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UNIVERSIDADE DE S.

PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS

BOLETIM L

GEOLOGIA
N.° 2

S. PAULO — BRASIL
19 4 5
Os Boletins da F acu ld ad e de Filosofia, Ciências
e L etras da Universidade de São Paulo, são edita­
dos pelos D ep artam ento s das suas diversas secções.
T oda co rresp o n d ên cia deverá ser dirigida p a r a ,
o D ep artam en to respectivo da F a c u ld a d e de Filo­
sofia, Ciências e L etras Caixa Postal 105-B, S.
Paulo, Brasil.
The “ Boletins da F acu ld ad e de Filosofia, Ciên­
cias e L etras da U niversidade de S. P a u lo ” are
edited by the different d e p a rtm e n ts of the F a c u lty .
Ail c o rre sp o n d e n c e should be ad d ressed to the
D ep artm en t co ncern ed , Caixa Postal 105-B, São
Paulo, Brasil.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

R e ito r :
Prof. Dr. Jorge Americano.

D iretor da F acu ld ad e de Filosofia, Ciências e L e tra s:


Prof. Dr. A n d r é Dreyfus.

D epartam ento de Geologia e Paleontologia


D ireto r: Prof. Luciano Jacques de Moraes, Eng.
1.° Assistente: Josué Camargo Mendes, D. Sc.
2.° Assistente: R u y Ozorio de Freitas, L. Sc.
UNIVERSIDADE DE S. PAWEO
FACULDADE DE FIUSOFIA, ÇIÊNCIÃSf: LETftAS

BOLETIM L

GEOLOG IA
N.° 2

s f PAULO — BRASIL
19 4 5
BACIA TERCIÁRIA DO VALE DO RIO PARAÍBA, ESTADO DE
SAO PAULO

Luciano Jacques de Moraes


I __ INTRODUÇÃO

Em setem bro de 1942, o D iretor da Divisão de Fom ento da


Produção M ineral designou-nos p a ra visitar as jazidas de folhe-
lhos piro-betum inosos de Trem em bé e a usina de destilação desse
m aterial situ ad a em T aubaté, Estado de S. Paulo, e p re p a ra r um
relatório sobre as condições geológicas e possibilidades econôm i­
cas dessas jazidas, e ainda sobre a situação atual da indústria de
aproveitam ento das rochas oleígenas.
Nas presentes notas, condensám os o resultado de nossas obser­
vações naquela região, acrescentando as inform ações que nos foram
possiveis obter em trabalhos publicados ou inéditos, m encionados
no texto.
Quem q u er que seja que estude o aproveitam ento dos xistos
piro-betum inosos do vale do Rio P ara ib a não pode deixar de ter
como guias os trabalhos de D jalm a G uim arães, Fróes Abreu e
Rothe.
No nosso relatório original, foram feitas supressões de alguns
trechos que feriam assunto cuja dou trin a deve ser firm ad a pelo
Conselho Nacional do Petróleo. Essas supressões se fizeram de
acordo com as recom endações desse órgão, préviam ente consul­
tado, em obediência aos dispositivos legais.
E ndereçam os os nossos agradecim entos à Divisão de Fom ento
da Produção M ineral, n a pessoa de seu antigo diretor, eng.° Ave­
lino Ignacio de Oliveira, e na do atual, eng.° Alberto Ildefonso
E richsen, pela perm issão de publicarm os o presente trabalho.
Agradecem os, tam bém , ao eng.° Mario da Silva Pinto, d ire­
to r do L aboratório d a Produção M ineral, pelo interesse dem ons­
trad o na execução p ro n ta das análises e por nos haver facultado
a consulta de relatórios inéditos dessa repartição.
II _ CONFRONTAÇÕES

Ao longo do rio P araiba, no Estado de S. Paulo, estende-se


u m a form ação terciária de água doce (folha 1) que começa perto
de Mogí das Cruzes e se prolonga até as proxim idades de Cachoei­
ra, assentando-sc diretam ente sobre o terreno arqueano (1, 2, 24).
Lúciano Jacq ues de Moraes

