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15/01/2018 Revista ESPACIOS | Vol.

36 (Nº 10) Año 2015

Espacios. Vol. 36 (Nº 10) Año 2015. Pág. 10

Sociobiodiversidade, Mercado e Política de Preços


Mínimos para Pó e Cera de Carnaúba
Sociobiodiversity, Market and Price Supports for Carnauba Powder&wax.
Emiliana Barros CERQUEIRA 1; Jaíra Maria Alcobaça GOMES 2
Recibido: 17/01/15 • Aprobado: 23/02/2015

Contenido
1. Introdução
2 PGPM No Brasil: instrumentos de operação
3 Política de Preços Mínimos para Sociobiodiversidade
4 Política de Preços Mínimos para Pó e Cera de Carnaúba
5 Metodologia
6 Critérios para Fixação e Operacionalização dos Preços Mínimos
7 Principais Diferenças entre PGPM Convencional e PGPMBio
8 Proposta Orçamentária e Operação da Pgpmbio nas Safras 2009/10 A 2012/13
9 Mercado do pó e Cera de Carnaúba
10 Relação entre Preços Mínimos e de Mercado do pó e Cera de Carnaúba entre as Safras 2001/02 E 2013/14
11. Conclusão
Referências

RESUMO: ABSTRACT:
Analisa-se a operacionalização da política de Is analyzed the implementation of minimum
preços mínimos (PGPM) para sociobiodiversidade, pricing policy (PGPM) for sociobiodiversity,
enfatizando pó e cera de carnaúba. emphasizing powder and carnauba wax.
Especificamente, examinou-se os fatores Specifically, we examined the determinants of the
determinantes dos preços mínimos, as diferenças minimum prices, the differences between
entre PGPM convencional e bio, a participação do conventional and bio PGPM, the participation of
pó no valor da produção extrativa não madeireira e the powder in the value of mining and production
da cera no mercado nacional e mundial de ceras, of non-timber and wax in the domestic and world
segundo o valor das exportações entre 2001 e market waxes, according to the value of exports
2013, e calculou-se a relação entre preços de between 2001 and 2013 and calculated the
mercado e mínimo do pó A e B e da cera 1 e 4, nas relationship between market prices and minimum a
safras de 2001/02 – 2013/14. Para tanto, usou-se os and B powder and wax 1 and 4, in the seasons
dados disponíveis nos sites do IBGE, UN 2001/02 - 2013/14. Therefore, we used the data
COMTRADE, AliceWeb e Conab. As correlações available in the IBGE sites, UN COMTRADE,
entre os preços foram calculadas com o SPSS 20.0. AliceWeb and Conab. The correlations between
Concluiu-se que os fatores que influenciam a the prices were calculated with SPSS 20.0. It was
elaboração dos preços mínimos são apenas concluded that the factors that influence the
econômicos, as diferenças entre PGPM development of minimum prices are only
convencional e bio residem no tipo de produto economic, the differences between conventional
amparado, agentes que influenciam decisões e and bio PGPM reside in the type of supported
instrumentos operacionais. O pó e cera de carnaúba product, agents influencing decisions and
possuem representatividade econômica, operational instruments. The powder and carnauba
configurando-se, respectivamente, como um dos wax have economic representation, setting up,
seis principais produtos do extrativismo não respectively, as one of six main products of non-
madeireiro e a principal cera exportada pelo Brasil. timber extraction and the main wax exported by
A PGPM influi nos preços de mercado do pó A e B Brazil. The PGPM influence on market prices of
e da cera 4. powder A and B and wax 4.

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Palavras-chave: Carnaúba. Preços mínimos. Key words: Carnauba. Minimum prices.


Conservação ambiental. Environmental conservation.

