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ANGLICAN THEOLOGICAL REVIEW

EDITED BY
JOHN S. MARSHALL

VOLUME XLI OCTOBER 1959 NUMBER 4

THE PROPER NAME OF GOD


O NOME PRÓPRIO DE DEUS
BY
WALTER LOWRIE

TRADUÇÃO POR
Projeto DESPERTEM!
Fevereiro de 2024

"O Deus e Pai de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" – Efésios 1.3

Nas relações humanas, é muito importante saber o nome próprio, o nome pessoal, daquele que
amamos, com quem estamos a falar, ou mesmo sobre quem falamos. É exatamente o que acontece na
relação do homem com Deus. O homem que não conhece Deus pelo nome, não o conhece realmente
como pessoa1, não o conhece como interlocutor (que é o que se entende por oração), e não pode amá-
lo, se o conhece apenas como uma força impessoal. O Bom Pastor "chama pelo nome as suas ovelhas"
(Jo 10.43); e Deus disse até a Ciro, que não o conhecia e que adorava Ahura Mazda: "Chamei-te pelo teu
nome, tu és meu" (Is 45.4). A relação eu e tu não é adequadamente expressa por alguém que não sabe o
nome da pessoa a quem se dirige.

Em resposta à pergunta ‘Qual é o teu nome?’, é provável que se responda inadvertidamente: ‘O


meu nome é John Brown’. Mas só num sentido impróprio é que o apelido faz parte do nome próprio. Ele
indica a relação familiar, o indivíduo. É verdade que os romanos, que enfatizavam o status, não se refe-
riam a nenhum nome de clã (Julius, Cornelius, etc.), e onde quer que o estado dê grande importância ao
status familiar, como no feudalismo europeu, o clã ou nome da família é de grande importância; mas não
é mais assim connosco, e religiosamente não tem qualquer importância, visto que cada indivíduo é es-
colhido pessoalmente como precioso aos olhos de Deus. Os povos de todas as raças, tanto selvagens
como civilizados, dão nomes aos seus filhos, pelos quais eles passam a ser conhecidos e pelos quais
aprendem a conhecer-se a si próprios. O uso de apelidos foi introduzido muito mais tarde e é muito me-
nos essencial, sendo necessário apenas para fins estatísticos, para a lista telefónica, etc. Apelidos como

1
Esta frase é usada pelas Testemunhas de Jeová n’A Sentinela 1 de Novembro de 2013 p.4 para mostrar que é importante usar
o Nome Divino ‘Jeová’. No entanto a frase é usada fora do seu contexto original, conforme é possível provar a partir da leitura
completa deste artigo de Walter Lowrie.
Brown, Jones e Robinson indicam uma relação familiar, e patronímicos como Brownson, Johnson, Mac-
Gregor, O'Donnell indicam mais expressamente o nome de um progenitor.

O cristianismo atribui uma importância solene ao nome próprio, que por isso é comummente
designado por nome cristão. As crianças, quando aprendem o Catecismo Anglicano, são ensinadas, antes
de mais, a apreciar a importância do seu nome ou nomes. Em resposta à pergunta: “Quem te deu este
nome”, são ensinadas a dizer: “Os meus padrinhos no batismo, no qual fui feito membro de Cristo, filho de
Deus e herdeiro do reino dos céus”. Mas o que é que eu estou a dizer? Estava a pensar no Catecismo da
Igreja de Inglaterra, e tinha-me esquecido por um momento que todo o Catecismo, incluindo esta pro-
funda introdução, foi eliminado, foi praticamente eliminado do Livro de Oração pela última revisão, em
troca de algo mais rápido e atualizado, embora ainda esteja ligado a ele, juntamente com o “Formulário
de Oração para ser usado nas Famílias"” (que já não é usado) e os “Artigos de Religião” (que já não são
obrigatórios nem mesmo para o clero).

