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O Significado bíblico de Sheol/Hades, Tártarus e Geena

Um problema crônico que os tradutores bíblicos enfrentam é a tradução para a palavra


inferno a partir de palavras gregas. Isso porque a palavra inferno não vem nem do hebraico
do AT nem do grego do NT, mas vem do latim infernus, de séculos posteriores. Essa palavra
não existe originalmente na Bíblia, cabendo aos tradutores “identificarem” o inferno em
palavras gregas tendo por base as suas próprias convicções teológicas. Algumas palavras que
foram traduzidas por “inferno” são Sheol, Hades, Tártarus e Geena, sem que o sentido real
de algumas dessas palavras fosse realmente o infernus que ficou popularmente conhecido
como um local de tormento e castigo[1].

O leitor humilde não tem como descobrir, então, o que é e o que não é inferno, por
traduzirem todas essas como “inferno” em diferentes ocasiões, conquanto que tenham
significados bem distintos entre si. O significado de Sheol ou Hades difere do Tártaro, que
por sua vez difere do Geena. É necessário voltamos aos originais se queremos descobrir qual
delas é que está no original, em cada citação distinta. Tendo em vista que, como vimos, os
ímpios não se encontram atualmente no inferno, então este é um lugar que está para ser
inaugurado. Mas de todas as palavras que vimos acima e que são traduzidas por “inferno”
em nossas Bíblias, qual delas seria realmente um local de punição futura aos condenados? É
isso o que veremos agora.

Sheol/Hades – Sheol (no hebraico) e Hades (transliterado grego) não era um lugar de
tormento, mas era puramente sepultura na concepção hebraica bíblica. Abraão foi enterrar
o seu filho do Sheol (cf. Gn.37:35). Os ossos vão para o Sheol (e não “espíritos” – ver Salmo
141:7). O Salmo 49:14 nos indica que até as ovelhas descem para o Sheol na morte. O Sheol
é um local de escuridão, e não de fogo que remete à luminosidade (cf. Sl.88:10-12; Jó
10:20,21; Lm.3:6). O Sheol é um lugar de silêncio, e não de gritaria do inferno (cf. Sl.94:17;
Sl.115:17). Não são “espíritos incorpóreos” que descem ao Sheol na morte, mas sim a própria
pessoa com sangue (cf. 1Rs.2:9).

É lugar de descanso e de repouso, e não de dor ou de tormento (cf. Jó 3:11,13,17). No Sheol,


não existe atividade e nem conhecimento ou sabedoria nenhuma (cf. Ec.9:10). Os que lá
estão não louvam a Deus (cf. Sl.6:5) e nem sequer tem lembrança dEle (cf. Sl.6:5)! No Sheol
não se escutam gritos (cf. Jó 3:18). O Sheol é um local de almas mortas (cf. Nm.31:19;
35:15,30; Js.20:3, 9; Gn.37:21; Dt.19:6,11; Jr.40:14,15; Jz.16:30; Nm.23:10), em estado de
total silêncio (cf. Sl.115:17; 94:17), e em plena inconsciência (cf. Sl.146:4; Sl.6:5; Ec.9:5,6;
Ec.9:10).

Nunca Sheol é identificado como um local de tormento e jamais é mencionado o elemento


“fogo” nele, senão em contexto parabólico como metaforização. Por tudo isso, o Sheol nada
mais é do que a figura da sepultura. É por isso que Jó iguala o Sheol com o pó da
terra: “Descerá ela às portas do Sheol? Desceremos juntos ao pó?” (cf. Jó 17:16). O único lar
para o qual Jó esperava ir era a sepultura (ver Jó 17:13).

1
Tártarus – Este lugar é mencionado apenas uma única vez em toda a Bíblia, e não é para seres
humanos, mas para anjos caídos. A Bíblia afirma que o diabo não está preso em algum lugar
ou sofrendo atualmente, mas está solto, “nos ares” (cf. Jo.1:7; Jo.2:2; Ef.6:12), e por essa
razão está “andando em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (cf.
1Pe.5:8). Se o diabo estivesse no inferno, se divertindo a custa das outras pessoas que lá
estão, isso seria um prêmio para ele. Contudo, a Bíblia afirma que Satanás e seus anjos só
serão lançados no lago de fogo após o milênio (cf. Ap.20:10).

A referência ao tártarus se encontra unicamente em 2ª Pedro 2:4, que diz: “Porque se Deus
não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno [tártarus], e os entregou aos
abismos da escuridão, reservando-os para o juízo” (cf. 2Pe.2:4). Sendo que a Bíblia afirma
categoricamente que o diabo não está preso, mas solto, então a referência de 2ª Pedro diz
respeito a outros anjos caídos, possivelmente os mesmos “filhos de Deus” que pecaram em
Gênesis 6:1-4[2]. Embora isso seja razão de debate, o fato é que o tártarus não é um lugar
onde almas humanas são lançadas após a morte, mas onde parte dos anjos caídos estão
atualmente, em prisão, e não soltos como os demais estão.

