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Pe Milton Aguilen Schil

O MISTERIO DE DEUS UNO E TRINO REVELAÇÃO BÍBLICA

I-ETAPAS DA REVELAÇÃO DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO

1-O DEUS DOS PATRIARCAS

Os antepassados de Abraão eram politeistas (Gn 35,2-4; Js 24,2.14-15). Abraão adora só


um Deus- monolatria

porque Ele o elegeu e o protege

the promete terra e descendência e ser benção para todos os povos

Aliança (Gn 12,1-3:15; 18,18s; 22,18,26,38:28,13-15)

(Gn 12,3 BJ; 18,18,22,18,26,4: 28,14, SI 72,17Jr 4,2; Ze 8,13; Em 3,25; GI 3,8)

Abraão chama o seu Deus com nome de "EL"- NOME

A Aliança

Os patriarcas não adoram o Deus de uma terra, de um território, de um bem ou de um

aspecto particular da vida, mas sim a um Deus pessoal, ou seja, que se liga a pessoas.

Deus pessoal

Deus do clã (pela promessa de descendencia)

meu Deus

(a primeira locução) "meu" pela aliança

(a relação faz-se concreta)

Deus de Abraão, Isaac e Jacó

Deus de nossos pais, nosso Deus

Abraão se compromete no presente a adorar somente a seu Deus satisfaz o seu


exclusivismo. Deus se compromete a lhe dar no futuro numerosa descendência e um
território próprio onde morar.

Os descendentes dos patriarcas invocam o Deus dos Pais como "nosso Deus": nosso,
porque só nascemos pela fidelidade d'Aquele que nos prometeu a nosso pai Abraão. A
conquista posterior da terra abrirá o caminho para a identificação com os deuses da terra.
Gn 24, 12,42,48; 26,24; 28,13; 31,5.29.42.53; 32,9; 46,1; Ex 3, 6.13.15s; 4,5; 15,2; 18,4

O Nome

(a aliança é pessoal, mas o nome ainda não é pessoal)

a) Sentido e etimologia. A ideia de poder: uma das experiências mais elementares da


divindade é a de um poder ou força pela qual o homem se sente subjugado; a designação
da divindade foi, assim, introduzida através da experiência de um poder superior. Tal
denominação é anterior aos patriarcas.

b) Identidade: Quem era "EL" para os patriarcas? Há três hipóteses: Hebrovca - nome
comum: o gênero divino, usado na falta de nome proprio;

nome próprio: trata-se do deus "El", o mais importante entre os povos semitas, que agora se
manifesta a Abraão para retomar o seu lugar de deus principal, não só de direno mas
também de fato, posto que deuses mais "expertos" tinham-se tornado na prática mais
importantes e mais cultuados;

nome próprio de um deus totalmente desconhecido antes.

Os fatos para apoiar uma ou outra hipótese, por exemplo, a denominação dos lugares de
culto, podem ser interpretados de vários modos.

Variantes do nome

O plural "clohim" (com o verbo no singular) não representa necessariamente um resto de


primitivo politeismo e sim, mais provavelmente - já que os hebreus ignoravam
completamente as teogonias indica a percepção primitiva da divindade como uma
pluralidade de forças de diferentes tipos. Ainda: "El Elyon" Gn 14, 18-22; "El Elobe"" Gn 33,

18-20. CE. JE MARTINS TERRA, Elohim, Deus dos Patriarcas, Loyola 1987.

2-0 DEUS DE MOISÉS

JAVÉ IHWH →>> JAHWEHM

Latina

Theo: Deus

Identidade

El, o deus dos pais, manifesta-se agora de um modo novo, desconhecido dos hebreus, o
que implica um novo nome, pelo menos em certa medida. Não se trata exatamente de outro
nome, mas sim de precisar a identidade e as caracteristicas do deus "E". Textos principais:
Ex 3, 13-15 (clohista); 6, 2-13 (sacerdotal).
Notemos a continuidade é o deus dos pais, e as novidade o nome novo, e a progressividade
da revelação, até chegar ao nome:

BJ 3,

14 a Eu sou aquele que é: 'ehyeh, 'asher, 'ehyeh; 14 b Eu sou me enviou até vós: 'chych;

TEB: "cabeça"

15 Iahweh, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó
me enviou até vós (lahweh aquele que é; escrevendo-se só as

consoantes = IHWH, o tetragrama sacro).

Significado

Decorre do contexto, não tanto da etimologia, de termos ou formas linguisticas da frase: o


nome Iahweh parece ser uma forma simples e arcaica do verbo ser. As sentenças
interpretativas podem ser reduzidas a 7:

Deus revela algo de si:

1) Eu sou o ser subsistente, o ser é a minha essência. É a interpretação tradicional, desde


os LXX, praticamente abandonada hoje, por ser estranha à cultura hebraica. Depende,

porém, do que se entende por "ser". 2) Eu sou aquele que está presente ativamente na
vossa história (Iahweh - Ele está aqui ou convosco). Vós entendereis quem sou quando
virdes com vossos olhos o que estou para

fazer por vós. É a sentença mais seguida atualmente (ef. contudo Os 1,9 BJ). 3) Eu sou
aquele que é, ao mesmo tempo imanente (eu estarei lá), transcendente (como aquele que
é) e transparente na história (me revelarei como aquele que é).

4) Eu sou a plenitude de toda a perfeição, o condensado de todos os bens, esta


interpretação parece alcançar o sentido genuino da primeira,

Deus não quer revelar quem Ele é

5) Eu sou misterioso e escondido; somente eu posso saber quem sou: é a interpretação

mistérica

6) Eu não digo quem sou porque não quero comprometer minha autonomia e liberdade
dando a possibilidade a que outros possam mandar em mim, por conhecerem o meu nome
e cu ser obrigado a responder: interpretação mágica.
7) Eu me recuso a alienar a minha liberdade revelando o segredo de meu nome, só para
atender ao pedido de um mortal; é a mesma interpretação, mas depurada, dos aspectos
mágicos. Segundo o Javista, Moisès vě Deus pelas costas: Ex 33,18-23.

O nome lahweh se torna o nome divino por excelência, o nome próprio e definitivo do deus
dos pais. A fórmula liturgica "o Senhor esteja convosco" torna-se, em virtude desse
contexto, muito mais significativa: "o Senhor seja lahweh, se revele aquele que é". A
experiência de Deus como lahweh é experiência fundante. Deus é Iahweh A tal nome são
atribuidas todas as caracteristicas que distinguem o deus de Israel dos demais deuses e
que fazem dele um deus inconfundível e muito personalizado, único, no sentido de os
outros serem

muito diferentes. A pronuncia lahweh é reconstituída, pois os hebreus, quando inventaram


sinais para indicar as vogais, já não pronunciavam mais, por respeito, o nome santissimo de
Deus. Em seu lugar liam "Adonai", que quer dizer "meu Senhor" ou "Senhor". Com a
invenção de sinais para as vogais, colocaram debaixo das consoantes do tetragrama sacro
as vogais de "Adonai". que lido desta forma soa Jeová. A tradução dos LXX colocou
"Kyrios", a vulgata "Dominus" e o português "Senhor" (cf. E. Zenger, O Deus da Bíblia,
Paulinas, 1989, pp. 98-102; 51-57; P. M. BEAUDE, De acordo com as Escrituras, Cademos
Biblicos 2, Paulinas 1982, p.30).

Origem

Segundo a opinião comum (P e E na teoria clássica), o nome foi revelado a Moisés como
novidade absoluta, pois era completamente desconhecido antes (Ex 6,3). De acordo,
porém, com o J (Gn 4,26; 9,26) e outras fontes, não biblicas, parece que já era conhecido.
Foram propostas várias hipóteses:

- Moisés veio a conhecer o nome através dos quenitas, tribo madianita à qual seu sogro
pertencia

- o documento javista projeta no passado o nome mais comum no tempo da redação;

era conhecido antes como interjeição do culto, não como nome;

- embora conhecido antes, apenas agora recebe novo significado;

- conhecido como um nome entre outros, só então é apresentado como nome próprio do

Deus de Israel; - apesar de já ser conhecido antes, também no seu significado, neste tempo
Deus passa a provar,com gestos concretos, que
merece tal nome;

- o culto a lahweh estava presente desde as origens, mas somente foi aceito pelas tribos
josefitas por causa da influência de Moisés.

3-TEMPO DA CONQUISTA DE CANAA


Havia antagonismo entre lalwch e Baal, o que se podia constatar, sobretudo, a hanalização
do culto. Este é um periodo de grandes mudanças socioeconômicas a cultura nômade
torna-se sedentaria e agricola Israel entra em contato com povos mais adiantados, de onde
a tendência a aceitar, junto com a nova cultura, também a religilo e o culto a ela
intimamente ligados Haal e não lahweh, era especializado em agricultura. O culto a Baal
era, além do mais, extremamente atraente. Esse sincretismo podia assumir trés formas:

- veneração simultánea de lahweh e Baal, cada um no seu próprio campo, veneração


exclusiva do mais interessante no momento: Baal,

atribuição a lahweh das qualidades (e defeitos) de Baal

Inicialmente o culto simultáneo parecia normal, porém com o tempo foi julgado uma
infidelidade, pois levava inevitavelmente ao desconhecimento de lahweh (como narrado no
episódio do touro ou bezerro de ouro no deserto) e à perda da identidade hebraica. O nome
El podia ser usado para lahweh porque El era um deus apagado e pouco venerado, era um
deus "genérico" Ja Baal era um deus muito caracterizado e venerado, bern diferente de
lahweh

Parecem ser deste tempo os nomes "Senhor dos exércitos" "sabaot mage "El shaddai" 7
(Gn 17,1 BJ; 28,3, 35,11: 43,14; 48,3; 49,25). O primeiro designava o Deus Rei que se
senta no trono dos querubins, dotado de poder soberano (1Sm 4,4; 25m 6,2), cujo povo
vence nas batalhas. Mas os exércitos foram espiritualizados ora como anjos, ora como o
conjunto das estrelas (Sf 1,5), que Deus cria com o poder de sua palavra. Um significado
provável do segundo è: "Deus das montanhas", onde Ele é forte e por isso faz os hebreus
vencerem (Eles não possuiam carros e, portanto, não podiam combater na planicie). Outro
significado proposto: "Deus da estepe", expressão que dataria da época patriarcal. Em
seguida, ambos foram, em geral, traduzidos pelos LXX com 'pantocrátor (S1 79,8.15; Os
12,6; Am 3,13; 4,13). Essa visão passou no Novo Testamento: 2 Co 6,18, Ap 1,8; 4,8; 11.17,
15.3:16, 5.7.14, 19,6, 15; 21.22). Cf. Deus no Antigo Testamento: Revista de Cultura Biblica,
números 41-42, 1987.

4-ÉPOCA DA MONARQUIA

Neste periodo, acentua-se sempre mais a degeneração, porque se presta culto não só a
Baal, mas a muitos outros deuses estrangeiros, sendo estes cultos promovidos por reis e
chefes (por ex. Amon e Manassés), com todas suas imoralidades. Mas começa a se formar
uma reflexão teológica e um culto que se tornarão paradigmáticos e clássicos para a
posteridade. Convivem e lutam, neste tempo, muitas correntes e escolas de espiritualidade,
nem todas representadas na Biblia. A teologia, as várias teologias, vão se formando como
reação de alguns grupos ao sincretismo dominante e atingem suas expressões mais
refinadas no fim doperiodo e no período seguinte. Quanto mais se aprecia as qualidades de
lahweh, menos se precisa de outros deuses.

A luta contra a idolatria: IRs 18 (Elias); SI 16 (15); 115(113B); Is 41,21-29; 44,9-20 57, 3-13,
Os 2,186, 4,11-14,10,1-10,13,1-3, Jr 2; 7,16-20; 10, 19,4s, Ez 8,14,1-11, Sf1,4-7. Os
atributos e nomes divinos são submetidos a um processo de afinamento ideológico,
eliminando contaminações de religiosidade naturalistica.
Etapas do monoteísmo:

lahweh é o deus da terra de Israel, assim como cada nação tem o seu Deus. Há, portanto,
uma regressão a respeito da ideia primitiva do Deus pessoal Permanece o enoteismo e a
monolatria. Jz 11, 23s; Dt 32, 8; 1 Sm 26, 19, 2 Rs 5, 17. lahweh não é um deus como os
demais, mas é superior a todos. Ex 15,11; SI 82, 1; Jó

1,6; S1 89,68

- lahweh é

Deus único e verdadeiro, pois os outros são falsos e vazios: se nada

fazem, não se manifestam, praticamente não existem. SI 14, 1; SI 115. - lahweh é Senhor
do universo inteiro e não só de Israel e, portanto, é o único Deus. O desenvolvimento do
universalismo sobre o nacionalismo leva à consciència de que não pode haver senão um só
Deus. As afirmações mais claras do monoteismo são do fim do periodo e do periodo
seguinte. Conferir as notas da Biblia de Jerusalém para Dt 4, 33-39; 5,6-10; 6, 4-9; Is
40,12-26; 41, 4.21-29; 42, 8.17; 43,8-13; 44,6-8; 44,24-45,8.14-25; 46,5-7.

O Deus vivo

Dt 5,26; Js 3,10; IS 17,26,36; IRs 17,1; Os 2,1; Is 37,4; Jr 10,10; S1 42,3.9; 84,3. Dentre os
vários atributos de Deus, é possível reconhecer um deles como raiz dos demais, à luz do
qual todos os outros são considerados e do qual eles parecem derivar. Ast teologias bíblicas
que admitem essa possibilidade indicam ora um, ora outro, para essa função,

por ex.: o nome lahweh, a santidade, a graça (hesed) e a vida. Segundo Jacob, a
concepção do Deus vivo determina a solução de todos os problemas relativos a realidade
de Deus. O atributo vida é o mais importante, porque Deus não muda nunca, permanece
sempre o mesmo, Ele é o Deus vivo e verdadeiro (58). Iahweh é o único deus vivo. Assim
se define toda a teologia hebraica a respeito de Deus, nas suas caracteristicas ww próprias
e na preparação do mistério trinitario.

É provável que a qualificação de Deus com o atributo da vida não tenha conhecido um

desenvolvimento histórico notável porque, desde o início, condiciona toda a revelação,


dando unidade e continuidade ao Antigo Testamento (Jacob).

Com sua concepção do Deus vivo, Israel supera os problemas concernentes à existéncia de
Deus, à possibilidade do homem conhecê-lo e falar d'Ele. Tais questões não constituem um
problema, porque Israel se move em um nivel superior de compreensão.

Assim, podemos reconhecer os seguintes traços na concepção do Deus vivo:

Deus é a razão de tudo, fundamento, causa, Senhor absoluto, força ativa e poderosa, cuja
plenitude de presença se impõe por si mesma. O seu ser se impõe com tal evidencia, que
parece inútil qualquer demonstração. Por isso, tudo e todos não cessam de louvá-lo,
manifestando sua presença e ação.

Sendo plenitude de vida, n'Ele não há teogonia e mudanças de nenhum tipo. Desde o
primeiro instante da criação, já está totalmente presente e nunca desfalece, nem morre.
Qualquer sinal de vida no mundo indica um dom seu. Deus não constitui um problema, a
conclusão de um raciocinio, o termo de nossas reflexões ou resposta às nossas
interrogações. É Ele quem interpela e quem se impõe ao nosso questionar. Ele é aquele
que sempre surpreende com a intensidade e a plenitude de sua presença.

A afirmação "Deus está vivo" é a reação primordial e elementar do homem frente a


experiência e ao poder que se impõe à totalidade de sua pessoa. Somente Deus está
deveras vivo, enquanto que os demais deuses estão mortos e os homens recebem a vida
de Deus. A aspiração suprema do homem será aproximar
se de Deus, estar presente ao presente, compenetrar-se da sua presença (1 Rs 17.3)
Sendo Ele o Vivente, mostrará a sua vida dando a vida aos mortos. O antropomorfismo
biblico é um modo de expressar a vida de Deus O antropomorfismo nllo é uma concepçilo
que pensa o ser de Deus em termos humanos, mas é uma forma de dar a entender que
Deus tem mais vida do que qualquer homem. Não se trata de simples revestimento literário
ou de um modo de suprir nossa incapacidade de expressar a inefabilidade do divino (DTDC
46-48). Porque vivo, não pode ser representado por imagens mortas (aniconismo), não tem
sexo, nem corte, nem filhos. Estes elementos servem para moderar a tendência
antropomórfica da Biblia. O homem é imagem de Deus, não Deus imagem do homem!

A expressão "Deus vivo" significa, pois, a afirmação da presença plena e total de Deus em
todas as coisas Então, o nome "El" indicará essa vida, sentida como força e potência, e o
nome "lahweh", a mesma vida captada ao mesmo tempo, como continuação e duração, por
oposição as coisas que passam (Deus dos pais); vida como presença ativa, efetiva,
historica, até nos momentos de "morte" da humanidade, ou melhor, de "morte" dos filhos da
promessa.