1. Introdução
A preocupação com a conservação da biodiversidade [3] é recorrente desde 1992, quando da
realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD), mas apenas em 2007 os Ministérios do Meio Ambiente (MMA), do Desenvolvimento
Agrário (MDA) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) reuniram-se com outros
parceiros do governo e da sociedade para elaborar o Plano Nacional para a Promoção das Cadeias de
Produtos da Sociobiodiversidade (PNPPS), cuja principal ação consistiu na inclusão dos produtos da
sociobiodiversidade na lista de beneficiados pela Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM),
que ganha nova modalidade, a PGPMBio (MMA et. al., 2009).
A PGPM existe desde 1943 e surgiu para apoiar a produção nacional de grãos, devendo ser acionada
cada vez que o preço de mercado for inferior ao mínimo estabelecido pelo Governo. Seus
instrumentos tradicionais são os Empréstimos (EGF) e Aquisições (AGF) do Governo Federal. A
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é o órgão responsável pelo cálculo, divulgação e
operacionalização dos preços mínimos (COELHO, 2001), sendo a o pó e cera de carnaúba
beneficiados por essa desde o início da década de 1970 (CASADIO, 1980). Assim o pó e a cera de
carnaúba apresentam dois momentos na PGPM, um anterior à safra de 2009/10, denominado
período convencional, e outro a partir daí, chamado PGPMBio.
Isto posto, questiona-se:
1. Como a PGPM vem sendo executada para os produtos da sociobiodiversidade?
2. Os preços de mercado do pó e cera de carnaúba possuem correlação com os preços mínimos?
3. Como hipóteses têm-se:
4. A operacionalização da PGPM passou por um maior planejamento para facilitar sua execução, com
criação de novos instrumentos de operação, mas precisa ser mais divulgada entre os extrativistas;
5. Os preços de mercado possuem relação com os preços mínimos, pois a Conab realizou revisão nos
custos de produção do pó e cera a fim de estabelecer preços mínimos condizentes com o mercado.
Fez-se uso, para tanto, dos documentos técnicos da Conab sobre a elaboração e fixação dos preços
mínimos, aos bancos de dados referentes ao mercado do pó e cera, disponível nos sites do IBGE
(produção extrativa vegetal do pó cerífero), da UN COMTRADE e AliceWeb (sobre o mercado
exportador), e da Conab (sobre os preços mínimos).
Assim, objetiva-se: analisar a operacionalização da PGPM para os produtos da sociobiodiversidade,
explicitando o mercado do pó e cera de carnaúba, evidenciando seu valor na economia do país e
destacando a importância da conservação dos. Especificamente: examinar os fatores que
determinam os preços mínimos; verificar as diferenças entre a PGPM convencional e bio; avaliar as
cadeias produtivas que se beneficiaram com a política entre as safras 2009/10 - 2013/14; aferir a
participação do pó de carnaúba no valor da produção extrativa não madeireira e da cera de carnaúba
no mercado nacional e mundial de ceras no total das exportações, entre 2001 e 2013; calcular a
relação entre preços de mercado e mínimos do pó A e B e da cera 1 e 4 entre as safras de 2001/02 e
2013/14, para verificar se os preços estipulados pela política possuem correlação com os preços de
mercado.

2 PGPM No Brasil: instrumentos de operação


A intervenção do governo no mercado agrícola por meio da PGPM deve ocorrer toda vez que o
preço de mercado estiver abaixo do mínimo, para tanto, faz uso de instrumentos. Esses passaram por
transformações ao longo dos anos, havendo criação de novos, como sistematiza o Quadro 1.
Quadro 1 – Instrumentos da Política de Garantia de Preços Mínimos no Brasil.

ANO INSTRUMENTO COMO FUNCIONA

1943 AGF O Governo adquire diretamente a produção, caso o

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Aquisição do Governo preço de mercado seja inferior ao mínimo.


Federal

EGF O Governo financia a estocagem de produtos pela


Empréstimo do Governo concessão de empréstimos aos produtores que, ao final
Federal do contrato, têm a opção de vender a produção à Conab.

COVPA O Governo negocia o título em leilão público com preço


Contrato de opção de futuro de compra para o produto agrícola, tendo os
Venda para Produtos produtores o direito, mas não a obrigação, de vendê-los
Agropecuários à Conab, ao fim do contrato.
1996
O Governo paga um prêmio a quem adquirir a produção
PEP
excedente no mercado ao preço mínimo vigente, cujo
Prêmio de Escoamento do
valor será dado pela diferença entre os preços de
Produto
mercado e mínimo.

O Governo tem nesse instrumento complemento ao


LEC
2003 EGF, porém mais operacional, pois os financiamentos
Linha Especial de Crédito
são realizados a preços acima do mínimo.

O Governo concede um prêmio, em leilão público, ao


PROP consumidor que adquirir, em data futura, pelo preço
Contrato Privado de mínimo fixado, um dado produto, por meio de contrato
Opção de Venda privado de opção de venda lançado em leilão privado. (2
leilões).
2004

O Governo oferece uma subvenção econômica para


PEPRO
escoamento de produto do local de produção para o de
Prêmio Equalizador pago
consumo, por meio de leilão público em bolsas de
ao Produtor Rural
cereais/mercadorias.

Fonte: Elaboração própria. Dados básicos: Conab, 2012.


Os instrumentos criados a partir de 1996 incluem a participação de empresas privada e nenhum
deles tem como propósito a criação de estoques públicos. Todos os produtos beneficiados pela
PGPM podem fazer uso dos instrumentos listados no Quadro 1. A PGPMBio, implantada na safra
2009/10, será retratada na próxima seção.

