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O engodo russo – um ano de conflito na Ucrânia, dois blocos ideológicos se

enfrentam – Águia Negra

A posição da Rússia no cenário internacional tem despertado paixões em


todos os lados, tanto a Rússia de Putin quanto a Ucrânia, servindo de ponta de lança do
globalismo, possuem defensores ardorosos, cada qual com sua gama de discursos
justificantes. O eurasianismo é a arma intelectual da geopolítica russa do momento,
buscando convencer os demais povos do mundo que a Rússia se encontra em uma
missão sagrada de combate ao Ocidente unipolar e decadente, o qual, quando rompido,
provocará a multipolarização das influências ao redor do globo.
Destaco que ambos os projetos, o eurasiano e o globalista, são
antiocidentais, ambos rejeitam os valores que servem de base ao Ocidente. A elite
financeira supranacional combate com frequência as raízes culturais que tornaram seus
próprios países culturalmente superiores e capazes de construir sociedades civilizadas,
eles financiam os transtornos mentais que pervadem as áreas de ciência, identidade
sexual, religião, moralidade, a própria integridade psíquica necessária para a vida em
comunhão com os semelhantes. A cisão realizada pela proposta russa de Ocidente e
Antiocidente já está falsificada desde o início, porque ela, assim como seus inimigos,
combate os mesmos elementos culturais, seja por pretensões de controle (mantendo a
rédea curta sobre as populações que já estão em suas mãos), seja por vontade de
domínio (arrebatar novos territórios para sua esfera de ação direta).
Mediante a concentração de poder na Rússia para a destruição de seus
inimigos, haveria a redução da desigualdade entre as Nações oprimidas pelos Estados
Unidos e grupos globalistas que o controlam há décadas.
Obviamente, a multipolaridade é mero discurso para atrair simpatias e
apoio. Aquele que vislumbra o uso desse termo e realmente imagina que ele é o que
pretende enunciar já está morto na questão de análise geopolítica. A invasão da Ucrânia
é a oportunidade perfeita para descobrirmos quem de fato é anticomunista ou quem
estava apenas brincando de antipetismo e estava ansiosamente aguardando a
reformulação do discurso esquerdista para que pudesse novamente apoiá-lo com a
consciência limpa.
Putin prossegue angariando trouxas que veem nele um líder conservador e
patriota. Os russos são especialistas em fachadas políticas, não é dessa vez que iriam
falhar, montaram uma espécie de patriotismo neosoviético proveniente do orgulho
bolchevique, ignorando que o nacionalismo vermelho é uma bola quadrada.
O apelo à pátria é tão instintivo e humano que não desaparece nem mesmo
com o comunismo, porém as suas noções de patriotismo são corrompidas pelo regime,
que apenas se utiliza da retórica e indumentária conveniente, sendo vermelho e
internacionalista em essência. Josef Stalin promoveu a Grande Guerra Patriótica e
restaurou vários dos símbolos da era czarista, a fim de elevar a moral da população e o
esforço de guerra entre os recrutas. Os vermelhos sabem como manipular a simbólica
nacional enquanto conservam sua apatridia e lealdade para com a revolução
internacional.
O “patriotismo” da Rússia de Putin é mero engodo para melhor preservar os
restos do império vermelho e atrair trouxas do ocidente. A desgraça vermelha causou
um estrago irremediável naquele país, porque os símbolos nacionais e os símbolos
vermelhos se imiscuíram, o flagelo comunista e socialista conspurcou a bandeira russa,
seus brasões, e adentrou ao seu espírito nacional, fizeram do internacionalismo um
nacionalismo, exatamente quando da época da Grande Guerra Patriótica no regime
stalinista. Eles não condenam o passado comunista, mas o justificam. Nem Dugin, nem
Putin, nem ninguém influente do regime possui algo contra as figuras dos açougueiros
da revolução Russa, desde Lênin, passando por Stalin, até Gorbatchev. São todos
cúmplices do socialismo internacional e suas mãos ensopadas de sangue.
