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Luanda, 2017
INSTITUTO SUPERIOR DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Luanda, 2017
DEDICATÓRIA
Ao meu Bom Deus todo-poderoso pela graça, amor e misericórdia que sempre tem me
concedido para vencer os desafios da vida.
Aos meus pais Muanza José Cutondi Mbenza e Luzindalalo Manuel, por todo apoio, por
todos os ensinamentos que com muito amor recebi ao longo da vida, e pelo carinho e
atenção que sempre me disponibilizaram ao longo de toda a minha vida estudantil. E em
memória o meu querido avó Manuel Sona.
Aos meus grandes amigos Carlos Kissoca Afonso e António Mavila Nsingui pelo apoio que
sempre disponibilizaram para mim durante o meu percurso como estudante.
iii
RESUMO
iv
ABSTRACT
This paper presents a perspective on the use of the first Angolan communication satellite
ANGOSAT-1 for the transmission of the free TPA signal in Angola. This study deals with a
study on satellite communication technology, the birth and evolution of satellite
communications in Angola. Satellite communication technology basically consists of the
use of orbital repeaters to establish communication between two ground stations. Angola
is a vast country, with a size of 1.246.700 km2, that lived a period of approximately 40 years
of war, being colonial war and civil war. All communication infrastructure has been
destroyed. The telecommunications network has evolved in such a way that the use by any
citizen of the satellite communication technology is already felt with great demand.
ANGOSAT-1 is the first Angolan communications satellite, which will provide
telecommunications, television, internet and e-government services. It has a lifespan of 15
years and has 22 transponders (16 for C band and 6 for Ku band). The perspective of using
the first Angolan communication satellite ANGOSAT-1 to transmit the free TPA signal in
Angola, is to facilitate TPA viewers residing in the most remote areas of Angola where
signal quality does not arrive in good condition when received by means of terrestrial
transmission, and which in turn do not also have the financial conditions to recharge the
monthly card of a satellite television provider.
v
ÍNDICE GERAL
RESUMO........................................................................................................................... iv
ABSTRACT ........................................................................................................................ v
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1. Introdução ao tema.................................................................................................. 1
6. Objectivo geral......................................................................................................... 2
4. Soluções existentes............................................................................................... 52
CONCLUSÕES ............................................................................................................... 69
RECOMENDAÇÕES ....................................................................................................... 70
ANEXOS ......................................................................................................................... 73
Figura 1.1. Usando um satélite como repetidor. (FONTE: Cortesia do livro “Fundamentos
de Comunicação Electrónica” por Louis E. Frenzel Jr). .................................................... 8
Figura 1.2. Sistema de comunicações por satélite (FONTE: Cortesia do livro “Sistemas de
comunicação” por Simon Haykin). ..................................................................................... 9
Figura 1.3. Forças que actuam sobre um satélite (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.)................................... 10
Figura 1.5. Satélite em Órbita Baixa Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.)................................... 11
Figura 1.6. Satélite em Órbita Média Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.)................................... 12
Figura 1.7. Satélite em Órbita Alta Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.)................................... 12
Figura 1.10. Sistema de comunicações por satélite, conectando com entidades terrestres
(FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications Systems” por Gérard Maral &
Michel Bousquet)............................................................................................................. 15
Figura 1.12. Estrutura física dos satélites: A – rotação estabilizada por satélite (estrutura
cilíndrica). B – corpo estabilizado ou Três eixos estabilizados por satélite (estrutura de
box). (FONTE: Cortesia da NASA). ................................................................................. 17
viii
Figura 1.13. Parâmetros de controlo orbital para satélites geoestacionários (FONTE:
Adaptação do livro “Satellite Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito,
Jr.). .................................................................................................................................. 21
Figura 1.14. Rastreamento, telemetria, comando e monitoração (TTC & M). (FONTE:
Cortesia do livro “Satellite Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito,
Jr.). .................................................................................................................................. 23
Figura 1.15. Transponder (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K. Maini
& Varsha Agrawal). ......................................................................................................... 25
Figura 1.16. Diagrama em bloco geral de uma estação terrestre (FONTE: Cortesia do livro
“Fundamentos de Comunicação Electrónica” por Louis E. Frenzel Jr). .......................... 29
Figura 1.17. UIT regiões de serviços de telecomunicações (FONTE: UIT [15]; reproduzido
com permissão da União Internacional de Telecomunicações). ..................................... 34
Figura 1.18. Acesso Múltiplo por Divisão de Frequência (FONTE: Adaptação do livro
“Satellite Communications Systems” por Gérard Maral & Michel Bousquet). .................. 36
Figura 1.19. Acesso Múltiplo por Divisão de Tempo (FONTE: Adaptação do livro “Satellite
Communications Systems” por Gérard Maral & Michel Bousquet).................................. 36
Figura 1.20. Acesso Múltiplo por Divisão de Código (FONTE: Adaptação do livro “Satellite
Communications Systems” por Gérard Maral & Michel Bousquet).................................. 37
Figura 1.21. Secção de uplink de redes de TV via satélite (FONTE: Cortesia do livro
“Satellite technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal). ............................................ 38
Figura 1.22. Televisão por satélite e por cabo (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal). ........................................................... 40
Figura 1.23. Rede típica de transmissão de TV por satélite (FONTE: Cortesia do livro
“Satellite technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal). ............................................ 41
Figura 1.24. Televisão por satélite direct-to-home (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal). ........................................................... 42
ix
Figura 1.28. Satélite Telstar I (FONTE: Cortesia da NASA). ........................................... 49
Figura 2.2. Kit para recepção de canais de televisão (FONTE: Cortesia da INFRASAT).56
Figura 2.3. Telecentro, equipado com painéis solar (FONTE: Cortesia da INFRASAT). 57
Figura 3. 2. Terminal de TVRO para recepção do sinal da TPA com o uso do ANGOSAT-
1 (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal). 66
x
Figura B. 1. Acoplamento da coifa ao ANGOSAT-1. (FONTE:
https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-
9009928.html). ................................................................................................................ 75
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
cm Centímetros
dB Decibel
FI Frequência intermediária
FM Modulação em Frequência
HF Altas frequências
Hz Hertz
xii
IPA Amplificador de potência intermediária
Kzs Kwanzas
𝑚 Massa do satélite
Rx Receptor
Tx Transmissor
TV Televisão
𝜇 Constante de Kepler
xiii
INTRODUÇÃO
1. Introdução ao tema
Todavia, pelo facto dos sistemas operando na faixa de HF não permitirem que se obtenha
confiabilidade total das comunicações a longa distância, obrigaram ao desenvolvimento
de outros métodos como solução deste problema, que foi o lançamento dos cabos
metálicos submarinos. Porém o cabo submarino apresentava maior qualidade,
confiabilidade e capacidade de transmissão que o rádio, mas não foi uma melhor solução
devido a sérias limitações que apresentavam nos casos de aplicações multiponto como:
vulnerabilidade a danos físicos intencionais ou acidentais, além do reparo ser, em geral,
caro e demorado.
1
de visada e simultaneamente a questão dos obstáculos intermediários, possibilitando
maiores áreas de cobertura de serviço.
2. Situação problemática
Num inquérito realizado recentemente no nosso território, notou-se que grande parte da
população angolana recebe o sinal de televisão da TPA através dos provedores de serviço
de televisão por satélite (nomeadamente UAU!TV, ZAP e DSTV).
Em Angola existem ainda famílias que vivem abaixo de 500 Kzs/dia, motivo pela qual,
muita das vezes, estas famílias não têm a possibilidade para recarregarem o seu cartão
da provedora de televisão por satélite, ficando assim impossibilitadas de assistirem a TPA.
3. Problema de investigação
Como fazer a distribuição do sinal da TPA com qualidade em todo território angolano,
inclusive nas áreas mais remotas?
4. Objecto de estudo
5. Campo de acção
6. Objectivo geral
7. Objectivos específicos
Definir o conceito de comunicação por satélite;
Explicar o princípio de funcionamento de um sistema de comunicações por satélite;
Abordar sobre o nascimento e a evolução das comunicações por satélite em
Angola;
Criar perspectivas para distribuição do sinal da TPA por satélite livre em Angola.
2
8. Tarefas de investigação
Recolha bibliográfica sobre comunicações por satélite e transmissão de televisão
por satélite;
Estudo sobre as comunicações por satélite em angola, com destaque no projecto
do primeiro satélite angolano de comunicações, designado ANGOSAT-1;
Levantamento sobre o meio que a população angolana utiliza para a recepção do
sinal da televisão pública.