E-nos dificil, a nós, modernos, unificar todas essas conotações sob uma só idéia e um so
termo. Assim também, a noção de presença não é para nós tão ligada às experiências
concretas antigas. O mundo hodierno secularizado tende a a negar não tanto a existência
de Deus quanto, em primeiro lugar, a sua presença: Deus está ausente da vida dos
homens. Os sinais da sua presença são imediatamente racionalizados, explicados com
categorias do mundo. Para quem tem fé, a noção pode ser recuperada, refletindo-se sobre
a experiência da presença. Conferir Biblia de Jerusalém: Dt 5, 26 e textos paralelos.

O Deus Santo (em hebraico-Qaddosh)

-Extensão do termo (de quem se diz): O termo "santo", usado muitas vezes de modo
absoluto, pode indicar os deuses, a corte celeste, os anjos, os profetas, os justos, os
apóstolos, mas, em primeiro lugar, é atributo de Deus.

Compreensão do termo (o que se diz): Origem e evolução do conceito


Podemos distinguir as seguintes passagens: - separado, afastado, à parte, reservado,
privativo: dito de qualquer coisa;

- reservado para o culto e excluido de outros usos: dito de objetos particulares, consagrados
através de um rito,

diferente, superior, melhor: dito do poder e do agir de Deus na criação e na história, das

quais ele é árbitro;

diferente, superior, melhor: dito do ser de Deus;

impecável: dito do comportamento moral de Deus (é o sentido mais comum

atualmente);

- superior e melhor no amor: ninguém sabe amar como Deus (Os 11,9 BJ). As etapas dessa
evolução se sobrepõem, de forma que "santo" torna-se um conceito complexo, com muitas
conotações, usos e acepções. Cf. Lv 17 BJ; 18, 2 BJ; Is 5, 16 BJ; 6, 1-5 BJ; Ez 1 (a
santidade de Deus expressa através de símbolos); Os 11, 9 BJ.

O sentido fundamental do termo é o colocado em quarto lugar acima: Deus é santo por ser
absolutamente diferente, superior, original, único, autossuficiente, inacessível, distante.

invisivel", incompreensivel, inefável - em relação a tudo o que não é Ele. O termo moderno
que parece corresponder melhor a essa acepção é "transcendente".
A santidade de Deus indica também, portanto, a impropriedade e a limitação da linguagem
humana aplicada a Deus, nunca compreendido nem atingido por nossas palavras, pois na
revelação Ele sim pode usar nossas palavras.

"Santo" é um atributo, uma característica divina, mas que tende a significar a sua essência,
identificando-se com Ele, passando a ser usado como nome: o Santo. Moisés só pôde ver a
Javé pelas costas (Ex 33,18-23 BJ, apesar de 33,11): Ellas 1Rs 19,13

Deus, sendo santo, santifica: paradoxalmente Ele se denomina "O Santo de Israel (14x no
proto-Isaias e 16x no deutero) (Pai Santo, Jo 17,11). Ele é aquele que quer comunicar a sua
santidade tornando santo o seu povo. O Deus santo tem, assim, uma ideia estranha,
também essa acima da compreensão humana: estabelecer uma comunhão de vida com o
homem. Como é possivel, se Deus é tão diferente e superior? Isso só é possivel na medida
em que Deus forma santo o homem, comunicando-lhe a sua santidade. "Sede santos
porque eu sou santo": Ex 19,6; Lv 11,44, 19,1s; 20,26; 22,31s

Deus, santo no amor, sabe doar-se como ninguém, santificando o homem; este participa da
santidade de Deus passivamente (é santificado) e ativamente (é santificante: a missão). A
partir de então, o homem tem a sua vida e existência determinadas, definidas e reguladas
pela sua relação com Deus, torna-se transcendente em relação à vida não dirigida por Deus
(1 Pd 1. 14-25). A santidade de Deus inspira ao homem vários sentimentos e atitudes:
temor, respeito, veneração, reverência, adoração: não querer mudar Deus e as coisas

divinas, não acomodá-las a si mesmo. Lv 10,1-3; 2Sm 6,6s BJ, Jr 10,10.

consciência da necessidade de purificação, de transformação no ser e no agir para

aproximar-se dEle e do que o representa. A isso tendem os preceitos morais e rituais Antigo
do Testamento. (No Novo Testamento, a graça torna possíveis os primeiros c o batismo
torna inúteis os segundos). Lei da santidade: Lv 17-26. consciência da vocação para ser
santo como Ele é santo: não no mesmo grau, nem do mesmo modo, mas do mesmo tipo de
santidade. desejo ardente de experimentar a santidade divina, que é força de atração
(Santo

Agostinho: “Eu estremeço e estou pegando fogo”, temo, reverência; deixe o ardor e fervor

atração).

Tema próximo a este é o do Deus escondido (Is 45,15 BJ), Deus alto, Deus profundo, de
onde o tema do "mistério" em S. Paulo. Deus Santo-Transcendente é tão diferente que pode
estar presente-imanente no meio do povo mais do que qualquer outro. Deus vivo e
verdadeiro - Deus presente como Santo: Is 12,6; Jr 10,10; 23,23.

Qadosh foi traduzido em grego (LXX) por hagnós, hágios e, em latim, por sanctus, sacer,
todos estes termos derivados de uma raiz indoeuropéia, que dá ideia de separação.

Santo é, portanto, separado, transcendente, mas não indica:

separação espacial, mas ontológica, pertença a outra categoria. Deus não é simplesmente
superior, mas é de outra natureza, embora semelhante, assim como o homem transcende o
animal. A transcendência, no sentido genuino, implica a imanência: ninguém pode estar tão
próximo do homem como Deus incomunicabilidade, mas vontade e capacidade de
comunicar-se, somente quando como, quanto, porque e enquanto livremente quiser, sem
estar sujeito a necessidade

interna ou externa.

No contexto do monoteismo ou enoteismo, Santo não indica, antes de tudo, o único Deus
existente, mas e único Deus desse tipo, o único diferente de todos.

Outros atributos divinos, nomes e títulos (aspectos da vida e da santidade de Javé)

A denominação El Elion (Deus Altissimo) é aplicada a lahweh depois que se chegou a um


certo equilibrio entre o javismo e a religião de Canaã (Gn 14, 18-22). Adon, Adonai é
Senhor, sobretudo como autor dos mandamentos, distinguindo-se de Baal, que é senhor no
sentido de patrão, proprietário e criador (cf. porém Os 2,18 BJ). Após o

exilio. Adonai substitui, na leitura, o nome lahweh. lahweh & DA weh & Rei, exercendo todas
as funções conexas a esse titulo: chefe, conselheiro, cabeça, dirigente. juiz, guerreiro que
vence os inimigos. No fim dos tempos reinará sobre todos os povos. A teofania de lahweh
Rei traz estabilidade e segurança para o mundo. Conferir os salmos de entronização: 93.96
96-99. Na verdade, a designação é anterior ao tempo da monarquia:

Ex 15. 18; Nm 23,21; ; Jz 8, 23.

Iahweh & é um deus ciumento (el qanná), capaz de destruir e devorar, pois não admite que
se de atenção a outros deuses (Ex 20, 5s; 34, 14; Nm 25,11; Dt 4, 24 BJ, 5,9; 6,15; 32.
16:21; Js 24,19). O cium Js 24,19). O ciúme é também zelo pela felicidade de Israel (Is 37,
32; Ez 39, 25). Uma manifestação proxima às duas anteriores é a cólera de Iahweh,
potência de furia, de destruição e vingança, que opera contra Israel pecador e contra seus
inimigos, que são também inimigos de Iahweh. (Na 1, 2; Nm 11, 1 BJ). A taça da cólera é
uma imagem particular (Jr 25, 15-28). Mas lahweh é sobretudo misericordioso (rahum), rice
de graças, lento na cólera, numa

contradição só aparente, que o cabalismo chamará de "a direita e a esquerda de Deus". A

atitude misericordiosa, amorosa, tolerante, prevalece sempre sobre a cólera (Ex 15,11; 34, 6

7,14, 20, 5s; Nm 14,18; Dt 7,9s: S1 103,8s; Jr 3, 12; Mq 7, 18; Hb 3,2). Esse duplo aspecto
de

Iahweh colérico e consolador, ador, aparece claramente em Naum. A aliança com Israel é
exclusivamente fundada no amor, é um ato de amor tal que qualquer violação da aliança
provoca a cólera violenta de Deus. É a cólera de um amante ofendido, mas sempre disposto
a perdoar e a consolar, ao menor sinal de arrependimento. (Is 49, 15: o termo hebraico
"rahem" indica, de modo particular, o amor visceral, o amor materno para com o filho
pequeno). A lahweh atribui-se ainda a "hesed", com frequência ao lado da "emet", termos

traduzidos de diferentes maneiras, segundo as Biblias os vários contextos: a graça e a

fidelidade são os correspondentes mais usados, mas não há tradução satisfatória. Poderia
ser.

também, benignidade e verdade, amor e estabilidade. A ideia central parece ser a de uma
força

ou poder que garante a permanência da aliança, sempre presente na relação entre lahweh
eo

povo. S140, 11; Gn 24, 27; Os 2, 21, BJ. (cf. tratado da "Graça", antropologia II).

Iahweh é justo (sadiq), fiel ao programa estabelecido por Ele mesmo, fiel ao seu modo de

agir e pensar porque, nas suas relações com o mundo, age segundo uma norma interior
constante para realizar a salvação do povo eleito: Is 5,16; S17, 10. A glória de lahweh
(kavod, que significa: peso, valor, fulgor, grandeza, grandiosidade, dignidade, prestigio). A
glòria é a manifestação e extensão luminosa e visivel da santidade, a

forma pela qual a santidade intocável se manifesta na presença e nas obras de Deus na
salvação dos homens, também através de símbolos visuais e sinais cósmicos: Ex 13,22 BJ;
24, 16s, BJ; 33,18.22; 40,34s; 1Rs 8,10s; Is 6; Ez 1 BJ; 9-10,11,22; 43,1-9.

na criação e

Dar glória a Deus, glorificá-lo, é reconhecer e confessar a sua glória, o valor santo de suas

obras, aquilo de que só Ele é capaz.

A Palavra (davar) de Iahweh é uma outra forma da nifestação Deus, fora do seu
pensamento: Sb 8, 15, cf Biblia de Jerusalém; 2 Rs 3, 12.

projeção para O nome lahweh, ou simplesmente o Nome, é o que Tahweh concede de si


para que o homem possa invocá-lo e seja atendido: Sl 8, 2-9; Dt 12, 5:2 Sm 7, 13. Temos,
ainda, outra manifestação de lahweh, quando Ele mostra a sua Ence (panim): Di

4,37: S1 4,7 BJ. Da paternidade de Iahweh e do Espírito de lahweh trataremos mais


adiante.

Não desaparecem completamente na época clássica os aspectos naturalisticos de lahweh,


o que leva a uma qualificação demoniaca de sua natureza, vista como portadora de um
poder ambiguo, capaz de destruir e de criar e de produzir o mal e o bem Frequente é a sua
teofania atmosferica, carregada de lembranças mitológicas do grande deus celeste cananeu
(Sl 18, 9-11). Podemos reconhecer, ainda, a presença de restos do poder agricola
fecundante (S1 65, 8-10). Ele é o senhor da chuva, mas também da estiagem e da carestia
(1 Rs 18, Jr 14) Iahweh contém em si as raizes do bem e do mal, no sentido cósmico e
moral (1Sm 2, 6-7, Dt. 32, 39, Is 45, 7; Ex 4, 24). E lahweh quem envia um espirito maléfico
e um espirito de mentira aos homens: 1Sm 16, 14s; 1Rs 22, 198 Acredita-se que Deus é o
Deus de Israel somente no espaço da terra prometida (15m 26,19,Jr 16,13; cf. 2Rs5,17).

5-O PERIODO PÓS-EXILICO

O exilio não dá origem a uma nova religião, mas obriga o povo de Israel a reelaborar todos
os dados do patrimônio da revelação, inserindo-os numa nova spectiva, determinada por
complexos fatos históricos que levam ao surgir das tipicas formas do judaísmo.

Os hebreus não têm mais Templo nem sacrificios. Consequentemente, a vida religiosa por
um lado se interioriza, torna-se adesão espiritual, uma nova visão de Deus, deles mesmos.
da história, do mundo, mais reflexiva, mais profunda, mais crítica, mais sofrida; por outro
lado, se exterioriza sob formas rigidas, naquelas observâncias legais que são ainda
possiveis, por exemplo: a observância do sábado, a circuncisão, os ritos de purificação, o
matrimônio somente entre judeus, etc.

O centro da vida religiosa se transfere do serviço do culto sacrifical no Templo à


Palavra de Deus como Lei escrita. É o tempo da revisão dos materiais textuais e da redação

definitiva dos livros canônicos. Forma-se, sempre mais claramente, uma particular filosofia
da

história ou uma ideologia da história sagrada, que interpreta o exilio como castigo de Deus

pelo pecado de Israel (Ezequiel, Juízes). Tal ideologia leva aos projetos de restauração,

fundados na fidelidade de Deus, incentivados por perspectivas escatológicas que


prenunciam o

tempo futuro da reintegração de Israel nas suas funções de povo santo e guia dos povos.
Se

isso favorece

o exclusivismo e o particularismo religioso de Israel, não impediu o afirmar-se.

com menor peso, de uma corrente universalistica.

Com a perda do Templo, também a classe sacerdotal perde a importância. O ensino da Lei
é confiado cada vez mais a leigos doutos. Nasce a literatura sapiencial e está sempre mais
a influência presente a helenista.

As linhas do pensamento teológico permanecem substancialmente identicas. A experiência


do do exilio aguça a exigência de separação entre o sacro e o profano, entre o puro e o
impuro Jahweh é cada vez mais isolado numa santidade absoluta e intocável. É de época
tardia, porém, a regra de evitar pronunciar o nome de Iahweh, substituído por Kyrios na
tradução dos LXX e lido Adonai no uso corrente rabinico. A exegese textual tende a suprimir
as expressões excessivamente antropomórficas e a atribuir tais ações a nomes substitutivos
e a hipóstases de lahweh.

Aos poucos vai se generalizando, por exemplo, o uso de expressões como o "Nome", a
"Glória", a "Presença", o "Céu" (1 e 2 Mc), o "Antigo dos dias" (Dn). Contemporaneamente,
desenvolve-se toda a trama das teofanias ou hipóstases de lahweh: Glória, Presença,
Espirito, Sabedoria, etc, que serven para explicar a ação de Deus no mundo e na história,
interpondo um novo limite sacro entre a essência divina e o mundo.

Afirma-se, de forma sempre mais categorica, a unicidade de Deus, identificado sem

hesitações com lahweh, como exigência da distinção de Israel em meio ás nações, garantia
de

sua missão e como "lição" do exilio. Acentua-se a polêmica contra os idolos, de antiga data.
mas agora dirigida contra as nações, pois Israel parece finalmente imune a essa tendència
(Is40, 12-20, 41, 21-29 6-7:44, 9-20; Br 4; Sb 13, 1-19). Surge a teoria da origem demoniaca
dos deuses (Dt 32, 17, SI 106, 37; Br 4, 7), Deus, diferentemente dos idolos, é chamado
vivente (2) Mc 7, 33, 15, 4), rei do mundo (2 Mc 7, 9), soberano (2 Mc 3, 24), eterno (lt 12,
29, 13,8)

II-O ANTIGO TESTAMENTO COMO PREPARAÇÃO À REVELAÇÃO DO DEUS TRINO

A revelação do Deus pessoal não tem um valor simplesmente em si mesma, mas enquanto
prepara uma plenitude maior de revelação. Foi iniciada com Abraão, tornando-se, assim, o
primeiro clo que a liga com a futura revelação trinitária.

1- Os hebreus viveram tal preparação sem perceber que se tratava de uma preparação.

2- Por parte do homem, a preparação consistiu em adquirir condições para entender e

aceitar a revelação. Por parte de Deus, em estabelecer uma economia pedagógica de


premissas e dados parciais, 3- Não se trata de preparação à Trindade no Antigo
Testamento. Esta preparação acontece ao longo de todo o período histórico do Antigo
Testamento e não, simplesmente, em momentos ou escritos particulares.

4- Além disso, a literatura não bíblica contribui poderosamente para essa preparação.

5- Cristo, propriamente, não anuncia uma Trindade. Ele manifesta, sem reservas, a
realidade completa e profunda do Deus de Abraão. O conhecimento não aumenta através
de noções vindas de fora, mas como amadurecimento e clarificação interna da própria
experiência, iniciada

com Abraão e levada ao pleno desenvolvimento.

6- Deus sempre age como Trindade, embora nem sempre de tal maneira que nós possamos
reconhecer esse mistério. Não é só Deus Pai que age no Antigo Testamento.

7- Se Deus não quis revelar-se como Trindade, não deixou de "trair-se" algumas vezes

(textos usados pelos Padres: Gn 1,26; 3,22; 11,7;18,2; Nm 6,24-26; Dt 6,4; Is 6,3.8; Ag 2,5
BJ; SI

32,6; 67,7s, Sb 9,1s.17), com alusões só compreensíveis no Novo Testamento.

