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INSTITUTO SUPERIOR DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

COMUNICAÇÃO POR SATÉLITE: ANGOSAT-1

TRABALHO DE FIM DE CURSO DE LICENCIATURA EM


ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES

AUTOR: MANUEL JOSÉ SONA MBENZA

Luanda, 2017
INSTITUTO SUPERIOR DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

COMUNICAÇÃO POR SATÉLITE: ANGOSAT-1

TRABALHO DE FIM DE CURSO DE LICENCIATURA EM


ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES

AUTOR: MANUEL JOSÉ SONA MBENZA

ORIENTADOR: MSc GABRIEL CHIQUETE CHIPUETE

Luanda, 2017
DEDICATÓRIA

Ao meu Bom Deus todo-poderoso pela graça, amor e misericórdia que sempre tem me
concedido para vencer os desafios da vida.

Aos meus pais Muanza José Cutondi Mbenza e Luzindalalo Manuel, por todo apoio, por
todos os ensinamentos que com muito amor recebi ao longo da vida, e pelo carinho e
atenção que sempre me disponibilizaram ao longo de toda a minha vida estudantil. E em
memória o meu querido avó Manuel Sona.

Aos meus grandes amigos Carlos Kissoca Afonso e António Mavila Nsingui pelo apoio que
sempre disponibilizaram para mim durante o meu percurso como estudante.

iii
RESUMO

Este trabalho aborda um estudo sobre a tecnologia de comunicação por satélite, o


nascimento e a evolução das comunicações por satélite em Angola e apresenta uma
perspectiva do uso do primeiro satélite de comunicação angolano ANGOSAT-1 para
transmissão do sinal da TPA livre em Angola. A tecnologia de comunicação por satélite
consiste basicamente na utilização de repetidores orbitais para estabelecer a comunicação
entre duas estações terrestres. Angola é um país vastos, com uma dimensão de 1.246.700
Km2, que viveu um período de aproximadamente 40 anos de guerra, sendo guerra colonial
e guerra civil. Toda infraestrutura das comunicações foi destruída. A rede de
telecomunicações foi evoluindo de tal maneira que já se faz sentir com bastante demanda
a utilização por qualquer cidadão da tecnologia de comunicação por satélite. O ANGOSAT-
1 é o primeiro satélite de comunicações angolano, que vai disponibilizar serviços de
telecomunicações, televisão, internet e governo electrónico. Possui um tempo de vida de
15 anos e possui 22 transponders (16 para banda C e 6 para banda Ku). A perspectiva do
uso do primeiro satélite de comunicação angolano ANGOSAT-1 para transmissão do sinal
da TPA livre em Angola, consiste em facilitar os telespectadores da TPA que residem nas
áreas mais remotas de Angola onde a qualidade do sinal não chega em boas condições
quando recebidos por meio da transmissão terrestre, e que por sua vez não têm também
condições financeiras para recarregarem mensalmente o cartão de uma provedora de
televisão por satélite.

Palavras-chave: Satélite de comunicação; ANGOSAT-1; Transmissão; Televisão.

iv
ABSTRACT

This paper presents a perspective on the use of the first Angolan communication satellite
ANGOSAT-1 for the transmission of the free TPA signal in Angola. This study deals with a
study on satellite communication technology, the birth and evolution of satellite
communications in Angola. Satellite communication technology basically consists of the
use of orbital repeaters to establish communication between two ground stations. Angola
is a vast country, with a size of 1.246.700 km2, that lived a period of approximately 40 years
of war, being colonial war and civil war. All communication infrastructure has been
destroyed. The telecommunications network has evolved in such a way that the use by any
citizen of the satellite communication technology is already felt with great demand.
ANGOSAT-1 is the first Angolan communications satellite, which will provide
telecommunications, television, internet and e-government services. It has a lifespan of 15
years and has 22 transponders (16 for C band and 6 for Ku band). The perspective of using
the first Angolan communication satellite ANGOSAT-1 to transmit the free TPA signal in
Angola, is to facilitate TPA viewers residing in the most remote areas of Angola where
signal quality does not arrive in good condition when received by means of terrestrial
transmission, and which in turn do not also have the financial conditions to recharge the
monthly card of a satellite television provider.

Keywords: Communication satellite; ANGOSAT; Broadcast; Television.

v
ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA .................................................................................................................. iii

RESUMO........................................................................................................................... iv

ABSTRACT ........................................................................................................................ v

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS ................................................................................. viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ...................................................................... xii

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

1. Introdução ao tema.................................................................................................. 1

2. Situação problemática ............................................................................................. 2

3. Problema de investigação ....................................................................................... 2

4. Objecto de estudo ................................................................................................... 2

5. Campo de acção ..................................................................................................... 2

6. Objectivo geral......................................................................................................... 2

7. Objectivos específicos ............................................................................................. 2

8. Tarefas de investigação .......................................................................................... 3

9. Resumo de cada capítulo ........................................................................................ 3

Capítulo – 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................... 7

1. Principais conceitos associados ao objecto de estudo ............................................ 7

1.1. Conceito de comunicação por satélite ................................................................. 7

1.2. Órbitas de Satélites ........................................................................................... 9

1.2.1. Órbita Geostacionária (GEO) ................................................................... 10

1.2.2. Órbita Terrestre Baixa (LEO) .................................................................... 11

1.2.3. Órbita Média Terrestre (MEO) .................................................................. 11

1.2.4. Órbita Alta Terrestre (HEO) ...................................................................... 12

1.2.5. Órbita Polar .............................................................................................. 12


1.3. Cinturas de Van Allen ..................................................................................... 12

1.4. Colocação do Satélite em Orbita .................................................................... 13

1.5. Configuração de um sistema de comunicação por satélite ............................. 14

1.5.1. Segmento espacial ................................................................................... 15

1.5.1.1. Ônibus do satélite ................................................................................. 16

1.5.1.2. Carga útil do satélite ............................................................................. 24

1.5.2. Segmento de controlo .............................................................................. 28

1.5.3. Segmento terrestre ................................................................................... 28

1.5.3.1. Subsistema de antena .......................................................................... 30

1.5.3.2. Subsistema de recepção ...................................................................... 30

1.5.3.3. Subsistema de transmissão .................................................................. 30

1.5.3.4. Subsistema de potência........................................................................ 32

1.6. Aplicações gerais dos satélites ....................................................................... 32

1.7. Bandas de frequências ................................................................................... 33

1.8. Técnicas de múltiplo acesso ........................................................................... 35

1.8.1. Acesso Múltiplo por Divisão na Frequência (FDMA) ................................ 35

1.8.2. Acesso Múltiplo por Divisão no Tempo (TDMA) ....................................... 36

1.8.3. Acesso Múltiplo por Divisão no Código (CDMA) ...................................... 36

1.9. Televisão por satélite ...................................................................................... 37

1.9.1. Uma rede típica de TV por satélite ........................................................... 37

1.9.2. Televisão por satélite e por cabo .............................................................. 39

1.9.3. Rede de transmissão de TV por satélite e local ....................................... 41

1.9.4. Televisão por satélite direct-to-Home ....................................................... 41

1.9.4.1. Serviços de recepção de televisão (TVRO) .......................................... 42

1.9.4.2. Serviços de Direct Broadcasting Satellite (DBS) .................................. 43

1.9.4.3. Serviços de televisão por satélite mais recentes .................................. 44


1.10. Vantagens e Desvantagens das comunicações por Satélite ....................... 45

1.10.1. Vantagens ................................................................................................ 45

1.10.2. Desvantagens .......................................................................................... 46

2. Estado da arte ....................................................................................................... 47

3. Metodologia utilizada. Tendências e metodologias actuais ................................... 51

4. Soluções existentes............................................................................................... 52

5. Ferramentas nas quais se apoia para a solução. .................................................. 52

Capítulo – 2: COMUNICAÇÕES POR SATÉLITE EM ANGOLA ..................................... 53

1. Considerações iniciais ........................................................................................... 53

2. Nascimento das comunicações por satélite em Angola ........................................ 54

2.1. Projecto INFRASAT ........................................................................................ 55

2.1.1. Televisão .................................................................................................. 55

2.1.2. Telefonia Rural ......................................................................................... 56

3. Projecto do primeiro satélite angolano: ANGOSAT-1 ............................................ 57

3.1. Configurações Técnicas de ANGOSAT-1 ....................................................... 59

3.2. Lançamento do ANGOSAT-1.......................................................................... 61

Capítulo – 3: PERSPECTIVA DO USO DO ANGOSAT-1 PARA TRANSMISSÃO DA TPA


LIVRE EM ANGOLA ........................................................................................................ 63

1. Considerações iniciais ........................................................................................... 63

2. O problema da recepção do sinal da TPA por transmissão terrestre .................... 63

3. O problema da recepção do sinal da TPA através dos provedores de televisão por


satélite.......................................................................................................................... 64

4. Perspectivas da transmissão de televisão com o uso do ANGOSAT-1................. 65

4.1. Componentes do sistema de distribuição da TPA através do ANGOSAT-1 ...... 65

4.1.1. Fonte de programação ................................................................................ 65

4.1.2. Satélite ..................................................................................................... 65

4.1.3. Antena Parabólica .................................................................................... 66


4.1.4. Receptor ................................................................................................... 66

4.1.5. Televisor ................................................................................................... 67

5. Configuração do sistema de transmissão da TPA com o uso do ANGOSAT-1 ..... 67

CONCLUSÕES ............................................................................................................... 69

RECOMENDAÇÕES ....................................................................................................... 70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 71

ANEXOS ......................................................................................................................... 73

Anexo – A: Projecto de construção e lançamento de um satélite ................................ 73

Anexo – B: Imagens dos últimos preparativos do ANGOSAT-1 antes do lançamento, a


partir do cosmódromo Baikonur, no Cazaquistão. ....................................................... 75

GLOSSÁRIO DE TERMOS ............................................................................................. 77


ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1.1. Usando um satélite como repetidor. (FONTE: Cortesia do livro “Fundamentos
de Comunicação Electrónica” por Louis E. Frenzel Jr). .................................................... 8

Figura 1.2. Sistema de comunicações por satélite (FONTE: Cortesia do livro “Sistemas de
comunicação” por Simon Haykin). ..................................................................................... 9

Figura 1.3. Forças que actuam sobre um satélite (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.)................................... 10

Figura 1.4. Satélite em Órbita Geostacionária (FONTE: Cortesia do livro “Satellite


Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.)................................... 11

Figura 1.5. Satélite em Órbita Baixa Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.)................................... 11

Figura 1.6. Satélite em Órbita Média Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.)................................... 12

Figura 1.7. Satélite em Órbita Alta Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.)................................... 12

Figura 1. 8. Cinturas de radiação de Van Allen. .............................................................. 13

Figura 1.9. Fases do lançamento do ANGOSAT-1 (FONTE: Cortesia do Jornal de Angola).


........................................................................................................................................ 14

Figura 1.10. Sistema de comunicações por satélite, conectando com entidades terrestres
(FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications Systems” por Gérard Maral &
Michel Bousquet)............................................................................................................. 15

Figura 1.11. Subsistemas do satélite de comunicação (FONTE: Adaptação do livro


“Satellite Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.). ................... 16

Figura 1.12. Estrutura física dos satélites: A – rotação estabilizada por satélite (estrutura
cilíndrica). B – corpo estabilizado ou Três eixos estabilizados por satélite (estrutura de
box). (FONTE: Cortesia da NASA). ................................................................................. 17

viii
Figura 1.13. Parâmetros de controlo orbital para satélites geoestacionários (FONTE:
Adaptação do livro “Satellite Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito,
Jr.). .................................................................................................................................. 21

Figura 1.14. Rastreamento, telemetria, comando e monitoração (TTC & M). (FONTE:
Cortesia do livro “Satellite Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito,
Jr.). .................................................................................................................................. 23

Figura 1.15. Transponder (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K. Maini
& Varsha Agrawal). ......................................................................................................... 25

Figura 1.16. Diagrama em bloco geral de uma estação terrestre (FONTE: Cortesia do livro
“Fundamentos de Comunicação Electrónica” por Louis E. Frenzel Jr). .......................... 29

Figura 1.17. UIT regiões de serviços de telecomunicações (FONTE: UIT [15]; reproduzido
com permissão da União Internacional de Telecomunicações). ..................................... 34

Figura 1.18. Acesso Múltiplo por Divisão de Frequência (FONTE: Adaptação do livro
“Satellite Communications Systems” por Gérard Maral & Michel Bousquet). .................. 36

Figura 1.19. Acesso Múltiplo por Divisão de Tempo (FONTE: Adaptação do livro “Satellite
Communications Systems” por Gérard Maral & Michel Bousquet).................................. 36

Figura 1.20. Acesso Múltiplo por Divisão de Código (FONTE: Adaptação do livro “Satellite
Communications Systems” por Gérard Maral & Michel Bousquet).................................. 37

Figura 1.21. Secção de uplink de redes de TV via satélite (FONTE: Cortesia do livro
“Satellite technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal). ............................................ 38

Figura 1.22. Televisão por satélite e por cabo (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal). ........................................................... 40

Figura 1.23. Rede típica de transmissão de TV por satélite (FONTE: Cortesia do livro
“Satellite technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal). ............................................ 41

Figura 1.24. Televisão por satélite direct-to-home (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal). ........................................................... 42

Figura 1.25. a) Instalação do receptor DBS b) Diagrama em bloco do receptor DBS


(FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal). .. 44

Figura 1.26. Satélite Sputnik I (FONTE: Cortesia da NASA). .......................................... 48

Figura 1.27. Satélite Explorer I (FONTE: Cortesia da NASA/JPL-Caltech). .................... 48

ix
Figura 1.28. Satélite Telstar I (FONTE: Cortesia da NASA). ........................................... 49

Figura 1.29. Satélite Intelsat I (FONTE: Cortesia da Intelsat).......................................... 51

Figura 2.1. Mapa de Angola (FONTE: https://www.africa-turismo.com/mapas/angola.html).


........................................................................................................................................ 53

Figura 2.2. Kit para recepção de canais de televisão (FONTE: Cortesia da INFRASAT).56

Figura 2.3. Telecentro, equipado com painéis solar (FONTE: Cortesia da INFRASAT). 57

Figura 2.4. Mapa de cobertura do ANGOSAT-1 na Banda-C (FONTE: Cortesia da


INFRASAT). .................................................................................................................... 60

Figura 2.5. Mapa de cobertura do ANGOSAT-1 na Banda-Ku (FONTE: Cortesia da


INFRASAT). .................................................................................................................... 60

Figura 2.6. Centro de Controlo e Missão do ANGOSAT-1 (FONTE: Cortesia do GGPEN).


........................................................................................................................................ 61

Figura 3. 1. ANGOSAT-1 (FONTE: Cortesia do GGPEN). .............................................. 66

Figura 3. 2. Terminal de TVRO para recepção do sinal da TPA com o uso do ANGOSAT-
1 (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal). 66

Figura 3. 3. Receptor universal da ARISAT (FONTE:


https://www.shrjah.dubizzle.com/m/classified/electronics/satellite-cable-tv-
equipment/2018/2/11/arisat-free-receiver-12/?photos).................................................... 67

Figura 3. 4. Televisor (FONTE: http://www.tecnologiadetuatu.elcorteingles.es/tv-y-


video/que-televisor/) ........................................................................................................ 67

Figura 3. 5. Sistema de distribuição da TPA livre por satélite. ........................................ 68

Figura A. 1. Etapas de revisão do Satélite ANGOSAT-1. (FONTE: Cortesia do GGPEN)


........................................................................................................................................ 73

Figura A. 2. Trajectória nominal do lançador. (FONTE: Cortesia do GGPEN) ................ 73

Figura A. 2. Trajectória nominal do lançador. (FONTE: Cortesia do GGPEN) ................ 74

x
Figura B. 1. Acoplamento da coifa ao ANGOSAT-1. (FONTE:
https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-
9009928.html). ................................................................................................................ 75

Figura B. 2. Acoplamento do terceiro estágio do foguete. (FONTE:


https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-
9009928.html). ................................................................................................................ 75

Figura B. 3. ANGOSAT-1 na estação de Baikonur. (FONTE:


https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-
9009928.html). ................................................................................................................ 75

Figura B. 4. ANGOSAT-1 a ser transportado para o local do lançamento. (FONTE:


https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-
9009928.html). ................................................................................................................ 76

Figura B. 5. ANGOSAT-1 na posição vertical, pronto para ser lançado. (FONTE:


https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-
9009928.html). ................................................................................................................ 76

Figura B. 6. Lançamento do ANGOSAT-1, pronto para ser lançado. (FONTE:


https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-
9009928.html). ................................................................................................................ 76

Tabela 1.1. Alocações de frequência (FONTE: Adaptação do livro “Satellite


Communications Systems” por Gérard Maral & Michel Bousquet).................................. 35

xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

AMSS Serviço de satélite móvel aeronáutica

AWGN Ruido gaussiano aditivo branco

BER Taxa de erro de bit

BSS Serviço de radiodifusão por satélite

CATV Televisão de antena comunitária

CDMA Acesso múltiplo por divisão de código

cm Centímetros

dB Decibel

EUA Estados Unidos da América

FDMA Acesso múltiplo por divisão de frequência

FES Estações terrestres fixas

FI Frequência intermediária

FM Modulação em Frequência

FSS Serviço de Satélites fixo

Fin Força gravitacional

Fout Força da velocidade angular

GCE Equipamento de controlo terrestre

GGPEN Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional

GSO ou GEO Órbita geossíncrona ou Órbita geoestacionária

GPS Sistema de posicionamento global

HEO Órbita alta terrestre

HF Altas frequências

HPA Amplificador de alta potência

Hz Hertz

xii
IPA Amplificador de potência intermediária

Kzs Kwanzas

NASA Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço

MCC Centro de controlo e missão

MSS Serviço móvel por satélite

𝑚 Massa do satélite

PSK Chaveamento por desvio de fase

Rx Receptor

𝑟 Distância do centro da Terra (raio da órbita)

SES Estação Terrestre Nava

SHF Frequências super altas

TDMA Multiplexação por divisão de tempo

PEN Programa Espacial Nacional

TPA Televisão pública de Angola

TT&C Rastreamento, telemetria e comando

TWT Válvula de onda progressiva

Tx Transmissor

TV Televisão

TVRO Recepção apenas de televisão

UHF Frequências ultra altas

UIT União Internacional de Telecomunicações

URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

VHF Frequências muito altas

𝑣 Velocidade do satélite no plano da órbita

𝜇 Constante de Kepler

xiii
INTRODUÇÃO

1. Introdução ao tema

As telecomunicações tiveram um avanço significativo logo após a Segunda Guerra


Mundial devido, a uma enorme demanda de comunicações que houve.

