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1
-N introduz na filosofia os conceitos de sentido e de valor. (valor e sentido)
-Inversão crítica: valores apreciam fenômenos, mas o problema crítico é: o valor dos valores (valor dos valores)
-Criação dos valores: maneiras de ser, alto e baixo, elemento diferencial dos valores (elemento diferencial);
(sentimento de distância (distanciamento cultural?))
-Dois movimentos da filosofia crítica: referir tudo a valores, referir valores a uma origem. Dupla luta:
-Crítica contra os operários da filosofia (inventariam valores ou criticam com base em valores dados).
-Crítica aos que derivam valores de fatos objetivos. (não seria um problema em si, mas um reducionismo em
questão ética).
-Cartógrafos dos valores; templários de um valor (críticos por um valor; fundamento; juiz de tribunal);
cientistas objetivistas dos valores (derivação causal, começo insípido; mecânico)
- “O filósofo é o genealogista.” – Genealogia: origem dos valores, valor da origem.
-Nobre e vil: elemento propriamente genealógico ou crítico. Elemento positivo de uma criação, uma ação.
-A crítica genealógica (Zaratustra) difere da vingança, rancor e ressentimento (macaco, bufão, demônio). Ela é
expressão ativa e existência ativa; ataque, agressividade natural, maldade divina (destruição, crítica necessária para
a perfeição).
-Manejar o elemento diferencial, crítico-criador, como martelo.
1.2
-Sentido é determinado pela força que explora parte da realidade (sentido e força)
-Fenômenos são signos, sintomas, de forças, de sentidos.
-História e forças.
-Pluralismo, forma de pensar inventada pela filosofia. A conquista do verdadeiro conceito.
-A delicada pesagem, a arte de interpretar.
-Essência, força em maior afinidade à coisa – onde não se sabe mais quem domina: que domina a coisa, ou quem a
coisa domina? Agir soberanamente sobre si mesma.
-O surgimento da nova força (nova essência, nova coisa) vem por meio da máscara. O caso do filósofo, força
antirreligiosa.
-Olhar muito no passado pode ser enganador (“em todas as coisas só os graus superiores importam”). A raiz
oriental-sacerdotal da filosofia por exemplo. Interpretar é também rasgar máscaras, mas se deve esperar a
realização elevada da máscara para se certificar da proeminência da força/essência, do sentido real do fenômeno.
“origem concebida como genealogia só pode ser determinada em relação com os graus superiores”. O filósofo é
grau superior de seu passado sacerdote, mas ainda carrega uma máscara que se assemelha a esse. Não é o
surgimento do processo/força que interessa tanto, mas a diferença (hierarquia) dela frente a outras forças, como
origem de um fenômeno (por exemplo um valor)
-A amizade do filósofo, sua anti-sabedoria, seu imoralismo. O sábio e o asceta são tomados pela filosofia, por uma
força nova, o que é feito de seus valores de humildade, pobreza, castidade?
1.3
-O próprio objeto é força.
-Força é sempre plural. Força é dominação, mas também o objeto sobre o qual uma dominação se exerce.
Pluralidade de forças agindo e sofrendo à distância (elemento diferencial).
-Vontade se exerce necessariamente sobre uma outra vontade. Assim, a Vontade é múltipla. (Em Schopenhauer é
una). Toda força se relaciona com outra. Com vontade falamos da relação entre as forças, vontade é vontade de ser
obedecida, mas só uma vontade obedece ao que a comanda.
-Nosso problema é o problema da origem, da diferença na origem, da hierarquia, isso é, a relação de uma força
dominante com uma força dominada. Hierarquia é o fato originário.
-Sentido é a relação de uma coisa com a força que se apodera dela, valor é a hierarquia (a diferença na origem) de
forças que se exprimem na coisa enquanto fenômeno complexo. Sentido parece falar da relação das forças, valor
fala da diferença na origem dessas forças em relação.
