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Boca provoca Palmeiras e mantém clima quente para jogo de volta no Allianz

Jorge Almirón, técnico do Boca Juniors, e o goleiro Chiquito Romero deram entrevistas
provocativas após o empate em 0 a 0 contra o Palmeiras na Bombonera, válido pela ida da
semifinal da Copa Libertadores, e mantiveram um clima quente para o jogo decisivo da
próxima quinta-feira (5), no Allianz Parque.

O que ele [Abel Ferreira] pensa não me interessa muito. Vi uma partida diferente (...) O técnico
fala muito, ele é conflituoso, é um bom treinador, tem jogadores muito bons, mas também
temos homens, eles estão habituados a jogar em campos difíceis e estamos preparados para
tudo Jorge Almirón alfinetou Abel Ferreira em sua coletiva após o jogo.

Me preocupa simplesmente que o gramado é sintético, que não é natural. É um pouco raro que
a esta altura joguemos contra um time que tenha campo sintético. A Conmebol ou a Fifa
deveria dizer: 'Híbrido ou natural'. Gramado sintético é para hóquei. Temos que pensar em
fazer um bom partido, ganhar. Se não ganhar, avançar nos pênaltis Chiquito Romero criticou
o gramado sintético do Palmeiras no Allianz Parque.

Boca prorroga jogo quente no declaratório. Mesmo antes do jogo de ida, Riquelme, atual
vice-presidente do clube, admitiu preocupação com o gramado sintético do Palmeiras: "Vai ser
um outro jogo, mais rápido".

Romero, goleiro da equipe, também já havia reclamado: "Para mim, a única coisa que
preocupa na decisão, mais até do que jogar como visitante, é o gramado sintético que tem no
estádio do Palmeiras. Fora isso, nós sabemos o que temos que fazer".

Jogo quente e de muita reclamação. A primeira partida entre Boca x Palmeiras não foi vistosa,
com lances bonitos, mas com muitas dividas fortes. Advíncula e Zé Rafael protagonizaram um
desses momentos de muita entrega e fizeram uma encarada digna de UFC após uma dividida.

Amarelos no banco de reservas por reclamação. Darío Benedetto, atacante do Boca, foi
advertido no banco por reclamar com o árbitro Wilmar Roldán — Abel Ferreira também.

Abel ficou feliz com a oportunidade de jogar na Bombonera e não adotou o mesmo tom do
time rival.

Viemos jogar num estádio mítico, atmosfera espetacular, grande energia. Quando saiu o
sorteio, queria muito vir aqui desfrutar desse espetáculo, sentir esse ambiente. Jogo difícil, de
Libertadores. Jogo em que o adversário foi ligeiramente superior em casa. Abel Ferreira, ao ser
questionado sobre a Bombonera

Raphael Veiga, o jogador do Palmeiras que participou da coletiva ao lado de Abel, foi
questionado por um jornalista sobre como seria enfrentar Chiquito Romero, especialista nas
penalidades, no jogo de volta. O meia foi irônico na resposta.

Felippe Facincani: "Você é o especialista de pênaltis do Palmeiras, mas tenho certeza que a
última coisa que você iria querer é que na próxima semana precisasse dessa responsabilidade
na marca da cal contra um goleiro que tem 10 pênaltis defendidos em 19 batidas"

Veiga: "Ele treina para defender e eu treino para fazer o gol, é isso. Cada um vai fazer o seu
melhor. Se você me perguntar se eu quero decidir no tempo normal, é óbvio que a gente quer
e vamos fazer de tudo para isso. Mas se precisar ir para os pênaltis, a gente também vai estar
preparado".

Palmeiras e Boca voltam a se enfrentar na próxima quinta-feira (5), às 21h30 (de Brasília), no
Allianz Parque. Uma vitória simples dá a classificação para qualquer um dos lados, em caso de
novo empate a decisão ficará para os pênaltis.

Técnico do Boca alfineta Abel após empate com Palmeiras: 'Fala muito'

O treinador do Boca Juniors, Jorge Almirón, alfinetou o comandante do Palmeiras, Abel


Ferreira, após o empate em 0 a 0 pela Copa Libertadores.

