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Porto
2014
INTRODUÇÃO
O litoral brasileiro abrange os mais variados tipos de sistemas costeiros como praias
arenosas, falésias ígneas e sedimentares, estuários, dunas e manguezais (Tessler e Goya,
2005). A configuração do litoral brasileiro, tanto em relação à sua posição geográfica quanto
em termos de orientação da linha de costa, resultou, em grande parte, do sistema tectônico
reativado pós Paleozoico que cominou no surgimento de vários oceanos, dando maior atenção
ao Atlântico.
1. OBJETIVO GERAL
2. METODOLOGIA
O primeiro passo foi realizar uma revisão literária com pesquisa bibliográfica de artigos
em periódicos nacionais e internacionais que apresentassem relevância e reconhecimento
científico, como também relação com o tema trabalhado. O segundo passo foi realizar a
caracterização dos regimes estabelecidos nos objetivos específicos, utilizando de análise
complementária através do levantamento bibliográfico. Terceiro e último passo foi realizar a
relação entre os fatores de definição da costa brasileira em sua abordagem integralizada.
3. RESULTADOS
As ondas que chegam às praias brasileiras são formadas no Oceano Atlântico por ação
de ventos, que sopram durante um determinado intervalo de duração e ao longo de uma
determinada extensão (Neves e Muehe, 2008). As diferenças de temperatura e a estrutura de
turbulência na camada atmosférica também influenciam a altura da onda gerada. No caso da
costa brasileira, distinguem-se três regiões oceânicas distintas: a costa Sul-Sudeste, que sofre
ações de ondas geradas em latitudes mais altas por ciclones extratropicais; a costa Leste, que
sofre ação das vagas e dos ventos gerados pelo Anticiclone semi-estacionário do Atlântico Sul
e dos marulhos de quadrante SO-SE; e a costa Nordeste Setentrional, que está sujeita aos
ventos alísios e a eventos de
tempestades mais distantes no
Atlântico Norte (Neves e Muehe,
2008). É possível visualizar os
principais sistemas que atuam sobre
o regime de ondas no litoral do Brasil
através da Figura 2. Sendo que
conforme Tessler e Goya (2005) os
setores do regime de ondas são
agrupados por trechos onde os
sistemas incidentes apresentam
características comuns, em
consequência da circulação do
desenho da costa brasileira.
Apesar desse pequeno banco de dados, registros de nível do mar de alguns portos da
costa brasileira têm sido regularmente editados, filtrados e analisados, no Instituto
Oceanográfico da USP os resultados de interesse para dois portos na costa Nordeste / Norte -
Recife e Belém e dois na costa Sudeste - Cananéia e Santos foram utilizados para análise da
variação do nível médio das águas do mar (Harari, França e Camargo, 2008). Os dados de maré
de Cananéia são provenientes da Base do Instituto Oceanográfico da USP, os de Santos foram
fornecidos pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP) e os de Belém e Recife
foram cedidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH).
Os aspectos dos valores de elevação do nível médio do mar, conforme apontam Harari,
França e Camargo (2008), evidenciam um processo de emersão frente a uma tendência franca
de regressão marinha. Os valores mais altos, principalmente referentes ao porto de Recife, que
atinge elevação de 5,4 cm/década, devem ser cuidadosamente interpretados, visto que são
sobrepostas a oscilações de grande período, relativa às variações anuais do nível médio do
mar. Ainda nesse porto, embora as amplitudes das componentes de maré M2 e S2,
respectivamente mista e semi-diurna, tenham pequenas tendências nas últimas décadas, suas
fases apresentam as variações mais
elevadas. Na Imagem 1 é possível
visualizar as marés no litoral
brasileiro. O Porto de Belém também
apresenta variações acentuadas do
nível médio do mar, com 3,5
cm/década, mas nesse caso a M2 e a
S2 possuem tendências significativas
das amplitudes, embora negativas,
com -1,1 e -0,2 cm/década.
De um modo geral a maior parte do litoral brasileiro, dos estados de Alagoas ao Rio
Grande do Sul, apresenta amplitudes de marés inferiores a 2 metros (micromarés). Estas têm
importância pontual, sendo impactante apenas onde a geomorfologia propicia um aumento da
velocidade da corrente de marés (Tessler e Goya, 2005). São consideradas marés mistas por
corresponderem a situações com algumas características de marés semidiurnas e outras de
marés diurnas. Muitas vezes há duas marés altas e duas marés baixas em cada dia lunar, mas
as duas marés sucessivas têm alturas significativamente diferentes (Neves e Muehe, 2008).
Tanto no litoral Sudeste do Ceará quanto na costa Leste meridional do Rio Grande do
Norte a predominância de campos de dunas é interrompida por falésias ativas do Grupo
Barreiras, visível na Figura 8. As mesmas não
estão restritas a essas áreas, pois ocorrem
disseminadas em outros Estados e
apresentam problemas semelhantes aos
descritos abaixo. Morro Branco no Ceará e
Pipa no Rio Grande do Norte são locais
representativos e é um forte atrativo para
turistas devido à beleza da paisagem. No Rio Grande do Norte, as falésias se estendem ao
longo do litoral Sul, de Tibau do Sul até o limite com a Paraíba. Tais falésias ativas estão
limitadas à porção central deste trecho, onde as ondas atingem a base da falésia durante a
preamar provocando seu colapso e gradual retrogradação. A construção frequente de casas e
piscinas nas proximidades imediatas do topo das falésias, com inevitáveis infiltrações, provoca
um esforço adicional sobre a estabilidade da escarpa, aumentando o risco de escorregamento.