3 Política de Preços Mínimos para Sociobiodiversidade


A PGPMBio, que é resultante do esforço do Governo Federal para articular políticas voltadas à
promoção do desenvolvimento sustentável, geração de renda e justiça social, surgiu como iniciativa
do MMA, MDA e do MDS, desde o ano de 2007, no qual foi elaborado o PNPPS (MMAet. al.,
2009). O objetivo do PNPPS é solidificar e integrar ações já existentes por meio de políticas
interministeriais para fortalecimento das cadeias produtivas da sociobiodiversidade e consolidação
de mercado desses produtos. A criação do Plano envolveu todos os setores ligados à
sociobiodiversidade, num processo amplo de discussão (CAMPOS; SANTOS, 2009).
O PNPPS busca estruturar arranjos produtivos sustentáveis, valorizando os conhecimentos dos
Povos e Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares (PCTAFs), sob a coordenação do
MMA, em parceria com diversos órgãos e com o apoio à comercialização feito pela Conab. Uma
das ações foi a inclusão dos produtos da sociobiodiversidade na lista de beneficiados pela PGPM
(MAPA, 2010).
No ano de 2009, a Conab cria a Gerência de Produtos da Sociobiodiversidade (Gebio), para tratar
das ações referentes à PGPMBio, acompanhar e analisar as suas cadeias produtivas e os mercados
consumidores. Compete também a ela definir os parâmetros necessários à execução das operações
comerciais de aquisição, movimentação, armazenagem e subvenção e desenvolver, por exemplo,
estudos de logística (CONAB, 2012).

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A PGPMBio foi elaborada dentro dos parâmetros de governança, pois incluiu, além da participação
dos três ministérios (MDA, MDS e MMA), outros representantes do governo e da sociedade civil,
que deram nova roupagem a PGPM convencional, beneficiando PCTAF's (cunho social), garantindo
uma renda mínima aos trabalhadores (cunho econômico) e contribuindo para a conservação do meio
ambiente (cunho ambiental) ao fornecer garantias econômicas, via preços mínimos, para que haja
permanência dos extrativistas nas atividades asseguradas (CERQUEIRA et. al., 2011).

4 Política de Preços Mínimos para Pó e Cera de Carnaúba


A política de preços mínimos para o pó e cera de carnaúba teve dois momentos: um relativo ao
período convencional, iniciado na safra 1951/52 e depois nas de 1952/53 e 1961/62 (a partir da de
1970/71, passou a ser estabelecido anualmente para a cera e em 1974/75 para o pó) e o outro
referente ao período bio, deflagrado na safra de 2009/10 (CASADIO, 1980; CONAB, 2014).
Os principais estudos sobre a política de preços mínimos para o pó e cera de carnaúba são os de
Casadio (1980), D'Alva (2007) e Cerqueira et. al. (2011). Em todos é possível identificar aspectos
negativos da política, como a utilização de argumentos equivocados e apoiados em pareceres
superficiais relativos ao mercado desses produtos. Os preços mínimos por vezes contribuíam para
reduzir o preço de mercado. Ocasionou excessos de produção e acumulação de estoques, sem dizer
que no período em que vigorou efetivamente (1971-1994), houve operações de aquisição e
empréstimos e ocorreram falhas, como diferenças entre peso registrado e real, pó A e B
armazenados juntos, impossibilitando posterior separação, não estabilização dos preços de mercado
e falta de divulgação da política para os extrativistas.
Por se tratar de um assunto recente, já que o surgimento da PGPMBio data da safra de 2009/10,
existem poucos trabalhos sobre o tema, especialmente no que se refere ao pó e cera de carnaúba.

5 Metodologia
A área de estudo compreende o Nordeste brasileiro, nomeadamente Piauí, Ceará, Maranhão e Rio
Grande do Norte, que são os únicos locais em que há produção de pó de carnaúba.
Para examinar os fatores que influem na formulação dos preços mínimos e verificar as diferenças
entre a PGPM convencional e bio fez-se uma análise bibliográfica nos documentos técnicos da
Conab intitulados: "Proposta de preços mínimos" e "Metodologia para a fixação de preços
mínimos". Além disso, foram consultadas também leis e normas que regem a PGPM no Brasil.
A identificação das cadeias produtivas que se beneficiaram com a PGPMBio, entre as safras
2009/10 - 2012/13, foi obtida no site da Conab, que informa o volume e o valor das operações de
subvenção com a política.
Para examinar a participação do pó cerífero no segmento extrativo não madeireiro, sob a ótica do
valor da produção, usou-se as informações do site do IBGE/SIDRA relativo à Produção da Extração
Vegetal e da Silvicultura entre 2001 e 2013.
Já a cera de carnaúba, enquadrada, de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul, no grupo
de ceras vegetais, foi analisada sob a perspectiva do valor exportado, juntamente com outras três
ceras (minerais, animais e artificiais), destacando-se os principais destinos das vegetais e a via de
escoamento entre 2001 e 2013.
Para calcular a relação entre os preços mínimos e de mercado do pó A e B e da cera tipo 1 e 4 ente
as safras de 2001/02 e 2013/14 usou-se os preços de mercado fornecido por e-mail pela gerente de
produtos da sociobiodiversidade, e as normas específicas, disponíveis no sítio da Conab, que
definem os preços mínimos.
Os tipos de pó diferenciam-se de acordo com as palhas das quais são retirados. Assim o tipo A
provém das folhas ainda fechadas da carnaubeira, possui da coloração branca à amarela, melhor
qualidade e é produzido em menor quantidade, enquanto o B é oriundo das folhas abertas e tem
coloração acinzentada. Já a classificação das ceras varia conforme o tipo de pó que as origina e o
processo de beneficiamento: a tipo 1 usa como matéria-prima o A, e a 4, o B (BRASIL, 2004a;
BRASIL, 2004b).