Almirón rebateu a declaração de Abel de que o Boca cresceu na partida devido aos erros dos
jogadores alviverdes.

"O que ele pensa não me interessa muito. Vi uma partida diferente (...) O técnico fala muito,
ele é conflituoso, é um bom treinador, tem jogadores muito bons, mas também temos
homens, eles estão habituados a jogar em campos difíceis e estamos preparados para tudo",
disse o técnico argentino na coletiva após a partida.

O confronto de volta entre Palmeiras e Boca acontece na próxima quinta-feira (5), às 21h30
(de Brasília), no Allianz Parque. Quem avançar vai enfrentar o vencedor de Inter x Fluminense
na grande decisão.

"O time fez um grande jogo contra um grande rival, por isso protagonizou a última Copa
Libertadores. Foi complicado desde o início."

"Tivemos oportunidades claras e eles praticamente não tiveram, são uma equipe muito
ofensiva, com jogadores muito rápidos e que não causaram nenhum estrago. Merecíamos
vencer pelo menos por uma diferença mínima. Estou satisfeito com o que os jogadores
fizeram."

"O time se entregou contra um grande rival, vem jogando junto há muito tempo, ele
protagoniza tudo que joga e tem ótimos jogadores. Temos que nos preparar para a vingança,
todos os times são complicados e este é muito difícil. O time terminou inteiro, chateado
porque não conseguiu vencer, a chance está aberta e vamos com tudo lá, que estamos a um
passo da final."

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Como Bruno Lage fez liderança do Botafogo virar a pior fase da sua carreira

Bruno Lage assumiu o Botafogo ao término da 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. Na


ocasião, a equipe alvinegra tinha 12 pontos de vantagem para o Flamengo, então vice-líder da
competição.
Dois meses e nove rodadas se passaram desde então. O time de General Severiano ainda
continua na ponta da Série A, mas já sem a mesma segurança de antes. Afinal, parte da
gordura que tinha para seu oponente mais próximo já foi queimada.

Hoje, a diferença para o Palmeiras, segundo colocado na classificação, é de apenas sete pontos
(51 a 44). E ainda falta mais de um terço do campeonato para ser jogado (14 rodadas).
Preocupante, não?

Aquele que era para ser um dos momentos mais positivos da carreira de Lage, um treinador de
47 anos que só tem dois títulos na carreira (um Português e uma Supertaça de Portugal, ambos
pelo Benfica), acabou se transformando na fase mais negativa da sua trajetória profissional.

Pela primeira vez desde que começou a dirigir times adultos, em 2018, o técnico emendou
quatro derrotas consecutivas. A sequência começou com a eliminação da Copa Sul-Americana
(para o Defensa y Justicia), no fim de agosto, e se arrastou aos três compromissos mais
recentes na Série A (Flamengo, Atlético-MG e Corinthians).

Antes da série inédita de tropeços, Lage nunca havia perdido mais do que três jogos em
sequência. Isso aconteceu em duas oportunidades enquanto dirigia o Wolverhampton na
Premier League inglesa, entre 2021 e 2022.

O derretimento da vantagem do Botafogo na ponta do Brasileiro é resultado de um trabalho


muito abaixo da expectativa feito por Lage. Com quatro vitórias, seis empates e quatro
derrotas, o sucessor de Luís Castro (hoje no Al-Nassr, da Arábia Saudita) conquistou 42,8% dos
pontos que disputou no clube.

Esse aproveitamento é semelhante ao do Corinthians, 11º colocado no Brasileiro, que está


apenas cinco pontos acima da zona de rebaixamento e tem como principal missão para a reta
final da temporada se manter na primeira divisão.

Na segunda-feira, o Botafogo recebe o Goiás para tentar melhorar um pouco esse


aproveitamento, encerrar a pior sequência da carreira do seu técnico e ganhar um fôlego novo
na corrida pelo título que não ganha há quase duas décadas (venceu em 1995).

