são apenas decisores, querem apenas tomar a decisão. E isso, seria a solução para o problema,
embora, muitas vezes não seja, em algumas situações decidir é o mais fácil e o problema está na
implementação da decisão.
O que é proposto é que o processo judicial estrutural é um processo civil em que as
características do direito material, que é o direito envolvido no litígio estrutural, exigem uma
fluidez de resposta da jurisdição. E se a jurisdição deve dar ao direito material, tutela adequada ao
direito, então, como diz Marinoni, cumprir as promessas do direito material nesse caso, significa
pública, empresa privada, o fato é que é alguma coisa de um impacto social razoavelmente
significativo que afeta um grupo que está em volta daquela estrutura, seja como usuário, seja
BARBARESCO -- CPF:
como trabalhador, seja como pessoa que mantém o último relacionamento com aquela estrutura
PEDROSA BARBARESCO
processo estrutural? Não, pode ser que exista um litígio estrutural e que ninguém nunca ajuíze
uma ação estrutural.
O exemplo das creches, já tratado. Ali há um litígio estrutural, mas em muitos
municípios, o problema continua sendo tratado com ações individuais, dando um vaga a essa
única criança e o litígio continua presente.
É bom lembrar, que o fato de um litígio estrutural existir, não impede que as pessoas
ajuízem ação individual. A garantia do acesso á jurisdição deve ser interpretado como uma
garantia individual. Não precisaria sem assim, tem até autores que questionam essa interpretação,
mas é assim que se interpreta hoje, que há uma garantia individual de acesso à jurisdição. Então,
pode ser que pessoas que estão sendo impactadas pela estrutura optem por tentar resolver o seu
americanos usam e alguns autores vão usar no Brasil que é o conceito de processo civil de
interesse público.
BARBARESCO -- CPF:
problemas públicos, políticas públicas etc. Esse é um processo que pode ser um processo coletivo,
estrutural ou não estrutural. Ele vai resolver alguma questão, vai buscar atacar ou solucionar ou
tutelar alguma questão relacionada à políticas públicas, não necessariamente de maneira
VICTOR PEDROSA
estrutural.
Pode ser que exista um processo estrutural que também é processo de interesse
VICTOR
público e é até comum que muitos processos estruturais também sejam processos civis de
interesse público.
Agora, não é necessário, é possível um processo estrutural que não seja
necessariamente um processo civil de interesse público.
Outro ponto, se refere ao conselho de processo estratégico.
O processo estratégico é a ideia de se propor uma ação, cujo verdadeiro objetivo não
seja exatamente aquele que consta do pedido. Então, processo estratégicos, muitas vezes são
processo que querem estabelecer um precedente importante para alguma questão.
Em outras situações, o processo estratégico só pretende trazer um determinado
assunto para o debate público. Mas não necessariamente ganhar. Às vezes é uma pretensão que a
Acontece que no Brasil, boa parte das políticas públicas que mais interessam, que mais
tocam ao cidadão, tem previsão constitucional e tem previsão legal e estão devidamente
regulamentadas, em nível infralegal, por exemplo, saúde, educação etc. Tudo isso não falta norma.
Então, o que é mais comum, em termos de políticas públicas é que a gente tenha uma
regulamentação que simplesmente não é aplicada ou implementada. Isso faz com que a política
que exista na vida real, seja diferente daquela que existe no papel.
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Isso é muito diferente dos EUA, em que a Constituição não só não tem direitos
fundamentais, mas mesmo no Bill of rights, que foi aprovado posteriormente, não tem nenhum
BARBARESCO -- CPF:
Então lá, quando um juiz interfere em políticas públicas, ele estará fazendo uma
intervenção bastante significativa e bastante alheia à normatização constitucional.
O esquema constitucional optou por constitucionalizar direitos fundamentais e optou
VICTOR PEDROSA
por dizer que é o Judiciário que é o guardião da Constituição. Então, há uma margem de atuação
muito significativa para os juízes nesse aspecto.
