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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PSICOLOGIA

ENSAIO ACADÊMICO
Três Tons de Morte: desfusão entre pulsões de morte e de vida em
Morte e Vida Severina

Autores:
Andressa da Silva Rocha
Heloisa Machado Elias
Igor Alves Prado Barcelos Mendonça
Natan Vitor da Silva

Goiânia - GO
2022/2023
RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo apresentar, em uma perspectiva freudiana, os elementos que
colocam a estrutura do Supereu em uma posição de agressão autoritária que se volta contra o Eu,
resultando na desfusão entre pulsão de vida e pulsão de morte. Para elaborar essa exposição, a
obra Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, será utilizada como uma imagem que
sintetiza os dramas do homem contemporâneo que, privado dos meios necessários para
manutenção de sua vida, tem a morte como expressão última da soberania da escolha de seu
destino.

Palavras-chave: Supereu. Privação. Melancolia. Suicidio.

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SUMÁRIO

1. Introdução…………………………………………...……………………….…..….. 3

2. Morte e Vida Severina………………………………………………………………. 4

3. Segunda tópica freudiana e constituição do Supereu…………..…………………… 7

4. Diálogos…………………………………..………….…………………………..….. 13

5. Conclusão…………………………………………………………………………… 18

Referências…………………………………………………………………………….. 19

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1. Introdução

A cultura e as condições materiais são elementos essenciais para a formação dos modelos
de representação da realidade para o sujeito. Se por um lado a experiência humana é atravessada
por um eixo comum que se expressa nas disposições anímicas inatas, por outro, cada povo, em
cada época, é constituído por idiossincrasias que moldam o destino de seus desejos, suas formas
de sofrimento e seus mecanismos preferenciais de deslocamento pulsional.
Pode-se encontrar na teoria psicanalítica freudiana uma hipótese coerente para a descrição
do funcionamento das estruturas psíquicas do sujeito e, apesar de todas as modificações que seu
legado passou ao longo do tempo, ele ainda se mostra como um modelo coeso para nos fornecer
categorias elucidativas para pensar a experiência humana.
Inserindo-se nesse contexto, tanto a nível subjetivo quanto a nível social, a arte é uma
poderosa ferramenta da cultura para exprimir aquilo que é mais próprio da humanidade. Seu
potencial para sublimação pode transformá-la em um valioso repositório de referências para nos
ajudar a compreender aquilo que, pelas vias da racionalização, seria impossível. São fartos os
exemplos das vezes em que Freud usa da literatura para expor certas questões da psicanálise,
como em suas incursões pelas obras de Dostoievski para buscar a relação entre o papel da culpa e
com parricídio.
Deste modo, para pensar certas particularidades da realidade brasileira, buscar-se-á, a
partir da obra Morte e Vida Severina, contextualizar os dramas vividos na contemporaneidade de
um Brasil neoliberal e neocolonial, abordando seus efeitos deletérios em nossa formação
subjetiva e coletiva.
Não se trata, portanto, de colocar Severino no divã, tampouco de desvendar a
subjetividade do autor. A proposta será falar de questões que atravessam a realidade atual,
pensando essas questões a partir das categorias propostas pela teoria psicanalítica.

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2. Morte e Vida Severina

Morte e Vida Severina é um Natal Pernambucano escrito por João Cabral de Melo Neto
em 1954-1955. A escrita da obra é de natureza poética, herdeira do medievo e do movimento
modernista brasileiro (Geração de 30), marcada pelo regionalismo e pelo folclore nordestino.
Neste texto cabralino, Severino, retirante, desloca-se da serra da Costela em direção a
Recife, partindo da crença de que o verde da Zona da Mata, indício de vida, tomaria o lugar da
aridez da morte no Sertão.
Ao longo de seu trajeto seguindo pelo rio Capibaribe, Severino se depara com a
onipresença da morte, seja no Sertão, no Agreste ou na Zona da Mata. Frustra-se com sua
condição Severina e com a vida, onde, no dualismo entre morrer e sobreviver, somente um dos
lados assume um valor de certeza: a morte.