Durante muito tempo, os sistemas operando na faixa de HF foram os únicos disponíveis


para comunicações a longa distância, ou mesmo intercontinentais, uma vez que as
comunicações em VHF, UHF e SHF estão limitadas a distâncias de poucas dezenas de
quilómetros. Porém, os sistemas operando na faixa de HF usam a ionosfera terrestre, esta
não permite que se obtenha confiabilidade total das comunicações a longa distância.

Todavia, pelo facto dos sistemas operando na faixa de HF não permitirem que se obtenha
confiabilidade total das comunicações a longa distância, obrigaram ao desenvolvimento
de outros métodos como solução deste problema, que foi o lançamento dos cabos
metálicos submarinos. Porém o cabo submarino apresentava maior qualidade,
confiabilidade e capacidade de transmissão que o rádio, mas não foi uma melhor solução
devido a sérias limitações que apresentavam nos casos de aplicações multiponto como:
vulnerabilidade a danos físicos intencionais ou acidentais, além do reparo ser, em geral,
caro e demorado.

A resposta para tal situação de emergência e vital para as telecomunicações mundiais,


teria que ser dada com certa urgência. Porém, as Comunicações por Satélite vêm dar a
melhor solução no problema das comunicações a longa distância, pois utiliza repetidores
orbitais, ou satélites, orbitando a milhares de quilómetros de altura e em visibilidade
simultânea com pontos distantes da superfície terrestre.

A telefonia, o telex, a TV e a transmissão de dados tiveram os primeiros lugares na


utilização dos satélites de comunicação. Sua atual performance técnica proporciona
ligações de alta qualidade e confiabilidade, assegurando também, mobilidade aos
elementos terrestres e capacidade de fluir um grande número de informações.

A transmissão de TV via satélite permitiu melhorar a qualidade de serviço e quebrar as


barreiras das distâncias. Pois que este sistema, ao utilizar antenas posicionadas no
espaço como elemento difusor da informação, diminuiu o problema da limitação da linha

1
de visada e simultaneamente a questão dos obstáculos intermediários, possibilitando
maiores áreas de cobertura de serviço.

2. Situação problemática

Num inquérito realizado recentemente no nosso território, notou-se que grande parte da
população angolana recebe o sinal de televisão da TPA através dos provedores de serviço
de televisão por satélite (nomeadamente UAU!TV, ZAP e DSTV).

Em Angola existem ainda famílias que vivem abaixo de 500 Kzs/dia, motivo pela qual,
muita das vezes, estas famílias não têm a possibilidade para recarregarem o seu cartão
da provedora de televisão por satélite, ficando assim impossibilitadas de assistirem a TPA.

No inquérito realizado, notou-se que a população angolana opta em receber o sinal da


TPA por intermédio de uma provedora de televisão por satélite por causa da falta de
qualidade na recepção do sinal da TPA por meio da transmissão terrestre, em que nas
zonas mais remotas o sinal chega em péssimas condições.

3. Problema de investigação

Como fazer a distribuição do sinal da TPA com qualidade em todo território angolano,
inclusive nas áreas mais remotas?

4. Objecto de estudo

Transmissão de Televisão por satélite.

5. Campo de acção

Sistemas de comunicação por satélite.

6. Objectivo geral

Apresentar uma perspectiva do uso do primeiro satélite de comunicação angolano


ANGOSAT-1 para transmissão do sinal de TPA livre em Angola.

7. Objectivos específicos
 Definir o conceito de comunicação por satélite;
 Explicar o princípio de funcionamento de um sistema de comunicações por satélite;
 Abordar sobre o nascimento e a evolução das comunicações por satélite em
Angola;
 Criar perspectivas para distribuição do sinal da TPA por satélite livre em Angola.

2
8. Tarefas de investigação
 Recolha bibliográfica sobre comunicações por satélite e transmissão de televisão
por satélite;
 Estudo sobre as comunicações por satélite em angola, com destaque no projecto
do primeiro satélite angolano de comunicações, designado ANGOSAT-1;
 Levantamento sobre o meio que a população angolana utiliza para a recepção do
sinal da televisão pública.
9. Resumo de cada capítulo

O projecto está dividido em 3 capítulos: O Capítulo – 1 apresenta os principais conceitos


e teorias associados a tecnologia de comunicações por satélite. Uma comunicação por
satélite é todo o sistema de telecomunicações que usa um satélite de comunicação como
repetidor para estabelecer a comunicação entre duas estações. As localizações orbitais
da nave espacial em um sistema de satélite de comunicação desempenham um papel
importante na determinação da cobertura e das características operacionais dos serviços
prestados por esse sistema. Os satélites artificiais ocupam diferentes órbitas que possuem
diferentes características. Normalmente essas rotas são definidas em relação à Terra. A
órbita geoestacionária é a órbita mais popular usada para satélites de comunicações.

Um sistema de comunicação por satélite está composto por um segmento espacial, um


segmento de controlo e um segmento de terrestre. O segmento espacial contém um ou
vários satélites ativos e sobressalentes organizados em uma constelação. O segmento de
controle consiste em todas as instalações terrestres para o controle e monitoramento dos
satélites, também denominadas estações TTC (rastreamento, telemetria e comando) e
para o gerenciamento do tráfego e os recursos associados a bordo do satélite. O segmento
terrestre consiste em todas as estações terrenas de trânsito. Dependendo do tipo de
serviço considerado, essas estações podem ser de tamanho diferente, de alguns
centímetros a dezenas de metros.

Cada satélite foi projetado para desempenhar alguma tarefa específica. Sua aplicação
predeterminada especifica o tipo de equipamento que deve ter a bordo e sua órbita. Em
todas estas aplicações os satélites revelam ser bastante importantes, pois a sua grande
capacidade de cobertura permite atingir zonas que seriam de mais difícil acesso caso se
utilizassem meios terrestres. Neste trabalho, os estudos concentra-se em satélites de
comunicação, para transmissão de televisão por satélite.

3
A frequência de operação é talvez o principal fator determinante na concepção e
desempenho de um link de comunicação por satélite. A comunicação por satélite emprega
ondas eletromagnéticas para transmissão de informações entre Terra e espaço. As
bandas de interesse para comunicações por satélite estão acima de 100MHz, incluindo as
bandas VHF, UHF, L, S, C, X, Ku e Ka.

Para maximizar o uso do espectro disponível em transponders de satélite e garantir acesso


para tantos usuários quanto possível, todos os satélites usam alguma forma de
multiplexação nomeadamente Acesso Múltiplo por Divisão na Frequência (FDMA), Acesso
Múltiplo por Divisão no Tempo (TDMA) e Acesso Múltiplo por Divisão no Código (CDMA).

A televisão por satélite é o mais utilizado e falado sobre a área de aplicação de satélites
de comunicação. Na verdade, representa cerca de 75% do mercado de satélites para
serviços de comunicação. A televisão por satélite refere-se basicamente ao uso de
satélites para retransmitir programas de TV de um centro de transmissão central para uma
grande área geográfica. A televisão por satélite emprega satélites geoestacionários
atuando como repetidores de ponto a multiponto recebendo uma certa transmissão do
centro de transmissão e retransmitido a mesma tradução após a frequência para os
operadores de TV a cabo, pratos caseiros, etc., dentro da pegada do satélite.

A televisão por satélite Direct-to-Home (DTH) refere-se à recepção direta de programas


de TV via satélite pelos usuários finais do satélite através de suas próprias antenas
receptoras. Os serviços DTH podem ser amplamente classificados em dois tipos,
nomeadamente os serviços de recepção de televisão (TVRO) e de transmissão direta
(DBS), dependendo da banda de frequência utilizada e do tamanho das antenas
receptoras. Os sistemas TVRO empregam grandes pratos (6 a 18 pés de diâmetro)
colocados nas instalações do usuário para a recepção de sinais analógicos do satélite que
opera na banda C. O serviço DBS usa satélites de banda Ku de alta potência que enviam
sinais de televisão e áudio comprimidos digitalmente para pratos satélites fixos
relativamente pequenos (45 a 60 cm).

Algumas das vantagens das comunicações por satélite são: propriedade de transmissão
em ampla área de cobertura, distância e custos independentes, os custos fixos de
emissões, alta capacidade, baixos níveis de erros, redes de usuários diversos e imunidade
ao desastre natural. Apesar das comunicações por satélite oferecerem grandes
vantagens, apresenta também algumas desvantagens como: Segurança, Atraso de
transmissão, Clima e Custos.

4
O Capítulo – 2 aborda o nascimento e a evolução das comunicações por satélite no
território angolano com destaque no projecto do primeiro satélite angolano de
comunicações denominado ANGOSAT-1. Angola é um país que situa-se na costa do
Atlântico Sul da África Ocidental. Dentro da história das comunicações em Angola,
encontramos empresas que ao longo dos anos foram os artífices de toda a gama das
telecomunicações. Iniciando em HF, VHF, UHF, enlaces de microondas em todo o território
nacional. Estes enlaces de microondas foram na maior parte destruídos durante as
guerras de libertação, assim como da guerra civil. Foi nesta altura em que as
comunicações fixas via microondas e cabos tornaram-se difícil obrigando assim as
empresas a optarem pela comunicação via satélite. As empresas que desenvolveram
projectos de comunicação por satélite em Angola são nomeadamente: ANGOLA
TELECOM, INFRASAT, TPA, RNA, MOVICEL, UNITEL, ODEBRECHT, JEMBAS através
da multichoice, CELLWAVE, INATEL, Empresas petrolíferas, etc.

Angola é um dos poucos países da África a ocupar presença no espaço orbital


geoestacionário. ANGOSAT-1 é a denominação dada ao primeiro satélite angolano
geoestacionário que fornecerá oportunidades de expansão dos serviços de comunicação
via satélite, acesso a internet, rádio, e transmissão televisiva. O ANGOSAT é um projecto
de iniciativa presidencial, saída da resolução nº 2/06 de 11 de Janeiro do Conselho de
Ministros. O projecto ANGOSAT é resultado de um profundo estudo sobre a viabilidade da
produção de um satélite angolano, entre a Comissão Interministerial de Coordenação
Geral do Projecto de Telecomunicações via Satélite de apoio multissectorial (CISAT),
criada por Despacho Presidencial nº 21/06 de 21 de Junho. O estudo contou com o
Consórcio russo, liderado pela empresa ROSOBONEXPORT, RSC Energia (construtora
do satélite ANGOSAT-1).

O satélite ANGOSAT-1 terá um período de vida útil de 15 anos e estará posicionado a


14.5º E na órbita geostacionária, possuirá 22 transponders, sendo 16 de 72MHz na banda
C, totalizando 1152 MHz e 72 MHz na banda Ku, totalizando 432 MHz. O Satélite terá uma
capacidade convencional equivalente a 44 transponders de 36 MHz cuja capacidade de
cobertura abrange para além de Angola, toda África e parte da Europa. O satélite possui
um peso de 1,055 Kg, carga útil de 262,4 Kg e uma potência de 3.753 W.

O Capítulo – 3 apresenta perspectivas de utilização do primeiro satélite angolano de


comunicação ANGOSAT-1, para transmissão da TPA livre em Angola. Para se obter um
sinal limpo na recepção da programação da TPA através da transmissão terrestre é

5
necessário estar bastante perto da antena de transmissão, sem muitos obstáculos no
caminho. Motivo pelo qual acaba condicionando a qualidade na recepção do sinal da TPA
por transmissão terrestre para os usuários que residem nas áreas mais remotas do
território angolano. Tendo em conta as condições de vida das famílias que vivem nas áreas
mais remotas do país, muitas das vezes ficam impossibilitadas de assistirem a TPA por
falta de valores monetários para recarregarem o cartão do provedor de serviço de televisão
por satélite. Para a solução do problema, a transmissão do sinal da TPA livre em Angola
com o uso do ANGOSAT-1 será feita na Banda C. Para captar o sinal, será necessário a
instalação de uma antena parabólica com tamanhos entre os (6 a 18 pés de diâmetro) e
utilização de receptores universais.

6
Capítulo – 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. Principais conceitos associados ao objecto de estudo

1.1. Conceito de comunicação por satélite

Comunicação é uma palavra que deriva do termo latino “communicare” (que significa:
partilhar, participar algo, tomar comum, etc.), que representa o processo social de troca
de informações e cobre a necessidade humana de contacto directo e compreensão mútua.

A palavra telecomunicações abarca todas as formas de comunicação a distância através


de sinais eléctricos. A palavra inclui o prefixo grego tele, que significa “distancia” ou
“longe”. (Ilčev, 2005)

A palavra satélite é de origem latina “satelles”, (que significa objecto sólido que gira em
torno de um planeta). Os satélites são classificados em dois tipos: satélite natural e satélite
artificial. Em astronomia, um exemplo de satélite natural é a Lua, pois ela gira em torno da
Terra. Já o satélite artificial, como o próprio nome diz, é um equipamento ou engenho
construído pelo homem e, dependendo da finalidade, desloca-se em órbita de outro astro.

Um satélite em geral é qualquer corpo natural ou artificial movendo-se em torno de um


corpo celestial, como planetas e estrelas. No contexto atual, a referência é feita apenas
para satélites artificiais orbitando o planeta Terra. Estes satélites são colocados na órbita
desejada e possuem cargas úteis, dependendo da aplicação pretendida. (Maini; Agrawal,
2011)

Os satélites artificiais são largamente empregados em telecomunicações, os quais podem


ser classificados em geoestacionários ou não geoestacionários de acordo com sua órbita
e podem prover meios de comunicação adequados para muitas aplicações, tanto para
comunicações fixas, como móveis. Os satélites não são utilizados apenas para telefonia e
transmissão de dados; também podem ser empregados na difusão direta de sinais de
televisão para finalidades domésticas. (Miyoshi; Sanches, 2010)

Um satélite de comunicação é um satélite artificial da terra, em órbita, que recebe um sinal


de comunicação a partir de uma estação terrestre de transmissão, amplifica e,
possivelmente, processa-o, em seguida, transmite-o de volta para a terra para a recepção
por uma ou mais estações terrestres (Madalena, 2017)

7
Considera-se comunicação por satélite, todo sistema de telecomunicações que usa um
satélite de comunicação como repetidor para estabelecer a comunicação entre duas
estações, como ilustra a Figura 1.1.

Figura 1.1. Usando um satélite como repetidor. (FONTE: Cortesia do livro “Fundamentos de Comunicação Electrónica”
por Louis E. Frenzel Jr).

A Figura 1.1. mostra o funcionamento básico de um sistema de comunicação por satélite,


onde uma estação terrestre transmite um sinal para o satélite. O satélite contém um
receptor que capta o sinal transmitido, amplifica e converte o mesmo em outra frequência
para ser retransmitido para as estações de terra. O sinal original transmitido da estação
terrena para o satélite é chamado de enlace de subida (uplink), e o sinal retransmitido do
satélite para as estações de recepção é chamado de enlace de descida (downlink).
Geralmente, a frequência do enlace de descida é menor do que o de subida. (Frenzel,
2013)

O princípio de funcionamento das comunicações por satélites é semelhante ao utilizado


no sistema de estações terrestres de microondas. A diferença, porém, é que entre duas
estações situadas a grande distância uma da outra, existe apenas uma estação repetidora,
exatamente o satélite. Enquanto as redes terrestres necessitam de muitas estações
repetidoras para permitir a completa integração.

Em um sistema de comunicação via satélite geoestacionário, um sinal de mensagem é


transmitido de uma estação terrestre através do canal de subida até um satélite,
amplificado em um transponder (isto é, um circuito electrónico) a bordo do satélite e depois

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retransmitido do satélite através do canal de descida para outra estação terrestre, como
ilustra a Figura 1.2. (Haykin, 2004)

Figura 1.2. Sistema de comunicações por satélite (FONTE: Cortesia do livro “Sistemas de comunicação” por
Simon Haykin).

1.2. Órbitas de Satélites

A capacidade de lançar um satélite e mantê-lo em órbita depende da observância de leis


físicas e matemáticas bem conhecidas que são classificadas coletivamente como
dinâmica orbital. (Frenzel, 2013)

A órbita é a trajectória seguida pelo satélite. A trajectória está dentro de um plano e


moldada como uma elipse com uma extensão máxima no apogeu e o mínimo no perigeu.
(Maral; Bousquet, 2009)

As localizações orbitais da nave espacial em um sistema de satélite de comunicação


desempenham um papel importante na determinação da cobertura e das características
operacionais dos serviços prestados por esse sistema. (Ippolito, 2008)

A determinação de órbita do satélite é baseada nas leis de movimento, primeiro


desenvolvidas por Johannes Kepler e mais tarde refinadas por Newton em 1665 a partir
de suas próprias leis da mecânica e da gravitação. Forças concorrentes actuam no satélite;
a gravidade tende a puxar o satélite em direcção a terra, enquanto que a sua velocidade
orbital tende a puxar o satélite para longe da terra. A Figura 1.3 mostra uma imagem
simplificada das forças que actuam sobre um satélite em órbita. A força gravitacional, F in,
e a força da velocidade angular, Fout, podem ser representadas como: (Ippolito, 2008)

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𝜇
𝐹𝑖𝑛 = 𝑚 (𝑟 2 ) (1.1)

𝑣2
𝐹𝑜𝑢𝑡 = 𝑚 ( 𝑟 ) (1.2)

onde: 𝑚 = massa do satélite; 𝑣 = velocidade do satélite no plano da órbita; 𝑟 = distância


do centro da Terra (raio da órbita), 𝜇 = constante de Kepler (ou constante Geocêntrico-
gravitacional) = 3,986004×105 km3/s2.