Geena – A vista de tudo isso, o que seria então o “inferno” bíblico? O geena. E esse lugar de
tormento ainda está para ser inaugurado. Quando Cristo fala do “inferno”, no original é
“geena” e se refere não a um inferno existente, mas ao local de castigo que existirá após a
ressurreição. Jesus perguntou aos fariseus: “Como vocês escaparão da condenação ao
inferno [geena]?” (cf. Mt.23:33). Também disse aos fariseus que eles faziam discípulos para
depois os tornarem “duas vezes mais filho do inferno [geena] do que vós” (cf. Mt.23:15), e
que “é melhor entrar na vida aleijado do que, tendo os dois pés, ser lançado no inferno
[geena]” (cf. Mc.9:45). Qualquer um que disser “louco” ao ser irmão, “corre risco de ir para
o fogo do inferno [geena]” (cf. Mt.5:22).

A passagem mais clara de que o verdadeiro inferno à luz da Bíblia (que é o geena) não é um
local para espíritos incorpóreos, mas para onde vão os corpos físicos dos ímpios, é Mateus
5:29, onde Cristo diz que, “se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe
de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo
lançado no inferno [geena]”. Mas o que era esse geena, de que Cristo tanto falava? Geena
era o nome dado ao Vale de Hinon, que se localizava ao sul de Jerusalém. Era um verdadeiro
“lixão público”, local onde se deixavam os resíduos, bem como toda a sorte de cadáveres de
animais e malfeitores, e imundícies de todas as espécies, recolhidas da cidade.

Neste local, era aceso um “fogo que nunca se apagava”, pelo fato de que estava
constantemente aceso, tendo em vista que suportava todos os tipos de lixo e carniça que
eram ali despejados. Os dejetos que não eram rapidamente consumidos pela ação do fogo
eram consumidos pela devastação dos vermes que ali se achavam – um cenário muito típico
de um verdadeiro lixão público – que devoravam as entranhas dos cadáveres dos
impenitentes que lá eram lançados, em um espetáculo realmente aterrador.

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Por isso mesmo, o fogo não podia ser apagado, para a preservação da saúde do povo que
viva naquelas redondezas. Este quadro histórico do “Vale de Hinon” ou “Geena” também é
o quadro espiritual do fim dos pecadores que, de acordo com a Bíblia, serão ali lançados. Este
é exatamente o mesmo quadro também relatado por Isaías, no último capítulo de seu livro:

“E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu
verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne” (cf.
Isaías 66:24)

Exatamente o mesmo cenário histórico é retratado por Isaías como o cenário do juízo final.
Isaías não contemplava “almas” ou “espíritos” vivos entre as chamas, mas sim cadáveres, ou
seja, pessoas mortas. Não existe vida eterna no geena. O geena era um local de impurezas, e
no Reino de Deus “não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e
mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (cf. Ap.21:27). Aquilo que
era considerado impureza era lançado no geena para ser completamente consumido e
devorado pelo fogo e pelos vermes, o mesmo cenário do destino final dos pecadores!

É evidente que tal quadro será completamente transformado por Deus para dar lugar aos
“novos céus e nova terra”, prometidos por Deus tanto em Isaías como no Apocalipse (cf.
Is.66:22; Ap.21:1). Nesta nova ordem não existe geena e nem algo que seja repugnante,
mas “Deus é tudo em todos” (cf. 1Co.15:28), e Ele fará novas todas as coisas (cf. Ap.21:5),
não havendo mais “morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já
passou” (cf. Ap.21:4).

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Inferno, Seol, Hades, Gehena, Tártaro

Existe mesmo um lugar de fogo literal, onde os pecadores perdidos vão ficar presos, por
toda a eternidade? A Bíblia foi escrita em três línguas: hebreu, caldeu e grego. A Bíblia que
temos hoje em dia foi traduzida para o português destas três línguas. Há muitas traduções
da Bíblia. A mais popular é a Corrigida. A Corrigida ultrapassa a maioria das versões da Bíblia
em exatidão, beleza e legibilidade. Também tem por sua base o manuscrito grego "Texto
Recebido".

A PALAVRA "INFERNO" NA VERSÃO CORRIGIDA

Há quatro palavras para "inferno" na versão corrigida. Destas quatro, só uma é usada no
Velho Testamento. É a palavra hebraica "Seol". No Novo Testamento as outras três palavras
para "Inferno" são: "Hades", "Gehena" e "Tártaro"; todas naturalmente são palavras
gregas.

QUAL O SIGNIFICADO DESTAS PALAVRAS?

Temos de olhar no hebreu e no grego para entender o significado destas palavras. A palavra
inferno, no português, não nos dará o significado nem no hebreu nem no grego.

1. A palavra hebraica "Seol" no Velho Testamento é traduzida assim:

"Inferno", 28 vezes: Deuteronômio 32:22; 1 Samuel 22:6; Jó 11:8, 26:6; Salmos 9:17,
16:10, 18:5, 116:3; Provérbios 5:5, 9:18, 15:11, 15:24, 23:14, 27:20; Isaías 14:9, 14:11, 14:15,
28:15, 28:18, 57:9; Ezequiel 31:15, 16, 17, 32:21; Oséias duas vezes 13:14; Amós 9:2; Jonas
2:2.

