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O título deste artigo foi extraído do capítulo 6, p. 67, do livro "Seja Deus verdadeiro", 1ª edição, 1949, publicado
pela International Bible Students Association (hoje "Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados"). A referida
editora se ocupa em publicar as literaturas das testemunhas de Jeová. Embora sejam freqüentes as mudanças
doutrinárias dessa seita, isso, no entanto, não tem ocorrido com o seu ensino que nega a existência do inferno
como lugar de tormento eterno e consciente.
Quando tratam da questão do inferno, sua abordagem é sempre com o intuito de ridicularizar, escarnecer e
rejeitar o ensinamento claro e profundo das Escrituras Sagradas. E fazem isso com ardor intenso.
Surge, então, a pergunta: "Como as testemunhas de Jeová chegaram ao conceito de que o inferno é um lugar de
descanso em esperança?". Tudo começou com um debate entre o fundador dessa organização religiosa, Charles
Taze Russell, e um famoso cético.
O motivo do debate
"Com menos de vinte anos de idade, Charles Taze Russell tinha sido membro da Igreja Congregacional e crente
fervoroso na doutrina da tortura eterna das almas condenadas num inferno de fogo e enxofre literais. Mas, ao
tratar de converter ao cristianismo um conhecido descrente, ele próprio foi derrotado na sua posição sectária e
impelido ao ceticismo. Avidamente começou a investigar as religiões pagãs em busca da verdade sobre o
propósito de Deus e o destino do homem. Provando que todas essas não eram satisfatórias e antes de deixar por
completo a investigação religiosa, ele empreendeu a pesquisa nas Escrituras Sagradas do ponto de vista de um
cético, então livre das falsas doutrinas religiosas dos sistemas sectários da cristandade".1
O texto de Russell
"...se alguém os puser de lado e ignorá-los ('Estudos das Escrituras'), indo somente à Bíblia, embora entenda a
Bíblia por dez anos, a nossa experiência mostra que dentro de dois anos ficará em trevas. Por outro lado, se
tivesse simplesmente lido os 'Estudos das Escrituras', junto com as suas referências, e não lesse uma página da
Bíblia sequer, esse alguém estaria na luz no fim de dois anos, porque teria a luz das Escrituras".
Como se vê, o ensino das testemunhas de Jeová sobre o inferno nada mais é do que uma doutrina esposada por
um cético (incrédulo) quando adotou o "ponto de vista do cético". E, como sabemos, o homem natural não
compreende as coisas do Espírito de Deus porque lhe parecem loucura (1 Co 2.14).
Deus é amor
O inferno é, para o homem natural, uma verdadeira aberração, incompatível com a declaração bíblica de que
Deus é amor (1 Jo 4.8).
Allan Kardec, codificador do Espiritismo, chega a afirmar: "ou Deus é perfeito, e não há penas eternas, ou há
penas eternas, e Deus não é perfeito".4
As testemunhas de Jeová crêem, como os espíritas, que a existência do inferno é incompatível com o amor de
Deus. Os espíritas ensinam que o Jeová do Velho Testamento não é o Pai de Jesus no Novo Testamento. Para
eles, não há qualquer problema. Mas as testemunhas de Jeová não têm essa crença. Admitem que se trata do
mesmo Deus. Mas, quando lemos sobre as ordens severas de Deus de destruir os cananeus e outros povos
pagãos, ordenando a morte de todos em geral, homens, mulheres e crianças de peito, as testemunhas de Jeová
justificam essa ordem mostrando que as práticas religiosas daqueles povos eram imorais, idólatras e ligadas à
feitiçaria. Declaram:
"O que podemos aprender disso? Indica a narrativa, de algum modo, que Jeová não é Deus de amor e alguém que
'ama a justiça', conforme se declara em outra parte da Bíblia? - 1 João 4.8; Salmo 37.28. Não; antes, ensina um
princípio vital: que o amor de Deus à justiça tem por parte correspondente o ódio à iniqüidade"... "Certamente
não é razoável pensar-se que o amor de Deus à humanidade o obrigaria a amar também a iniqüidade".5
Nesse particular concordamos com as testemunhas de Jeová.
"O SENHOR é um Deus zeloso e vingador; o SENHOR é vingador e cheio de furor; o SENHOR toma vingança
contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos. O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande
em poder, e ao culpado não tem por inocente; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as
nuvens são o pó dos seus pés. Quem parará diante do seu furor, e quem persistirá diante do ardor da sua ira? A
sua cólera se derramou como um fogo, e as rochas foram por ele derrubadas"(Na 1.2-3,6).
