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BELÉM
2023
PRADO, Maria Ligia Coelho. O Brasil e a distante América do Sul. Revista de História nº
145, 2001, pp. 127-149. https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18921.
Coelho Prado inicia sua explicação apresentado que o desentendimento entre os países
que outrora foram colônias das metrópoles Ibéricas não se limitava ao âmbito político mas
também o cultural e essa dissonância entre Brasil e o restante a da América Latina é
proveniente do conflito entre Portugal e Espanha (PRADO, 2001, p. 128). Com isso posto, a
autora nos conduz durante todo o texto à compreensão da rusga entre os pólos já
apresentados. Vale ressaltar que os países mais abordados no texto são a Argentina e o
Uruguai. Com tais fatos apontados podemos entender algumas reflexões brasileiras sobre tais
países.
Com um grande salto temporal, falarei sobre o segundo momento da pesquisa que está
inserido no século XX. Neste período o Brasil já é uma república, assim como os outros
países da América do Sul, porém os conflitos ainda continuam. O entendimento da construção
identitária nesse novo regime é diferente da compreensão do restante da América do Latina, e
ainda tenta achar similaridades com a outra América – Estados Unidos (PRADO, 2001, p.
140). Mesmo com alguns autores entusiastas da aproximação entre o Brasil e os
hispanos-americanos, não houve uma colaboração mais assídua para que os laços fossem
estreitados (PRADO, 2001, p. 140). Os argumentos antigos, usados para justificar esse
distanciamento, continuaram presentes e foram incluídos outros, como o cientificismo
positivista presente na construção do Brasil com república que colidia com os interesses dos
países vizinhos, pois ele criticavam esse cientificismo e estavam tentando recuperar o
idealismo e a perspectiva romântica (OLIVEIRA, 2005, p. 112). Além disso, existia o conflito
entre os hispano-americanos e os Estados Unidos, onde claramente o Brasil ficou ao lado do
país pertencente à América do Norte (PRADO, 2001, p. 141). A autora apresenta esta escolha
de lado ao citar uma resenha do autor paraense José Veríssimo ao livro Ariel do escritor
uruguaio José Enrique Rodó, onde Veríssimo apresenta não entender as alegorias presentes no
texto e diz “um sintoma do despertar do sentimento latino, ou antes, do sentimento espanhol
na porção ibérica da América” (Veríssimo 1902: 24). Assim, o Brasil não podia ser
enquadrado nessa moldura, indicando, mais uma vez, as distâncias que nos separavam.”
(PRADO, 2001, p. 141). A conclusão que chego é de que o Brasil não se entendia como parte
formadora da identidade da América Latina/do Sul, na verdade aparenta que o ser latino não
era algo bem visto e isso esbarra na certeza que Maria Ligia Coelho Prado traz ao final do
texto. Em relação a indagação da autora que encerra o artigo digo que o Brasil está tentando
criar essa aproximação, mesmo com todos os conflitos durante esses vinte e dois anos que
separa a escrita do artigo até hoje – e incluído os intempéries dos últimos quatro anos, o
brasileiro está se entendendo como parte formadora dessa identidade.
REFERÊNCIA
OLIVEIRA, Lúcia Lippi. Diálogos intermitentes: relações entre Brasil e América Latina.
Sociologias, Porto Alegre, ano 7, nº 14, 2005, pp. 110-129.
http://seer.ufrgs.br/sociologias/article/view/5544.