No Rio de Janeiro, a partir do cabo Frio, seguindo a brusca inflexão da linha de costa
para oeste, até à ilha da Marambaia, defronte à baía de Sepetiba, a linha de costa apresenta
longos e quase retilíneos
segmentos de praia
ligados a cordões
litorâneos, visível na
Figura 11, frequentemente
barrando lagunas à sua
retaguarda. Estas por sua
vez captam os sedimentos provenientes dos maciços costeiros próximos, bloqueando por
completo a chegada de sedimentos continentais ao mar. O resultado são praias oceânicas com
areias bem selecionadas e polidas de alta maturidade e que, por muito tempo, vêm sendo
submetidas à ação das ondas, transitando continuamente entre os subsistemas praia, ante-
praia e plataforma continental interna. Elas formam um sistema fechado cuja ruptura, em caso
de elevação do nível do mar ou aumento de intensidade ou frequência de tempestades, se
traduzirá diretamente em erosão costeira por déficit sedimentar. O transporte litorâneo de
sedimentos é definido pela incidência das ondas que tendem a um transporte residual nulo
devido à orientação Leste-Oeste da linha de costa e ao caráter bimodal da direção de
incidência das ondas (Sudeste e Sudoeste). A ocorrência localizada de dunas frontais
desempenha um importante papel na estabilização do cordão litorâneo. Na sua ausência a
ocorrência de transposição do cordão pelas ondas de tempestade e as evidências erosivas de
sua frente oceânica indicam o caráter transgressivo do mesmo, um processo que se
intensificará como decorrência de uma elevação do nível do mar e de aumento de frequência e
intensidade de tempestades.
Praias de enseada (pocket beaches) são unidades fisiográficas em geral limitadas por
pontões rochosos que restringem o transporte longitudinal de sedimentos para fora desses
limites. Em consequência, a linha de praia orienta-se perpendicularmente à direção de
incidência das ondas. Diante de potenciais mudanças no clima de ondas no Atlântico Sul, dois
trechos do litoral brasileiro foram selecionados, onde estas feições são muito encontradas: em
São Paulo, onde o alinhamento geral da costa é Leste-Oeste, e em Santa Catarina, onde o
alinhamento é Norte-Sul. O segmento de costa que se estende desde a Ilha de Marambaia/RJ
até São Vicente/SP, incluindo a Ilha Grande e a baía do mesmo nome, é caracterizado por um
litoral de aspecto afogado, com inúmeras ilhas. As escarpas da Serra do Mar formam a linha de
costa, que se apresenta com uma sucessão de pequenas enseadas e planícies costeiras de
pequena expressão, o que não impede que a intervenção humana desencadeie processos
erosivos. A área norte, desde a divisa do estado do Rio de Janeiro até a ponta da Boracéia, é
caracterizada por praias de enseada com comprimentos entre 2 a 4 km, separada por pontões
do embasamento cristalino. A maior extensão de praia contínua encontra-se na enseada de
Caraguatatuba, com mais de 10 km de extensão, tendo a sua retaguarda a única planície
costeira de expressão. Ao sul da ponta da Boracéia, as planícies costeiras se tornam mais
contínuas, a linha de costa tende a ser mais retilínea, e ocorre uma gradual redução dos
depósitos sedimentares costeiros.
Na zona costeira esta alternância entre tempo bom e tempestade define o clima de
ondas e o transporte de sedimentos, mais intensamente do extremo Sul ao Cabo Frio,
diminuindo aos poucos a influência das ondas de Sul em direção a Salvador e Recife. Na costa
Leste, por influência dos ventos alísios gerados pelo Anticiclone do Atlântico Sul, as ondas se
deslocam de Leste e Sudeste nas áreas próximas ao Equador e giram gradualmente para a
direção Nordeste com o aumento da latitude. Alturas significativas em mar aberto variam
entre 1 m e 2 m com incremento para 1,5 m a 2,5 m no extremo Sul. O período das ondas varia
entre 4 e 6 segundos. Ondas geradas por tempestades tropicais no hemisfério Norte atingem a
região Nordeste (Ceará) na forma de marulho, com períodos de até 18 segundos e importantes
efeitos erosivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Harari J., França C. A. S., Camargo R., 2008. Variabilidade de longo termo de componentes de
marés e do nível médio do mar na costa brasileira. Disponível em: http://migre.me/3aOax.
Acesso em: 12 jan. 2014.
Innocentini, V. et al. 2005. A agitação marítima no litoral nordeste do Brasil associada aos
distúrbios africanos de leste, Revista Brasileira de Meteorologia, Volume 20, n. 3 pp. 367-374.
Neves C. F., Muehe D., 2008. Vulnerabilidade, Impactos e Adaptação a Mudanças do Clima: a
Zona Costeira, Parcerias Estratégicas, Brasília, DF, Volume 27, pp. 217-291.