Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


FACULDADE DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS E REGIMES
AUTORITÁRIOS NA AMÉRICA LATINA
DISCENTE: STEFFANY DOS SANTOS FLORES

Resumo do texto: PRADO, Maria Ligia Coelho. O Brasil e a distante América do Sul.
Revista de História, [S. l.], n. 145, p. 127-149, 2001. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18921. Acesso em 23 mar. 2023.

Maria Ligia Coelho Prado em seu artigo intitulado “O Brasil e a distante América do
Sul” discute a ideia de dissociação, que foi criada por um discurso político brasileiro no
século XIX, entre o Brasil e o território hispano-americano. Para isso, a autora analisa dois
momentos da história brasileira: o primeiro deles é o da “construção do Estado Nacional e das
consequentes definições de seu território” (PRADO, 2001, p. 128) e o segundo é a instalação
da República no final do século XIX e as significativas mudanças que esta trouxe para o país.
Como fontes, para o primeiro período, a autora utiliza textos de jornais, de historiadores e
políticos, fazendo uma relação com o que ela chama de “situação peculiar do Brasil no
concerto dos Estados latino-americanos” (PRADO, 2001, p. 128). Para o segundo período, a
autora utiliza de escritos de historiadores e críticos literários para acompanhar a "permanência
da perspectiva brasileira com relação a seu distanciamento das demais nações
latino-americanos” (PRADO, 2001, p. 128). Seu trabalho privilegiou as relações de Brasil,
Argentina e Uruguai, contudo a autora salienta que as reflexões brasileiras sobre os dois
países utilizam, em geral, de “identificações generalizantes que os aproximavam do conjunto
das nações colonizadas pelos espanhóis" (PRADO, 2001, p. 129). Em linhas gerais, a
principal ideia que a autora defende é a de que, todos os autores dos seus períodos de análise
elaboraram um discurso sobre o mundo hispano-americano que formou a interpretação
brasileira sobre a outra América, que a dissocia do Brasil.
Sobre o primeiro período de sua análise, a formação do Estado Nacional brasileiro,
Maria Ligia aborda questões acerca da construção da maneira de pensar no Brasil, com a
criação do IHGB em 1838, que entre suas diretrizes centrais estavam: a coleta de
documentação e o incentivo ao ensino da História do Brasil. Os principais produtores da
historiografia brasileira desse período, Francisco Adolfo Varnhagen e Karl Friedrich Philipp
von Martius, defendiam a monarquia como regime ideal, e eram contra a república, regime
vigente em outros países da América do Sul, para eles as repúblicas eram "caóticas" e aí
estava a diferença entre “nós” e “eles”, visto que, para eles, o Brasil em sua forma de governo
monárquica era forte e unido. Esses ideais foram difundidos em várias esferas da sociedade e
com isso a maneira de pensar o Brasil distante da América do Sul se constituiu, a ideia de
monarquia unificadora da nação estava posta.
Após essas considerações, a autora, em seu segundo período de análise, discute sobre
a instalação da república no Brasil em 15 de novembro de 1899 e como esse fato, em teoria,
mudaria as relações do Brasil com os demais países da América Latina. De acordo com
Maria Ligia uma aproximação tímida entre o Brasil e a América hispânica realmente
aconteceu, entretanto certos legados da monarquia deveriam permanecer, a exemplo a
“manutenção da unidade e grandeza do território”. De modo geral, com a instalação da
República no Brasil as relações diplomáticas com os demais países da América Latina não se
alteram, a distância entre o Brasil e a América Hispânica continuava ser acentuada pelas
diferenças que se estabeleceram, e assim a ideia de distanciamento entre Brasil e a América
Latina continuava presente no senso comum.

Você também pode gostar