8 Toda a religião é relação entre Deus e o homem. Os três termos são, contudo, concebidos
numa infinidade de modos, em particular a imediatez da relação. Em Israel há flutuação
constante na maneira de entender tal imediatez. No inicio, Deus está presente quase
sensivelmente no meio do povo (J). Aos poucos, porém, vai se desenvolvendo uma teologia
complexa, que distingue várias categorias: - o próprio Deus, ou seja: essència, natureza,
personalidade;
- nomes e títulos: lahweh, El, Shaddai, Rei; - atributos, qualidades, caracteristicas, traços:
justo, santo, vivo,

-teofanias: do Sinai, da sarça ardente, imagens do fogo, da nuvem, etc, (sinais); -


manifestações: palavra, espirito, sabedoria, glória, face, nome,(a 'shekinah'); hipóstases: as
anteriores, como manifestações personificadas;

- criaturas eminentes: anjos e demônios. SI 119,89; 147,15s, Sb 16,12

Pr 1, 20-33: 8,1-9,6; Jó 28,12-28, Eclo 24; Sb 6,12-8,1.

9- De uma concepção ingênua, chega-se a uma teologia complexa e elaborada, Essa


riqueza de dados, equilibrados no periodo clássico, provoca um duplo processo em tensão
dialética: por um lado, a preocupação de salvar a transcendência de Deus Santo; por outro,
a afirmação do realismo de sua presença na história. Se, de certa forma, atributos e nomes
e alguma manifestação (glória) tendem a se identificar com Deus mesmo, cada vez mais
inacessível e distante, as teofanias e outras manifestações tendem como que a
"desprender-se", constituindo-se em hipostases (ser visto em sua consistencia própria,
sempre como sujeito e não predicado), de forma que se possa afirmar a ação Deus na
história, sem prejuizo de sua transcendència.

Cria-se, então, uma situação ambigua e instável: não é Deus quem se manifesta, mas algo
de Deus, algo de divino, sem que se chegue a precisar a relação entre a manifestação de
Deus e o próprio Deus. Quer-se, assim, distinguir a essència incomunicável das
manifestações, mas sem introduzir distinções internas em Deus. A única solução para tal
situação obscura e contraditória será ou voltar à concepção primitiva ou aceitar a pregação
de Cristo. Mas nem todos advertiam tais problemas e, na verdade, a pregação de Cristo
supera os dados mesmos da questão,

10 - Quando falamos de "glória de lahweh", que tipo de relação exprime a preposição "de"?
Por não possuirmos experiência de nenhum dos termos, só a revelação nos iluminará sobre
o tipo de relação. O Antigo Testamento jamais esclarece isso, limitando-se a enriquecer os
dados de cada categoria. O que no Novo Testamento serão três hipóstases distintas, no
Antigo Testamento são manifestações de natureza imprecisa, mas ricas de conotações.

1-A PATERNIDADE DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO

O fato da denominação

Todos os povos antigos atribuem a Deus o título de Pai. Nisso os hebreus não se
distinguem dos demais, senão por uma maior sobriedade e uma menor frequência de uso.
Devemos distinguir dois grupos de testemunhos: - os textos, nos quais Iahweh aparece qual
Pai de Israel como nação (Ex 4,22s (filho

primogénito: então outros povos também são filhos de Deus!); Dt 14,1; 32, 5, Jr 3, 19s, Is
63, 158) ou, com menor frequência, Pai de algum individuo (do rei: 2 Sm 7,14, SI 89, 27. do
justo: Ecl 23, 1.4; 51,10; Sb 2, 13. 16.18; 14,3; todos são textos tardios). - a onomástica usa
com grande frequência nomes teóforos, nomes constituidos de dois elementos, um deles
tirado do nome de Deus (El, Iahweh, na forma inteira ou reduzida D Ya, Yo), o outro
designando grau de parentela (ab - pai; ah-irmão; am mãe: dod - tio).

Alguns exemplos: Eliyyahu (Elias), Yoab, Abiyyahu (Abias), Eliab, etc. (Não é clara. todavin
a significação: Abiel significa "Deus é meu Pai" ou simplesmente "Deus é Pai?)
Comparando o uso hebraico com o uso dos povos antigos notamos o seguinte: - quanto à
onomástica: com o passar do tempo tornaram-se sempre mais raros. Não aparecem nomes
compostos com os termos "filho", "mãe", "tio".

- quanto aos textos: ico tam - o único termo de parentela é pai (nunca mãe, irmão, tio...):
mesmo assim, o termo é raro e só parece ser usado a partir do século IX,

- tem, praticamente, sempre sentido coletivo; - a designação é sempre afirmativa e feita por
Deus, não há invocação por parte do

homem. Exceção: Is 63,16; 64,7: Sb 14,3; Eclo 23, 1.4, 51,10; Textos especiais: SI 89,27:
invocado pelo Messias; Jr 2,27: Pai' dirigido aos idolos; Jr 3,4 é lamento de Deus por não
ser invocado como Pai; Jr 3,19 promessa de invocação futura.

Origem significado

Podemos reconhecer no povo hebreu duas linhas de pensamento

- Concepcio.comum a todos os povos Deus é Pai porque é criador (no sentido amplo do
termo), providente, porque tudo vem d'Ele. O termo "pai", para os antigos, evoca autoridade
e proteção, não ternura. Inicialmente os hebreus possuem a mesma mentalidade dos
demais semitas (embora menos entusiasta). É expressão disso o uso de nomes teóforos.
Mas, à medida que percebem as exigências do javismo, včem o perigo de confundir lahweh
com os demais deuses e vão abandonando tal uso, acentuando assim a concepção de um
Deus espiritual, santo e único.

Cabe aqui a antiga concepção de Deus como Pai de deuses e anjos: Gn 6,2; 36 1,6 BJ2,1;
38,7 (Deus criador dos astros?); SI 29,1;82,6 (juizes comparados aos anjos da corte
celeste); 89,7.

Concepcio própria de Israel. Consta de três traços originais: lahweh é Pai porque é criador
da existência nacional de Israel (Ex 4,23; D1 32, 6; Is 43.6; Tb 13,4). Tal ideia parece ter
surgido já no tempo Exodo

depende de influència estrangeira. O titulo é coerente com o tema da eleiçllo e da aliança Ur


31, 9) Deus é Pai porque ama o povo com termura: é a contribuição dos profetas ao tema
(na linha de Oséias, Deuteronômio, Jeremias, 2 Isaías). Para os semitas, chamar alguém de
pai significa reconhecer seu dominio e seu direito ilimitado de dispor dos filhos. Tal
concepção está presente, também, entre os hebreus, mas é secundária (Os 2, 1-3.25, 11, 1
11, D: 1, 31, 8, 5: 1 ,5; 14,1, 32,6.10, Jr 3,4. 19, 31, 9. 20, Is 1,2; 49, 14-16, 54, 8 BJ, 63,
15-16; 64, 7-8; 66,13, MI 3,17, S1 27,10, 103; 131,2s).
Aparece assim o aspecto maternal'.- expresso com o termo "rahamim", o amor pelo fruto do
ventre e esponsal da paternidade divina (Os 1,2-9; 2,4-3,5 BJ; Is 54,1-10; 61,10: 62.4-5; Jr
2,2;3,20; 31,2; Ez 16,8.60).

A paternidade de Iahweh liga o povo a compromissos de ordem moral. Como Pai, Iahweh
multiplica seus beneficios na história. Como filho, Israel tem o dever da fidelidade

e da santidade de vida. Quem deu a Israel a vida, deu-lhe também um modo santo de viver.

(Dt 8,5-6, 2Sm 7,14; Is 1,2-4; 30,9, Jr 3,22; 4,22; MI 1,6; 2,10; 16 5,17; Pr 3,11-12; Sb

11,9s; cf. Hb 12,5-13, Ap 3,19).

Como dados posteriores ou colaterais podemos reconhecer os seguintes

- Deus criador de tudo e Pai de todos, mas Israel (incluindo o reino do norte: Jr 31,9.20) è o

primogênito. Is 45,11-12; Am 9,7.

- Deus Pai dos auténticos israelitas, dos justos. Eclo 4,10; 23,1.4; Sb 2,13.16-18 BJ. Pai dos

levitas: SI 29,1 (2) - Deus como Pai do rei e, portanto, do Messias, Pai porque lhes confia
força e missão particular. O Messias e o rei agem por força de um poder que é pessoal de
Deus e concedido por Ele. 7,12-16; 1Cr 22,10; SI 2,7; 89,27-28. Notamos assim duas
tendências opostas, a alargar ou restringir o sentido do termo.

A paternidade divina apresenta-se, portanto, em Israel, como verdadeira e real, embora


ainda metaforica, pois são tomados em consideração somente aspectos derivados, como o
amor, a proteção, a ajuda, e não se toma, até então, como referência a geração biológica
individual. Deus é Pai porque escolheu livremente ser Pai e de quem ser.

Clemente de Alexandria: "Com a sua misteriosa divindade Deus é Pai, mas a termuro que o
inclina para nós, faz com que se torne mlle. O Pai, so amat, torna-se maternal" (Quis dives
salvetur, 37)

2-0 ESPÍRITO DE JAHWEH

Etimologia e analogia

O termo "espirito" (em hebraico: "Tuah" , em grego: "poeuma", em latim: "spiritus)

veicula a experiência primitiva do ar em movimento, sob duas formas: natural, cósmico:


vento (da brisa ao furacão);

-antropológico, interior respiração, hálito, alento, sopro. Essa base nunca desaparecerà,
apesar dos gigantescos desenvolvimentos

religiosos do termo. Cf Jo 3,8, 20, 22


filosóficos e

Compreensão do termo: Analisando mais a fundo a base analógica, percebemos que


ambos os aspectos têm características próprias que induzem uma intuição das
caracteristicas

divinas

- o vento è energia em movimento que existe dentro dele, não vem de fora, de algum modo
ele produz sua força motora; -sua origem e misteriosa, desconhecida, embora tenha uma
(Jo 3,8).

-o vento tem um rumo, uma direção, embora desconhecida por nós (Jo 3,8); - sua
manifestação é imprevisivel, de certa forma dá a ideia da liberdade:

- não tem forma, não é visivel nem representável; - na forma de ar, sua presença parece
não se distinguir da ausência, e no entanto está em

tudo sempre (Sb 8,1),

- o vento arrasta em seu movimento o que encontra, leva para onde vai, è mais forte do que
o homem, produz transformações (Ecle 8,8); - produz efeitos contrários, pois aquece e
refresca, restaura e provoca aridez;

- o ar está presente em tudo sempre, mas não se identifica com nada;

- - a respiração é intima e imperceptivel, é sinal e sede de vida (para os artigos);

- na visão primitiva, embora o ar-sopro esteja dentro do homem, ele vem de fora, do

alto;

- è necessário para a vida, mais do que o alimento ou a água; (Se Jesus é o pão e o

Espirito é a água, o Espirito é mais necessário e universal do que Jesus!). - o homem o


sente como um impulso que o anima e move, até de uma forma estranha a

sua consciência.

Trata-se, portanto de realidades misteriosas e que fogem ao controle do homem, mas das
quais ele depende inteiramente. Deus foi identificado como Espirito porque se reconhece
que Ele se apresenta como o mais necessário, mas também o mais independente e
transcendente. É Espirito e Santo (mas e quando não é chamado de santo?).

Vejamos a extensão do termo, para a qual temos duas passagens Primeiro: Deus, lahweh,
é Senhor do vento e do sopro. Ele é o doador e conserva o dom sob seu controle: o espirito
sem de lahweh. O vento que provém das narinas de Deus vai até o intimo do homem, e por
isso ele vive.
Em decorrência Deus tem um modo de se comportar parecido com o do vento e do sopro.
Deus age e se manifesta como espirito, porém sem se reduzir a tais manifestações: é o
espirito de lahweh (a expressão recorre 389x no AT 1). Para estar próximo do homem, Deus
se manifesta de modo semelhante ao vento, com ações irresistiveis que estão acima da
capacidade humana, mas também como uma ação intima, profunda e vital, que transforma
misteriosamente a vida. Toda a vez que o homem experimenta uma novidade ou mudança
extraordinária e misteriosa, ele a atribui não simplesmente a lahweh, mas ao espirito de
labweh, a lahweh que se comporta e se manifesta de modo semelhante a uma sua criatura.

Em seu sentido teológico primeiro, o espírito é o mesmo lahweh, reconhecido em termos

de potència operativa e transformadora. Com o progressivo afirmar-se da tendência a


preservar a santidade de fahweh, o espirito passa a ser tratado sempre mais como uma
realidade autónoma, mas da qual lahweh se serve para entrar em contato com o mundo.

Textos principais:

Ex 15, 8-10; Os 13, 15; Is 40, 6s; Jo 3, 8 (vento); Gn 6, 17 (BJ); Jó 34, 14s; Eel 12, 7; Jo 20,
22 (sopro).

Expressões da ação do Espírito Jahweh nas pessoas

Carismáticas transitórias: juízes, heróis (Jz 3,10; 6,34; 11,29; 14.6.19:15.14-16).

Profetas extáticos (Nm 11, 17. 24-30; 24,2; 1Sm 10,6.10; 19,19-24): permanentes: profetas
(25m 23,2; 1Rs 18,12; 2Rs 2,1-15; Ez 2,2

3.12.14.24),

reis (1Sm 9,16; 11,6; 16,13.14 BJ), sábios (Sb 7,7.22 BJ; 9,17).

Para garantir a plena eficiência de atividades que estão acima da capacidade humana é
necessário o Espirito (Mq 3,8).

Morais: a observancia perfeita e fiel da lei é possivel, se o homem receber o espirito de


santidade, que o faz superar a fragilidade de sua natureza humana (SI 51, 12-13; Ez 36, 27
BJ; Zo 12,10, S1 143,10). Dá conhecimento e sabedoria (Ex 31,3,35,31; Dt 34,9; J6 32,8)

Messiânicas: a ação múltipla e dispersa de Deus não era suficiente para garantir o
cumprimento da promessa. Foi-se criando, assim, a convicção e a esperança de que toda a
ação divina iria um dia concentrar-se num só tempo, para levar a termo o conteúdo da
promessa. Era a espera pela efusão total do Espirito, mais ainda do que a esperança do
próprio Messias: Is 11, 1-9 BJ; 42, 1-7; 61, 1-3. Efusão coletiva: Nm 11,29; Is 32,15-20; Ez
36,24-28, 39, 27-29, 37, 1-14, J1 3, 1-2 BJ, Zc 12,10.
Quanto ao Espirito na criação: Gn 1,2; Jd 16,14; Jó 33,4: 34,14s; SI 33,6, 104, 29s: 139,7;
Sb 1,7; Is 32,15; cf. Jo 6,63. Ação do Espírito na história: Is 63,10-14.

Os símbolos do ar e da água levam ao simbolismo da nuvem, a velar a transcendencia da


glória do Deus Santo: Ex 13,22 BJ; 24,15-18; 33,9s; 40,36-38; IRs 8,10-12; Le 1,35; 9,34s;
Ar 1.9

A unção com óleo era o rito que podia acompanhar a comunicação do Espírito (1 Sm 16,
13), além da imposição das mãos (Dt 34,9). Aquele que recebia o espírito era chamado
"Ungido", mesmo que faltasse o rito externo. Assim: Ungido - Messias - Cristo. Ungido por
excelência será aquele que receber a plenitude do Espirito. Por que o óleo? Porque dá força
e resistència, tem uso medicinal, é penetrante. Aromatizado, traz alegria e suavidade.
Conservado no corno, simbolo da força e instrumento de sopro.
Se o braço e a milo simbolizam a potência criadora de Deus, o Espirito de Javé, o dedo ira

indicar as obras mais refinadas: Ex 31,18, Le 11.20; 2Co 3,3.

Quanto aos simbolos para indicar o Espirito ef. CatlgrCat 694-701. Foi proposta outra
explicação para o sentido etimologico do termo 'espirito'. Ele indicaria então o espaço, o
espaço vital, uma profundidade e uma amplidão de horizontes que se abrem. A preposição
que lhe condiz é a preposição "em". Por ser espaço, ele torna possivel a respiração, o ar
dentro e o ar fora.

O termo 'espirito, ao se definir e especificar lentamente, foi adquirindo uma extensão que

foi além de sua aplicação teológica e mesmo religiosa:

- sentido original, obsoleto hoje: vento, sopro, presente, todavia, em termos derivados
inspirar, respirar, aspirar, conspirar, pneumático, pneumonia, e outros.

- Deus como espirito, referindo-nos à natureza divina imaterial: -o Espirito Santo, terceira
pessoa da Trindade,

-os espiritos angélicos ou demoníacos; -o espirito humano, a alma, a mente, o intelecto;

-os espiritos dos falecidos,

-o espectro ou fantasma; - um modo de viver ou de pensar, bom ou mau, uma mentalidade


(por ex: espirito de fê);

-o Espirito Santo presente no justo, o estado de graça

Naturalmente, será muitas vezes dificil entender o sentido preciso do termo e encontrar

uma tradução apropriada. Os tradutores não sempre coincidem na interpretação

Correspondentes pagãos são por ex. gênio, 'daimon'.