1.4
-O pluralismo é o único inimigo profundo da dialética. Antihegelianismo, fio condutor da agressividade em Nietzsche.
-A relação entre forças nunca é elemento negativo em essência. Uma força quando domina, afirma sua diferença e
se regozija com esta diferença. “O negativo não está presente na essência como aquilo de que a força tira sua
atividade, pelo contrário, ele resulta dessa atividade, da existência de uma força ativa e da afirmação de sua
diferença.” (não a negação, mas a afirmação da diferença é o primário).
-O negativo é produto da existência, agressividade de uma afirmação
-Vontade e agressividade não são atos humanos, mas elementos básicos dos movimentos mais primários do mundo,
elementos afirmativos.
-Negação como conceito: pálido contraste
-Elemento especulativo da negação, oposição ou contradição é substituído pelo elemento prático da diferença.
(empirismo nietzscheano).
-Gozo da diferença x trabalho do negativo. O “sim” de Nietzsche se opõe ao “não” dialético. (checar p. 9)
-A vontade que quer a dialética, reação, não tem força para afirmar sua diferença (Vontade da dialética). Nega tudo
que ela não é, e faz disso sua essência. O não é seu ato criador.
-Vingança e ressentimento tomam o lugar da agressividade.
-Poder concebido não como vontade de poder, mas representação de poder, obj de uma recognição
1.5
-Visão trágica de mundo
-Perspectiva da dialética sobre a tragédia;
-Nascimento da Tragédia cheirando a hegelianismo.
-Contradições: unidade primitiva-individuação, querer-aparência, vida-sofrimento.
-A vida, acusada por tais contradições, precisa ser justificada. Categorias dialéticas cristãs: justificação,
redenção, reconciliação.
-Dionísio (1) e Apolo (2) como duas formas de resolução da contradição. (2): aparência da aparência, apaga a
dor. (1): destrói o indivíduo, prazer de participar da superabundância da unidade do querer universal.
-Unidade, antítese resolvida, o que fizeram os gregos dionisíacos que se tornaram apolíneos: “D. é como a
tela sobre a qual A. borda a bela aparência; mas, sob A., é D. quem ruge.”
-Sofrimentos da individuação é o que vemos na tragédia, reabsorvidos no prazer do ser original.
-A Tragédia é essa reconciliação, aliança dominada por D.. Apolo desdobra o trágico em drama. Coro
dionisíaco projeta fora um mundo de imagens apolíneas, um sonho
1.6
-Mais importante em D não é a dissolução da dor ou a absorção do múltiplo no fundo primitivo, mas da dor a
afirmação e faze-la o prazer de alguém. D se metamorfoseia em afirmações múltiplas.
-2 grandes descobertas do NT: caráter afirmador de D; a oposição mais profunda que D e A, mas entre D e Sócrates.
Apolo não se opõe, não assassina o trágico.
-Desenvolvimento da oposição D.-Sócrates, para ser afinal Dionísio-Cristo. O cristianismo não é nem apolíneo nem
dionisíaco.
1.7
-Dionísio e Cristo são fenômenos iguais em sentidos opostos (na linha entre vida e sofrimento). Mesma paixão e
martírio.
-Cristianismo: na vida há sofrimento, ela não é justa, é injusta, injustiça essencial, é culpada, precisa ser justificada,
ela precisa sofrer para ser salva. Ela é culpada, visto que sofre. Ela deve sofrer visto que é culpada. (Má consciência
ou interiorização da dor, niilismo cristão). Máquina de fabricar culpa e máquina de multiplicar a dor
-O cristianismo é dialético
-A vida essencialmente justa, trata de justificar até o mais áspero sofrimento. (não tendo contradição ou negação
primordial, todas as negações se tornam secundárias e não contraditórias, justas, afirmativas quando no limite. ‘D
faz da dor o prazer de alguém’.) “ela não resolve a dor interiorizando-a, afirma-a no elemento de sua exterioridade.”.