"Sepultura", 27 vezes: Gênesis 37:35, 42:28, 44:29. 44:31, 1Samuel 2:6; 1Reis 2:6, 2:9,
Jó 7:9, 14:13, 17:13, 21:13, 24:19; Salmos 30:3, 31:17, 49:14, 49:15, 86:13, 116:3, 139:8,
141:7; Provérbios 1:12, 7:27, 30:16; Eclesiastes 9:10, Cantares de Salomão 8:6; Isaías 5:14,
38:10, 38:18.

"Sepulcro", 5 vezes: Números 16:30, 16:33; Salmo 6:5; Ezequiel 32:27; Habacuque 2:5.

"Enterrado", 1 vez: Salmo 49:14.

"Terra", 1 vez: Salmo 55:15.

"Seol", 2 vezes: Jó 17:16; Salmo 139:8.

"Mundo Invisível", 1 vez: Salmo 89:48.

O Dicionário Hebreu e Caldeu de Strong diz que "Seol" é "o mundo dos mortos".
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A Concordância Analítica de Young diz que "Seol" é "o estado invisível".

O Dicionário de Smith diz que "Seol" é "sempre a habitação dos espíritos dos mortos".

O dicionário e Enciclopédia Bíblica de Fausset diz que "Seol" é "o receptáculo comum dos
mortos.

Fica claro, então, que Seol não é só inferno, mas é o lugar dos espíritos, não importa se salvos
ou perdidos. É simplesmente um termo "significando o estado do morto, em geral, sem
qualquer restrição de felicidade ou miséria". Contudo, em muitos exemplos onde a palavra
é usada, a referência torna claro que era na parte de Seol (Inferno) que os maus eram
castigados. Salmo 9:17. Em outros exemplos a referência torna claro que era na parte de Seol
(Paraíso) que os salvos eram abençoados.

2. "Hades" é a palavra grega no Novo Testamento, que é traduzida deste modo na versão
Corrigida:

"Inferno", 8 vezes: Mateus 11:23, 16:18; Lucas 10:15; 1 Coríntios 15:55; Apocalipse
1:18, 1:18, 6:8, 20:13, 20:14.

"Hades", 3 vezes: Lucas 16:23; Atos 2:27, 2:31.

Mas "Hades" como o "Seol" não é só o inferno. Na verdade, "Hades" é a palavra


correspondente ao hebraico "Seol" e as duas tem o mesmo significado.

O Dicionário Grego do Novo Testamento de Strong diz que "Hades" é o lugar (estado) das
almas".

A Concordância de Young afirma: "O mundo invisível".

A. T. Robertson, mundialmente conhecido como erudito grego, afirma: "O Hades é


tecnicamente o mundo invisível, o Seol hebreu, a terra dos mortos".

Pedimos ao leitor que leia Lucas 16:19-31, onde há uma ilustração para o Seol (Hades). Esta
passagem abre a cortina e nos deixa dar uma olhada na "terra dos mortos".

Portanto, é óbvio que "Hades" (Seol) tem dois lados (compartimentos): um lado que é
chamado o "Inferno", um outro lado que é chamado o "Paraíso". Lucas 16:19-31. Entre os
dois lados tem um grande abismo que está posto, de sorte que os que quisessem passar de
um lado para outro não poderiam. O inferno é onde os perdidos estão sofrendo a ira de Deus
agora. Eles ficarão no inferno até o Grande Trono Branco quando serão julgados por Deus e
lançados no Lago de Fogo (Gehena) para a eternidade. Antes da ressurreição de Cristo os
salvos foram para o Paraíso. Quando Jesus Cristo ressuscitou dos mortos Ele levou todos os
crentes que estavam no Paraíso para ficar com Ele lá no céu para sempre. Então, agora todo
crente que morre vai logo ficar com Jesus no céu. Efésios 4:8-10. 2 Coríntios 5:8.
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3. "Gehena" ou "Lago de Fogo" é a palavra grega que realmente significa inferno.

Ela nunca é traduzida por nenhuma outra palavra. É sempre inferno, e dez das onze vezes
em que é usada, foi pronunciada pelo próprio Jesus Cristo. Aqui está uma lista com as
passagens onde a palavra "Gehena" aparece: Mateus 5:22, 5:29, 10:28, 18:9, 23:15, 23:33;
Marcos 9:43, 9:45, 9:47; Lucas 12:5; Tiago 3:6.

A palavra "Gehena" é de origem hebraica; vem de "vale" e "Hinom". "É o Vale de Hinom,
onde o fogo queimava sem cessar", A. T. Robertson.

O Vale de Hinom era um lugar perto de Jerusalém, onde Acaz iniciou a adoração aos deuses
do sol e do fogo, Baal e Moloque. Os judeus sob o domínio do ímpio Manassés, ofereciam
seus filhos como ofertas queimadas nesta adoração idólatra, Jeremias 7:31. Esta adoração
cruel foi finalmente abolida, e mais tarde, Josias tornou o lugar um receptáculo de carcaças
de animais e corpos de malfeitores (criminosos), nos quais os vermes se reproduziram
continuamente. Um fogo perpétuo era mantido para consumir a matéria apodrecida. O lugar
ainda existia no tempo de Cristo e o Salvador o usou para ilustrar as condições do inferno, "O
inferno de fogo", ao se referir a este vale.