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Fluxograma 1 – Classificação da cera de carnaúba.

Fonte: Dados básicos Brasil, 2004b.


As informações referentes ao preço mínimo e de mercado abrangeram o período de agosto de 2001 a
julho de 2014, englobando as safras 2001/02 a 2013/14. Os preços mínimos são, ou devem ser,
estabelecidos com um mês de antecedência do início da safra que segundo a Conab, no caso do pó e
cera de carnaúba, vigoram de 01 de agosto de um determinado ano até 31 de julho do subsequente.
Os preços são definidos conforme classificação do produto em pó A e B e cera 1 e 4.
Os preços de mercado e mínimos foram deflacionados pelo Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna (IGP – DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), usando o mês julho de 2014
como base. Para calcular a correlação de Pearson foi utilizado o software SPSS 20.0. Realizou-se
análise tabular e gráfica.

6 Critérios para Fixação e Operacionalização dos Preços


Mínimos
Apesar de criada em 1943, a efetiva implantação da PGPM ocorreu em 1951 com a Lei nº 1506, de
19 de dezembro de 1951, ao estabelecer: determinação dos preços mínimos anualmente, com
antecedência de três meses antes da safra; preços como valor de referência só para financiamento e
aquisição do Governo; eram instituídos nos portos de embarque e centros de consumo, ficando
descontadas as despesas com transporte; os beneficiários da política eram preferencialmete,
produtores ou suas cooperativas; e criação de uma linha de crédito especial para financiar a
construção de armazéns.
Esses princípios vigoraram até 1962, quando a Lei Delegada nº 2, de 26 de setembro de 1962 define:
serão beneficiários da política exclusivamente produtores rurais e suas cooperativas; os preços
mínimos são líquidos e as despesas com transporte, beneficiamento e acondicionamento ficam a
cargo da CFP; os produtos sob penhor mercantil tem financiamento limitado a 80% do preço
mínimo; a fixação do preço mínimo terá como base o início do período agrícola respectivo; e
estabelecimento dos preços mínimo obrigatoriamente antes do plantio.
A partir de 1964, com a criação do Estatuto da Terra, a fixação do preço mínimo tem que levar em
consideração o custo de produção, despesas com transporte e uma margem de lucro ao produtor de
pelo menos 30%.
De acordo com as especificações definidas na metodologia para elaboração dos preços mínimos,
pode-se constatar que a regulamentação de incluir uma margem de lucro em 30% não é levada em
consideração.
De acordo com a metodologia da Conab, elaborada por Morceli (2007), a definição dos preços
mínimos deve levar em consideração: custo de produção, despesas pós-colheita e despesas
financeiras; preço ao produtor, a Conab realiza acompanhamento desses preços, fazendo
comparações entre a média anual e a do último mês, para dessa forma, evitar a fixação de preços que
provoquem grandes retrações ou elevações; preço no atacado, de modo que o preço mínimo não
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promova um produto com custos não suportado ou defasado relativamente ao mercado; preços de
paridade, estimativas que testam o grau de interdependência entre os preços do produto nacional e as
demandas internacionais.
O que se verificou foi o estabelecimento de preços mínimos exatamente iguais ao custo de
produção, não cobrindo, assim, nenhuma margem de lucro, como pode ser visto nos documentos
"Propostas de Preços Mínimos" (2007, 2008, 2009, 2010, 2013). Na safra 2006/07, o preço mínimo
foi estipulado em R$ 3,28/kg para a cera tipo 4 e o seu custo de produção R$ 3,49/kg, ou seja, não
cobriu sequer o custo (PROPOSTA..., 2006). Só foram citados esses anos porque apenas estes
estavam disponíveis no site da Conab.
Os critérios para definição dos preços mínimos são, portanto, estritamente econômicos e mesmo
com a criação da PGPMBio, uma política mais abrangente que ultrapassa aspectos meramente
econômicos, os critérios permanecem os mesmos, porém: "está prevista a inclusão de custos
ambientais para os produtos da sociobiodiversidade" (informação verbal) [4].

