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Acredito que para a maioria das pessoas que pelo menos aprenderam a tarefa
básica de checar suas fontes de informação, problematizando sua origem, seu conteúdo
e os objetivos das mensagens delegadas ao nosso entendimento, não será tarefa difícil
interpretar as palavras que seguem nesse texto. A nossa vida física é corolário de nossa
atitude mental, portanto o cidadão médio, muitas vezes embrutecido não tanto pela
diversidade de fontes de conhecimento, mas pela multiplicidade de informações não
explicadas satisfatoriamente, pereça ante posturas inadequadas frente à vida, gerando se
não a infantilidade em corpos adultos, sem dúvida as tristes cenas de depressão, niilismo
e descaso perante a existência. Tal montante de desinformação é diretamente
proporcional às altas taxas de suicídio nas metrópoles dos países considerados mais
desenvolvidos e à imbecilidade e ao escapismo das massas.
Nos anos oitenta veio a baila um livro chamado A Conspiração Aquariana
(FERGUSON, 2006), com um título em inglês sugestivamente diferente, The Changing
Images of Man. A autora, procurando movimentos inovadores de transformação da
sociedade humana, acabou percebendo um vínculo invisível entre os mais diferentes
estratos sociais, os quais às vezes acabavam se comunicando apenas por sinais sutis,
sem ao menos perceber que estavam interconectados. “Sim, essa é uma conspiração!”,
clamou a jovem escritora. Seria uma conspiração do bem, holística, impregnada em
cada ângulo, o mais estreito, de uma nova sociedade que surgia. Apolítico seria também
esse movimento, podendo influenciar nos EUA tanto a republicanos como a
democratas.
Tal revolução silenciosa começou a ser feita pelos jovens da New Age, os “filhos
da flor” e toda denominação a mais que pode ser dada a geração que vivenciou a
contracultura. Os baluartes dessa época, assim como seus filhos, trazendo em si todo o
desejo de transformação da geração que lutou contra a guerra do Vietnã, pelo amor
livre, etc., são hoje os que compõem os quadros dos partidos verdes espalhados pelo
mundo, das organizações filantrópicas para o bem estar da humanidade. Dos globalistas,
enfim.
Com certeza, na América Latina tivemos tentativas de nos fazermos “filhos da
flor”. Mas tentativas apenas. Fora o contingente que simplesmente por serem drogados
se denominavam hippies, os anos de chumbo das ditaduras militares espalhadas pelo
continente dispersaram a unidade requerida para se criar um movimento como esses.
Não usamos, aqui, como armas principais, charutos feitos com erva, ou mecanicamente
promovemos o “desbunde”. Isso foi tarefa para nosso pequeno clube de intelectuais
“iluminados” de classe-média, na esteira dos hippies, a partir dos anos oitenta e com a
redemocratização do país. Durante os duros anos que sucederam ao golpe de Estado
militar, a briga no Brasil foi feia, sem dar margem a devaneios.
Aqui entra Mickey Mouse e a substituição da suástica pelas orelhas de rato. Mas,
como assim? Como ligar um personagem tão simpático a um símbolo extremamente
repugnante? Simples, com uma palavra bem pouco complexa: paperclip. Ou seja, a
Operação Paperclip, de cooptação de elementos nazistas pelo governo-norte americano
durante o pós-guerra.
Tal operação não é somente aquela que ficou conhecida pela contratação de
nazistas para ajudar no programa atômico norte-americano. Sabedores dos conflitos que
naquele contexto geopolítico iria se travar entre EUA e URSS, os artífices da política
em Washington contrataram desde especialistas em tecnologia de armas nucleares a
médicos, especialistas em guerras psicológicas nazistas (junto com a organização
Gehlen), espias, assassinos e sabotadores.
Segundo Estulin, as provas são fundamentalmente circunstanciais, mas podem
ser encontradas na seção Captured German Documents dos Arquivos Nacionais norte-
americanos e serem comparadas com memórias e biografias dos anos da guerra e do
pós-guerra. As memórias de Wulff, astrólogo de Himmler, diz ter os nazistas o desejo
de criar um programa dentro do Reich que reproduzisse o estado mental de um soldado
japonês, “um ser humano ávido e desejoso de arriscar a vida por seu país sem fazer
perguntas” (ESTULIN, 2011: 67), e do soldado comunista chinês, “capaz de lançar-se
sem pensar rumo a uma morte segura” (ESTULIN, 2011: 67). Os cientistas nazis, entre
eles Friedrich Hoffmann, um químico nazista que assessorou a CIA no uso de
substâncias psicotrópicas de lavagem de cérebro, estiveram trabalhando em programas
de controle mental com militares e a CIA.
Hitler e Mickey Mouse: nada poderia ser mais coincidente. Assim conta Lonnie
Wolfe, em artigo para a revista New Federalist, falando sobre o Mickey Mouse Club:
Beatles e Tavistock
BIBLIOGRAFIA
ESTULIN, Daniel. Los secretos del Club Bilderberg. Barcelona: Editorial Planeta,
2006.
FERGUSON, Marilyn. A Conspiração Aquariana. Rio de Janeiro: Editora Nova Era,
2006.
ROHM, Wendy Goldman. O caso Microsoft: a história secreta de como Bill Gates
construiu seu império. São Paulo: Geração Editorial, 2001.
SUTTON, Anthony. Wall Street and the rise of Hitler. Nova Iorque: Buccaneer Books,
1976.
WOLFE, Lonnie. Brainwashing: How The British Use The Media for Mass
Psychological Warfare. The American Almanac, 5 de maio de 1997.
WOLFE, Lonnie. Turn off your TV. New Federalist, 28 de agosto de 2007.