III-JESUS REVELA O PAI

Jesus é a revelação do Pai, com a sua pessoa, ações, gestos e palavras. A pregação é
para os pobres e para quem tem ouvidos para ouvir

- não é informação para enriquecer a cultura;

não é retórica dotada de todos os argumentos para convencer e provar com evidência
irrefutável, tornando obrigatória a aceitação;

- não é apresentação completa e sistemática, pois trata-se de uma pedagogia dirigida aos
dóceis para que cheguem, pessoalmente e naturalmente, a certas conclusões não
antecipadas em forma de tese ou postulado. E pedagogia dirigida em primeiro lugar a levar
a acolher como dom a comunicação pessoal de Deus, vivendo em comunhão com Ele, para
que Deus viva no homem a comunhão de vida que o constitui trinitario.

Jesus fala em virtude de uma consciência profunda de uma realidade que para Ele é tão
intima quanto o próprio ser. Não fala como quem sabe por ter aprendido ou descoberto
recentemente ou como se fosse o resultado de um progresso no saber, independente do
crescimento no ser. Esse é o seu modo de saber e de dar a conhecer.

Deus é Pai dos homens: no início da vida publica è esse o aspecto acentuado. Jesus não
propõe rupturas com o Antigo Testamento. Propõe novidades, mas nada que rompa com o
Antigo Testamento, do qual retoma o conceito, intensificando a gratuidade, a misericórdia e
a bondade do amor paterno para com todos os homens, tirando conclusões práticas até
então inaceitáveis e inimagináveis, colocando a fé e a salvação em dependència não da Lei,
mas do conhecimento e da aceitação de amor de Pai (Mt 9,13; 12,7). Mesmo quando não
fala explicatamente do Pai, tudo bem nele a sua razão de ser

Se no AT Deus é visto como Pai do justo, Jesus ressalta que a perfeição da justiça do Pai
está na misericórdia que ama até mesmo os inimigos (Mt 5, 43-48 // Le 6,36). Se ja no AT
Den d Pai dos pobres (S1 68,6), Jesus insiste na Providencia em termos que parecem
exagerados (ML.6. 25-34 Le 12.22-32; Mt 10,29-31), pois o Pai è generoso (Mt 7.11//Le
11,13) e faz o bem porque the agrada (Le 10,21 Mi 11,26; 12,32)

Em particular, as parábolas da misericórdia revelam um Pai até entlo desconhecido (os

judeus são o amão mais velho da parábola do filho pródigo: Le 15; Mt 18,12-14) e justificam
o

comportamento de Jesus que, em sua vida terrena, deve encarnar os sentimentos paternos
porque é com o Pai uma coisa só. Pai do pecador (Le 15). Deus é ainda Pai atencioso do
necessitado (Mt 20, 1-16) Por ser o Filho que revela ncle quem é o Pai, Jesus age por
compaixão (Mc 1,41, 634, 82 Mt 18,27-35, 20,34; Le 7,13,10,33) Na oração Deus quer ser
tratado como Pai (Mt 6,5-9 Le 11,13; Mc 11,25), assim como

na esmola (Mt 6,2-4) e no jejum (Mt 6,16-18). O perdão (Mt 6,12.14s // Le 114; Mt 18,35, Mc
11.25) e todas as obras são motivadas na qualidade de Deus como Pai, da maneira como
Ele é Pai

(Mt 5, 16; 6,1, 13,43) Por tudo isso, Pai como Ele somente Ele (Mt 23,9). Toda a missão de
Jesus

se resume em revelar o Pai (lo 17.3.26)

O termo Par' è especialmente caro a Jollo (118x) e a Mateus (44x, contra 5x em Mc c 17x

"Vosso, teu Pai" 5,16.45.48,6,1.4.6.8.14. 15.18.26.32, 7,11;10,20.29, 18,14,23,9 Comparar.


Mt 7,21 Le 6,46; Mt 10,32s Le 12,8s; Mt 12,50 Mc 3,35; Mt 20,23 // Mc 10,40, Mt 26,29// Mc
14,25. Lucas tem em próprio somente 12,32 Me nunca refere 'meu Pai" 11,25s vosso Pai;
8,38: "seu Pai' (do Filho do Homem), 13,32 'o Pai Em compensação é o único a lembrar a
expressão "Abbá Mc 14,36,

Todavia e portanto, se outros se tornam filhos, Jesus se apresenta como sendo g Filho!

Das e Pai de Jesus de uma maneira única, própria, exclusiva e concreta (cf.

cristologia) Jesus chama Deus sempre de "Pai" (44x em Mt; 118x em Jo), revelando uma
preferência exclusiva (não usa os títulos da piedade judaica: o Trono, o Bendito, o Nome...)
que leva o titulo a ser praticamente um nome proprio. O Pai é sempre o "seu" Pai. Ele
nunca fala de José e Maria

Men Pas 7,21:10,32-33,11,27:12,50,15,13; 16,17,18,10.19.35:20,23,25 34

(417)26,29.39.42.53; Pat 11,25-27, 24,36,28,19; Seu Pai: 16,27 (do Filho do Homem); 13,43
(dos justos);

Referências exclusivas de Lc 2,49; 22,29; 23,34.46, 24,49 - A graçlo de Jesus: reza sozinho
(Mc 1,35; 6,46; 14,32, Mt 14,23, Le 5,16; 6,12; 11,1). pois Ele é Filho único, sempre
chamando a Deus de Pai. Provavelmente sempre usou o termo aramaico "Abba" (próprio só
para o pai biológico), Mc 14, 36, para dar a entender o realismo familiaridade confiante de
sua relação filial com Deus. No tempo de Jesus, na sinagoga os judeus já invocavam a
Deus como Pai, mas nilo com o familiar 'Abbá'; portanto, em bebraico e não na formula 'meu
Pai'. Mt 11,25-27 // Le 10,21s, Mt 26,39.42, Le 22,42; 23,34.46, Jo 11,41: 12,27s,
17.1.5.11.21.24s. Se Me é o que menos lembra Jesus chamando a Deus de Pai, ele é o
único a lembrar o 'Abba', e no momento menos esperado, na hora do abandono da parxão
(cf. Gn 22,7)

O modo de Jesus falar e de se comportar munca diz "Pai nosso" (em Mt 6,9 são os
discipulos que assim devem dizer). Embora todos sejam filhos, somente Ele tem autoridade
para falar em nome do Pai e acima da Lei (Mt 5, 22 28 32 34.39.44). Ele apresenta a sua
vida inteira como uma obediència total e exclusiva ao Pai. O Pai - além das Escrituras, mas
não à Lei e a única pessoa a quem Ele se refere de forma constante: Jo 8,54-56, 20.17
Diferentemente dos Sinóticos, em Jo Jesus fala do Pai sempre como Pai dele: somente
após a ressurreição diz " meu Pai e vosso Pai" (20,17), marcando a diferença da filiação. A
sua vida e a sua morte constituem o cumprimento de uma missão confiada somente

a Ele e que só Ele pode cumprir: é o único enviado, porque único Filho. No fim resume toda
a sua obra: "Eu lhes dei a conhecer o teu nome" (Jo 17,26), o nome de Pai - Nas parábolas,
Jesus aparece em posição de singular intimidade: Ele é o Filho e Filho

amado, os demais são servos (Mc 12, 1-12). - No batismo e na Transfiguração, Ele é o Filho
muito amado; tem todo o amor porque

é único (Mt 3,17; 17,5). Lucas acentua o estado de oração ao Pai: 3,21, 9,28s.

Só Ele conhece o ama o Pai, e por isso só Ele pode falar do Pai (Mt 11, 25-28 comparado
com Jo 10, 14s, 17; Eclo 24). Somente Ele pode falar do Pai porque somente Ele é Filho. Jo
6,46b: "Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai": só Jesus sabe e pode revelar que
Deus é Pai e como Ele é Pai. Jo 1,18: "Ninguém jamais viu a Deus: o Filho Unigénito. que
está voltado para o seio do Pai, o deu a conhecer", o deu a conhecer exatamente como Pai.
Note-se: ao Pai aprouve, o Filho revela o que quiser são iguais na liberdade e

gratuidade!

- O Evangelho de João contém as afirmações mais explícitas e abundantes a respeito das


relações entre o Pai e o Filho. O Filho é o Unigénito (1,18), um com o Pai no agir (5.17 No
Antigo Testamento julgar e dar a vida são atribuições exclusivas de lahweh) e no ser (10,30:
usa neutro: 'hen': uma coisa só; 14,10s). Ver o Filho é ver o Pai (14,9). 16, 15: "Tudo o que
o Pai tem é meu"; cfMt 11,27, 28,18, Jo 8,58: "Antes que Abraão nascesse, EUI SOU".
Portanto, Deus é Pai porque desde toda a eternidade possui um Filho igual a Ele.

Deus é chamado de Pai por judeus e cristãos, mas para estes Deus é Pai porque tem um

Filho igual a Ele, pois é na relação com o Filho que Deus é Pai. Os pagãos vêem a Deus
como

Pai para criaturas e escravos.

O modo, portanto, como Jesus fala do Pai, de Deus seu Pai, nos obriga a entender a

unidade e unicidade de Deus, de forma nova e complexa. Abre-se novo capitulo após o

enoteismo e a monoteismo. Introduz-se a negação dentro de Deus, no sentido em que se

percebe com clareza que o Filho não é o Pai. A divindade de Jesus não é afirmada
diretamente,

mas dada a entender.

IV- O ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO


A nossa tarefa será esclarecer que o Pai, o Filho e o Espirito são divinos, distintos entre
Eles e que apresentam as mesmas caracteristicas expressas no Antigo Testamento, além
de outras novas. Estas novas características definem com maior exatidão o que foi revelado
no Antigo Testamento, indo, porém, além do esperado e do que podia ser previsto, e
concluindo um processo de hipostatização (processo de diferenciação entre as Pessoas)
que começou e acentuou-se no Antigo Testamento, sem, no entanto, compor um quadro
coerente.

Para o Espirito, a questão mais delicada é a sua distinçilo, ou seja, o poder-se afirmar que
Ele não é os outros dois, embora nilo menos divino do que as outras Pessoas. Essa
ocultação do Espirito è a sua kênose (cf.FI 2,7). De fato:

"Espirito" não é nome proprio, pessoal, de relação, mas nome comum, de atividade

função;

ou

o termo "espirito" tem, pelo menos, cinco acepções no Novo Testamento: alma, graça
santificante, atributo da atividade divina, personificação e pessoa distinta, que é o que se
precisa averiguar. Para essa última significação há textos certos e outros apenas prováveis
(CI Biblia de Jerusalém, Rm 1.9) e p.21.

1-O Espirito Santo na vida de Jesus

Não há no Novo Testamento a preocupação de reconhecer a distinção das Pessoas, mas


xima de expressar a presença do Espirito em Jesus, presença plena, ativa, permanente, de
maneira que Jesus seja reconhecido como o Messias, - o que possui e o que dá o Espirito -
e de que tudo estava dirigido para Ele, o Jesus de Nazaré,

No Batismo (Mc 1,9-11 // Mt 3,13-17// Le 3, 21-22) temos:

A manifestação oficial de Jesus a Israel como o Messias ungido pelo Espirito. Sobre

Ele repousa o Espirito, o que vem a ser um novo início para a história. O simbolismo da
pomba é incerto (referència a Gn 1,2? a Gn 8,10s ? a Ct 2,14; 5,27) O mais importante é
que se trata de manifestação visível. A descida do Espirito Santo é como uma unção, porém
em vez do óleo, é derramado o

Espirito Santo "em pessoa". Cf. At 10, 37s, Is 61,1; 42,1: Jesus é apresentado como o
Messins, na veste profética do servo de lahweh.

A revelação do modo como Jesus realizaria sua função: sendo o depositário do Espirito,
Cristo irá distribuir o Espirito como principio de justificação e santidade. O Messias não
possui o Espirito só para poder agir em favor dos homens, mas para distribuir o que
recebeu. Os homens não irão gozar apenas dos frutos do dom do Espirito, mas receberão o
mesmo Espirito de Jesus. Cf. Mc 1,7s; Le 3,16s; Jo 1,32s. A vida eterna vem do Espírito
Santo, mas Ele só vem quando enviado por Jesus. É por isso que o "sopro" vem da boca de
Jesus (Jo 20,22).

É uma experiência pessoal de Jesus, que recebe o Espirito como impulso dinâmico e

interior para agir como o Messias (cf. apostila de cristologia).

Na vida pública de Jesus, o Espírito é sempre operante. Expressões que resumem sua vida
pública:

- Deus estava com Ele (por meio do Espírito: At 10,38). - Jesus è movido pelo Espírito em
tudo o que faz após o batismo: Mc 1,12// Mt 4, 1// Le 4, 1; Le 4, 14.18; 5, 17; 10,21. Em
especial, as curas, a pregação e a expulsão dos

demônios: Mt 4, 23; 8,16s; 12,28. the dá o Espirito sem medida (tradução possivel): Jo 3,34
(Lecionário da missa:

espirito em letra minúscula!). Os sinóticos referem o fato da presença do Espírito em Jesus


e João oferece um motivo: o Espirito compete ao Messias, porque é Filho, um com o Pai.

Em particular, Lucas é o evangelista do Espirito. No evangelho e nos Atos temos uma


descrição rica e variada da sua presença e ação no Cristo e na Igreja. É incerta, porém, a
interpretação da distinção e personalidade do Espirito. Além dos textos já citados, cf. Le 1.
35, Mt 1,18.20 (concepção). Le 10, 21 of. Mt 11,25 (oração), Lc 1, 15 (santificação do
Batista), 1. 41 (Isabel); 1, 67 (Zacarias); 2, 25. 27. 36s (Simeão e Ana). Sobre o simbolo da
nuvem na transfiguração Me 9,7 // Mt 17,5 // Lc 9,34 cf. p. 21

Ditos

Jesus não fala abertamente do Espirito. O pouce que encontramos a respeito permanece

quase só dentro do quadro do AT: Espirito significa a força e poder de Deus. Le 4, 16-21:
discurso inaugural na sinagoga de Nazaré (citação de Is 61,1s).

- Mt 12, 28//Le 11,20; Mc 3, 28// Mt 12, 31s Le 12,10: ação do Espirito na expulsão do

demônio e blasfemia contra o Espirito.

Mc 12,36 (o Espirito Santo) // Mt 22,43 (espirito): inspiração (// Lc 20,42 omite!) Mc 13, 11 //
Mt 10,20 // Lc 12,12: o Espirito nas perseguições.

- Le 11, 13: pedir o Espirito na oração (cf. Mt 7, 11). Mt 28, 19: o mandato missionário.

Há uma série de textos onde os termos "força, poder, virtude poderiam ter sido interpretados
posteriormente como "Espirito": Mc 5, 30, Le 5, 17, 6, 19, 24, 49. Cf. Le 11, 20 comparado
com Mt 12, 28: Espirito ou dedo de Deus? Ainda: Mc 12,36 Mt 22,43 // Le 20,42 Me 3, 29 //
Mt 12,32 Lc 12,10 foi sempre considerado, na tradição, como tendo
especial valor dogmático: o Espirito aparece distinto de Cristo e relativo a Ele

2-0 Espirito Santo na vida da Igrcia (Atos e Paulo)

Aqui se impõe uma pergunta: se o Senhor pouco falou do Espirito, como é que João
demonstram um conhecimento tão rico e, sobretudo, um reconhecimento tão claro da

Paulo e

distinção do Espirito Santo e da sua personalidade?

Na formação do dogma trinitário tiveram um papel fundamental as experiencias

carismáticas da comunidade primitiva. Por fenòmenos pneumáticos entendemos: - os vários


Pentecostes (At 2, 1-42; 4, 31; 8, 15:17; 10, 44s;19,6). A primeira efusão do

Espirito tem, para a Igreja, a mesma função do batismo para a vida pública de Cristo. As

vezes a comunicação do Espirito é significada pela imposição das mãos (At 8, 18) as
intervenções extraordinárias (carismas): milagres, curas, ilustrações, éxtases, dom das

linguas, profecias, interpretações, especialmente em Corinto. as reações anímicas: paz,


alegria, coragem ("parresia"), confiança, fé, etc., também

meio às tribulações (At 5,40s)

em

As conversões, a propagação da fé, a unidade e santidade da comunidade primitiva (At


2,41-47; 4,32-35; Gl 3,28). Para esses textos cf. notas das Biblias: BJ; TEB; BP.

As comunidades de Paulo devem ter conhecido manifestações impressionantes do

Espirito: Gl 3, 2.5; 1 Ts 1, 5, 1 Cor 2, 4, 2 Cor 12, 12. Paulo teve de se preocupar em corrigir
as fáceis distorções e excessos. Mas essa exuberância parece ter tido grande importancia
no reconhecimento da personalidade do Espírito Santo. Pode-se presumir que o que levou
os cristãos à persuasão da distinção do Espino

Santo, análoga à distinção entre o Pai e o Filho, tenha sido a sua manifestação diferente,
ordem carismática. O que começou a acontecer nos vários Pentecostes foi diferente de tudo
o que acontecera antes, durante a vida de Jesus, e passou a acontecer mesmo sem a
presença fiica visivel d'Ele.