(dor é afirmação, é exterioridade da vida afirmativa).
-Oposição D-C ponto por ponto. Afirmação-negação da vida; mania D-mania C; embriaguez D-C; laceração D –
crucificação; Ressurreição D-C; transvaloração D-transubstanciação C.
-Duas espécies de sofrimento e sofredores. Sofrer de superabundância de vida; embriaguez uma atividade.
-empobrecimento de vida; embriaguez como convulsão ou torpor; sofrimento para acusar a vida e para
redimí-la (cristão). Nem toda embriaguez é dionisíaca.
-Dionísio lacerado, afirmação mais drástica da vida, mais difícil.
-O salvador mais belo: carrasco, vítima e consolador. A santa trindade da má consciência.
-Laceração de Dionísio: símbolo da afirmação múltipla; A cruz: imagem da contradição e sua resolução.
-“Eu coloco em todos os abismos minha afirmação que abençoa.” (abismo é a imagem do contraditório, do
problemático, do mistério mais obscuro).
-A dialética é niilista pois esvazia o mundo em nome de uma essência abstrata, a negação ou contradição.
1.8
-A afirmação múltipla é a essência do trágico
-Afirmação é alegria.
-A tragédia não suscita medo ou piedade no espectador alegre. O sentido medíocre da tragédia, que vê medo e
piedade ao observá-la, que a usa para sublimar a moral e purgações médicas, veio da má consciência.
-O herói é alegre. Renuncia ao drama: não uma tragédia dramática, mas heróica.
1.9
-Hybris
-Anaximandro (Apeiron e devir culpado, redimindo-se em sua dor) e Schopenhauer.
-Difere do cristianismo pois não é faltoso e responsável (em relação a um deus, ou a um bem primário e/ou
superior?), falta-lhe a má consciência. Por isso atrai Nietzsche no início de sua obra. Os homens não negam a
existência em favor de algo, não há maldade em seu olhar...
-A hybris, o sofrimento essencial, a redenção em dor. Mas não a falta perante outrem, não o julgamento de deus,
não a má consciência. Esse é o traço que diferencia os arianos (filhos de Ariadne), os gregos, dos cristãos, filhos do
pecado original.
-Ariane, noiva inseparável da afirmação dionisíaca. É preciso ter a dor, mesmo como núcleo, sem a má-consciência,
para ser capaz de adentrar no terreno de Dioniso.
-A vingança frente à culpa. Separar-se da existência para olha-la vingativamente. O ressentimento. É sua culpa de
tudo não ser melhor para mim! A mãe e a irmã.
-Ressentimento (a culpa é tua) e má-consciência (a culpa é nossa), ambos compartilham da responsabilidade.
-“A Irresponsabilidade o mais nobre e mais belo segredo de Nietzsche”. Já vindo no nascimento da tragédia, com a
diferença entre a feminilidade semita e a masculinidade ariana.
-Mas ainda assim, a existência é injusta. A questão principal ainda precisa vir à tona. Não a responsabilidade ou
irresponsabilidade (que diferem em apenas um passo, uma mudança em algo da estrutura), mas a culpa ou
inocência da existência.
1.10
- “As coisas se relacionam com uma força capaz de interpretá-las”: uma força de apodera desta coisa (que também é
força). “Toda força se relaciona com aquilo que pode, do qual é inseparável”: Uma força age sempre sobre outra
força. Afirmar e ser afirmado (mesmo em sua própria destruição) é como funcionam as forças.
-Um naufrágio de uma interpretação, de uma força, de um desejo, é observado por nós. Depreciamos o mundo
então, parece que nada tem mais sentido e é vão. Interpretamos, avaliamos tudo então como a falta daquilo que
naufragou, como um mundo negativo, problemático, em relação àquilo que era e não é mais.
-Heráclito compreende a existência a partir de um instinto de jogo, fenômeno estético. Faz do devir uma afirmação.