9. Resumo de cada capítulo
Cada satélite foi projetado para desempenhar alguma tarefa específica. Sua aplicação
predeterminada especifica o tipo de equipamento que deve ter a bordo e sua órbita. Em
todas estas aplicações os satélites revelam ser bastante importantes, pois a sua grande
capacidade de cobertura permite atingir zonas que seriam de mais difícil acesso caso se
utilizassem meios terrestres. Neste trabalho, os estudos concentra-se em satélites de
comunicação, para transmissão de televisão por satélite.
3
A frequência de operação é talvez o principal fator determinante na concepção e
desempenho de um link de comunicação por satélite. A comunicação por satélite emprega
ondas eletromagnéticas para transmissão de informações entre Terra e espaço. As
bandas de interesse para comunicações por satélite estão acima de 100MHz, incluindo as
bandas VHF, UHF, L, S, C, X, Ku e Ka.
A televisão por satélite é o mais utilizado e falado sobre a área de aplicação de satélites
de comunicação. Na verdade, representa cerca de 75% do mercado de satélites para
serviços de comunicação. A televisão por satélite refere-se basicamente ao uso de
satélites para retransmitir programas de TV de um centro de transmissão central para uma
grande área geográfica. A televisão por satélite emprega satélites geoestacionários
atuando como repetidores de ponto a multiponto recebendo uma certa transmissão do
centro de transmissão e retransmitido a mesma tradução após a frequência para os
operadores de TV a cabo, pratos caseiros, etc., dentro da pegada do satélite.
Algumas das vantagens das comunicações por satélite são: propriedade de transmissão
em ampla área de cobertura, distância e custos independentes, os custos fixos de
emissões, alta capacidade, baixos níveis de erros, redes de usuários diversos e imunidade
ao desastre natural. Apesar das comunicações por satélite oferecerem grandes
vantagens, apresenta também algumas desvantagens como: Segurança, Atraso de
transmissão, Clima e Custos.
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O Capítulo – 2 aborda o nascimento e a evolução das comunicações por satélite no
território angolano com destaque no projecto do primeiro satélite angolano de
comunicações denominado ANGOSAT-1. Angola é um país que situa-se na costa do
Atlântico Sul da África Ocidental. Dentro da história das comunicações em Angola,
encontramos empresas que ao longo dos anos foram os artífices de toda a gama das
telecomunicações. Iniciando em HF, VHF, UHF, enlaces de microondas em todo o território
nacional. Estes enlaces de microondas foram na maior parte destruídos durante as
guerras de libertação, assim como da guerra civil. Foi nesta altura em que as
comunicações fixas via microondas e cabos tornaram-se difícil obrigando assim as
empresas a optarem pela comunicação via satélite. As empresas que desenvolveram
projectos de comunicação por satélite em Angola são nomeadamente: ANGOLA
TELECOM, INFRASAT, TPA, RNA, MOVICEL, UNITEL, ODEBRECHT, JEMBAS através
da multichoice, CELLWAVE, INATEL, Empresas petrolíferas, etc.
5
necessário estar bastante perto da antena de transmissão, sem muitos obstáculos no
caminho. Motivo pelo qual acaba condicionando a qualidade na recepção do sinal da TPA
por transmissão terrestre para os usuários que residem nas áreas mais remotas do
território angolano. Tendo em conta as condições de vida das famílias que vivem nas áreas
mais remotas do país, muitas das vezes ficam impossibilitadas de assistirem a TPA por
falta de valores monetários para recarregarem o cartão do provedor de serviço de televisão
por satélite. Para a solução do problema, a transmissão do sinal da TPA livre em Angola
com o uso do ANGOSAT-1 será feita na Banda C. Para captar o sinal, será necessário a
instalação de uma antena parabólica com tamanhos entre os (6 a 18 pés de diâmetro) e
utilização de receptores universais.
6
Capítulo – 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Comunicação é uma palavra que deriva do termo latino “communicare” (que significa:
partilhar, participar algo, tomar comum, etc.), que representa o processo social de troca
de informações e cobre a necessidade humana de contacto directo e compreensão mútua.
A palavra satélite é de origem latina “satelles”, (que significa objecto sólido que gira em
torno de um planeta). Os satélites são classificados em dois tipos: satélite natural e satélite
artificial. Em astronomia, um exemplo de satélite natural é a Lua, pois ela gira em torno da
Terra. Já o satélite artificial, como o próprio nome diz, é um equipamento ou engenho
construído pelo homem e, dependendo da finalidade, desloca-se em órbita de outro astro.
7
Considera-se comunicação por satélite, todo sistema de telecomunicações que usa um
satélite de comunicação como repetidor para estabelecer a comunicação entre duas
estações, como ilustra a Figura 1.1.
Figura 1.1. Usando um satélite como repetidor. (FONTE: Cortesia do livro “Fundamentos de Comunicação Electrónica”
por Louis E. Frenzel Jr).
8
retransmitido do satélite através do canal de descida para outra estação terrestre, como
ilustra a Figura 1.2. (Haykin, 2004)
Figura 1.2. Sistema de comunicações por satélite (FONTE: Cortesia do livro “Sistemas de comunicação” por
Simon Haykin).
9
𝜇
𝐹𝑖𝑛 = 𝑚 (𝑟 2 ) (1.1)
𝑣2
𝐹𝑜𝑢𝑡 = 𝑚 ( 𝑟 ) (1.2)
Este resultado fornece a velocidade necessária para manter um satélite em órbita no raio
𝑟. Todas as outras forças que actuam sobre o satélite, tais como as forças gravitacionais
da lua, do sol e de outros organismos, são negligenciadas.
Figura 1.3. Forças que actuam sobre um satélite (FONTE: Cortesia do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).
A órbita GEO é a órbita mais popular usada para satélites de comunicações. Um satélite
GEO está localizado em uma órbita circular no plano equatorial, a uma distância nominal
de 36 000 km em um ponto estável, que mantém o satélite em um local fixo no céu. Esta
é uma tremenda vantagem para as comunicações via satélite, porque a direção
10
apontadora permanece fixa no espaço e a antena terrestre não precisa rastrear um satélite
em movimento. Uma desvantagem da GEO é o tempo de atraso longo de ~260 ms, o que
pode afetar a sincronização de rede ou impactar as comunicações de voz. (Ippolito, 2008)
Figura 1.4. Satélite em Órbita Geostacionária (FONTE: Cortesia do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).
A segunda órbita mais comum é a órbita terrestre baixa (LEO), que é uma órbita circular
nominalmente 160 a 640 km acima da Terra. O atraso é baixo, ~10 ms, no entanto, o
satélite se desloca pelo céu e a estação terrestre deve rastrear o satélite de modo a manter
as comunicações. (Ippolito, 2008)
Figura 1.5. Satélite em Órbita Baixa Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).
A MEO é semelhante a LEO, no entanto, o satélite está em uma órbita circular mais alta -
1600 a 4200 km. É uma órbita popular para satélites de navegação, como a constelação
de GPS. (Ippolito, 2008)
11
Figura 1.6. Satélite em Órbita Média Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).
A HEO é a única órbita não circular dos quatro tipos mencionados. Funciona uma órbita
elíptica, com altitude máxima (apogeu) semelhante a GEO, e uma altitude mínima
(perigeu) semelhante a LEO. A HEO é usada para aplicações especiais onde é necessária
cobertura de localização de alta latitude. (Ippolito, 2008)
Figura 1.7. Satélite em Órbita Alta Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).
Uma órbita circular com uma inclinação perto de 90º é referida como uma órbita polar.
Órbitas polares são muito úteis para os serviços de detecção e de colecta de dados,
porque as suas características orbitais podem ser selecionadas para digitalizar todo o
globo num ciclo periódico. (Ippolito, 2008)
James Van Allen, um físico americano, há muito se interessou pela pesquisa da atmosfera
superior. Ele usou foguetes desenvolvidos durante a Segunda Guerra Mundial para esse
fim, e com o advento dos satélites americanos, aproveitou as oportunidades que eles
12
ofereceram para o estudo do raio cósmico. Ele e sua equipe construíram a instrumentação
transportada a bordo do Explorer I, Explorer IV e Pioneer III. Em 1958, durante sua
exploração de radiação cósmica na atmosfera alta, ele descobriu algo incomum por pura
chance. Ele encontrou dois cintos em forma de rosca de partículas carregadas altamente
ionizadas em torno da Terra, simétricas em torno de seu eixo magnético. Essas partículas
carregadas poderiam causar dano aos humanos e danificar equipamentos eletrônicos, se
a exposição fosse longa o suficiente. É importante, portanto, assegurar que o equipamento
seja adequadamente protegido e que as órbitas de satélites estejam suficientemente
distantes dos níveis máximos de intensidade de radiação. (Kadish; East, 2000)
Existem duas zonas de elevada radiação, designadas de cinturas de Van Allen. São zonas
situadas à distância da Terra de 1500 – 5000 Km e 15000 – 20000 Km. A radiação
existente nestas zonas deteriora fortemente o equipamento dos satélites, impossibilitando
a utilização de satélites em órbita nessas zonas. Abaixo dos 200 km não é tecnicamente
possível a manutenção de um satélite, devido ao seu baixo tempo de vida por deterioração
e aquecimento.