J&CL&L
Bacia terciária jjo vale do Rio Paraíba, Estado de São Paulo 5

O com prim ento dessa faixa sedim entária é de 160 quilôm etros,
se tom arm os a m edida entre os dois pontos extrem os acim a m en­
cionados, n a carta do Estado de S. Paulo, organizada pela an ti­
ga Comissão G eográfica e Geológica daquele Estado (5). A di­
vergência en tre e&se com prim ento e as dim ensões dadas pelo p ro ­
fessor J C. B ran n er (1), por I. C. W hite (3) e por W ashbur-
ne (6) provém do m elhor conhecim ento da geologia da região.
A bacia sedim entária dilata-se por am bas as m argens do rio
P ara íb a e apresenta larg u ra variável, conform e o vale se torna
m ais ou merios apertado. A m aior larg u ra verifica-se no trecho
entre C açapava e P indam onhangaba, onde atinge de 18 a 22 qui­
lôm etros. Em G uaratinguetá, ela baixa a 12 quilôm etros. A su­
doeste de Jacareí, a bacia estreita-se p ara term in ar num a ponta a
noroeste de Mogí das Cruzes. Tam bém aqui surge o mesmo re p a ­
ro quanto ao valor dessa dim ensão. W hite a avalia em 4 a 5 qui­
lôm etros, núm ero igualm ente aceito por W ashburne. O profes­
sor Alberto Betim Paes Leme (10) diz que em C açapava a largu­
ra da bacia sedim entária chega a 20 quilôm etros, desde a S erra
do Jam beiro até ao norte da Serra da M antiqueira.
O rio P araíb a, ora se aproxim a mais de um a, ora m ais de ou­
tra das encostas laterais do terreno do complexo cristalino.
Em S. José dos Campos, o rio passa junto ao contacto dos
sedim entos com o arqueano, no lado oeste da bacia sedim entária.
Daí até P indam onhangaba, ele continúa correndo m ais nesse lado
da bacia, enquanto que em A parecida e em G uaratinguetá ele
aproxim a-se do lado leste.
Uma bacia sem elhante a esta existe no vale do rio Tietê, nos
arredores da cidade de S. Paulo, (25) expandindo-se p a ra oeste
e prolongando-se p a ra sudeste, no rum o de Mogí das Cruzes, onde
quasi que se liga à do P araíba, da qual foi separada pela erosão.
F alta apenas um a distância de 5 quilôm etros p ara que as duas b a ­
cias s*e toquem (5).
O utra bacia, pequena, apresenta-se na zona de Rezende, no
Estado do Rio de Janeiro, entre Campo Belo e Quatís (13, 23,
26 e 27).
Esses terrenos consistem cm folhelhos e arenitos e, em certos
pontos, encerram fósseis de água doce, linhito e fragm entos de
m adeira carbonizada. Na encosta da serra do Jam beiro, próxim o
a Caçapava, há cam adas de linhito, ou carvão sub-betum inoso.
Fisiograficam ente, esses terrenos classificam -se: nas parte$
baixas, m arginais aos cursos dágua — várzeas; e nos terrenos on­
dulados ou pequenas lom badas — terrenos de campos ou sim ples­
m ente campos. A diferença de nível acim a do leito do rio P a ­
raíb a vai até 60 m etros.
6 Luciano Jacques de Moraes

III — ZONA DE TAUBATÉ-TREMEMBÉ

1) — Geologia:

Nos depósitos terciários do rio P araiba, encontram -se folhe-


lhos piro-betum inosos, conhecidos há várias dezenas de anos e
que já têm sido utilizados p a ra produção de gás de ilum inação e
de óleos.
Na zona de T rem em bé-Taubaté, o vale do P ara íb a fica com ­
preendido entre a S erra da M antiqueira, p a ra oeste, e a S erra de
Q uebra-C angalha, p a ra leste. E sta últim a é um contraforte da
S erra do Mar, da qual fica separada pelos vales dos rios P araítin -
ga e P araíb u n a, principais form adores do rio P araib a. A secção
geológica da fig u ra 1 representa esquem aticam ente a posição
ocupada pelos depósitos terciários em relação a essas m ontanhas
arqueanas.
Os folhelhos afloram som ente num ponto ou noutro por se
acharem cobertos p o r depósitos quaternários, aluviais, nas bai­
xadas ou por u m a cam ada de solo argiloso, nos terrenos de cam ­
pos (4). Notam -se tais afloram entos na zona de Trem em bé, na
m argem do rio P araíb a, no rio Una, n a F azenda da Mombaça e em
outros lugares.
As cam adas apresentam -se em posição proxim am ente hori­
zontal, n a p arte m édia d a bacia. Mas nota-se, entretanto, em cer­
tos pontos, que elas se acham inclinadas, principalm ente quando
o observador se dirige p a ra as encostas laterais ao P araíba, fo r­
m adas de gnais e granito. W ashburne diz que o terreno terciá­
rio do A lto-Paraíba m ergulha p a ja noroeste e Alberto Betim Paes
Lem e observou, n a F azenda Bonfim, a 11,5 km. ao sul de Caçapa-
va, que as cam adas de linhito, de xisto e de argila, estão fo rte­
m ente inclinadas p a ra o sul, encostadas no granito. “ A inclina­
ção é m ais acentuada na vizinhança do granito (antigo poço dó
Bonfim ) e prossegue sem pre no mesmo sentido, p a ra o sul, até as
vizinhanças im ediatas do gnais do sopé da S erra do Jam beiro.
A inclinação não é, aliás, reg u lar” (10).
R efere o Dr. Alberto Betim Paes Lem e que, em Jam beiro,
h á três níveis de linhito e de xisto betum inoso, separados uns dos
outros por alguns m etros de argila. Acrescenta que as sondagens
aí executadas p a ra pesquisa de linhito foram até a profundidade
de 80 m etros, sem alcançarem o granito subjacente. O pina o Dr.
B etim Paes Leme que, n a bacia do linhito, a espessura dos sedi­
m entos é, segundo sondagens, de 150 m etros, grande, portanto,
p a ra um a bacia de dim ensões relativam ente pequenas. Essa b a ­
cia apresenta-se separada da grande bacia sedim entária por um a
Bacia terciária dç vale do Rio Paraíba, Estado de São Paulo 7

faix a de granito (10). V isitando a propriedade, em setem bro de


1942, yim os testem unhos de sondagens constituidos de arcósio gros­
seiro, com o feldspato fresco do granito.
Em outro trabalho, (12) o professor Betim inform a que os se­
dim entos m ergulham em direção à m argem sul da antiga lagoa,
ao pé dos contrafortes da S erra do M ar e acrescenta que lhe p a ­
receu que as cam adas ocupavam a sua posição atual em virtude
de um jogo de falhas, as quais fariam p arte do cortejo de aci­
dentes que rem odelou a S erra do M ar até o período terciário.
A pro fu n d id ad e a que atingem os depósitos lacustres do Alto
P ara íb a é relativam ente grande, se considerarm os a sua natureza,
pois consta que um a sondagem feita em T aubaté foi além de 150
m etros, sem sair dos folhelhos (3), e um a perfuração p raticad a
em P indam onhangaba, pelo Governo do Estado de São Paulo,
no H aras P aulista, atingiu a profundidade de 110 m etros, sem pre
dentro dos folhelhos. M enciona Valerio B raga que um a p e rfu ra ­
ção realizad a em T aubaté, há uns 40 anos, pela C om panhia Ingle­
sa que ali fab ricav a gás p a ra a cidade, atingiu a profundidade de
240 m etros, sem chegar ao fundo da bacia terciária (17).
T am bém Moraes Rego (24) opina que a espessura desses se­
dim entos frequentem ente é superior a 100 m etros. Esclarece que,
no poço do Instituto Com ercial de Taubaté, foi atingida a pro­
fundidade de 120 m etros; no poço n.° 1 do Estabelecim ento dos
Padres T rapistas, chegou-se à profundidade de 104 m etros e, no
n.° 2, de 93 m etros.
As cam adas de folhelho m ostram -se atravessadas por diacla-
ses, ao longo das quais, às vezes, se observam estrías de fricção.
Os folhelhos oleígenos não form am cam adas contíguas, m as
ocorrem , tanto no sentido vertical como no horizontal, sob a form a
de intercalações lenticulares nos folhelhos com uns da form ação
terciária. A espessura dessas lentes oscila em torno de 2 m etros,
conform e já havia sido observado por W hite (3) e a área de cada
um a delas pode ser tom ada como a de um círculo de 700 m etros
de diâm etro, núm ero adm itido pelo Dr. D jalm a G uim arães, ou
de 500 m etros, na opinião de Moraes Rego (19).
A coloração dos folhelhos vai do cinzento-escuro ao cinzento-
esverdeado ou am arelado. A rocha m ais escura é m ais com pacta,
enquanto que as outras têm a estru tu ra lam elar m ais acentuada,
principalm ente o folhelho claro. Estes três diferentes tipos de
rochas argilosas são distinguidos, na região, por nom es d iferen tes:
o claro — p or xisto papiráceo, xisto de folhas ou carijó; o escuro
— por xisto pétreo ou de pedra; e o interm ediário — por xisto
semi-papiráceo ou interm ediário.
Conforme D jalm a G uim arães, distinguem -se os seguintes ti­
pos de folhelhos oleígenos na região em a p re ç o ;
8 Luciano Jacques de Moraes «