7 Principais Diferenças entre PGPM Convencional e


PGPMBio
Diante da existência de duas modalidades na política de preços mínimos brasileira, considerou-se
importante analisar as principais alterações entre os seus períodos convencional e bio para conhecer
e diferenciar essa nova categoria.
A principal finalidade da PGPM convencional é amparar a produção de grãos do país (COELHO,
2001). A partir da safra de 2009/10 surge a PGPMBio que inclui em sua lista de beneficiados os
produtos da sociobiodiversidade, inicialmente foram sete: açaí, babaçu, borracha, castanha do
Brasil, carnaúba, pequi, e piaçava. Posteriormente, safra 2010/11 mais três produtos foram incluídos
sob esta denominação: umbu, baru e mangaba. E na safra 2011/12 houve a inclusão de mais quatro
produtos pinhão, cacau extrativo, murici e juçara. É importante, frisar que dentre os produtos da
sociobiodiversidade, dois deles já eram beneficiados pela política convencional: a carnaúba e o
babaçu. O termo sociobiodiversidade foi elaborado com a finalidade de dar maior visibilidade aos
produtos extrativos no mercado, além disso, visa distribuir renda, garantir a conservação da natureza
e promover a cidadania do trabalhador rural.
A primeira diferença, então, é o tipo de produto que cada uma ampara, enquanto na convencional
são produtos agrícolas, na bio são extrativos. E, além disso, passam a beneficiar outros agentes, os
Povos e Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares (PCTAF's):
[...] grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem
formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais
como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica,
utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição
(BRASIL, 2007, p. 316).
Os órgãos envolvidos na fixação e execução dos preços mínimos, na PGPM convencional, são: a
Conab, responsável pela elaboração da proposta orçamentária, definição dos preços mínimos, e
operacionalização; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que analisa a proposta da
Conab, ajustando-a aos objetivos da Política Agropecuária; Ministério da Fazenda e o Ministério do
Planejamento e Orçamento, levantam as condições econômico-financeiras de sua execução; e o
Conselho Monetário Nacional, analisando e aprovando a proposta, que em seguida é sancionada
pelo Presidente da República e, finalmente a Conab edita essas decisões em Normas Específicas do
Manual de Operações da Conab (MOC), publicadas no Diário Oficial da União (MORCELI, 2007).
Para o planejamento e execução da PGPMBio participaram, além dos órgãos presentes na
modalidade convencional, MMA, MDA, MDS e representantes da sociedade civil, indicando
cadeias produtivas prioritárias ou solicitando revisão dos preços mínimos, aprovar propostas de
preços mínimos, propor ações de apoio à comercialização e monitorar e avaliar as ações. A segunda
diferença seria, assim, a participação de outros órgãos governamentais e representantes da
sociedade, demonstrando maior descentralização nas decisões. Esta diferença altera a governança da
cadeia ao incluir outros autores no processo de tomada de decisões.
No que se refere à operacionalização da PGPM, a modalidade convencional engloba os instrumentos
tradicionais AGF e EGF, além do COVPA, PEP, PROP e PEPRO. A PGPMBio trouxe um novo

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instrumento, as subvenções econômicas estabelecidas pela lei nº 11.775, de 17 de setembro de 2008


(MMA, 2014).
Segundo Conab (2009), as subvenções fornecem um bonus ao extrativista, quando este comprovar
que vendeu seu produto por um preço inferior ao mínimo fixado pelo Governo. O valor da
subvenção a ser pago possui um limite máximo que é definido em norma específica. As subvenções
são pagas conforme a fórmula 1.
VSu = QLi (PMi – Pme) (1)
Em que:
VSu = Valor da Subvenção a ser paga em R$;
QLi = Quantidade líquida do produto objeto da subvenção em kg;
PMi = Preço Mínimo fixado pelo Governo Federal em R$/kg; e
PMe = Preço Constante na Nota Fiscal de Venda ou de Compra, em R$/kg.
Exemplificado, caso, o extrativista venda seu produto por R$ 4,00/kg e o preço mínimo definido
pelo governo for de R$ 5,00/kg, esse extrativista pode receber como subvenção a diferença entre
esses dois preços, no caso, R$ 1,00/kg. Esse instrumento reduz as despesas do Governo, pois em vez
de pagar o valor equivalente ao preço mínimo, paga apenas a diferença entre os preços.
Deste modo, as principais diferenças entre as modalidades convencional e bio da PGPM residem no
tipo de produtos beneficiados, nos agentes que particpam do processo decisivo e no instrumento de
operação.

8 Proposta Orçamentária e Operação da Pgpmbio nas


Safras 2009/10 A 2012/13
O Governo disponibilizou para as safras de 2009/10 e 2010/11 o valor aproximado de R$ 24
milhões para atender às demandas dos produtos da sociobiodiversidade, amparados pela PGPMBio.
O volume de recursos para as safras 2011/12 e 2012/13 foi respectivamente de 15 e 20 milhões de
reais (CONAB, 2014). Assim, aumentou 20% entre as safras 2009/10 e 2011/12, se considerarmos
que 24 milhões foram concedidos para dois anos safras e, então, cada ano teria 12 milhões. E 25%
entre as safras 2011/12 e 2012/13. No Gráfico 1, observa-se o valor das operações de subvenção nas
safras 2009/10 – 2012/13.
Gráfico 1 – Operações de subvenção da PGPMBio, jun. 2009 – jul. 2013.

Fonte: dados básicos Conab, 2014.