2.1. Contexto sócio-histórico retratado na obra

No auto cabralino, o autor brinca com o nome “Severino”, utilizando-o tanto como um
substantivo próprio, como um adjetivo que tem sentido de representar aquilo que é severo. Nessa
perspectiva, João Cabral de Melo Neto sintetiza em Severino, retirante, a realidade severina no
sertão nordestino, constituída a partir da privação e da negação das condições necessárias à vida;
trata-se, portanto, da condição do não-viver (Muzart, 1981).
No jogo gramatical, o autor pernambucano evidencia um certo processo de desconstrução
do conceito de identidade de Severino, indicando que o ser Severino não o é sem a condição
severa que lhe é imposta. Trata-se, portanto, do sujeito (substantivo) como sujeito (adjetivo) à
realidade severina:

“Somos muitos Severinos


iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte

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de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte Severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).” (MELO NETO, 1955/2007, p. 1-2)

Por vezes, a literatura surge como uma forma de representar e exteriorizar a constituição
interna do sujeito. Entretanto, há momentos em que essa proposta é invertida: o(a) autor(a) se
apega à realidade (social, externa) e busca representá-la em sua escrita. Nesse sentido, Candido
(1972 apud Silva, 2017) evidencia esse movimento de representação do real ao apontar para o
regionalismo brasileiro, “que por definição é cheio de realidade documentária”.
A literatura é pode ser uma forma de representar a realidade, podendo configurar-se como
o retrato representacional de uma época, lugar ou povo (Silva, 2017). Como tal, o auto cabralino
pode ser pensado como parte do regionalismo nordestino, um movimento que assume
compromisso com a realidade dessa região. Observa-se que na história literária nacional existem
diversas obras que se propõem a retratar o contexto regional do sertão: Vidas Secas de Graciliano
Ramos; Os Sertões de Euclides da Cunha; O Quinze de Raquel de Queiroz.
Frente ao movimento de regionalismo nordestino, João Cabral de Melo Neto assume, em
seu Auto Natalino, o papel de um escritor documental, narrando a realidade de muitos retirantes
que buscam melhores condições de vida, dada a privação que lhes são impostas. Assim, o autor
pernambucano constrói uma narrativa tão enxuta, revoltante e severa quanto o próprio cenário
que é descrito.
Diante do exposto, nota-se que Dantas (2002 apud Silva, 2017) se refere a João Cabral de
Melo Neto dizendo que frente à proposta de representar a realidade do retirante, “[...] ninguém
elaborou expressão poética mais revoltada e pungente para expor a miséria, o destino esmagado
do homem pobre, no caso, o Nordeste”. Desse modo, o autor pernambucano pinta, por meio da
literatura, um quadro angustiante, um quadro Severino, cuja “forma” (gestalt) é atravessada pela
miséria, seca, privação e negação à vida (Muzart, 1981).

2.2. Inserção da obra no contexto literário brasileiro

Para estabelecer um olhar crítico, do ponto de vista literário, sobre Morte e Vida Severina,
é necessário atentar-se ao contexto artístico nacional no qual o Auto de Natal de Pernambuco se
insere.
O auto cabralino está contido no movimento artístico conhecido como modernismo
brasileiro, iniciado oficialmente na Semana de Arte Moderna (“Semana de 22”) em São Paulo,

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durante os dias 11 a 18 de fevereiro de 1922. Nessa onda de transformação no âmbito das artes,
os artistas nacionais buscaram se inspirar nas vanguardas europeias para propor novas, e mais
livres, possibilidades estéticas no campo da literatura, das artes plásticas, da dança, do teatro, etc.
Nesse cenário, a arte brasileira passa a representar de forma crítica a realidade nacional e,
principalmente, denunciar as desigualdades regionais, buscando formar uma identidade do povo
brasileiro, em conformidade com a proposta de um novo programa desenvolvimentista que
buscava superar a matriz latifundiária.
Estando inserido no modernismo e, mais especificamente, na Geração de 1930, João
Cabral de Melo Neto busca referências na literatura europeia para elaborar seu auto natalino, a
fim de criticar, contundentemente, a realidade social de sua região, o nordeste brasileiro.

2.3. O auto natalino e o auto cabralino

De acordo com autores (Dallazen, 2019; Figueira, 2020; Mendes, 2016; Muzart, 1981)
que se propuseram a analisar a obra do ponto de vista literário, o auto pastoril é um gênero
literário brasileiro herdado de influências ibéricas relativas à religiosidade. Essa referência fica
evidente ao olhar para a biografia de Melo Neto, que passou parte de sua vida na Espanha e
tornou-se impregnado pela literatura local (Muzart, 1981).
O Auto de Natal de Pernambuco, como o próprio nome indica, faz referência aos autos de
nascimento de Jesus Cristo, o redentor e salvador - segundo a fé cristã. Tal diálogo entre o natal
cristão e o natal pernambucano fica ainda mais evidente ao se comparar José, mestre carpina
(Morte e Vida Severina), com José, o carpinteiro (cristianismo). Nessa análise, o filho daquele,
bem como deste, seria o severino salvador, aquele que vem para salvar a condição de privação de
vida severina, como Melo Neto expõe ao apresentar a fala da segunda cigana no contexto do
nascimento do filho do mestre carpina:

