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REALISMO

Moinho de ferro

(1875), Adolph Menzel (1815-1905)


Na segunda metade do século XIX, a
Europa é impactada pela II
Revolução Industrial, que com seus
avanços tecnológicos e progressos
científicos transformava a vida nas
potências capitalistas, promovendo um
surto de industrialização.
A consequência foi a aglomeração
desordenada de massas de
trabalhadores em grandes centros
urbanos, resultando em pobreza,
violência, repressão policial e Pobres recolhendo carvão de uma mina
problemas de saúde pública. exaurida (1894), Nikolai Kasatkin (1859-1930)
(1815-1905)
O espírito da época era de investigação
científica do mundo. Nesse período surgem
algumas fundamentais postulações teóricas
nos campos das ciências humanas e naturais,
como o Positivismo, de Auguste Comte
(1798-1857), a teoria da evolução das
espécies, de Charles Darwin (1809-1882), e o
Socialismo, de Karl Marx (1818-1883) e
Friedrich Engels (1820-1895).
Em tal ambiente, os escritores do período se
propõem a colocar sua literatura a serviço
de uma abordagem crítica dos caracteres
humanos e da sociedade. É nesse contexto
O jovem Karl Marx (2017), dir. Raoul Peck
(https://www.youtube.com/watch?v=mcn7CmDMx9A)
que surge o REALISMO.
Consideramos como marco inicial do
Realismo na Literatura, a publicação de
Madame Bovary, de Gustave Flaubert, na
França, em 1857. No Brasil, o marco inicial
do Realismo se dá com a publicação de dois
romances: O Mulato, de Aluísio Azevedo, e
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de
Machado de Assis, ambos em 1881.

Em greve (1891), Hubert von Herkomer ()


Características do texto realista
● Distanciamento do sentimentalismo e dos mitos idealizantes que cercavam, por exemplo, a
natureza, a mulher, o herói e a pátria romântica;
● Esforço, por parte do escritor realista de aproximar-se impessoalmente dos fatos, objetos e
pessoas;
● Busca pela objetividade, respondendo aos métodos científicos que se desenvolvem nas
últimas décadas do século XIX;
● Presença de temas sociais e denunciatórios, além de críticas à vida burguesa e às
práticas e influência religiosa;

Descrições detalhadas dos espaços, em sua maioria urbanos;
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não
era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e
voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara
uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei u
punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a
escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um
moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um
cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão
fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas vezes gemen
mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu
retorquia: — “Cala a boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de p
pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matro
outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer q
também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande
admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalid
particular dava-me beijos. (Capítulo XI, O menino é pai do homem. ASSIS, 2012, p. 75)
Referências
ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. Fixação de texto, notas e posfácio de
Antônio Sanseverino; coordenação editorial, biografia do autor, cronologia e panorama do Rio
de Janeiro por Luís Augusto Fischer. Porto Alegre: L&PM, 2012.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2003, 41ª ed.

GONZAGA, Sergius. Curso de literatura brasileira. Porto Alegre: Leitura XXI, 2010, 4ª ed.

GUEDES, Diogo. Imagens revelam Machado de Assis para além do embranquecimento. Jornal
do Commercio, Recife, 19 mai. 2019. Disponível em:
https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2019/05/19/imagens-revelam-mach
ado-de-assis-para-alem-do-embranquecimento-378943.php. Acesso em: 11 out. 2020.

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