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LAMA CULTURAL COTIDIANA

Consta que os símbolos na política, historicamente possuem a


capacidade de exercer um diálogo subliminar com cidadãos desatentos. Pensando
nessa sutileza programada, cabe a releitura do quadro patético apresentado pelo ex-
Secretário Nacional de Cultura, em seu vídeo divulgado. Fosse um filme de terror,
inspirado no Nazismo, seria mais compreensível a falta de inteligência aplicada pelo
representante do Governo Federal.

Nesses momentos, cabe a análise sobre que tipo de cultura


queremos para o nosso país. A dos movimentos calculados para impressionar a
aristocracia, do teatro ensaiado apenas para elites, ou talvez a arte que reproduza a
linhagem do ataque aos “esquerdistas”, “Comunistas”, sejam eles oposição ou antigos
apoiadores de Bolsonaro. Tais opções, dignas de repulsa, mostram a decadência
apresentada pelo Rei e seus súditos, que notoriamente são contra qualquer forma de
libertação do pensamento, sem travas impostas pelo Estado.

Qual sentido em imaginar que a música, literatura, teatro ou cinema


devem andar a cabresto de uma ideologia, seja ela qual for? Algo próximo a um
terrorismo de estado, pode ser a resposta, no momento em que se proíbe a
possibilidade de opção do pensamento crítico. Questionar pode ser um problema, para
déspotas que pretendem fazer de um povo os seus papagaios de estimação, repetindo
palavras de ordem.

Cultura pode ser o remédio para tanta injustiça social, vista no Brasil de
nossos tempos. Seu efeito deveria chegar igualmente aos que estão na onda das
regalias e benefícios políticos e financeiros, que não derramam uma lágrima com uma
canção ou frase de livro bem elaborada. Sem interesse político no desenvolvimento
efetivo da cidadania, através do acesso à cultura inclusiva para todos, só nos resta a
constante lama de cada dia.

Christopher Goulart

Advogado, primeiro Suplente de Senador (PDT-RS)

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