Observa que, para 𝐹𝑖𝑛 = 𝐹𝑜𝑢𝑡


1
𝜇 2
𝑣 = (𝑟 ) (1.3)

Este resultado fornece a velocidade necessária para manter um satélite em órbita no raio
𝑟. Todas as outras forças que actuam sobre o satélite, tais como as forças gravitacionais
da lua, do sol e de outros organismos, são negligenciadas.

Figura 1.3. Forças que actuam sobre um satélite (FONTE: Cortesia do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).

Os satélites artificiais ocupam diferentes órbitas que possuem diferentes características.


Normalmente essas rotas são definidas em relação à Terra. As órbitas mais comumente
usadas nas comunicações por satélite são: (Ippolito, 2008)

1.2.1. Órbita Geostacionária (GEO)

A órbita GEO é a órbita mais popular usada para satélites de comunicações. Um satélite
GEO está localizado em uma órbita circular no plano equatorial, a uma distância nominal
de 36 000 km em um ponto estável, que mantém o satélite em um local fixo no céu. Esta
é uma tremenda vantagem para as comunicações via satélite, porque a direção

10
apontadora permanece fixa no espaço e a antena terrestre não precisa rastrear um satélite
em movimento. Uma desvantagem da GEO é o tempo de atraso longo de ~260 ms, o que
pode afetar a sincronização de rede ou impactar as comunicações de voz. (Ippolito, 2008)

Figura 1.4. Satélite em Órbita Geostacionária (FONTE: Cortesia do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).

1.2.2. Órbita Terrestre Baixa (LEO)

A segunda órbita mais comum é a órbita terrestre baixa (LEO), que é uma órbita circular
nominalmente 160 a 640 km acima da Terra. O atraso é baixo, ~10 ms, no entanto, o
satélite se desloca pelo céu e a estação terrestre deve rastrear o satélite de modo a manter
as comunicações. (Ippolito, 2008)

Figura 1.5. Satélite em Órbita Baixa Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).

1.2.3. Órbita Média Terrestre (MEO)

A MEO é semelhante a LEO, no entanto, o satélite está em uma órbita circular mais alta -
1600 a 4200 km. É uma órbita popular para satélites de navegação, como a constelação
de GPS. (Ippolito, 2008)

11
Figura 1.6. Satélite em Órbita Média Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).

1.2.4. Órbita Alta Terrestre (HEO)

A HEO é a única órbita não circular dos quatro tipos mencionados. Funciona uma órbita
elíptica, com altitude máxima (apogeu) semelhante a GEO, e uma altitude mínima
(perigeu) semelhante a LEO. A HEO é usada para aplicações especiais onde é necessária
cobertura de localização de alta latitude. (Ippolito, 2008)

Figura 1.7. Satélite em Órbita Alta Terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).

1.2.5. Órbita Polar

Uma órbita circular com uma inclinação perto de 90º é referida como uma órbita polar.
Órbitas polares são muito úteis para os serviços de detecção e de colecta de dados,
porque as suas características orbitais podem ser selecionadas para digitalizar todo o
globo num ciclo periódico. (Ippolito, 2008)

1.3. Cinturas de Van Allen

James Van Allen, um físico americano, há muito se interessou pela pesquisa da atmosfera
superior. Ele usou foguetes desenvolvidos durante a Segunda Guerra Mundial para esse
fim, e com o advento dos satélites americanos, aproveitou as oportunidades que eles

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ofereceram para o estudo do raio cósmico. Ele e sua equipe construíram a instrumentação
transportada a bordo do Explorer I, Explorer IV e Pioneer III. Em 1958, durante sua
exploração de radiação cósmica na atmosfera alta, ele descobriu algo incomum por pura
chance. Ele encontrou dois cintos em forma de rosca de partículas carregadas altamente
ionizadas em torno da Terra, simétricas em torno de seu eixo magnético. Essas partículas
carregadas poderiam causar dano aos humanos e danificar equipamentos eletrônicos, se
a exposição fosse longa o suficiente. É importante, portanto, assegurar que o equipamento
seja adequadamente protegido e que as órbitas de satélites estejam suficientemente
distantes dos níveis máximos de intensidade de radiação. (Kadish; East, 2000)

Existem duas zonas de elevada radiação, designadas de cinturas de Van Allen. São zonas
situadas à distância da Terra de 1500 – 5000 Km e 15000 – 20000 Km. A radiação
existente nestas zonas deteriora fortemente o equipamento dos satélites, impossibilitando
a utilização de satélites em órbita nessas zonas. Abaixo dos 200 km não é tecnicamente
possível a manutenção de um satélite, devido ao seu baixo tempo de vida por deterioração
e aquecimento.

Figura 1. 8. Cinturas de radiação de Van Allen.

1.4. Colocação do Satélite em Orbita

Actualmente, para colocar um satélite em órbita existem essencialmente duas tecnologias.


Existem os foguetões do tipo Ariane, utlizados pela Europa, e os veículos tripulados do
tipo Space Shuttle, utilizados pelos Estados Unidos. Para o lançamento do ANGOSAT-1,
foi utilizado um foguete transportador ucraniano Zenit-3SLBF.

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Para se realizar o lançamento tem-se essencialmente em consideração a latitude do local
de lançamento, pois será este o factor que determina a inclinação da órbita de
transferência e consequentemente o gasto de energia na correcção da inclinação.

Figura 1.9. Fases do lançamento do ANGOSAT-1 (FONTE: Cortesia do Jornal de Angola).

1.5. Configuração de um sistema de comunicação por satélite

A implementação de um sistema de comunicação por satélite é uma grande empresa.


Felizmente para a grande maioria dos usuários de satélites atuais e futuros, já existem
vários sistemas e estão abertos para negócios em todas as partes do mundo. Existem
mais de 250 satélites geoestacionários operacionais que oferecem capacidade de satélite
globalmente. Os usuários podem alugar capacidade em satélites domésticos e também
de operadores regionais e internacionais. (Elbert, 2008)

O sistema de comunicação por satélite está composto por um segmento espacial, um


segmento de controlo e um segmento de terrestre, como mostra a Figura 1.10.

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Figura 1.10. Sistema de comunicações por satélite, conectando com entidades terrestres (FONTE: Adaptação do livro
“Satellite Communications Systems” por Gérard Maral & Michel Bousquet).

1.5.1. Segmento espacial

O segmento espacial contém um ou vários satélites ativos e sobressalentes organizados


em uma constelação. (Maral; Bousquet, 2009)

Um satélite de comunicação é uma estação de repetidor de micro-onda que permite dois


ou mais usuários com estações de terra apropriadas entregar ou trocar informação em
várias formas. (Elbert, 2008)

Os satélites de comunicação estão colocados em órbitas espaciais e operam em um


ambiente diferente daquele encontrado na superfície terrestre. Nesse ambiente, há pouca
atmosfera, baixa gravidade, dificuldades de acesso para manutenções e não há suportes
físicos de sustentação. (Morgan; Gordon, 1989)

15
Os equipamentos do segmento espacial transportados a bordo do satélite podem ser
classificados em duas áreas funcionais: ónibus e a carga útil, como mostra a Figura 1.11.
(Ippolito, 2008)

Figura 1.11. Subsistemas do satélite de comunicação (FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications Systems
Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).

1.5.1.1. Ônibus do satélite

O ónibus (Bus) refere-se à estrutura básica do satélite em si e aos subsistemas que


suportam o satélite. Os subsistemas de ónibus são: a estrutura física, o subsistema de
energia, atitude e sistema de controlo orbital, o subsistema de controlo térmico, o comando
e o subsistema de telemetria. (Ippolito, 2008)

A estrutura física do satélite fornece uma casa para todos os componentes do satélite. A
forma básica da estrutura depende do método de estabilização utilizado para manter o
satélite estável e que aponta na direcção desejada, geralmente para manter
adequadamente as antenas voltadas para a terra, Dois métodos são comummente
empregados: estabilização de rotação e de três eixos ou estabilização corporal. Ambos os
métodos são usados para satélites GSO e NGSO. (Ippolito, 2008)

A Figura 1.12 destaca as configurações básicas de cada um, juntamente com um exemplo
de um satélite de cada tipo.

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Figura 1.12. Estrutura física dos satélites: A – rotação estabilizada por satélite (estrutura cilíndrica). B – corpo
estabilizado ou Três eixos estabilizados por satélite (estrutura de box). (FONTE: Cortesia da NASA).

a) Estabilização de rotação: Um satélite de rotação estabilizada é geralmente de


forma cilíndrica, porque o satélite precisa de ser equilibrado mecanicamente em
torno de um eixo, de modo que possa ser mantido em órbita, girando sobre o seu
eixo. Para satélites geoestacionários, o eixo de rotação é mantido paralelo ao eixo
de rotação da terra, com velocidades de rotação na gama de 30 a 100 revoluções
por minuto. (Ippolito, 2008)
b) Estabilização de três eixos: Um satélite estabilizado de três eixos é mantido no
espaço com elementos de estabilização para cada um dos três eixos, referido como
a rotação, impulso de guinada, em conformidade com as definições utilizadas em
primeiro lugar na indústria aeronáutica. Todo o corpo da nave espacial permanece
fixo no espaço, em relação à terra, razão pela qual o satélite estabilizado de três
eixos também é referido como um satélite de corpo estabilizado. (Ippolito, 2008)

Os Satélites de comunicação não são os originadores da informação a ser transmitida.


Embora alguns outros tipos de satélites gerem a informação a ser transmitida, a
comunicação via satélite não. Em vez disso, esses satélites são estações de
retransmissão para as fontes na Terra. Se uma estação de transmissão não pode se
comunicar directamente com uma ou mais estações de recepção, por causa de restrições
de linha de visada, pode ser usado um satélite. A estação de transmissão envia as

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informações para o satélite, que por sua vez retransmite para as estações de recepção. O
satélite, nessa aplicação, geralmente é conhecido como repetidor. (Frenzel, 2013)

Os satélites de nova geração são regenerativos; isto é, eles têm capacidade de


processamento a bordo tornando-os mais de uma unidade inteligente do que um mero
repetidor. Essa capacidade permite ao satélite condicionar, amplificar ou reformatar dados
de uplink recebidos e encaminhar os dados para locais especificados ou, de fato,
regenerar dados a bordo da nave espacial, em vez de simplesmente atuar como uma
estação de retransmissão entre duas ou mais estações terrestres. (Kolawole, 2002)

1.5.1.1.1. Subsistema de energia

Hoje, praticamente cada satélite utiliza painéis solares como sua fonte de alimentação
básica. Os painéis solares são grandes conjuntos de fotocélulas ligadas em circuitos em
série e em paralelo para criar uma potente fonte de corrente contínua. Os primeiros painéis
solares podiam gerar centenas de watts de potência. Atualmente, enormes painéis solares
são capazes de gerar muitos quilowatts. A principal exigência é que os painéis solares
sempre estejam apontados em direção ao sol. Em satélites cilíndricos, as células solares
cercam toda a unidade e, portanto, uma parte delas está sempre exposta à luz solar. Em
satélites de corpo estabilizado, ou três eixos, os painéis solares individuais são
manipulados com vários controles para garantir que eles estejam corretamente orientados
com relação ao sol. (Frenzel, 2013)

Painéis solares geram uma corrente contínua que é utilizada para operar os vários
componentes do satélite. No entanto, a potência CC é normalmente usada para carregar
baterias secundárias que funcionam como um acumulador. Quando o satélite entra em
eclipse ou quando os painéis solares não estão posicionados corretamente, as baterias
assumem e mantêm o satélite temporariamente em operação. As baterias não são
grandes o suficiente para abastecer o satélite por um longo tempo; elas são usadas como
um sistema de backup para eclipses, orientação e estabilização inicial do satélite ou
condições de emergência. (Frenzel, 2013)

Os eclipses ocorrem para um satélite GSO duas vezes por ano, em torno dos equinócios
da primavera e outono, quando a sombra da terra passa através da nave espacial. Eclipses
diários começam 23 dias antes do equinócio e acabam com o mesmo número de dias
após. A duração diária do eclipse aumenta alguns minutos a cada dia e um pico de 70
minutos no dia equinócio, depois diminui um montante semelhante a cada dia seguinte ao

18
pico. Baterias Seladas de Níquel Cádmio (Ni-Cd) são mais frequentemente utilizadas para
sistemas de baterias por satélite. As mesmas têm uma boa confiabilidade e longa vida útil
e não apresentam fuga de gás quando num ciclo de carregamento. Também são utilizadas
baterias de Níquel-hidrogénio (NiH2), que fornecem uma melhoria significativa na relação
potência-peso. (Ippolito, 2008)

1.5.1.1.2. Controlo de Atitude

A atitude de um satélite refere-se à sua orientação no espaço em relação à terra. O


controlo de atitude é necessário para que as antenas, que geralmente têm feixes
direccionais estreitos, sejam apontadas correctamente para a terra. Várias forças podem
interagir para afectarem a atitude da nave espacial, incluindo as forças gravitacionais do
Sol, da Lua e dos planetas; pressões solares que actuam sobre o corpo da nave espacial,
antenas ou painéis solares; e o campo magnético da terra. A orientação é monitorada no
espaço-nave por detectores do horizonte de infravermelhos que detectam a borda da terra
contra o fundo do espaço. (Ippolito, 2008)

Jactos de gás, propulsores de iões ou volantes de inércia, são usados para fornecerem
controlo de atitude activa em satélites de comunicações. Como a Terra não é uma esfera
perfeita, o satélite irá ser acelerado no sentido de um dois pontos estáveis em relação ao
plano equatorial. (Ippolito, 2008)

1.5.1.1.3. Controlo Orbital

Controlo Orbital, muitas vezes chamado de manutenção da estação, é o processo


necessário para manter um satélite em órbita na sua localização adequada. É semelhante,
embora não apresentem as mesmas funcionalidades, ao controlo de atitude. Os Satélites
geoestacionários passam por forças que fariam com que os mesmos ficassem à deriva
em direcções a leste-oeste (longitude) e norte-sul (latitude), bem como em altitude, se não
fossem compensadas com jactos activos de controlo orbital. O Controlo Orbital é
normalmente mantido com o mesmo sistema de propulsão, como é com o controlo de
atitude. (Ippolito, 2008)

As propriedades não esféricas (achatadas) da terra, exibidas principalmente como uma


protuberância equatorial, fazem com que o satélite fique lentamente à deriva, na longitude,
ao longo do plano equatorial. Os Jactos de controlo são pulsados para conferirem uma
componente de velocidade oposta para o satélite, o que faz com que o satélite à deriva
volte à sua posição nominal. Estas correcções são referidas como manutenção de

19
manobras da estação leste-oeste, que são realizadas periodicamente a cada duas a três
semanas. Satélites típicos de banda C devem ser mantidos dentro de ± 0,1º, e os satélites
de banda Ku dentro de ± 0,05º, de longitude nominal, para manter os satélites dentro da
largura de feixe das antenas do terminal do solo. Para um raio geoestacionário nominal de
42 000 km, a variação total de longitude seria de 150 km em banda C e de 75 km para
banda Ku. (Ippolito, 2008)

A latitude de deriva será induzida principalmente pela força gravitacional do sol e da lua.
Estas forças causam a inclinação do satélite que muda em 0,075º por mês, se deixada
sem correção. A Pulsação periódica para compensar essas forças é chamada de “estação
mantendo manobras norte-sul”, também deve ser realizada periodicamente para manter a
localização dos satélites de órbita nominal. Os requisitos de tolerância de manutenção da
estação norte-sul são semelhantes àqueles para manutenção da estação leste-oeste, ±
0,1º, para banda C, e ± 0,05º para banda Ku. A Altitude do satélite irá variar cerca de ±
0,1%, o que corresponde a 72 km para 36 000 km de altitude nominal geoestacionána.
Um satélite de banda C, portanto, deve ser mantido numa caixa com lados longitudinais e
latitudinais de 150 km e um lado de altitude de 72 km. O satélite de banda Ku requer uma
caixa com lados aproximadamente iguais de 75 km. A Figura 1.13 resume os limites do
controlo da órbita e indica a “caixa orbital” típica em que um satélite GSO pode ser mantido
para os casos de banda C e banda Ku. (Ippolito, 2008)

A manutenção da estação norte-sul requer muito mas combustível do que a manutenção


da estação leste-oeste, e muitas vezes os satélites são mantidos com pouca ou nenhuma
manutenção da estação norte-sul para prolongar a sua vida em órbita. O satélite pode
avançar com uma maior inclinação, com a deriva compensada no chão com antenas de
rastreamento e / ou de abertura menor. (Ippolito, 2008)

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Figura 1.13. Parâmetros de controlo orbital para satélites geoestacionários (FONTE: Adaptação do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).