Jesus se referiu ao Inferno como o "inferno de fogo", no qual tanto "o corpo quanto a
alma" serão lançados. Ele disse que lá "o fogo nunca se apaga" e onde "o seu bicho (o
homem) não morre".

O Inferno não é uma lenda como os ateus, Testemunhas de Jeová, Adventistas, Universalistas
e Modernistas gostariam que você acreditasse. Cristo não avisou sobre o Inferno só para
fazer medo aos homens. Ele fez isto porque o Inferno é real!

4. "Tártaro", a quarta palavra traduzida por "inferno" é usada só uma vez no Novo
Testamento grego, 2 Pedro 2:4.

O Dicionário Grego do Novo Testamento de Strong diz que "Tártaro" é "o abismo mais
profundo do Hades" (exemplo - Apocalipse 20:3) e que a palavra significa "encarcerar
(aprisionar) em tormento eterno".

A. T. Robertson define: "A habitação tenebrosa e sombria dos mortos ímpios, como o
Gehena dos judeus".

O Dicionário de Fausset define: "O profundo ou abismo ou poço do abismo".

FOGO NO INFERNO
Deixando as passagens que contém estas quatro palavras traduzidas por 'Inferno", vamos
notar outras que nos ensinarão sobre o inferno com palavras que podemos facilmente
entender.

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"Asim será na consumação dos séculos: virão os anjos, e separarão os maus de entre
os justos, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de
dentes". (Mateus 13:49-50)

"E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna". (Mateus 25:46)

"E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça de uma grande fornalha, e com a fumaça do
poço escureceu-se o sol e o ar". (Apocalipse 9:2)

"Também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice
da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do
Cordeiro". (Apocalipse 14:10-11)

"E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que
enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram
lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre". (Apocalipse 19:20)

"E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta
e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre". "E
aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo".
(Apocalipse 20:10 e 15)

Não seja enganado por aqueles que negam o fogo do inferno. Estes falsos profetas são
inimigos de sua alma. Leia estas passagens sozinho, e jogue no fogo a literatura sem valor,
que tenta negar as verdades simples da Palavra de Deus.

O FOGO ETERNO

Tenho uma revista Sentinela (Russelita ou tão chamados Testemunhas de Jeová), que tenta
negar o fato de que a Bíblia fala sério em passagens tais como:

"Portanto, se a tua mão ou o teu pé escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti;
melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés,
seres lançado no fogo eterno". (Mateus 18:8)

A palavra grega para 'eterno' é aionios. Significa "sem começo" e "sem fim", eterno. É usada
em Romanos 16:26 referindo-se a Deus, "do Deus eterno" (aionios). Este uso da palavra
devia nos mostrar claramente o significado de "eterno".

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A. T. Robertson diz sobre esta palavra: "É a idéia de eterno mais exata que o grego pode
colocar numa palavra. É uma idéia difícil de se traduzir".

A mesma palavra (aionios) é usada para descrever a vida futura dos justos e o castigo futuro
dos maus em

Mateus 25:46: "E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna".

Se o castigo dos maus for limitado, podemos também limitar a vida dos justos! Mas isto
não pode ser feito.

PARA TODO O SEMPRE

Esta frase "PARA TODO O SEMPRE" (eis aionas aionon): ocorre 23 vezes no Novo
Testamento: referindo-se a Deus, 19 vezes; as bênçãos futuras dos crentes, 1 vez; ao castigo
dos maus e de Satanás, 3 vezes.

Será que uma palavra pode significar eternidade absoluta 20 vezes, e só um período limitado
as outras 3 vezes? Que tolice!

A morte nunca é uma aniquilação na Bíblia. É sempre uma separação. A morte de Adão foi
uma separação de Deus, Gênesis 2:17, 3:23-24. A morte de Cristo foi uma separação de Deus,
Mateus 27:46. A morte física é a separação da alma do corpo, Lucas 16:22-23. A segunda
morte é a separação final e eterna das pessoas não salvas no "lago de fogo". Apocalipse
20:11-15. Para ter a certeza de que a segunda morte não é uma aniquilação leia Apocalipse
20:10.

Destruição também não significa aniquilação. Uma coisa pode ser destruída sem ser
aniquilada. Há muita destruição de propriedades, de bens, de edifícios, etc. numa guerra,
mas tais coisas não são aniquiladas.

Se você ainda está perdido, leitor amigo, então seu destino será a separação eterna de Deus
no Gehena de fogo, a menos que olhe para Jesus, que foi separado para que os pecadores
pudessem ter a vida eterna. Se notar sua culpa diante dEle e ficar ciente de que não merece
nada, a não ser o Inferno, por causa dos seus pecados contra o Deus Santo e Justo, há
esperança para você. Ouça:

"Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós
ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue,
seremos salvos por ele da ira". (Romanos 5:8-9)

Cristo sofreu o inferno, separação de Deus, por todos aqueles que dependem
completamente dEle.

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"Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para
levar-nos a Deus". (1 Pedro 3:18)

"Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos
feitos justiça de Deus". (2 Coríntios 5:21)

Olhe para Cristo, para ter a redenção do pecado, da morte e do inferno.