13
Para se realizar o lançamento tem-se essencialmente em consideração a latitude do local
de lançamento, pois será este o factor que determina a inclinação da órbita de
transferência e consequentemente o gasto de energia na correcção da inclinação.
14
Figura 1.10. Sistema de comunicações por satélite, conectando com entidades terrestres (FONTE: Adaptação do livro
“Satellite Communications Systems” por Gérard Maral & Michel Bousquet).
15
Os equipamentos do segmento espacial transportados a bordo do satélite podem ser
classificados em duas áreas funcionais: ónibus e a carga útil, como mostra a Figura 1.11.
(Ippolito, 2008)
Figura 1.11. Subsistemas do satélite de comunicação (FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).
A estrutura física do satélite fornece uma casa para todos os componentes do satélite. A
forma básica da estrutura depende do método de estabilização utilizado para manter o
satélite estável e que aponta na direcção desejada, geralmente para manter
adequadamente as antenas voltadas para a terra, Dois métodos são comummente
empregados: estabilização de rotação e de três eixos ou estabilização corporal. Ambos os
métodos são usados para satélites GSO e NGSO. (Ippolito, 2008)
A Figura 1.12 destaca as configurações básicas de cada um, juntamente com um exemplo
de um satélite de cada tipo.
16
Figura 1.12. Estrutura física dos satélites: A – rotação estabilizada por satélite (estrutura cilíndrica). B – corpo
estabilizado ou Três eixos estabilizados por satélite (estrutura de box). (FONTE: Cortesia da NASA).
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informações para o satélite, que por sua vez retransmite para as estações de recepção. O
satélite, nessa aplicação, geralmente é conhecido como repetidor. (Frenzel, 2013)
Hoje, praticamente cada satélite utiliza painéis solares como sua fonte de alimentação
básica. Os painéis solares são grandes conjuntos de fotocélulas ligadas em circuitos em
série e em paralelo para criar uma potente fonte de corrente contínua. Os primeiros painéis
solares podiam gerar centenas de watts de potência. Atualmente, enormes painéis solares
são capazes de gerar muitos quilowatts. A principal exigência é que os painéis solares
sempre estejam apontados em direção ao sol. Em satélites cilíndricos, as células solares
cercam toda a unidade e, portanto, uma parte delas está sempre exposta à luz solar. Em
satélites de corpo estabilizado, ou três eixos, os painéis solares individuais são
manipulados com vários controles para garantir que eles estejam corretamente orientados
com relação ao sol. (Frenzel, 2013)
Painéis solares geram uma corrente contínua que é utilizada para operar os vários
componentes do satélite. No entanto, a potência CC é normalmente usada para carregar
baterias secundárias que funcionam como um acumulador. Quando o satélite entra em
eclipse ou quando os painéis solares não estão posicionados corretamente, as baterias
assumem e mantêm o satélite temporariamente em operação. As baterias não são
grandes o suficiente para abastecer o satélite por um longo tempo; elas são usadas como
um sistema de backup para eclipses, orientação e estabilização inicial do satélite ou
condições de emergência. (Frenzel, 2013)
Os eclipses ocorrem para um satélite GSO duas vezes por ano, em torno dos equinócios
da primavera e outono, quando a sombra da terra passa através da nave espacial. Eclipses
diários começam 23 dias antes do equinócio e acabam com o mesmo número de dias
após. A duração diária do eclipse aumenta alguns minutos a cada dia e um pico de 70
minutos no dia equinócio, depois diminui um montante semelhante a cada dia seguinte ao
18
pico. Baterias Seladas de Níquel Cádmio (Ni-Cd) são mais frequentemente utilizadas para
sistemas de baterias por satélite. As mesmas têm uma boa confiabilidade e longa vida útil
e não apresentam fuga de gás quando num ciclo de carregamento. Também são utilizadas
baterias de Níquel-hidrogénio (NiH2), que fornecem uma melhoria significativa na relação
potência-peso. (Ippolito, 2008)
Jactos de gás, propulsores de iões ou volantes de inércia, são usados para fornecerem
controlo de atitude activa em satélites de comunicações. Como a Terra não é uma esfera
perfeita, o satélite irá ser acelerado no sentido de um dois pontos estáveis em relação ao
plano equatorial. (Ippolito, 2008)
19
manobras da estação leste-oeste, que são realizadas periodicamente a cada duas a três
semanas. Satélites típicos de banda C devem ser mantidos dentro de ± 0,1º, e os satélites
de banda Ku dentro de ± 0,05º, de longitude nominal, para manter os satélites dentro da
largura de feixe das antenas do terminal do solo. Para um raio geoestacionário nominal de
42 000 km, a variação total de longitude seria de 150 km em banda C e de 75 km para
banda Ku. (Ippolito, 2008)
A latitude de deriva será induzida principalmente pela força gravitacional do sol e da lua.
Estas forças causam a inclinação do satélite que muda em 0,075º por mês, se deixada
sem correção. A Pulsação periódica para compensar essas forças é chamada de “estação
mantendo manobras norte-sul”, também deve ser realizada periodicamente para manter a
localização dos satélites de órbita nominal. Os requisitos de tolerância de manutenção da
estação norte-sul são semelhantes àqueles para manutenção da estação leste-oeste, ±
0,1º, para banda C, e ± 0,05º para banda Ku. A Altitude do satélite irá variar cerca de ±
0,1%, o que corresponde a 72 km para 36 000 km de altitude nominal geoestacionána.
Um satélite de banda C, portanto, deve ser mantido numa caixa com lados longitudinais e
latitudinais de 150 km e um lado de altitude de 72 km. O satélite de banda Ku requer uma
caixa com lados aproximadamente iguais de 75 km. A Figura 1.13 resume os limites do
controlo da órbita e indica a “caixa orbital” típica em que um satélite GSO pode ser mantido
para os casos de banda C e banda Ku. (Ippolito, 2008)
20
Figura 1.13. Parâmetros de controlo orbital para satélites geoestacionários (FONTE: Adaptação do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).
O processo de descartar o combustível deve ser realizado a bordo do satélite para fornecer
controlo orbital e atitude, é geralmente o factor determinante para a vida em órbita de um
satélite de comunicações. O combustível de manutenção da estação constitui grande parte
do peso dos satélites no acto do lançamento. A maioria dos componentes electrónicos e
mecânicos críticos geralmente excedem o tempo de vida permitido para a órbita de
controlo activo, que é limitado pelo peso do combustível que pode ser transportado para a
órbita com veículos de lançamentos convencionais actuais. Não é comum um satélite de
comunicações “ficar sem combustível”, com a maioria dos seus subsistemas de
comunicações electrónicos ainda em funcionamento. (Ippolito, 2008)
Os satélites em órbita devem ser controlados no ambiente inóspito do espaço exterior por
ficarem expostos a grandes variações de temperatura. A radiação térmica do sol aquece
um lado da sonda, enquanto que o lado oposto fica exposto a temperaturas extremamente
baixas do espaço. Muitos dos equipamentos no próprio satélite geram calor, pelo que
devem ser controlados. Os satélites em órbita baixa também são afectados pela radiação
térmica reflectida a partir da própria terra. (Ippolito, 2008)
21
Espelhos de radiação são colocados em torno dos subsistemas electrónicos,
especialmente para rotação estabilizada dos satélites, para protegerem os equipamentos
críticos. As bombas de calor são usadas para mudar o calor a partir de dispositivos de
alimentação, como amplificadores de potência de onda viajante de paredes exteriores ou
dissipadores de calor para fornecer um caminho térmico mais eficaz para a fuga do calor.
