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O GUESA.

De Zuhê-menu tigcalmas, o
Mygtico e doce. E 1-luythnea, gugpiro
Quo illuminando as noites vai,a feiticeiro
Fôra du terra 81.10—--qruio lançado
fagueira
Depois de ger do amante abandonada !
E d'ella alernbra u quêda 11,onda que
Clima a clima ; retroa Tcquendatna,BOIta,
E qual das nuvens através s'eslna,lta
Iris, por entro montes se derrama.

(Ficam interrompidos os cantos VII, XII, XIII,


do poema do Guesa.) l

O GUESA, O ZAC so. Assinalamosque o escritor Múcio Leão possuía


um exemplar d'O Guesa, cd. londrina, oferecido pelo
(Continuação do Canto XII da edição londri- autor ao Dr. E. Muniz Varela cm 6.3.1890.4 Também
na de O Guesa) tivemos oportunidade de manusear, em São Luís, por
gentileza do Dr. Virgílio Domingues da Silva Filho,
O GUESA, O ZAC um exemplar dessa obra,5 oferecido por Sousândra-
de a seu genitor, em 21.abr.1896.
Na seção intitulada Notas e Documentos, do Embora nenhuma das edições d'O Guesa tra-
Jomal do Maranhão (São Luís, 12.mar.1970, p. 6), ga título com a expressão O Zac, ela aparece na
noticiamos haver encontrado em três edições do edição londrina já referida, nas páginas 243 e 260
jornal O Federalista (São Luís) a continuação do (que correspondem ao episódio chamado Inferno
Canto Décimo Segundo d'O Guesa, intitulado O de Wal Street), bem assim na estrofe número 26 de
Guesa, o Zac. Importa inicialmente chamar a aten- Harpa de ouro.
ção para o fato de somente na edição londrina de Consta O Guesa, o Zac de 260 versos, publica-
O Guesa aparecer o Canto XII. Essa edição, a mais dos no jornal O Federalista,edições de 22, 24 e 29 de
março de 1902,6 com a indicação de que era a conti-
completa do famoso poema de Sousândrade, não
Li- nuação da página 331 da edição londrina, que corres-
traz data de publicação. O Departamento de
Londres, incli- ponde ao final do Canto XII. A última publicação,
vros Impressos da British Museum,
Museum, feita três semanas antes da morte do poeta, dizia, como
ca, porém, que o livro foi depositado no as outras: "continua". Infelizmente nada mais foi pu-
1888, data
para efeito de copyright,a 19 de abril de blicado, já que logo após, morria Sousândrade.
poema.
que deve corresponder à da publicação do Acrescentando os 260 versos aos 840 já publi-
final da
Não seria descabido lembrar que ao cados, tem agora o Canto XII o total de 1.100 versos.
interrom-
edição de Londres o autor disse: "Ficam Acreditamosque antes de falecer,Sousândrade
do Gue-
pidos os cantos VII, XII e XIII do poema houvesse realmente completado pelo menos o Canto
as datas:
sa."}Tais cantos trazem, respectivamente, XII. Talvez até houvesse concluído a obra toda, no
1857-1900, 1878 e 1880-1884. que terá razão Astolfo Marques (A Revistado Mrrte,
como a da
Parece-nos que a data 1900 é dada indica- 16.maio.1902, N9 42, p, 139/140) ao afirmar que o poeta
projetada conclusão do canto, pois conforme deixou em manuscritos a conclusão d'O Guesa.
estava impres-
mos acima, em abril de 1888 já o livro
abaixo,é de cm.
desta linha para o ornato this corresponds very to the
I Na original d' O Guesa, a distancia 19th April 1888by Copynght, and we can assume that
2 Museum on do Departamentof Printed Brit15hMuseum,
was depostted in the British carta de 5.2.1970,de
John Joliitte,
actual of prinung and publication." Williams.
respondendo ao pedulo de FrederiCkG.
p. 273.
Edições Invenção. São Paulo, 1964,
Augusto e Haroldo de Campos.
4 de Sousàndr,de. dc
ed, de de 47 62, ed. de 29 1.190'. A
O 22.3.1903;de a 46,
Fetienlltstd,
6 a

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& (PS SOUSÃNDRADE

O GUESA,O ZAC Sai do grêmio central um celerado


Que fanatiza a um povo e delirando
I Quando moveu-se d'indomável toiro, Por ambição fatal: é condenado,
O imenso umbror, que a massa tenebrosa Revolução de luz justificando.
Passava devastando qual peloiro
E em terremoto as zonas dolorosas 12 O Imperador a Monroe ofendia
Pela segunda vez: para as princesas
2 Demolindo -- qual braços, denso o obscuro Contratava d'Europa, dinastias
Mugem vivos fatais demolidores... Sangue puro, consortes das realezas.
—Vedes? ---Vejo... se não que do futuro.
Faz-se o eterno clarão. Quando, entre horrores, 13 Americana humilhação: dos cumes
Os vulcões estalavam de ciúmes
3 Do Paraguai ouviu-se incompreensível.
Inquirindo dos céus a divindade,
Se nos Césares? se na Liberdade?
Negro instrumento sanguinário e louco
Dos destinos: que soava a hora terrível
14 Mas, vindo a recolher um d'Orleans
Da escravidão pensara-se bem pouco.
C'roas dos heróis nossos, a centelha
Viu-sepátria acender e tão vermelha
4 Ao México o gentil Maximiliano Que muito perto creram-se as manhãs.
Circunavegador d'Austria novara:
Tendo a conquista o ditador Solano, 15 Ah! que são necessários longos anos
Do áureo Brasil, América oscilara. A formar o caráter das nações:
Desçam, do povo herdeiros, os tiranos,
5 Em Cuba, a Espanha; o trono d'lnglaterra Subam livres eleitos: ascensões
No Canadá; nas costas do Pacífico
O ibério insulto ardia a Cordilheira; 16 Dos novos mundos. Toda aprenda
a terra
E a sós, no Atlântico, Washington magnífico. Do cristianismo a verdadeira
glória
Encantadoraideal de paz a guerra
6 (E o Cidadão Americano à Espanha Que hinos combatem,
lírios hão vitória.
Real bombardeará... Vereis o Atlântico
Em fogo, a pedir arras das campanhas 17 Grandioso rio! abençoado
clima
De tanta crueldade. Aos céus o cântico!) Aonde agora do Guesa
os cantos voam
Mudando as cores
do
7 E a tríplice aliança resistindo Que os Andes têm pampeiro à estima
e harmônicos ressoam,
A invasão barb'ra ao brasileiro sólio:
A justiça diríeis inquirindo...
18 Corda aeneal
prendida nos dois pólos,
A escrava esfinge? ou o livre capitólio? Vibrada aos dois
Stão das margensoceanos. Quão risonhos
os cisnes alvos colos
8 Sublime aliança! Osório, Flores, Mitre, Sobre as ondas
mirando qual os sonhos!
Que altos fora do alcance das loucuras, 19
Trovejasse Humaitá tênebro alvitre,
Buenos Aires
A direita do primeira independente,
Defendiam Américas futuras. estuário
Montevidéu, oriental do ocidente
Arrufos d'asas de cidade
9 Sem vinganças dos seus morrer primeiro — oiro e liberdade —
E só quando saíam do entrevero 20 Ai! magnânima
Choravam pelos mortos, os soldados
Sensitiva do
linda, separada
Sempre do coração acompanhados. À União do império! ora saudada,
sul, sensata irmã
Vereisvoltar, mais velha
IO Belas platinas águas! torvas dantes que é da fronteira a estrela;
Pela ondada de sangue que rolava, 21 Cortesia gentil
Como a escola dos dias mais distantes Bela rebelde de Ituzaingo,
que
Da brasileira pátria em vós estava! Alembras, qual a família tua
A liberdade um dia de domingo,
à escravidão
que estua.

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& @x:-- O GUESA

22 Que é do colosso corpo do gigante


Cabeça divinal; em cicatriz 33 Cortam, e as repatriam ouvintes
Do sangue novo à jugular atlante Das mil forças das constituintes
Rio-grandense! —Quem contrário diz. Dos dois Benjamins Constants. Vêde o mal:

34 Paraguai, pela aliança é remido:


23 Lá vêm as trevas, mente! Auro-opalisa
Vencedores, amor ao vencido —
Dos céus a face e branda e carinhosa:
Na terra é quem vence, favor por favor:
Ao sussurro fluvial, platina brisa
Soprando, a alma de vós quanto é saudosa!
35 A toirada era a escola. Beberam
Glória: e à pátria voltando, tremeram
24 Aqui nos deixam os amigos nossos,
De ver-se ao inventário de um outro "senhor"
Os chilenos leais. Como formosos,
Longes, os alvos lenços coruscantes, 36 Lá! foi lá que, os aliados lutando
Acenam Margarida e os dois amantes! Dias, noites, Deodoro viu, quando
As sedes que os pútridos pântanos dão,
25 Vós filhos seus, Henrique e Carolina,
Direis lá que por vós, a quem tanto amo, 37 No embrenhado d'ingrata peleja
Saudar venho a fronteira cisplatina Viu, da espada que em chamas lampeja.
De quem aliança para os meus reclamo. Da pátria futura brilhar a visão.

26 Terras de promissão, que ainda não entre... 38 Deus, que às pátrias de Amarca há destinos,
Adeus! o coração que tem-vos dentro Se homens vãos convertera a meninos
E voltara, no amor já dilacera Que aos mitos sagrados adoram de um rei;
Como quando bradava e mais sofrera,
39 Ora aos fortes varões animara
27 Adeus! adeus! Medidativo e triste, Das virtudes —que inatas mostrara
Ora as águas do Império (pouca esp'rança, Aqui encontradas co'os oiros de lei.
E muita crença) entrava. Nunca viste
Longes, coroas d'espuma que a bonança
40 Aureo cântico, às festas de glória
Vêm Chilenos; Cochrane há Vitória;
Fiscal ilha Atlântida: à corte imperial
28 Fizera e à roda alvejam reluzentes
De um promontório onde há farol, na aurora
41 Cai o leque das mãos da Princesa,
Branca luz, separando-se as correntes?
Que sorriu-te: oh! dolentes surpresas!
É, do passado e do futuro, esta hora.
Das do Imperador caiu o cetro —fatal!
29 E o futuro chegara. Vejo o encanto 42 Ventarola —vingança... Os incréus
Das rosas do Senado em Treze-Maio: Cetros sendo dos seus reis, seus réus —
pranto,
Se a aberto coração é doce o Sodoma, Adam, Gomorra, Saboim, Segor.
Há daí o livre Novembral o raio.
43 Treme toda Pentápolis! Eia!
Desce, ó anjo dos céus! incendeia!
30 Mas, revoltam! dos novos libertos Purifica a terra e no fogo e na dor!
Cai a glória?... estonteiam incertos...
Está Guanabara ecoando trovões! 44 E os do Império despojos doirados
lutaram) Nem dos nobres são mais amparados,
31 Crianças, mostram (por que não Fantasmasda noite, se o dia aclarou
olharam
Que lutar querem, sabem. E
nações —
A pátria ideal todas outras 45 Nem justiça dos céus existira --
Mas, existe e das sombras, luzira
—ao Setembro,
32 Lhe abre a história o Dentista Da trágica máscara —e Deus trovejou.
Novembro:
O primeiro; Deodoro ao
Portugal
E as duas cabeças de Dom

203
o ocaso
46 Há rumores (das nuvens a reza 55 Ora, o sol de rubis sobre
Nessa noite que finda a realeza) Despediu-sedo Império,que o prazo
Da terra nos seios, nas sombras do mar: Vencera em seu posto. De noite se ouvia:
cidade;
Que tranqüila repoise a
47 Claras frontes, do sono despertam, Batalhão velador, liberdade
Cruzam vozes, que aos fortes libertam, Garante-lhe a paz. E o pregoeiro rugia:
Que está a Inconfidênciano espaçoa bradar!
56 "Ai do ousado que arrombe uma porta!"

48 Dos verdugos, cristã descendente De tal modo a família conforta
Doce e humilde -- que suba a Regente Brasílionovo Eden em seu despertar.
À posteridade coroada de luz: Já dos paços reais se apagaram
Dos escravos o trono quebrando, Todas luzes; já todos deixaram
Se o dos livres s'está levantando Dom Pedro aos destinos. Que triste embarcar!
De ferro fundido co'as formas da Cruz.
57 Noite: às sombras vapor Alagoas —
49 Tiradentes, o grande Martírio Como "alaga" aproando a Lisboas,
Bem honrada a quer cândido círio Suicida! ao sol nado, a aquarium divisão,
Nas asas ardentes da Revolução. Solta o rei, pomba branca —céus —mares —
Tal começa a nova era o Dentista,
Livre e leda aninhou nos palmares
Sagrada a boca à bela conquista
No espaço aos revôos qual pátria benção.
Dos dentes divinos. —Ao leal Cidadão,

50 Forças d'armas, os povos uniam,


58 Doce idílio. Eis que o assalta a verdade
Ruas vivas as praças enchiam, O Órfão Guesa ante a vã Majestade,
Co'o sol batalhões emulavam: sorrir E o viu São Cristóvão nos muros traçar
Do astro, sempre que ruem Bastilhas, "Maneh —Tessel —Farés." Impossível
Vejam que há naturais maravilhas ( Murmurou)centelhita ao incrível
À fronte dos homens em glória a luzir. Incêndio, a que o mundo estremece, atear!

51 Nem um ódio: do Império se arreiam 59 E ouve, ah! ah! proscrevias Ovídio


Coronários; e laureais hasteiam E és agora o proscrito! o subsídio
As republicanas bandeiras da Cruz Que tu lhe negaste prudente, o hás, que não
No verde e oiro da terra encravado Tenhas fome no exílio, ó Monarca,
Celeste azul, branco, encarnado— Nem saudades, que desta bela arca
União de Libertas, que às crenças conduz. Sofreu ele. E cantas? estás doido então?

52 Vem o Império salvar, um ministro 60 ---Voltaà pátria! a tua c'roa, o teu cetro
De Dom Pedro... ao assombroe sinistro Vem na praça queimar! teu espectro
Aponta o revólver ao peito do Herói: Catástrofe,à Europa, ah! ah! vai fazer rir!
Falha o fogo; ora, o ferem; cai ele: Não dizias-te um Republicano?
Mas Deodor o cavalo propele Vem! vem ser cidadão soberano
Bradando, "não o matem!"... Sublime! Tal sói Da democracia áurea pura
a surgir!
53 Em tal guerra: a de um chefe tão nobre 61 Mas, "das selvas o rei"
A vitória sinala e descobre soluçando,
Tardo e velho, na dor
O vulto irradiante, glorioso, imortal. se apagando,
Curvado na trevas entrou
Bocaiúva a Ouro-Preto amparava, colossal.
Predissera-oo Cantor. E a
Ante as tropas, Constant declarava, Do Timbira, cruento conduta
Estar garantida a família imperial. na luta;
Ora, vencedor quão
piedoso e leal!
54 Toda a grande cidade à bela hora 62 Depondo armas no
Qual os mares espumam na aurora, mesmo áureo dia,
Ditosa elevada nova alma aclarou: Dos guerreiros letal
Na paz da Vitória nostalgia
O horizonte vestindo de flores, ninguém chorou mats
—Que dos júbilos
Cor nenhuma turbara a terrores
Que altas frontes nunca dormitem
Os hinos brilhantes que a pátria entoou. idéias imitem
Dos fortes a
calma. Povo, como estais!

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