“Minha amiga se esqueceu


de dizer todas as linhas;
não pensem que a vida dele
há de ser sempre daninha. [...]
Não o vejo dentro dos mangues,
vejo-o dentro de uma fábrica:
se está negro não é lama,
é graxa de sua máquina,
coisa mais limpa que a lama
do pescador de maré
que vemos aqui vestido
de lama da cara ao pé.
E mais: para que não pensem

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que em sua vida tudo é triste,
vejo coisa que o trabalho
talvez até lhe conquiste:
que é mudar-se destes mangues
daqui do Capibaribe
para um mocambo melhor
nos mangues do Beberibe.” (MELO NETO, 1955/2017, p. 25)

No entanto, Melo Neto transforma seu texto em uma paródia desses autos religiosos,
convertendo o nascimento como sinal de esperança e salvação, ao nascimento como sinal da
circularidade da morte e vida severina (Mendes, 2016). Ou seja, o que está a nascer não é um
salvador, mas sim outro Severino como tantos outros, de cabeça grande que a custo se equilibra,
crescido no ventre sobre pernas finas e de sangue com pouca tinta (Melo Neto, 1955/2017).
Inicia-se, portanto, outra vida severina que se identifica com a morte (Mendes, 2016), como
indicado no nome da obra.
A paródia que Melo Neto constrói em seu Auto (Mendes, 2016) fica evidente no jogo
com os símbolos religiosos. Além da referência a José, o carpinteiro, o autor omite o nome da
mãe do filho de José, mestre carpina, indicando que apesar do nome do pai, nada se pode dizer
sobre a mãe, suposta referência à Maria, mãe de Jesus - personagem fundamental na narrativa
cristã.
A partir das referências à narrativa religiosa, concomitantes às manipulações e aos jogos
simbólicos feitos por João Cabral de Melo Neto, este retoma modelos ibéricos e medievais para
construir uma narrativa severina comprometida com a crítica social e com o regionalismo
nordestino. Desse modo, Morte e Vida Severina se consagra como um marco do modernismo
brasileiro e da literatura nacional, além de uma síntese representativa das condições materiais de
certas regiões do nordeste no país, o que possibilita análises relativas aos modos de representação
da realidade dos retirantes, bem como de de sua subjetividade.

3. Segunda tópica freudiana e constituição do Supereu

Para valer-se das construções teóricas elaboradas no interior da psicanálise freudiana,


interpretando-as a partir da obra de João Cabral, faz-se necessário, antes, abordar os elementos
básicos que constituem a segunda hipótese topológica do aparelho psíquico proposta por Freud.

3.1. Processos de identificação e escolha objetal

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O processo de identificação e a escolha objetal são dois pontos fundamentais para
compreensão da constituição do Supereu no contexto da segunda tópica.
Segundo Freud, o lactente, inicialmente, não consegue distinguir entre seu Eu e o mundo
externo. Após a exposição a inúmeros estímulos, ele reconhece certas fontes de excitação, que
posteriormente, serão reconhecidas como partes de seu próprio corpo. Essas excitações podem
gerar sensações de prazer ou desprazer, mediante o contato ou ausência de um objeto. O som do
choro do bebê inaugura, para ele, sua primeira forma de intervir no mundo, forçando um objeto a
aparecer ou desaparecer.
Como a fronteira que divide o exterior do interior ainda não está definida, a escolha de um
objeto como fonte de satisfação só pode ocorrer pela via da identificação, a cada novo objeto
escolhido ou abandonado, novas identificações vão surgindo no Eu, nessa condição inicial, cada
investimento ou abandono de objeto pode resultar em uma alteração do Eu, assim:

“De todo modo, o processo é muito frequente, sobretudo nas primeiras fases do
desenvolvimento, e pode possibilitar a concepção de que o caráter do Eu é um
precipitado dos investimentos objetais abandonados, de que contém a história dessas
escolhas de objeto.” (FREUD, 1923, p.26)