Se um homem não tivesse outro nome senão Homem (ou Jones ou Robinson), dificilmente se
conheceria a ele próprio como pessoa, nem seria reconhecido como pessoa pelos outros. Se a Divindade
não tivesse nenhum nome próprio, nenhum nome mais indicativo de carácter pessoal do que o nome
genérico Deus (que se aplica a todas as divindades e exprime, em geral, a nossa apreensão do tremendum
e do fascinans que se podem descobrir nas sublimidades da natureza, não teríamos qualquer razão para
suspeitar que a Divindade nos ama e exige o nosso amor em troca. Se nos dissessem que devemos amar
a Deus, não poderíamos fazer mais do que fingir que o amamos.

Mas para Israel, Deus deu-se a conhecer como pessoa, pelo nome próprio Jahveh, “o Deus de
vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó - este é o meu Nome para sempre” (Êx 3.15);
e porque ele tinha provado o seu amor e fidelidade aos pais deles, ele esperava ser amado pelos filhos de
Israel - e pela maior parte deles ele foi ardentemente amado.

O nome Jahveh aparece no Antigo Testamento cerca de 2300 vezes (digamos "cerca" porque,
não sendo matemático, o meu cálculo pode estar ligeiramente errado), e só nos Salmos cerca de 665
vezes. Não é de estranhar que este nome predomine nos Salmos, que na sua maioria eram cânticos de
amor a Jahveh. Exemplos familiares são o Sal. 23, “Jahveh é o meu Pastor, nada me faltará”; Sal. 42, “Como
o cervo suspira pelas correntes de água, assim suspira a minha alma por ti, Jahveh”; e Sl. 17, onde o cantor
clama a Jahveh: “Mostra-me a tua maravilhosa benignidade, tu que és o Salvador dos que em ti confiam”.
Este Nome ocorre na solene exortação para guardar os mandamentos de Deus e cumpri-los: “Ouve, ó
Israel, Jahveh teu Deus é um só Jahveh; e amarás a Jahveh teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todas as tuas forças.” Era evidente que aqueles que amavam Jahveh guardariam os seus man-
damentos: certamente não tomariam o nome de Jahveh, seu Deus, em vão, certamente guardariam os
seus sábados; e cada “amarás” e “não amarás” era entendido como significando “certamente amarás”
ou “não amarás”. O Salmo 119 expressa em muitas bem-aventuranças a alegria de andar nos caminhos
de Jahveh, de amar as suas leis, os seus estatutos, os seus preceitos, os seus testemunhos, os seus man-
damentos, a sua palavra; e o mesmo acontece com o Salmo 19.7-10. Jahveh foi intimamente apropriado
pelo uso dos pronomes pessoais: “meu”, “teu”, “nosso”, “dele” - nada menos que 358 vezes - como Jesus
se apropriou de Deus quando disse: “Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (Jo 20.17).

O leitor da Bíblia em inglês pode ficar espantado, talvez incrédulo, ao ouvir a minha contagem
do número de vezes que o nome Jahveh ocorre no Antigo Testamento; porque na versão King James, e
também na Versão Revisada, ele ocorre (grafado como Jehovah [Jeová]) apenas quatro vezes. É provável
que a maioria dos leitores precise ser instruída de que, quando o título Senhor é impresso em letras mi-
núsculas (como LORD [SENHOR]), ele representa Jahveh.
Que razão houve para a supressão do Nome que em todos os grandes livros do Antigo Testa-
mento era usado livremente? A resposta é que, no final do período helenístico, antes de os livros de Ecle-
siastes e Daniel terem sido escritos, os judeus tornaram-se filosóficos e conceberam a suspeita de que
chamar o seu Deus por um nome próprio poderia parecer aos sábios gregos como implicando que havia
outros deuses além dele, que ele não era o único Deus, Criador do céu e da terra. Talvez essa suspeita
fosse quase justificada; pois parece que, numa época muito antiga, a religião de Israel não era, no sentido
mais estrito, monoteísta e poderia ser descrita como monolátrica – eles adoravam apenas Jahveh, mas
sem excluir a noção de que poderia haver realidade, embora uma realidade demoníaca, nos deuses de
outras nações. Mas essa fase já tinha sido ultrapassada há muito tempo; os profetas, mesmo os mais
antigos, tinham proclamado Jahveh como o único Deus, o Deus de toda a Terra. Os judeus poderiam
muito bem ter ignorado as críticas dos filósofos gregos, que naquela época tinham chegado à conclusão,
que se mostrou favorável ao cristianismo, de que só poderia haver um Deus – se é que havia algum.

