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San Juan, Porto Rico – Eles diziam que estavam construindo a Puertopia. Mas
alguém os avisou, com aparente seriedade, que em latim essa palavra pode
ser traduzida por “playground eterno”. Então, resolveram mudar o nome para
Sol.
Assim, essa criptocomunidade se reuniu aqui para criar seu paraíso. Agora os
investidores passam os dias procurando propriedades onde possam ter seu
próprio aeroporto e docas. Estão comprando hotéis e um museu na parte
histórica da capital, chamada Velha San Juan. E dizem estar próximos de um
acordo com o governo para criar o primeiro banco de criptomoeda.
“O que está acontecendo aqui é uma tempestade perfeita”, disse Halsey Minor,
fundador do site de notícias CNET, que está mudando sua nova empresa de
https://exame.abril.com.br/tecnologia/porto-rico-esta-virando-o-reino-encantado-das-
criptomoedas/ 15 de fevereiro de 2018
blockchain – chamada Videocoin – das Ilhas Cayman para Porto Rico. Em
referência ao furacão Maria e ao interesse de investimento que se seguiu, ele
acrescentou: “Mesmo que tenha sido muito ruim para as pessoas de Porto
Rico, em longo prazo é um presente divino, caso as pessoas consigam ver
além disso”.
Porto Rico oferece um incentivo fiscal sem paralelos: não há impostos federais
sobre salários e lucros, e as taxações sobre as empresas são baixas – tudo
isso sem renunciar à cidadania americana. Por enquanto, o governo parece
receptivo aos criptoutópicos; o governador de Porto Rico fará uma palestra na
conferência de blockchain organizada por eles em março, a Puerto Crypto.
“Você nunca viu uma indústria catalisar um lugar como vai ver aqui”, disse
Minor.
“Somente quando tudo foi destruído que você consegue começar do zero”,
disse Morris.
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Porto Rico é essa gema bruta, uma ilha encantada que tem sido
constantemente negligenciada e maltratada. Talvez, depois de 500 anos,
podemos fazer a coisa certa”.
Pierce, que já foi ator infantil, começou no dinheiro digital cedo como jogador
de videogame profissional, minerando e negociando ouro no jogo “World of
Warcraft”, que foi em parte financiado por Stephen Bannon, o ex-assessor de
Trump. Ele é uma figura controversa, e já foi processado por fraude.
Pierce andava pelo espaço com os punhos cerrados. Algumas vezes por dia,
passava um vídeo para o grupo em seu celular e uma caixinha de som: “O
Grande Ditador”, filme de Charlie Chaplin de 1940 que faz uma paródia de
Hitler reunindo suas tropas. Pierce encontra inspiração em frases como “mais
do que máquinas, precisamos de humanidade”.
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Ele disse que o objetivo é criar uma moeda de caridade chamada ONE com 1
bilhão de dólares de seu próprio dinheiro. “Se você tirar o M e o Y da palavra
money, fica ONE”, explicou Pierce.
Em uma manhã, Bryan Larkin, 39, e Reeve Collins, 42, estavam trabalhando
com seus laptops no bar da piscina de outro hotel antigo, o Condado
Vanderbilt, com piñas coladas no balcão.
Ele também ajudou a criar a Tether, que assegura o valor das criptomoedas em
dólar e cujos tokens valem cerca de 2,1 bilhões de dólares, embora a empresa
tenha gerado enorme controvérsia no mundo das moedas virtuais.
Por toda San Juan, muitos habitantes estão tentando descobrir o que fazer com
a chegada da criptografia.
Alguns estão abertos à nova onda como se fosse uma injeção bem-vinda de
investimentos e ideias.
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“Estamos abertos aos criptonegócios”, disse Erika Medina-Vecchini, diretora de
desenvolvimento comercial do Departamento de Desenvolvimento Econômico
e Comércio. Ela disse que seu gabinete estava iniciando uma campanha
publicitária destinada ao novo aumento de investimentos estrangeiros, com o
slogan “Paradise Performs” (algo como o paraíso dá um bom rendimento).
Andria Satz, 33, que cresceu na Velha San Juan e trabalha para o
Conservation Trust de Porto Rico, discordou.
“Óbvio que pode ser o bitcoin. Por que não?” disse Satz, jogando as mãos para
o ar.
Lopez disse que ele e um amigo de infância, Rafael Perez, 31, estavam
tentando estabelecer uma mina de bitcoins na sua cidade natal, mas a
eletricidade está muito inconstante, e minerar um único bitcoin requer muita
energia, disse ele.
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