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Reflexões sobre a Guerra entre a Rússia Capitalista e a Ucrânia Capitalista:

um início de conversa

Robson Loureiro

A maioria das autodeclaradas "pessoas de bem", que é "contra a Guerra", que defende a Pena de
Morte, que condena o direito ao aborto realizado por meninas e mulheres que engravidaram de um
estupro ou por outra situação indesejada qualquer; que é a favor da maioridade penal; que defende
toda espécie de ditadura, quer seja ela militar, burocrático-civil, ou mesmo de um Estado Totalitário
Fundamentalista Cristão; gente de “bem” que é contra os conteúdos escolares (literatura, filosofia,
sociologia, história, artes, educação “sexual”) capazes de fomentar uma cultura da não
violência/barbárie; essas “pessoas de bem”, que defendem as queimadas e a destruição das nossas
florestas e de toda riqueza ecossocial, da biodiversidade, também defendem a invasão dos territórios
indígenas historicamente demarcados. Enfim, são essas mesmas pessoas que defendem a tese de que
índios são um atraso ao progresso (mas não explicam o que entendem por progresso) e simplesmente
se acham no direito de defender o extermínio étnico desses seres humanos.
Nos Estados Unidos da América do Norte há inúmeros exemplos parecidos com o que aqui aconteceu
e acontece. Lá, as “pessoas de bem” também foram responsáveis pelo genocídio de inúmeras etnias
autóctones (“Índios”) que viviam na América do Norte – Estados Unidos, Canadá, México. Os Yanks
tentaram exterminar todas as culturas originárias que viviam naquela região havia mais de 12 mil
anos, antes da chegada dos Ingleses; foi isso que fizeram (os EUA). Cabe lembrar da invasão ao
Vietnã, ao Iraque, à Líbia, ao Afeganistão, liderada pelos EUA. Sim, foram homens e mulheres “de
bem” que deram o aval para o extermínio de milhares de seres humanos naqueles países.
Ser contra a Guerra é fundamental. Mas, não dá para igualar os lados. Querer o poder, todos querem?
Sim. Mas, à guisa de exemplo: nos últimos anos, além dos territórios que já pertenciam a eles (os
chineses), há notícia de que a China posicionou armas, mísseis etc. contra algum país, como os
Estados Unidos fizeram ao posicionarem mísseis, localizados nas fronteiras de países próximos, agora
apontados para a Rússia?
Ser contra a Guerra não nos exclui da responsabilidade de saber a verdade e nos posicionar. No caso
em questão, o que a Imprensa Golpista afiliada aos Estados Unidos (o líder do Império) faz, é criar
imagens falsas, produzir audiovisuais (vídeos) mentirosos nos quais crianças ucranianas são
covardemente assassinadas; notícias sobre mulheres estupradas por soldados Russos; hospitais
ucranianos bombardeados pela artilharia Russa. Com certeza, não é possível mitigar a ação de
nenhuma corporação militar. Militares são treinados para matar. Obedecer a ordens e, se possível,
eliminar o inimigo. Não há inocentes nesse complexo tabuleiro de xadrez. Mas, os russos são mestres
nessa arte. Contudo, em geral, as pessoas tendem a acreditar naquilo que os noticiários veiculam.
Minha hipótese: ou elas fazem isso porque não têm como certificarem se a imagem/audiovisual, a
narrativa televisiva é ou não verdadeira, ou, talvez, na falta de condições e/ou mesmo motivadas pelo
desinteresse/preguiça, para checarem as notícias, as pessoas acabam por aceitar como verdade o que
assistem nos telejornais e/ou mesmo veem nos canais da esfera pública virtual (Facebook, YouTube,
Twitter, WhatsApp, TikTok etc.).
Foi assim que conseguiram (o Partido da Imprensa Golpista – PIG) "derrubar" (dar o Golpe) a
Presidenta Dilma. É assim, faz décadas, que o Complexo Empresarial Globo (e afiliados) tenta
produzir/reproduzir e formatar o imaginário social, o inconsciente histórico-coletivo dos brasileiros
e brasileiras. Sempre ancorados no velho e surrado discurso que opera com o medo ao desconhecido.
Aí recorrem à mesma ladainha: Lula é incompetente, preguiçoso, ladrão, corrupto etc. e, por
consequência, toda a cosmovisão da esquerda. A "cabeça vazia" (vazia de leitura sobre a história não
oficial) de parcela considerável da população, nos seus mais diversos estratos sociais, é preenchida
pelas fakenews oficiais e as não oficiais criadas por quem, como os filhos da Familícia Bolsonaro, e
seguidores, têm interesse em permanecer no poder para continuarem a saquear os cofres públicos e
fazer com que o Estado sirva apenas para favorecer aos seus interesses privados.