Além disso, o nome Jahveh não era usado principalmente para distinguir o Deus de Israel de
outros deuses, mas para expressar a sua natureza de amor e fidelidade - primeiro para com Israel e depois
para com todos os povos. O Nome era considerado como a substância de Deus. O povo foi instruído, nos
primeiros tempos, a construir um altar “em todo o lugar onde eu fizer lembrar o meu Nome” (Êx 20.24) ou
“fizer habitar o meu Nome” (Dt 12.11), e o efeito da bênção do sacerdote era “pôr o meu Nome sobre os
filhos de Israel” (Nm 6.27). Essa veneração pelo Nome ultrapassou por muito tempo o uso de Jahveh como
o Nome de Deus, e em certo sentido foi um substituto para ele. “Santificado seja o teu Nome” é a primeira
petição da Oração do Senhor (Lc 11.2, Mt 6.9), onde, no entanto, o Nome é o novo Nome, Pai, como tam-
bém é em Jo 17.6, 26. No programa de Isaías para o servo sofredor de Jahveh (Is. 42.1-3), que Jesus ado-
tou como seu, o último versículo lê-se em Mateus (12.21), tal como na Septuaginta, “em seu Nome espe-
rarão os gentios”. Por outro lado, na mais antiga fórmula batismal (Atos 8.16) o Nome era o nome de Jesus
– sem dúvida a completa profissão de fé, “Jesus Cristo Senhor”; e era “em Nome de Jesus” que os discípu-
los eram ensinados a orar (Jo 14.13s., 15.16, 16.23s., 26).

Por mais de três séculos antes dos dias de Cristo, os judeus tinham deixado de escrever o nome
Jahveh, e tinham deixado de pronunciá-lo mesmo quando liam em voz alta as antigas Escrituras. Substi-
tuíram-no pelo título Senhor (Adonai); a tradução grega do Antigo Testamento, feita em Alexandria por
volta de 283 a.C., substituiu-o por Kyrios (a palavra grega para Senhor), e no Novo Testamento esse título
foi usado para Deus em vez do Nome. É importante observar que Jesus, como todos os seus contempo-
râneos, absteve-se de usar o nome Jahveh, e que muitas vezes ele evitou usar o nome genérico Deus
empregando um circunlóquio: Céu, Altíssimo, etc. Mas é ainda mais importante observar que ele adotou
enfaticamente um outro nome, Pai - um nome primorosamente pessoal, que em si mesmo sugeria eros,
e ao qual Jesus ligou o pensamento do amor no sentido mais elevado (agape). O nome Pai não apenas
indicava que Deus é amor, mas implicava claramente o dever de amá-lo em troca.

Assim, adotando para Deus um nome novo e pessoal, um nome próprio que não podia ser en-
tendido como implicando a existência de outros deuses, de outros pais no céu, Jesus pôs fim à penúria
religiosa de que Israel padecera durante trezentos anos. Pois a supressão do nome Jahveh, embora ti-
vesse a intenção de sublimar a fé de Israel, teve consequências desastrosas para a religião dos judeus,
que, após o exílio e a dispersão, eram tudo o que restava das dez tribos dos filhos de Israel. A forma cara-
terística da piedade judaica era representada pelos fariseus, que, embora tivessem "zelo por Deus", como
atesta São Paulo, não o amavam como Davi, e, portanto, só conheciam a forma difícil de guardar seus
mandamentos, como um dever severo, como um "jugo de escravidão imposto a eles" (Gal. 5.1) e como
"fardos pesados e difíceis de serem carregados" (Mt. 23.4).
Jahveh, o Nome pelo qual Deus era amado, nunca tendo sido ouvido durante mais de dois mil
anos, não podia, sem grande engenho por parte dos estudiosos modernos, ser reproduzido no seu som
original; pois em hebraico só se escreviam as consoantes e esperava-se que os leitores se lembrassem
das vogais. Entre os séculos IV e V da era cristã, os estudiosos judeus, para preservar a pronúncia tradici-
onal, começaram a escrever nos manuscritos da Bíblia sinais convencionais (pontos) sob as consoantes
para indicar os sons das vogais que as acompanhavam; mas sob as letras do nome JHVH colocaram vo-
gais que não correspondiam a Jahveh, mas se aproximavam do título Adonai (Senhor), o título que subs-
tituiu o Nome. Naturalmente, isso desviou os estudiosos cristãos, e não podemos culpar Petrus Galatinus,
o erudito confessor do Papa Leão X, que em 1518 produziu, com a ajuda dessas vogais, o nome Jeová –
nome que nunca tinha sido ouvido em Israel, mas que agora nos foi santificado por quatro séculos de
uso. Já foi observado que na Versão King James de 1611 e na Versão Revisada de 1885 a palavra Jeová
ocorre apenas quatro vezes: em Ex. 6.3, Sl. 83.18, Is. 12.2, e 26.4 - situações em que, por uma razão ou
outra, era embaraçoso omitir o Nome. Mas na Revised Standard Version de 1952 a palavra Jeová não apa-
rece de modo algum.