í) Folhelho papiráceo ou xisto folha, com estru tu ra fin a ­


m ente lam elar, verde ou com tonalidade verde-am arelada, p ar-
dacenta ou cinzenta, considerado como o m ais rico, sob o ponto
de vista da produção de óleo. Este folhelho é o que contém m aior
porção de p irita visivel ao microscópio e tam bém é o que encerra
m aior q u antidade de carapaças de Cypris.
2) Folhelho semi-papiráceo ou interm ediário, com estru tu ra
lam elar m enos nítida, m enos rico em fósseis e óleo.
3) Folhelho “betum inoso”, com estru tu ra lam elar ainda m e­
nos n ítid a e b aixa percentagem de óleo.
Quando secos, a coloração de todos esses folhelhos se torna
menos intensa ou m enos carregada.
Nos dois últim os tipos, os tons verdes são m ais atenuados,
com tendência à cor azulada, característica dos folhelhos estéreis.
Estes são os folhelhos comuns da região, geralm ente dolomíticos
ou calcáreos, de acordo com as análises procedidas pelo Dr. Dj al­
m a G uim arães, e conhecidos como folhelhos ou xistos pétreos ou
“ xistos de p ed ra”
As sondagens realizadas sob a direção do Dr. D jalm a Gui^
m arães, no m unicípio de Trem em bé, m ostraram que há disconti-
nuidade das cam adas de folhelhos oleígenos e que elas apresen­
tam fórm a lenticular. Assim, esses diferentes tipos de folhelhos
não se apresentam necessariam ente no mesmo horizonte. A es­
pessura das cam adas e leitos ricos vai, desde poucos centím etros,
até m ais de 0,m70.
Na opinião do Dr. D jalm a G uim arães, de outras pessoas que
se tem preocupado com o assunto e das que trabalham na m ina
da Panai, em Trem em bé, o folhelho claro ou papiráceo é o que
produz m ais óleo por destilação destrutiva. Isso tam bém é o que
se diz dessas rochas na África do Sul, na Escócia, em M araú e
outros lugares. E ntretanto, o Dr. Rothe, depois de m eticuloso
estudo dos xistos de Trem em bé, afirm a que não se pode fazer
essa distinção e que só a análise quím ica pode auxiliar a distin­
guir as cam adas m ais ricas das m ais pobres (16).
Observa-se, nesses folhelhos, grande abundância de c a rap a­
ças de ostracoides do gênero Cypris, que tam bém são com uns nos
folhelhos oleígenos da Serra de A raripe e nas cam adas da S erra
de Jatobá, em Pernam buco. P arece que a designação de carijó
p a ra esses folhelhos, em Trem em bé, vem do fato deles se apresen­
tarem cheios de pequeninas m anchas esbranquiçadas devidas às
acum ulações das carapaças dos ostracoides.
Bairro do Una ou Padre Eterno — Sob esse nome, é designa­
do um trato de terrenos de várzeas e campos, ou taboleiros, exis­
tentes a sudeste de Trem em bé, entre os rios P araíb a e Una. Os fo ­
lhelhos aparecem aí em vários pontos, em alguns dos quais fo ram
feitas excavações p ara procura ou extração do m aterial.
Bacia terciária do vale do Rio Paraíba, Estado de São Paulo 9