O processo de descartar o combustível deve ser realizado a bordo do satélite para fornecer
controlo orbital e atitude, é geralmente o factor determinante para a vida em órbita de um
satélite de comunicações. O combustível de manutenção da estação constitui grande parte
do peso dos satélites no acto do lançamento. A maioria dos componentes electrónicos e
mecânicos críticos geralmente excedem o tempo de vida permitido para a órbita de
controlo activo, que é limitado pelo peso do combustível que pode ser transportado para a
órbita com veículos de lançamentos convencionais actuais. Não é comum um satélite de
comunicações “ficar sem combustível”, com a maioria dos seus subsistemas de
comunicações electrónicos ainda em funcionamento. (Ippolito, 2008)

1.5.1.1.4. Controlo Térmico

Os satélites em órbita devem ser controlados no ambiente inóspito do espaço exterior por
ficarem expostos a grandes variações de temperatura. A radiação térmica do sol aquece
um lado da sonda, enquanto que o lado oposto fica exposto a temperaturas extremamente
baixas do espaço. Muitos dos equipamentos no próprio satélite geram calor, pelo que
devem ser controlados. Os satélites em órbita baixa também são afectados pela radiação
térmica reflectida a partir da própria terra. (Ippolito, 2008)

O sistema de controlo térmico do satélite é concebido para controlar os gradientes térmicos


gerados no mesmo através da remoção ou reposicionamento do calor para proporcionar
maior estabilidade da temperatura ambiente para o satélite. Várias técnicas são
empregues para proporcionar um controlo térmico em satélite. Cobertores térmicos e
blindagens térmicas são colocados em locais críticos para fornecerem isolamento.

21
Espelhos de radiação são colocados em torno dos subsistemas electrónicos,
especialmente para rotação estabilizada dos satélites, para protegerem os equipamentos
críticos. As bombas de calor são usadas para mudar o calor a partir de dispositivos de
alimentação, como amplificadores de potência de onda viajante de paredes exteriores ou
dissipadores de calor para fornecer um caminho térmico mais eficaz para a fuga do calor.
Aquecedores térmicos também podem ser usados para manterem as condições de
temperatura adequadas para alguns componentes, tais como linhas de propulsão ou
impulsores, onde as temperaturas baixas poderiam causar problemas graves. (Ippolito,
2008)

A estrutura da antena do satélite é um dos componentes críticos que podem ser atingidos
pela radiação térmica do sol. As grandes antenas de abertura podem ser torcidas ou
contorcidas aquando da movimentação do sol ao redor do satélite, aquecendo e
arrefecendo em várias partes da estrutura. Este efeito “batata frita” é mais crítico para as
aberturas superiores a 15m de diâmetro projectadas para funcionarem em altas
frequências, ou seja, banda Ku, banda Ka, e acima, porque os pequenos comprimentos
de onda reagem mais severamente o que resulta em distorções do ponto de feixe da
antena e na possibilidade de degradação do ganho. (Ippolito, 2008)

1.5.1.1.5. Rastreamento, Telemetria, Comando e Monitoramento

Todos os satélites têm um subsistema de telemetria, comando e controle (TC&C), que


permite a uma estação terrestre monitorar e controlar as condições no satélite. O sistema
de telemetria é usado para relatar o status dos subsistemas de bordo para a estação
terrestre. (Frenzel, 2013)

O subsistema de rastreamento, telemetria, comando e monitoramento (TTC & M) fornece


funções de gestão e de controlo da nave espacial essencial para manter o satélite em
órbita operando com segurança. Os links TTC & M entre a nave espacial e o solo são
geralmente separados dos links do sistema de comunicações. A Figura 1.14 mostra os
elementos típicos TTC & M funcionais para a instalação de satélite e instalação terrena
para um aplicativo de comunicação via satélite. (Ippolito, 2008)

22
Figura 1.14. Rastreamento, telemetria, comando e monitoração (TTC & M). (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
Communications Systems Engineering” por Louis J. Ippolito, Jr.).

O Rastreio refere-se à determinação da órbita actual, posição e do veículo espacial. A


função de acompanhamento é realizada por uma série de técnicas, geralmente
envolvendo sinais de localização por satélite, que São recebidos no TTC & M por satélite
e nas estações terrestres. (Ippolito, 2008)

A função de Telemetria envolve a colecta de dados de sensores a bordo da nave espacial


e o relé desta informação para o chão. Os dados de telemetria incluem parâmetros como:
tensão e condições actuais do subsistema de alimentação, temperatura de subsistemas
críticos, estado de interruptores e relés nas comunicações e subsistemas de antena,
pressões do tanque de combustível, e estado do sensor de controlo de atitude. A
modulação da portadora de telemetria é tipicamente de frequência ou fase de
deslocamento (FSK ou PSK), com os canais de telemetria transmitidos num formato
multiplex por divisão de tempo (TDM). As taxas de dados do canal de telemetria são
baixas, geralmente apenas alguns kbps. (Ippolito, 2008)

Comando é a função complementar para telemetria. O sistema de comando dos relés de


controlo e operações de informações específicas do solo para a nave espacial, muitas
vezes em resposta às informações de telemetria recebidas da nave espacial. Os
parâmetros envolvidos em links de comandos típicos incluem: (Ippolito, 2008)

23
 Alterações e correcções no controlo de atitude e no controlo orbital;
 Apontamento de antena e controlo;
 Modo de transponder de operação;
 Controlo da voltagem da bateria.

O sistema de comando é usado durante o lançamento para controlar o disparo do impulso


do motor, implantar apêndices, como painéis solares e reflectores de antenas, derivando
uma rotação estabilizada no corpo da nave espacial. (Ippolito, 2008)

A telemetria e o comando, durante as fases de lançamento e transferência de órbita,


geralmente, requerem um sistema TTC & M de backup, uma vez que o principal sistema
TTC & M pode estar inoperante se a antena não for implantada, ou a atitude da nave
espacial não for adequada para a transmissão à Terra. O sistema de backup normalmente
opera com uma antena omnidirecional, em UHF ou banda-S, com margem suficiente para
permitir a operação nas condições mais adversas. O sistema de apoio pode também ser
usado se o sistema principal TTC & M falhar em órbita. (Ippolito, 2008)

Normalmente, o satélite contém um receptor de comando que recebe sinais de controle


do transmissor na estação terrestre. Os sinais de controle são compostos de: vários
códigos digitais que determinam o que o satélite deve fazer. Vários comandos podem
iniciar uma sequência de telemetria, ativar os propulsores para a correção de posição,
reorientar a antena ou realizar outras operações conforme exigido pelos equipamentos
especiais específicos para a missão. Geralmente, os sinais de controle são processados
por um computador de bordo. (Frenzel, 2013)

1.5.1.2. Carga útil do satélite

A carga útil num satélite (Payload) é o equipamento que fornece o serviço ou serviços
destinados ao satélite. A carga útil de um sistema de comunicação por satélite consiste
em um equipamento de comunicações que propicie o uplink e o downlink a partir do solo.
A carga útil de comunicações pode ser ainda dividida em: transponders e subsistemas de
antena. (Ippolito, 2008)

1.5.1.2.1. Transponder

O transponder é a carga útil chave de qualquer satélite de comunicação. (Maini; Agrawal,


2011)

24
Um transponder é uma série de unidades interligadas que forma um único canal de
comunicação entre as antenas de recepção e transmissão em um satélite de
comunicação. Algumas das unidades utilizadas por um transponder em um determinado
canal podem ser comuns a vários transponders. Assim, embora seja feita referência a um
transponder específico, isso deve ser considerado como um canal de equipamentos em
vez de um único item de equipamento. (Roddy, 2006)

Um transponder do satélite difere de um repetidor de micro-ondas convencional em linha


de visada porque muitas estações terrestres podem acessar o satélite simultaneamente,
ou quase, a partir de diferentes localizações. (Haykin, 2004)

Figura 1.15. Transponder (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal).

As funções básicas de um transponder são amplificação e conversão de frequência. A


razão para a conversão de frequência é que o transponder não pode transmitir e receber
na mesma frequência. O sinal mais forte do transmissor iria sobrecarregar ou
“dessensibilizar” o receptor e bloquear o sinal do enlace de subida, proibindo assim
qualquer comunicação. Frequências de transmissão e recepção bem espaçadas evitam
interferências. (Frenzel, 2013)

Dois transponders podem usar polarizações diferentes, podendo assim, usar a mesma
faixa sem interferência. (Miyoshi; Sanches, 2010)

Um satélite típico de comunicações comerciais hoje pode ter de 24 a 48 transponders, que


operam nas banda C, banda Ku, ou banda Ka. O número de transponders pode ser
dobrado através da utilização de polarização de reutilização de frequências, onde são

25
usadas duas portadoras com a mesma frequência, mas com polarização ortogonal.
Ambas, polarização linear (sentido horizontal e vertical) e polarização circular (do lado
direito e sentido da esquerda) têm sido utilizados. A reutilização de frequência adicional
pode ser alcançada através da separação espacial dos sinais, na forma de feixes
concentrados estreitos, o que permite a reutilização da mesma portadora de frequência
para locais separados fisicamente sobre a terra. A polarização de reutilização e feixes
pontuais podem ser combinados para proporcionar quatro vezes, seis vezes, oito vezes,
ou factores de reutilização de frequências ainda mais elevadas em sistemas avançados
de satélite. (Ippolito, 2008)

1.5.1.2.2. Antenas

Os sistemas de antena na nave espacial são utilizados para a transmissão e recepção dos
sinais de RF que compõem os links espaciais dos canais de comunicação. O sistema de
antena é uma parte crítica do sistema de comunicações por satélite, uma vez que é o
elemento essencial para o aumento da força do sinal recebido ou transmitido para permitir
a amplificação, processamento e eventual retransmissão. (Ippolito, 2008)

Os sistemas de satélite de comunicação dependem significativamente tanto do desenho


da antena do segmento espacial quanto do desenho da antena do segmento do usuário.
As antenas do segmento espacial devem atender aos seus requisitos de desempenho em
suas áreas de cobertura especificadas, com permissão para variações de atitude do
satélite. As antenas do segmento de usuário também devem atender aos requisitos de
desempenho enquanto seguem o satélite em órbita. (Dybdal, 2009)

Os parâmetros mais importantes que definem o desempenho de uma antena são o ganho
de antena, a largura do feixe da antena e os lóbulos laterais da antena. O ganho define o
aumento da força atingida em concentrar a energia de onda de rádio, quer na transmissão
ou recepção, pelo sistema de antena. O ganho da antena é geralmente expresso em dBi,
decibéis acima de uma antena isotrópica, que é uma antena que irradia uniformemente
em todas as direcções. A largura de feixe é normalmente expressa como a largura do feixe
de meia potência ou a largura do feixe de 3 dB, o que é uma medida do ângulo ao longo
do qual o ganho máximo ocorre. Os lóbulos laterais definem a quantidade de ganho nas
direcções fora do eixo. A maioria dos aplicativos de comunicações via satélite exige uma
antena a ser altamente direcional (de alto ganho, largura de feixe estreito) com
insignificantes pequenos lóbulos laterais. (Ippolito, 2008)

26
Os tipos comuns de antenas utilizadas em sistemas de satélites são o dipolo linear, a
antena de corneta, o reflector parabólico, e o agrupamento de antenas. (Ippolito, 2008)

A antena dipolo linear é um radiador isotrópico que irradia uniformemente em todas as


direcções. Quatro ou mais antenas dipolo são colocadas sobre a sonda para se obter um
padrão quase omnidireccional. Antenas dipolo são usadas principalmente em VHF e UHF
para links de rastreamento, telemetria e comando. Antenas dipolo também são
importantes durante as operações de lançamento, onde a atitude da nave espacial ainda
não foi estabelecida, e para os satélites que operam sem controlo de atitude ou da
estabilização do corpo (especialmente para sistemas LEO). (Ippolito, 2008)

Antenas cornetas são utilizadas em frequências de 4 GHz ou superior, quando são


necessários feixes relativamente amplos, como a cobertura global de um satélite GSO.
Uma corneta é uma secção alargada de guia de onda que fornece ganhos de até 20 dBi,
com a largura do feixe de 100 ou superior. Se forem necessários maiores ganhos ou
larguras de banda mais estreitas um reflector da matriz de antena deve ser utilizado.
(Ippolito, 2008)

A antena mais frequentemente usada para sistemas de satélites especialmente para


aqueles que funcionem acima de 10 GHz, é a antena reflectora parabólica. Antenas
reflectoras parabólicas são normalmente iluminadas por uma ou mais antenas tipo corneta
de feed no foco da parabolóide. Reflectores parabólicos oferecem um ganho muito maior
do que é possível atingir pela antena de corneta solitária. (Ippolito, 2008)

Existe um interesse crescente no uso de agrupamento de antenas para aplicações de


comunicações via satélite. Um feixe orientável, focado, pode ser formado através da
combinação da radiação de vários pequenos elementos constituídos por dipolos, hélices,
ou cornetas. A formação de feixe pode ser conseguida por via electrónica, a partir do
deslocamento de fase do sinal em cada elemento. A selecção adequada das
características de fase entre os elementos permite que a direcção e a largura do feixe
sejam controladas, sem movimento físico do sistema de antena. O ganho de antena de
disposição aumenta com o quadrado do número de elementos. Os ganhos e a largura dos
feixes, comparáveis às disponíveis a partir de antenas com reflector parabólico, podem
ser conseguidos com o agrupamento de antenas. (Ippolito, 2008)

27
1.5.2. Segmento de controlo

O segmento de controle consiste em todas as instalações terrestres para o controle e


monitoramento dos satélites, também denominadas estações TTC (rastreamento,
telemetria e comando) e para o gerenciamento do tráfego e os recursos associados a
bordo do satélite. (Maral; Bousquet, 2009)

Os subsistemas de TTC são utilizados para realizar do solo as seguintes operações para
o suporte logístico dos satélites:

 Rastrear a posição do satélite (posição angular, distância) e atitude determinante


enquanto está sendo colocada em órbita e na estação e, em toda a sua vida, para
supervisionar a operação e transmitir as instruções de correção;
 Telemetria de várias funções a bordo;
 Comando de várias funções a bordo;
 Supervisão das funções de telecomunicações, especialmente das operadoras nos
vários transponders.

A última operação é usada para verificar o funcionamento da rede e garantir que as


emissões de diferentes estações terrenas atendam às especificações (potência,
frequência, etc.).

Essas operações são realizadas por meio de uma estação terrena especial e geralmente
são centralizadas em um centro de controlo de rede. Para alguns modos de comunicação,
este centro e outras estações especializadas também controlam a sincronização, a
procura, etc.

1.5.3. Segmento terrestre

O segmento terrestre consiste em todas as estações terrenas de trânsito. Dependendo do


tipo de serviço considerado, essas estações podem ser de tamanho diferente, de alguns
centímetros a dezenas de metros. (Maral; Bousquet, 2009)

A estação terrestre é a base terrestre. Ela se comunica com o satélite para levar a cabo a
missão idealizada. A estação terrestre pode estar localizada nas instalações do usuário
final ou remotamente fazendo uso de enlaces de comunicação entre a estação terrestre e
o usuário final. Nos primeiros sistemas de satélites, as estações terrestres eram colocadas
em locais remotos do país. Por causa de suas antenas enormes e outros requisitos
críticos, não era prático sua localização no centro da cidade ou zonas urbanas.

28
Atualmente, estações terrestres ainda são complexas, mas suas antenas são menores.
Muitas estações terrestres agora são localizadas no topo de edifícios altos ou em outras
áreas urbanas diretamente onde reside o usuário final. Isso oferece a vantagem de
eliminar sistemas de intercomunicação complexos entre a estação terrestre e o usuário
final. (Frenzel, 2013)

Como o satélite, a estação terrestre é constituída de vários subsistemas diferentes. Os


subsistemas, na realidade, geralmente correspondem àqueles a bordo do satélite, mas
são maiores e muito mais complexos. Além disso, existem vários subsistemas adicionais
nas estações terrestres que não seriam apropriados em um satélite. (Frenzel, 2013)

Uma estação terrestre é composta por cinco subsistemas principais: antena, receptor,
transmissor, equipamento de controlo terrestre (GCE) e o subsistema de potência (veja a
Figura 1.16).

Figura 1.16. Diagrama em bloco geral de uma estação terrestre (FONTE: Cortesia do livro “Fundamentos de
Comunicação Electrónica” por Louis E. Frenzel Jr).

29
1.5.3.1. Subsistema de antena

Todas as estações terrestres têm uma antena parabólica relativamente grande que é
utilizada para envio e recepção de sinais do e para o satélite. Os primeiros satélites tinham
transmissores de potência muito baixa e, assim, os sinais recebidos na terra eram
extremamente pequenos. Eram necessárias antenas enormes de alto ganho para captar
os sinais do satélite. Os satélites modernos agora transmitem com potências muito
maiores. Avanços também ocorreram nos circuitos e componentes de receptores. Por
isso, antenas de estações terrestres menores são práticas. (Frenzel, 2013)

Normalmente, a mesma antena é usada para transmissão e recepção. Um diplexador é


utilizado para permitir que uma única antena seja usada por múltiplos transmissores e/ou
receptores. (Frenzel, 2013)

A antena em uma estação terrestre também tem que ser orientável. Ou seja, deve ser
possível ajustar o seu azimute e sua elevação de modo que a antena possa ser alinhada
com o satélite. Entretanto, estações terrestres de satélites geoestacionários podem
geralmente ter posição fixa. Os ajustes de azimute e elevação são necessários para
direcionar a antena para o satélite e permitir uma menor quantidade de ajustes ao longo
da vida do satélite. (Frenzel, 2013)

1.5.3.2. Subsistema de recepção

O enlace de descida é o subsistema de recepção da estação terrestre. Ele geralmente


consiste em um pré-amplificador de baixíssimo ruído que recebe o pequeno sinal de um
satélite e o amplifica até o nível adequado para processamento posterior. O sinal é então
demodulado e enviado para outras partes do sistema de comunicação. (Frenzel, 2013)

O subsistema de recepção consiste em um LNA, conversores de descida e componentes


relacionados. O objetivo do subsistema de recepção é amplificar o sinal do enlace de
descida do satélite e convertê-lo para uma frequência intermediária adequada. A partir
desse ponto, o sinal FI é demodulado e demultiplexado conforme necessário para gerar
os sinais originais de banda base. (Frenzel, 2013)

1.5.3.3. Subsistema de transmissão

O enlace de subida é o subsistema de transmissão da estação terrestre. Ele é composto


por todos os equipamentos eletrónicos que recebem o sinal a ser transmitido, amplificam
e enviam para a antena. Em um sistema de comunicação, os sinais a serem enviados para

30
o satélite podem ser programas de múltiplas chamadas telefônicas ou dados digitais de
um computador. Esses sinais são usados para modular a portadora, que é amplificada por
um amplificador de válvula de onda progressiva ou klystron. Esses amplificadores
normalmente geram muitas centenas de watts de potência de saída. Isso é enviado para
a antena através de guias de ondas, combinadores e diplexadores para micro-ondas.
(Frenzel, 2013)

O subsistema de transmissão consiste em duas partes básicas, os conversores de subida


e os amplificadores de potência. Os conversores de subida convertem os sinais de banda
base modulados nas portadoras de subida para as frequências de micro-ondas do enlace
de subida final que são aplicados na antena. As portadoras moduladas são criadas no
GCE transmissor. (Frenzel, 2013)

Uma vez que os sinais FI modulados foram gerados, a conversão de subida e a


amplificação acontecerão antes da transmissão. Os conversores de subida individuais são
conectados em cada saída do modulador. Cada conversor de subida é acionado por um
sintetizador de frequência que permite a seleção da frequência de transmissão final. O
sintetizador de frequência seleciona o transponder que irá usar no satélite. Os
sintetizadores são geralmente ajustáveis em incrementos de 1 kHz, de modo que qualquer
conversor de subida possa ser ajustado para qualquer frequência de canal ou transponder.
(Frenzel, 2013)

O sinal combinado final a ser transmitido para o satélite aparece na saída do combinador
RF. Mas ele tem que ser primeiro amplificado consideravelmente antes de ser enviado
para a antena. Isso é feito pelo amplificador de potência. O amplificador de potência
geralmente começa com um estágio inicial chamado de amplificador de potência
intermediária (IPA). Este aciona adequadamente o amplificador de alta potência (HPA)
final. O sinal amplificado é então enviado para a antena via guia de ondas, diplexador e
filtro. (Frenzel, 2013)

Três tipos de amplificadores de potência são utilizados em estações terrestres: transistor,


válvula de onda progressiva (TWT) e klystron. Amplificadores de potência transistorizados
são usados em pequenas e médias estações terrestres com baixa potência. Potências até
50 W são comuns. Normalmente, transistores de efeito de campo de arsenieto de gálio
(GaAs MESFETs) e dispositivos MOSFETs de silício são usados nessa aplicação. Os mais
recentes MESFETs de GaAs e dispositivos MOSFET de potência, quando operam em
paralelo, podem atingir potências de até 100 W. Melhorias adicionais são esperadas. A

31
maioria das estações terrestres de alta e média potências usa TWTs e klystrons nos
amplificadores de potência. (Frenzel, 2013)

A quantidade de potência depende da localização da estação e do tamanho de suas


antenas. As características dos transponders dos satélites também influenciam no valor
da potência necessária para a estação terrestre. Como têm ocorrido melhorias nos
amplificadores de baixo ruído e os satélites têm sido capazes de transportar transponders
de maior potência, os requisitos de potência do transmissor da estação terrestre têm
diminuído consideravelmente. Isso também é verdade para os tamanhos das antenas.
(Frenzel, 2013)

1.5.3.4. Subsistema de potência

A maioria das estações terrestres são alimentadas a partir de fontes CA normais. As fontes
de alimentação padrão convertem a potência CA para tensões CC necessárias para
operar todos os subsistemas. No entanto, a maioria das estações terrestres tem sistemas
de backup de energia. Sistemas de satélite, especialmente aqueles usados para
comunicação confiável de conversas telefónicas, programas de TV, dados de computador,
e assim por diante, “não podem cair”. (Frenzel, 2013)

Os sistemas de backup de energia assumem a função de alimentação se ocorrer uma


falha na linha CA. O sistema de backup de energia pode consistir em um motor diesel que
aciona um gerador CA. Quando a rede CA falhar, um sistema automático dá partida no
motor a diesel. O gerador produz uma potência CA equivalente, automaticamente
comutada para o sistema. Sistemas menores podem usar fontes de alimentação
ininterruptas (UPS), que derivam sua energia principal de baterias. Arranjos com grandes
baterias acionam inversores CC-CA que produzem tensões CA para o sistema. Fontes de
alimentação ininterrupta não são adequadas para longas falhas da rede elétrica porque as
baterias se descarregam rapidamente. No entanto, para curtas interrupções de
alimentação, ou seja, menos de 1 hora, elas são adequadas. (Frenzel, 2013)

1.6. Aplicações gerais dos satélites

Desde o lançamento do Sputnik-1 no ano de 1957, mais de 8000 satélites foram lançados
até à data para uma variedade de aplicações como comunicação, navegação, previsão do
tempo, observação da Terra, serviços científicos e militares. O termo "satélite" tornou-se
uma palavra doméstica hoje, já que o horizonte de suas aplicações tocou a vida de todos,
seja falando com alguém a milhares de quilômetros de distância dentro dos confortos da

32
própria casa em questão de alguns segundos, assistindo uma variedade de programas de
TV ou ter acesso às notícias do mundo e à previsão do tempo de forma rotineira. Os
satélites também estão sendo usados como auxiliares de navegação por veículos em
terra, no ar ou no mar; em aplicações de sensoriamento remoto para desenterrar os
recursos minerais escondidos que, de outra forma, permaneceram inexplorados, na
pesquisa astronômica e na exploração da atmosfera. (Maini; Agrawal, 2011)

Cada satélite foi projetado para desempenhar alguma tarefa específica. Sua aplicação
predeterminada especifica o tipo de equipamento que deve ter a bordo e sua órbita.
(Frenzel, 2013)

Dependendo da aplicação que se pretende desenvolver com um satélite, é possível


elaborar a sua respectiva classificação. Desta forma pode-se considerar que existem os
seguintes tipos de satélites:

a) Comunicações:
 Comunicações fixas (FSS, Fixed Satellite Service)
 Difusão (BSS, Broadcasting Satellite Service)
 Comunicações móveis (MSS, Mobile Satellite Service)
b) Navegação:
 Posicionamento (GPS, Global Positioning System)
c) Observação da terra e atmosfera:
 Meteorologia
 Detecção remota
d) Militares:
 Espionagem

Em todas estas aplicações os satélites revelam ser bastante importantes, pois a sua
grande capacidade de cobertura permite atingir zonas que seriam de mais difícil acesso
caso se utilizassem meios terrestres. Neste trabalho, os estudos concentram-se em
satélites de comunicação, para transmissão de televisão por satélite.

1.7. Bandas de frequências

A frequência de operação é talvez o principal fator determinante na concepção e


desempenho de um link de comunicação por satélite. O comprimento de onda do sinal do
caminho do espaço livre é o parâmetro principal que determina os efeitos de interação da
atmosfera e as consequentes degradações do caminho do link. Além disso, o designer de

33
sistemas de satélites deve operar dentro das restrições das regulamentações
internacionais e domésticas relacionadas à escolha da frequência do caminho do espaço
livre operacional. (Ippolito, 2008)

As bandas alocadas podem ser exclusivas para um determinado serviço ou


compartilhadas entre vários serviços. As alocações referem-se à seguinte divisão do
mundo em três regiões: (Maral; Bousquet, 2009)

 Região 1: Europa, África, Oriente Médio, ex-URSS;


 Região 2: as Américas;
 Região 3: Ásia-Pacífico, exceto o Oriente Médio e a ex-URSS.

Figura 1.17. UIT regiões de serviços de telecomunicações (FONTE: UIT [15]; reproduzido com permissão da União
Internacional de Telecomunicações).

A comunicação por satélite emprega ondas eletromagnéticas para transmissão de


informações entre Terra e espaço. As bandas de interesse para comunicações por satélite
estão acima de 100MHz, incluindo as bandas VHF, UHF, L, S, C, X, Ku e Ka. (Maini;
Agrawal, 2011)

A Tabela 1.1 resume a alocação de frequência principal e indica a correspondência com


alguma terminologia usual.

34
Tabela 1.1. Alocações de frequência (FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications Systems” por
Gérard Maral & Michel Bousquet).

Serviço de radiocomunicação Bandas de frequências típicas Terminologia usual


para uplilink / downlink

Serviço Fixo por Satélite (FSS) 6 / 4 GHz Banda C

8 / 7 GHz Banda X

14 / 12-11 GHz Banda Ku

30 / 20 GHz Banda Ka

50 / 40 GHz Banda V

Serviço Móvel por Satélite (MSS) 1.6 / 1.5 GHz Banda L

30 / 20 GHz Banda Ka

Serviço de Difusão por satélite (BSS) 2 / 2.2 GHz Banda S

12 GHz Banda Ku

2.6 / 2.5 GHz Banda S

1.8. Técnicas de múltiplo acesso

Para maximizar o uso do espectro disponível em transponders de satélite e garantir acesso


para tantos usuários quanto possível, todos os satélites usam alguma forma de
multiplexação. (Frenzel, 2013)

O problema do acesso múltiplo surge quando várias operadoras são tratadas


simultaneamente por um repetidor de satélite que é um ponto nodal da rede. O repetidor
de satélite consiste em vários canais adjacentes (chamados transponders), cuja largura
de banda é uma fração da largura de banda total do repetidor. Qualquer transportadora
específica cai dentro de um determinado canal repetidor. (Maral; Bousquet, 2009)

1.8.1. Acesso Múltiplo por Divisão na Frequência (FDMA)

Neste tipo de acesso, é possível que todas as estações usem o satélite simultaneamente,
mas cada uma utiliza uma banda de frequências diferente. Este tipo de acesso é
normalmente utilizado em transmissão analógica.

35
Figura 1.18. Acesso Múltiplo por Divisão de Frequência (FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications
Systems” por Gérard Maral & Michel Bousquet).

1.8.2. Acesso Múltiplo por Divisão no Tempo (TDMA)

Neste tipo de acesso apenas é permitido às estações transmitir uma de cada vez numa
dada gama de frequência, utilizando os “slots” temporais que lhe foram atribuídos. Este
tipo de acesso é normalmente utilizado em transmissão digital.

Figura 1.19. Acesso Múltiplo por Divisão de Tempo (FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications Systems”
por Gérard Maral & Michel Bousquet).

1.8.3. Acesso Múltiplo por Divisão no Código (CDMA)

Neste tipo de acesso é possível que varias estações transmitam simultaneamente na


mesma frequência sinais dispersos pelo espectro, codificando os sinais ortogonalmente.
Para se recuperar um dado sinal é necessário ter conhecimento do código que foi utilizado
para dispersar o sinal no espectro.

36
Figura 1.20. Acesso Múltiplo por Divisão de Código (FONTE: Adaptação do livro “Satellite Communications Systems”
por Gérard Maral & Michel Bousquet).

1.9. Televisão por satélite

A televisão por satélite é o mais utilizado e falado sobre a área de aplicação de satélites
de comunicação. Na verdade, representa cerca de 75% do mercado de satélites para
serviços de comunicação. A televisão por satélite refere-se basicamente ao uso de
satélites para retransmitir programas de TV de um centro de transmissão central para uma
grande área geográfica. (Maini; Agrawal, 2011)

Os satélites, por sua própria natureza de cobrir uma grande área geográfica, são
perfeitamente adequados para aplicações de transmissão de TV. Por exemplo, satélites
como GE e Galaxy nos EUA, Astra e Hot Bird na Europa, INSAT na Índia e JCSAT (satélite
de comunicação japonês) e Superbird no Japão são usados para aplicações de
transmissão de TV. Os cinco satélites Hot Bird fornecem 900 canais de TV e 560 estações
de rádio para 24 milhões de usuários na Europa. Outros meios de transmissão de televisão
incluem serviços de radiodifusão televisiva terrestre e TV a cabo. Os satélites podem
fornecer serviços de transmissão de TV directamente para os usuários ou em conjunto
com as redes de radiodifusão de cabo e terrestre. (Maini; Agrawal, 2011)

1.9.1. Uma rede típica de TV por satélite

A televisão por satélite emprega satélites GEO atuando como repetidores de ponto a
multiponto recebendo uma certa transmissão do centro de transmissão e retransmitido a
mesma tradução após a frequência para os operadores de TV a cabo, pratos caseiros,
etc., dentro da pegada do satélite. Os satélites podem fornecer programas de TV
directamente aos usuários (televisão direta para casa) ou indiretamente com a ajuda de
redes de cabo ou redes de transmissão terrestre, onde o satélite alimenta o sinal para um
operador central que, por sua vez, transmite os programas aos usuários usando redes a

37
cabo ou através da transmissão terrestre. Uma rede típica de TV via satélite, como
qualquer outra rede de satélites, pode ser dividida em duas seções: a seção de uplink e a
seção downlink. (Maini; Agrawal, 2011)

Figura 1.21. Secção de uplink de redes de TV via satélite (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K.
Maini & Varsha Agrawal).

A seção de uplink (ver Figura 1.21) compreende três componentes principais: a fonte de
programação, o centro de transmissão e o principal satélite de transmissão. (Maini;
Agrawal, 2011)

A fonte de programação inclui redes de canais de TV, programadores de TV a cabo, etc.,


que fornecem vários sinais de programação de TV, como canais de TV, cobertura
esportiva, cobertura de notícias ou programas locais de TV gravada, ao centro de
transmissão, seja através de meios terrestres, como usar a linha de comando, visar a
comunicação por microondas e o cabo de fibra óptica, ou usar satélites referidos como
satélites de retorno. Por exemplo, para eventos únicos, como vários eventos de notícias,
uma estação terrestre montada no veículo que geralmente opera na banda Ku é conduzida
para o site e, em seguida, os programas são transmitidos para o centro de transmissão
principal usando um satélite de retorno em um ponto base de conectividade ponto a ponto
[conhecida como recolha de notícias por satélite (SNG). No caso de uma transmissão em
directo de certos eventos como esportes, os sinais captados pelas câmeras são
transmitidos ao centro de transmissão principal, com a ajuda de um link de microondas,
um link de fibra óptica ou um link de satélite backhaul ponto a ponto. (Maini; Agrawal, 2011)

38
O centro de transmissão é o centro do sistema de TV via satélite que processa e transmite
o sinal ao satélite de transmissão principal. Também adiciona comentários ou
propagandas aos sinais das várias fontes de programação. Geralmente, os sinais são
transmitidos usando técnicas analógicas na banda C ou usando um formato digital
empregando várias técnicas de compressão na banda Ku. Os sinais também são
geralmente criptografados antes da transmissão para impedir a visualização não
autorizada. (Maini; Agrawal, 2011)

A ligação descendente do satélite compreende o principal satélite de radiodifusão e a rede


receptora de TV. De facto, o principal satélite de transmissão é comum nas seções de
ligação ascendente e de downlink. A rede receptora no caso dos satélites que distribuem
programas para a rede de transmissão terrestre compreende vários centros de
radiodifusão terrestre que recebem o sinal do satélite e os transmitem aos usuários no
VHF e nas faixas UHF que usam a transmissão terrestre. A extremidade do usuário possui
antenas direcionais yagi para pegar esses sinais. No caso de programas de distribuição
de satélite para um operador de cabo, a seção de downlink compreende os cabeçalhos da
TV a cabo e a rede de distribuição de cabos. Para os serviços DTH, as antenas parabólicas
de recebimento somente são montadas nas instalações do usuário para receber os
programas de TV diretamente do satélite. (Maini; Agrawal, 2011)

1.9.2. Televisão por satélite e por cabo

Como mencionado anteriormente, a TV a cabo refere-se ao uso de cabos coaxiais e de


fibra óptica para conectar cada casa através de uma rede de distribuição de ponto a
multiponto para a estação de distribuição do cabeçalho. A TV a cabo, originalmente
designada como CATV (televisão de antena comunitária), representava um único final de
cabeçalho que atende uma determinada comunidade, como várias casas em um prédio
grande. O atual sistema de TV a cabo é mais complexo e envolve uma área de distribuição
maior. O cabeçalho termina recebendo canais de programação de um link de transmissão
local ou através de satélites. O uso de satélites para transportar os canais de programação
para os cabos dos sistemas de cabos é conhecido como televisão por satélite (ver Figura
1.22). O cabeçalho neste caso consiste em várias estações terrenas somente para receber
com a capacidade de receber transmissão de dois a seis satélites. Essas estações
terrenas possuem múltiplas antenas de recepção ou, uma antena única com vários feeds,
com cada alimentação alinhada de modo a receber transmissão de um satélite diferente.
(Maini; Agrawal, 2011)

39
Figura 1.22. Televisão por satélite e por cabo (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K. Maini &
Varsha Agrawal).

A transmissão do satélite está no formato analógico (principalmente na banda C) ou no


formato digital (principalmente na banda Ku). No formato analógico da transmissão, cada
receptor é sintonizado para um canal de transponder diferente e os sinais de vários
receptores são multiplexados para transmissão aos usuários. Os canais recebidos no
formato digital podem ser transmitidos digitalmente ou na forma analógica como
mencionado acima. (Maini; Agrawal, 2011)

Esta informação digital ou analógica processada é então transmitida através de uma rede
de distribuição de cabo típica para um grande número de casas conhecidas como
assinantes, que pagam uma taxa mensal pelo serviço. Os operadores de cabo aceleram
seus programas para impedir a visualização não autorizada. O fim de recepção consiste,
então, em um decodificador para descodificar e recuperar o sinal original. Os operadores
de TV a cabo também transmitem os programas gravados em vídeo de outras fontes além
de mostrar programas recebidos dos satélites. (Maini; Agrawal, 2011)

40
1.9.3. Rede de transmissão de TV por satélite e local

É o mesmo que a rede de TV a cabo por satélite, exceto pelo fato de que aqui o satélite
distribui programação para estações de radiodifusão terrestre locais em vez de distribuí-lo
para as estações de cabos. As estações de transmissão usam antenas poderosas para
transmitir os sinais recebidos a vários usuários dentro da linha de visão (50-150 km)
usando bandas de microondas UHF e VHF. Os usuários recebem esses sinais de TV
usando antenas direcionais como antenas yagi, antenas de refletor ou antenas de dipolo.
Uma rede típica de transmissão por satélite e local é mostrada na Figura 1.23. Às vezes,
uma combinação da TV por satélite e da rede de televisão por satélite e local é usada para
distribuir programas de TV para os usuários. Por exemplo, uma das possíveis
configurações é onde o satélite envia os sinais para as estações de transmissão locais,
que, por sua vez, as transmite para os operadores de cabo. (Maini; Agrawal, 2011)

Figura 1.23. Rede típica de transmissão de TV por satélite (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K.
Maini & Varsha Agrawal).

1.9.4. Televisão por satélite direct-to-Home

A televisão por satélite Direct-to-Home (DTH) refere-se à recepção direta de programas


de TV via satélite pelos usuários finais do satélite através de suas próprias antenas
receptoras (Figura 1.24). (Maini; Agrawal, 2011)

41
Figura 1.24. Televisão por satélite direct-to-home (FONTE: Cortesia do livro “Satellite technology” por Anil K. Maini &
Varsha Agrawal).

Os serviços DTH podem ser amplamente classificados em dois tipos, nomeadamente os


serviços de recepção de televisão (TVRO) e de transmissão direta (DBS), dependendo da
banda de frequência utilizada e do tamanho das antenas receptoras. Os sistemas TVRO
operam na banda C enquanto os sistemas DBS operam na banda Ku. No contexto atual,
quando os sistemas DTH são mencionados, na maioria das vezes, ele se refere somente
aos sistemas DBS. (Maini; Agrawal, 2011)

1.9.4.1. Serviços de recepção de televisão (TVRO)

Os sistemas TVRO empregam grandes pratos (6 a 18 pés de diâmetro) colocados nas


instalações do usuário para a recepção de sinais analógicos do satélite que opera na
banda C. O tamanho da antena é maior neste caso em comparação com os sistemas DBS,
pois o comprimento de onda nas frequências da banda C é maior do que nas frequências
da banda Ku. Além disso, os regulamentos internacionais e domésticos limitam o poder
da banda C devido às possibilidades de interferência de RF entre o satélite e os links de
microondas que operam na banda C. Geralmente, cada transponder de banda C fornece
um canal de TV analógico e, portanto, um satélite com 16 transponders pode suportar
apenas 16 canais de TV. Portanto, para cobertura completa do canal, a antena do receptor
TVRO deve ter um prato orientável. Estes sistemas são tornados fáceis de usar usando o
controlo do microprocessador, permitindo que o visualizador selecione o canal desejado
com uma unidade de controlo remoto. A antena então se move automaticamente usando
métodos de controlo eletrônico para apontar para o satélite desejado. Os TVROs são

42
baseados em equipamentos de padrão aberto e fornecem a maior variedade de programas
de TV, incluindo programas de TV a cabo, estações estrangeiras, canais de programação
gratuitos e feeds inéditos entre estações de transmissão como notícias, esportes, etc.
(Maini; Agrawal, 2011)

Um olhar sobre o desenvolvimento dos serviços DTH sugere que as TVROs eram a forma
original de recepção de TV por satélite DTH. O conceito de usar pratos nas instalações do
usuário para ver a televisão por satélite começaram diretamente no início dos anos 80,
quando as pessoas nos EUA começaram a colocar pratos em seus quintais para a
recepção direta de satélites. Os TVROs chegaram ao seu auge em torno do ano de 1994
e lentamente deram lugar a serviços de transmissão de satélite direto (DBS). No entanto,
os sistemas TVRO ainda existem e estão sendo atualizados para receber canais de
programação digitalmente codificados de satélites de banda Ku. (Maini; Agrawal, 2011)

1.9.4.2. Serviços de Direct Broadcasting Satellite (DBS)

O serviço DBS é relativamente um desenvolvimento recente no mundo da distribuição de


televisão. O primeiro serviço DBS, Sky Television, foi lançado no ano de 1989. O serviço
DBS usa satélites de banda Ku de alta potência que enviam sinais de televisão e áudio
comprimidos digitalmente para pratos satélites fixos relativamente pequenos (45 a 60 cm).
Os satélites DBS transmitem sinais para a Terra no segmento BSS da banda Ku (entre
12,2 e 12,7 GHz), utilizando técnicas de compressão digital MPEG-2 (Moving Picture
Experts Group). A capacidade do canal por transponder é de cinco a doze canais
dependendo da taxa de dados e dos parâmetros de compressão e, portanto, podem
fornecer cerca de 200 canais a partir de um satélite. Portanto, os pratos para os serviços
DBS não precisam ser orientáveis. (Maini; Agrawal, 2011)

A Figura 1.25 (a) mostra a representação pictórica de uma configuração típica do receptor
DBS. O receptor [Figura 1.25 (b)] consiste basicamente em um descodificador que
descodifica os sinais digitais recebidos pela antena e um módulo conversor que converte
o fluxo de bits compactado digitalmente em canais de TV analógicos. Em seguida,
dependendo do canal que o usuário escolheu, esse canal particular é dividido e enviado
para a tela da TV. Por isso, não é possível que dois aparelhos de televisão vejam
diferentes programas do mesmo receptor, como no caso da TV a cabo. Eles também
fornecem um guia de TV totalmente interativo e alimentam automaticamente as
informações de cobrança para o computador local do provedor de serviços. (Maini;
Agrawal, 2011)

43
Figura 1.25. a) Instalação do receptor DBS b) Diagrama em bloco do receptor DBS (FONTE: Cortesia do livro “Satellite
technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal).

Os sistemas DBS são sistemas completamente fechados que empregam alguma forma
de técnicas de criptografia, permitindo apenas o acesso condicional por usuários
autorizados. Isso também implica que não há canais gratuitos disponíveis nos sistemas
DBS. Alguns dos prestadores de serviços da DBS incluem DirecTV, Echostar, PrimeStar
dos EUA, TataSky e DishTV da Índia e Star Choice do Canadá. A FCC alocou oito slots
orbitais em 61,5º, 101º, 110º, 148º, 157º, 166º e 175º locais GEO de longitude oeste para
sistemas DBS. Os sistemas TVRO têm melhor qualidade de imagem que o DBS ou
sistemas de cabos digitais, que tendem a usar maiores quantidades de compressão de
sinal digital. No entanto, os sistemas DBS são fáceis de instalar e são mais baratos do que
os sistemas TVRO. (Maini; Agrawal, 2011)

1.9.4.3. Serviços de televisão por satélite mais recentes

DigitalDBSTV obtém usuários com muitos serviços como HDDTV (televisão de alta
definição), que é um serviço de TV digital de alta resolução, visualização de programas
interativos em que o usuário pode interagir com o programa e criar seu próprio programa,
fazer compras interativas, atualizando-se para o canal de compras e escolher o que
comprar e encomendá-lo, gravação de vídeo pessoal na qual o usuário pode gravar o
programa e reproduzi-lo mais tarde. Outros serviços oferecidos incluem o vídeo sob
demanda, no qual o visualizador pode visualizar a qualquer momento o programa de sua
escolha, perto do vídeo sob demanda, no qual o visualizador pode visualizar o programa
de sua escolha em um horário agendado, pagar TV em que o visualizador é carregado de

44
acordo com os programas que ele vê. Outro importante serviço oferecido é uma conexão
de Internet de alta velocidade através do link de TV via satélite. (Maini; Agrawal, 2011)

1.10. Vantagens e Desvantagens das comunicações por Satélite


1.10.1. Vantagens

As comunicações por satélite oferecem uma série de recursos que não estão disponíveis
como modos alternativos de transmissão, tais como micro-ondas terrestres, cabo ou redes
de fibra óptica. Algumas das vantagens das comunicações por satélite são:

Propriedade de transmissão em ampla área de cobertura: Os satélites, em virtude de


sua própria natureza, são um meio ideal de transmissão de informações sobre vastas
áreas geográficas. Esta propriedade de transmissão de satélites é totalmente explorada
em redes ponto a multiponto e redes interativas multiponto. A propriedade de transmissão
é um dos maiores pontos positivos de satélites em redes terrestres, que não são tão
adequadas para aplicações de transmissão.

Distância e custos independentes: O custo da transmissão por satélite é basicamente


o mesmo, independentemente da distância entre as transmissoras e receptoras das
estações terrenas. Custos de transmissão baseados em satélites tendem a ser mais
estáveis, particularmente para comunicações a nível internacional ou intercontinental que
implicam grandes distâncias.

Os custos fixos de Emissões: O custo de transmissão de difusão por satélite, isto é, a


transmissão de um terminal terrestre de transmissão para receber um número de terminais
de terra, é independente do número de terminais terrestres que recebem a transmissão.

Alta Capacidade: Links de comunicação via satélite envolvem frequências portadoras de


altura, com grandes larguras de banda de informação. As capacidades de satélites típicos
de comunicação variam de 10s a 100s de Mbps (megabits por segundo) e podem fornecer
serviços para várias centenas de canais de vídeo ou várias dezenas de milhares de
ligações de voz ou dados.

Baixos níveis de erros: Erros de bits em um link de satélite digital tendem a ser aleatórios,
permitindo a utilização de técnicas de detecção e correcção de erros estatísticos. As taxas
de erro de um erro de bit (BER) em 106 bits ou mais podem ser rotineiramente alcançadas
de forma eficiente e confiável com equipamento de série.

45
Redes de usuários diversos: Grandes áreas de terra são visíveis a partir do satélite típico
de comunicações, permitindo uma interligação entre vários usuários simultaneamente. Os
satélites são particularmente úteis para acessar áreas remotas ou comunidades de outra
forma não acessíveis por meios terrestres. Terminais de satélite podem estar na superfície,
no mar, ou no ar, e podem ser fixos ou móveis.

Imunidade ao desastre natural: Os satélites são mais imunes a desastres naturais como
inundações, terremotos, tempestades, etc., em comparação com redes terrestres.

1.10.2. Desvantagens

Apesar das comunicações por satélite oferecerem grandes vantagens, apresenta também
algumas desvantagens como:

Segurança: Por abranger áreas tão extensas e usar antenas é necessário ter especial
atenção a esse quesito, usando encriptação para garantir que somente pessoas
autorizadas tenham acesso as informações transmitidas.

Atraso de transmissão: Os atrasos de transmissão da ordem de um quarto de segundo


estão envolvidos na transmissão de sinais de uma estação terrestre para outra através de
um satélite geoestacionário. Pode ser mencionado aqui que, para os serviços de
comunicação de dados por satélite, os protocolos de comunicação de dados que exigem
comentários de confirmação aumentam ainda mais o atraso. Portanto, os satélites GEO
não são adequados para determinadas aplicações, como mídia interativa, que exigem
pequenos atrasos na transmissão. Os grandes atrasos de transmissão também têm um
impacto negativo na qualidade da comunicação de voz e transmissão de dados com altas
taxas de dados.

Clima: fatores climáticos interferem na comunicação. Assim, sistemas críticos que não
podem ficar minutos sem comunicação não devem usar VSAT. A atmosfera provoca
reflexões de onda, provocando atrasos e erros.

Custos: Os custos são elevados na construção de satélites, em sua projeção no espaço


e sua manutenção, USD 320 milhões é a quantia que o governo angolano investiu para a
construção e lançamento do ANGOSAT-1.

46
2. Estado da arte

Comunicações por satélite são os resultados de pesquisa na área de comunicações e


tecnologias espacial cujo objetivo é alcançar gamas crescentes e capacidades com os
mais baixos possíveis custos. (Maral; Bousquet, 2009)

A primeira anotação conhecida sobre dispositivos que se assemelham a foguetes é dito


ter sido usado por Archytus de Tarentumin, que inventou em 426 a.C. Um motor de foguete
a jato de reação a vapor que voou um pombo de madeira ao redor de seu quarto.
Dispositivos semelhantes aos foguetes também foram usados na China durante o ano
1232. Entretanto, as viagens espaciais humanas tiveram que esperar quase um milênio,
até o tempo do físico inglês Isaac Newton, quando entendemos a gravidade e como um
projétil lançado na velocidade certa poderia entrar em Órbita terrestre.

Finalmente, o século XX veio com o seu grande progresso e a era histórica das
comunicações espaciais começou a se desenrolar. O cientista russo Konstantin
Tsiolkovsky (1857-1935) publicou um livro científico sobre praticamente todos os aspectos
do movimento espacial. Ele propôs a base teórica dos foguetes propulsos a líquido,
apresentou ideias para lançadores multi-estágios e veículos espaciais tripulados,
caminhadas espaciais por astronautas e um sistema de plataforma grande que poderia
ser montado no espaço para habitação humana normal. Um pouco mais tarde, o
americano Robert H. Goddard lançou em 1926 o primeiro foguete do motor propelido a
líquido.

Ao mesmo tempo, entre as duas guerras mundiais, muitos russos e antigos cientistas da
URSS e construtores militares usaram a grande experiência de Tsiolkovsky para projetar
muitos modelos de foguetes e para construir as primeiras armas reativas, particularmente
foguetes chamados “Katyusha”, que um Exército Soviética vermelho usou contra as tropas
alemãs no início da guerra da pátria (Segunda Guerra Mundial). Assim, no final da
Segunda Guerra Mundial, muitos construtores militares na Alemanha começaram com
experiências para usar seus foguetes série V1 e V2 para atacar alvos na Inglaterra.

Depois disso, em outubro de 1945, o especialista em radar britânico e escritor de livros de


ficção científica Arthur C. Clarke, sugere num artigo publicado na revista Wireless World,
onde propôs que apenas três satélites de comunicação em Órbita Terreste Geostacionária
(GEO) poderiam fornecer cobertura global para a transmissão de TV. Nessa proposta,
enfatizou a importância desta órbita cujo raio do centro da Terra era tal que o período

47
orbital igualasse o tempo que a terra fazia para completar uma rotação em torno de seu
eixo. Ele também destacou a importância de um satélite artificial nesta órbita com a
instrumentação necessária para fornecer serviços de comunicação intercontinental porque
tal satélite parece ser estacionário em relação a um observador na superfície da Terra.

O trabalho sobre técnicas de foguete na Rússia e na ex-URSS foi muito prolongado após
a Guerra da pátria. A era do satélite começou quando a União Soviética chocou o globo
com o lançamento do primeiro satélite artificial, Sputnik I, em 4 de outubro de 1957,
mostrado na Figura 1.26.

Figura 1.26. Satélite Sputnik I (FONTE: Cortesia da NASA).

Este lançamento marcou o início do uso de satélites artificiais da Terra para ampliar e
melhorar o horizonte para radiocomunicações, navegação, monitoramento climático e
sensoriamento remoto e significou o anúncio da grande corrida espacial e o
desenvolvimento de comunicações por satélite. Isso logo foi seguido em 31 de janeiro de
1958 pelo lançamento do satélite dos Estados Unidos, Explorer I, ilustrado na Figura 1.27.
e assim, o desenvolvimento das comunicações por satélite e da navegação e a corrida
espacial começaram.

Figura 1.27. Satélite Explorer I (FONTE: Cortesia da NASA/JPL-Caltech).

48
O progresso mais significativo na tecnologia espacial foi em 12 de abril de 1961, quando
Yuri Alekseievitch Gagarin, o oficial das antigas Forças Aéreas URSS decolou a bordo da
nave espacial Vostok I a partir de Baikonur Bailout e fez o primeiro voo orbital tripulado
histórico no espaço.

Após o lançamento do Sputnik I, um esforço sustentado dos EUA para alcançar a URSS
foi iniciado. Isso se refletiu no primeiro satélite de comunicações ativo, chamado SCORE,
lançado em 18 de dezembro de 1958 pela Força Aérea dos EUA.

O segundo satélite, Courier, foi lançado em 4 de outubro de 1960 em órbita elíptica de alta
inclinação (HEO) com seu perigeu em cerca de 900 km e seu apogeu em cerca de 1.350
km usando células solares e uma frequência de 2 GHz. O comprimento máximo de
emissão foi entre 10 e 15 minutos para cada passagem sucessiva.

O terceiro satélite desse tipo foi o Telstar projetado por especialistas da Bell Telephone
Laboratories e lançado pela NASA em 10 de julho de 1962 na configuração HEO com seu
perigeu em cerca de 100 km e apogeu em cerca de 6.000 km (veja a Figura 1.28). O plano
da órbita estava inclinado a cerca de 45º para o equador e a duração da órbita era de
cerca de 2,5 horas. Por causa da rotação da Terra, a via do satélite como se viu nas
estações terrenas pareceu ser diferente em cada órbita sucessiva. Assim, nos próximos
dois anos, a Telstar fui acompanhada por Relay I, Telstar II e Relay II. Todos esses
satélites tiveram o mesmo problema, eles eram visíveis para LES amplamente separados
por apenas alguns períodos diários curtos, então o número de LES era necessário para
prestar serviço em tempo integral.

Figura 1.28. Satélite Telstar I (FONTE: Cortesia da NASA).

49
Por outro lado, os satélites GEO podem ser vistos 24 horas por dia de aproximadamente
40% da superfície da Terra, proporcionando ligações diretas e contínuas entre um grande
número de locais amplamente separados.