VICTOR
Logo, quando um juiz diz que o serviço de saúde tem que fornecer a uma pessoa um
determinado medicamento, como regra, essa é aquilo que se chama de intervenção jurisdicional
de mera efetivação. Há um direito que está previsto em ali, que está regulamentado, que está na
lista do SUS, que naquele momento está em falta, seja por qual razão for. E nesse ponto, a pessoa
tem direito subjetivo de receber aquele medicamento. São intervenções jurisdicionais de mera
efetivação.
Por outro lado, há um segundo nível de implementação, que são as intervenções
jurisdicionais de expansão. Essas são intervenções que tem alguma referencia legal, mas que as
mesmo tempo querem expandir um pouco mais, o limite em que se pretende implementar
determinado direito.
que são reprováveis. São aquelas intervenções em que se tem o Poder Judiciário expandindo ou
criando algo a partir do nada ou a partir de uma norma extremamente genérica.
BARBARESCO -- CPF:
Então, por exemplo, a situação em que se tem o judiciário lá no Amapá, quando houve
PEDROSA BARBARESCO
o apagão, criando um benefício emergencial que não tinha previsão legal nenhuma, como se fosse
o pagamento emergencial da COVID-19.
Nesse caso, é difícil justificar esse tipo de situação, porque expande-se algo que de
VICTOR PEDROSA
não conseguiu, seja porque não priorizou, seja pelo que for. Mas a decisão política foi tomada.
Essa é uma questão importante.
PEDROSA BARBARESCO
VICTOR PEDROSA
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BARBARESCO -- CPF:
◦ Ponderação quanto ao grau de cooperação do réu para a definição de possíveis técnicas processuais:
PEDROSA BARBARESCO
◦ Intervenção judicial
O membro do Ministério Público que vai propor uma ação de cunho estrutural, o que
se pretende com essa ação? Basicamente, essa petição terá como características, terá como
elementos, a descrição do litígio e das suas características. Os fatos numa petição inicial de um
processo estrutural são a descrição das características do litígio, seus elementos, do que se
demonstra que aquela situação tem um contexto de uma lesão estrutural.
Depois, é usual, porém não obrigatório, que se pretenda uma abertura para o diálogo,
que se pretenda ouvir, convocar, não apenas as pessoas que são usualmente convocadas para um
processo, como réus e advogados, mas sim, um corpo maior de pessoas que transitam naquele
intervenção estrutural. Isso depende muito do grau de cooperação que se espera do réu, no caso.
PEDROSA BARBARESCO
se faça por consenso, porque assim o réu fornecerá mais informações, qualificará as decisões e ao
mesmo tempo, o réu mantém mais controle. Quanto menos consensual for a intervenção, mais o
VICTOR
judicial.
Há um caso interessantíssimo, no Rio Grande do Norte, de intervenção judicial em
BARBARESCO -- CPF:
casas de internação, centros de internação de adolescentes. Num primeiro momento, o juiz vai
PEDROSA BARBARESCO
afastar o diretor, os gestores, e ali, um novo interventor impõe uma nova dinâmica de atuação. Ao
longo do tempo, à medida que a nova dinâmica de atuação vai ganhando vida própria, vão
voltando com os gestores originais e vai se permitindo que a autoridade governamental
VICTOR PEDROSA
competente nomeie novos gestores, se for uma autoridade estadual, por exemplo, o governador,
ao invés desses novos gestores serem nomeados pelo juiz.
VICTOR
Então, essas providências não são estáticas e não são necessariamente estanques. É
possível ter uma pauta conjunta de atuação, com supervisão externa. É possível ter afastamento
dos gestores, mas com pedido de nomeação de outros gestores pelo próprio governador, sem a
necessidade de que seja um interventor judicial. Ao mesmo tempo, é possível o afastamento de
gestores e intervenção judicial total.