Na F azen d a S. José, do Dr. Bento Queiroz Filho, vimos dois


poços abertos pelo p roprietário, p a ra pesquisa de folhelhos oleí-
genos. Essa fazenda dista 4 quilôm etros de Trem em bé e ocupa
um a área de 60 alqueires paulistas, ou 145,2 Ha, em um a várzea
utilizada p a ra cultu ra de arroz, com um com prim ento de 2 qui­
lôm etros, entre os rios P araíb a e Una, no sentido NW -SE, e la r­
gura de 1 quilôm etro, no rum o EW Nessa área, existem algum as
pequenas lagoas que desaguam no rio P araíb a e que, excepto um a,
se esgotam na estação seca.
E sta área se acha com preendida na zona concedida à Com­
p an h ia P an ai p a ra pesquisar folhelhos piro-betum inosos, zona
essa que abrange o trecho da estrada do P adre Eterno até à m a r­
gem da linha da E strad a de F erro Campos do Jordão, no lado di­
reito do rio Una, e jmelue grande parte deste rio.
Os xistos afloram no leito e nas m argens do rio Una, espe­
cialm ente no córte feito p ara o canal de irrigação da fazenda da
Mombaça, n a m argem direita. Em alguns trechos, o canal foi es­
cavado in teiram en te nos xistos. A diferença de nível entre a v á r­
zea e os cam pos da m argem direita é de uns 50 m etros. Conti­
nuando p a ra leste, os terrenos de campos descem no ribeirão do
Socorro, no rum o de P indam onhangaba. A secção geológica da
fig. 2 dá um a idéia da geologia dessa zona.
Na várzea da F azenda São José, extraía-se, antigam ente, xisto
piro-betum inoso, o qual era enviado p ara Taubaté, p ara destila­
ção. A p ro fundidade em que se encontra o xisto papiráceo, ca-
rijó, regula ser de 20m em diante, de acordo com as inform ações
obtidas.
Inspecionám os, aí, os dois poços abertos recentem ente pelo
p ro prietário da fazenda, ambos situados na m argem esquerda do
rio Una (fig. 3).
Um desses poços, o m ais próxim o da m argem do rio, foi até à
profundidade de 3,5m, parando nos xistos. Nele, como na m a r­
gem d ireita do rio, notam -se os xistos pétreo e sem i-papiráceo, com
as carapaças de ostracóides. Uma am ostra desses xistos, an ali­
sada no L aboratório da Produção Mineral, revelou conter 4 % de
alcatrão prim ário.
O outro poço começou em nivel um pouco m ais elevado do
que o anterior, cerca de l,5m , atravessou 2,5m de argila e depois
parou na areia friável, na profundidade de 3,5.
A 1,5 km a S-SW do lugar anterior, tam bém no B airro do
Una, no sítio de Vitorio Capelletti, há uns 10 anos, foi feito um
poço de cerca de 3,0m de profundidade p ara a extração de xisto
papiráceo, que era fornecido à em prêsa do C om endador J. Tei­
xeira Pombo, antecessora da Panai. Vimos um resto do m ate­
rial acum ulado do lado de fóra do poço. Este lugar fica a cerca
de 4 km. de Trem em bé. A área é de 2 alq. de terra ou 4,84 Ha.
10 Luciano Jacques de Moraes

A F azenda P anai, de propriedade dessa Com panhia, acha-se


igualm ente situada no b airro do Una ou P ad re Eterno, à distân­
cia de 3,5 km . de Trem em bé. Está, como os lugares anteriores, en­
tre os rios Una e P araíb a, m as na p arte de terrenos altos ou cam ­
pos. Foi feito aí um poço, de secção q uadrada, com 25m de p ro ­
fundidade. Alcançou o xisto a 12m: prim eiro, o pétreo e de­
pois o papiráceo. O m aterial ia ser tratado no local em um a usi­
na de destilação que começou a ser construída e da qual ainda
restam partes da estru tu ra m etálica, fundações, reservatório p ara
água e um a casa. Existe um pouco do xisto extraído, o qual era
rem etido p a ra T aubaté p a ra lá ser destilado. Na superfície, há
um a cam ad a de areia ou argila, conform e se trate de brejo ou
taboleiro, depois argila ou b arro preto e, afinal, o xisto pétreo.
O m aterial arenoso contém pequenos seixos de quartzo e é
denom inado pedregulho. Área da fazen d a: 52 alqueires, ou
145,84 Ha.
Visitam os o sítio São Roque, a 2 quilôm etros da cidade de
Trem em bé, p a ra o lado leste, de propriedade de Bento Queiroz
Filho, com um a área de 11 alqueires. Está próxim o à fazenda
da P anai, com a qual confina por dois lados. F ica colocado na
p a rte alta ou de campos. Foi excavado aí um poço até a p ro fu n ­
didade de 2 m etros, n a argila arenosa, sem alcançar os folhelhos.
Nas excavações p a ra as fundações da ponte sobre o rio P a ­
raíba, em Trem em bé, na estrada que vai a Campos do Jordão,
apareceu o xisto pétreo, no qual cavaram pouco m ais de um m e­
tro e lan çaram o concreto. As m argens do rio são de terrenos
quaternários, de areia e argila.