O primeiro satélite GEO do mundo Syncom I foi lançado pela NASA em 14 de fevereiro de
1963, que apresentou um pré-requisito para o desenvolvimento de sistemas MSC. Este
satélite falhou durante o lançamento, mas Syncom II e III foram posicionados com êxito
em órbita em 26 de julho de 1963 e 19 de julho de 1964, respectivamente. Ambos os
satélites usaram a banda militar de 7.360 GHz para o uplink e 1.815 GHz para o downlink.
Usando o modo FM ou PSK, o transponder poderia suportar duas operadoras ao mesmo
tempo para operação full duplex. Syncom II foi usado para transmissão de TV direta dos
Jogos Olímpicos de Tóquio em agosto de 1964. Essas sondas espaciais continuaram com
sucesso no serviço até algum tempo depois de 1965 e marcaram o final do período
experimental.

Tecnicamente, todos esses satélites estavam sendo usados principalmente para


comunicações experimentais de Serviço de Satélites Fixos (FSS), que eram usados
apenas para retransmitir sinais de Estações Terrestres Fixas (FES) em vários locais ao
redor do mundo.

A Intelsat foi fundada em agosto de 1964 como um operador global do FSS. O primeiro
satélite GEO comercial foi Early Bird (renomeado como Intelsat I) desenvolvido pela
Comsat para Intelsat (veja a Figura 1.29). Foi lançado em 6 de abril de 1965 e permaneceu
ativo até 1969. As operações de roteamento entre os EUA e a Europa começaram em 28
de junho de 1965, data que deve ser reconhecida como o aniversário do FSS comercial.
O satélite tinha bandas de transponder de 2 x 25 MHz de largura, a primeira com 2 ligações
uplink Rx (centrada em 6.301 GHz para a Europa e 6.390 GHz para os EUA) e os
segundos downlinks de 2 Tx (centrados em 4.081 GHz para a Europa e 4.161 GHz para
os EUA), Com potência de transmissão máxima de 10 W por cada Tx. Este sistema GEO
usou vários LES localizados nos EUA e na Europa e assim, a era moderna das
comunicações por satélite tinha começado.

50
Figura 1.29. Satélite Intelsat I (FONTE: Cortesia da Intelsat).

Entretanto, um progresso considerável nas comunicações por satélite foi feito pela ex-
URSS, o primeiro do qual o satélite Molniya I (Lightning) foi lançado ao mesmo tempo que
Intelsat I em 25 de abril de 1965. Estes satélites foram colocados em uma HEO, Muito
diferentes daqueles utilizados pelos primeiros experimentos e foram utilizados para a
transmissão de voz, fax e vídeo da FES central perto de Moscou para um grande número
de estações apenas recebidas relativamente pequenas.

Em outras palavras, esse tempo tornou-se a era do desenvolvimento do FSS internacional


e regional com o lançamento de muitas comunicações espaciais na URSS, EUA, Reino
Unido, França, Itália, China, Japão, Canadá e outros países.

Em Angola, as comunicações por satélite tiveram início em 1974, com a entrada em


serviço da estação terrena para comunicações via satélite de Cacuaco, equipada com 120
canais Telefónicos e 72 de Telex e ainda a possibilidade de Transmitir e Captar sinais de
Televisão.

No dia 24 de Dezembro de 2017 Angola conquista o espaço com o lançamento em órbita


do seu primeiro satélite de comunicações (ANGOSAT-1) para assegurar e disponibilizar
os serviços de telecomunicações, televisão, internet e governo electrónico em todo o
território nacional, tornando-se Assim no sétimo país africano, ao lado da Argélia, África
do Sul, Egipto, Marrocos, Nigéria e Tunísia.

3. Metodologia utilizada. Tendências e metodologias actuais

Este trabalho foi elaborado com base em métodos teóricos e empíricos. Os métodos
teóricos permitiram estudar as características de um sistema de comunicação por satélite,
conhecer o estado da arte e construir uma perspectiva. Os métodos empíricos permitiram

51
a explicação de certas características da distribuição de TV através de certas experiências
e elaboração racional.

Os métodos teóricos utilizados foram:

 Analítico – Sintético: permitiu a realização de uma análise teórica bibliográfica e


documental sobre as comunicações por satélite.
 Análise Histórica – Lógico: permitiu o estudo da evolução e o actual estado das
comunicações por satélite em Angola.
 Modelação: permitiu a elaboração de uma perspectiva do uso do ANGOSAT-1 para
transmissão da TPA livre.

Os métodos empíricos utilizados foram:

 Entrevista: permitiu a recolha de informações qualitativa sobre as comunicações


por satélite em Angola e sobre alguns aspectos do projecto do primeiro satélite
angolano (ANGOSAT-1).
 Inquérito: permitiu a recolha de informações primárias da sociedade através da
colocação de perguntas orais ao conjunto de pessoas investigadas sobre o motivo
que leva a optarem em receber o sinal da TPA através de um provedor de televisão
por satélite.
4. Soluções existentes

Actualmente, o único meio existente para recepção do sinal da TPA livre é a transmissão
terrestre, através do uso de antenas lineares (dipolo, yagi, log-periódica, etc.). Como em
algumas zonas mais remotas do país o sinal não chega com boa qualidade quando
recebido através da transmissão terrestre, os usuários optam na recepção do sinal da TPA
através de provedores de televisão por satélite como solução.

5. Ferramentas nas quais se apoia para a solução.

Para a solução do problema optou-se na criação de uma perspectiva do uso do primeiro


satélite angolano de comunicações ANGOSAT-1 para distribuição do sinal da TPA livre.

52
Capítulo – 2: COMUNICAÇÕES POR SATÉLITE EM ANGOLA

1. Considerações iniciais

Angola é uma República soberana e independente, baseada na dignidade da pessoa


humana e na vontade do povo angolano, que tem como objectivo fundamental a
construção de uma sociedade livre, justa, democrática, solidária, de paz, igualdade e
progresso social.1

Angola situa-se na costa do Atlântico Sul da África Ocidental, cujo território principal é
limitado a norte e a nordeste pela República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia,
a sul pela Namíbia a oeste pelo oceano Atlântico. Inclui também o exclave de Cabinda,
através do qual faz fronteira com a República do Congo, a norte.

Figura 2.1. Mapa de Angola (FONTE: https://www.africa-turismo.com/mapas/angola.html).

1
ARTIGO 1.º da Constituição da República de Angola

53
2. Nascimento das comunicações por satélite em Angola

Dentro da história das comunicações em Angola, encontramos empresas que ao longo


dos anos foram os artífices de toda a gama das telecomunicações. Iniciando em HF, VHF,
UHF, enlaces de microondas em todo o território nacional. Estes enlaces de microondas
foram na maior parte destruídos durante as guerras de libertação, assim como da guerra
civil. Foi nesta altura em que as comunicações fixas via microondas e cabos tornaram-se
difícil obrigando assim as empresas a optarem pela comunicação via satélite. (Chipuete,
2012)

Foi a partir desta data que começou-se a generalizar-se as comunicações via satélite, pois
antes só era utilizado com mais frequência a estação terrena de Funda – ANGOLA
TELECOM. (Chipuete, 2012)

O território é vasto, assim sendo, as infraestruturas físicas de telecomunicações não


chegaram ainda em todas as localidades, o que torna a utilização da comunicação via
satélite útil e necessário sem olhar para os seus custos iniciais. (Chipuete, 2012)

Verificamos que muitas empresas foram evoluindo até atingir um domínio estável nas
comunicações, tais como: A ANGOLA TELECOM, uma empresa pública, criada pelo
Decreto Nº 10/92 de 06 de Março como resultado da fusão das anteriores empresas
estatais ENATEL e EPTEL.

A EPTEL, Empresa Pública de Telecomunicações foi criada pelo Decreto Nº 95/76 de 23


de Dezembro como resultado da aquisição pelo estado do património da Companhia
Portuguesa Rádio Marconi que operava em Angola explorando as ligações internacionais.
A EPTEL iniciou assim as suas actividades em 1977 como operador público de
telecomunicações no regime internacional, tendo então a Direcção dos Serviços de
Correios e Telecomunicações continuando a explorar o serviço público no regime interno.

A ENATEL, Empresa Nacional de Telecomunicações foi criada pelo Decreto Nº17/80 de


13 de Fevereiro por cisão da Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações que
deu origem a Empresa de Correios de Angola.

Assim, a partir de 1980 e até a efectiva constituição da ANGOLA TELECOM, as


telecomunicações em Angola foram asseguradas por dois Operadores públicos,
mutuamente complementares, dedicando-se a EPTEL às comunicações internacionais e
a ENATEL às comunicações domésticas.

54
As empresas que desenvolveram projectos de comunicação por satélite em Angola são
nomeadamente: ANGOLA TELECOM, INFRASAT, TPA, RNA, MOVICEL, UNITEL,
ODEBRECHT, JEMBAS através da multichoice, CELLWAVE, INATEL, Empresas
petrolíferas, etc.

2.1. Projecto INFRASAT

Cada vez mais e cada vez mais rápido Angola cresce e a necessidade de comunicações
fiáveis, de qualidade e sem limitações geográficas se torna maior. Levando isto em
consideração, nasce a INFRASAT. Moderna, ágil e com foco em qualidade para trazer
soluções de comunicações por satélite nas localidades mais remotas do país, garantindo
a inclusão de todos os habitantes de Angola na chamada aldeia global.

A INFRASAT nasceu de uma iniciativa do Ministério das Telecomunicações e Tecnologia


da Informação com o objectivo de centralizar e gerir as infraestruturas de comunicação via
satélite de Angola de forma justa e direccionada ao beneficio da população, que conta hoje
com três linhas de serviço:

a) Serviços Corporativos INFRASAT. São soluções de transmissão e acesso


direccionado para o mercado empresarial.
b) Serviços de comunicação Universal, Liga-Liga Todos Ligados. São serviços de
telefonia pública, direccionado para as comunidades que hoje não contam com a
cobertura de nenhuma outra forma de comunicação. Com o serviço Liga-Liga a
INFRASAT leva telefonia e internet aos mais afastados recônditos de Angola.
c) Serviço de Televisão por assinatura UAU!TV. O serviço UAU!TV é a plataforma
de televisão por assinatura da INFRASAT que garante o acesso a Informação de
um vasto conteúdo em língua portuguesa por toda Angola.

A INFRASAT oferece soluções completas de transmissão via satélite que poderão ser
aplicadas para dados, voz, imagens e internet em alta velocidade, garantindo assim a
integração de empresas e consumidores no mundo das comunicações.

2.1.1. Televisão

O primeiro serviço de televisão por assinatura via satélite operado por uma empresa
angolana foi lançado no ano de 2009 em Luanda, pela empresa de telecomunicações
INFRASAT.

Criada pela INFRASAT com o objectivo de:

55
 Universalizar o acesso à informação trazendo uma oferta acessível a maioria da
população;
 Trazer uma oferta de conteúdo variado definido e escolhido para a família angolana.

A INFRASAT busca um novo paradigma de qualidade de serviço e relacionamento com o


consumidor.

A nova plataforma de televisão denominada UAU!TV, é composta por 12 canais, todos


eles em língua portuguesa e utiliza a banda Ku, do satélite INTELSAT 802 situado na
posição orbital 32,9º Este. O serviço da UAU!TV poderá ser captado em todo o território
angolano através de antenas parabólicas com tamanhos entre os 60 e 80 cm e utilização
de receptores que suportem alta definição.

Figura 2.2. Kit para recepção de canais de televisão (FONTE: Cortesia da INFRASAT).

O acesso ao serviço faz-se através da aquisição de um kit composto por receptor, antena,
montagem que custa 19.500,00 Kz e inclui três meses de assinatura. A assinatura mensal
do pacote básico é de 17.00,00 Kz. Para beneficiar grande parte da população angolana
em localidades inacessíveis por cabo.

2.1.2. Telefonia Rural

O Telecentro, com uma tecnologia suportada por satélite, mantém desta forma, as
populações da região mais próxima do país e do resto do mundo.

Denominado serviço Liga-Liga, o projecto visa garantir que as zonas mais recônditas do
país beneficiem de uma fonte alternativa para estabelecer comunicação de elevada
qualidade tecnológica, onde não se faz sentir a presença das tradicionais operadoras de
telefonia móvel e fixa.

56
Os telecentros, para além de oferecer um serviço de voz, permitem aceder a Internet de
alta qualidade, cujo funcionamento é suportado por uma antena via satélite.

Os equipamentos instalados nos telecentros funcionam com o apoio de uma estação de


energia solar que garante o seu funcionamento e ligar para qualquer rede de telefonia. O
objectivo da empresa é levar o serviço liga-liga a todas as regiões do país e promover a
inclusão digital nas referidas comunidades.

Figura 2.3. Telecentro, equipado com painéis solar (FONTE: Cortesia da INFRASAT).

A INFRASAT é uma aposta do governo angolano e tem como objectivo assegurar o


sistema de comunicação por via satélite em todo país.

Os satélites em que a INFRASAT trabalha para distribuir os seus serviços são: NSS7,
AMOS5, RASSON E INTELSAT.

Clientes: Para além de 500 telecentros espalhados, tem como clientes a Movicel, Unitel,
Projecto BI (Bilhete de Identidade), Projecto INSS, e Odebrecht.

3. Projecto do primeiro satélite angolano: ANGOSAT-1

Angola é um dos poucos países da África a ocupar presença no espaço orbital


geoestacionário. O governo de Angola assinou um contrato para construção e colocação
em órbita de um satélite de comunicação com o governo da Federação Russa.

O ANGOSAT é um projecto de iniciativa presidencial, saída da resolução nº 2/06 de 11 de


Janeiro do Conselho de Ministros.

O projecto ANGOSAT é resultado de um profundo estudo sobre a viabilidade da produção


de um satélite angolano, entre a Comissão Interministerial de Coordenação Geral do
Projecto de Telecomunicações via Satélite de apoio multissectorial (CISAT), criada por

57
Despacho Presidencial nº 21/06 de 21 de Junho. O estudo contou com o Consórcio russo,
liderado pela empresa ROSOBONEXPORT, RSC Energia (construtora do satélite
ANGOSAT-1).

O ANGOSAT-1 é a denominação dada ao primeiro satélite angolano geoestacionário que


fornecerá oportunidades de expansão dos serviços de comunicação via satélite, acesso a
internet, rádio, e transmissão televisiva.

O projecto ANGOSAT é parte integrante do Programa Espacial Nacional, em que um dos


seus objectivos visa a criação de competências nacionais no domínio das tecnologias de
comunicação por satélite.

Do projecto ANGOSAT resultaram os seguintes Diplomas:

 Despacho Presidencial nº 5/11, de 25 de Janeiro, aprova a contratação do


financiamento referente ao contrato de empreitada para construção e colocação em
órbita do satélite ANGOSAT-1.
 Despacho Presidencial nº 101/13, de 09 de Outubro, cria a comissão interministerial
para a coordenação geral do Programa Espacial Nacional.
 Decreto Presidencial nº 154/13, de 09 de Outubro cria o Gabinete de Gestão do
Programa Espacial Nacional, com o objectivo de gerir e acompanhar o
desenvolvimento do Programa Espacial Nacional.
 Decreto Executivo n.º 183/14, aprova o Estatuto Orgânico do Gabinete de Gestão
do Programa Espacial Nacional, abreviadamente designado por «GGPEN».

Conforme aprovado pelo Conselho de Ministros, o Governo Angolano efectuará o


lançamento de um satélite, em cooperação com a Republica Federativa da Rússia. Este
terá como função suportar as comunicações por satélite em todo território nacional, e será
útil também para alguns países africano.

O projecto ANGOSAT promoverá a formação dos técnicos, assim como a pesquisa no


sector, para melhor gerir este satélite. Já existe quadros angolanos a serem formados na
Rússia, no âmbito deste projecto. E outras iniciativas do sector das telecomunicações são
efectuadas, tais como participação em simpósios e conferências na área de satélites.

Com a materialização do ANGOSAT-1, Angola será um país com infraestruturas espaciais,


com competências científicas e tecnológicas nacionais, que proporcionará melhoria nos

58
serviços de telecomunicações, conectando principalmente as pessoas que vivem em
áreas remotas.

O custo de um canal é independente da distância entre os pontos que integram a rede. A


multiplexação dos dados permite a recuperação dos mesmos independentemente de sua
localização geográfica. O custo actual da comunicação via satélite é compatível com o
custo da comunicação analógica terrestre. Nos últimos anos o custo da transmissão digital
caiu constantemente, bem abaixo da via satélite. Com o satélite angolano, prevê-se
redução de despesas para o país e melhoria da prestação de serviços por parte do sector
das telecomunicações.

3.1. Configurações Técnicas de ANGOSAT-1

O satélite ANGOSAT-1 tem uma estrutura modular dividida em dois módulos principais:
um módulo de comunicação ou carga útil que consiste em hardware e software que
permitem a execução da missão, e um módulo de serviço ou plataforma universal, onde
se encontram os subsistemas que permitem a operação autónoma e o controlo do satélite.

O satélite ANGOSAT-1 terá um período de vida útil de 15 anos e estará posicionado a


14.5º E na órbita geostacionária, possuirá 22 transponders, sendo 16 de 72MHz na banda
C, totalizando 1152 MHz e 6 de 72 MHz na banda Ku, totalizando 432 MHz. O Satélite terá
uma capacidade convencional equivalente a 44 transponders de 36 MHz cuja capacidade
de cobertura abrange para além de Angola, toda África e parte da Europa. O satélite possui
um peso de 1,055 Kg, carga útil de 262,4 Kg e uma potência de 3.753 W.

A Figura 2.4 apresenta o espaço de iluminação do satélite ANGOSAT-1 para banda C.

59
Figura 2.4. Mapa de cobertura do ANGOSAT-1 na Banda-C (FONTE: Cortesia da INFRASAT).

A Figura 2.5 apresenta o espaço de iluminação do satélite ANGOSAT-1 para banda Ku.

