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COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR

Prof.ª Luciana Oliveira


A geração Materialista
Desenvolvida entre 1870 e 1900, a chamada Geração Materialista é formada
por um grupo de intelectuais que domina todos os campos do saber,
desencadeando um forte movimento científico e filosófico, de cunho
marcadamente racionalista.

Suas descobertas centralizam-se nos avanços das ciências biológicas e físico-


químicas, as quais passam a construir os grandes parâmetros de explicação da
realidade e do comportamento humano

Nesse contexto, as ciências sociais, que assumem uma posição de liderança,


utilizam métodos e princípios provenientes das ciências naturais.
O suporte intelectual da Geração Materialista
• O positivismo de Augusto Comte (Sistema de filosofia positivista – 1850)
Só devem ser considerados como relevante os fatos positivos , ou seja, aqueles
passíveis de análise científica.
• O determinismo histórico e geográfico de Hippolyte Adolphe Taine
O comportamento humano a ser representado pela obra de arte, é determinado
por três fatores: meio, raça e momento histórico.
• O evolucionismo de Charles Darwin (A origem das espécies – 1859)
No processo de evolução das espécies, há uma seleção natural que leva os mais
fortes a derrotarem os mais fracos.
• O Socialismo utópico de Pierre-Joseph Proudhon e o Socialismo científico de
Karl Marx e Friedrich Engels
Na luta de classes, o poder burguês tende a ser superado pela revolução
proletária
O surgimento das Escolas Realistas
As Escolas Realistas constituem as tendências estéticas que correspondem
às novas ideias. Elas compreendem três estilos essencialmente antirromânticos e
antiburgueses: o Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo.

Embora apresentem traços específicos, que os diferenciam,


esses estilos aproximam-se por constituírem uma reação contra
O Romantismo, cujas formas estavam desgastadas.

Os principais representantes do Realismo na Europa


Escandalizavam o público a prosa de Champfleury, Gustave Flaubert, Guy de
Maupassant e Émile Zola.

Ler trecho de “Madame Bovary” na pág. 191 do livro didático.


Revisão histórico-social
 D. Pedro II escolhe um senador ou deputado como primeiro-ministro por
para atender aos apelos dos partidos Conservador e Liberal, afastando a
população ainda mais das decisões governamentais e criando um
parlamentarismo às avessas. Essa decisão beneficiava os interesses da
oligarquia agrária.
 Na segunda metade do séc. XIX, a estrutura socioeconômica baseada no
latifúndio e na mão de obra escrava entra em crise face à pressão pela
modernização.
 A extinção oficial do tráfico negreiro em 1850 acelera a decadência da
economia açucareira e desloca o eixo de prestígio econômico para o Sul.
 As classes médias urbanas se concentram nos grandes centros, sedes das
fábricas., ampliando os quadros intelectuais da nação, fortalecendo as ideias
abolicionistas e republicanas.
Revisão histórico-social
 Por volta de 1870, um conjunto de fatos intensificam o movimento de luta
contra a tradições monárquicas e oligárquicas: a chegada de grandes levas de
imigrantes europeus para integrar a mão de obra livre, o desenvolvimento da
indústria cafeeira em São Paulo e a construção das ferrovias.

(Imagens do arquivo do Museu da Imigração)


O Realismo psicológico de Machado de Assis
Por que Machado é Machado?
- Além de inaugurar em nosso país um realismo psicológico sem precedentes
nem continuadores, anunciou a modernidade literária, por meio de obras que
até hoje se mantêm novas e desafiadoras.

- Essas obras instigam, provocam e estimulam tanto o leitor comum quanto a


crítica literária, seja pela riqueza de seus procedimentos expressivos , seja pela
densidade de sua temática.
Principais características literárias da prosa machadiana
• Enredo não linear.
• Presença constante de digressões.
• Metalinguagem.
• Diálogos com o leitor e com as tradições literárias.
• Análise psicológica / psicanalítica dos personagens.
• Humor sutil e permanente.
• Ironia refinada e ácida.
• Visão relativista dos valores humanos.
Principais romances
Fase Realista:

- Memórias póstumas de Brás cubas (1881|);


- Quincas Borba (1891);
- Dom Casmurro (1899);
- Esaú e Jacó (1904);
- Memorial de Aires (1908).
Memórias Póstumas de Brás Cubas
CAPÍTULO XIV - Primeiro beijo
Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a
bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente
máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se era uma
criança com fumos de homem, se um homem com ares de menino. Ao cabo, era
um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote
na mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o
corcel das antigas baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo medieval,
para dar com eles nas ruas do nosso século. O pior é que o estafaram a tal ponto,
que foi preciso deitá-lo à margem, onde o realismo o veio achar, comido de
lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para os seus livros.
Memórias Póstumas de Brás Cubas
CAPÍTULO XVI - Uma Reflexão Imoral
Ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo uma correção de estilo.
Cuido haver dito, no capítulo 14, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não
morria, vivia. Viver não é a mesma coisa que morrer; assim o afirmam todos os
joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática. Bons joalheiros, que
seria do amor se não fossem os vossos dixes e fiados? Um terço ou um quinto do
universal comércio dos corações. Esta é a reflexão imoral que eu pretendia fazer,
a qual é ainda mais obscura do que imoral, porque não se entende bem o que eu
quero dizer. O que eu quero dizer é que a mais bela testa do mundo não fica
menos bela, se a cingir um diadema de pedras finas; nem menos bela, nem
menos amada. Marcela, por exemplo, que era bem bonita, Marcela amou-me...
Memórias Póstumas de Brás Cubas
CAPÍTULO XVII - Do trapézio e outras coisas

... Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.
Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou
que o caso excedia as raias de um capricho juvenil Desta vez, disse ele, vais para
a Europa; vais cursar uma universidade, provavelmente Coimbra; quero-te para
homem sério e não para arruador e gatuno. E como eu fizesse um gesto de
espanto: — Gatuno, sim, senhor; não é outra coisa um filho que me faz isto...
Dom Casmurro

(Imagens da minissérie Capitu, exibida pela Globo)


Dom Casmurro
Ver clip da minissérie

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