-Afirma o devir (abolindo o antigo ser) e afirma o ser do devir. Não há ser além do devir, além do múltiplo.
Dois pensamentos que são um elemento só. “O múltiplo é a manifestação inseparável, a metamorfose essencial, o
sintoma constante do único.”
-O ser do devir é o tornar a vir, o eterno retorno. Lei do devir, justiça (justificação do devir amoral) e ser.
-Ver o ser do devir, é contemplar; devir no devir é participar. Um jogo de dois tempos com um terceiro termo: o
jogador-artista-criança; Zeus-criança: Dioníso. “Ora, é o ser do devir que joga o jogo do devir consigo mesmo”.
1.11
-O céu e a terra como mesas para os dados lançados
-A necessidade se afirma com o acaso no sentido exato em que o ser se afirma no devir e o um no múltiplo.
Necessidade, portanto, nunca abole o acaso, mas é sua própria combinação (de dados).
-O que é negado na transmutação é o próprio negativo, o niilismo.
-A aranha é o mau jogador, conta com diversas jogadas do dado, dispõe da causalidade para trazer a combinação
que ele tem como um objetivo a ser obtido, oculto atrás da causalidade. Aranha da razão.
-A aranha abole o acaso, pegando-o com a pinça da causalidade. Não afirma a necessidade, conta com uma
finalidade.
-O mau jogador perde o mundo, pois ele se separa do acaso e lida apenas com o objetivo. O mundo sem o objetivo se
torna para ele negativo, a falta do que se perdeu.
-Tais operações do mau jogador tem sua raiz na razão.
-A Razão tem sua raiz no ressentimento e na má consciência na crença numa finalidade.
-Para jogar bem, é necessária uma certeza, o universo precisa não ter finalidades a esperar, nem causas a conhecer.
Não afirmando o bastante o acaso, perde-se o lance de dados; não se produz o número fatal que reúne
necessariamente seus fragmentos (do acaso) e que traz necessariamente de volta o lance de dados.
-Substitui causa/probabilidade-finalidade por acaso-necessidade/destino dionisíaco. “Não uma probabilidade
repartida em muitas vezes, mas todo o acaso em uma vez só; não uma combinação final desejada, querida, aspirada,
mas a combinação fatal, fatal e amada, o amor fati; não o retorno de uma combinação pelo número de lances, mas
a repetição do lance de dados pela natureza do número obtido fatalmente.”
1.12
-O eterno retorno é o segundo tempo do jogo, a combinação dos dados, afirmação da necessidade, mas também é o
retorno do primeiro tempo, a “boa-vinda” do acaso.
-Muitos acasos vêm como senhores. Invocam sua probabilidade, solicitando vários lances. Estes são fragmentos do
acaso escravos que querem falar como senhores (“acasos-terríveis”). É preciso ferver e cozinhar o acaso como o
jogador que esquenta os dados na mão – só assim o acaso é afirmado, e é amigo que vem ver seu amigo.
-Ciclo-caos, eterno retorno-devir, não são termos opostos de um jogo (como fez Platão com devir louco, hybris, e o
demiurgo). Não há uma lei exterior ao devir que o imponha limites. O que há é a presença da lei no devir, e do jogo
na necessidade.
1.13
-A afirmação múltipla, o lançamento dos dados, é o acaso todo de uma vez só. Essa afirmação é simbolizada pelo
fogo e pelos rios de chamas.
-Este um afirmado do múltiplo quando o múltiplo é afirmado, é a estrela dançarina.
-Caos-fogo-constelação, essas imagens formam o jogo dionisíaco.
-N e a física
-O poema e o aforismo em N. O jogo de imagens nunca substituiu em N o jogo mais profundo dos conceitos e
pensamento filosófico.