De junho de 2009 (quando ocorre a implantação da PGPMBio) até julho de 2013, seis produtos
recorreram às subvenções econômicas: borracha (AC, AM, MT, RO e PA), babaçu (MA, PI e CE),
castanha do Brasil (AC, AP, AM, PA e RO), piaçava (AM e BA), pequi (MG) e açaí (AC e AM). Os
produtos que operacionalizaram o maior volume de recursos foram piaçava e babaçu, conforme

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Gráfico 1. Não houve operacionalização para o pó, nem para cera de carnaúba durante o período em
análise.
O Mapa 1, mostra o número de extrativistas beneficiados e capacitados com a política de preços
mínimos para os produtos da sociobiodiversidade, entre junho de 2009 e julho de 2013, em todo o
território nacional.
Mapa 1 – Quantidade de extrativistas beneficiados (a) e capacitados (b), por UF entre junho de 2009 e julho de 2013.

Fonte: Dados básicos: Conab, 2014.


Conforme o Mapa 1 (a), extrativistas de 11 estados brasileiros foram beneficiados com a PGPMBio.
O maior número de operações foi registrado no Maranhão, seguido do Amazonas e Bahia. E os
menores em Minas Gerais, Piauí e Mato Grosso. O Mapa 1 (b) mostra que houve capacitação de
extrativistas em 17 estados. Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Roraima foram os que capacitaram
o menor número de extrativistas (25), e os maiores foram registrados no Mato Grosso (650), Pará
(625) e Maranhão (375).
Observando os Mapa 1 (a) e (b), pode-se afirmar que não há relação entre o número de
operacionalizações da PGPM e o acesso a informação, por meio da capacitação, tendo em vista que
a operação da política não depende exclusiva, nem prioritariamente dessa circunstância. Enfatiza-se,
entretanto, o efeito multiplicador que as capacitações exercem, já que são os extrativistas que
acionam Conab e esta intervem no mercado.

9 Mercado do Pó e Cera de Carnaúba


O mercado do pó e cera de carnaúba foi analisado mediante a participação respectiva desses
produtos no segmento extrativo não madeireiro brasileiro e no comércio externo nacional e mundial,
tendo em vista serem esses os principais destinos de comercialização destes produtos.

9.1 Pó de carnaúba
O pó de carnaúba é um dos principais produtos do extrativismo vegetal não madeireiro brasileiro. O
Gráfico 2 mostra o valor da produção primária florestal (silvicultura e extrativismo vegetal) em
2013.
Gráfico 2 – Produção primária florestal do país (em reais) e principais produtos do extrativismo vegetal não madeireiro
brasileiro em 2013.

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Fonte: Elaboração própria. Dados básicos IBGE (2013).


Pelo Gráfico 2, o extrativismo vegetal representou 23,9% do valor da produção primária florestal do
país em 2013, correspondendo a R$ 4,5 bilhões, sendo R$ 3,3 bilhões provenientes de produtos
madeireiros e R$ 983,6 milhões advindos dos não madeireiros. Dentre os não madeireiros, o pó
cerífero de carnaúba foi o quinto mais importante, em termos de valor, em 2013, concentrando-se
basicamente em dois estados, Piauí (72,7%) e Ceará (25,1%). O pó juntamente com outros cinco
produtos perfizeram 92,7% do valor total da produção extrativa não madeireira do país, cuja
evolução do valor de sua produção entre 2001 - 2013 está representada no Gráfico 3.
Gráfico 3 – Valor real da produção, em mil reais, dos seis principais produtos extrativos não madeireiros nacionais, entre
2001 e 2013.

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Fonte: Elaboração própria. Dados básicos IBGE (2013).


Observando o Gráfico 3, o valor real da produção de pó cerífero de carnaúba, tendo como base os
valores de dezembro de 2013, apresentou, no período em análise, comportamento ascendente até
2005, caindo em 2006, voltando a crescer em 2007, com queda em 2008, volta a subir em 2009 e
depois vai decaindo até 2012, ganhando um novo aumento em 2013. Cabe ainda destacar dois
outros produtos, a erva-mate, que sofreu uma queda expressiva entre 2002 e 2003 e uma elevação
substancial entre 2012 e 2013 e o açaí, que a partir de 2007 auferiu aumentos significativos no valor
da produção extrativa nacional, sobretudo entre 2010 e 2011.
Com isso, pode-se entender a importância econômica que o pó de carnaúba possui na região
Nordeste, especialmente no Piauí e Ceará, principais produtores, configurando-se como o quinto
principal produto do extrativismo vegetal não madeireiro do país.
4.2 Cera de Carnaúba
A cera de carnaúba destaca-se no Piauí e no Ceará, representando cerca de 25% no valor total das
exportações piauienses e aproximadamente 5% no cearense. Além da cera de carnaúba, enquadrada
na categoria de ceras vegetais – segundo a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), em uso
desde 1996 – existem outros tipos de ceras, como as minerais [5], animais [6] e artificiais [7]
comercializadas internacionalmente. O Gráfico 4 mostra o valor de exportação brasileiro dessas
ceras.
Gráfico 4 – Valor real de exportação em mil dólares FOB das ceras nas exportações brasileiras entre 2001 e 2013.

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Fonte: Elaboração própria. Dados básicos AliceWeb (2014).