2 — Possibilidade econômica das jazidas de folhelho oleígeno:

As sondagens e excavações a céu aberto feitas na região de


T rem em bé e em outros pontos da bacia sedim entária do Alto P a ­
ra íb a assinalaram as cam adas piro-betum inosas em vários níveis
e em vasta distribuição nessa área. Assim se verificou n a jazid a
Nossa Senhora da Guia, em Trem em bé, onde se observam três n í­
veis dessas rochas, até à profundidade de 14 m etros; nas sonda­
gens executadas, há uns 20 anos, pelo Dr. Otávio Siqueira, nos
arredores de Trem em bé, sob a orientação técnica do Dr. D jalm a
G uim arães e por conta do Dr. Roberto Simonsen, as quais prova­
ram a existência desses xistos em vários pontos e em diferentes
p rofundidades; num a perfuração realizada em T aubaté, no local
da usina da Panai, onde os xistos sem i-betum inosos apareceram
à p ro fu n d id ad e de 25 m etros; em vários pontos do B airro do Una
ou P ad re Eterno, a leste de T rem em bé; em G uaratinguetá; em Ca-
Bacia 4erciária do vale do Rio Paraíba, Estado de São Paulo 11

çapava, em sondagem efetuada próxim o à linha da E . F C. B .,


além da ocorrência da m ina de linhito n a F azen d a Bonfim. In-
form aram -nos, tam bém , que apareceu folhelho oleígeno em ex-
cavações abertas em S. José dos Campos.
Desde 1895, iniciou-se o aproveitam ento dessas rochas oleí-
genas em um a instalação que fornecia gás p a ra a ilum inação da
cidade de T aubaté. Com o advento d a luz elétrica, essa in stala­
ção ficou p aralizad a e desde então tem trabalhado esporadica­
m ente p a ra a produção de óleo, visando m ais a dem onstração da
possibilidade de obter esse com bustível líquido pela destilação dos
folhelhos.
Pelos estudos efetuados por diversos técnicos, dentre os quais
destacam os D jalm a G uim arães (4), Silvio Fróes Abreu (7, 8, 28)
e o professor Oto R othe (16), sabe-se que os folhelhos piro-betu-
m inosos do vale do rio P a ra íb a constituem enorm e reserva de óleo
m ineral, que pode ser aproveitada em grande escala por proces­
sos m odernos de destilação destrutiva. Em certos pontos, como
na região de T rem em bé, há m assas consideráveis de folhelhos com
m ais de 10 % de óleo, perm itindo o estabelecim ento de grandes
usinas de destilação. Nestas condições, de acordo com Fróes
Abreu, é viável a instalação dum a indústria de óleo de xisto nessa
região “ e m esm o aconselhável como base de defesa nacional. E ’
preciso, entretanto, que se façam estudos visando certos pontos
que reputam os indispensáveis a qualquer projeto de in stala­
ção” (8)
Em conclusão, pode-se afirm a r que são enorm es as reservas
de rochas oleígenas n a bacia sedim entária de água doce do Alto
P ara íb a e que há possibilidade dessa região poder fornecer um a
considerável q u an tid ad e de óleo e sub-produtos valiosos de que
m uito necessita a Nação. D aí a sua im portância estratégica, m o r­
m ente na h o ra presente, dada a situação privilegiada dessas ja ­
zidas, colocadas n a região de m aior concentração in d u strial do
Brasil.