9
As Três Cabanas no Monte da Transfiguração

Jesus havia subido ao monte Tabor com Pedro, Tiago e João. Minutos depois, e tomados de
grande espanto, presenciam a transfiguração de Jesus e o aparecimento de Moisés e Elias.
Transfigurar significa: mudar de figura: “Suas vestes tornaram-se brancas como a neve, tais
como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear” Mc 9:3. Vale enfatizar que a
face de Jesus não transfigurou, sua aparência física, mas suas vestes. Essa experiência
acontece após Pedro reconhecer, diante dos onze discípulos, que Jesus era o Cristo, Filho de
Deus Mc 8:29.

Essa passagem tem gerado muitas interpretações errôneas a apoiar doutrinas sobre
reencarnação e manifestação dos mortos. A Escritura, contudo, não se contradiz. Toda ela
condena doutrinas que apoiam invocação de mortos e necromancia. A presença de Elias e
Moisés na transfiguração significa que Jesus estava apoiado pela Lei (Moisés) e pelos profetas
representado por Elias que fora arrebatado em vida, não provando a morte II Rs 2:1-11. “Não
penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim revogar, vim para cumprir” Mt 5:17.

As três cabanas

A reação de Pedro, ao vivenciar aquela fantástica revelação foi imediata:

“Tomando a Palavra disse: Mestre, é bom que estejamos aqui, e façamos três cabanas, uma
para ti, outra para Moisés e outra para Elias” Mc 9:5

Imagino que Pedro queria agradar, edificar um memorial como testemunho do mover
sobrenatural de Deus onde a glória fosse permanente, as cabanas, seriam capazes de abrigar
Elias, Moisés e servir de morada para Jesus. Se a ideia de Pedro tivesse sido aceita, logo, logo,
o monte Tabor se tornaria lugar de peregrinação, idolatria. Esse episódio, tem certa
semelhança com a transfiguração de Moisés no monte Sinai. Enquanto Deus revelava as leis
para Moisés, os Israelitas, impacientes pela demora, fabricam um bezerro de ouro para
adorá-lo.

Cada vez que tentamos resumir a glória e o mover de Deus a lugares e objetos, pecamos.
Deus é tão grandioso e inesgotável que não cabe em fabricações humanas, nem se delimita
a territórios. A glória do Senhor enche toda a terra Is 6:3 e céu. É claro que Ele se revela a
porções de povos e lugares "a glória do Senhor encheu o santuário” Ex 40:34. No Antigo
Testamento vemos a glória do Senhor habitar na arca da aliança Ex 25, mas os dois querubins
de ouro que encobriam a arca, anunciavam ser ela uma representação do santuário de Deus.
Na hierarquia angelical, querubins são “contemplação de Deus”.

Assim, no Antigo Testamento, através da arca da aliança, vemos o anúncio do Cristo revelado.
O que os antigos contemplaram, a Nova Aliança viu com os próprios olhos, se tornando ela
mesma a arca, o templo a abrigar o Espírito Santo de Deus: “Nosso corpo é o templo do
Espírito que habita em vós” I Cor 6:19
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A atitude de Pedro, remonta a uma igreja parada, voltada para o próprio umbigo. Interessada
em movimentos extraordinários e palavras de homens. As três cabanas no monte Tabor são
o retrato do farasianismo e das falsas doutrinas assentadas sob marcos emocionais ou
mesmo diabólicos.

Deus responde a Pedro

“Não Pedro, não é nada disso, esquece essa história de morar no Tabor e estender as cortinas
das cabanas para Elias, Moisés e Jesus. Este é meu Filho amado a Ele ouvi. Mc 9:7 Pedro, tudo
que você tem que fazer, é ouvir Jesus, tudo bem? Sim, congregar é necessário, olhe para o
monte, lá estão Tiago e João. Onde estiverem dois ou mais reunidos em meu nome, ai Estarei.
Mt 18:20.

Se estamos vivendo “experiências sobrenaturais” diariamente, algo está muito errado. Se o


lugar que frequentamos se parece com “as três cabanas no monte Tabor”, é hora de
mudança de direção, de ouvir Jesus. Evangelho é poder e onde tem poder tem milagres, mas
milagres sem transformação de vida, arrependimento, não conduz ao reino de Deus, a
salvação eterna.

Jesus disse: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu
nome, e em Teu nome não expulsamos demônios, não fizemos muitas maravilhas? E então
lhes direi abertamente: Nunca vos conheci, apartai-vos de mim, vos que praticais a
iniquidade” Mt 7:22,23. Logo após dizer essas palavras, Ele prossegue com a parábola da casa
na Rocha e da casa na areia enfatizando que o firmamento seguro está reservado aos que O
ouvem.

Que nossos ouvidos e corações estejam atentos as Palavras de Jesus de forma a criar em nós
um espírito submisso, reto e inabalável diante das tentações e provações do mundo.

11
Sheol, Hades, Geena, Tártaro

O que é o inferno bíblico? Primeiramente para entendermos melhor o que significa ‘inferno’
temos que entender que essa palavra não faz parte dos originais, a palavra inferno que hoje
conhecemos, origina-se da palavra latina inferus "lugares baixos", infernus. Na Bíblia latina,
a palavra é usada para representar os termos: Sheol, Hades, Geena e Tártaro sem distinção.
Aqui falaremos um pouco sobre cada uma delas.