Podemos observar no Gráfico 4 que as vegetais detêm mais da metade do valor comercializado nas
exportações brasileiras de ceras. A cera de carnaúba é a única de origem vegetal exportada pelo
Brasil, embora no mercado mundial, dentro dessa classificação existem as de ouricuri e a candelila.
Os principais países de destino das exportações brasileiras de ceras vegetais são Estados Unidos,
Japão, Alemanha, China e Holanda, para os quais vão cerca de 70% da produção (UN
COMTRADE, 2014). 99,86% da produção é escoada por via marítima. Os dois principais portos se
localizam no Ceará: o de Fortaleza escoando 63% e o do Pecem 29% (ALICEWEB, 2014). O
Gráfico 5 ilustra a composição do mercado mundial de cera segundo o valor em US$ FOB.
Gráfico 5 – Valor real das exportações mundiais, em cem mil dólares FOB, das ceras entre 2001 e 2013.

Fonte: Elaboração própria. Dados básicos UN COMTRADE (2014).


No mercado mundial de ceras, as que apresentam maior valor são as minerais, seguidas das
artificiais, vegetais e animais. Segundo UN Comtrade (2014), as ceras minerais, artificiais, vegetais
e animais têm origem principal e respectivamente nos Estados Unidos, China, Brasil e Estados
Unidos. Aproximadamente 55% das ceras vegetais comercializadas mundialmente provêm da
carnaubeira, que é produzida apenas no Brasil.
Logo, a cera de carnaúba possui representatividade econômica a nível estadual, por ser um dos
principais produtos da pauta de exportações, regional, pois é produzida apenas no Nordeste

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brasileiro, e nacional, pois dentre as ceras comercializadas pelo país a de carnaúba se destaca pelo
volume de recursos gerados.

10. Relação entre Preços Mínimos e de Mercado do pó e


Cera de Carnaúba entre as Safras 2001/02 E 2013/14
Em tese, os preços mínimos devem influenciar ou explicar as variações ocorridas no preço de
mercado. Esta seção dedica-se a averiguar se os preços mínimos estão realmente correlacionados
com os de mercado. Aqui não se fez diferenciação entre os períodos convencional e bio da PGPM,
isso porque a PGPMBio é recente, safra 2009/10, e os dados não mostrariam significância, pois o
período de análise é muito curto.
A Tabela 1 apresenta uma descrição estatística dos dados de preços de mercado reais entre agosto de
2001 e julho de 2014, englobando oito safras do período correspondente à PGPM convencional
(2001/02 – 2008/09) e cinco da bio (2009/10 – 2013/14).
Tabela 1 – Estatísticas descritivas dos preços de mercado, em R$, deflacionados pelo IGP-DI, com base em julho de 2014, do
pó A e B e da cera 1 e 4.

Produto N Valor Valor Valor Desvio


observações mínimo máximo Médio padrão

Pó A 156 6,29 14,19 9,15 1,4117

Pó B 156 2,39 7,95 4,53 1,3975

Cera 1 156 4,57 20,35 11,97 2,9120

Cera 4 156 4,53 12,83 8,03 2,3038

Fonte: Elaboração própria. Dados básicos LOUREIRO (2014).


Na Tabela 1, observou-se que o valor mínimo apresentado pela cera 1 foi inferior ao do pó A, então
em algum momento desse período ela foi vendida abaixo do custo de produção, pois não cobriu nem
mesmo o preço de sua matéria prima, o pó A, ou então houve erro no banco de dados da Conab. O
Gráfico 6 mostra a evolução dos preços de mercado e mínimos deflacionados pelo IGP-DI nas
safras de 2001/02 a 2013/14.
Gráfico 6 – Evolução dos preços de mercado e mínimo do pó A e B e da cera 1 e 4 nas safras de 2001/02 – 2013/14.

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Fonte: Elaboração própria. Dados básicos CONAB, 2014; LOUREIRO, 2014.


Pelo Gráfico 6, observa-se que o preço de mercado do pó A oscilou para cima e para baixo, sendo as
principais alterações nas safras 2001/02, 2004/05, 2007/08 (PGPM convencional) e 2011/12
(PGPMBio). O preço mínimo apresentou-se mais estável, elevando-se bastante no início da safra
2010/11, diferentemente dos demais produtos (pó B e cera 1 e 4), que tiveram aumentos expressivos
nesses preços na passagem da PGPM convencional para a bio (safra 2009/10). O preço de mercado
do pó A, entre as safras 2001/02 e 2013/14, esteve sempre acima do mínimo. Já a cera 1 apresentou
preço mínimo superior ao de mercado nas safras 2001/02, 2006/07, 2007/08 e 2009/10.
O preço de mercado do pó B foi inferior ao mínimo nas safras 2002/03, 2003/04, 2005/06, 2006/07
e 2009/10. Os preços de mercado da cera 4 estiveram acima do mínimo nas safras 2003/04 e
2005/06, sendo que, no período convencional se distanciaram mais que no bio. A Tabela 2 mostra a
correlação entre os preços, deflacionados pelo IGP-DI, de mercado e mínimos para o pó e cera de
carnaúba.
Tabela 2 – Correlação entre preços reais de mercado e mínimos do pó A e B e cera 1 e 4 de agosto/01 a julho/14.