Areia t ar$ila {Q u sle rru irio f

£ e c ç .è b e s f ja v n á J - í c a . d a ò a .c í- 3 s e d i m e n J a r i a d o R i o P e r a í ò a n a r e y i é ò d e T r e m e m n e
12 Luciano Jacques àe Moraes

NE
fsz.M om baça

3 — Método de lavra em pregado:

Visitamos a m ina de folhelhos oleígenos de Nossa S enhora da


Guia, em Trem em bé, de propriedade da Panai. Consiste em um a
pequena área de cerca de um alqueire de terra paulista (2,42 H a),
que vem sendo lav rad a desde longa data e foi m anifestada e r e ­
gistrada no D epartam ento Nacional da Produção M ineral como
m ina em lavra, de acôrdo com o art. 10 do decreto n.° 24.642, de
10 de julho de 1934 (Código de M inas). Esta área é circundada
por um a outra, m uitas vezes m aior, de concessão de José E rm irio
de Moraes, e que abrange a estrada de rodagem de T aubaté a
Trem em bé, a p a rtir da ponte do ribeirão do Moinho, e o trecho
do rio P araib a até à estrada do P adre Eterno.
Na área da Panai, existe um a excavação a céu aberto feita
no lugar do antigo tunel ou galeria. A excaVkção m ede 16 m e­
tros de com prim ento no sentido sudeste, por 14 m etros de la r­
Bacia terciária do vale do Rio Paraíba, Estado de São Paulo 13

gura e dé profundidade. Na m argem dessa excavução, foi feito


um poço de estru tu ra áe m ad eira e revestido de tijolo, provido
de dois elevadores, de capacidade de um a tonelada cada um e
de secção de l,6Qm x 1,20 m. No alto, há dois silos, de cap a­
cidade de 12 toneladas cada um. Do fundo do poço, p a rte p ara
NE, um a galeria prin cip al (tunel m estre) com 3 m etros de larg u ­
ra por 2,5 m etros de altura, da qual saem 8 galerias transversais,
espaçadas de 6 em 6 m etros e de secção de 2,5m x 2,5in. Destas,
partem outras galerias, subtransversais, ligando as galerias tra n s­
versais 'entre si, de 6 em 6 m etros. A galeria m estra m ede 80 m e­
tros de com prim ento e as outras m edem de 20 a* 40 m etros. A
extensão total das galerias já u ltrap assa 700 m etros em um a área
de 100 m etros de com prim ento por 60 m etros de largura. As no­
vas gal'erias e salões estão sendo abertos no sentido do m ergulho
das cam adas de folhelho. As galerias são providas de ilum inação
elétrica, bem como de trilhos e de vagonetes p a ra transporte de
m aterial extraído. Não se faz uso de explosivos.
A extração fica em Cr$> 12,00 por m etro corrente de galeria,
o que corresponde a cerca de 8 toneladas ao preço de Cr$ 1,50
por tonelada n a fren te de trabalho. O preço da tonelada de xisto
em cim a do silo é de Cr$ 2,50, aproxim adam ente, de acôrdo com
inform ação do Dr. Jo p p ert M artin. O transporte até T aubaté
custava Cr$ 6,00 por tonelada, p a ra um a distância de 9 quilôm e­
tros, em cam inhões. Agora, esse preço eleva-se a Cr$ 10,00 ou
mais, devido ao alto preço da gasolina.
Nos 14 m etros de xistos, entre a superfície e o fundo do poço,
exis.tem três zonas de folhelhos oleigenos, com a cam ada papirá-
cea in tercalad a nos xistos pétreo e in term ed iário . P artin d o da
superfície, encontra-se, prim eiro, um a cam ada na profundidade
de 4 m etros e um a segunda a 7 m etros. N aquela, o xisto papirá-
ceo apresenta a espessura de 0,14 m etros e nesta de 0,18 m etros.
O xisto papiráceo, nas galerias, apresenta-se sob dois tipos: um
preto e um m arro n . Este últim o encerra as carapaças de Cypris
em m aior abu n d ân cia. O folhelho preto mede, em m édia, 0,10m
e o m arro n 0,40m, na galeria p rin cip al. O resto da espessura,
p ara com pletar 2,5m, é representado pelo xisto sem i-papiráceo e
pelo pétreo.
Consta terem sido encontradas 30 cam adas de folhelho p ap i­
ráceo na sondagem feita até à profundidade de 140 m etros.
Os xistos saídos da m ina são todos m isturados e aproveitados
na usina de destilação de Taubaté, com um teor m édio de 13% de
óleo b ru to .
O encarregado da m ineração, que nos acom panhou e nos pres­
tou inform ações, disse que pode ser feita a lav ra seletiva, tira n ­
do apenas a porção dos folhelhos constituída pelas cam adas pa-
pirácea e semi-papirácea.
i
14 Luciano Jacques de Moraes