Mais uma vez: foi assim, com a narrativa já velha e surrada, que derrubaram o segundo governo de
Getúlio (e o levaram ao suicídio), o Golpe de 1964 (com as mesmas mentiras da década de 1930) que
destituiu João Goulart da presidência e com o Golpe de 2016, mais uma vez capitaneado pelo Partido
da Imprensa Golpista articulada com os setores mais conservadores e reacionários da sociedade
brasileira que demonizaram não apenas Lula, Dilma e o PT, mas toda a esquerda. Pouco antes, o
Conglomerado Empresarial que sustenta o PIG global (mundialmente articulado) derrubou (2012)
Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai; também com Golpe idêntico ao que aconteceu aqui, em
2016, em 2014 as mesmas forças do 4º poder derrubaram Viktor Ianukovytch, ex-presidente da
Ucrânia, que havia sido democraticamente eleito e também deposto após intensa propaganda do PIG
ucraniano e europeu, que eram contra sua (de Ianukovytch) aproximação com a Rússia de Vladmir
Putin. Com razão, afirmou o professor Rui Costa Pimenta (2022 – disponível em: A guerra na Ucrânia
e o Brasil, com Rui Costa Pimenta e Attuch - YouTube), o Partido da Imprensa Golpista – PIG –, liderado
por Corporações Multinacionais que faturam bilhões anualmente, é um braço direito do Império
Estadunidense (que decide o destino da Europa). Esse PIG sempre existiu e é expert em criar
imaginários, fantasias, memórias; são especialistas em formatar a memória histórico-coletiva que se
fixa na subjetividade das pessoas.
Foi assim que elegeram Collor, Donald Trump, J. M. Bolsonaro, Volodymyr Olexandrovytch
Zelensky, o atual presidente da Ucrânia. Zelensky é um político, ator, roteirista, comediante e
produtor/diretor cinematográfico ucraniano, integrante do Partido Servo do Povo: sabidamente um
político de extrema direita com fortes traços de uma personalidade nazifascista.
Ser contra a Guerra, seja ela qual for, é premissa maior e menor para todos que defendem uma
humanidade menos bárbara. Contudo, apesar de fazer coro com aqueles que são contra a "invasão"
russa, na Ucrânia, as evidências sugerem que os Estados Unidos e a Otan são os principais
responsáveis por tudo o que lá acontece e venha a acontecer. Não é Putin, ou o Estado Russo que
devem ser penalizados. Aliás, basta lembrar que o Estado Russo (da antiga URSS) sempre foi a favor
da desanazificação da Europa. Ao contrário, os Estados Unidos nunca atuaram para criminalizar os
crimes cometidos pelos nazistas. Há farta literatura que comprova a aproximação da alta burguesia
estadunidense e do alto comando do Pentágono com as forças hitleristas, inclusive com o próprio
Hitler. Afinal, por que razão demoraram (EUA) tanto a entrar na (2ª) Guerra? E, qual exército hasteou
sua bandeira no alto do Prédio do Parlamento alemão (o Reichstag) e que se tornou símbolo da
capitulação nazista? Só para refrescar a memória: a bandeira do exército russo foi hasteada pelo
soldado Abdoulkhakim Ismailov, em maio de 1945. Ismailov morreu, aos 95 anos, em 17.02.2010,
considerado (com razão) um herói da Guerra.
Faz mais de uma década que Putin avisa aos líderes da Otan sobre essa possibilidade (de uma ruptura
diplomática), por conta do avanço da Otan sobre os países fronteiriços ou próximos à Rússia. O que
fizeram os Estados Unidos para evitar o que agora acontece? Como sempre, nada além de vistas
grossas e inflamar os ânimos da opinião pública internacional.
A Globo (não apenas) é um empresa do ramo das comunicações e está entre as 30 maiores do mundo.
Seus repórteres, assim como de outras empresas (Band News, Record News, SBT etc.) agem como
ventríloquos. Reproduzem o discurso das corporações midiáticas (CNN, BBC, Reuters, Deutsche
Welle, Fox News, CBS) assentadas no polo dinâmico do capital internacional, todas especializadas
em produzir narrativas espetaculosas e terem a Guerra, qualquer que seja ela, um produto, uma
mercadoria de alta rentabilidade econômica para seus negócios. Produtora de fakenews oficiais, a
Rede Globo e o Complexo Empresarial de Comunicações que é propriedade da Família Marinho, faz
50 anos tem sido habilidosa em dar continuidade aos interesses privados dos Marinho, que, por sua
vez, colidem e são contrários aos interesses da maioria da sociedade brasileira. Infelizmente, quase
metade da população cai no canto da sereia, nas mentiras televisionadas, dos seus produtos
audiovisuais publicitariamente elaborados com esse fim. Muito em breve vão produzir um discurso
cuja narrativa vai aliar Lula e a esquerda à Rússia de Putin (RAMALHETE, 2022, s.p) e, nada nos
surpreenderá caso ela (a Globo) dê “um beijo na boca do Capitão Presidente” (RAMALHETE, 2019),
só para não permitir que Lula vença a eleição de 2022.
