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Farsa de Inês Pereira

De Gil Vicente
Estrutura da obra
A obra está pode ser dividida em três partes: Inês Fantasiosa; Inês malmaridada; e Inês
quite e desforrada. A ação passa-se num local indeterminado, e o tempo da ação é
também impreciso, apesar de se pensar que deverá ter sido por volta do séc. XVI.

Personagens
Inês Pereira: no início da peça mostra-se indolente e não cumpre as tarefas, é sonhadora
e romântica. Pretende casar-se para se libertar da sua vidae pretende unir-se ao homem
ideal. No casamento com o Escudeiro é submetida a um tratamento cruel e fica
desencantada e desiludida. Já no casamento com o Lavrador Inês sente-se livre comete
adultério. Inês mostra também ser rebelde e determinada, pois não ouve os conselhos da
Mãe e desposa o pretendente que deseja.
Mãe: é a voz da experiência, é pragmática, pois afirma que um casamento implica
sustento material, e é prudente. Mostra o seu afeto maternal por Inês, uma vez que pede
ao Escudeiro que seja afetuoso com a filha.
Lianor Vaz: alcoviteira (propõe a Inês o casamento com Pero Marques), astuta e
determinada, e pragmática, pois sugere a Inês que case com Pero Marques, uma vez que
ele a pode sustentar.
Pero Marques: é um lavrador abastado, é ingénuo, ignorante e um pouco grosseiro, é um
homem determinado, uma vez que não desiste do seu desejo de casar com Inês.
Escudeiro: é um homem fanfarrão, mentiroso e interesseiro. É autoritário,
despótico (humilha e oprime Inês após o casamento), e cruel para com o Moço que o
serve. Revela-se um cobarde quando é morto por um pastor quando fugia da batalha.
Moço: Funciona como contraponto do Escudeiro (através dos comentários do Moço,
sabe-se a condição miserável em que vive o Escudeiro).
Latão e Vidal, os judeus casamenteiros: são astuciosos e eloquentes, têm uma função
semelhante à de Lianor Vaz (persuadir Inês).
Ermitão: é imoral e apresenta um comportamento imoral, assim como o do clérigo
referido no início da farsa.

Resumo das 3 partes:


Inês Fantasiosa: São apresentadas as ambições e os sonhos de Inês (casar com um
homem avisado);Pero Marques propõem casamento a Inês, algo que esta considera
desinteressante. Inês recusa a proposta de Pero Marques.
Inês malmaridada: A proposta do Escudeiro, Brás da Mata, corresponde às
expectativas de Inês (quer afidalgar-se através do casamento), Inês vive uma desilusão
com a vida matrimonial agressiva, e a morte do marido é sinónimo da sua liberdade.
Inês quite e desforrada: Pero Marques faz uma nova proposta a Inês, este casamento
traz-lhe liberdade e conforto, e Inês comete adultério com o Ermitão.
Nas duas primeiras partes é visível o confinamento de Inês à área doméstica, enquanto
na última parte Inês já tem total liberdade de movimentos e de expressão.

Tipos de cómico:
Cómico de situação: Pero Marques senta-se na cadeira ao contrário e de costas para Inês
e sua Mãe; as interrupções e repetições constantes de Vidal e Latão, com a pressa de
persuadirem; Pero Marques, descalço, transporta Inês às costas para o encontro amoroso
desta com o Ermitão e canta enquanto o faz.
Cómico de linguagem: a Linguagem de Pero Marques; o discurso repetitivo de Vidal e
Latão; Ironia do Moço que serve o Escudeiro.
Cómico de carácter: O Escudeiro, dissimulado, com o seu discurso elaborado e o seu
talento para cantar e tocar; Pero Marques, deslocado no contexto em que é colocado.

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