Aquecedores térmicos também podem ser usados para manterem as condições de
temperatura adequadas para alguns componentes, tais como linhas de propulsão ou
impulsores, onde as temperaturas baixas poderiam causar problemas graves. (Ippolito,
2008)
A estrutura da antena do satélite é um dos componentes críticos que podem ser atingidos
pela radiação térmica do sol. As grandes antenas de abertura podem ser torcidas ou
contorcidas aquando da movimentação do sol ao redor do satélite, aquecendo e
arrefecendo em várias partes da estrutura. Este efeito “batata frita” é mais crítico para as
aberturas superiores a 15m de diâmetro projectadas para funcionarem em altas
frequências, ou seja, banda Ku, banda Ka, e acima, porque os pequenos comprimentos
de onda reagem mais severamente o que resulta em distorções do ponto de feixe da
antena e na possibilidade de degradação do ganho. (Ippolito, 2008)
22
Figura 1.14. Rastreamento, telemetria, comando e monitoração (TTC & M). (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).
23
Alterações e correcções no controlo de atitude e no controlo orbital;
Apontamento de antena e controlo;
Modo de transponder de operação;
Controlo da voltagem da bateria.
A carga útil num satélite (Payload) é o equipamento que fornece o serviço ou serviços
destinados ao satélite. A carga útil de um sistema de comunicação por satélite consiste
em um equipamento de comunicações que propicie o uplink e o downlink a partir do solo.
A carga útil de comunicações pode ser ainda dividida em: transponders e subsistemas de
antena. (Ippolito, 2008)
1.5.1.2.1. Transponder
24
Um transponder é uma série de unidades interligadas que forma um único canal de
comunicação entre as antenas de recepção e transmissão em um satélite de
comunicação. Algumas das unidades utilizadas por um transponder em um determinado
canal podem ser comuns a vários transponders. Assim, embora seja feita referência a um
transponder específico, isso deve ser considerado como um canal de equipamentos em
vez de um único item de equipamento. (Roddy, 2006)
Figura 1.15. Transponder (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal).
Dois transponders podem usar polarizações diferentes, podendo assim, usar a mesma
faixa sem interferência. (Miyoshi; Sanches, 2010)
25
usadas duas portadoras com a mesma frequência, mas com polarização ortogonal.
Ambas, polarização linear (sentido horizontal e vertical) e polarização circular (do lado
direito e sentido da esquerda) têm sido utilizados. A reutilização de frequência adicional
pode ser alcançada através da separação espacial dos sinais, na forma de feixes
concentrados estreitos, o que permite a reutilização da mesma portadora de frequência
para locais separados fisicamente sobre a terra. A polarização de reutilização e feixes
pontuais podem ser combinados para proporcionar quatro vezes, seis vezes, oito vezes,
ou factores de reutilização de frequências ainda mais elevadas em sistemas avançados
de satélite. (Ippolito, 2008)
1.5.1.2.2. Antenas
Os sistemas de antena na nave espacial são utilizados para a transmissão e recepção dos
sinais de RF que compõem os links espaciais dos canais de comunicação. O sistema de
antena é uma parte crítica do sistema de comunicações por satélite, uma vez que é o
elemento essencial para o aumento da força do sinal recebido ou transmitido para permitir
a amplificação, processamento e eventual retransmissão. (Ippolito, 2008)
Os parâmetros mais importantes que definem o desempenho de uma antena são o ganho
de antena, a largura do feixe da antena e os lóbulos laterais da antena. O ganho define o
aumento da força atingida em concentrar a energia de onda de rádio, quer na transmissão
ou recepção, pelo sistema de antena. O ganho da antena é geralmente expresso em dBi,
decibéis acima de uma antena isotrópica, que é uma antena que irradia uniformemente
em todas as direcções. A largura de feixe é normalmente expressa como a largura do feixe
de meia potência ou a largura do feixe de 3 dB, o que é uma medida do ângulo ao longo
do qual o ganho máximo ocorre. Os lóbulos laterais definem a quantidade de ganho nas
direcções fora do eixo. A maioria dos aplicativos de comunicações via satélite exige uma
antena a ser altamente direcional (de alto ganho, largura de feixe estreito) com
insignificantes pequenos lóbulos laterais. (Ippolito, 2008)
26
Os tipos comuns de antenas utilizadas em sistemas de satélites são o dipolo linear, a
antena de corneta, o reflector parabólico, e o agrupamento de antenas. (Ippolito, 2008)
27
1.5.2. Segmento de controlo
Os subsistemas de TTC são utilizados para realizar do solo as seguintes operações para
o suporte logístico dos satélites:
Essas operações são realizadas por meio de uma estação terrena especial e geralmente
são centralizadas em um centro de controlo de rede. Para alguns modos de comunicação,
este centro e outras estações especializadas também controlam a sincronização, a
procura, etc.
A estação terrestre é a base terrestre. Ela se comunica com o satélite para levar a cabo a
missão idealizada. A estação terrestre pode estar localizada nas instalações do usuário
final ou remotamente fazendo uso de enlaces de comunicação entre a estação terrestre e
o usuário final. Nos primeiros sistemas de satélites, as estações terrestres eram colocadas
em locais remotos do país. Por causa de suas antenas enormes e outros requisitos
críticos, não era prático sua localização no centro da cidade ou zonas urbanas.
28
Atualmente, estações terrestres ainda são complexas, mas suas antenas são menores.
Muitas estações terrestres agora são localizadas no topo de edifícios altos ou em outras
áreas urbanas diretamente onde reside o usuário final. Isso oferece a vantagem de
eliminar sistemas de intercomunicação complexos entre a estação terrestre e o usuário
final. (Frenzel, 2013)
Uma estação terrestre é composta por cinco subsistemas principais: antena, receptor,
transmissor, equipamento de controlo terrestre (GCE) e o subsistema de potência (veja a
Figura 1.16).
Figura 1.16. Diagrama em bloco geral de uma estação terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Fundamentos de
Comunicação Electrónica” por Louis E. Frenzel Jr).
29
1.5.3.1. Subsistema de antena
Todas as estações terrestres têm uma antena parabólica relativamente grande que é
utilizada para envio e recepção de sinais do e para o satélite. Os primeiros satélites tinham
transmissores de potência muito baixa e, assim, os sinais recebidos na terra eram
extremamente pequenos. Eram necessárias antenas enormes de alto ganho para captar
os sinais do satélite. Os satélites modernos agora transmitem com potências muito
maiores. Avanços também ocorreram nos circuitos e componentes de receptores. Por
isso, antenas de estações terrestres menores são práticas. (Frenzel, 2013)
A antena em uma estação terrestre também tem que ser orientável. Ou seja, deve ser
possível ajustar o seu azimute e sua elevação de modo que a antena possa ser alinhada
com o satélite. Entretanto, estações terrestres de satélites geoestacionários podem
geralmente ter posição fixa. Os ajustes de azimute e elevação são necessários para
direcionar a antena para o satélite e permitir uma menor quantidade de ajustes ao longo
da vida do satélite. (Frenzel, 2013)
30
o satélite podem ser programas de múltiplas chamadas telefônicas ou dados digitais de
um computador. Esses sinais são usados para modular a portadora, que é amplificada por
um amplificador de válvula de onda progressiva ou klystron. Esses amplificadores
normalmente geram muitas centenas de watts de potência de saída. Isso é enviado para
a antena através de guias de ondas, combinadores e diplexadores para micro-ondas.
(Frenzel, 2013)
O sinal combinado final a ser transmitido para o satélite aparece na saída do combinador
RF. Mas ele tem que ser primeiro amplificado consideravelmente antes de ser enviado
para a antena. Isso é feito pelo amplificador de potência. O amplificador de potência
geralmente começa com um estágio inicial chamado de amplificador de potência
intermediária (IPA). Este aciona adequadamente o amplificador de alta potência (HPA)
final. O sinal amplificado é então enviado para a antena via guia de ondas, diplexador e
filtro. (Frenzel, 2013)
31
maioria das estações terrestres de alta e média potências usa TWTs e klystrons nos
amplificadores de potência. (Frenzel, 2013)
A maioria das estações terrestres são alimentadas a partir de fontes CA normais. As fontes
de alimentação padrão convertem a potência CA para tensões CC necessárias para
operar todos os subsistemas. No entanto, a maioria das estações terrestres tem sistemas
de backup de energia. Sistemas de satélite, especialmente aqueles usados para
comunicação confiável de conversas telefónicas, programas de TV, dados de computador,
e assim por diante, “não podem cair”. (Frenzel, 2013)
Desde o lançamento do Sputnik-1 no ano de 1957, mais de 8000 satélites foram lançados
até à data para uma variedade de aplicações como comunicação, navegação, previsão do
tempo, observação da Terra, serviços científicos e militares. O termo "satélite" tornou-se
uma palavra doméstica hoje, já que o horizonte de suas aplicações tocou a vida de todos,
seja falando com alguém a milhares de quilômetros de distância dentro dos confortos da
32
própria casa em questão de alguns segundos, assistindo uma variedade de programas de
TV ou ter acesso às notícias do mundo e à previsão do tempo de forma rotineira. Os
satélites também estão sendo usados como auxiliares de navegação por veículos em
terra, no ar ou no mar; em aplicações de sensoriamento remoto para desenterrar os
recursos minerais escondidos que, de outra forma, permaneceram inexplorados, na
pesquisa astronômica e na exploração da atmosfera. (Maini; Agrawal, 2011)
Cada satélite foi projetado para desempenhar alguma tarefa específica. Sua aplicação
predeterminada especifica o tipo de equipamento que deve ter a bordo e sua órbita.