Sheol

Este vocábulo aparece 65 vezes, no Velho Testamento muitas veses sinônimo de "bor"
(cova), "qeber" (sepulcro), "Abaddon" e "Shahat" (cova profunda ou destruição) e talvez
também de "tehom(abismo), ver: Provérbios 15.11 e 27.20, Salmos 88, Isaías 14.11-20 e
Ezequiel 31 e 32 entre outros, para ver a ligação entre essas palavras. As traduções oscilam
entre “sepultura”, “inferno”, “cova' e palavras correlatas. A palavra obviamente se refere de
alguma maneira ao lugar dos mortos.

Não existe acordo sobre a raiz da palavra "Sheol", então algumas etimologias foram
propostas, três possíveis candidatos a sua origem linguística são: primeiro, a palavra pode
ser derivado do SHA'AL raiz hebraica, que significa "para perguntar, para interrogar,
questionar." Em segundo lugar, pode ter surgido como um empréstimo de uma palavra
assírio-babilônica ", SHU'ALU", que significa "o lugar de encontro para os mortos."
Finalmente, poderia ter evoluído a partir de Assíria "Shilu", que significa "uma
câmara." Nestes casos, é provável que o conceito de Sheol seguiu o mesmo caminho das
crenças dos assírios e babilônios, que tinham ideias semelhantes de um submundo, enquanto
não tinha tanta semelhança com seus vizinhos Egípcios que eram bem preocupados com a
vida após a morte, os antigos hebreus não tinham tanta preocupação com isso a princípio.
Os hebreus viam a vida a pós a morte mais como se fosse um lugar sombrio. Algumas
passagens bíblicas descrevem Sheol como um lugar de "não existência", "uma cova" (Isaías
38:18, Sl 6:5 e Jó 7: 7-10), em contraste com os fogos perpétuos de Geena (que será tratado
mais adiante) que se desenvolveu no judaísmo tardio.

Os Hebreus também não tinham uma ideia de uma alma imortal vivendo uma vida completa
após a morte, por exemplo a palavra hebraica nefesh, tradicionalmente traduzido como
"alma vivente", sendo mais propriamente entendida como "criatura vivente", é a mesma
palavra usada para todas as criaturas que respiram e não se refere a nada imortal ... Todos
os mortos descem ao Sheol, e eles se encontram juntos, seja bom ou mau, rico ou pobre,
escravo ou livre (Jó 3: 11-19). Ela é descrita como uma região " escura e profunda", a "cova",
e "a terra do esquecimento", cortado de Deus e da vida humana acima (Salmos 6:5; 88:3-12),
além dessas existem outras passagens bíblicas que nos dão algumas características do Sheol,
ele é demonstrado ser em baixo do solo (Is 7:11,Is 14:15 Ez 31:14), é usada a imagem do solo
abrindo sua boca para tragar os vivos (num. 16:31-33) ou (Is 05:14), Todos que saem da terra

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dos viventes vão para lá (Gen 25:8-9, Gen 37:35), aparentemente para os antigos
o Sheol tinha uma distância determinada abaixo da terra e poderia ser alcançada (Amós 9:2),
Existiam portas de entrada (Is 38:10, Sl 9:14). Embora a realidade predominante sobre o
tema Sheol seja de que lá é o fim dos vivos, onde não existe memoria nem louvor (IS 38:18-
19, Sl 6:5, Sl 89:11-12) ainda se vê alguma esperança de que o único detentor de todo o
poder tenha misericórdia dos que lá se encontram, tais sentimentos são expressos nas
seguintes passagens: Sl 18:5-6 "As cordas do Sheol me envolveram; os laços da morte me
alcançaram. Na minha aflição clamei ao Senhor; gritei por socorro ao meu Deus. Do seu
templo ele ouviu a minha voz; meu grito chegou à sua presença, aos seus ouvidos". Embora
essa passagem traga o termo Sheol de maneira mais poética e não signifique
necessariamente que o homem está lá, ainda sim nos traz um reflexo da confiança que o
povo tinha em seu Deus. Outras passagens são: Sl 86:13 'Seu amor por mim é grande; você
me resgatou das profundezas do Sheol" e 1 Sam 2:6 "O Senhor mata e preserva a vida; ele
faz descer à sepultura e dela resgata.

Geena

Geena (ou Ge-hinnom) é um lugar de fogo onde os ímpios são punidos. Geena aparece no
Novo Testamento e nos escritos dos primeiros cristãos. O poderoso imaginário da Geena
origina de um antigo lugar real; assim Geena serve um exemplo da interação entre
significados literais e simbólicas na escritura. O conceito de sofrimento na vida pós-morte,
até como julgamento foi se aprimorando durante o exilio babilónico e depois no período de
dominação Persa. No decorrer dos séculos a literatura rabínica expos o conceito
de geena como um local ou estado de sofrimento temporário. Jesus Cristo vivendo
nesse período, usou esse conceito ao falar com os Fariseus: Mat 23:33 "Serpentes! Raça de
víboras! Como vocês escaparão da condenação ao inferno(geena).