BOTAFOGO: 4 (Defensa y Justicia, Flamengo, Atlético-MG e Corinthians)


WOLVERHAMPTON: 3 (Newcastle, Burnley e Brighton; Arsenal, West Ham e Crystal Palace)
BENFICA: 2 (Santa Clara e Marítimo; Braga e Shakhtar Donetsk)
BENFICA B: 2 (Paços Ferreira e Penafiel)

Acompanhantes de aborto transformam medo em alívio

Na América Latina, onde se concentram as leis e os estigmas sociais mais rigorosos sobre a
decisão de abortar, existem redes feministas que oferecem apoio, informação e cuidado a
quem passa por essa escolha determinante em seu projeto de vida. As "acompanhantes de
aborto", "socorristas" ou "aborteiras" têm histórias de coragem, compaixão e luta por direitos
reprodutivos. Muitas vezes desconhecidas, elas atuam sob a sombra das restrições e das
regras morais discriminatórias, e permitem transformar as trajetórias de quem passa por uma
gravidez indesejada.

Nesta reportagem, parte da série Aborto é Cuidado, uma parceria entre o Portal Catarinas, a
Revista AzMina e a Gênero e Número, contamos como redes feministas de acompanhantes de
aborto têm afetado positivamente a vida das pessoas que decidem abortar. Conversamos com
ativistas do México, do Chile, da Argentina e do Brasil. Também destacamos iniciativas
brasileiras que oferecem informações confiáveis sobre o procedimento.

Pessoas com possibilidade de engravidar sempre abortaram. Seja com ajuda de familiares, de
uma pessoa conhecida na comunidade ou de completas estranhas, as orientações sobre
métodos para "fazer a menstruação descer" sempre circularam e foram essenciais na vida de
muitas mulheres, em vários contextos.

Não há um perfil específico de quem decide abortar, como revelado pela Pesquisa Nacional de
Aborto (PNA) 2021 no Brasil. Em toda a América Latina, pessoas de diferentes origens,
religiões, idades, profissões, arranjos familiares e condições financeiras buscam ajuda nas
redes de acompanhamento feminista.

"Eu sempre sonhei em ser mãe. Quando tive minha filha, não poderia estar mais realizada.
Mas uma segunda gravidez, com um bebê de seis meses para criar, é impossível. Estou sozinha
e não tenho condições financeiras. É uma decisão muito difícil, mas é pensando na minha filha
que preciso de vocês", relatou Marlene*, 38 anos, freelancer, a uma acompanhante.

Com o avanço das tecnologias médicas, farmacêuticas e de comunicação, o apoio a pessoas


que decidem abortar tomou outra dimensão. Embora ainda envoltas em silêncio, há muitas
coletivas e redes de ativistas feministas que têm realizado esse trabalho de forma pública,
transformando os sentidos e sentires sobre o aborto.

A Red Compañera, que articula mais de 21 grupos de 15 países da América Latina, incluindo
Uruguai, Equador, Peru, Bolívia, México, Panamá, República Dominicana, entre outros,
completa cinco anos em 2023. Guiada por uma ética feminista e de justiça social, a rede
promove a autonomia de quem decide abortar, tendo como horizonte o aborto livre por meio
de conhecimentos e saberes que disputam com a medicina hegemônica colonial.

Uma das redes que fazem parte da Red Compañera, mas que existe e atua territorialmente
desde 2012, é a Socorristas en Red, da Argentina. Composta por 49 coletivas de todas as
partes do país, nos últimos cinco anos acompanharam, em média, 13,5 mil pessoas por ano -
sendo o pico de mais de 17,5 mil em 2020, ano da pandemia de covid-19 e da aprovação da Lei
27.610, que legalizou o aborto voluntário na Argentina.

Apesar da legalização do aborto, dados das Socorristas en Red mostram que, com exceção de
2020, primeiro ano da pandemia, a taxa de procedimentos realizados no sistema de saúde não
vem crescendo desde então. Em 2022, apenas 10% das pessoas acompanhadas pelas
Socorristas realizaram seus abortos nos serviços de saúde.

"Nossa aposta como Socorristas en Red é o aborto livre, que a pessoa decida quando, onde,
com quem. O queremos legal, mas, também, o queremos livre e feminista", declara, ao
Catarinas, Nadia Judith Mamaní, 34 anos, docente de educação primária e ativista da coletiva
La Revuelta.

