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CENTRO UNIVERSITÁRIO FRASSINETTI DO RECIFE

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
ESTRUTURAS CLÍNICAS

O CASO DO PEQUENO HANS E A FOBIA

Francilene Gomes de Azevedo


Maria Rosângela dos Santos

RECIFE
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO FRASSINETTI DO RECIFE
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
ESTRUTURAS CLÍNICAS

Atividade realizada pelas discentes:


Francilene Gomes de Azevedo e Maria
Rosângela dos Santos, do 6° período,
turma: A, turno: noite, como nota
complementar da 2a culminância pedagógica
da disciplina Estruturas Clínicas, ministrada
pela professora Mariana Betzen.

RECIFE
2023
O CASO DO PEQUENO HANS E A FOBIA

Para Freud, a fobia é como uma histeria da angústia, diferenciada pela forma como o sujeito
responde à esta angústia, sendo assim, ela (a fobia) dá entrada no mundo da criança como um limite,
se tornando uma forma de evitação dos objetos fóbicos. No caso do menino Hans, podemos perceber
isso, quando ele começa a perceber o “faz-pipi” como algo de poder, ou seja, o falo. Diante disto, cada
vez que ele vê um animal grande, logo ele fica curioso por este faz-pipi e o vê grande, a sua mãe que
até então é seu objeto de desejo e que também é grande, ele o procura, até que percebe que não a mãe
não tem, que ela não tem esse “instrumento”, mesmo a mãe dizendo que sim a figura é diferente do
dele e o do pai.
Ao perceber que o pequeno insiste em continuar se tocando, o que para Freud era um gesto de
masturbação, a mãe o reprime, dizendo que se ele continuar tocando no “faz-pipi”, irá chamar um
doutor que irá cortar seu “objeto” e naquele momento existe o recalcamento, o que era uma fonte de
prazer, passa a ser algo proibido para o pequeno Hans. Apesar de, ele continuar buscando tanto em
pessoas quanto objetos o “faz-xixi” delas, inclusive na sua irmã Hanna, que desde pequena ele tinha a
curiosidade sobre o objeto dela.
Ao conviver sempre com crianças, em suas brincadeiras, especialmente com meninas, Hans
demonstrava um excesso de fato, enquanto em casa, com a irmã, ele demonstrava um certo poder, já
que ele é grande e tem o “faz-xixi” grande em relação a ela. Porém, o pai não concordava com o
excesso de carinho que a mãe dava ao filho, especialmente a noite, quando ele ficava mais emotivo e a
mãe dava-lhe o acolhimento e, devido à essas atitudes, o pequeno Hans começou a imaginar que havia
“uma grande girafa” e uma “girafa amassada”, desde então o pai chegou à conclusão que, a girafa
grande seria ele e a girafa amassada seria sua esposa, logo, Hans tomou a mãe do pai e “sentou” na
mãe para que ela não voltasse para a grande girafa.
Nessa fala, podemos ver claramente o processo edipiano e já que o pai sempre questionava os
carinhos e a atenção exagerada dada pela mãe ao filho, repreendendo muitas vezes a ação de sua
esposa, percebemos também, a presença do complexo da castração e por este motivo o filho gostaria
de ter uma arma, provavelmente para “matar” aquele ser que estava ali atrapalhando a relação com o
seu objeto de desejo (a mãe). Com todo esse processo acontecendo Hans começa a ter medo de
cavalos e se observarmos a figura do animal em si, o cavalo é grande, forte, com um grande pênis (faz-
xixi), que relincha, fazendo um barulho alto e que na época desempenhava grandes funções, já que era
bastante utilizado.
Com a isto, a criança em seu processo de angústia, começa a evitar encontrar com este animal,
o que é praticamente impossível, então Hans passa a evitar a saída de casa. Porém, o que na verdade
Hans tinha medo, não era do animal em si, mas o significado daquele animal, que era uma
representação do seu pai, diante de tudo o que seu pai representava e o pequeno via essa representação
de forma inconsciente na angústia que sentia ao vê o cavalo, por isso que evitava a todo custo,
qualquer contato com o animal. Hans não tem só medo do pai, mas pelo pai, a sua vontade de ficar em
casa não é pelo medo do “bicho cavalo” e sim que, ao sair de casa ele possa ser abandonado, já que o
cavalo pode sair correndo, fugindo por aí.
A criança pensa que, se ele sair de casa o seu pai (o cavalo), vai embora, já que o filho gosta
muito da mãe e dele também, mas o amor por seu objeto de desejo (a mãe), faz com que ele veja o pai
como rival e já que a mãe sempre responde a esse objeto e não ao rival, este pode ficar chateado e ir
embora, pois não haverá espaço para ele. Assim como, ele em casa o tempo todo, estará perto do seu
objeto, tendo certeza de que ela não irá, que ele tem “poder” sobre ela.
E é assim, que encaramos a fobia, evitando encarar o que nos causa angústia, nos prendendo
em “lugares seguros”, para garantir que não vamos sofrer a dor que está ali recalcada dentro de nós.

REFERÊNCIAS:

BARROCAS, Ricardo Lincoln Laranjeira. FÉLIX, Maria Luciana Silva Fernandes. - O


RECALQUE E A CASTRAÇÃO NA HISTERIA DE ANGÚSTIA: O PEQUENO HANS
E CHRISTOPH HAIZTMANN – Dossiê psicanálise Work in Progress • Fractal, Rev.
Psicol. 22 (2) • Ago 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1984-
02922010000800009
EHRLICH, André. DARRIBA, Vinicius Anciaes. – “MEDÔ MEDO”: INVESTIGAÇÃO
SOBRE A FOBIA EM FREUD, LACAN E AUTORES CONTEMPORÂNEOS A
PARTIR DE UM CASO CLÍNICO – Ágora (Rio de Janeiro) v. XVI número especial, abril
2013.
FREUD, Sigmund. – OBRAS COMPLETAS, VOL. 8 – OS DELÍRIOS, OS SONHOS,
NA GRADIVA, ANÁLISE DA FOBIA DE UM GAROTO DE CINCO ANOS E
OUTROS TEXTOS (1906-1909). Ed. Companhia das letras.
PSICANÁLISE CLÍNICA – CASO DO PEQUENO HANS INTERPRETADO POR
FREUD. – Redação Psicanálise clínica, 2020. – disponível em:
https://www.psicanaliseclinica.com/pequeno-hans/

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