Deus é amor, mas não ama a injustiça nem o pecado. Não perdoa o pecador impenitente, pois nem aos anjos
perdoou. "Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou
às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo" (2 Pe 2.4).
A palavra Hades
Hades (no grego) corresponde à palavra Seol (no hebraico). Não indica sepultura, como supõem as testemunhas
de Jeová. Procedem com a palavra hades da mesma forma como agiram com o termo em hebraico Seol. Ou seja,
não a traduzem, mas transliteram-na em sua versão da Bíblia: "Tradução do Novo Mundo".
As dez ocorrências da palavra Hades
Mt 11.23; 16.18; Lc 10.15; 16.23; At 2.27, 31; Ap 1.18; 6.8; 20.13-14.
At 2.27: "Porque não deixarás a minha alma no Hades, nem permitirás que aquele que te é leal veja a corrupção".
Lc 16.23: "E no Hades, ele ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu Abraão de longe, e Lázaro com ele (na
posição junto) ao seio".
Mt 11.23: "E tu, Cafarnaum, serás por acaso enaltecida ao céu? Até o Hades descerás; porque, se as obras
poderosas que ocorreram em ti tivessem ocorrido em Sodoma, ela teria permanecido até o dia de hoje".
Existem palavras próprias para sepultura, sepulcro ou túmulo nas Escrituras Gregas do Novo Testamento? Sem
dúvida que sim! É a palavra Hades que se traduz por sepultura ou túmulo? Não! Mas vejamos o que dizem as
testemunhas de Jeová:
A palavra Geena
Geena (no grego) é o mesmo local conhecido como de "vale do filho de Hinon", que aparece nas Escrituras
hebraicas, ou Velho Testamento. A Bíblia registra a história da palavra Geena e mostra que o local recebeu esse
nome por causa dos sacrifícios de crianças vivas ao deus Moloque.
"Fez ele também passar seus filhos pelo fogo na vale do filho de Hinom, e usou de adivinhações e de agouros, de
feitiçarias, e consultou adivinhos e encantadores, e fez muitíssimo mal aos olhos do SENHOR, para o provocar a
ira" (2Cr 33.6).
As referências bíblicas nas quais aparece a expressão "vale do filho de Hinom", correspondente à palavra grega
Geena, são: Jr 32.35 e 2 Cr 28.3. O rei Josias pôs fim a esses sacrifícios de crianças inocentes. "Também
profanou o Tofete, que está no vale dos filhos de Hinom, para que ninguém fizesse passar a seu filho, ou sua
filha, pelo fogo a Moloque" (2 Rs 23.10).
Esse local se tornou símbolo do castigo eterno nas palavras de Jesus. Das doze vezes em que aparece a palavra
Geena como símbolo do inferno, lugar de tormento eterno e consciente, onze são encontradas nos ensinos de
Jesus e sempre como lugar que deve ser evitado, mesmo com o prejuízo de qualquer bem terreno, por mais
valioso que seja. Todavia, as testemunhas de Jeová explicam que "A palavra ocorre 12 vezes" nas Escrituras
Gregas Cristãs, aparecendo pela primeira vez em Mt 5.22. A "Tradução do Novo Mundo" verte-a por "Geena" em
todas as suas ocorrências: Mt 5.22, 29,30; 10.28; 18.9; 23.15, 33; Mc 9.43, 45, 47; Lc 12.5; Tg 3.6. E a interpreta
com o sentido de "Símbolo da destruição total" (Apêndice da TNM, pp. 1544/45, STV).
Para justificar que Geena é o símbolo da destruição total ou aniquilamento, as testemunhas de Jeová declaram:
"Não significam tormento consciente, mas, antes, morte ou destruição eterna".13
Mas as testemunhas de Jeová se contradizem ao afirmarem o seguinte: "Os demônios aguardam com terror a
perspectiva de irem para o lago de fogo". E apontam os textos de Mt 8.28-29 e Lc 8.30-31.14
"E, tendo chegado ao outro lado, à província dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados,
vindos dos sepulcros; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que clamaram,
dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo? E perguntou-
lhes Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E
rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo" (Lc 8.30-31, destaque do autor).
Se Geena fosse, de fato, aniquilamento ou inconsciência, por que os demônios aguardam com terror a perspectiva
de irem para lá?
O Tártaro
Uma única vez aparece na Bíblia o vocábulo inferno como tradução da palavra grega Tártaro. Isto ocorre em 2 Pe
2.4. "Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas havendo-os lançado no inferno, os entregou às
cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo." Tártaro é um lugar semelhante à palavra grega Geena.