A questão é que essas técnicas são exemplificativas de medidas que poderão fazer com
a instituição rume pra essa situação de uma melhoria estrutural. O melhor meio para fazer tudo
isso é por intermédio de tutelas provisórias pontuais, em que o juiz vai fazendo as alterações que
sejam necessárias ou por consenso, se houver consenso suficiente entre as partes.
É cogitável também que se utilizem decisões parciais de mérito, na forma do art.
produzir resultados que sejam de efetivamente transformar aquilo que se espera no contexto do
problema, do litígio, da controvérsia estrutural que está sendo abordada.
Passada a fase postulatória, a petição inicial, com o pedido estrutural, o juiz vai ouvir
um réu, a tendência que se tenha alguma tentativa de conciliação. O professor Vitorelli defende
que essas medidas, seja de conciliação, seja de mediação, no âmbito do processo estrutural
precisam ser conduzidas pelo juiz, para dar mais autoridade à essas audiências, pra que
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compareçam as pessoas que têm a autoridade suficiente para fazer os acordos. Mas supondo que
isso não tenha sido totalmente possível, vai pra fase probatória.
BARBARESCO -- CPF:
PEDROSA BARBARESCO
litígio
◦ Fase probatória para o futuro: demonstração do potencial das decisões estruturais para a
VICTOR
resolução do litígio.
A grande questão do litígio estrutural é demonstrar o seu caráter estrutural e não seu
caráter episódico. Falta de um medicamento, falta de um leito, pode ser que falte leito no hospital
episodicamente, como no caso da COVID, em que houve algumas explosões episódicas em
determinados municípios faltaram leitos, mas depois voltou a ter. Não é uma questão estrutural, é
uma questão momentânea.
Outras situações se prolongam no tempo e são estruturais, como a falta de vagas em
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creches. Existem municípios que nunca tem número de vagas em creches suficientes para todas as
crianças, o que é uma questão estrutural a ser resolvida.
BARBARESCO -- CPF:
Em algumas situações, não será difícil provar o litígio estrutural, será óbvio, como o
PEDROSA BARBARESCO
caso das creches. Agora, quando houver controvérsia, como o exemplo do Walmart, é muito
importante que seja muito bem caracterizado para não se tornar um evento episódico, como se
fosse resultado do contexto geral daquela situação. Isso é uma hipótese razoável.
VICTOR PEDROSA
A segunda fase é a fase probatória pro futuro, a mais delicada, porque no fundo,
provar que existe um litígio estrutural, por mais que a questão estatística seja importante, pra
VICTOR
provar que o litígio é de fato estrutural e não episódico, não é uma coisa tão difícil, que não
estivesse mais ou menos acostumado a fazer no processo civil, no processo coletivo.
O difícil mesmo é a fase probatória pro futuro que é a situação que está-se tentando
mostrar, em que as providências estruturais que são sugeridas pelo autor na petição inicial, são
capazes de resolver o problema. Isso é difícil.
Há uma fase probatória que é profundamente entremeada com a implementação,
porque aqui se tem uma questão de diagnóstico pro futuro. E diagnósticos tem sempre caráter de
prognose. É difícil até se falar em prova no sentido mais restrito da palavra. O que se tem aqui são
prognoses de providências que poderão resolver o litígio e que deverão ser reavaliadas à medida
que sejam implementadas. É talvez a grande novidade de uma fase probatória estrutural.
O professor defende que a decisão estrutural faz com que o processo seja visto
como um ciclo e não como uma linha reta. É preciso pensar que decidir que algo deve ser alterado
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não quer dizer que será alterado na vida real. A proposta, do professor então, é que não adianta o
juiz dar uma canetada. A decisão não pode se traduzir apenas como uma canetada. Se o juiz não
BARBARESCO -- CPF:
implementação pra ir ajustando o conteúdo da própria decisão, não existirão bons resultados.
