Na «Farsa de Inês Pereira» podemos verificar, que a protagonista vai mudando, no desenrolar da ação devido a diversos acontecimentos que marcaram a sua vida. Visto que Inês vivia com a Mãe, estava ansiosa com o seu casamento para se ver livre desta e das tarefas aborrecidas que era obrigada a realizar. Sendo assim, a casamenteira, Lianor Vaz, apresentou-lhe Pero Marques, um homem ingénuo, rústico e simplório, características que não agradavam a jovem, pois queria ter um marido sofisticado(“avisado”). Então, dois judeus casamenteiros, Latão e Vidal, encontraram o marido ideal de Inês Pereira, o Escudeiro Brás da Mata, que falava bem, sabia tocar viola, era sofisticado... parecia ser o esposo perfeito para a rapariga solteira. Porém, depois de estarem casados, Brás da Mata mostra ser uma pessoa completamente diferente, sendo bastante autoritário e agressivo com Inês pelo facto de não a deixar sair de casa, fazendo com que a jovem tenha menos liberdade do que quando era solteira e estava sob a guarda da progenitora. Casada com o Escudeiro, ela encontrava-se infeliz, perante os maus tratos que sofria e arrependida por ter recusado, o ingénuo Pero Marques. Mas quando recebe a notícia que o seu marido tinha falecido em Marrocos, agora viúva ela sentiu-se livre, aprendeu que a experiência é a grande mestra da vida e jurou que se iria casar com um marido que lhe fosse obediente. Assim aceitou casar-se com o lavrador, com quem era livre e feliz, fazia tudo o que queria com o seu consentimento (abusava do marido). Além disso, era adúltera, tendo iniciado um relacionamento com o Ermitão, seu antigo apaixonado, mostrando-se desrespeitosa, por abusar do seu marido bem intencionado, já que lhe pediu para a acompanhar até à ermita do amante tendo sido carregada ás costas. Em conclusão, podemos verificar que Inês Pereira mudou bastante desde o início até ao final da obra, tendo evoluído com as suas experiências de vida, nem sempre tendo tomado as decisões mais corretas.