Na primeira etapa do desenvolvimento do Eu, o lactente quer colocar todo desprazer para
“fora” e todo o prazer para “dentro”. A realidade, no entanto, não está disposta a obedecer todos
os seus caprichos, forçando que o Eu se relacione com o princípio da realidade na forma como a
realidade se apresenta.
Ainda no contexto dos estágios iniciais do desenvolvimento, a criança também entra em
contato com outras figuras importantes. A mãe, que porta o seio que lhe dá tanto prazer, e o pai,
que rouba a mãe e o prazer que ela pode proporcionar. Fala-se aqui da clássica dinâmica do
complexo de Édipo simples, onde a criança, desenvolvendo um investimento objetal na mãe, tem
o desejo de satisfazer nela suas pulsões sexuais (Devorar seu leite e seu afeto) e, com o pai, uma
identificação que posteriormente se tornará hostil, transformando-se no desejo de eliminá-lo e
tomar seu lugar.
Freud, ao falar da condição inicial de bissexualidade da criança, também propõe que,
concorrentemente a relação edípica simples, um Édipo “inverso” opera como um processo
complexo, onde o pai é investido como objeto de desejo e a criança, por identificação, coloca a
mãe em um contexto de hostilidade, desejando eliminá-la e tomar seu lugar. Essa dinâmica
complexa dá às relações da criança com seus pais um caráter dual que oscila entre desejo e
hostilidade.

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O complexo de Édipo não se mantém por tempo indeterminado por inúmeros fatores.
Como foi dito, o pai, além de exercer sua autoridade, também se mostra como uma fonte de
prazer e segurança, obedecer sua autoridade é, em muitos casos, a garantia de que o objeto que dá
prazer será apresentado; a mãe, por outro lado, deixa se ter o centro do prazer, uma vez que o
desenvolvimento sexual da criança desloca os pontos erógenos para outros locais do corpo,
mostrando para ela que o prazer também pode ser obtido por outras vias e por outros objetos.
É nesta complexa cadeia de relações entre prazer e desprazer, objeto e autoridade,
princípio da realidade e pulsões, que, aos poucos, o complexo de Édipo cederá espaço para uma
nova topologia no aparelho psíquico. Na superação do complexo de Édipo, mediado pelo
processo de identificação e escolha objetal, surge uma instância superegóica, que vigiará
implacavelmente o Eu, não deixando nem mesmo os pensamentos mais íntimos escaparem de
seus domínios.

3.2. Superação do Édipo e constituição do Supereu

Com o fim do complexo de Édipo, a criança herdará um precipitado formado pelas quatro
posições que teve em relação a seus pais. A identificação com a mãe e com o pai, bem como sua
relação de investimento objetal. O Supereu é originário deste produto final:

“Essa alteração do Eu conserva a sua posição especial, surgindo ante o conteúdo restante
do Eu como ideal do Eu ou Super-eu.
Mas o Super-eu não é simplesmente um resíduo das primeiras escolhas objetais do Id;
possui igualmente o sentido de uma enérgica formação reativa a este. Sua relação com o
Eu não se esgota na advertência: ‘Assim (como o pai) você deve ser’; ela compreende
também a proibição: ‘Assim (como o pai) você não pode ser, isto é, não pode fazer tudo
o que ele faz; há coisas que continuam reservadas a ele’ [...] Como os pais, em especial o
pai, foram percebidos como obstáculos à realização dos desejos edípicos, o Eu infantil
fortificou-se para essa obra de repressão, estabelecendo o mesmo obstáculo dentro de
si.” (FREUD, 1923, p.31)

Portanto, um novo personagem entra em cena a partir da superação do complexo de


Édipo: O Supereu, que será tão mais rigoroso quanto mais forte foi o complexo de Édipo e sua
repressão.
As tarefas desempenhadas pelos Supereu estão intimamente vinculadas ao ideal de eu e ao
exercício da moralidade do sujeito através da escolha e da culpa. Os vínculos estabelecidos no
interior do complexo de Édipo, associados a repressão exercida pelos pais, formará a consciência
moral do sujeito, organizando seus valores e crenças a partir de uma escala transmitida pelo
Supereu de seus pais durante seu processo de desenvolvimento, nesse sentido:

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“Voltemos agora ao Super-eu. Atribuímos a ele a auto-observação, a consciência moral e
a função de ideal. [...] Para nós, o Super-eu é o representante de todo limite moral, o
advogado do anseio por perfeição, em suma, aquilo que podemos aprender
psicologicamente do aspecto dito elevado da vida humana.”
(FREUD, 1933, p.117)

Se existem os imperativos que exigem que o sujeito se comporte de determinada forma,


que pense de um determinado modo, e que busque uma vida tal qual ela foi ensinada como ideal,
esses imperativos advém diretamente da atividade do Supereu, assim como a atividade de censura
e de culpa também se manifestam como exercício de sua autoridade sobre o Eu.