Por isso, se fala numa decisão como se fosse uma espiral. Primeiro, deve-se ter uma
decisão que primeiro apreende as características do litígio em toda a sua complexidade e
VICTOR PEDROSA
com que ela deixe de se comportar da maneira reportada como indesejável. A terceira etapa é a
implementação desse plano, de modo compulsório ou negociado. A quarta etapa, a fiscalização
dos resultados da implementação, de forma a garantir o resultado social pretendido no início do
processo, que é a correção da violação e a obtenção de condições que impeçam sua reiteração
futura. E a última etapa, a reapreensão das características do litígio, modificado após a
implementação da decisão, o que reinicia o ciclo.
Graficamente, o que a decisão faz do processo estrutural, é um ciclo, porque essa
decisão implica o diagnóstico, o planejamento de alteração, o estabelecimento do plano de
alteração, a implementação desse plano, a fiscalização da implementação e por fim, o diagnóstico
do problema, que agora alterado pelas medidas que foram implementadas e fiscalizadas, pode ser
Material elaborado por Wanessa Ferreira Ribeiro Cavalcante Mazza
refeito, pra gerar um novo plano, que será novamente implementado, que será novamente
fiscalizado e que vai gerar um novo diagnóstico que permita novos ajustes. Esse é o tipo ideal de
um processo estrutural, é assim que idealmente seria organizado.
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Isso quer dizer que precisa existir um plano? Não necessariamente. Às vezes existem
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alguns casos de processo estrutural em que não foi elaborado um plano compreensivo de
alteração da estrutura. Foram feitas decisões sucessivas, que foram alterando a estrutura e aí,
essas decisões vão sendo parcialmente revogadas, parcialmente modificadas, à medida que se
BARBARESCO -- CPF:
No livro do professor Vitorelli, é feita uma analogia entre o processo estrutural e aquilo
que os Tribunais de Contas chamam de auditorias operacionais que lembram isso. Elabora-se um
plano pra intervir numa política pública e à medida que esse plano vai sendo implementado, ele
VICTOR PEDROSA
essa medida.
O importante é ter esse movimento espiral. O professor Vitorelli acha essa uma figura
de linguagem melhor, do que a utilizada pelo professor Arenhardt que é a figura de cascata de
decisões. Não que esteja errado. O autor fala em cascata de decisões, que são decisões sucessivas,
que vão construindo umas sobre as outras, no rumo da transformação estrutural.
Mais do que uma cascata, uma sucessão, o professor entende que existe uma espiral,
porque está sempre voltando àquilo que já foi decidido antes, pra saber se aquela decisão
continua apropriada. Não é que existe uma progressão necessariamente, em que tópicos
anteriores ficam superados, pelo contrário, a característica mais evidente no processo estrutural, é
O primeiro caso que tem notícia no Brasil de um processo efetivamente estrutural foi
um caso, que já ganhou o prêmio Innovare, que foi conduzido no Ceará, pela juíza Cíntia Brunetta,
num caso em que ela desconhecia a literatura sobre o processo estrutural, mas tinha intenção de
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resolver o problema.
A juíza recebeu um processo em fase de cumprimento de sentença em que se
determinava ao Estado do Ceará, a realização de quatro mil cirurgias ortopédicas que não tinham
sido feitas. Esse caso já havia trânsito em julgado e desejava-se uma espécie de cumpra-se.
Ela teve a perspicácia de perguntar o porquê da falta de 4 mil cirurgias ortopédicas.
Esse é o segredo do processo estrutural, a juíza percebeu que tinha alguma coisa que precisava ser
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repensada. Foi marcada uma audiência e chamou-se além dos advogados públicos, os autores
coletivos, mas os gestores da saúde, os diretores dos hospitais, representante dos médicos
BARBARESCO -- CPF:
ortopedistas, pra entender por que não tinha cirurgia ortopédica no Ceará, porque faltava tanto. E
PEDROSA BARBARESCO
uma fila de cirurgias ortopédicas. Os médicos ortopedistas é que tinhas suas próprias filas e as
coisas não avançavam, não tinha uma organização central, isso foi feito no curso do processo.