Carismas, estados interiores de paz, conversões repentinas e profundas, compreenalo da


palavra e do mistério de Cristo, força nas perseguições, esperança do Reino acontecem so
agora. Se o Espirito não fosse distinto de Cristo teria se manifestado dessa maneira durante
a vida de Jesus e não sem o Cristo visivel, após a ressurreição. Essa sucessão de etapas
induz a atribuir ao no Espirito uma certa "autonomia". Efeitos diferentes indicam que
pessoas diferentes os produzem; efeitos relativos s relativos insinuam o único Deus,

Porém, do texto do livro dos Atos e das referências nas cartas de Paulo à vida das
comunidades, não aparece de maneira clara a distinção e a personalidade do Espirito. Tudo
ainda pode ser interpretado no quadro e mentalidade do Antigo Testamento: a novidade é
que o Espirito se manifesta agora em Jesus Messias e na comunidade messiânica unida a
Ele Assim, toda a iniciativa apostólica na difusão do Evangelho é dirigida por ação do
Espirito (At 11, 24, 2, 4, 13, 52 "cheios do Espirito Santo").

E o Espirito que dirige a Igreja e sugere as decisões (4,8: Pedro ao Sinédrio; 8, 29: Filipe:
10, 19s Cornélio, 15, 28: Concilio de Jerusalém; 16,11: viagem de Paulo). O Espirito é a
manifestação iluminativa de Deus no governo da Igreja nascente. O Espirito è, portanto (o
texto não obriga a ir além disso), a personificação da ação divina que dirige os
representantes e os membros da Igreja que receberam o poder do alto (Lc 24, 49) e o
batismo no Espirito (At 1.

S) CC At 1, 8, Biblia de Jerusalém O texto onde já se prepara a consciência da distinção do


Espírito ou onde ela já se encontra em forma embrionária é o de Atos 19, 1-7, que se refere
aos joanitas de Efeso que recebem o batismo de Jesus e, depois, o dom do Espirito em
forma carismática. Significativo é

o Espirito falando em primeira pessoa: At 10,19s, 13,2; 21.11.

Na formação da doutrina teológica de Paulo, que passaremos a examinar, influiram

vários fatores: a experiência do Espirito (comum e mistica, pessoal e comunitária), a cultura

judaica, rabinica e helenista, a catequese e a vida das comunidades e o seu esforço de

compreensão e reflexão pessoal.

3-0 Espirito Santo na primeira reflexão teológica (Paulo e João)

São Paulo:

Possui doutrina extremamente rica, apresentada aqui esquematicamente.

A doutrina de Paulo está em continuidade com o Antigo Testamento, no qual se manifesta a


ação de Deus, ora produzindo efeitos extraordinários, carismáticos, ora transformando a
vida pessoal dos homens para que observem a Lei

Para Paulo, o Espirito age no Cristo celeste (Messias e Senhor) e, a partir dEle, no cristão,
produzindo neste efeitos carismáticos e, sobretudo, uma vida nova, visando a formação do
único Corpo de Cristo. Dentre os primeiros, notemos: a pregação (1 Cor 2,1-5) e os vários
carismas profecias, milagres, curas, interpretações, etc (1Ts 1,5, 1Co 12,4-11; Gl 3,5, Ro
15,188) A vida comunicada pelo Espirito é uma vida nova, diferente da anterior, que era
própria de gregos e judeus; é interior, pois provém do alto e reside no coração, e é
espiritual, porque nela o Espirito comunica ao homem o seu modo de comportar-se, todo ele
relativo a Cristo. Assim cria um homem novo, interior e espiritual, em harmonia com a nova
aliança, interior e espiritual.

Essa vida é interior, pois o Espirito tem sua sede no coração, onde é primicia, germe e arras
e onde procura tornar o homem capaz de obedecer livremente à vontade do Pai.
manifestada em Cristo: esse dom é a caridade (Ro 5,5 BJ).
O Espirito, no coração, não é simples estimulo, guia, hóspede, consolador, mas e
sobretudo, principio operativo, energético, exercendo uma atividade própria e original.
denominada frutos do Espirito (Gl 5, 22). O Espirito exige, provoca, requer tais frutos,
através dos quais Ele se exprime, levando o designio do Pai até a sua última atuação de
poder na ressurreição da came.

O Espirito age no cristão para formar para Cristo um único corpo, que é a Igreja e para.
através desta, agir no cristão (1 Cor 12, 13; Ef 2, 16.18; 4, 4). No dom interior do Espirito
temos o fato decisivo da separação entre o Antigo e o Novo Testamentos amento: o que faz
novo o Novo Testamento é o dom interior do Espirito como fruto da Ressurreição de Cristo.
Com esse dom são cumpridas todas as promessas (Ez e Jr) e a esperança messiânica
alcança seu objetivo (2 Cor 3; Ez 11, 19, 36, 26, Jr 31, 33, 32, 40). Ao cristão transmitem-se
os privilégios de Israel: a Lei, o Templo, a circuncisão, o sacrificio, o ser

filho de Abraão, o ser povo eleito.

O Espirito Santo é distinto do Pai e do Filho, com os quais mantém relações de origem e
missão (1 Cor 2,12). E Espirito de Deus (Rm 8, 5. 9. 14; 1 Cor 2, 11.12.13), Espirito do Filho
spirito (G1 4,6), Espirito do Senhor (2 Cor 3, 17), Espirito de Cristo (Rm 8,9), Espirito de
Jesus Cristo (FI 1,19), Espirito da boca do Pai (2 Ts 2,8). Ele tem atividades pessoais,
ensina (1 Cor 2,13), fala (Gl 4, 6; Rm 8,15), habita, age como lhe agrada (1 Cor 12,11). Se
Ele tem, tão somente Ele, certas atribuições em comum com o Pai e o Filho, por exemplo:
habitar no cristão e habitar como num Templo (2Co 6,16 o Pai; 1Co 6,15; Ro 8,10,

Ef 3,17 o

Filho,

1Co 3,16; 6,19 o Espírito), viver (Ro 6,11 o Pai, 1Co 1,30, 2Co 5,17 o Filho,

Ro 8, 4s; GI 5,25 o Espirito), justificar (GI 3,17 o Cristo; 1Co 6,11 o Espirito), etc., outras lhe

são exclusivas: ser primícias e arras (Ro 8,23; 2Co 1,22; 5,5; dito de Jesus em outro sentido

1Co 15,20.23), testemunhar o Filho, dizer Abbá no coração do homem, dar a certeza da

ressurreição (Ro 8,11), etc. GL 4, 4-6: se o Filho enviado é distinto do Pai, também deverá
sê-lo o Espírito,

igualmente enviado pelo mesmo Pai.


Rm 8. 14-16: o testemunho é válido, porque de pessoa diferente daquele de quem e
daquele para quem se presta o testemunho. Reforçar com o seu, o testemunho dos filhos, é
algo estritamente pessoal, que legitima esse testemunho. 1 Cor 2,10-12 confrontado com Mt
11, 27: desses dois textos forma-se o que São Basilio

chamava de "méguiston tekmérion" (o argumento mais forte): o Espirito é equiparado ao


Filho, pois cada um a seu modo é o único a conhecer o Pai, afirmando-se, assim, o ser
distinto e pessoal de cada uma das Pessoas.

Distinto dos outros dois, o Espirito, na sua quênose, não è invocado, mas é aquele que nos
faz invocar: "Abba" (Ro 8,15; G1 4,6) e confessar: "Jesus é o Senhor" (1Co 12,3), aquele
que com a Igreja-esposa clama: "Vem!" (Ap 22,17).

CE ainda: Hb 2,4; 3,7; 6,4; 9,8.14; 10,15.29, Tg 4,5 BJ; 1Pd 1,2.11s; 4,14; 2Pd 1,21; Jd 19s

São João:

A formulação do quarto Evangelho é menos articulada e mais elementar do que aquela que
encontramos em Paulo. A concepção do Espírito é a mesma, porém expressa numa
linguagem própria, veiculando dados pessoais preciosos. Uma possivel organização dos
textos tem como critério os simbolos do sopro e da água e o tema das promessas: - a água:
1, 32s, 3. 3-5.34 (cf.p.25); 4, 10-14; 7, 37-39 BJ; 19, 34; Ap 22, 1.

Já no Antigo Testamento a água é simbolo da vida e do Espirito. Temos assim três


analogias: vento-sopro, óleo e água. O primeiro a possuir o Espirito é o Cristo glorioso.

d'Ele, a água se derrama sobre todos (1,18). - o sopro: 3,5-8; 19,30 ? (o sopro de morte è
na realidade o sopro da vida dada) 20, 22-23
as promessas do Espirito:

-a presença: 14, 16-18.

-o ensinamento: lembrar, ensinar. 14, 25s..

conduzir à plena verdade:16,12-15.

-o testemunho; em favor de Jesus: 15, 26s.. contra o mundo: 16, 7-11,

Observe-se que:

1 promessa

2 promessa 5 promessa

3* promessa

4' promessa
Lembrar é favorecer a compreensão interior e pessoal do discipulo; é tornar possivel o
entendimento do que já tinham ouvido de Jesus. Ensinar-lembrar-conduzir à verdade é
produzir a assimilação interior, a compreensão

vinda do interior da pessoa. Testemunhar no tribunal da consciência do discipulo, o demônio


e o mundo acusam

Jesus de impostura; o juiz chamado a julgar é o discipulo, que dispõe de um advogado, o


Paráclito, que defende Jesus e mostra como o demônio deturpa a sua doutrina. Cf. no
suplemento uma exposição mais detalhada das cinco

promessas

Como se pode notar, a linguagem de Paulo tem origem na analogia biológica (vida,
crescimento, semente, fruto, colheita, geração, etc), enquanto que João usa categorias mais
intelectuais (ensinar, dar testemunho, conhecer) ou cósmicas (água, sopro). Mas, para
ambos, o Espirito é o dom interior que harmoniza o homem em seu intimo com a vida do Pai
e do Filho. Se o Filho é a Palavra, o Espírito é o ouvido no homem para que escute a
Palavra. Se Paulo fala da lei interior, João fala do ensinamento interior. Segundo Ezequiel
36, o Espirito faz viver de acordo com os decretos Lei); segundo Jeremias 31, o dom é o
conhecimento do Senhor.

Personalidade e distinção do Espirito: Ele é todo relativo ao Pai e ao Filho, já que vem,
recebe dEles, ouve e é enviado por Eles. Embora "pneuma" seja neutro, João usa a
concordância dos pronomes no masculino (15, 26; 16, 13-14). Em 14,16, fala de "outro.
consolador" em paralelo com Jesus Segundo João, há dois Paráclitos: Jesus (1 Jo 2,1) e o
Espirito (Jo 14, 16). O titulo "Paráclito" só se encontra no Evangelho de João. Para o
judaismo eram paráclitos (advogados, defensores, intercessores, assistentes) os que
intercediam junto ao tribunal de Deus em favor dos homens: a lei, os anjos, as boas obras,
os méritos. Segundo João, o Espírito è Paráclito na terra junto de nós e Jesus é Paráclito no
céu junto do Pai (1 Jo 2,1). CE Ro 8, 26s.34.

Em João, portanto, assim como em Paulo, o "Espirito" é um distinto em Deus, não um

nao-Deus, outro Deus ou simplesmente linguagem humana sobre Deus. João enfatiza não
tanto

as atividades de cada Pessoa mas, sim, como as très Pessoas se relacionam

NB qual o sentido de 'espirito' em 4, 23s; 6.63; 11,13; 13, 21?

Outros escritos: 1Jo 2,20 BJ.27 (unção); 3, 24; 4,13; 5, 6.8; Ap 14, 13; 22, 17.

SUPLEMENTO

PROMESSAS DO ESPÍRITO SANTO NO EVANGELHO DE JOÃO


Por cinco vezes, durante a última ceia (Jo 13-17), o evangelista João refere promessas

relativas à vinda e missão do Espirito Santo junto aos discipulos. O clima geral do discurso
revela um último colóquio, um discurso de despedida, no qual Jesus deixa a sua herança, o
seu legado, o seu testamento aos discipulos, tudo o que ele recebeu

do

Pai e que ele multiplicou ao longo de sua missão terrestre (cf. Mt 25,14-30). Na hora da
despedida Jesus promete deixar o Espírito junto com o mandamento do amor: assim Ele
continuará presente, não deixando seus discipulos na orfandade. Confia-os uns aos outros
e confia-os ao Espirito. Quanto à historicidade dos ditos, basta-nos admitir uma
autenticidade do sentido do que Jesus fez e ensinou durante a sua vida terrena na carne, à
luz do que Ele realiza na comunidade como ressuscitado glorioso no Espirito.

Nessas cinco promessas podemos identificar os seguintes elementos:

1" A identidade do Espirito:

os nomes: o Espirito o Santo (2),

Espirito da verdade (1, 3,

5 promessa),

Paráclito (1 4 promessa; na 5 Ele' equivale

a Paráclito pela leitura

sinótica). - as expressões: outro Paráclito (1); ele vem (5"); a concordância gramatical no

masculino, apesar do neutro 'pneuma" 2" As relações entre as Pessoas divinas:

-o Espirito e os outros dois:

Jesus roga e o Pai dá o Espirito (1) O Pai envia em nome de Jesus (2")

Jesus envia de junto do Pai (35)

O Espirito procede do Pai (3)

Jesus envia (4) O Espírito vem (5): o aspecto da relação è aqui ausente.

- o Pai e Jesus:

Tudo o que o Pai tem é de Jesus (5"). - Jesus e o Espirito (5"):

O Espirito recebe (toma) de Jesus


O Espirito ouve de Jesus.

O Espirito fala o que ouviu O Espirito glorifica Jesus.


3º As relações do Espírito com os discipulos: Estas aparecem através do uso das
preposições ('en', 'methá', 'pará' 1")

formas verbais distinguindo as três fases: passado, presente e futuro: tudo o que Jesus era
e fazia, o Espirito fará,

mas segundo o seu modo (eficaz e interior) advérbios: agora, em semelhança, abertamente.

A missão do Espirito è

Presença eficaz e interior: estar com, permanecer (1)

Como Mestre (2° e 4"): ensina, recorda, conduz à plena verdade, anuncia.

Como Testemunha (3° e 5): testemunha a favor de Jesus, refuta o mundo.

O discipulo, por sua vez,Conhece, vě, compreende, acolhe (1"), dá testemunho (3").

4 As relações do Espirito com o mundo O mundo não vê, não conhece, não pode acolher o
Espirito (1") O Espirito confunde o mundo (refuta, mostra a sua culpa) (4")

PRIMEIRA PROMESSA: Jo 14, 16-18

καγώ είδωτήσια τον πατέρα

και άλλον παράκλητον δίσα υμιν ίνα η μεθ' υμών εις τον αλκα ο ο κόσμος ου δύναται λάβαιν
ατι συ θεωρει αυτο ουδε γινόσκαι υμος γινώσκετε αυτο

το πνεύμα της αληθείας

στι παρ'ομιν μένει καὶ ἐν ὑμιν έσται.

16 Eu rogarei ao Pai

e vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco,

170 Espirito da verdade que o mundo não pode acolher, porque permanece junto de vós

porque não o vě nem o conhece Vós o conhecceis,

e estará em vós

A identidade do Espirito como pessoa é reconhecivel na expressão outro Paráclito, em


referència a Jesus, que por primeiro merece tal titulo. Se a Jesus Paráclito atribui-se caráter
pessoal, também ao Espirito Paráclito deve ser reconhecida a mesma caracteristica "Outro"
é expresso com 'allos' e não com 'heteros'. Apesar do uso promiscuo desses adjetivos no
grego helenistico, diferentemente da época clássica que os distinguia. escolha

allos insinua uma personalidade diferente, e não somente alguém numericamente distinto.
Essa promessa contém três modalidades, segundo a preposição e a forma verbal: estar
com preposição 'methà' 'uc0a": presença eficaz, pela qual Jesus garante o êxito da missão
a eles confiada de testemunhas e continuadores de sua mesma missão;

-estar em: com a preposição 'ev': presença interior no testemunho (3º e 4º) e no
ensinamento (2 e 5). O verbo "estar"-"estai no presente gramatical tem sentido futuro; -estar
junto: com a preposição 'napà: está junto porque está em Jesus: os discipulos reconhecem
que Jesus possui o Espirito Santo e não o espirito do mal como pensam os fariseus. Esta
primeira promessa é geral, promete uma presença cujo conteúdo e proposito passa a ser
especificado nas quatro promessas seguintes.

SEGUNDA PROMESSA: Jo 14,26 O Espírito Mestre em relação ao passado

ο δι παράκλετος, το πνεύμα το άγιον ο πέμψει ο πάτερ ἂν τω ονόματι μου,

εκεινος υμας διδάξει πάντα και Υπομνήσει υμας πάντα α ειπον ὑμῖν ἐγών

26 O Paráclito, o Espirito Santo

que o Pai enviará em meu nome,

vos ensinara tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse.