Nunca tive o prazer de conhecer um membro da seita entusiástica chamada Testemunhas de


Jeová. Parece que “eles têm zelo por Deus, mas não de acordo com o conhecimento”, e eu não duvido que
eles amem Jeová calorosamente. E posso descobrir alguma razão para o seu ódio à Revised Standard
Version e aos seus autores. Pois é uma circunstância estranha e suspeita que não faz muito tempo, em
1885, a American Old Testament Revision Company anexou à English Revised Version muitas boas suges-
tões que os revisores britânicos não estavam dispostos a aceitar, e, em primeiro lugar, a questionável
“substituição do nome divino 'Jeová' onde quer que ocorra no texto hebraico”, que, de acordo com minhas
contas, chega a algo como 2300 vezes. Em 1901, publicaram a American Standard Edition da Revised Ver-
sion, que incorporava todas as suas preferências, incluindo o uso do nome Jeová.

No entanto, em 1928, a Divisão de Edição Cristã do Conselho Nacional da Igreja de Cristo nos
Estados Unidos da América adquiriu os direitos de autor da American Revised Version e, em seguida, atra-
vés das suas Seções do Antigo e do Novo Testamento, suplantou essa versão com uma nova Bíblia que
excluía inteiramente o nome Jeová. Os sucessores e herdeiros imediatos da American Revised Version re-
verteram o julgamento dos seus autores, e não deixaram claro que a Revised Standard Version é apenas
um padrão americano, proveniente das “Seções do Antigo e do Novo Testamento da Divisão de Educação
Cristã do Conselho Nacional das Igrejas de Cristo nos Estados Unidos da América”. Que nome! E que san-
ção duvidosa!

Além disso, no Prefácio (págs. vi e vii) a Secção do Antigo Testamento defende a sua causa de
forma fraca. No essencial, têm razão em dizer “(1) que o nome 'Jeová' é de origem medieval tardia e não
representa com exatidão qualquer forma do Nome alguma vez usada em hebraico”; mas o menosprezo
implícito na frase “origem medieval tardia”, embora possa não ferir gravemente as Testemunhas de Je-
ová, é doloroso para as almas de fibras finas. Pois é de se supor que todo o estudante saiba que a Idade
Média foi encerrada pelo Renascimento do Conhecimento no século XIV, e que o ano de 1518, longe de
ser “medieval tardio”, representa o ponto culminante da Renascença, sendo a era de Michelangelo e Leão
X.

Eles argumentam “(2) que o uso de qualquer nome próprio para o único Deus, como se houvesse
outros deuses dos quais ele tivesse que ser distinguido, é inteiramente inapropriado para a fé universal
da Igreja Cristã”. Em vista do que já disse, não é necessário que eu proteste quão fortemente discordo
desta opinião. Ainda que todo o mundo a aplaudisse, eu opor-me-ia resolutamente a ela. Mas, de facto,
ninguém pode ter tal opinião por inadvertência. Pois não nos podemos apropriar de Deus como “nosso
Deus” sem implicar formalmente, mas não seriamente, que pode haver algum outro Deus, um Deus
reivindicado por alguém; e quando alguém clama “meu Deus, meu Deus”, como Jesus clamou da Cruz,
esta implicação é ainda mais óbvia (Mt. 26.16, Sl. 32.1). De facto, S. Paulo afirmava com razão que “há
muitos deuses” e “muitos senhores” (I Cor. 6.5) – não só os deuses que os pagãos adoram, mas também
deuses que são potentes na cristandade, como "Mammon" (Mt. 6.24) e "o ventre" (Fil. 3.19), dos quais o
nosso Deus deve ser nitidamente distinguido.