(Frenzel, 2013)
a) Comunicações:
Comunicações fixas (FSS, Fixed Satellite Service)
Difusão (BSS, Broadcasting Satellite Service)
Comunicações móveis (MSS, Mobile Satellite Service)
b) Navegação:
Posicionamento (GPS, Global Positioning System)
c) Observação da terra e atmosfera:
Meteorologia
Detecção remota
d) Militares:
Espionagem
Em todas estas aplicações os satélites revelam ser bastante importantes, pois a sua
grande capacidade de cobertura permite atingir zonas que seriam de mais difícil acesso
caso se utilizassem meios terrestres. Neste trabalho, os estudos concentram-se em
satélites de comunicação, para transmissão de televisão por satélite.
33
sistemas de satélites deve operar dentro das restrições das regulamentações
internacionais e domésticas relacionadas à escolha da frequência do caminho do espaço
livre operacional. (Ippolito, 2008)
Figura 1.17. UIT regiões de serviços de telecomunicações (FONTE: UIT [15]; reproduzido com permissão da União
Internacional de Telecomunicações).
34
Tabela 1.1. Alocações de frequência (FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications Systems” por
Gérard Maral & Michel Bousquet).
8 / 7 GHz Banda X
30 / 20 GHz Banda Ka
50 / 40 GHz Banda V
30 / 20 GHz Banda Ka
12 GHz Banda Ku
Neste tipo de acesso, é possível que todas as estações usem o satélite simultaneamente,
mas cada uma utiliza uma banda de frequências diferente. Este tipo de acesso é
normalmente utilizado em transmissão analógica.
35
Figura 1.18. Acesso Múltiplo por Divisão de Frequência (FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications
Systems” por Gérard Maral & Michel Bousquet).
Neste tipo de acesso apenas é permitido às estações transmitir uma de cada vez numa
dada gama de frequência, utilizando os “slots” temporais que lhe foram atribuídos. Este
tipo de acesso é normalmente utilizado em transmissão digital.
Figura 1.19. Acesso Múltiplo por Divisão de Tempo (FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications Systems”
por Gérard Maral & Michel Bousquet).
36
Figura 1.20. Acesso Múltiplo por Divisão de Código (FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications Systems”
por Gérard Maral & Michel Bousquet).
A televisão por satélite é o mais utilizado e falado sobre a área de aplicação de satélites
de comunicação. Na verdade, representa cerca de 75% do mercado de satélites para
serviços de comunicação. A televisão por satélite refere-se basicamente ao uso de
satélites para retransmitir programas de TV de um centro de transmissão central para uma
grande área geográfica. (Maini; Agrawal, 2011)
Os satélites, por sua própria natureza de cobrir uma grande área geográfica, são
perfeitamente adequados para aplicações de transmissão de TV. Por exemplo, satélites
como GE e Galaxy nos EUA, Astra e Hot Bird na Europa, INSAT na Índia e JCSAT (satélite
de comunicação japonês) e Superbird no Japão são usados para aplicações de
transmissão de TV. Os cinco satélites Hot Bird fornecem 900 canais de TV e 560 estações
de rádio para 24 milhões de usuários na Europa. Outros meios de transmissão de televisão
incluem serviços de radiodifusão televisiva terrestre e TV a cabo. Os satélites podem
fornecer serviços de transmissão de TV directamente para os usuários ou em conjunto
com as redes de radiodifusão de cabo e terrestre. (Maini; Agrawal, 2011)
A televisão por satélite emprega satélites GEO atuando como repetidores de ponto a
multiponto recebendo uma certa transmissão do centro de transmissão e retransmitido a
mesma tradução após a frequência para os operadores de TV a cabo, pratos caseiros,
etc., dentro da pegada do satélite. Os satélites podem fornecer programas de TV
directamente aos usuários (televisão direta para casa) ou indiretamente com a ajuda de
redes de cabo ou redes de transmissão terrestre, onde o satélite alimenta o sinal para um
operador central que, por sua vez, transmite os programas aos usuários usando redes a
37
cabo ou através da transmissão terrestre. Uma rede típica de TV via satélite, como
qualquer outra rede de satélites, pode ser dividida em duas seções: a seção de uplink e a
seção downlink. (Maini; Agrawal, 2011)
Figura 1.21. Secção de uplink de redes de TV via satélite (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K.
Maini & Varsha Agrawal).
A seção de uplink (ver Figura 1.21) compreende três componentes principais: a fonte de
programação, o centro de transmissão e o principal satélite de transmissão. (Maini;
Agrawal, 2011)
38
O centro de transmissão é o centro do sistema de TV via satélite que processa e transmite
o sinal ao satélite de transmissão principal. Também adiciona comentários ou
propagandas aos sinais das várias fontes de programação. Geralmente, os sinais são
transmitidos usando técnicas analógicas na banda C ou usando um formato digital
empregando várias técnicas de compressão na banda Ku. Os sinais também são
geralmente criptografados antes da transmissão para impedir a visualização não
autorizada. (Maini; Agrawal, 2011)
39
Figura 1.22. Televisão por satélite e por cabo (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K. Maini &
Varsha Agrawal).
Esta informação digital ou analógica processada é então transmitida através de uma rede
de distribuição de cabo típica para um grande número de casas conhecidas como
assinantes, que pagam uma taxa mensal pelo serviço. Os operadores de cabo aceleram
seus programas para impedir a visualização não autorizada. O fim de recepção consiste,
então, em um decodificador para descodificar e recuperar o sinal original. Os operadores
de TV a cabo também transmitem os programas gravados em vídeo de outras fontes além
de mostrar programas recebidos dos satélites. (Maini; Agrawal, 2011)
40
1.9.3. Rede de transmissão de TV por satélite e local
É o mesmo que a rede de TV a cabo por satélite, exceto pelo fato de que aqui o satélite
distribui programação para estações de radiodifusão terrestre locais em vez de distribuí-lo
para as estações de cabos. As estações de transmissão usam antenas poderosas para
transmitir os sinais recebidos a vários usuários dentro da linha de visão (50-150 km)
usando bandas de microondas UHF e VHF. Os usuários recebem esses sinais de TV
usando antenas direcionais como antenas yagi, antenas de refletor ou antenas de dipolo.
Uma rede típica de transmissão por satélite e local é mostrada na Figura 1.23. Às vezes,
uma combinação da TV por satélite e da rede de televisão por satélite e local é usada para
distribuir programas de TV para os usuários. Por exemplo, uma das possíveis
configurações é onde o satélite envia os sinais para as estações de transmissão locais,
que, por sua vez, as transmite para os operadores de cabo. (Maini; Agrawal, 2011)
Figura 1.23. Rede típica de transmissão de TV por satélite (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K.
Maini & Varsha Agrawal).
41
Figura 1.24. Televisão por satélite direct-to-home (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K. Maini &
Varsha Agrawal).
42
baseados em equipamentos de padrão aberto e fornecem a maior variedade de programas
de TV, incluindo programas de TV a cabo, estações estrangeiras, canais de programação
gratuitos e feeds inéditos entre estações de transmissão como notícias, esportes, etc.
(Maini; Agrawal, 2011)
Um olhar sobre o desenvolvimento dos serviços DTH sugere que as TVROs eram a forma
original de recepção de TV por satélite DTH. O conceito de usar pratos nas instalações do
usuário para ver a televisão por satélite começaram diretamente no início dos anos 80,
quando as pessoas nos EUA começaram a colocar pratos em seus quintais para a
recepção direta de satélites. Os TVROs chegaram ao seu auge em torno do ano de 1994
e lentamente deram lugar a serviços de transmissão de satélite direto (DBS). No entanto,
os sistemas TVRO ainda existem e estão sendo atualizados para receber canais de
programação digitalmente codificados de satélites de banda Ku. (Maini; Agrawal, 2011)
A Figura 1.25 (a) mostra a representação pictórica de uma configuração típica do receptor
DBS. O receptor [Figura 1.25 (b)] consiste basicamente em um descodificador que
descodifica os sinais digitais recebidos pela antena e um módulo conversor que converte
o fluxo de bits compactado digitalmente em canais de TV analógicos. Em seguida,
dependendo do canal que o usuário escolheu, esse canal particular é dividido e enviado
para a tela da TV. Por isso, não é possível que dois aparelhos de televisão vejam
diferentes programas do mesmo receptor, como no caso da TV a cabo. Eles também
fornecem um guia de TV totalmente interativo e alimentam automaticamente as
informações de cobrança para o computador local do provedor de serviços. (Maini;
Agrawal, 2011)
43
Figura 1.25. a) Instalação do receptor DBS b) Diagrama em bloco do receptor DBS (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal).
Os sistemas DBS são sistemas completamente fechados que empregam alguma forma
de técnicas de criptografia, permitindo apenas o acesso condicional por usuários
autorizados. Isso também implica que não há canais gratuitos disponíveis nos sistemas
DBS. Alguns dos prestadores de serviços da DBS incluem DirecTV, Echostar, PrimeStar
dos EUA, TataSky e DishTV da Índia e Star Choice do Canadá. A FCC alocou oito slots
orbitais em 61,5º, 101º, 110º, 148º, 157º, 166º e 175º locais GEO de longitude oeste para
sistemas DBS. Os sistemas TVRO têm melhor qualidade de imagem que o DBS ou
sistemas de cabos digitais, que tendem a usar maiores quantidades de compressão de
sinal digital. No entanto, os sistemas DBS são fáceis de instalar e são mais baratos do que
os sistemas TVRO. (Maini; Agrawal, 2011)
DigitalDBSTV obtém usuários com muitos serviços como HDDTV (televisão de alta
definição), que é um serviço de TV digital de alta resolução, visualização de programas
interativos em que o usuário pode interagir com o programa e criar seu próprio programa,
fazer compras interativas, atualizando-se para o canal de compras e escolher o que
comprar e encomendá-lo, gravação de vídeo pessoal na qual o usuário pode gravar o
programa e reproduzi-lo mais tarde. Outros serviços oferecidos incluem o vídeo sob
demanda, no qual o visualizador pode visualizar a qualquer momento o programa de sua
escolha, perto do vídeo sob demanda, no qual o visualizador pode visualizar o programa
de sua escolha em um horário agendado, pagar TV em que o visualizador é carregado de
44
acordo com os programas que ele vê. Outro importante serviço oferecido é uma conexão
de Internet de alta velocidade através do link de TV via satélite. (Maini; Agrawal, 2011)
As comunicações por satélite oferecem uma série de recursos que não estão disponíveis
como modos alternativos de transmissão, tais como micro-ondas terrestres, cabo ou redes
de fibra óptica. Algumas das vantagens das comunicações por satélite são:
Baixos níveis de erros: Erros de bits em um link de satélite digital tendem a ser aleatórios,
permitindo a utilização de técnicas de detecção e correcção de erros estatísticos. As taxas
de erro de um erro de bit (BER) em 106 bits ou mais podem ser rotineiramente alcançadas
de forma eficiente e confiável com equipamento de série.
45
Redes de usuários diversos: Grandes áreas de terra são visíveis a partir do satélite típico
de comunicações, permitindo uma interligação entre vários usuários simultaneamente. Os
satélites são particularmente úteis para acessar áreas remotas ou comunidades de outra
forma não acessíveis por meios terrestres. Terminais de satélite podem estar na superfície,
no mar, ou no ar, e podem ser fixos ou móveis.
Imunidade ao desastre natural: Os satélites são mais imunes a desastres naturais como
inundações, terremotos, tempestades, etc., em comparação com redes terrestres.
1.10.2. Desvantagens
Apesar das comunicações por satélite oferecerem grandes vantagens, apresenta também
algumas desvantagens como:
Segurança: Por abranger áreas tão extensas e usar antenas é necessário ter especial
atenção a esse quesito, usando encriptação para garantir que somente pessoas
autorizadas tenham acesso as informações transmitidas.
Clima: fatores climáticos interferem na comunicação. Assim, sistemas críticos que não
podem ficar minutos sem comunicação não devem usar VSAT. A atmosfera provoca
reflexões de onda, provocando atrasos e erros.
46
2. Estado da arte
Finalmente, o século XX veio com o seu grande progresso e a era histórica das
comunicações espaciais começou a se desenrolar. O cientista russo Konstantin
Tsiolkovsky (1857-1935) publicou um livro científico sobre praticamente todos os aspectos
do movimento espacial. Ele propôs a base teórica dos foguetes propulsos a líquido,
apresentou ideias para lançadores multi-estágios e veículos espaciais tripulados,
caminhadas espaciais por astronautas e um sistema de plataforma grande que poderia
ser montado no espaço para habitação humana normal. Um pouco mais tarde, o
americano Robert H. Goddard lançou em 1926 o primeiro foguete do motor propelido a
líquido.
Ao mesmo tempo, entre as duas guerras mundiais, muitos russos e antigos cientistas da
URSS e construtores militares usaram a grande experiência de Tsiolkovsky para projetar
muitos modelos de foguetes e para construir as primeiras armas reativas, particularmente
foguetes chamados “Katyusha”, que um Exército Soviética vermelho usou contra as tropas
alemãs no início da guerra da pátria (Segunda Guerra Mundial). Assim, no final da
Segunda Guerra Mundial, muitos construtores militares na Alemanha começaram com
experiências para usar seus foguetes série V1 e V2 para atacar alvos na Inglaterra.
47
orbital igualasse o tempo que a terra fazia para completar uma rotação em torno de seu
eixo. Ele também destacou a importância de um satélite artificial nesta órbita com a
instrumentação necessária para fornecer serviços de comunicação intercontinental porque
tal satélite parece ser estacionário em relação a um observador na superfície da Terra.
O trabalho sobre técnicas de foguete na Rússia e na ex-URSS foi muito prolongado após
a Guerra da pátria. A era do satélite começou quando a União Soviética chocou o globo
com o lançamento do primeiro satélite artificial, Sputnik I, em 4 de outubro de 1957,
mostrado na Figura 1.26.
Este lançamento marcou o início do uso de satélites artificiais da Terra para ampliar e
melhorar o horizonte para radiocomunicações, navegação, monitoramento climático e
sensoriamento remoto e significou o anúncio da grande corrida espacial e o
desenvolvimento de comunicações por satélite. Isso logo foi seguido em 31 de janeiro de
1958 pelo lançamento do satélite dos Estados Unidos, Explorer I, ilustrado na Figura 1.27.
e assim, o desenvolvimento das comunicações por satélite e da navegação e a corrida
espacial começaram.
48
O progresso mais significativo na tecnologia espacial foi em 12 de abril de 1961, quando
Yuri Alekseievitch Gagarin, o oficial das antigas Forças Aéreas URSS decolou a bordo da
nave espacial Vostok I a partir de Baikonur Bailout e fez o primeiro voo orbital tripulado
histórico no espaço.
Após o lançamento do Sputnik I, um esforço sustentado dos EUA para alcançar a URSS
foi iniciado. Isso se refletiu no primeiro satélite de comunicações ativo, chamado SCORE,
lançado em 18 de dezembro de 1958 pela Força Aérea dos EUA.
O segundo satélite, Courier, foi lançado em 4 de outubro de 1960 em órbita elíptica de alta
inclinação (HEO) com seu perigeu em cerca de 900 km e seu apogeu em cerca de 1.350
km usando células solares e uma frequência de 2 GHz. O comprimento máximo de
emissão foi entre 10 e 15 minutos para cada passagem sucessiva.
O terceiro satélite desse tipo foi o Telstar projetado por especialistas da Bell Telephone
Laboratories e lançado pela NASA em 10 de julho de 1962 na configuração HEO com seu
perigeu em cerca de 100 km e apogeu em cerca de 6.000 km (veja a Figura 1.28). O plano
da órbita estava inclinado a cerca de 45º para o equador e a duração da órbita era de
cerca de 2,5 horas. Por causa da rotação da Terra, a via do satélite como se viu nas
estações terrenas pareceu ser diferente em cada órbita sucessiva. Assim, nos próximos
dois anos, a Telstar fui acompanhada por Relay I, Telstar II e Relay II. Todos esses
satélites tiveram o mesmo problema, eles eram visíveis para LES amplamente separados
por apenas alguns períodos diários curtos, então o número de LES era necessário para
prestar serviço em tempo integral.