- Observe-se o nexo a partir do versiculo 18.

-Relações entre o Paráclito, Jesus e o Pai:

- Identidade: o Paráclito é o Espírito Santo; O Espirito o Santo: só aqui usado com duplo
artigo, o que acentua a personalidade do Espirito; a concordância, por sua vez, se dá no
masculino "ekeinos', pelo sentido (não é usado o feminino!), não pelo gênero gramatical

neutro.

Relação com o Pai: o verbo 'pémpo'-enviar (na 1 corresponde a 'dar') é usado também para
indicar missão do Filho e usado pelo Filho para tratar da sua missão. Entre o Pai e o
Paráclito há a mesma intimidade que o tema da missão revela entre o Pai e o Filho. Espirito
no futuro com intermediário (26:nome; 16: oração). Filho no passado, sem intermediário. -
Relação com Filho: enviado em seu nome (pela sua oração 14,16). O nome do Pai é a
pessoa enquanto revelada e dada a conhecer por Jesus. Indica a união estreitissima entre o
Pai e o Filho na missão do Espírito e a mediação de Jesus. A oração é infalível porque o

mesmo Jesus, como mediador necessário, está associado a essa operação de enviar.
Mandar
em nome de Jesus- ele manda por quem é confessado pelo discipulo como Filho de Deus.

A atividade do Espirito:

1- Ensinar (Sióagn ötőažev): transmitir ensinamento.

- o que ensina:

távta: tudo o que Jesus disse (e fez)

O que Jesus disse estando com os discipulos (16,13.15) o mesmo que Jesus tinha
ensinado, em sua atividade própria

διδάσκαλος: 6,59, 3,14,28; 8,20,

e tipica de Mestre

Jesus ensina e revela o Pai assim como a própria filiação (17,3; 18,20), não ensina

particulares mistéri é mestre da Lei Jesus ensina porque ouviu, recebeu, aprendeu do Pai,
diz o que o Pai lhe ensinou 8,28; 7,16s; 14,24; 2Jo 9. Jesus não é autodidata e nem
aprendeu dos homens.

Por sua vez, o Espirito ensina Jesus porque aprendeu de Jesus.

Enviado em nome de Jesus, o ensinamento do Espírito è subordinado ao de Jesus.

O ensinamento de Jesus deriva do Pai (origem) sua autoridade e conteúdo.

O ensinamento do Espirito vem de Jesus, que lhe dá autoridade e conteúdo: 16,13-15

Jesus ja ensinou tudo, o Espirito não ensina novidades (15,15). Mas se no fato e no
conteúdo do ensino o Espirito é igual ao Filho, è diferente no modo, como segue.

- o modo e o lugar do Espírito:

ensinamento interiorizante: 'ev uuiv' (1* promessa)

Ensinamento interior, invisivel, na inteligência da fé, na consciência e no coração. Uma


doutrina não condicionada pelos limites do espaço e do tempo ou pela

mentalidade do ouvinte; ensinamento irresistível.

E assim pelo teor da 1 promessa, pelo modo como de fato acontece, não pode cumprir na
sua vida terrena.
- a finalidade:

pelo que Jesus

produzir uma fè viva, a assimilação e apropriação pessoal do ensinamento de Jesus,

levar ao intimo do coração e da mente, dar compreensão e experiência, a interpretação


auténtica, a inteligência profunda. A obra do Espírito torna supérfluo o ensinamento
meramente exterior, pois é como

uma unção (1Jo 2,20.27). O óleo torna os movimentos espontáneos, fáceis, não
desgastantes, suaves: as passagens tornam-se lógicas, as interpretações e concatenações
passam a ser rápidas e não forçadas. Espirito liga suavemente o Antigo e o Novo
Testamento, os fatos e os ditos de Jesus, o Jesus histórico e o Cristo da fe, o passado com
o presente e o futuro, a ordem da criação com a da redenção, o natural com o sobrenatural,
a natureza com a graça, a Igreja com a humanidade, Jesus com a comunidade dos
discípulos, a razão e a fé, e assim por diante. A pessoa percebe que os ensinamentos de
Jesus não são absurdos, antiquados, estranhos. impraticáveis, abstratos, frios. O discípulo
passa a julgar tudo desde dentro, não de fora. Dai que pessoas inteligentes e cultas nada
entendem da fé, quando não acatam a unção do Espírito. O Espirito leva a superar o
momento intelectual e informativo e abre para acolher vitalmente o ensinamento.

O Espirito torna possível o viver as palavras de Jesus, permanecer na palavra (8,31;

15,7) Espirito da verdade, dá à verdade a sua forma completa no coração do discipulo.

Recerdar não repetir, reavivar a memória, a vi complacência no passado, para viver de


renda. Não se trata simplesmente de salvar o passado do esquecimento A anamnése,
lembrança, recordação, memorial, já no AT, diz respeito a Deus e ao homem Deus lembra
demonstra mais uma vez sua fidelidade às promessas. Homem lembra estimula a
renovação, atualização, o reviver no presente a

intervenção divina passada

- toma consciència que a existência de cada um está inserida no plano de Deus;


consciência dos deveres do presente e esperança

no futuro;

- Adaptação: reviver o passado nas condições do presente,

inserir o presente no movimento que vem do passado e conduz

ao futuro.
Acontece na prece, na meditação da Palavra, na celebração cultual o encontro com o Deus
vivo que age tornando possivel o dar vida ao fato passado. No NT tal celebração é a
eucaristia, vivida com consciência e coerência: "fazer isto em memória de mim".

-A memória-recordação em Jollo: -2,17 (liga dito do AT com a vida de Jesus), 15,20 (liga
fatos e ditos de Jesus): 16,4

(liga vida do discipulo com ditos e fatos de Jesus); 13,19 (liga passado e presente e futuro
com Pessoa de Jesus); apesar das diferenças entre eles, há coerência e o discipulo
entende que tudo tem o seu valor e conveniencia 2,19.22; 12,16: A ressurreição torna
possivel descobrir o significado e o alcance dessas realidades: lembrar é crer e entender o
que foi objeto de experiència sensivel.

Lembrar é dar a entender com base nos novos fatos que vão surgindo

- a continuidade da memória: o Pai lembra-se de Jesus, Jesus lembra do Pai, Jesus

lembra dos discipulos, os discipulos lembram-se de Jesus: o Espirito garante essa


continuidade. - a atividade do Espirito Santo na memória:

O Espirito lembra aos discipulos tudo o que Jesus revelou (palavras-ditos e ações gestos),
sinais e ensinamentos, doutrina e obra. O Espirito lembra colocando de novo diante do que
é evocado-revivido:

ditos: dá a compreensão da fé, encaixando tudo e tornando tudo transparente

e luminoso: doutrina-ensinamento inserido no contexto próprio, inteligencia

espiritual profunda, assimilação personalizada

Jesus deixa de ser considerado enigmático, incompreensivel, escandaloso, distante e


estranho. Ele é o que dáå testemunho de si feitos: o Espirito realiza uma atualização vital,
reapresentação da realidade

lembrada como ação eficaz: lembra palavras de Jesus que são palavras de Deus que lhe dá
o Espirito sem medida, palavras de vida eterna, que são espirito e vida. 14,10.12: o Pai
realiza a obra no discipulo. O Espirito torna as palavras presentes e

ativas, operantes; quando acontece, o discipulo vê que já tinha sido dito e entende

melhor o que fora dito.

- o Autor: o Espírito reatualiza a presença de Cristo, palavra do Pai, revelação

com a sua pessoa. Na Liturgia: a oração epiclética toma presente Jesus, dá o contato com a
Pesson
presente nu açilo liturgica A oração do Espirito e da Igreja-Esposa fara Jesus voltar (Ap
22,17). A lembrança mantida continua pelo Espirito naquele que escuta obterá a

resposta desejada.

Sem o ensinamento do Espirito através da recordação, a doutrina e ações de Cristo

permaneceriam externas ao crente. Sem Jesus não se conhece o Pai, sem o Espirito não
se conhece Jesus. Cf. Lc 2,19.51; 3,15; 17,32; 22,19; 24,27.32.
QUINTA PROMESSA: JO 16,12-15 O Espirito Mestre em relação ao futuro

έτι τόλλα έχω υμιν λέγειν,

Αλλ' ου δυνάσθε βαστάζειν αρτι,

όταν δε έλθη εκανος, το πνεύμα της αλήθειας. οδηγήσει υμας εις την αλήθειαν πάσαν

ου γαρ λαλήσαι αφ'(αντού, αλλ' όσα ακούμ λιλήσει.

Και τα ερχόμενα αναγγέλει τμην

εκεινος ἐμὲ δοξάσει,

ότι ο του εμου λήγμψη το και αναγγέλει υμιν.

Γάντα όσα έχει ο πατήρ εμμα κατιν ότι εκ του εμου λαμβάνει και ανιγγέλει υμιν,

δια τουτο έLEΟΥ

numa seqüência

12 Tenho muito a dizer,

mas não podeis agora compreender. 13 Ele, quando vier, o Espirito da verdade,

Vos conduzirá á verdade plena Pois não falará de si mesmo

Mas dirá tudo o que tiver ouvido E vos anunciará as coisas futuras.

14 Ele me glorificará

pois receberá do que é meu e

e vos anunciará

15 Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse

Ele receberá do que é meu e vos anunciará


- Ha afirmações aparentemente contraditórias, mas que devem ser interpretadas

progressiva:

15,15: tudo dei a conhecer

16,12: Tenho muito a vos dizer- mas não podeis agora compreender

17,26: dei e darei a conhecer

16, 25: dar a conhecer em semelhança e abertamente. Há, portanto, dois periodos
sucessivos Jesus dá tudo a conhecer em dois momentos sucessivos de revelação.

- Conduzir à verdade plena, inteira, total, (o "pása" do vrs. 13 refere-se ao 'pollá do vrs 12).

O verbo é 'oornaa', que nos LXX indica a ação de Deus que, como pastor, conduz do Egito
a Israel.

associado a verdade, via, Espirito: conduzir à verdade a ser aprendida tendo por sujeito

ativo o Espirito: SI 25,5; 43,3; 86,11; 143,10; conduzir à vida: Ap 7.17, - o Pai guia como
Pastor no AT. Jesus aplica a si a imagem do pastor; no Ap é o cordeiro quem guia. No texto
é o Espirito o guia; Se Jesus é o

'odos', o caminho, o Espirito é o 'odegos:

guia no caminho.

A verdade é plena qualitativamente quando assimilada pelo discípulo; quando praticada; Ela
é plena quantitativamente quando se estende a novas pessoas e assume novas formas de

expressão.

Jesus é pleno de graça: 1,14; ele disse a verdade: 9, 32. 40. 45; ele é a verdade e caminho:
14,6; o Espirito é guia à verdade plena em Jesus, é guia nesse caminho.

O Espirito produz a inteligência da fé e da Escritura, o Espirito guia a elas. Ele conduz à


verdade plena porque não fala de si mesmo, isto é, não busca algum proprio interesse,
porque não o tem. Assim, é preciso ter a mesma disposição para acolher seu

ensinamento.

- Anunciar: coisas futuras, as que estão para vir: futuras em relação ao momento no qual
Jesus fala: a sua paixão e ressurreição, "o que é meu". Ora, a ressurreição é o inicio do
definitivo, é o
definitivo já realizado nele, é a meta da história tirada do futuro e colocada centro da
história. A ordem escatológica já estará concentrada em Jesus. O futuro è, portanto, o
tempo da Igreja, que anuncia Jesus (5,15): o que acontece nela está no plano do Pai,
continua a ressurreição de Cristo. Esse futuro combina com a revelação em dois tempos:
4,25, 16, 13. 25.

Aquilo cujo sentido o Espírito torna aberto e manifesto é o que para Jesus constitui objeto
de

ciència perfeita: 18.4. O Espirito anuncia dando esperança para o futuro. Quando o futuro
for presente o Espirito mestre dará compreensão e capacidade de discernimento do que
fazer. Em Daniel o verbo equivale a explicar e interpretar algo obscuro, um sonho
misterioso, uma profecia dificil de ser entendida.

Glirtficar trafigurer Jesus aos olhos dos discipulos. O apirito da a convicção que aux gris não
é vi, falsa, nem aparente. A glória de Jesus é a manifestação e a realização nos discipulos
de relação de comunhão entre o Pai e o Filho (17,10 22.24)

O verbo 'gkirificar serve para descrever as relações entre as très l'essoas o Pai glorifica o
Fibe, Filho e Pai, o Espirato glorifica lesus. Cada uma mostra a glória, isto é, o valor, as
qualidades da outra pessoa e dá a capacidade de apreciação

Jesus tudo recebe do Pai e tudo comunica aos homens que o acolhem, assim é que
glorifics o Pai. O Espirito glorifics o Filho porque dá aos homens o que recebeu do Filho,
tudo o que Jesus opera. 7,18 também o Espirito é verdadeiro (Espirito da verdade) porque
moutra o outro, não a si

tem

mesmo (a nossa ideia é verdadeira quando corresponde ao outro, que é a realidade


objetiva).

As relações entre o Pai, o Filho e o Espirito são expressas com os verbos lalein- falar,

akoen- ouvir, dosázen-glorificar, lambánein receber; anangbélicin-anunciar. Todos esses


verbos eram atribuidos a Jesus pelos Evangelhos, agora são atribuidos no Paráclito Falar
era atividade tipica de Jesus: 4,26, 8,18. Tal falar deve levar a fe, è realizado em

nome do Pai (7,16-18, 8.28; 12,49s) porque o Pai o enviou (3,34) "Escutar: Jesus ouve o
Pai (3,32, 6,30,15,15), diz o que ouviu (8,2640) Assim também, o Espirito não falará a não
ser o que ouvia (16,13). Pars Jesus o verbo & expresso

no tempo passado ou presente, e é um ouvir só do Pai. O Espirito tem o verbo no futuro,


sendo que

ele ouve do Filho e do Pai


Receber', equivale em João com freqüència a acolher: a atitude positiva dos homens em
relação a Jesus, na sua palavra e no seu testemunho. Jesus acolhe o Pai, recebe do Pac o
mandamento (10,18), o poder (Ap 2,28), o testemunho e a glória. O discipulo acolhe a mile
(19,27) Hi, pous, constante paralelismo e analogia na relação entre Jesus e o Pai e entre
Jesus e o Espirito. Pela e na glorificação entra na inteligência da fè o mistério das relações
pessoais divinas Ao conduzir os discipulos à verdade plena, o Espirito revela, glorifica
Jesus, recebendo dele o que é do Pai e do Filho, anunciando aos discipulos, ensinando e
lembrando o que Jesus disse e fez.

Quanto à identidade pessoal do espirito note-se de novo no vs.13 a concordância no

masculino para o neutro pneuma". Observe-se a emergência da personalidade do Espirito


da 1 à 5

promessa 1 Ele vem pela oração do Filho, 3 vem do Pai enviado por Jesus, 4 vem enviado
por

Jesus, Sº vem, sem menção de quem o envia

TERCEIRA PROMESSA 15, 26-27

O Espírito testemunha e advogado de defesa em favor de Jesus

26 Quando viero Paráclito, que junto do Pai vos enviarei

Όταν δε έλθη ο παράκλητος Ον εστμίν υμεν πια το κατηγός,

iEspano da verdide que vem dily Pai, το πνώμα της αληθείας ο καρά του πατρός
απορεύεται,

ele dará testemunho de mim.

έκεινος μαρτυρήσει περί εμού.

27 E vos também dareis testemunho, και ημεῖς δὲ μαρτύριο.

porque estais comigo desde a principio, ón an'apps per come

O contexto não prevé a agape, mas o ódio do mundo

Enviar: com o verbo "pémpo': é Jesus quem envia o Espirito. Perceba-se a progressividade
das declarações Jesus pede (1), o Pai envia no nome de Jesus (2), Jesus envia de junto do
Pai (3) No texto da quarta promessa (16,7) temos o ponto de chegada da progressão do
desvelamento da transcendencia e da divindade de Jesus: "Eu o enviarei a vós", sem
mesmo uma referência ao Pai: o Espirito é o enviado e Jesus é quem envia. No enviar o
Espirito, Jesus se encontra junto do Pai após ter passado do mundo. Para poder enviar a
Espirito, Jesus deve estar junto do Pai e ter
concluido sus obra. Envia como homem ressuscitado, glorificado, quando realiza na
humanidade o que è proprio de sua divindade.

Vir: o verbo 'érchesthai" é usado por João para tratar da origem de Jesus e de sua missão.
Assim em 7,29.8,14:42:16, 27.28:17,8; 18,37, ora com a preposição "ek", ora com a
preposição para

Proceder: com a preposição "pará", indicando que o Espirito está junto do Pai, tem sua
origem nele, é enviado por ele, recebe dele o seu ser. O verbo 'ckporeúesthai' equivale a
'exèrchesthai": cf. Mt 17,21 e Mc 9,29; At 1,21 e 9,28; Ap

19.15 e 19,21. Equivale a ser doado, enviado. O Espirito se encontra em relação ao Pai,
mima situação análoga à do Filho: trata-se da vinda histórica e temporal do Paráclito no
mundo, não diretamente da origem eterna, intemporal, intradivina do Espirito. Mas a missão
temporal oferece fundamento para remontar à relação eterna intradivina. Quando passou
para a profissão de fe constantinopolitana, a preposição foi mudada de 'pará', mais
adequada para indicar a missão, para ek', mais apropriada para indicar a origem da pessoa.