PÓ A PÓ B CERA 1 CERA 4

Correlação de Pearson 0,47 0,64 0,12 0,58

Sig. (2-tailed) 0,00 0,00 0,15 0,00

As correlações mostraram-se significativas, ao nível de 1%, exceto para a cera tipo 1, que se revelou
não significativa, indicando que o seu preço mínimo não influi no de mercado. Cabe ressaltar que a
PGPMBio ampara produtos do extrativismo e tem abrangência no mercado nacional, e a cera 1 é
industrializada e comercializada quase totalmente no exterior, afora o que os produtores dessa cera
caracterizam-se como tomadores de preços, sem poder algum no mercado, decidindo apenas o
quanto querem vender a um determinado preço. Apesar de enquadrarem-se numa estrutura de
mercado oligopsônio, a cadeia produtiva da cera de carnaúba é muito desorganizada e seus
compradores se concentram num reduzido número de empresas.

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Portanto, os preços mínimos do pó A e B e da cera 4 apresentam correlação positiva com os de


mercado. A cera 1, devido às suas peculiaridades, não mostrou essa relação no período analisado.

11. Conclusão
Neste artigo, foi realizada uma análise da PGPMBio, com ênfase no pó e cera de carnaúba.
Verificou-se que o volume de recursos destinados à operacionalização da PGPMBio cresceu,
embora só tenha havido operacionalização para seis dos quatorze produtos nela amparados.
As principais diferenças encontradas entre os períodos convencional e bio da PGPM residem no tipo
de produto beneficiado, nos agentes envolvidos no processo de elaboração e definição dos preços
mínimos e nos instrumentos usados para operacionalizá-la. Embora tenha havido ampliação em seu
foco, antes só econômico, os critérios para definição dos preços mínimos continuam baseando-se
apenas no fator econômico.
O pó de carnaúba é quinto produto, do extrativismo vegetal não madeireiro, que mais gera valor
dentro do segmento. Já a cera de carnaúba gera um volume de recursos que representa metade do
valor total das exportações mundiais de ceras vegetais. Desde a década de 1970, o governo utiliza-se
de instrumentos, como a política de preços mínimos, para amparar o mercado do pó e cera da
carnaubeira, garantindo um preço de venda para esses produtos, que funciona também como um
sinalizador para o mercado.
O teste de correlação de Pearson entre os preços de mercado e mínimo para o pó A e B e cera 4
mostrou-se significativo, ao nível de 1% de confiança. Para a cera 1 mostrou-se não significativo,
principalmente pelo fato da PGPM agir no mercado nacional e ela ser comercializada quase
totalmente no exterior.
Por fim, ressalta-se a importância da política de preços mínimos para o segmento extrativo que
desempenha suas atividades nos carnaubais nativos nordestinos, ao garantir um preço mínimo na
venda destes produtos, que possuem representatividade econômica nos níveis estadual e nacional.
Ao fornecer esta garantia, o Governo fortalece o mercado, dando incentivos à sua continuidade.

Referências
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vegetais. [Data de consulta: 10 novembro 2014]. Disponível em: http://aliceweb2.mdic.gov.br.
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maio 2014]. Disponível em: http://comtrade.un.org/db.

1. *Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente do PRODEMA/UFPI. Bolsista da CAPES. Brasil. E-mail:


embcerq@hotmail.com
2. Professora do Departamento de Economia e do PRODEMA da UFPI. Brasil. E-mail: jaira@ufpi.edu.br
3. Entende-se a conservação da biodiversidade, de acordo com a definição de Bensusan et. al. (2006), como um uso reacional,
não sendo sinônimo de preservação de forma intocada, que garante o usufruto dos benefícios diretos de sua exploração,
aliado à geração e manutenção dos processos ecológicos e evolucionários.
4. Palestra ministrada por Humberto Lôbo Pennacchio na Oficina sobre Política de Garantia de Preços Mínimos para pó e
cera de carnaúba, em Parnaíba (PI), em março de 2012.
5. A NCM considera como ceras minerais: vaselina, cera de petróleo microcristalina, parafina, cera de linhite, slack wax, cera
de turfa, ozocerite, outras ceras minerais e produtos semelhantes obtidos por síntese ou por outros processos, mesmo corados.
6. A NCM considera como ceras animais: cera de abelha, em bruto e ceras de outros insetos e espermacete, mesmo refinados
e corados.
7. A NCM considera como artificiais e preparadas: cera artificial de polietileno, emulsionável; cera artificial de polipropileno
glicóis; cera de linhita modificada quimicamente; cera preparada à base de vaselina e álcoois de lanolina; ceras artificiais de
polietileno-glicóis; ceras preparadas de polietileno-glicóis.

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