3.3. Ideais da sociedade capitalista

Como foi apresentado, o Supereu se forma em um contexto transindividual. As relações


objetais inseridas no complexo de Édipo, bem como a repressão, são moldadas pela cultura.
Se por um lado a cultura é continuada, de modo simplificado, pela transmissão do
Supereu de uma geração para a seguinte; por outro, não se pode negar que as condições materiais
alteram qualitativamente o conteúdo do ideal de Eu, modificando a consciência moral a imagem e
semelhança das relações produtivas.
É nesse contexto que, para pensar as particularidades de nossa época, deve-se pensar
quais valores a sociedade capitalista elege como sendo ideais, quais são as metas que ela coloca
para que o sujeito se veja em uma posição de felicidade, como ela exige que o sujeito desloque
suas forças pulsionais em direção a essas metas. Sobre isso, Dunker escreve:

“É preciso reinventar-se a cada dia na vida no trabalho, estar em permanente revolução


dos processos produtivos. É isso que nos leva a avaliar que uma vida é boa se ela é
essencialmente produtiva, agitada, dinâmica, ocupada. É isso que nos leva a sentir, de
novo com esse adjetivo, “permanente”, que a vida social só existe em forma de abalos,
tragédias, eventos. É isso ainda que produz a certeza diagnóstica de que nosso afeto
político fundamental é o desamparo, a insegurança, a angústia.” (DUNKER, 2015,
p.127)

Pode-se dizer, portanto, que os valores elegidos pelo capitalismo são aqueles vinculados
ao trabalho em sua forma alienada. Trabalho que produz valor para outro, trabalho sem gozo, mas
sempre com uma promessa de gozo se, e somente se, o trabalho não cessar.
A eterna promessa de que o trabalho dignificará o homem - Ainda que o homem que
trabalhe jamais viva com dignidade, mas mantenha somente o básico para sua sobrevivência, para
reprodução de seu trabalho alienado - só pode se sustentar mediante os poderes de um deusa de

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duas faces: Uma que promete abundâncias em um futuro que jamais chegará; e uma que ferirá de
morte aqueles que negue o trabalhar.
Nesse sentido, Dunker nos diz que:

“Há um tipo de depressão ansiosa que se desenvolve facilmente nesse contexto. O


esforço para sonhar, desejar e imaginar novos futuros depende da consolidação simbólica
das realizações passadas. A ausência dessa articulação pode se apresentar como
sentimento permanente de uma “vida postiça”, de um “sucesso inautêntico” que faz
empuxo à produção de novos signos de performática social. Aqui a violência assume o
aspecto de fantasia de punição, frequentemente expresso pela intrusão de imagens
masoquistas.” (DUNKER, 2015, p.62)

No processo de racionalização inerente ao modo de produção capitalista, as formas


substitutivas que o sujeito encontra para tamponar suas angústias se assemelha à forma
mercadoria. O Supereu do homem contemporâneo busca encontrar no consumo a realização
narcísica do sujeito, ele só se sentirá feliz se deter os objetos de cobiça que autorizam sua
humanidade neste contexto social. Se, como consequência das próprias contradições do capital, o
consumo for impossível, todas as pulsões agressivas se voltam contra aquele Eu incapaz de lidar
com o princípio da realidade.

3.4. Pulsão de vida e Pulsão de morte

Pulsão, termo que distancia os homens dos animais guiados pelo instinto, é um conceito
teórico criado por Freud para representar a sexualidade humana de uma forma singular. Em sua
primeira concepção, a pulsão era categorizada pelo dualismo entre as pulsões sexuais, que teriam
por objetivo a manutenção da espécie; e as pulsões de autoconservação, que garantiriam a
sobrevivência do organismo.
Nesta primeira elaboração da teoria das pulsões, aquelas de natureza sexual se apoiam nas
pulsões de autoconservação, uma vez que estas aparecem primeiro na cronologia do
desenvolvimento humano.
Em uma elaboração posterior, Freud, ao se defrontar com fenômenos que observa em sua
clínica, promove uma reformulação do dualismo pulsional, reunindo as pulsões sexuais e de
autoconservação como pulsão de vida, opondo-a a pulsão de morte. Aqui, a compreensão de
pulsão sofre uma verdadeira revolução, pois, se as pulsões têm por objetivo o retorno a um estado
anterior, a pulsão de morte teria por objetivo reduzir a vida a seu estado inorgânico.

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Em uma perspectiva lacaniana, esse objetivo da pulsão de morte em Freud é uma
metáfora biológica para explicar uma consequência da linguagem. Marco Antonio Coutinho
Jorge, trabalha a ideia de que Lacan propõe, partindo de Freud, que:

“Como resume Catherine Millot, com a pulsão de morte, o que Freud promoveu,
segundo Lacan, foi “a existência da autonomia do simbólico, da dimensão da linguagem
no homem, que parasita seu ser vivo e nele introduz o registro de um mais-além da
vida”. A linguagem está relacionada com a pulsão de morte na medida em que ela
determina o ser falante mais-além de sua condição de vivente.” (JORGE, 2008, p.62)

Portanto, a pulsão de morte está intimamente vinculada à realidade linguística do homem.