Note-se também que os verbos 'ir' e 'vir' no presente tem significado de futuro (assim em

português: eu venho ou vou, chego amanhã). Vejam-se agora os seguintes textos, onde o
verbo é associado à imagem da água (que não aparece em 15,26), em clara referência ao
Espirito:

Ap 22,1:

ποταμὸν ύδατος ζωής ικπορευόμενον εκ του θρόνου του θεού και του αρνίου (Rio de água
viva procedendo do trono de Deus e do cordeiro)

Espirito Santo procede do Pai e do Filho Jo 4,14: a água que jorra ('allómenon') para a vida
eterna: o Espirito presente no crente que conduz à comunhão com o Pai e o Filho Jo 7, 38s
do seu seio correrão (rheúsousin') rios de água viva Jo 19,34: saiu ('exélthen") sangue e
água. Em todos os textos Jesus está presente como fonte da água.

Dar testemunho, junto aos discipulos e em favor de Jesus:

- O tema do testemunho em João.

A missão de Jesus, continuada pela Igreja, se desenvolve dentro do quadro grande


processo entre Jesus e o mundo, em analogia com os processos judiciais. Dentro

de um

desse processo há testemunhas em favor de Jesus: João Batista: 1.7s; o próprio


evangelista: 19,35; 21,24: a mulher da Samaria: 4.39, a

multidão: 12,17; as Escrituras: 5,39, as obras de Jesus: 5,36; 10,25; o Pai: 5,32 37; 8,18;
próprio Jesus: 3,11 32s; 7,7; 8,14.17-19, 13,31; 18,37;
o

Enfim, o Paráclito, que presta um testemunho anilogo ao de Jesus Ele testemunha em favor
de Jesus como Jesus dá testemunho do Pai. Assim, o mistério total de Jesus na sua
proveniência do Pai e na sua glorificação

junto do Pai é objeto do testemunhar (martyrein) e do crer (pisteuein) do discípulo. Cf. Jo


5,6-7. Temos, assim, a corrente dos testemunhos: o Pai confirma Jesus, Jesus confirma o

que viu e ouviu do Pai, a sua missão e a sua volta, o Paráclito atesta que Jesus é o Filho e

está junto do Pai Em continuidade, os discípulos podem dar testemunho de Jesus (15,26).
Ao longo do processo o testemunho do Paráclito a respeito de Jesus (obras e Escritura) tem
por objeto de

iluminar e reforçar a fé dos discípulos (16,1: "para que não vos escandalizeis: 2-4
perseguição contra os discipulos). O testemunho dos discipulos é o mesmo de Jesus e do
Espirito, na continuidade da sucessão: Cristo vencedor junto do Pai, Senhor do mundo e da
criação. O testemunho dos discípulos é efeito, fruto, manifestação do testemunho do
Paráclito

A união entre o Espirito Santo (testemunho interior) e o discipulo (testemunho publico) no


testemunho em favor de Jesus: Me 13,11; Le 24,48s; At 1,8; 5,30-32; 6,10. o Espirito c
operante na atividade de testemunho dos apóstolos Vrs. 27b "Porque estais comigo desde o
principio" At 1,21s. Não se trata de mera convivencia exterior, mas de comunhão de vida na
adesão profunda: viver com Cristo. Também o Espirito está com Jesus desde o começo:
1,32s. O Espirito di testemunho porque unido a ele desde o começo e porque enviado por
ele; o discipulo dá testemunho porque unido ao Paráclito e a Jesus. O Espirito, operando o
testemunho sobre Jesus no discipulo, o move invencivelmente à proclamação da pessoa e
obra de Jesus

Como se ve, o testemunhar corresponde ao ensinar, mas testemunhar conota a


apresentação dos fatos dos quais se tem experiência direta, enquanto que ensinar é
desvelar o sentido e at finalidade, é explicar, interpretar, relacionar,

QUARTA PROMESSA

16, 7-11

O Espírito testemunha de acusação contra o mundo em favor dos discípulos

7 Eu vos digo a verdade

é de vosso interesse que eu pois se eu não for,

não virá a vós o Paráclito


parta

8 Quando eu for, envia-lo-ei a vós, E vindo, confundira o mundo

άλλέγω την αλήθειαν λέγω υμιν; συμφέρει υμιν ίντι στο απέλθο

ταν γαρ μη απήλθαι,

Ο παράκλητος οικ ἐλεύσεται προς υμας καν δι πορεθω πέμψω αυτόν προς Όμας καὶ ἔλθων
σκίνος ελέγξει τον κόσμον

quanto ao pecado, à justiça e ao juizo. Περι αμαρτίας και περι δικασύνης καὶ περὶ κρίσεις
περὶ ἁμαρτίας μεν, κάτι προς τον πατέρα υπάγω και ουκέτι θεωρειτε με,

9 Quinto ao pecado, porque não créem em

10 Quanto à justiça,

mim;

parque vou para o Pai e não mais ne vercis,

11 Quanto ao juizo, porque o Principe deste mundo esta julgado,

ότι ου πιστεύουσιν εἰς εμές περὶ δικαιοσύνης δέ,

περὶ δὲ ἀρίσεις ότι ο άρχων του κόσμου τούτου κόκρίται

- A partida de Jesus: Por que é preciso que Jesus parta para que o Espirito possa vir?

afirma a necessidade para o bem dos discípulos, mas não oferece uma explicação.
podemos reconhecer que:

O Evangelho

Teologicamente

o ato de enviar o Espirito é especificamente divino: Jesus o realizará quando na

glorificação se manifestar plenamente a sua divindade;

-o Espirito é enviado quando a humanidade de Jesus se encontra junto do Pai, pois o


Espirito procede do Pai e do Filho, agora do Pai e do Filho feito homem glorioso; a tarefa do
Espirito é toda relativa à de Jesus. O aperfeiçoamento e aprofundamento da fé só pode ser
realizado quando o objeto dessa fe - o Senhor - já tiver alcançado a sua condição

celeste perfeita. "É bom para vós que eu vá" a vinda, a presença e a atividade do Paráclito
é uma realidade melhor para os discipulos do que a presença fisica de Jesus.
- o tema da hostilidade e da perseguição: esta leva ao processo durante o qual é dado o
testemunho. Nos Sinóticos Jesus promete a assistência do Espirito nas perseguições: Mt
10,17-25, Lc 12,11s. Em meio ao ódio do mundo, os maus tratos, o escândalo, o Espirito
defende o discipulo perseguido e lhe dá força para testemunhar Jesus.

Em Jollo temos acenos em 13,16; 15,20; 17,14. O tema è desenvolvido em 15,18-16,4. Sillo
motivos

da perseguição: a falta de fé no Pai (15,21; 16,3); o ódio a Cristo (15,18); a reprodução no


crente da experiência de Cristo (15,20). A futura história da Igreja é prevista à luz do drama
de Cristo Diferentemente dos sinóticos, nestas promessas de João o testemunho do Espirito
é interior, e anterior à atuação dos discípulos e é de outra ordem. O Espirito não se põe a
inspirar a autodefesa do discipulo para que confunda o adversário, mas preserva a fé do
discipulo do escándalo na hora em que a fé dele for colocada à prova, no momento em que
o discipulo experimentar a tentação da dúvida e o perigo da defecção: o Paráclito agirá em
suas mentes dando o testemunho em favor de Jesus. De fato, em todo o Evangelho a
atuação do Espírito é interior ao discipulo, é feita uma distinção entre o Espirito dá
testemunho e vós também dareis testemunho; 16.1s: escandalizar. levar ao pecado da
perda da fé, ou pelo menos colocar em dúvida o acerto da fé, é considerado um ato de culto

O tema do processo.

João exprime o mistério da revelação de Cristo através de um vocabulário de extração


forense e de conceitos juridicos. É o pano de fundo que interpreta toda a história como
processo entre Jesus, o enviado do Pai, e o mundo com seus aliados em todas as formas
judeus (as autoridades judaicas). o mundo pagão e impio, o principe deste mundo. É como
se o processo diante de Pilatos tivesse uma forma transcendente, iniciada antes e
prolongada depois. E o confronto entre luz e trevas, vida e morte, verdade e mentira,
liberdade e escravidão.

O tema é desenvolvido no Evangelho como um drama, aparece em forma de controversias


entre Jesus e o judeus. Então, a favor de Jesus testemunham o Pai, Abraão (8,56), Moisés
(5,46s). O ápice do processo se dá diante de Pilatos, quando aparentemente Jesus é
derrotado,

enquanto na realidade é o demônio a ser derrotado (12,315, 16,33) O processo continua na


história: é enviado o Espirito para que o discipulo possa reconhecer que Jesus venceu e
para que continue vencendo.

Em Israel o sistema processual contemplava: o juiz, o acusado e as testemunhas Não havia

promotor nem advogado, sendo que o juiz emitia a sentença após ouvir as testemunhas a
favor e as

contra. Nesse sentido o Paráclito é advogado e presta testemunho. Na visão do evangelista


para o
processo continuo de Jesus diante do mundo, temos o seguinte quadro:

Uma única sessão continua: o desenrolar da história. Um tribunal: a consciência do


discipulo

Um Juiz: o próprio discipulo Um acusado: Jesus

O acusador o demônio através do mundo A acusação: impostura: Jesus não é nem Filho e
nem enviado de Deus, nem Messias e

tem

Salvador, pois tem pacto com o demônio através da magia, desrespeita e Lei e è blasfemo
As provas: propriamente não há, pois vigora a mentira, a distorção e deturpação de tudo o

que Jesus fez e disse, o cinismo e a má-fé, a mentira consiste em dar sentido

inaceitável ao que Jesus disse e faz, ou então, consiste na pretensão de interpretar o


sentido "auténtico' e 'bom' da atuação de Jesus. Diante desse quadro, o discipulo-Juiz iria
inevitavelmente condenar Jesus em sua consciência. Dá se então a intervenção do
Paráclito que defende Jesus testemunhando em favor dele ao mesmo tempo em que passa
a acusar o mundo. Com essa intervenção o discipulo tem condições para absolver Jesus e
proclamá-lo Senhor, seu Senhor.

O mundo acusa Jesus, e em seguida acusa também a Igreja como impostora,


apresentando-se como vitima das maldades da Igreja e dos discipulos. O mundo distorce,
inventa, aumenta, tira do contexto, acentua um aspecto; Pretende dar a última e melhor e
mais auténtica versão dos fitos Pretende ter competência para adaptar, neutralizar e
renovar os ensinamentos de Jesus: Exerce coação (muitas vezes sem que assim pareça),
pressão, massificação, privando as pessoas de discernimento para que assim acreditem em
qualquer mentira. Seduz, engana, deslumbra com suas propostas alternativas, muitas vezes
as mesmas da Igreja, porém já corrompidas, ou atribuindo a si o

que aprendeu e recebeu da Igreja. O Paráclito acusa o mundo. O verbo 'elenchein significa
descobrir ou provar a culpa, o erro, a falta, é trazer a prova objetiva do ctro (3,20s 8,46), é
demonstrar a culpa do mundo, confundindo-o. Não significa simplesmente convencer, pois
se trata de argumentação interior em proveito do discipulo, e por

outro lado, o mundo não se deixa convencer pela verdade. A morte de Jesus parece ser o
seu fracasso. Tirando o discipulo do mundo das aparências, o Paráclito o faz penetrar no
plano da realidade, que comporta uma compreensão oposta da que tem o

mundo a respeito do processo. Há dois aspectos no testemunho do Espirito: dar aos


discipulos a certeza intima de que estão na verdade e que sua fé é agradável a

Deus
demonstrar aos discipulos que o assalto do mundo contra Jesus e contra o apego deles a
Jesus é injusto e infundado, expressão de presunção cega e maligna. Com essa
demonstração o discipulo sai vencedor do mundo, vitória interior e espiritual, que onsiste
simplesmente no fato de crer (1Jo 5,4). Vitória de Jesus obtida lá onde o mundo tenta

derrotá-lo, na consciència dos seus discipulos. Nesse processo que continua sem cessar, o
Espirito retoma na consciência do discipulo os pontos da acusação que condenaram Jesus:
7.12: impostor, enganador, 8,48s.52 possesso; 10,33.36: blasfemador, 11,48-50. perigo para
a nação; 18,46; 9,24: pecador. O Espirito mostra ao discipulo que o pecado é do mundo,
que a morte de Jesus é expressio

da justiça de Deus, e que o verdadeiro condenado é o demônio.

Confundir quanto ao pecado: o pecado consiste em não crer em Jesus (1.5.10s; 3.18s;
8,24).

é a incredulidade Jesus foi acusado de ser pecador (9,24). O Espirito demonstra que o
verdadeiro

pecador é quem não crẻ em Jesus. O 'elénchein' corresponde ao 'martyrein' de Jesus (7.7).
Não é

um convite à penitência, mas só demonstração do pecado e da condenação do mundo.

Confundir quanto à justiça: o que aconteceu com Jesus está no plano do Pai; a cruz é glória
(12.23.27-28), vitória, meio de glorificação. A justiça é ir ao Pai: o Pai justifica Jesus
levando-o para junto de si. O Paraclito mostra que Jesus é justo (esse título aparece nas
confissões de fé). O Paraclito mostra clito mostra que as pretensões de Jesus, contra as
quais o mundo se ergue, são justas, estão no plano do Pai, pois Jesus subiu ao céu onde
permanece. O que para Estevão é objeto de experiência pano do carismática (At 7,55s), o
discípulo recebe na fé. O mundo não vê Jesus, e se alegra porque pensa que tem a prova
de que Jesus acabou, não mais existe (16,20). O mundo não entende que Jesus foi
glorificado. A A alegria do mundo é a do condenado cego da própria condição; a partida de
Jesus torna definitiva a cegueira.

Confundir o mundo quanto ao juízo (12,31): o demônio é privado do seu poder, expulso de
seu dominio. Isso acontece na crucifixão (12,32), pois na cruz se dá a troca de guarda (até
agora na árvore tinha ficado a serpente); sobre Cristo o demônio não tem poder (14,30; Ap
12,9s, Le 10,18). O Paraclito mostra que o processo, na verdade, já foi concluido, resolvido.
A vitória dos discipulos è participação da vitória de Cristo (16,33) e consiste na fe (1Jo 5,4s).
Os discipulos têm a certeza que não serão arrastados no choque do inimigo. Assim, o
Espirito atua o que Jesus pede em 17, 12 17

Em Mt10,32s // Mc 8,38 // Lc 9,26; 12,8s, temos o verbo 'homologhein': declarar-se a favor,


no sentido forense de afirmação em tribunal, declarar-se no tribunal de estar em favor de
alguém ou de pertencer a ele. A preposição émprosthen' (diante de ) é expressão técnica
para significar uma declaração num tribunal. Em Mt 10,17s também os discipulos serão
arrastados ao tribunal, aquele terreno. Mas há
outro tribunal, diante do Pai (Mt) ou diante dos anjos (Le), sendo estes as testemunhas do

julgamento escatológico de condenação. Portanto, no juizo final Jesus vai se apresentar


como

acusador ou como testemunha de defesa.

Em Daniel o julgamento é exercido unicamente pelo mundo celeste em favor do Filho do


Homem, mas sem sua participação. Em Le é o Filho do Homem a pessoa que dá a decisão,
embora em inteira submissão a Deus. Jesus-representante do Israel escatologico - dá seu
voto do qual depende quem encontrará graça e farà parte do povo.

O TERMO PARACLITO

O correspondente etimológico latino do grego paráclito é 'advogado', alguém que é


chamado perto para prestar uma ajuda (-elito vem do verbo "kaléo', que significa chamar,
vocare em latun; a preposição para corresponde ao latino 'ad', no sentido de 'junto de')
Poderia ser entendido como ajudarte, auxiliar, secretário, colaborador, ministro, defensor,
consolador. intercessor e similares. Nas nossas linguas, 'advogado passou a ter um sentido
bem mais

especifico.

O termo não se encontra nos LXX. Não há correspondente hebraico (e Is 50,8 7: PT2). Raro
em grego. Encontra-se em Filon, no sentido de intercessor junto a Deus em favor dos
pecadores. Nos escritos rabinicos indica o advogado defensor junto a Deas. O contexto é
juridico. forense. A novidade de João é atribuir ao Paráclito a função de ensinamento
magisterial profético no

tempo presente, identificá-lo com o Espírito de Jesus. Tal revelação-ensinamento é feita


num

contexto de contradição, de oposição, num processo, o qual revela a natureza dos


protagonistas c

dos fatos

Nos outros escritos do NT falta o titulo de Paráclito, mas está presente a atividade

correspondente. Se o nome é Paráclito, a atividade é expressa com o verbo 'parakalein"


(108 vezes)

e o substantivo paraclesis' (29 vezes), no sentido de exortar, confortar, animar, consolar.