A palavra deriva do hebraico: ‫הינום‬- )‫ גי (א‬Gehinnom, Significado: Vale de Hinom O vale faz
fronteira a sudoeste e ao sul da antiga Jerusalém, Ele é mencionado pela primeira vez em
Josué 15:8. Durante o reinado de Acaz, rei de Judá, Geena é mencionada como tendo sido
usada para a prática de rituais de sacrifício humano em adoração a deuses das nações
vizinhas, particularmente a Moloque. Segundo mencionado em 2 Crônicas 28:1-3 era neste
vale que tais práticas, que incluíam o sacrifício de crianças, eram realizadas, a bíblia fala:
"Acaz subiu ao trono com vinte anos. E reinou dezesseis anos em Jerusalém. Não fez, como
seu antepassado Davi, o que Javé aprova. Imitou o comportamento dos reis de Israel, fazendo
estátuas para os ídolos. Queimou incenso no vale dos Filhos de Enom e chegou até a
sacrificar seus filhos no fogo, conforme os costumes abomináveis das nações que Javé tinha
expulsado de diante dos israelitas." O neto de Acaz, o Rei Manassés, promovendo este tipo
de prática degradante em grande escala, também veio a fazer "os seus próprios filhos
passarem pelo fogo no vale do filho de Hinom", conforme 2 Crônicas 33:1, 2 Crônicas 33:6, 2
Crônicas 33:9. O Rei Josias, neto de Manassés, finalmente acabou com esta prática por
profanar este lugar, especialmente em Tofete, tornando-o impróprio para a adoração, talvez
por espalhar ali ossos ou lixo, conforme 2 Reis 23:10 que informa: "Também profanou
a Tofete, que está no vale dos filhos de Hinom, para que ninguém fizesse passar a seu filho,
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ou sua filha, pelo fogo a Moloch." Sobre os sacrifícios diz-se que os sacerdotes batiam em
seus tambores para que os pais não ouvissem os gemidos de seus filhos enquanto eles eram
consumidos pelo fogo.

Com o tempo, o vale de Hinom tornou-se o depósito e incinerador do lixo de Jerusalém.


Lançavam-se ali cadáveres de animais para serem consumidos pelos fogos, aos quais se
acrescentava enxofre para ajudar na queima. Também se lançavam ali os cadáveres de
criminosos executados, considerados imerecedores dum sepultamento decente num túmulo
memorial. Quando esses cadáveres caíam no fogo, então eram consumidos por ele, mas,
quando os cadáveres caíam sobre uma saliência da ravina funda, sua carne em putrefacção
ficava infestada de vermes, ou gusanos, que não morriam até terem consumido as partes
carnais, deixando somente os esqueletos. Nenhum animal ou criatura humana vivos eram
lançados na Geena, para serem queimados vivos ou atormentados e como todos esses
acontecimentos o vale começou ser usado como símbolo de juízo. Geenna é mencionado em
vários locais no AT, Jos 15:8, 18:16; Nee 11: 30, 2 Crônicas 28: 3; 33:6 e Jeremias 7:31, 19:2-
6, 32:35, e no NT, Mat 5:22, 5:29, 5:30, 10:28, 18:9, 23:15, 23:33; Mar 9:43, 9:45, 9:47, 12:5;
Tia 3:6.

Hades

Já Tratamos dois termos traduzidos em nossas bíblias por ‘inferno’, agora iremos para
o terceiro o qual é a tradução mais comum da palavra Sheol, que é Hades.

O vocábulo grego haides representa o submundo, isto é, a dimensão dos mortos conforme
os escritos clássicos. Conforme Homero, Hades era o nome tanto do submundo onde os
espíritos que partiram habitam, como o deus deste submundo, também chamado de Plutão,
o filho de Cronos e Réia. Sua forma genitiva original, Haidou, isto é “do Hades”, pode refletir
a idéia de que o submundo pertence ao deus Hades. Na LXX essa é quase sempre a palavra
usada para traduzir o sheol exceto uma vez em 2 Sam 22:6 onde Sheol é traduzido
por thanatos, e no novo testamento ela aparece cerca de dez vezes (onze vezes se incluirmos
1 Co 15.55, que tinha a palavra Hades na tradução, mas que provavelmente deveria
ser Thánate, (como nos MSS mais confiáveis) um exemplo da tradução
de Sheol para Hades está em At 2:27-31 (Hades), que cita o Sl 16:10 (Sheol).

O Hades dos gregos tinha duas partes. A parte mais profunda, onde as almas eram
castigadas, às vezes era chamada de Tártaro e o lugar das almas abençoadas tinha o nome
de Campos Elíseos (Edith Hamilton, Mythology, p. 9). Devemos tomar cuidado ao incluir
essas idéias pagãs gregas no vocabulário cristão, assim como a palavra grega theos, ou
“deus”, adquiriu um novo significado no conceito judaico e cristão, a palavra hades também
não deve ser definida a partir de seu uso grego.