Existiam várias liminares mandando passar gente na frente, na fila e cirurgia ortopédica é uma
questão muito delicada, porque existe uma determinada capacidade instalada. Não é como um
medicamento em que se tem a ilusão de que se der a liminar pra dar medicamento pra algém, o
gestor público tirará o dinheiro de outro lugar pra dar dinheiro àquela pessoa e
consequentemente, aumentará o investimento em saúde. Cirurgia não é assim. Se a liminar for
concedida pra ser realizada em um, o que vai acontecer é tirar outro da fila e permitir que aquele
um tenha a cirurgia. Isso que se quis evitar.
A juíza tomou a providência em comunicar a existência desse processo pra diversos
estrutural que é a falta de condições de fiscalização por parte da ANM. O que essa ACP pediu foi
PEDROSA BARBARESCO
justamente que a União e a ANM fossem condenadas a fazer uma transformação estrutural das
atividades de fiscalização de barragens, no Brasil.
Como essa ACP é explicitamente estrutural, ela também absorve os aportes do
VICTOR PEDROSA
processo estrutural na redação dos pedidos. O pedido vai dizer que seja determinado a ambos os
réus que apresentem um plano de reestruturação da atividade de fiscalização de barragens, no
VICTOR
Brasil, o qual deverá contemplar medidas estruturais para o planejamento e gestão do setor, no
curto, médio e longo prazo.
Primeiro, há um plano, o estabelecimento de um plano geral de reestruturação.
Segundo, esse plano não é feito pelo Ministério Público, que não dirá como cada situação, se o
sujeito deve ou não fiscalizar a barragem, com qual periodicidade, etc. É a ANM que tem a
expertise e o que se pretende aqui é que a ANM faça o plano e exerça sua competência pra fazer o
plano. E a União deve remunerar essa situação.
Há um diagnóstico com a periodicidade da fiscalização, o diagnóstico com as
necessidades de dinheiro da ANM pra que seja capaz de implementar o plano, o diagnóstico de
pessoal da ANM, levando em conta os quadros próprios e de terceiros, as medidas de prevenção à
ter uma perspectiva temporal. E, por fim, a dinâmica de avaliação e reavaliação contínua do plano,
com submissão de relatórios ao juiz.
O que se espera da jurisdição é uma supervisão e não uma substituição e a supervisão
vai ser exercida por intermédio de relatórios periódicos. Não é por intermédio de intervenção ou
qualquer coisa assim, porque se supôs no contexto desse caso que isso seria suficiente para
satisfazer o caso. A situação não era uma situação vista como elevada e se teria que pensar em
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intervenção, este é apenas uma técnica, não um fim. Nenhum pedido de intervenção é um fim em
PEDROSA BARBARESCO
si mesmo, é uma regra geral. Sempre se pede a intervenção como meio para outro fim. O meio é
intervir para alguma coisa. Intervir é o meio e o fim é alguma coisa que se chega.
A ideia é ter os mesmos gestores da Agência Nacional de Mineração - ANM, as
VICTOR PEDROSA
mesmas pessoas que estão lá trabalhando e que farão um diagnóstico do problema, produzirão
um plano e esse plano será implementado e revisto ao longo do tempo.
VICTOR
se sabe muito bem qual é a solução, qual é o resultado que se pode esperar daquelas técnicas
adotadas para transformação. O que o processo originalmente pensa é tirar o patrimônio de um e
dar para outro.
Agora, é possível fazer isso? Sim. O CPC hoje tem essa plasticidade técnica muito mais
incorporada nas suas disposições, do que teve em outros momentos. Existe o princípio da
cooperação, o art. 139, IV e o art. 536, §1º, art. 497 e diversas aberturas técnicas no código, para
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permitir que a implementação de uma medida estrutural se faça ao mesmo tempo em que
conteúdos cognitivos vão sendo decididos pelo juiz. Isso vai gerar uma supervisão judicial
BARBARESCO -- CPF:
duradoura sobre esse plano. Isso exige que o juiz tenha disposição para atuar, para fazer muitas
PEDROSA BARBARESCO
que as partes podem fomentar sem o juiz é uma transformação estrutural extrajudicial.