-O aforismo é interpretação, o poema é avaliação. Mas o poema deve ser avaliado e o aforismo interpretado. “Um
aforismo, cuja fundição e a cunhagem são o que devem ser, não basta ser lido para ser decifrado; falta muito ainda,
pois a interpretação apenas começou.”. O elemento diferencial ainda está oculto e implícito no poema e no
aforismo, como uma segunda dimensão do sentido e dos valores. “É desenvolvendo esse elemento e
desenvolvendo-se nele que a filosofia, em sua relação essencial com o poema e o aforismo, constitui a interpretação
e a avaliação completas, isto é, a arte de pensar, a faculdade de pensar superior ou “faculdade de ruminar”.”. Todo
aforismo deve ser lido duas vezes.
1.14
-Nietzsche e Mallarmé. Quatro pontos de ligação.
(1) Pensar é emitir um lance de dados.
(2) O homem não sabe jogar. Mesmo o homem superior é impotente para produzir o lance de dados. O velho
senhor é uma ponte, algo que deve ser superado.
-Quem sabe lançar os dados? Quem sabe se meu sofrimento é como o deles? Desde quando minha tristeza foi igual?
Minha memória fraqueja, mas por que será? Mesmo em minha decadência, eu sei que os dados tomam um número
fatal; eu sei que a flecha atravessa o espaço para perfurar o mundo, em uma distância específica, em uma altura
específica. Eu não sei ainda lançar as flechas, mas posso aprender. E quanto a quem nem sabe o que é um arco?
Uma flecha? Da distância e da altura? Minha tristeza é diferente, minha memória serve a forças diferentes às deles.
(3) O lançamento de dados é um ato insensato e irracional, absurdo e sobre-humano, mas além disso, constitui a
tentativa trágica e o pensamento trágico por excelência.
(4)O número-constelação é a obra de arte, como coroamento e justificação do mundo. O livro é único e móvel.
-Diferenças: Mallarmé ainda opõe a necessidade ao acaso.
- A depreciação da vida e a exaltação do inteligível são inseparáveis na perspectiva nietzscheana, eles compõem o
niilismo.
-O lance de dados não é mais nada se nele o acaso é oposto à necessidade.
2.1 O corpo
-Modéstia da consciência. Cs é sintoma de forças que não são de ordem espiritual.
-Diferença com caráter da cs em Freud: exterioridade N: superioridade, em termos de valores. “Essa diferença é
essencial numa concepção geral do consciente e do inconsciente.”.
-Cs é sempre cs de um inferior em relação ao superior ao qual ele se subordina ou se incorpora. Cs do escravo em
relação a um senhor.
-Duas forças quaisquer, sendo desiguais, constituem um corpo desde que entrem em relação.
-Relação de forças constitui o corpo: químico, biológico, social, político.
-O acaso, a relação da força com a força (uma dominada e uma que domina), é essência da força.
-Hierarquia: diferença das forças (superior-dominante-ativa e inferior-dominada-reativa) qualificadas conforme sua
quantidade.
-Eterno retorno não é um pensamento do idêntico, mas o princípio da reprodução do diverso, a repetição da
diferença. Assim ele não pode ser consequência ou aplicação da identidade. “não é o mesmo ou o um que retornam,
mas o próprio retorno é o um que se diz somente do diverso e do que difere”.
-Pensar e observar um devir qualquer seria impossível se o universo fosse capaz de fixidez ou um instante de ser no
sentido estrito.
-Voltar é o ser do que devem. (no infinito de tempo tudo que vem, voltaria). “”Dizer que tudo volta é aproximar ao
máximo o mundo do devir e o devir do ser, cume da contemplação””.
-O instante carrega relação sintética consigo mesmo como presente, passado e futuro, fundando sua relação com
outros instantes.
-Não é o ser que retorna, mas o próprio retornar constitui o ser. Não é o um que retorna, mas o próprio retornar é o
um afirmado do diverso ou do múltiplo. A identidade no eterno retorno não designa a natureza do que retorna, mas,
ao contrário, o fato de retornar para o que difere. O eterno retorno é síntese do tempo e de suas dimensões, assim
como síntese da dupla afirmação (do devir e do ser afirmado do devir).