Após anos de exposição dos planos comunistas e da elite global, com gente
entusiasmada compartilhando palestras de Yuri Bezmenov, Viktor Suvorov, livros de
Ion Mihai Pacepa, Cleon Skousen, Anatoly Golitsin, Ladislav Bittman, Diana West, e
explanação da estratégia liberal-globalista e comuno-socialista por Olavo de Carvalho,
depois de ficar bem clara a plasticidade do movimento revolucionário comunista, sua
capacidade de se reinventar mil vezes e assumir feições diversas, com qualquer discurso
(nacionalista ou internacionalista), tudo isso ainda seguido de UM DEBATE ÉPICO
com Aleksander Dugin em que o plano eurasiano e a estratégia russa ficaram pelados
diante do estudioso do fenômeno, temos que aguentar pessoas ludibriadas com a figura
de Putin e sua Rússia "conservadora e de direita". Realmente, é de largar de mão... Nada
do que foi dito sobre o potencial da KGB e da elite soviética, que continua a mesma da
Rússia moderna, prestou para alguma coisa, entrou em um ouvido e saiu pelo outro. As
mesmas pessoas que ontem olhavam com indignação os relatos de lavagem cerebral de
uma nação pelo serviço secreto russo agora metem o sorvete na testa e ficam torcendo
para o lado neocomunista que só mudou o apelo discursivo.
Parece que só existem dois neurônios: o anti-globalista e o antirrusso, sendo
que a escolha de um faz pifar o outro e tudo que aprendeu junto. Bizarro.
Sobre a Guerra da Ucrânia, eles gostam de denominar de operação especial,
confesso que esperava um avanço rápido da Rússia no território ucraniano, dado o fato
de possuir aquela um dos maiores exércitos do mundo e deterem equipamentos de alta
tecnologia.
Zelensky causou uma boa impressão no início, pois as nações devem resistir
aos ataques às suas respectivas soberanias. Porém, quais interesses se escondem por trás
do apoio à Ucrânia? Esta é a questão. Volodymir é um fantoche do conglomerado
global. Se as potências ocidentais, controladas que são pelos grupos metacapitalistas,
lograrem desgastar a Rússia de forma brutal com essa guerra, estará aberto o caminho
para um confronto direto com a China comunista, o que compensaria o apoio bélico e
mostraria a racionalidade do gasto do contribuinte norte-americano e europeu.
Essa perspectiva de prevalência do bloco das Nações cooptadas pelo
globalismo não é motivo para tomarmos posição contrária, porque o discurso russo
esconde também outros interesses suspeitos. A Rússia acobertou toda a sua elite dos
tempos do regime comunista, preservou os símbolos da União Soviética e erige estátuas
ao genocida Josef Stalin, conserva ainda o mausoléu de Lênin, cultuando esse sujeito
como figura histórica nobre (nunca foi). A Rússia de Vladimir Putin tem grande
dificuldade em disfarçar sua verdadeira natureza.
Nos primeiros anos da revolução, os agentes soviéticos apaziguavam o
exterior afirmando que Vladimir Lênin não era um autêntico comunista, que ele estava
controlando as correntes revolucionárias internas enquanto preservava a economia
capitalista, portanto, alegavam os agentes diplomáticos, poderiam os investidores
estrangeiros se acalmar e continuar a fazer negócios com a Rússia. Putin não me
engana, pode enganar algumas toupeiras por aí, mas não a mim.
O eurasianismo não se espalha apenas pelo convencimento ideológico. Por
exemplo, existem influenciadores com a postura tão ativa na defesa do neocomunismo
de Putin travestido de nacionalismo que tornam razoável supor que estejam recebendo
verbas para cumprirem esse papel de agentes de influência. Eles se apressam a negar o
comunismo tanto da China quanto da Rússia, denunciando no mesmo ato que não
entendem nada dessa vertente política, que são otários ou talvez estejam sendo pagos
para fazer esse papel. Isso fica mais evidente quando se utilizam dos argumentos mais
imbecis, tais como o de que a Operação Lavajato prejudicou a economia brasileira,
reproduzindo o mesmíssimo discurso dos Partidos aliados ao NARCOSUL que operam
no território brasileiro. Eles convergem ao discurso do socialismo internacional latino-
americano. Esses sujeitos não são nacionalistas, não passam de fraudes.
Outra imprecação sem base é a de serem os opositores dos atos do regime
de Putin russofóbicos. Russofobia é o termo cunhado para tachar de preconceituoso
qualquer um que aponte fatos e tendências desagradáveis do governo russo. Essa
palavra tem por objetivo o de servir de inibidor psicológico às pessoas que exponham as
movimentações da máquina criminosa neosoviética. Cumpre a mesma função dos
termos transfóbico, islamofóbico ou homofóbico, como se aquele que os utiliza
estivesse diante de uma criatura irracional que somente profere irracionalidades e não
um discurso que expressa ações cruéis e maquiavélicas cometidas pelas pessoas do
campo vermelho. Acusado dessa forma, quando engole um artifício como esse, o
denunciador passa a se defender e abandona as suas denúncias, invertem-se os papéis, o
agente neocomunista passa a ser a vítima e o denunciante o agressor. O objetivo é
transmitir ao público a sensação de que os julgamentos das ações russas provêm de
postura preconceituosa e não de uma análise das atrocidades e abusos cometidos.