Outra rede vinculada à Red Compañera é Con las Amigas y en La Casa, do Chile. Criada em
2016 e composta por cerca de 13 coletivas localizadas do extremo sul ao extremo norte do
país, as acompanhantes já orientaram mais de 50 mil mulheres e crianças em seus abortos.
"A diferença de fazê-lo através da rede é poder fazer publicamente, tornar o aborto mais do
que um ato particular privado, mas algo coletivo e cotidiano", conta Carolina Cisternas, ativista
de Con las Amigas y en La Casa.

Contrariando estereótipos, as emoções relacionadas ao aborto não se limitam ao medo, ao


desespero e à culpa. Quando as pessoas têm acesso a informações e protocolos seguros, os
relatos são de acolhimento, cuidado, alívio e felicidade. Tomar a decisão com apoio e sem
julgamento é crucial nesse evento reprodutivo comum a quem gesta. O apoio de uma
feminista pode fazer toda a diferença.

"O acompanhamento de aborto é também um ato de ternura, um ato revolucionário, para


fomentar a coletividade diante dessa individualidade que se promove tanto", afirma Angélica
Medina García, 39 anos, psicoterapeuta, mestra em Estudos Socioculturais e acompanhante de
abortos na coletiva Las Centinelas, de Mexicali, México.

Na conversa inicial, que geralmente ocorre por mensagens de aplicativos de celular, se busca
compreender o contexto da pessoa, o que essa decisão significa para si, seu futuro e de sua
família. Essa conversa permite identificar situações de violência, de abandono ou de
vulnerabilidade social.

"Isso acaba sendo mais importante do que o próprio processo físico em si, porque o
procedimento é simples. Então, temos a preocupação de manejar essas outras situações,
sobretudo no Brasil, onde há questões de segurança para evitar criminalização", explica Liz*,
uma acompanhante feminista brasileira.

As redes ou coletivas públicas que atuam onde não são criminalizadas - como Argentina,
México, Uruguai e Colômbia - têm linhas telefônicas dedicadas ao acolhimento, além de
emails, sites e perfis em redes sociais. Já no Brasil, as acompanhantes são invisíveis
publicamente.

O acompanhamento também envolve explicar questões de saúde, protocolo utilizado


(medicamentoso), além dos cuidados em segurança. Quando se reconhece que a pessoa se
encaixa em alguma situação em que o aborto é legal - inviabilidade fetal (no Chile) ou
anencefalia fetal (no Brasil), risco à vida e estupro -, recomenda-se a busca de um serviço de
saúde, exigindo o cumprimento da lei.

Já nas demais situações ou quando a pessoa não quer ir ao serviço de saúde, as ativistas
seguem o acompanhamento, geralmente pedindo um exame de ultrassom transvaginal para
confirmar a idade gestacional e orientar o melhor protocolo.

Há, também, as redes, como Socorristas en Red e Con Las Amigas y en la Casa, que têm como
prática fazer encontros presenciais coletivos com as acompanhadas. Os "talleres", como são
conhecidos, buscam romper o silêncio e criar um vínculo de confiança.

"Embora tenhamos aprendido, com a pandemia, que é possível fazer muitas coisas de modo
virtual, nosso fundamento é que o acompanhamento se faz cara a cara", relata Carolina
Cisternas, da rede chilena.

Já as Socorristas aproveitam o encontro para repassar informações sobre a Lei de Interrupção


Voluntária da Gestação (IVE, na sigla em espanhol), os tipos de procedimento, sintomas e
sinais de alerta. Os contatos seguem com acompanhamento virtual.
"Algumas chegam preocupadas, por não saber aonde ir, se vão ser acolhidas, com incertezas e
muita angústia, especialmente aquelas que já tiveram experiências negativas ou que caíram
em grupos antidireitos que mostraram vídeos horríveis para convencê-las a não abortar. E
saem com cara de alívio, pois descobrem como buscar os serviços de saúde e que vamos seguir
com elas até o controle pós-aborto", explica Nadia Judith Mamaní, das Socorristas en Red.

O acompanhamento também envolve ajudar no acesso aos medicamentos seguros e eficazes,


além de estar disponível durante todo o processo de aborto, virtual ou presencialmente, a
depender da idade gestacional, da condição e da necessidade da pessoa.