Seria possível que um leitor dos textos bíblicos transcritos pudesse afirmar que essas palavras sugiram ser o
inferno um lugar de descanso em esperança? É o caso de se perguntar: "Pensam as testemunhas de Jeová por si
mesmas ou o seu líder pensou por elas, e, mesmo depois de falecido, em 1916, ainda hoje suas idéias prevalecem
nessa organização religiosa? Aliás, idéia de um cético, e não de um estudante da Bíblia.
As testemunhas de Jeová negam o inferno de tormento eterno e zombem dessa verdade. Entretanto, temem mais
o Armagedom do que o inferno. Os cristãos, no entanto, admitimos o inferno e não tememos o Armagedom, pois
cremos que a Igreja de Jesus será arrebatada antes do Armagedom (Ap 3.10).
Os adeptos das Testemunhas de Jeová falam do Armagedom como uma catástrofe universal, da qual somente eles
serão poupados. E é incrível como não vêem nisso nenhuma incompatibilidade com o amor de Deus nesse
morticínio universal de seis bilhões de pessoas. Para os cristãos - testemunhas de Jesus (Ap 17.6) - já não há mais
nenhuma condenação. É o que dizem as Escrituras Sagradas em Romanos 8.1: "Portanto, agora nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus".
Jesus afirmou que o inferno é um lugar destinado ao diabo e seus anjos. Se qualquer pessoa for para lá, será
contra a vontade de Deus. O homem no inferno é um intruso (Mt 25.41,46).
"Se qualquer coisa menos que a punição eterna for devida em vista do pecado, que necessidade havia de um
sacrifício infinito para livrar do castigo? Jesus derramaria seu precioso sangue para livrar-nos das conseqüências
de nossa culpa, se tais conseqüências fossem apenas temporárias? Conceda-se-nos a verdade de um sacrifício
infinito, e disso tiraremos a conclusão de que o castigo eterno é uma verdade".15
Alguns exemplos
Seicho-no-Ie
"Pergunta: 'Na doutrina da Seicho-No-Ie existe Satanás, diabo ou inferno?'"
"Resposta: 'Satanás ou diabo e inferno não são existências verdadeiras, porque Deus não os criou. Deus é o
criador de tudo'".18
Igreja de Unificação
O Princípio Divino afirma: "O objetivo final da providência divina de restauração é salvar toda a humanidade.
Portanto, é a intenção de Deus abolir o inferno completamente, depois do término do período necessário para o
pagamento completo de toda indenização. Se o inferno permanecesse eternamente no mundo da criação, mesmo
depois da realização do propósito do bem de Deus, o resultado disso seria contradição de um Deus imperfeito,
sem mencionar a resultante
Ciência Cristã
"INFERNO. Crença mortal; erro; luxúria; remorso; ódio; vingança; pecado; doença; morte; sofrimento e
autodestruição; agonia que a pessoa impõe a si mesma; efeitos do pecado; aquilo que 'pratica abominação e
mentira'".16
Notas:
1 "A Sentinela" de março de 1951, p. 39
2 "Anuário das Testemunhas de Jeová" de 1976, p. 106, Sociedade Torre de Vigia.
3 "A Sentinela" de 15 de setembro de 1910, afirmação republicada na edição de 15 de agosto de 1964 da mesma
revista, pp. 511, 512.
4 "O céu e o inferno", p. 741, Allan Kardec - Obras completas, 2ª edição, Opus Editora Ltda., 1985.
5 "É a Bíblia realmente a Palavra de Deus?", p. 94, STV
6 "Seja Deus verdadeiro", p. 69, 1ª edição, 1949, STV
7 "Seja Deus verdadeiro", p. 72 lª. Edição, 1949, STV
8 Idem, p. 68
9 "Poderá viver para sempre no Paraíso", p. 83, 1983, STV
10 "Certificai-vos de todas as coisas", p. 190, 1960, STV
11 Idem, p. 190, edição 1960, STV
12 Apêndice da Tradução do Novo Mundo, p. 1514, STV
13 "Poderá viver para sempre no paraíso na terra", p. 87, edição 1983, STV
14 "Certificai-vos de todas as coisas", p. 197, STV
15 "Dicionário de Escatologia Bíblica", de Claudionor Corrêa de Andrade, p. 40, CPAD
16 "Ciência e saúde com a chave das Escrituras", p. 588, edição 1973, editado pela The First Church of Christ,
Scientist, em Boston, Massachusetts, U. S. A
17 "O grande conflito", pp. 540-541, edição 1980, Ellen Gould White, Casa Publicadora Brasileira
18 "Fonte de Luz" n. 275, p. 39, novembro de 1992
19 Revista Céu, Inferno e Intermédio! n. 1466-GP