Ao pensar em morte e destruição, o sujeito o faz a partir de significados que foram apresentados
para ele durante sua aquisição da linguagem. Mais, o sentido da morte e da destruição só pode ser
pensada a partir do encadeamento de significantes que, em última instância, são colocadas por
representações contidas na vida, ainda que caminhe para um “mais-além de sua condição de
vivente”.
Eros e Thanatos, apesar de parecerem a princípio antagônicos, são, na maior parte da vida
do sujeito, complementares. A pulsão de vida se vale da pulsão de morte para direcionar a
agressividade para o mundo, impondo sua vontade frente aos desafios, formando uma verdadeira
amálgama pulsional que possibilita ao Eu redirecionar as forças pulsionais para alcançar seus
objetos desejados, assim, Freud diz que:

“Mas naquele momento não era fácil demonstrar a atividade dessa suposta pulsão de
morte. As manifestações de Eros eram suficientemente evidentes e ruidosas; podíamos
supor que a pulsão de morte trabalhava em silêncio, no interior do ser vivente, pela sua
dissolução, mas evidentemente isso não constituía nenhuma prova.
O que nos levou mais longe foi a ideia de que uma parte da pulsão se voltaria contra o
mundo exterior e daí viria à luz como pulsão para agressão e para a destruição.
Assim, a pulsão seria ela mesma compelida a se colocar a serviço de Eros, visto que o
ser vivo aniquilava qualquer outra coisa, fosse ela animada ou inanimada, em vez de si
mesmo” (FREUD, 1930/2020, p. 371 - 372)

Portanto, é natural que em nossas relações com o mundo, com os outros e conosco, uma
parcela de hostilidade sempre esteja presente. Faz parte da própria economia pulsional que essas
duas dimensões trabalhem em conjunto, apesar de, em alguns casos, ser possível identificar uma
preponderância pulsional efêmera em alguma relação específica com algum objeto.

3.5. Desfusão pulsional e o estado de melancolia

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Segundo Matzger e Junior (2010, V.21, N.3, p. 569) “De um modo geral, a desfusão
pulsional seria a causa de expressões do “mal pelo mal” no homem, e a eventual fusão pulsional
dela decorrente erotizaria a destruição como um fim em si mesmo.”. Conclui-se daí que o
processo de desfusão pulsional “liberta” a pulsão de morte para que ela possa agir livremente,
encontrando outras pulsões para associar-se.
Ainda segundo os autores, o processo que leva a desfusão pulsional é dado pelos próprios
elementos fornecidos pela cultura. Entre as várias formas de sublimação que nos são oferecidas,
algumas assumem um caráter particularmente destrutivo, como o isolamento, o masoquismo
moral, automutilação, distúrbios alimentares e, em último caso, o suicidio.
Pode-se dizer, portanto, que o desfusionamento pulsional é um lapso onde a pulsão de
morte se associa a outra meta, e o resultado dessa nova associação pode fazer com que o sujeito
caminhe para o aniquilamento total de sua existência.
Como foi exposto nos tópicos anteriores, o Supereu pode ser tirânico, mas de um ponto de
vista filogenético, seu modo de ser garantiria a sobrevivência do sujeito. Ontogeneticamente
falando, entretanto, toda essa capacidade que garante a vida pode garantir a morte.
Não é possível pensar nessa ruptura ontogenética senão pelas condições materiais que o
sujeito experiencia, exatamente por isso que a desfusão entre a pulsão de vida e pulsão de morte é
tanto da ordem do social quanto da ordem do individual, afetando-se mutuamente.

4. Diálogos

4.1. Severino como movimento da tradição

O poema é aberto com o narrador se apresentando, e a tarefa não parece ser fácil:

“Somos muitos Severinos


iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.” (MELO NETO, 1955/2007, p. 1)

Ao se identificar para leitor como Severino, filho de Maria, esposa de Zacarias, lá da


serra da Costela, limites da Paraíba, o personagem narrador está se valendo das posições que
ocupa em sua comunidade, posições que lhe servem de pontos cardeais para objetivar seu Eu

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no mundo, dando-lhe uma identidade própria.
O nome Severino também é de um santo de romaria. Zacarias, nome de seu pai,
também é o mesmo do mais antigo coronel, dono daquela sesmaria. Os significantes que
constituem a comunidade na qual Severino nasceu, derivam das tradições passadas de geração
em geração.
Cultura é o laço que coloca o homem não somente no presente, mas também no
passado, nesse sentido, Freud falará que a tradição, passada de geração em geração, se move a
partir da constituição do sujeito em relação a geração que o precedeu:

“Provavelmente as concepções históricas chamadas de materialistas pecam por


subestimar esse fator. Elas o põem de lado com a observação de que as ‘ideologias’
dos homens nada mais são que o produto e superestrutura de relações econômicas
atuais.
Isso é verdade, mas muito provavelmente não é toda a verdade. A humanidade
nunca vive inteiramente no presente; o passado, a tradição da raça e do povo
prossegue vivendo nas ideologias do Super-eu [...].” (FREUD, 1933/2010, p. 117)

Quando Severino se afirma como sujeito, partindo das posições sociais que ocupa, ele
se coloca como um portador da cultura, como alguém que participa da marcha da tradição.
Seu Eu supõem um local de nascimento, uma religião, um conjunto de crenças, valores,
destinos. Sua existência é atrelada à existência daquilo que não nasce a partir dele, mas que o
define como um existir no mundo.
No final da narrativa, o autor demonstra essa estrutura a partir de uma outra
perspectiva. Após o nascimento de um bebê, nota-se que ele não carrega apenas um corpo a
ser preenchido pelo seu desenvolvimento ontogenético, ou, um corpo repleto de organizações
inatas aguardando um ponto de amadurecimento; Ele carrega também o peso das expectativas
de um futuro traçados pela cultura, que começa a se mostrar assim que ela saí do ventre da
mãe:

“Vou dizer todas as coisas


que desde já posso ver
na vida desse menino
acabado de nascer: [...]
Cedo aprenderá a caçar:
primeiro, com as galinhas,
que é catando pelo chão
tudo o que cheira a comida;
depois, aprenderá com
outras espécies de bichos:
com os porcos nos monturos,
com os cachorros no lixo. [...]
Não o vejo dentro dos mangues,
vejo-o dentro de uma fábrica:

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se está negro não é lama,
é graxa de sua máquina,
coisa mais limpa que a lama
do pescador de maré
que vemos aqui vestido
de lama da cara ao pé.” (MELO NETO, 1955/2007, p. 26)

O que pode ser percebido aqui, são os representantes da cultura depositando, naquele
filhote de humano, os significantes da cultura que formarão a estrutura de seu Eu, ainda que
as condições materiais o coloquem em circunstâncias absolutamente distintas daquelas
narradas pelas ciganas.
Para bem da verdade, estas expectativas já estão depositadas naquele bebê bem antes
de seu nascimento. Todas as coordenadas sociais já estavam prontas para sua chegada e,
mesmo que não houvessem provetas, ele já estaria imerso em um ambiente socialmente
organizado para lhe dar uma identidade pré-definida.

4.2. O trabalho de Severino como elemento moral

Não nos é possível conjecturar sobre a vida dos pais de Severino, nem sobre as
particularidades de sua educação, mas, a partir dos elementos presentes na narrativa, pode-se
afirmar que o trabalho é fundamental em sua estrutura de valores.
Trabalho, para Severino, constitui-se como um meio de “esticar o barbante de sua vida”.
Em sua marcha na busca pelo litoral, diminuir sua carga de trabalho não era necessariamente um
desejo primário, ele esperava somente que “ao menos aumentaria na quartinha, a água pouca,
dentro da cuia, a farinha, o algodãozinho da camisa, ao meu aluguel com a vida.”
Façamos um parênteses para trazer uma categorização da função do Supereu: “[...] o
Supereu tem as funções de autocrítica, de consciência, de vigia, de punição e de imperativo ao
gozo. Seguindo o modelo do Supereu dos pais ele estabelece para o Eu os padrões de conduta.”
(SANTOS, 2021 , p.85).
Observa-se que o significante trabalho é um imperativo do Supereu de Severino para o
gozo. Ao fim ao cabo, é exatamente esse o significado de uma vida Severina, uma vida que só se
realiza pelo labor, uma vida que tem apenas algumas alegrias mínimas, que, para serem
conquistadas, exigem que se morra de velhice antes dos trinta.
O fardo do infortúnio que o protagonista carrega gera raízes profundas. A sede e a fome
são as faces desoladoras de uma sina que se levanta na mesma medida da resiliência do retirante,
um jogo de difícil equilíbrio cujo resultado oscila entre a sobrevivência ou a destruição.

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4.3. Percurso de Severino nas veredas da Morte

Dando nome ao título deste trabalho, três tons de morte é uma metáfora do percurso
traçado pelo protagonista em sua jornada até Recife. Se de início ele começa uma vida de
retirante para fugir da morte no agreste em que nasceu, nas terras alagadas que encontra,
próximas a um rio onde se acha um canavial, ele também acha apenas a morte. No fim de sua
marcha, ao chegar no litoral, o que ele vê, a partir de uma conversa entre dois coveiros, é que o
derradeiro fim um Severino parece ser inexorável.