Na Argentina, misoprostol e mifepristona são acessíveis gratuitamente em serviços de saúde


ou mediante receita médica nas farmácias. No México, o misoprostol é vendido sem
necessidade de receita. Organizações internacionais apoiam redes fornecendo medicação,
especialmente a mifepristona, dependendo do país.

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No Chile, misoprostol e mifepristona são de uso exclusivo em hospitais, assim como no Brasil.
No entanto, aqui, a mifepristona não é regulamentada e a comercialização do misoprostol é
criminalizada com penas mais severas que o próprio aborto.

Ao fim dos acompanhamentos, quem abortou geralmente demonstra alívio e gratidão,


segundo as experiências das acompanhantes. "É comum que elas digam coisas como: 'vocês
me ajudaram sem nem me conhecer! Nem sei o que eu teria feito se eu não tivesse
encontrado vocês!', ou 'Vocês são anjos, salvaram a minha vida'", conta Liz*, acompanhante
feminista brasileira.

Carolina Cisternas, de Con las Amigas, destaca que, enquanto algumas mulheres chegam
decididas, por já conhecerem a rede, muitas ainda têm medo devido a experiências negativas,
incluindo golpes online. "Fazemos com que elas se sintam acolhidas, e não julgadas. Assim,
elas se vão muito felizes, relaxadas, confortáveis e dispostas a viver suas vidas como querem
viver", relata.

A transformação do medo em alívio só ocorre porque, entre as ativistas, há


comprometimento, empatia e respeito pela autonomia e dignidade da outra pessoa.

"Ser acompanhante feminista é fazê-lo com amor, consciência de que, ao abortar, abortamos
culpas, o patriarcado, o capitalismo. É estar consciente da força que têm a coletividade e as
mulheres quando estamos decididas a reconhecer nossa capacidade de empoderar nossa
corpa", diz Angélica Medina García, de Las Centinelas.

Para Carolina Cisternas, de Con Las Amigas, acompanhar abortos envolve romper com
parâmetros patriarcais de competição e desconfiança entre mulheres, e colocar em primeiro
lugar uma relação com uma desconhecida, reconhecendo que, juntas, estão fazendo algo que
pode mudar a vida da outra pessoa. "E, claro, muda a nossa vida todos os dias".

Acompanhar também pode ressignificar uma experiência negativa. "Minha primeira motivação
foi conhecer a informação que eu tive necessidade de ter. A segunda foi ser alguém que eu
gostaria de ter tido comigo durante o meu procedimento", lembra Nadia, das Socorristas en
Red.
Colocar-se disponível a outra pessoa pelo tempo necessário e arriscar-se faz parte do
acompanhamento feminista. "Você se levanta com o celular na mão e vai dormir com ele. É
preciso estar sempre conectada, sobretudo durante o procedimento. O dia a dia é intenso,
pesado, mas, também, gratificante por entender que podemos ter a saúde em nossas mãos",
explicou Carolina, de Con las Amigas.

No Brasil, onde as redes não podem atuar publicamente, é tarefa desafiadora encontrar
acompanhantes feministas. Mas há iniciativas públicas que ajudam quem necessita de
informações seguras.

Mas a busca na internet pode levar tanto a páginas confiáveis quanto a armadilhas que
exploram pessoas desesperadas com remédios falsos. Se a oferta dos medicamentos é feita de
maneira explícita nas redes e grupos de aplicativos, não é bom sinal. Será que alguém com
credibilidade arriscaria ser preso dessa maneira na internet? A resposta é: não. Isso
provavelmente é um golpe.

Entre os sites confiáveis, está o da organização Safe2Choose (Segura para Decidir, em tradução
livre). A plataforma oferece informações sobre aborto seguro e possui conselheiras online para
tirar dúvidas em vários idiomas.

Além da Safe2Choose, os canais "Vera", criado em 2017 pelo Grupo Curumim, e "Eu cuido, eu
decido", criado em 2020 pelo Projeto Cravinas — Clínica de Direitos Sexuais e Reprodutivos da
UnB, disponibilizam números de telefone que funcionam por mensagens no Whatsapp. Para
fazer contato, basta mandar um "olá" para (81) 98580-7506 (Vera) ou (61) 99208-6523 (Eu
cuido, eu Decido) para receber o menu com orientações de como navegar pelo canal.

O Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde (CFSS), ativo desde os anos 1980, inicialmente
focado na saúde das mulheres, passou a oferecer atendimento primário a todas as pessoas,
independentemente do gênero, em São Paulo. Em 2014, o ambulatório introduziu o
"acolhimento de gravidez indesejada" para fornecer um espaço seguro e sem julgamentos.
Entre 2019 e 2023, foram realizados cerca de 125 acolhimentos anuais.

Uma pergunta crucial feita no consultório é: "essa gestação é desejada?". Isso ajuda a
entender a natureza da gravidez e garantir que as pessoas conheçam seus direitos.

Além disso, o CFSS realiza formações sobre acolhimento de gestações indesejadas e aborto
seguro para profissionais de saúde e estudantes da área médica. Em 2023, irão capacitar quase
300 profissionais de Unidades Básicas de Saúde de São Paulo, entre agentes comunitários,
técnicos, enfermeiros, médicos e psicólogos.

Como explica Luiza Cadioli, médica de família e comunidade que atua no Coletivo, o objetivo é
reduzir danos compartilhando informações baseadas em evidências científicas e cumprindo
um compromisso ético com a saúde.

"Na maioria das vezes as pessoas voltam aliviadas e querendo pensar em contracepção. Os
casos mais traumáticos, normalmente, são os que não foram orientados, que chegam após
tentativas inseguras", compartilha a médica.

Gianecchini olhou as próprias dores para fazer gay 'bolsonarista' em saga


Longe das novelas há quatro anos, Reynaldo Gianecchini, 50, está em cartaz no Rio de Janeiro
com o trabalho mais diferente de sua carreira: a peça "A Herança" — que foi assistida por 25
mil pessoas em São Paulo. No palco, ele interpreta Henry, um homem norte-americano gay,
conservador e traumatizado pela epidemia de Aids nos anos 1980, época em que viu diversos
amigos morrerem.

"A Herança" representa uma forma de Gianecchini entender mais sobre a comunidade
LGBTQIA+, na qual ele está inserido. A saga de seis horas de duração — dividida em duas
noites — narra um debate geracional sobre o que é ser um homem gay. Com 12 atores em
cena, a obra do dramaturgo norte-americano Matthew López trata de "quase todos os
sentimentos humanos", como amor, desejo, sexo, amizade, solidão, rejeição e vulnerabilidade

Henry aparece na segunda metade da parte 1 de "A Herança" cheio de dores e com olhar
durão, define o ator. Mais velho, ele chega em cena após a morte do marido e se aproxima do
melhor amigo dele, Eric (Bruno Fagundes), homem mais jovem que vive uma crise conjugal.
Com o tempo, Henry abre o coração para olhar suas dores e aprender a conviver com elas,
tornando-se uma pessoa mais leve.

A jornada do personagem também faz Gianecchini olhar as próprias dores, apesar de serem
diferentes das de Henry. "O Henry viu toda a turma morrer de Aids, os amigos, os amantes
dele. Não tive essas perdas porque vim uma geração depois, mas tenho outras dores
profundas que tenho de emprestá-las [ao personagem]."

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Enquanto meu personagem faz sua jornada, como ator, eu faço a minha. Olho para as minhas
dores e, no final, tenho afeto e compaixão pelo meu processo também. Desde a minha criança
dolorida, até hoje. É bonito.Reynaldo Giannechini

Durante a preparação, ele buscou entender o quão terrível foi a Aids nos anos 1980 e 90 nos
Estados Unidos a partir de filmes e documentários. Ele ficou chocado ao saber que o governo
negacionista da época deixava as pessoas morrerem por entender que era uma "doença de
gays", além de lamentar o abandono afetivo das pessoas que contraíam o vírus.

"As novas gerações não têm a menor noção do que foi [a epidemia] porque elas não cresceram
aterrorizadas pela Aids. Eu cresci. Não tinha a menor possibilidade de eu transar sem
camisinha quando comecei a transar. O Henry diz: muita gente teve que morrer da geração
dele para que essa geração pudesse desfrutar dos direitos que ela está desfrutando hoje."