A cultura russa é fascinante, principalmente a literatura. É lamentável que os
vermelhos tenham raptado aquele país e passado a usar sua bandeira e símbolos
nacionais como carapaças a fim de esconder o internacionalismo delinquente.
O estrategista Dugin desvenda outra faceta do regime, ele parece ter saído
diretamente de um dos romances de Dostoiévski, como se pertencesse a algum dos
grupos revolucionários que atribuem à Rússia o papel de salvação da humanidade, mas
que acabam por se provarem demônios incendiários e agentes do caos. A sua ideologia
é vermelha e totalitária na essência, podendo ser suavizada com cores diversas a
depender dos povos para os quais ele irá palestrar.
Ideologias são grandes esquemas mentais que possibilitam a articulação de
agentes e discursos em prol de um objetivo determinado. As ideologias miram o
atendimento de finalidades práticas. É preciso entender que abraçar o esquema
eurasiano é abandonar qualquer possível esquema brasileiro; o nacionalismo do Brasil
recomendará situações nas quais será vantajoso aproximar-se ora dos Estados Unidos,
ora da Europa, ora da Rússia ou China. O esquema eurasiano representa o sequestro e
vinculação dos interesses pátrios ao do bloco neocomunista, este mesmo que envia
aviões, armas e apoio logístico à Venezuela para impulsionar os narcoestados do sul
americano.
O mito do mundo multipolar é a promessa ilusória de libertação dos povos.
A única coisa que liberta nações são armas e consciências nacionais fortes (isso não
depende da Rússia), o Brasil deve se virar para arranjar esses elementos, não há
sinalização de que os russos possam fornecê-los sem contrapartidas indignas.
Segundo Dugin, o Brasil deveria abandonar as raízes europeias e cultivar o
indigenismo e africanismo, se apegando a uma espécie de culto latino-americano da
terra (pachamama), é o prestígio quase religioso aos estados cocaleiros.
Portugal, em seu tempo, mantinha uma das formas de Estado mais evoluídas
da Europa, o que os territórios africanos e americanos eram a esse tempo? Nada.
Para ele, toda a carga cultural nobre transmitida ao longo de séculos deveria
ser arremessada ao lixo, garantindo que o Brasil permanecesse num grau de
desorganização social e de pensamento rudimentar tal como nos encontramos. A única
coisa que nos torna um pouco dignos é a herança cultural portuguesa, sua língua,
história e linha civilizacional, que nos insere na tradição dos grandes desbravadores. O
cultivo das raízes lusitanas constitui o tronco de desenvolvimento possível para a
civilização brasileira, aliás, foi o que a tornou minimamente de pé. A partir desse
elemento primordial, toda a cultura europeia passa a ser acessível.
Para quem se diz cristão, o estrategista possui um fundo esotérico
extremamente forte e alheio ao cristianismo. O ódio à religião cristã pode tentar alguns
a apoiarem o eurasianismo, mas aí encontrarão diversas evocações religiosas que
deveriam fazer qualquer ateu repensar a racionalidade de sua atuação.
Não obstante Dugin se coloque como antiocidental e contra a degeneração
promovida pelo pensamento ocidental pós-moderno, as suas preferências filosóficas são
ocidentais até demais, ele compartilha dos delírios desconstrucionistas típicos da europa
da década 60, chegando ao ponto de endossar a ideologia de gênero. Ele se coloca
contra a degeneração enquanto assina embaixo de todas as filosofias e desvios mentais
que tornaram a civilização apodrecida. Isso é engraçado.
Aleksandr Dugin já chegou a lamentar que o regime internacional-socialista
não tenha se unido ao nacional-socialismo alemão para formar um bloco contra o
Ocidente inteiro. Esse termo “Ocidente” é repetido de maneira irrefletida pelo público,
amparado naquela impressão de que de um lado temos o mundo materialista e
ganancioso e do outro o Oriente espiritual profundo, colocando-se a Rússia nessa
posição de que teria algo a ensinar e com moral suficiente para dar esporro aos países da
Europa e das Américas. Trata-se de visão propagandística rasa. Fato é que, para Dugin,
a Alemanha nacional-socialista e a União Soviética teriam prestado um bom serviço ao
unirem-se para a destruição e morticínio do “resto” que estivesse fora desse bloco, basta
apertar e testar os limites que se perceberá estar diante de uma visão completamente
louca.