É muito difícil um processo estrutural sem um juiz disposto a trabalhar com o processo
VICTOR
O primeiro caso a ser analisado é o caso da ação estrutural da ANM, proposta pelo
MPF em Minas Gerais, em que se pedia a reestruturação da fiscalização das barragens, no Brasil.
Esse caso gerou um Acordo judicial estrutural homologado e em fase de implementação ao longo
dos anos. A cláusula sexta diz que a ANM elaborará um plano de reestruturação da atividade de
fiscalização de barragens, no Brasil, respeitada sua autonomia institucional.
O acordo praticamente transcreve o teor da petição inicial, dizendo que o plano
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contemplará medidas de planejamento e gestão do setor em curto, médio e longo prazo, incluindo,
diagnósticos de barragens, expertise necessária para fiscalizar, a periodicidade da fiscalização,
BARBARESCO -- CPF:
reestruturação e fiscalização será feito em 2021, cabendo à agência adotar as medidas necessárias
para garantir os recursos.
VICTOR
Então, a ANM concordou em fazer um acordo estrutural para transformar a sua própria
atividade, com acompanhamento do juízo e com a possibilidade de revisão das metas
estabelecidas, na medida da interpretação. Ou seja, é o protótipo de um TAC estrutural, com
diagnóstico, planejamento, implementação e fiscalização (numa espiral).
Isso é muito semelhante àquilo que os autores que estudam políticas públicas vão
chamar de ciclo de vida, ou ciclo das políticas públicas, que em geral funcionam assim. Se se quer
intervir em políticas públicas é preciso intervir seguindo a mesma lógica que essas políticas
seguem.
Esse acordo (TAC estrutural) foi feito em juízo, mas nada impediria que tivesse sido
feito extrajudicialmente, caso as partes estivessem de acordo.
O que também seria interessante nesse acordo, seriam metas parciais. É ruim quando
se dá um prazo longo, com uma super-meta no final, porque se a meta não se realizar, perdeu-se
muito tempo e ao mesmo tempo não tem base, naquele acordo, para cobrar ao longo daquele
tempo. Se chegasse ao final de 2020 sem a criação de nenhuma vaga, seriam perdidos quatro anos.
Por outro lado, não tem como cobrar, porque a meta, a obrigação só vence ao final dos quatro
anos.
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descumprida e com isso exigir correção de rumos, do gestor, do réu. Ter base para fazer essas
PEDROSA BARBARESCO
exigências.
Mas esse acordo tem, apesar da pequena crítica, uma questão muito importante que é
a preocupação com os efeitos colaterais. O grande problema de se intervir em políticas públicas e
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o grande problema de intervir em qualquer realidade complexa é que nas palavras de Lon Fuller,
uma realidade complexa é como uma teia de aranha, é muito difícil mexer num fio só, se for
VICTOR
problema para fazer TAC’s, porque acredita-se que por se viver num regime de direito público, a
autoridade é a solução para tudo. E esquece-se que o acordo é um acordo e que vale o que está
escrito. Então, pessoas boas para fazer esse tipo de acordo é a pessoa que faz contrato, que tem
origem no direito civil, porque esse pessoal é pessimista e coloca cláusula pra tudo e é preciso ser
pessimista, é preciso minudenciar o máximo possível, exatamente para evitar que se frustre de
alguma maneira, o cumprimento da cláusula ou da obrigação estabelecida.
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muito fácil criar vagas. Por exemplo, no berçário I são 7 crianças por educador. Se for um gestor
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que quer simplesmente cumprir a meta, ao invés de colocar 7, coloca 10 crianças. Ampliou-se em
50% o número de vagas, sem fazer rigorosamente nada. É preciso ter muito cuidado em relação a
isso.