Esses

termos estão ausentes em João, mas presentes em Paulo, em Atos e outros escritos. Nos
evangelhos sinóticos, como também em algumas outras passagens, domina, no uso verbal,
sentido de rogar, suplicar, implorar, interceder. Esse uso è coerente com a função que Paulo
atribui ao Espirito, de ser a fonte da oração do cristão no intimo do coração (Ro 8.15.26-27).
Outrossim, também em Paulo o Espirito é testemunha para o discipulo, como em Jollo, mas
para dar-lhe a consciência de ser filho de Deus (Ro 8, 16).

Se o Espirito é o 'outro Paráclito, isso é afirmado em relação à ação anterior de Jesus junto
aos discipulos. Na primeira vez que titulo aparece (14,16) o Espírito vem pelo chamado
orante de Jesus. Por outro lado, Jesus é Paraclito no céu, junto ao Pai, enquanto que o
Espirito é Paráclito na terra, junto aos discípulos. Ele foi chamado por Jesus para ficar com
os discipulos. Por sua vez Jesus é Paráclito porque chamado pelo Pai na ressurreição para
estar à sua direita intercedendo por nós (1Jo 2,1, Ro 8,34). Jesus se mostra no céu como
homem e mostra toda a humanidade nele O Espirito mostra à consciência do discipulo
quem é Jesus e como ele vem do Pai como seu Filho

O tema da consolação como promessa escatológica está presente no AT: Is 41,1; 50,4;
51,12, 57,18; 61,1s; Pv 8,4-9: A sabedoria em pessoa é que consola mediante o
ensinamento do que é reto e

justo. Ora, os escritos sapienciais têm grande influência em João. A sabedoria è identificada
com o espírito divino em muitos lugares dos sapienciais. Há coincidência das noções de
paraclesis, alédeia, elènchein e pneuma, nos provérbios e outros trechos sapienciais e no
evangelho de Jolo tudo isso não é fruto do acaso. Esses textos da Sabedoria que consola
deram origem tanto à idéia quanto ao nome de Paráclito dado ao Espírito. A tradução de
Paraclito como Consolador é muito antiga. Todavia, na linguagem atual, 'consolar' adquiriu
uma conotação sentimental e, munas vezes, seu exercicio se dá através do engano e da
mentira, ocultando a verdade. O Espirito consola mostrando a verdade contida na
esperança cristà: consolar è sempre um confortar, encorajar

No AT Deus promete, no NT Deus atua a consolação em Cristo, na pregação da Igreja mira


se à conversão e à fe, para receber a consolação do "Deus de toda consolação" (2Co 1,3)
O Paráclito é o Espirito da paraclese cristä. O título de Paraclito do 4 evangelho é coerente
com i

função salvifica que exerce. Função associada a Paráclito

é aquela do "Goel, o resgatador, o qual tem por missão estabelecer direito prejudicado:
tarefa do parente mais próximo encarregado do especialmente no jubileu após o exilio não
havia mais possibilidade de "goel'. Isaias dá novo sentido ao termo o

resgate.

proprio Deus é o Goel, o Messias será o Goel Rt 4,14. Jesus é o parente próximo, o irmão
mais velho, que assumiu a defesa e o resgate de sua familia, de seu povo, Jesus é o
redentor, o salvador, que veio restabelecer os direitos conculcados dos pobres. A ação do
Espirito como Goel é ação de solidariedade e reconstrução do povo e

mantém a vida da comunidade eclesial em contato estreito com a vida do povo.


Segue uma tabela da frequência dos dois termos na Escritura: O verbo 'parakaléo e o
substantivo "paraclesis' no sentido de exortar, consolar, encorajar, confortar, animar,
recomendar (às vezes próximo a 'rogar") ocorrem nas seguintes passagens:

Por parte de Deus que conduz a história:

verbo: Mt 5,4; At 20,12, 28,14; 2Ts 2,17; 2Co 1,4.6; 5,20; 7,6.13, C1 2,2 Substantivo: Le
2,25; At 9,31 (consolação do Espirito); 2Ts 2,16; Ro 15.4.5, 2Co 1,3.5.6.7; 7,4.13, FL 2,1: Hb
6,18; 12,5; Lc 6,24: falsa

consolação.

Por parte do profeta, apóstolo, Igreja: verbo: Le 3,18; 16,25; At 2.40; 11,23: 14.22; 15,32;
16,40; 18.27, 20.1.2. ITs

2,12; 3.2.7, 4.1.10.18; 5,11.14, 2Ts 3,12; Ro 12,1.8; 15,30,16,17; 1Co 1,10; 4,13,16; 14,31;
16,15; 2Co 2,7.8: 6.1: 7,7: 10.1; 13.11: Fl 4.2: CI 4,8; Ef 4,1; 6,22; 1Tm 1,3; 2.1; 5,1; 6,2;
2Tm 4,2, Tt 2,6 15, Hb

3,13, 10,25, 1Pd 2,11; 5,1.12; Jd 3.

Substantivo. At 13,15; 15,31; 1Ts 2,3: Ro 12,8; 1Co 14,3; 2Co 1,4; 2Co 7,7; 1Tm 4,13; Fm 7;
Hb 13, 22

V-FÓRMULAS TRINITÁRIAS E TERNÁRIAS

Foram usadas sobretudo por Paulo, mas fazem parte do patrimônio e da criatividade

da

comunidade tendo, muitas vezes, origem ou inspiração na catequese oral, nas profissões
de fe,

nas celebrações litúrgicas. As formulas trinitárias (ou triádicas) são passagens do Novo
Testamento onde o Pai, o

Filho e o Espirito Santo encontram-se reunidos numa só afirmação que descreve o modo
como

cada um d'Eles participa da obra da nossa salvação. Como são apresentadas as Pessoas:

Nomes: Deus, Pai; Filho, Jesus, Senhor (Kyrios); Espirito (Santo). Termos equivalentes:

- símbolos: água, trono, unção, cordeiro, etc.

- bens salvificos: graça, amor, paz, vida, comunhão, etc. - atividades: habitar, viver, doar,
derramar, etc.
Tipos de texto: as denominações e classificações variam entre os autores. Exemplos: -
formulas trinitárias: os Três são apresentados pelo nome, distintos entre Eles,

com
relações reciprocas explicatadas na obra da salvação. At 2, 32, 38 530
32.7.35 10.38.11.15-17.1Ts 4,6-82Tv 2,131 Cor 1,21s 12, 4-6, G1 4, 4-7, 713,47
formalas ternárias explicitas não são expressas as relações entre as Pessoas Mt 28, 19
2 Cor 13, 13: F13.3.
- formalas termárias implicitas não aparece o nome de uma ou mais Pessoas, mas algum

termo equivalente: Jo 3,34s, 4,10.23; 5,20; 6,27; Ap 22.1,F12,1


- trechos com estrutura trinitária (em termos explicitos ou implicitos): Ef-1, 3-14, 3,14
19, 1 Pd 1, 3-12.
Sentido e valor trinitario

A grande quantidade e variedade desses trochos exprime uma mentalidade, um modo


constante, espontáneo, de pensar e sentir a realidade. Eles não são apresentados para
provar
uma tese, nem para responder a objeções e nem sequer para fazer polémica com o
adversários, os apóstolos se exprimem assim porque não saberiam expressar-se de outra
forma
Percebe-se uma desenvoltura, uma naturalidade, uma ausência total de preo-cupação,
sittais evidentes de que estão profundamente compenetrados do mistério, tão vivo e
evidente
que se impõe por força própris: deste mistério não se pode não Toda a tentativa de
organizar um inventário das experiências e das realidades cristis encontra inevitavelmente o

esquema trinitario,
So esses Três e sempre Eles estão constantemente juntos (nas formas duais sempre dois
deles), aparecem no mesmo nível ou categoria, em perfeita paridade de posição. A ordem
dos
nomes não segue esquema rigido. Não é possível notar nenhum tipo de subordinação
interna: o
Espirito não é menos do que o Pai ou do que o Filho. Tais formulas não teriam sentido se
um
dos Très (o Espirito) fosse personificação e não Pessoa. Todas as personificações da
Escritura,
além de serem menos frequentes, nunca são associadas ao Pai e ao Filbo, e não formam
um
grupo temnário bem distinto.
Aqui se trata de formulas teológicas - o que Deus é, em si mesmo, ou funcionais - o que

Deus faz para nós? Valem para a Trindade imanente ou só para a económica? Em outras

palavras, essas formulas revelam a intimidade de Deus na relação entre as Pessoas ou


narram a

relação delas conosco na história da salvação?


Os textos falam do agir de Deus mas, pelo fato de revelar e comunicar a pessoa agente.
a economia da salvação revela e comunica a personalidade profunda dos autores da
salvação.
O centro da fé é a graça. Deus se dá a si mesmo nas suas obras e, por isso, Ele aparece
pelo
que verdadeiramente é Trindade

VI-A REVELAÇÃO DA TRINDADE NO MISTERIO PASCAL

O mistério pascal é o mistério central da nossa fé, enquanto economia ou história da


salvação. Nele se resolve, se decide, se determina inteira obra de Deus. Há de ser
considerado,
pois, como o momento culminante, o eixo central que dá sentido e conteúdo a toda a
realidade e
que, de alguma forma, contém e resume. Por isso, é possivel apresentar sistematicamente
a
atividade das Très Pessoas divinas recorrendo à estrutura da Páscoa.
No sentido mais amplo, Páscoa é o caminho completo percorrido pelas Pessoas enviadas
que
saem do Pai e a Ele voltam (Jo 13,1; 16,28). No sentido mais usual, a Páscoa compreende
a morte e

a ressurreição de Cristo, até Pentecostes.


O mistério pascal tem a seguinte estrutura:

Fase de projetação

Fase de realização

PALI

pars destruena"

"pars construens" para Cristo -

Morte

Ressurreição

para nós +Pentecostes

FILHO

ESPIRITO

Tudo qué Deus ou é obra de Deus, tudo ou è Trindade ou é Páscoa, tudo é ou Trindade
imanente ou Trindade económica Mas Deus age de acordo com o seu ser, de maneira que
a Páscoa e como é, porque Deus é Trindade de um modo preciso. Não é apenas a nossa
situação ou a nossa necessidade que determinam a estrutura da Páscoa. Assim também a
fé se dirige tanto o Deus Trindade que se manifesta na Páscoa, como ao próprio mistério da
Páscoa. Não basta professar que Cristo morreu e ressuscitou, é necessário confessar quem
realizou isso, o Pai, e por que o fez: para doar o Espirito. fe integral liga as obras as
Pessoas e as Pessoas entre elas.

A morte de Cristo constitui a "pars destruens" nela morre o pecado, nela o pecado esgota
seu processo. Além de se constituir em prova de amor por nós, na morte de Cristo aparece
o amor do Filho pelo Pai: Ele sacrifica tudo para realizar a vontade do Pai. Tudo recebeu
d'Ele e só d'Ele. tudo deixa por Ele

Na morte de Cristo aparece também a força do Espírito, porque é movido pelo Espirito que
Jesus se dirige decisivamente à cruz (cf. Hb 9,14). Na morte, aparece a distinção entre o
Pai e Filho, pois o Pai não intervém, deixa Jesus ser distinto d'Ele. Jesus morre porque sem
o Pai não é nda, pois tudo o que é Ele o recebeu, e recebeu só do Pai. A morte de Cristo na
cruz é uma encarnação, de acordo com a situação histórica do pecado do homem, do
eterno è incruento dom sacrifical do Filho ao Pai, na força do Espirito. Jesus não è destruido
pelo pecado, com o qual se identificou, por causa da presença do Espírito.

A fe reconhece na morte do Cristo a manifestação (glória) do amor reciproco entre o Pai e o


Filho, emitindo o juizo, após ter considerado o fato: verdadeiramente o Filho ama o Pai. A
ressurreição de Cristo constitui a "pars construens", o inicio de uma nova vida e o resumo
da nova vida da humanidade. O Pai acolhe o gesto de Jesus e manifesta a sua admiração
resuscitando-o. O Pai torna o Filho sua perfeita imagem, também quanto à humanidade. O
Pai opera a ressurreição por meio do Espirito, o qual invade a came morta tomando
totalmente posse dela e espiritualizando-a, para que volte ao Pai (ef. Ro 1,4). O Espirito se
manifesta assim em Jesus, tornando-o independente das condições do espaço e do tempo,
independente das coisas criadas

Jesus se torna assim:

- Q Cristo, o Messias, o Ungido, tendo a plenitude dos dons espirituais (2 Cor 3,17). - O
Senhor, em tudo igual ao Pai, porque só Ele possui o dom de que precisamos
absolutamente (Rm 1,3s; F12,11).

- Espírito que dá vida, pois só a tem para dar (1 Cor 15,45; Jo 1,33).

Pentecostes é a Páscoa de Cristo feita nossa, a transposição, em nós, da morte e da


ressurreição de Jesus, o novo Adão. O que em Cristo realizou-se em breve tempo, a
existência humana prolonga e explicita. Constituido fonte de vida, a fim de que houvesse
um homem capaz de dar o Espirito, Cristo torna-se o dispensador do Espirito, que nos e
doado e no qual somos imersos (At 2,32-36; Jo 1,16; 1,32s; 3,34; Mt 3,11).

O Espírito possui agora toda a humanidade de Jesus, tendo assim um ponto fixo de onde
agir sobre a nossa humanidade. Antes da morte, o Espirito não podia dispor perfeitamente
de Jesus, porque Ele estava em forma de Servo. Antes da ressurreição não tinha como agir
em nós, pois não
havia um homem capaz de salvar a humanidade por comunicação interna de um bem
próprio, por

regeneração que fosse obra de Deus e, ao mesmo tempo, obra da própria humanidade.

O Espirito efuso pelo Cristo sentado à direita do Pai: inabita o cristão (Rm 8,9.16), une-se a
nos (1 Co 3,16), nos une a Cristo (1 Jo 3,24), de modo que Cristo habita o cristão (Ef 3.17)
e o Espirito nos transforma em Cristo (Rm 8,29, 2 Cor 3,18). Assim, nos tornamos filhos de
Deus (Rm 8,14-16; Ef 1,5), participamos da natureza divina (2 Pd 1.4), somos morada da
Trindade (Jo 14,24) E desta maneira que participamos por união e semelhança da Pessoa
eterna e histórica de Jesus, de sua vida, mistérios e ensinamentos.

Tudo isso vem a ser para nós o surgir de um novo ser, novo homem, nova criatura (Gl 6,15;
Ef 4,24), fruto de um novo nascimento (Jo 3,3-5; 1 Jo 5, 1-5), regeneração (1 Pd 1,23), novo
parto (Tg 1,18), nova criação (2 Cor 5,17), renovação (T1 3,5), surgir de uma nova
humanidade (CI 3,9-11), de

um novo Israel (GI 3,27-29), de um novo céu e nova terra (2 Pd 3,13), Trata-se de uma
transformação que tira o homem de uma situação de oposição a Deus, motivo pelo qual a
Páscoa do cristão é: justificação (Rm 4,24), santificação, purificação; reconciliação,
libertação, resgate, remissão dos pecados (Tt 3.5: 1 Cor 6,11). Por isso, o homem novo que
dai provém é justo, santo, amigo de Deus, cidadão do céu, livre; é um homem espiritual (1)
Cor 2,15), homem interior (2 Cor 4,16; Ef 3,16), "cristão (o que "está em Cristo", como
Paulo),

"espirito" (Jo 3,6; 1 Ts 5,23), filho de Deus (1 Jo 3,1; Rm 8,16), templo de Deus e do Espirito
(1) Cor 6,19). Ao novo ser corresponde um novo agir, expressão concreta do dom do
Espirito e da nova vida: Rm 8,14; Ef 2,10 (boas obras), Gl 5,22s (frutos do Espirito), Rm
6,13 O novo ser, vindo do Pai por obra do Filho e do Espirito, tem uma destinação última
precisa:

ir e voltar ao Pai, pelo Filho, no Espirito. É a meta da glorificação (CI 3,4; Rm 8,17),
manifestação e da revelação (Rm 8,19-21; 1 Jo 3,2). A economia da salvação manifesta o
que a Trindade è: a Trindade imanente se reconhece na

da

Trindade económica, que é a sua glória. A fé não só é o reconhecimento da verdade e da


realidade

dos fatos, mas é, sobretudo, o reconhecimento neles da glória trinitária. Tudo ou é Deus ou
obra de Deus, Trindade ou Páscoa. Mas, se há dois termos, se Deus é Trindade e se a
Páscoa è mistério de morte-ressurreição-Pentecostes, se Deus Trindade se prolonga na
economia, o motivo está, ainda, na natureza de Deus, que é caridade. Essa categoria è a
sintese última da realidade. A caridade explica quem é Deus e o que Ele faz, quem é e o
que faz o homem. Nesse sentido, a caridade é a essência do cristianismo.

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