Figura 2.5. Mapa de cobertura do ANGOSAT-1 na Banda-Ku (FONTE: Cortesia da INFRASAT).

O sistema ANGOSAT-1 é composto por dois segmentos: um Segmento Espacial,


composto por um satélite o Angosat-1, também conhecido como veículo espacial

60
localizado acerca de 36.000 km, um segmento Terrestre e um Segmento de Controlo
também conhecido como (MCC – Centro de Controlo e Missão), que é a estação de
monitoramento e de controlo em terra e tem como objectivo monitorar, corrigir, e garantir
a perfeita operação do sistema Angosat-1.

Figura 2.6. Centro de Controlo e Missão do ANGOSAT-1 (FONTE: Cortesia do GGPEN).

3.2. Lançamento do ANGOSAT-1

O primeiro satélite angolano ANGOSAT-1 foi lançado com sucesso no dia 26 de Dezembro
de 2017, através do foguete transportador ucraniano Zenit-3SLBF, a partir do cosmódromo
Baikonur, no Cazaquistão. O lançamento aconteceu exatamente às 20:00, tempo de
Angola.

Durante os primeiros 8 minutos, assistiu-se a separação do primeiro e o segundo estágio


do veículo lançador Zenit-3SLBF. O terceiro e último estágio do lançador, transportou o
satélite até a órbita geostacionária e a separação ocorreu quando eram sensivelmente
4h54 minutos.

O satélite começou o processo o processo de interacção com o centro de controlo e


missão de satélites quer na Rússia como em Luanda. Esta comunicação é efectuada por
intermédio da telemetria que o satélite envia para terra.

Seguiu-se então o processo de construção da orientação e estabilização do satélite em


relação a terra e ao sol e da abertura dos painéis solares.

61
Devido ao processo de vaporização de gases, vacumização e uma certa inação do
computador de bordo, o satélite por algumas horas deixou de enviar telemetria. No
entanto, as 15h00 de Angola do dia 28, foi restabelecido a telemetria com o ANGOSAT-1.
Após do lançamento, decorreu o período de teste que terminou no mês de Abril de 2018.

Com o lançamento do ANGOSAT, o país ganha assim, uma infraestrutura que vai tornar
os serviços de telecomunicações com custos mais baixos e de melhor qualidade. Com a
entrada em funcionamento do primeiro satélite angolano, os serviços de televisão,
telefonia e de internet vão ser mais baratos. Este é um processo que vai contribuir para a
inclusão social e coesão nacional de todos os angolanos.2

Angola é o sétimo país africano a ter um satélite próprio de comunicação em órbita, após
o lançamento do ANGOSAT, juntando-se à Argélia, África do Sul, Egipto, Marrocos,
Nigéria e Tunísia.

O satélite vai tornar o país numa referência no âmbito espacial, com reconhecimento a
nível mundial na criação e capacitação de quadros altamente qualificados nas áreas de
Engenharia e Tecnologia espacial. Vai ainda apoiar o desenvolvimento sustentável, a
defesa e a segurança do estado, através da pesquisa e desenvolvimento de tecnologias
aeroespaciais, contribuindo assim para o posicionamento de Angola como um dos líderes
na área Espacial em África.3

No dia 23 de Abril de 2018, foi assinado o acordo de construção de um novo satélite entre
as partes angolana e russa em Luanda e arrancaram no dia seguinte, em Moscovo, os
trabalhos para a construção do ANGOSAT-2, uma versão actualizada do satélite
ANGOSAT-1, para compensar o investimento feito para a construção do ANGOSAT-1, em
órbita desde Dezembro de 2017, mas encontra-se inoperante, ou seja, não comunica com
a Terra.

2
Jornal de Angola
3
Jornal de Angola
62
Capítulo – 3: PERSPECTIVA DO USO DO ANGOSAT-1 PARA
TRANSMISSÃO DA TPA LIVRE EM ANGOLA

1. Considerações iniciais

O satélite é, incontestavelmente, o elemento de comunicação mais importante deste final


de século, pelas suas grandes vantagens que apresenta, sobretudo no que tange a
questão da distância e custos independentes (conforme foi abordado na secção 1.10.1).

Ao afirmar, em 1945, que os satélites seriam no futuro as "vozes do firmamento", o escritor


norte-americano Arthur C. Clarke demonstrou, mais do que simples visionarismo, uma
percepção transparente do conceito de desenvolvimento. Transcorrido meio século, mais
do que vozes, os satélites tornaram-se, com a revolução tecnológica experimentada, um
instrumento de ação política, de ações de guerra, de segurança, educação e notadamente
de lazer.

Neste capítulo-3, será apresentado uma perspectiva do uso do satélite angolano


ANGOSAT-1 para transmissão da TPA por satélite livre no território angolano, sobre tudo
nas áreas mais remotas do país, tornando assim o ANGOSAT-1 num instrumento de laser
para toda população angolana, permitindo deste modo com que todos os angolanos
possam beneficiar do ANGOSAT-1.

2. O problema da recepção do sinal da TPA por transmissão terrestre

A transmissão de televisão por satélite é bastante semelhante com a transmissão de


televisão terrestre, uma vez que ambas se definem como um sistema sem fio que permite
entregar um serviço televisivo directamente até a casa dos utilizadores. Em ambos os
sistemas são utilizados sinais de rádio como meio de transmissão para difundir a
programação.

Actualmente, a TPA utiliza a transmissão terrestre para a difusão da sua programação.


Para tal, a TPA utiliza antenas de grande potência para transmitir os sinais a vários
usuários dentro da linha de visão usando bandas de microondas UHF e VHF. Os usuários
recebem esses sinais de TV usando antenas direcionais como antenas yagi, antenas de
refletor ou antenas de dipolo.

63
O grande problema da transmissão terrestre da TPA é o alcance. As ondas rádio utilizadas
na transmissão são radiadas pela antena de tal forma que é necessário estar na zona de
alcance da antena para captar a emissão. Pequenos objectos como alvores ou casas não
são grande problema, mas um grande obstáculo como a terra causa certamente efeitos
atenuadores. Se a terra de Angola fosse perfeitamente plana, seria possível captar ondas
de transmissão a distâncias enormes. No entanto, como o planeta em si é curvo, a linha
de alcance do sinal acaba por ser distorcido a algumas dezenas de quilómetros do ponto
de emissão, resultando na recepção do sinal da TPA com pouca qualidade.

Para se obter um sinal limpo na recepção da programação da TPA através da transmissão


terrestre é necessário estar bastante perto da antena de transmissão, sem muitos
obstáculos no caminho. Motivo pelo qual acaba condicionando a qualidade na recepção
do sinal da TPA por transmissão terrestre para os usuários que residem nas áreas mais
remotas do território angolano.

3. O problema da recepção do sinal da TPA através dos provedores de


televisão por satélite

Em Angola existem três provedores de televisão por satélite (DBS) nomeadamente a


UAU!TV, a ZAP e a DSTV onde os canais da TPA fazem parte dos seus pacotes (Bouquet).
A falta de qualidade na recepção do sinal da TPA através da transmissão terrestre,
influencia com que os telespectadores em Angola na sua maioria aderem aos serviços dos
provedores de televisão por satélite acima mencionados para assistirem a programação
da TPA com melhor qualidade, além dos outros canais internacionais que lhes são
disponibilizados.

Esta necessidade dos telespectadores receberem o sinal da TPA com boa qualidade e
consequentemente optarem nos provedores de serviços de televisão por satélite, está na
base do crescimento exponencial do número de antenas parabólicas instaladas nas
residências.

Tendo em conta as condições de vida das famílias que vivem nas áreas mas remotas do
país, muitas das vezes ficam impossibilitadas de assistirem a TPA por falta de valores
monetários para recarregarem o cartão do provedor de serviço de televisão por satélite,
pois que ainda existem famílias em Angola que vivem abaixo de 500 Kzs/dia.

64
4. Perspectivas da transmissão de televisão com o uso do ANGOSAT-1

O termo “satélite” tornou-se uma palavra doméstica hoje, já que o horizonte de suas
aplicações tocou a vida de todos, seja falando com alguém a milhares de quilómetros de
distância dentro dos confortos da própria casa em questão de alguns segundos, assistindo
uma variedade de programas de TV, ou ter acesso às notícias do mundo e à previsão do
tempo de forma rotineira. (Maini; Agrawal, 2011)

Hoje em dia, é bastante visível o espaço que a televisão por satélite tem ganhado no nosso
território. Basta observar no tecto das residências, é visível o número elevado de
telespectadores com antenas parabólicas instaladas nas suas residências,
independentemente da sua classe social.

O elevado número de antenas parabólicas instaladas nas residências dos telespectadores,


reflete a preferência que os telespectadores têm quanto ao meio utilizado para a recepção
do sinal da TPA. Este registo torna vantajoso a implementação deste projecto, porque os
telespectadores só necessitarão de aquisição de um descodificador universal e o
alinhamento da sua antena para a posição do ANGOSAT-1.

4.1. Componentes do sistema de distribuição da TPA através do ANGOSAT-1

Os componentes necessário para recepção do sinal da TPA com o ANGOSAT-1 são:


Fonte de programação, Satélite, Antena parabólica, Receptor e o Televisor.

4.1.1. Fonte de programação

A fonte de programação é o elemento responsável pela produção de grelhas de


programação dos canais para posterior transmissão. Neste contexto, o centro de produção
da TPA será a fonte de programação utilizada para a transmissão do sinal da TPA com o
uso do ANGOSAT-1.

O centro de produção da TPA será o responsável pelo fornecimento dos parâmetro como:
a frequência e a taxa de símbolo para que a partir de um receptor universal seja possível
a recepção do sinal da TPA via satélite livre no território angolano.

4.1.2. Satélite

O satélite é o elemento responsável por receber os sinais provenientes da fonte de


programação e retransmiti-los, após amplificação, para os telespectadores. Neste
contexto, o ANGOSAT-1 será o satélite utilizado para recepção e retransmissão do sinal
da TPA.

65
Atendendo a situação ANGOSAT-1 que encontra-se inoperante, todas versões
actualizadas deste satélite como o ANGOSAT-2 e outros satélites posteriores podem ser
usados para a implementação deste projecto.

Figura 3. 1. ANGOSAT-1 (FONTE: Cortesia do GGPEN).

4.1.3. Antena Parabólica

Uma boa recepção do sinal de televisão está na dependência directa do tipo de antena
empregado. A antena que garante boa recepção do sinal de um satélite geoestacionário
deve possuir propriedades muito diferentes das que são úteis para outras aplicações.
(Ribeiro, 2012)

Para recepção do sinal da TPA serão utilizadas antenas parabólicas que irão receber o
sinal proveniente do ANGOSAT-1 e dirigi-lo para o receptor localizado na casa do
utilizador.

Figura 3. 2. Terminal de TVRO para recepção do sinal da TPA com o uso do ANGOSAT-1 (FONTE: Cortesia do livro
“Satellite technology” por Anil K. Maini & Varsha Agrawal).

4.1.4. Receptor

O receptor é o elemento responsável pelo processamento do sinal para posteriormente


enviar para um aparelho de televisão comum. Para recepção do sinal da TPA através do
ANGOSAT-1 serão utilizados receptores universais, que através da frequência e a taxa de

66
símbolos fornecidos pelo centro de produção da TPA seja possível receber o sinal da TPA
via satélite livre.

Figura 3. 3. Receptor universal da ARISAT (FONTE: https://www.shrjah.dubizzle.com/m/classified/electronics/satellite-


cable-tv-equipment/2018/2/11/arisat-free-receiver-12/?photos)

4.1.5. Televisor

Um televisor é um sistema electrónico de reprodução de imagens e som de forma


instantânea. É o componente final no sistema de distribuição de televisão por satélite.

Figura 3. 4. Televisor (FONTE: http://www.tecnologiadetuatu.elcorteingles.es/tv-y-video/que-televisor/)

5. Configuração do sistema de transmissão da TPA com o uso do


ANGOSAT-1

A transmissão do sinal da TPA livre em Angola com o uso do ANGOSAT-1 será feita na
Bada C. Para captar o sinal, será necessário a instalação de uma antena parabólica com
tamanhos entre os (6 a 18 pés de diâmetro) cm e utilização de receptores universais.

67
A difusão do sinal será feita utilizando uma configuração estrela, onde teremos apenas um
ponto de distribuição (que será o centro de programação da TPA) a transmitir o sinal para
vários usuários.

Para alinhar a antena parabólica ao ANGOSAT-1 serão utilizados as técnicas de


alinhamento: Azimute e Elevação. A antena será conectada ao receptor por meio de um
cabo coaxial.

Para recepção do sinal vindo da antena parabólica, serão utilizados receptores universais
de marca ARISAT, pelo facto de ser a marca mais predominante em Angola.

A Figura 3.5. apresenta o resumo da perspectiva de utilização do ANGOSAT-1 para


transmissão do sinal da TPA livre em Angola.

Figura 3. 5. Sistema de distribuição da TPA livre por satélite.

68
CONCLUSÕES

Depois da avaliação feita sobre o estado das comunicações nacionais por satélite em
Angola conclui-se que Angola não possui posição de destaque mundial, mas o governo
angolano, através do programa espacial nacional, pretende tornar angola como uma
referência na área da tecnologia espacial, para o posicionamento de Angola como um dos
líderes na área espacial em África.

A implementação da perspectiva de utilização do ANGOSAT-1 para transmissão do sinal


da TPA livre em Angola apresentada neste trabalho, torna-se no segundo meio para
recepção do sinal da TPA livre, garantindo melhor qualidade, sobre tudo para as áreas
mais remotas do território angolano, quando comparada com a transmissão terrestre.

69
RECOMENDAÇÕES

Ao governo angolano: que seja realizada mais investigações na área da tecnologia


espacial para tornar Angola como um dos líderes na área da tecnologia espacial em África.

As instituições de ensino: que se faça a continuação do desenvolvimento desta


perspectiva do uso do ANGOSAT-1 para transmissão da TPA por satélite livre em Angola
apresentada neste trabalho, para fazer também a difusão das estações de rádio nacionais
para Angola inteira. Uma vez que os descodificadores universais apresentam a vantagem
de receber sinais de televisão e rádio simultaneamente.

70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Desenho de links por satélite e desempenho do sistema. 1ª ed. Luanda, Acácias Editora,
2017. 469 p.

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Dezembro de 2017]. Disponível em: [https://www.ggpen.gov.ao].

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Publisher, 2015. 580 p.

FRENZEL, Louis E. Fundamentos de Comunicação Electrónica: Linhas, micro-ondas e


antenas. Trad. José Lucimar do Nascimento. 1ª ed. Porto Alegre, AMGH Editora Ltda.,
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71
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MORGAN, W. GORDON, G. D. Communications Satellite Handbook. New York, John


Wiley & Sons, 1989. 578 p.

72
ANEXOS

Anexo – A: Projecto de construção e lançamento de um satélite

Figura A. 1. Etapas de revisão do Satélite ANGOSAT-1. (FONTE: Cortesia do GGPEN)

Figura A. 2. Trajectória nominal do lançador. (FONTE: Cortesia do GGPEN)

73
Figura A. 3. Trajectória nominal do lançador. (FONTE: Cortesia do GGPEN)

74
Anexo – B: Imagens dos últimos preparativos do ANGOSAT-1 antes do
lançamento, a partir do cosmódromo Baikonur, no Cazaquistão.

Figura B. 1. Acoplamento da coifa ao ANGOSAT-1. (FONTE: https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-


angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-9009928.html).

Figura B. 2. Acoplamento do terceiro estágio do foguete. (FONTE: https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-


angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-9009928.html).

Figura B. 3. ANGOSAT-1 na estação de Baikonur. (FONTE: https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-


angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-9009928.html).

75
Figura B. 4. ANGOSAT-1 a ser transportado para o local do lançamento. (FONTE:
https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-9009928.html).

Figura B. 5. ANGOSAT-1 na posição vertical, pronto para ser lançado. (FONTE:


https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-satelite-angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-9009928.html).

Figura B. 6. Lançamento do ANGOSAT-1, pronto para ser lançado. (FONTE: https://www.dn.pt/mundo/interior/primeiro-


satelite-angolano-ja-foi-lancado-em-orbita-9009928.html).

76
GLOSSÁRIO DE TERMOS

Acesso

Modo pelo qual o assinante pode se conectar a uma rede de telecomunicações: pares de
fios metálicos, fibras ópticas, ondas de rádio, via satélite, TV a cabo, etc.

ANGOSAT-1

Denominação do primeiro satélite angolano de comunicações.

Antena

Dispositivo para irradiar ou captar ondas electromagnéticas no espaço.

Apogeu

O ponto mais distante da terra.

Azimute

Ângulo formado entre a direção da antena e o norte geográfico, contado em sentido


horário.

Banda C

Faixa de frequências utilizadas nas comunicações por satélites. Compreende as faixas de


frequência entre 3,9 a 6,2 GHz.

Banda Ku

Faixa de frequências utilizadas nas comunicações por satélite. Compreende as faixas de


frequência entre 15,35 a 17,25.

Cabo coaxial

É um cabo de alta capacidade usado nos serviços de telecomunicações. Contém um fio


contínuo isolado por um material dieléctrico e cercado por um protector metálico sólido ou
traçado, envolvidos em uma capa plástica.

Downlink

Enlace descendente de um satélite de comunicação para uma estação em terra.

77
Exclave

Uma parte do território de certa nação enclavado em outro país.

Órbita

Trajectória que um corpo percorre ao redor de outro sob a influência de alguma força.

Elevação

Ângulo formado pela direcção de máxima radiação de uma antena com o plano horizontal.

Perigeu

O ponto de maior aproximação à terra.

Uplink

Enlace ascendente de um satélite de comunicação para uma estação em terra.

78

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