Se não tiver alternativa a Lula e a Bolsonaro, o Partido da Imprensa Golpista (PIG – Folha de São
Paulo, Jornal O Globo, Jornal A Gazeta, A Tribuna, Jornal Estado de São Paulo, Correio Brasiliense,
Jornal Estado de Minas, bem como os canais telejornalísticos e da esfera pública virtual, Internet)
vai apoiar o Capitão Presidente Genocida que agora, estrategicamente orientado pelos Comandantes
do Agronegócio Brasileiro, apoia (o Presidente Bolsonaro apoia) a Rússia. Daqui a pouco tempo esse
episódio será esquecido, deletado pelos donos da divulgação daquilo que supostamente é a verdade.
Agora, no calor dos acontecimentos, seus ventríloquos jornalistas publicitários comentam, aqui e
acolá, nos seus programas televisivos (repetidos nas rádios, no Facebook, no YouTube etc.), mas um
pouco antes (a partir de junho e julho) do pleito do final de ano, vão dar um jeito de esquecer o apoio
de Bolsonaro, dado a Putin.
A Globo "vai ter" que Fabricar um "novo" Collor, um "novo" Sérgio Moro para que o povo não vote
no Lula? Quem será o fantoche da vez? Se o Eduardo Leite, atual Governador do Rio Grande do Sul
(ex-prefeito de Pelotas) não vier como candidato, e se por acaso a Globo não encontrar um substituto
(ao Leite), aí será bem provável que ela sele o beijo na boca do Presidente Capitão Bolsonaro,
conforme previsão de Ramalhete (2019). A ideia central do discurso, da narrativa televisiva do
espetáculo jornalístico vai ser ligar Putin e Rússia ao comunismo e, obviamente, à toda a cosmovisão
de esquerda (RAMALHETE, 2022). Contudo, não obstante, todavia, porém, Putin é um pró-
capitalista. Foi ele quem retirou a Rússia da derrocada econômica, após Gorbatchov e Boris Yeltsin
(PIMENTA, 2022). Na avaliação do professor Rui Costa Pimenta (2022), a classe operária Russa faz
uma ótima avaliação do Governo Putin, pois ele a reinseriu a um patamar mais digno de vida, bem
distante do que foi a experiência na Era Gorbatchov e Yeltsin. Assim como a Rússia, tampouco a
China é um país comunista. Mas, como explicar isso para o povo brasileiro (em especial para os 55
milhões que votaram no Presidente Capitão Expulso do Exército); uma população inteira, cuja cabeça
é cheia do conteúdo criado pela Globo, SBT, Record, Bandeirantes, Rede TV, CBN etc., pelos
comentaristas publicitários habilidosos em criar o caos e que em nada têm a contribuir para a
compreensão da história.
Em tempos de Guerra bélica, que nunca cessaram, pelo contrário, a Guerra parece fazer parte de um
presente continuum que vigora desde a segunda metade do século XIX e atravessou todo o XX; em
tempos nos quais a barbárie nazifascista da extrema direita é aceita como alternativa à cosmovisão de
esquerda, é preciso estar atento à Guerra de Guerrilha das narrativas produzidas nas mesas dos
criadores que se dizem jornalistas; estes que não passam de publicitários à serviço dos seus Amos –
aqueles que pagam seus salários para manter o povo no caos, na incerteza, atolado na lama das
fakenews por eles (comentaristas) próprios criadas.
É preciso humanidade para combater o obscurantismo. É preciso duvidar, debater, dialogar,
confrontar as narrativas, pois a verdade não se reduz um texto escrito ou imagético produzido nas
“pranchetas” (nos tablets) dos publicitários que se autointitulam jornalistas, tampouco ela é um
excerto bíblico qualquer, e por isso não cai do céu tampouco nasce em pé de rosas.
É preciso algum esforço da razão sensível, desejosa por transformar a bárbara realidade. Esta, que
não se deixa desvelar na primeira e superficial olhadela desferida de soslaio para os fenômenos que
não se deixam captar ao primeiro olhar, seja eles de qual natureza for: naturais ou sociais. O que os
Estados Unidos têm feito é apenas acirrarem os ânimos, não apenas da opinião pública mundial com
baixo nível de experiência no campo da leitura da literatura histórica, mas também acirram os ânimos
dos países envolvidos no conflito (por eles próprios – EUA – criados) entre o Estado Capitalista
Russo e o Estado Capitalista Ucraniano, cujo presidente, Zelensky, é sabidamente de extrema direita,
assim como o atual presidente brasileiro.
A guerra de lá vai atingir a guerra de guerrilha que teremos que travar contra a extrema direita aqui.
Mas, isso é uma conversa para outro momento.

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