Para Gianecchini, há um paralelo entre a política dos Estados Unidos e a do Brasil. Se Henry é
eleitor republicano e ajudou a eleger Donald Trump na ficção, ele votaria em Jair Bolsonaro
por aqui. "Seria um bolsonarista e, com certeza, ia comprar briga com muita gente, assim
como foi em 2018. A gente teve vários amigos que brigaram com a família, não?"

No Brasil, o texto ousado da peça é traduzido pelo diretor Zé Henrique de Paula, que assina a
produção com o ator Bruno Fagundes. São seis horas de espetáculo e 12 atores performando
25 personagem, além da participação de Miriam Mehler.
Nos últimos anos, Gianecchini passou a ser cobrado a falar sobre a própria sexualidade — a
qual denomina ser fluida — e enquadrá-la em uma das letras da sigla LGBTQIA+. Para ele, é
hora de virar a chave em relação a esses questionamentos.

Precisa ser falado, mas é chato. Já deu falar da minha sexualidade. A gente tem que
normalizar. A sexualidade é um assunto que as pessoas têm que olhar com uma lupa, não é
uma coisa banal para você olhar e se definir facilzinho. E sempre bater na tecla do respeito às
diferenças. Por que todo mundo tem que querer que se encaixa aqui ou se encaixa ali? Quando
a grande, eu acho que o legal é você ser diverso mesmo. Cada um é de um jeito e tem a sua
sexualidade. Por que tem que todo mundo padronizar tudo?Reynaldo Gianecchini

Ele pontua que o Brasil avança no debate LGBTQIA+, mas ainda é um país com muitas
pessoas preconceituosas. Por isso, é importante lutar, no entanto, sem brigas. É a favor de
uma "militância na paz e suavidade" a partir de exemplos de acolhimento e respeito.acreditar.
"Nunca é pela violência. Às vezes, a gente também quer brigar demais pelo tema, porque
aquele, é muito caro para você, só que acaba também se ferindo."

A arte é um caminho para naturalizar as vivências e relações fora do padrão


heteronormativo. Por isso, Gianecchini celebra poder levar uma peça com temática LGBTQIA+
a grandes teatros. O ator ainda comemora o fato de "A Herança" mostrar a diversidade dentro
da própria comunidade sigla.

"A gente vê muito a temática LGBT sempre nos guetos ou no circuito alternativo. Quando a
gente traz para o teatrão e normaliza as relações dessa comunidade, é interessante tanto para
quem é da comunidade como para quem não é. Muitos casais héteros vêm assistir e se
identificam. No final das contas, a gente está falando sobre seres humanos."

Modelo do Onlyfans que é estudante de medicina desabafa: 'Me desmerecem'

Yasmin Mineira, modelo do OnlyFans e estudante de medicina, desabafa sobre um dos


assuntos mais comentados do país atualmente, o caso dos estudantes da Unisa que fizeram
uma masturbação coletiva durante um jogo de vôlei feminino.

Ela afirma que é mais julgada por vender conteúdo adulto na internet do que os homens que
praticaram atos obscenos em público. "Sou mais julgada por vender conteúdos adultos, do
que eles ao fazerem atos obscenos", diz.

Yasmin diz não estar surpresa com o que aconteceu na Unisa. "Eu não me sinto surpresa com
o que eles fizeram. As festas e torneios de medicina sempre tiveram esses tipos de
comportamentos opressores (vide algumas outras notícias passadas em que os universitários
humilham os outros por serem de instituições privadas e eles de públicas - isso é um dos
insultos básicos). Inclusive já presenciei esse tipo de comportamento", revelou.

Ser uma estudante de medicina que paga os estudos com o trabalho realizado no OnlyFans é
um grande motivo para que ela ouça muitas críticas. "É incrível como sou criticada
constantemente pelo meu trabalho e os assediadores são tratados muitas vezes pelas pessoas
como 'meninos que cometem erros'. Isso é um absurdo!", lamentou.

A influencer, que possui 250 mil seguidores no Instagram, diz receber acusações de ter
transado com um funcionário da Universidade para conseguir a vaga no curso. "Eles me
desmerecem. Não viram que eu estudei por três anos em um curso preparatório, fiquei noites
sem dormir e me esforcei ao máximo para passar em 14º lugar no vestibular por mérito",
finalizou.

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