“— Desde que estou retirando


só a morte vejo ativa,
só a morte deparei
e às vezes até festiva;
só a morte tem encontrado
quem pensava encontrar vida,
e o pouco que não foi morte
foi de vida Severina
(aquela vida que é menos
vivida que defendida,
e é ainda mais Severina
para o homem que retira).” (MELO NETO, 1955/2007, p. 6-7)

4.5. Desfusão da pulsão de vida com a pulsão de morte: Severino decide morrer

Ao escutar a conversa dos coveiros, Severino percebe que seu trabalho foi em vão,
reflexão que funciona como um elemento derradeiro no processo de desfusão pulsional. Se antes
a pulsão de morte trabalhou com a pulsão de vida para que o retirante tivesse forças para cruzar o
longo caminho até a morte, agora, essa força pulsional por um momento está livre para agir e se
associar a outras pulsões destrutivas.

“— E esse povo de lá de riba


de Pernambuco, da Paraíba,
que vem buscar no Recife
poder morrer de velhice,
encontra só, aqui chegando,
cemitério esperando.
— Não é viagem o que fazem
vindo por essas caatingas, vargens;
aí está o seu erro:

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vêm é seguindo seu próprio enterro” (MELO NETO, 1955/2007, p. 24)

O trabalho, a partir deste diálogo, ganha uma nova carga de significantes. Se antes era
um meio para viabilizar o gozo, agora, é algo insignificante.
Toda energia pulsional depositada no trabalho agora agora se encontra livre para achar
um novo objeto, e o objeto mais próximo que o Eu de Severino encontra é a morte.

“A solução é apressar
a morte a que se decida
e pedir a este rio,
que vem também lá de cima,
que me faça aquele enterro
que o coveiro descrevia:
caixão macio de lama,
mortalha macia e líquida,
coroas de baronesa
junto com flores de anhinga,
e aquele acompanhamento
de água que sempre desfila
(que o rio, aqui no Recife,
não seca, vai toda a vida).” (MELO NETO, 1955/2007, p. 20)

Ao decidir pela morte, Severino encontra José mestre Carpina. Querendo saber se o rio
era suficientemente fundo para o suicídio, e se de fato compensaria “pular fora da ponte de vida”,
se existiria outra opção a um retirante naquele mundo implacavelmente miserável, uma notícia
chega, o nascimento de uma nova vida.

“[...] mas se responder não pude


à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida Severina.” (MELO NETO, 1955/2007, p. 28)

Essa criança, essa nova vida, é a portadora da luta contra essa a quem Severino decide
se entregar. Ela carrega justamente o espírito de rebelião do real contra o real pela realidade.
Aqui é o fim do poema. Não se sabe se Severino decidiu “pular para fora da ponte da
vida” ou se, a partir de uma identificação com aquela nova vida, ele ganhou um novo sentido

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para continuar a viver, mas o ponto é que essa pergunta estará sempre aberta para nós, que
existências que lutam contra a existência a partir de nossas “essências”.

5. Conclusão

Não obstante ser uma obra de ficção, o poema de João Cabral é uma realidade. A nossa,
dolorosa e inexorável, realidade.
Se somos agraciados com um pouco mais do que Severino jamais sonhou um dia
conseguir, a morte continua a bater insistentemente como a melhor alternativa para nosso modo
de organização da vida. Não é sem motivos que vivemos em um mundo repleto de paliativos
como psicotrópicos e o consumo pelo consumo. O homem contemporâneo é o retrato de um
Severino que, afogado em infinitas possibilidades de gozo, só encontra desamparo e solidão em
uma sociedade neoliberal.
Não sabemos exatamente o que fazemos aqui, talvez essa pergunta não tenha uma
resposta. Somos retirantes na eterna busca de preencher um ser que se define pelo não ser e que,
de vez em quando, tem um pequeno vislumbre daquilo que é, ou daquilo que poderia ser.

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REFERÊNCIAS

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Lacan, v.1: as bases conceituais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 5, 2008

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GOLDENBERG, Ricardo. Ensaio sobre a moral em Freud - Editora Agalma, Salvador,


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SANTOS, Altair José dos. Adolescência e a constituição do sujeito: angústia e violências.


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SILVA, Audilene Domingos da. Uma visão preconceituosa sobre o nordeste sob análise de
Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto. 2017. 24 p. Artigo (Graduação em
Letras) - Centro de Humanidades, Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira (PB), 2017

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