Como um mágico que desvia o foco do espectador para melhor executar
seus movimentos, os asseclas da pandemia rubra denunciam a elite financeira
globalistas para granjear apoio e com isso ampliar a eficácia de suas próprias pretensões
internacionalizantes. Tanto o projeto do flagelo vermelho (com sua rubrica eurasiana)
quanto o projeto globalistas das elites dinásticas financeiras são antiocidentais.
O pseudonacionalismo dos eurasianos visa à mera instrumentalização dos
patriotismos, direcionando-os contra os inimigos da Rússia; tanto é assim que eles se
resumem ao antiamericanismo, encenando que estão preocupados com o Brasil ao
odiarem os Estados Unidos da América, essa é uma das formas mais rasas de se dizer
patriota. História, língua, cultura europeia, tudo o mais é convenientemente descartado,
porque nos enfraquece e nos torna alvos fáceis, burros, deprimidos e deprimentes.
Arranquem as máscaras daqueles que se dizem nacionalistas, mas apoiam a
Rússia do pudim vermelho. São pessoas que, no máximo, brincam de antipetismo. Os
apoiadores de Putin estão do mesmo lado do flagelo vermelho, se eles se mascaram e
pretendem passar por admiradores da Rússia, com feições patrióticas, isso é apenas um
truque barato para alimentar a ilusão de que estão contra o globalismo. Sabendo ou não,
pouco importa, podem todos eles ser considerados neosoviéticos.
A utilização do termo neonazista para explicar o regime russo não é exata,
não se trata de neonazismo, mas um desdobramento do próprio socialismo soviético,
por assim dizer, uma reformulação do regime anterior. Não houve ruptura, mas
continuidade em outros termos, o próprio serviço secreto (FSB) prestou auxílios
relevantes a Vladimir Putin quando buscava se estabelecer no jogo político da
República pós-soviética, fornecendo informações sobre os movimentos de seus
opositores, para que ele melhor executasse suas estratégias e debelasse os planos
conspiratórios.
Os russos, assim como os seus adversários globais, trabalham com a
campanha difamatória de classificar os nacionalismos que lhes são antagônicos como se
fossem espécies de nazismos, a fim de justificar a sua repressão. Assim está sendo a
suposta desnazificação da Ucrânia, termo que funciona tanto se houver 100 nazistas, 10
nazistas ou nenhum deles. O Governo russo se utiliza da mesma tática da esquerda de
classificar seus inimigos de nazistas por uma razão simples, porque eles também são
esquerda, isso é o que se esconde por trás da bandeira deles. Aliás, olhando o passado
histórico é fácil sentir o entusiasmo que a população ucraniana sentiu em 1941 quando
viram as tropas da NKVD levando a merecida surra dos invasores alemães, pela
primeira vez aqueles carniceiros que tanto oprimiram a população local eram
massacrados, pouco importando o fato de que os invasores também eram totalitários e
socialistas.
Há imagens até de ucranianos jogando flores nas tropas alemãs,
interpretadas pela população local como forças libertadoras quando da operação
barbarossa (1941).
Os neocomunistas se traem quando acusam os seus inimigos de serem
nazistas, remontando ao imaginário soviético da Segunda Guerra Mundial, nunca
deixaram de ser vermelhos, apenas mudaram de tonalidade. Percebam como a
abreviação de nacional-socialismo para nazismo foi feita propositalmente para esconder
o socialismo enquanto referência ao regime alemão daquela época. Primeiro eliminam o
socialismo no campo linguístico, após isso convocam seus agentes para ludibriar o
público de que o socialismo não fazia parte da natureza do regime alemão de 1933.
Pois bem, nacional-socialismo é socialismo, ocorre que somente é atacado
com tanta ferocidade por estar morto e ter se voltado contra os assassinos de preferência
do campo vencedor: o internacional-socialismo. O fato de se banir um e não se banir o
outro é demonstração de que não são os genocídios que incomodam os opinadores
antinazistas, há outras coisas por trás dessa indignação fingida contra o regime alemão
de Adolf Hitler, eles estão pouco se importando com os campos de extermínio...