49
Por outro lado, os satélites GEO podem ser vistos 24 horas por dia de aproximadamente
40% da superfície da Terra, proporcionando ligações diretas e contínuas entre um grande
número de locais amplamente separados.
O primeiro satélite GEO do mundo Syncom I foi lançado pela NASA em 14 de fevereiro de
1963, que apresentou um pré-requisito para o desenvolvimento de sistemas MSC. Este
satélite falhou durante o lançamento, mas Syncom II e III foram posicionados com êxito
em órbita em 26 de julho de 1963 e 19 de julho de 1964, respectivamente. Ambos os
satélites usaram a banda militar de 7.360 GHz para o uplink e 1.815 GHz para o downlink.
Usando o modo FM ou PSK, o transponder poderia suportar duas operadoras ao mesmo
tempo para operação full duplex. Syncom II foi usado para transmissão de TV direta dos
Jogos Olímpicos de Tóquio em agosto de 1964. Essas sondas espaciais continuaram com
sucesso no serviço até algum tempo depois de 1965 e marcaram o final do período
experimental.
A Intelsat foi fundada em agosto de 1964 como um operador global do FSS. O primeiro
satélite GEO comercial foi Early Bird (renomeado como Intelsat I) desenvolvido pela
Comsat para Intelsat (veja a Figura 1.29). Foi lançado em 6 de abril de 1965 e permaneceu
ativo até 1969. As operações de roteamento entre os EUA e a Europa começaram em 28
de junho de 1965, data que deve ser reconhecida como o aniversário do FSS comercial.
O satélite tinha bandas de transponder de 2 x 25 MHz de largura, a primeira com 2 ligações
uplink Rx (centrada em 6.301 GHz para a Europa e 6.390 GHz para os EUA) e os
segundos downlinks de 2 Tx (centrados em 4.081 GHz para a Europa e 4.161 GHz para
os EUA), Com potência de transmissão máxima de 10 W por cada Tx. Este sistema GEO
usou vários LES localizados nos EUA e na Europa e assim, a era moderna das
comunicações por satélite tinha começado.
50
Figura 1.29. Satélite Intelsat I (FONTE: Cortesia da Intelsat).
Entretanto, um progresso considerável nas comunicações por satélite foi feito pela ex-
URSS, o primeiro do qual o satélite Molniya I (Lightning) foi lançado ao mesmo tempo que
Intelsat I em 25 de abril de 1965. Estes satélites foram colocados em uma HEO, Muito
diferentes daqueles utilizados pelos primeiros experimentos e foram utilizados para a
transmissão de voz, fax e vídeo da FES central perto de Moscou para um grande número
de estações apenas recebidas relativamente pequenas.
Este trabalho foi elaborado com base em métodos teóricos e empíricos. Os métodos
teóricos permitiram estudar as características de um sistema de comunicação por satélite,
conhecer o estado da arte e construir uma perspectiva. Os métodos empíricos permitiram
51
a explicação de certas características da distribuição de TV através de certas experiências
e elaboração racional.
Actualmente, o único meio existente para recepção do sinal da TPA livre é a transmissão
terrestre, através do uso de antenas lineares (dipolo, yagi, log-periódica, etc.). Como em
algumas zonas mais remotas do país o sinal não chega com boa qualidade quando
recebido através da transmissão terrestre, os usuários optam na recepção do sinal da TPA
através de provedores de televisão por satélite como solução.
52
Capítulo – 2: COMUNICAÇÕES POR SATÉLITE EM ANGOLA
1. Considerações iniciais
Angola situa-se na costa do Atlântico Sul da África Ocidental, cujo território principal é
limitado a norte e a nordeste pela República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia,
a sul pela Namíbia a oeste pelo oceano Atlântico. Inclui também o exclave de Cabinda,
através do qual faz fronteira com a República do Congo, a norte.
1
ARTIGO 1.º da Constituição da República de Angola
53
2. Nascimento das comunicações por satélite em Angola
Foi a partir desta data que começou-se a generalizar-se as comunicações via satélite, pois
antes só era utilizado com mais frequência a estação terrena de Funda – ANGOLA
TELECOM. (Chipuete, 2012)
Verificamos que muitas empresas foram evoluindo até atingir um domínio estável nas
comunicações, tais como: A ANGOLA TELECOM, uma empresa pública, criada pelo
Decreto Nº 10/92 de 06 de Março como resultado da fusão das anteriores empresas
estatais ENATEL e EPTEL.
54
As empresas que desenvolveram projectos de comunicação por satélite em Angola são
nomeadamente: ANGOLA TELECOM, INFRASAT, TPA, RNA, MOVICEL, UNITEL,
ODEBRECHT, JEMBAS através da multichoice, CELLWAVE, INATEL, Empresas
petrolíferas, etc.
Cada vez mais e cada vez mais rápido Angola cresce e a necessidade de comunicações
fiáveis, de qualidade e sem limitações geográficas se torna maior. Levando isto em
consideração, nasce a INFRASAT. Moderna, ágil e com foco em qualidade para trazer
soluções de comunicações por satélite nas localidades mais remotas do país, garantindo
a inclusão de todos os habitantes de Angola na chamada aldeia global.
A INFRASAT oferece soluções completas de transmissão via satélite que poderão ser
aplicadas para dados, voz, imagens e internet em alta velocidade, garantindo assim a
integração de empresas e consumidores no mundo das comunicações.
2.1.1. Televisão
O primeiro serviço de televisão por assinatura via satélite operado por uma empresa
angolana foi lançado no ano de 2009 em Luanda, pela empresa de telecomunicações
INFRASAT.
55
Universalizar o acesso à informação trazendo uma oferta acessível a maioria da
população;
Trazer uma oferta de conteúdo variado definido e escolhido para a família angolana.
Figura 2.2. Kit para recepção de canais de televisão (FONTE: Cortesia da INFRASAT).
O acesso ao serviço faz-se através da aquisição de um kit composto por receptor, antena,
montagem que custa 19.500,00 Kz e inclui três meses de assinatura. A assinatura mensal
do pacote básico é de 17.00,00 Kz. Para beneficiar grande parte da população angolana
em localidades inacessíveis por cabo.
O Telecentro, com uma tecnologia suportada por satélite, mantém desta forma, as
populações da região mais próxima do país e do resto do mundo.
Denominado serviço Liga-Liga, o projecto visa garantir que as zonas mais recônditas do
país beneficiem de uma fonte alternativa para estabelecer comunicação de elevada
qualidade tecnológica, onde não se faz sentir a presença das tradicionais operadoras de
telefonia móvel e fixa.
56
Os telecentros, para além de oferecer um serviço de voz, permitem aceder a Internet de
alta qualidade, cujo funcionamento é suportado por uma antena via satélite.
Figura 2.3. Telecentro, equipado com painéis solar (FONTE: Cortesia da INFRASAT).
Os satélites em que a INFRASAT trabalha para distribuir os seus serviços são: NSS7,
AMOS5, RASSON E INTELSAT.
Clientes: Para além de 500 telecentros espalhados, tem como clientes a Movicel, Unitel,
Projecto BI (Bilhete de Identidade), Projecto INSS, e Odebrecht.
57
Despacho Presidencial nº 21/06 de 21 de Junho. O estudo contou com o Consórcio russo,
liderado pela empresa ROSOBONEXPORT, RSC Energia (construtora do satélite
ANGOSAT-1).
58
serviços de telecomunicações, conectando principalmente as pessoas que vivem em
áreas remotas.
O satélite ANGOSAT-1 tem uma estrutura modular dividida em dois módulos principais:
um módulo de comunicação ou carga útil que consiste em hardware e software que
permitem a execução da missão, e um módulo de serviço ou plataforma universal, onde
se encontram os subsistemas que permitem a operação autónoma e o controlo do satélite.
59
Figura 2.4. Mapa de cobertura do ANGOSAT-1 na Banda-C (FONTE: Cortesia da INFRASAT).
A Figura 2.5 apresenta o espaço de iluminação do satélite ANGOSAT-1 para banda Ku.
60
localizado acerca de 36.000 km, um segmento Terrestre e um Segmento de Controlo
também conhecido como (MCC – Centro de Controlo e Missão), que é a estação de
monitoramento e de controlo em terra e tem como objectivo monitorar, corrigir, e garantir
a perfeita operação do sistema Angosat-1.