Neste parêntesis, tracei o que considero a eliminação providencial do nome próprio de Deus que
foi revelado a Moisés na sarça ardente, trazendo a história até aos nossos dias. Isso foi providencial por-
que deixou o caminho livre para Jesus nos ensinar um novo nome para Deus, o que implica uma nova
compreensão das antigas Escrituras. Em vez de estarmos "diante do terrível trono de Jeová", olhamos
para o nosso Pai que está nos céus. Portanto, nada poderia estar mais longe de mim do que a ideia de
defender o uso de Jahveh (ou Jeová) em nossa tradução inglesa da Bíblia, tentando reverter uma tradição
de mais de 2300 anos, que trezentos anos antes de Cristo foi escrupulosamente observada na tradução
grega chamada Septuaginta, que substituía o Nome por Kyrios; na tradução latina chamada Vulgata que,
no século V depois de Cristo, substituía por Dominus; na tradução inglesa do século XVI que substituía por
Lord; e, acima de tudo, era sancionada pelo Novo Testamento e pelo exemplo de Jesus, que certamente
nunca pronunciou o nome Jahveh. Mas certamente todo cristão deveria conhecer essa história, e saber
quão frequente e significativo era o uso do nome Jahveh no Antigo Testamento. É preciso saber que no
nosso culto ainda usamos o Nome na sua forma abreviada como Jah - em “Allelu-iah!” que significa “Lou-
vado seja Jah”.

Nunca mais o Nome Jahveh será usado, exceto em dissertações eruditas; mas a supressão desse
nome próprio não implica nenhuma perda para nós, como cristãos, pois de Jesus aprendemos um novo
nome próprio, "o Pai", que não sugere em nada a inferência de que possa haver outros pais no céu. Jesus
colocou-se nesse Nome, tornando-o duplamente pessoal; pois agora conhecemos Deus como "o Pai de
Jesus Cristo". Ele transmite-nos como seu supremo legado o intenso amor do Pai pelo Filho e do Filho
pelo Pai: "Vou para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus".

O novo Nome de Deus na sua forma mais completa e solene é “o Deus e Pai de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo” (Ef. 1.3). O título de Salvador pode parecer quase supérfluo aqui, uma vez que o
nome Jesus (Josué) tinha esse significado; mas nas Escrituras do Antigo Testamento “Salvador” era um
dos títulos mais elevados e carinhosos concedidos a Deus ou Jahveh. Cristo (o Ungido) descreve Jesus
em termos da mais sublime esperança alimentada pelos profetas de Israel. De acordo com a tradição que
nos esforçámos por explicar, “Senhor” era o título tradicionalmente substituído por Jahveh. Quer esta
tradição tenha sido, à partida, sábia ou insensata, atrevo-me a chamar-lhe providencial, porque dela re-
tiramos agora a vantagem de que, quando Jesus é chamado Senhor, como acontece frequentemente no
Novo Testamento, é confundido com Deus. Digo confuso, porque em muitos lugares o título é usado de
forma tão equívoca que é duvidoso se devemos entender Jesus Cristo ou Deus Pai. Em Fil. 2.9-11 “o Nome
que está acima de todo nome” é identificado com a profissão cristã comum: “Senhor Jesus Cristo” – JESUS
CHRISTOS KYRIOS.

Assim, sem pôr em causa ‘a fé universal da Igreja cristã’, conhecemos agora Deus por um Nome
próprio, um Nome que é histórico e pessoal no mais alto grau, porque nos é mediado por um homem,
Jesus, cujo próprio nome próprio, que acaba de ser recitado, implica que ele não só ensinou o que é Deus,
mas que ele próprio é Deus, e como Filho de Deus revela credivelmente o Pai como amor.

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