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psiquiátricos nos EUA. Os hospitais começaram a ser muito pressionados porque não eram
capazes de prover assistência, numa determinada qualidade e passaram a atender menos gente,
porque assim, sobraria dinheiro para melhorar a qualidade. Mas isso não é bom, porque tem
menos disponibilidade do serviço.
Então, as duas coisas são possíveis. É possível frustrar o atendimento de muita gente,
fornecendo atendimento de luxo para poucas pessoas, o que não é bom, apesar de serem
cumpridas metas qualitativas. Ou, pode-se cumprir metas quantitativas, esculhambando com a
qualidade, como por exemplo, ampliando o número de crianças por educador nas creches.
Preocupações qualitativas são sempre muito relevantes para acordos estruturais.
Então, nada impede que se faça uma recomendação estrutural. O gestor, de fato, não é
obrigado a acatar, porém, nem tudo pra dar resultado, tem que ser obrigatório. Muitas vezes, o
que o gestor precisa é de um documento que o faça romper, o que a doutrina chama de caras de
inércia política e cargas de inércia burocrática. É a situação em que um determinado problema não
é resolvido, porque não existe vontade política ou não é resolvido porque há muita burocracia
cercando a situação e que não consegue ser resolvida.
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Se existir uma recomendação, esta pode ter o grande mérito de romper com essas
cargas de inércia política e/ou burocráticas, exatamente trazendo aquele problema pro foco de
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atenção daquele gestor, de uma maneira que dê a ele uma saída pra um problema, que muitas
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bem-quisto. E pode eventualmente, permitir que ele continue a realizar as eventuais metas ilícitas
que ele possua.
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amplo, no âmbito do STF, num Recurso Extraordinário, com repercussão geral. É esse acordo que
está vigorando e ainda não é possível saber se o problema será resolvido. É um problema
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altamente complexo, mas foi esse acordo que estabeleceu as perspectivas de solução pra esse
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Se isso não tiver fim, daqui a pouco existirá um processo estrutural pra cada política pública e
passa a ter uma política pública em cogestão, o Executivo, o Judiciário cogerindo uma política, o
VICTOR
negocia o prazo.
Essa ação da ANM previu um prazo de monitoramento a partir do atendimento de
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determinados indicadores.
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gestor.
Ou seja, o processo estrutural tem um lente mais ampla, em relação aos efeitos da sua
própria incidência, sobre as políticas públicas do que um processo individual, ou mesmo, de um
processo coletivo não estrutural.
Por outro lado, o processo estrutural também tem suas desvantagens.
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O processo estrutural dá muito mais trabalho, de modo que é preciso que se escolha
bem, os casos que serão tratados a partir dessa perspectiva e que casos não serão tratados, e isso
impacta sobre a capacidade de trabalho dos envolvidos. Segundo, é preciso criar estímulos
racionais para o consenso. Pelo justiça em números, sabe-se que a taxa de acordos no Brasil é
muito baixa. E é muito baixa, sobretudo porque os réus não tem estímulo para fazer acordo, o
processo é lento, barato e não pune muito quem está errado. Terceiro, se o processo estrutural é
dialogado, é preciso criar uma cultura do diálogo. Infelizmente, sobretudo os advogados, os
operadores do direito em geral, cultivam um acultura de litigância que não permite que as pessoas
conversem e isso é muito ruim e precisa ser superado. E por fim, tal como uma política pública
pode dar errado, o processo pode dar errado também. Então, ter uma intervenção jurisdicional
Material elaborado por Wanessa Ferreira Ribeiro Cavalcante Mazza
sobre uma determinada política pública não é garantia de sucesso. Pode ser que muito se faça,
muito se invista e no final o resultado não seja bom e não se consiga trabalhar com uma solução
para aquele conflito.
VICTOR PEDROSA
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PEDROSA BARBARESCO victor·pbarbaresco@hotmail·com
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