O primeiro satélite angolano ANGOSAT-1 foi lançado com sucesso no dia 26 de Dezembro
de 2017, através do foguete transportador ucraniano Zenit-3SLBF, a partir do cosmódromo
Baikonur, no Cazaquistão. O lançamento aconteceu exatamente às 20:00, tempo de
Angola.
61
Devido ao processo de vaporização de gases, vacumização e uma certa inação do
computador de bordo, o satélite por algumas horas deixou de enviar telemetria. No
entanto, as 15h00 de Angola do dia 28, foi restabelecido a telemetria com o ANGOSAT-1.
Após do lançamento, decorreu o período de teste que terminou no mês de Abril de 2018.
Com o lançamento do ANGOSAT, o país ganha assim, uma infraestrutura que vai tornar
os serviços de telecomunicações com custos mais baixos e de melhor qualidade. Com a
entrada em funcionamento do primeiro satélite angolano, os serviços de televisão,
telefonia e de internet vão ser mais baratos. Este é um processo que vai contribuir para a
inclusão social e coesão nacional de todos os angolanos.2
Angola é o sétimo país africano a ter um satélite próprio de comunicação em órbita, após
o lançamento do ANGOSAT, juntando-se à Argélia, África do Sul, Egipto, Marrocos,
Nigéria e Tunísia.
O satélite vai tornar o país numa referência no âmbito espacial, com reconhecimento a
nível mundial na criação e capacitação de quadros altamente qualificados nas áreas de
Engenharia e Tecnologia espacial. Vai ainda apoiar o desenvolvimento sustentável, a
defesa e a segurança do estado, através da pesquisa e desenvolvimento de tecnologias
aeroespaciais, contribuindo assim para o posicionamento de Angola como um dos líderes
na área Espacial em África.3
No dia 23 de Abril de 2018, foi assinado o acordo de construção de um novo satélite entre
as partes angolana e russa em Luanda e arrancaram no dia seguinte, em Moscovo, os
trabalhos para a construção do ANGOSAT-2, uma versão actualizada do satélite
ANGOSAT-1, para compensar o investimento feito para a construção do ANGOSAT-1, em
órbita desde Dezembro de 2017, mas encontra-se inoperante, ou seja, não comunica com
a Terra.
2
Jornal de Angola
3
Jornal de Angola
62
Capítulo – 3: PERSPECTIVA DO USO DO ANGOSAT-1 PARA
TRANSMISSÃO DA TPA LIVRE EM ANGOLA
1. Considerações iniciais
63
O grande problema da transmissão terrestre da TPA é o alcance. As ondas rádio utilizadas
na transmissão são radiadas pela antena de tal forma que é necessário estar na zona de
alcance da antena para captar a emissão. Pequenos objectos como alvores ou casas não
são grande problema, mas um grande obstáculo como a terra causa certamente efeitos
atenuadores. Se a terra de Angola fosse perfeitamente plana, seria possível captar ondas
de transmissão a distâncias enormes. No entanto, como o planeta em si é curvo, a linha
de alcance do sinal acaba por ser distorcido a algumas dezenas de quilómetros do ponto
de emissão, resultando na recepção do sinal da TPA com pouca qualidade.
Esta necessidade dos telespectadores receberem o sinal da TPA com boa qualidade e
consequentemente optarem nos provedores de serviços de televisão por satélite, está na
base do crescimento exponencial do número de antenas parabólicas instaladas nas
residências.
Tendo em conta as condições de vida das famílias que vivem nas áreas mas remotas do
país, muitas das vezes ficam impossibilitadas de assistirem a TPA por falta de valores
monetários para recarregarem o cartão do provedor de serviço de televisão por satélite,
pois que ainda existem famílias em Angola que vivem abaixo de 500 Kzs/dia.
64
4. Perspectivas da transmissão de televisão com o uso do ANGOSAT-1
O termo “satélite” tornou-se uma palavra doméstica hoje, já que o horizonte de suas
aplicações tocou a vida de todos, seja falando com alguém a milhares de quilómetros de
distância dentro dos confortos da própria casa em questão de alguns segundos, assistindo
uma variedade de programas de TV, ou ter acesso às notícias do mundo e à previsão do
tempo de forma rotineira. (Maini; Agrawal, 2011)
Hoje em dia, é bastante visível o espaço que a televisão por satélite tem ganhado no nosso
território. Basta observar no tecto das residências, é visível o número elevado de
telespectadores com antenas parabólicas instaladas nas suas residências,
independentemente da sua classe social.
O centro de produção da TPA será o responsável pelo fornecimento dos parâmetro como:
a frequência e a taxa de símbolo para que a partir de um receptor universal seja possível
a recepção do sinal da TPA via satélite livre no território angolano.
4.1.2. Satélite
65
Atendendo a situação ANGOSAT-1 que encontra-se inoperante, todas versões
actualizadas deste satélite como o ANGOSAT-2 e outros satélites posteriores podem ser
usados para a implementação deste projecto.
Uma boa recepção do sinal de televisão está na dependência directa do tipo de antena
empregado. A antena que garante boa recepção do sinal de um satélite geoestacionário
deve possuir propriedades muito diferentes das que são úteis para outras aplicações.
(Ribeiro, 2012)
Para recepção do sinal da TPA serão utilizadas antenas parabólicas que irão receber o
sinal proveniente do ANGOSAT-1 e dirigi-lo para o receptor localizado na casa do
utilizador.
Figura 3. 2. Terminal de TVRO para recepção do sinal da TPA com o uso do ANGOSAT-1 (FONTE: Cortesia do livro
“Satellite technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal).
4.1.4. Receptor
66
símbolos fornecidos pelo centro de produção da TPA seja possível receber o sinal da TPA
via satélite livre.
4.1.5. Televisor
A transmissão do sinal da TPA livre em Angola com o uso do ANGOSAT-1 será feita na
Bada C. Para captar o sinal, será necessário a instalação de uma antena parabólica com
tamanhos entre os (6 a 18 pés de diâmetro) cm e utilização de receptores universais.
67
A difusão do sinal será feita utilizando uma configuração estrela, onde teremos apenas um
ponto de distribuição (que será o centro de programação da TPA) a transmitir o sinal para
vários usuários.
Para recepção do sinal vindo da antena parabólica, serão utilizados receptores universais
de marca ARISAT, pelo facto de ser a marca mais predominante em Angola.
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CONCLUSÕES
Depois da avaliação feita sobre o estado das comunicações nacionais por satélite em
Angola conclui-se que Angola não possui posição de destaque mundial, mas o governo
angolano, através do programa espacial nacional, pretende tornar angola como uma
referência na área da tecnologia espacial, para o posicionamento de Angola como um dos
líderes na área espacial em África.
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RECOMENDAÇÕES
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MAINI, Anil K.; AGRAWAL, Varsha. Satellite technology: principles and applications. 2ª ed.
New York, John Wiley & Sons, 2011. 674 p.
MIYOSHI, Edson Mitsugo; SANCHES, Carlos Alberto. Projetos de Sistemas Rádio; 4ª ed.
São Paulo, Érica, 2010. 536 p.
71
EVANS, B.G. Satellite Communication Systems. 3ª ed. London, The Institution of
Engineering and Technology, 2008. 727 p.
ILČEV, Stojče Dimov. Global Mobile Satellite Communications: For Maritime, Land and
Aeronautical Applications. 1ª ed. Dordrecht, Springer, 2005. 494 p.
72
ANEXOS
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Figura A. 3. Trajectória nominal do lançador. (FONTE: Cortesia do GGPEN)
74
Anexo – B: Imagens dos últimos preparativos do ANGOSAT-1 antes do
lançamento, a partir do cosmódromo Baikonur, no Cazaquistão.
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Figura B. 4. ANGOSAT-1 a ser transportado para o local do lançamento. (FONTE:
https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-9009928.html).
76
GLOSSÁRIO DE TERMOS
Acesso
Modo pelo qual o assinante pode se conectar a uma rede de telecomunicações: pares de
fios metálicos, fibras ópticas, ondas de rádio, via satélite, TV a cabo, etc.
ANGOSAT-1
Antena
Apogeu
Azimute
Banda C
Banda Ku
Cabo coaxial
Downlink
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Exclave
Órbita
Trajectória que um corpo percorre ao redor de outro sob a influência de alguma força.
Elevação
Ângulo formado pela direcção de máxima radiação de uma antena com o plano horizontal.
Perigeu
Uplink
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