A Rússia constantemente apoia o regime venezuelano de Nicolás Maduro,
aliado ao Narcosul, assim como seu companheiro de crime Luís Inácio Lula. A
proliferação do tráfico de drogas na América Latina contou com ajuda soviética, isso
ocorreu no século XX, quando a União Soviética atuou impulsionando os elementos
criminosos locais. A esquerda sempre possuiu fortes conexões com a criminalidade, é
justamente o que ocorreu no decorrer da carreira de Vladimir Putin. O governo russo é
um composto de criminosos, mafiosos, bandidos, assassinos e ex-presidiários (a
exemplo de Prigozhim, que saiu da cadeia para ser um oligarca próximo de Putin).
As toupeiras gostam muito de falar dos neoconservadores (neocon), mas
ignoram os neocomunistas (neocom).
Todos os que caíram na conversa do Putin conservador ou foram enganados
ou encontraram a desculpa perfeita para serem de esquerda escondendo as cores
vermelhas. Se me indagarem qual a explicação eu tenho para as repressões ao
feminismo, gayzismo e demais agentes desestabilizadores, como prova da higidez do
líder russo, eu respondo isso com a maior facilidade. Não sejam estúpidos, o plano da
Rússia é contra o Ocidente (por tabela, contra o Brasil). Ela encoraja essas ideologias no
campo oposto, portanto enfraquecendo os seus inimigos, e as reprime em seu próprio
território, porque impede a erosão e enfraquecimento de sua população.
É mais do que óbvio que Vladimir Putin reprimirá tais movimentos sociais
deletérios no campo russo, porém se regozijará com a sua proliferação no campo das
democracias ocidentais.
O regime de Putin não constitui um ponto de ruptura com o passado rubro e
democida, mas sim uma linha de continuidade. Vladimir Putin não condena os atos
soviéticos, o flagelo vermelho e o stalinismo, mas os justifica e os coloca nos termos
mais cândidos possíveis, como partes da história russa que, se atacadas, deve o ataque
ser considerado como se fosse feito contra a própria Russa em sua integralidade. Putin é
o neossovietismo encarnado.
Os espectadores ficam estonteados com a flexibilidade do discurso político
e a carga dialética que há nas vertentes socialistas. Vamos dar o exemplo com a questão
do desarmamento, porque recentemente em certos nichos tem havido tentativas de
falsificação histórica para substituir as feições desarmamentistas dos nazistas por uma
visão pró-armas.
Os nazolas modernos tentam alimentar a mentira de que o nacional-
socialismo não era desarmamentista, porque sabem que o público de direita é pró-armas
e aceitar que o regime alemão era sim desarmamentista afastaria potenciais adeptos.
Como é da natureza das ideologias, eles dão um giro de cento e oitenta graus e fingem
que o nacional-socialismo era favorável ao armamento civil, escondendo a condição de
que deveriam ser atendidos os convenientes requisitos da lei alemã e do partido
nacional-socialista, que garantiriam que só as pessoas pré-selecionadas por critérios
políticos e institucionais poderiam exercer esse direito. Dessa mesma forma, nem a
Venezuela de Hugo Chávez seria contra o desarmamento, porque existem lá as brigadas
chavistas com armas na mão de civis que passam a compor milícias simpáticas ao
regime. O desarmamento nunca foi geral, mas sim o ato de desarmar os que são contra
você e em seguida armar seus apoiadores, inclusive os familiares do seu partido.
A inabilidade de leitura dialética desses movimentos conduz a equívocos
graves, não saber ler as movimentações dos agentes pós-soviéticos é apenas um deles,
que nos trouxe a esse quadro tragicômico dos apoiadores do homem da KGB-FSB
Vladimir Putin, ao lado dos comunistas e esquerdistas declarados. O problema não é o
sujeito que se diz stalinista, comunista ou esquerdista e apoia o regime neossoviético de
Putin, mas sim aqueles que se dizem anticomunistas, nacionalistas, de direita, e apoiam
a referida criatura da FSB. Os primeiros são inimigos declarados e apoiam ativamente a
destruição de suas pátrias, dizem em alto e bom som que sua lealdade é internacional,
não nacional, porém os segundos acabam por fazer o mesmo, mas de forma sub-reptícia
e dissimulada, muitas vezes até mentindo para si próprios.
Para quem até agora ficou indiferente aos dois lados na disputa eleitoral
nacional, refiro-me aos tais isentões, esta é a oportunidade boa para fazer o mesmo no
conflito internacional. Apoiar Putin é ser tapado, apoiar Zelensky é ser ingênuo. Não
temos nada a ver com essa história toda, porque são dois blocos hostis ao Brasil.
Vladimir Putin e Volodymir Zelensky representam, cada qual a seu modo, duas grandes
farsas.

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