-Eterno retorno como expressão de um princípio que é a razão do diverso e de sua reprodução, da diferença e de
sua repetição. Vontade de potência.
-“A vontade de potência é o elemento do qual decorrem, ao mesmo tempo, a diferença de quantidade das forças
postas em relação e a qualidade que, nessa relação, cabe a cada força.
-Princípio essencialmente plástico, em cada caso se determina com o que determina (a força). Não é separável de
tais ou quais forças determinadas.
-Inseparável, mas não idêntico. Confundir força com vontade: não se compreende mais força enquanto tal, recai-se
no mecanicismo.
-Vontade de potência é elemento genealógico da força e das forças. É pela VP que uma força prevalece, domina,
sobre outras. E é também por ela que uma força obedece.
-Nietzsche e Kant
-O acaso é o relacionamento das forças. A VP é o princípio determinante dessa relação, em quantidade e qualidade.
-Problema da interpretação: dado um fenômeno, estimar a qualidade da força que lhe dá sentido.
-Elementos qualitativos fluentes, primordiais, seminais. “ativo e reativo designam as qualidades originais da força,
mas afirmativo e negativo designam as qualidades primordiais da vontade de potência.
-Há afirmação em toda ação, negação em toda reação. Mas ação/reação são antes meios, instrumentos da VP. Algo
que às forças ultrapassa.
-Afirmação e negação são qualidades imediatas do próprio devir. Afirmação não é ação, mas poder de se tornar
ativo; devir ativo em pessoa. Negação é um devir reativo
-Como se A/N fossem ao mesmo tempo imanentes e transcendentes em relação às forças. Constituem a corrente do
devir com a trama das forças.
-Afirmação nos faz entrar no mundo de Dionísio, o ser do devir; a negação nos precipita no fundo de onde saem as
forças reativas.
-Interpretar: determinar a força que dá sentido à coisa. Avaliar: determinar a VP queda valor à coisa. Assim, não se
deixam abstrair do ponto de vista.
-Na quebra dos receptáculos, só as estátuas de nobreza se reformam, assim como os membros esparsos de Dionísio.
-O decaimento da filosofia crítica dos valores, assumida pelos escravos: bajulações, ressentimento (guardião da
ordem estabelecida, dos valores em curso), esquecimento das qualidades, esquecimento das origens.
-Princípio = criar
2.8 Origem e imagem invertida
-A relação entre ação e reação não é de sucessão, mas de coexistência na própria origem.
-Força reativa, mesmo obedecendo, limita a força ativa, impõe-lhe limitações e restrições parciais, já está possuída
pelo espírito do negativo.
-A origem comporta uma Imagem invertida de si mesma
2.10 A hierarquia
-Os livres pensadores como os ‘Sócrates’ de Nietzsche: Acham que o vitorioso é o mais forte
-O positivismo e humanismo do livre-pensador: Faitalisme (fatalismo, factualismo): impotência em
interpretar, ignorância das qualidades da força. Toda força humana, todo fato humano é aplaudido, sem se
perguntar a origem. Esses fatos aplaudidos se assemelham mais “a um bezerro do que a um deus”.
-Oposição livre-pensador – espírito livre. “Não há fatos, nada além de interpretações.”
-Crítica a diferentes ideologias com essa oposição: positivismo, humanismo, dialética.
-Duplo sentido de hierarquia: da diferença entre as forças, e entre as forças reativas que separam as ativas do que
elas podem: o reino da lei e da virtude. São como que inversos.
-Não é o menos forte que é o escravo, mas aquele que está separado do que pode: “a medida das forças e sua
qualificação não dependem em nada da quantidade absoluta, e sim da efetuação relativa.
-Três passos para julgar as forças, levar em conta: