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para o mal-estar
Christian l. L. Dunker
pessimismo
do moral. O mal-estar é a lembran-
humana qualquer figura
nem
de existência.
a perene de nossa condição trágica
mal-estar por meio da noção de Real, que designa
Lacan pensou esse
determinado
ou n o m e a r em
náo conseguimos representar
muito mais o que
formarmos
realidade ela mesma. Como se para
estado de realidade do que a
de nos-
de como a realidade se apresenta diante
coerente
cSSa
imagem una e fosse preciso excluir
imaginário.
Portanto, náo hánada mais traiçoeiro para a psicanalise do que a con-
mal-estar meio de nomes que
vicção de que apreendemoso Real do por nos
discurso de que nosso mal-estar pode ser nomeado, e pode ser facilmente no-
meado na nomeaçáo é ela mesma violenta,
forma da violência. Ademais, essa
e na cosmética da violência
habitual-
como se vê nas coberturas jornalísticas
pudéssemos nos defender melhor dele. Esse objero é o que Lacan chamou de
objeto-a, e sua função é condensar tudo aquilo que é insuportável em nós mes-
mos. Por meio dele, nosso sentimento de insegurança social é projetado para
sexualidade intolerável é alocada nos outros "problemáticos,
nosso
tora, nossa
mentirosa de que estamos
Sentimento de irrelevância é convertido na sensação
corrupções sâo
fazendo um grande ato de transtormação, nossas pequenas
em um
loteamento
transformou
Cmais. O país se
ate o ponto em que
crachás, se autossegregou
catracas e
us huros, sindicos, intramuros, nos quais
entre os espaços
protegidos
guerra
local do condominiocontra
C l o uma
u m a lei
protegem-se de outros. Essa ideia de os meios
de
Não se t r a t a
disputar apenas mais de
s e u limite.
PLISa0
chegou a hibrido juridico,
condominial, esse curioso
a violência violencia. do a
q u e m pratica função social da
transformar a
a r , paramilitar, mas de
termo que
do grego ragos
("bode ).
aninal era
vem
"bode expiatório"
csse
palavra "tragédia",
&
Sacri " da cidade
acrihcado em nome da "harmonização
48 Bala perdida
de uma Polícia
hoje, a existéncia
justificar, ainda
logica do condomínio pode
Militar, ao lado de uma Polícia Civil. Glotob Frege, Lacan'
matemática desenvolvida por
A partir da lógica a re-
particulares da língua que perturbam
abordou a cxistência de funçóes de nomeação. E
a função
habitual entre significação, a saber,
sentido e
lação usualmente empregada
com0 adjetivo
palavra
por meio dessa funçáo que
uma
torna-se um substantivo,
um ato
qualidades de
paraqualihcar as mais diversas e guerra, fenóme-
violência, confito
E assim que se confundem agressividade e viol ncia
leis a contra
violência que cria
e
nos naturais e fenomenos sociais, a
i c a n á l i s e ( 1 9 6 4 - 1 9 6 5 )( R e c i l e :
Mais policiais, mais muros, mais leis, mais força contra o "grande mal".
ainda... e pior. prisões, mais ostensividade, mais
O mal-cstar que é nomeado por
"a-violéncia" acaba subsumindo e su-
bordinando todas as outras formas de
conflito de classe, de gênero, de as-
piraçóes ideacionais, religiáo. Todas as modalidades de violência contra
de -
a mulher, contra a
criança, contra o pobre são, entáo, subitamente identih-
-
massacre de indígenas
despossuídos de suas terras e a redução da idade penal
para jovens violentos. A "intolerável" invasão de terras improdutivas e a for-
mação de condomínios com o cultivo de uma intraviolência "tolerável". Tudo
é identificado como a mesma coisa. A um só
tempo, um tipo de violência torna-
-se excessivamente visível, e outro torna-se
invisível. E assim, pela presença de
um mesmo
traço que adquire a função de unir uma série e mantë-la sob uma
mesma
significação, que supervisibilidade de "a-violéncia" nmantém opaca
a
tormas de apresentação do
outras
conflito.
Isso não quer dizer que não haja violência ou que ela seja super ou subes-
timada, mas que ela toma parte em um dispositivo, em uma gramática gerativa
c
interpretativa do sofrimento. De mancira inversa, todas as formas particula-
res de violência, por exemplo, contra ou em nome da lei, contra ou a favor de
minorias, contra ou a favor da repressáo ao crime, contra ou a favor da ordem,
contra ou a favor de resistências políticas, contra ou a favor de demandas de
transformação social, são unificadas em torno do mal-estar, agora nomeado e
indistinto como "a-violência'".
Podemos, então, sintetizar o que fica excluído por essa funçáo pluriuní
VOca de "a-violência" como nomeação do mal-estar:
seus eteitos.