No período intertestamentário a palavra Hades sofreu uma evolução em seu conceito, o


desenvolvimento da idéia da divisão do Hades em compartimentos separados para o justo e

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para o ímpio. Esse aspecto da escatologia era um assunto popular na literatura apocalíptica
que floresceu nesse período. É notável que o pseudoepígrafo Enoque (escrito c. 200 a.C.)
inclui a descrição de uma viagem supostamente feita por Enoque ao centro da terra. Essa
percepção tardia surgiu como consequência do exilio e das dominações seguintes, isso fez
com que o conceito de justiça se tornasse mais forte e então essa ideia de divisão foi
tomando forma, algumas fontes antigas dividiam o Hades em quatro compartimentos outros
em dois compartimentos, sempre com intenção de separar o ímpio do justo para a devida
punição. Sobre esse novo entendimento Stephen L Harris diz em ‘Understanding the Bible’
“Quando os escribas judeus helenistas traduziram a Bíblia para o grego, eles usaram o termo
‘Hades’ para traduzir Sheol, trazendo uma associação mitológica completamente nova à ideia
de existência póstuma. Nos mitos da Grécia Antiga, o Hades, nomeado a partir da deidade
sombria que o reinava, era originalmente similar ao Sheol hebraico, um submundo escuro no
qual todos os mortos, a despeito do mérito individual, eram indiscriminadamente colocados”
mostrando que o conceito de Hades que a princípio era para manter o mesmo entendimento
de Sheol começou a mudar graças as influencias Gregas. Essa ideia estava em pauta ainda
na época de Jesus, e ele usa desse conceito de Hades dividido em compartimentos para
elaborar a parábola do Rico e Lazaro, não com o intuito de trazer detalhes da natureza do
‘inferno’, mas para ensinar uma mensagem aos ouvintes.

Tártaro

E por último, o Tártaro. Esta palavra ocorre uma só vez nas Escrituras, em 2 Pedro 2:4. O
apóstolo escreve: “Deus não se refreou de punir os anjos que pecaram, mas, lançando-os no
Tártaro, entregou-os a covas de profunda escuridão, reservando-os para o julgamento. Os
gregos viam Tártaro como um lugar subterrâneo, inferior ao Hades, onde a punição divina
era infligida; Assim Pedro toma emprestada a palavra inferno da mitologia grega, que
designava um lugar chamado Tártarus como habitação dos perversos. Pedro não usa esse
termo para ensinar ou dar sua aprovação à mitologia grega, mas para falar na linguagem de
seus leitores. Eles entendiam que o termo descrevia a parte do inferno onde os piores
pecadores eram mantidos. “Assim como Paulo podia citar um verso apropriado do poeta
pagão Aratus (At 17.28), assim também Pedro lança mão do uso dessa imagem homérica”.

Dentro da comunidade cristã, o termo tártarus não era desconhecido, como fica evidente
pela literatura greco-judaica do século primeiro. Pedro estava tentando passar para o público
de sua carta o mesmo conceito do geena, como um lugar de punição para onde vão os mal
feitores. Mas os anjos não estão presos, pois se estivessem o que diríamos desses versículos?
Jo.1:7; Jo.2:2, alguns poderiam dizer que os anjos foram presos depois da morte na cruz, mas
ainda temos: Ef.6:12, 1Pe.5:8. Seria ótimo se o diabo estivesse preso, porem essa não é a
realidade, ainda hoje toda a humanidade é afligida pelo mal, então se Pedro realmente usou
essa palavra tentando trazer a lembrança de punição tal qual a palavra geena nos lembra,
isso seria melhor visto como um processo que está acontecendo e os anjos serão presos
futuramente e destruídos com a segunda vinda do Senhor.

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Como vimos o conceito de Sheol traduzido muitas vezes pela palavra ‘sepultura’ teria
realmente esse significado a princípio como a palavra ‘qeber’, com o passar do tempo ganhou
uma denotação mais idealista, poética significando ‘o reino dos mortos’ não
necessariamente um reino de mortos vivos, mas o reino da morte, do silencio, buscando
referenciar o estado contrário da terra dos viventes, se aqui existe barulho lá é silencio, se
aqui se louva a Deus lá não se faz mais isso, então o Sheol é esse lugar onde a vida se
findava. Eu particularmente penso que é linda este tipo de sabedoria do povo Hebreu que se
preocupa com o "hoje", diferentemente de outros povos vizinhos que se preocupam tanto
com o " amanhã", não seria por menos, Deus agraciou esse povo com muita sabedoria e
confiança, o povo sabia que o dia de hoje bastava porque YHWH cuidaria do dia de
amanhã, Mat 6:34 Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará
suas próprias preocupações. É suficiente o mal que cada dia traz em si mesmo.

Voltando, a palavra Sheol tem sua tradução mais comum para o grego usando o termo
‘Hades’ que embora faça parte da mitologia grega, nas escrituras manteve basicamente o
mesmo significado, um lugar onde finda a vida. Durante a evolução do conceito
de Sheol através dos tempos, começou a surgir uma ideia mais forte de punição e até a de
restauração (futuramente entenderíamos que seria através da ressureição) e essa ideia de
punição se deu com o simbolismo do vale de Hinom, local de sacrifícios a Moloque que
depois virou um lixão, onde tinha muito mal cheiro e vermes e essa cena foi utilizada como
um símbolo profético (Jr 7:31-32) para a punição dos injustos. E a palavra tártaro,
também foi usada por Pedro para trazer a ideia de punição futura como geena, assim tanto
homens quanto anjos serão punidos no ‘inferno’.

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