A P an ai Jem v árias áreas concedidas pelo Conselht) N acional


do Petróleo p ara pesquisa e lavra de folhelhos piro-betum inosos
na região de T rem em bé-T aubaté. Ao todo, as suas áreas somam
cerca de 8.000 Ha, segundo nos inform ou o D r Roberto M artin.
Uma dessas áreas começa em T aubaté e dirige-se p a ra nordeste,
com 980 Ha (decreto de lavra n . 8.545, de 16 de jan eiro de 1942 —-
D iário Oficial de 29-1-942), confinando com outras áreas objetos
de autorizações de pesquisa (decreto n.° 8.544, de 1.000 H a; de­
creto n.° 8.558, de 903 Ha, etc.)
A usina da Panai, em Taubaté, está dentro da á rea da con­
cessão acim af referid a e na área superficial de sua p ropriedade,
de 12.000m2, aproxim adam ente. A C om panhia P an ai tem opção
para com prar um terreno contíguo a esse p a ra pesquisar
20.000m2.
Ao lado da usina, no terreno da sua propriedade, a Compa*
nhia fez um a sondagem até à profundidade de 50m, sem pre nos
xistos, encontrando várias cam adas de folhelho papiráceo, a m ais
espessa com 0,45m, a 25m da superfície.
Em um a das sondagens executadas sob a orientação do D r.
D jalm a G uim arães, foram achados três níveis de folhelhos oleí-
genos até à profundidade de 40m.
Esse técnico é de opinião que, p a ra serem aproveitados, esses
xistos devem d a r m ais de 8% de óleo. E ntretanto, acentua que
as condições críticas de explorabilidade abaixo das quais não será
prudente descer, são aquelas em que as cam adas de folhelhos
oleígenos, convenientem ente com binadas, perfaçam um a espessu­
ra de 2m e dêm um teor m ínim o de 9,19% de óleo.
As sondagens m ostraram que já não há continuidade das ca­
m adas em um raio de 300m em torno dos fu ro s. A dm itindo 200m
de raio e um a espessura de 2m, o D r D jalm a R odrigues encon­
trou 550.000 toneladas, em núm eros redondos, p ara cada lente
de xistos. P ara um consumo diário de 1.000 toneladas, isso re ­
presenta m inério suficiente apenas p a ra 1,2 anos. No caso de h a ­
ver três níveis de xistos e um poço de 40m de profundidade, ter-
se-á m aterial p ara 3 a 6 anos.
Julga o~ mesmo técnico que, p ara a in d ú stria de aproveita­
m ento dos xistos piro-betum inosos, as condições de jazim ento são
“ os prim eiros fatores a considerar, sob pena dos óbices vencidos
na exploração refletirem no processo de tratam ento do m inério”,
pois, do custo global da exploração e tratam ento do m inério até
os óleos fracionados, só a m ineração absorve m ais de 50%
Os m étodos de lavra p ara jazidas dessa natureza são sem e­
lhantes, em geral, aos das jazidas de carvão.
O m aior obstáculo é constituído pela fa lta de continuidade
das cam adas, a qual dificulta a centralização da lav ra. Devido
à fórm a lenticular alongada das cam adas de folhelho rico, é ne­
Bacia terciária do vale do Rio Paraíba, Estado de São Paulo 15

cessário proceder à extração do m inério em vários^ pontos sim ul-


tâneam ente, se se quizer au m en tar a produção. E é preciso tra ­
b a lh a r em um a g rande área de terreno, caso não se q u eira apro-
fu n d á r m u ito . Cum pre, por isso, d elim itar as áreas onde se lo­
calizam as cam adas ricas.
Os furos de sonda fo ram feitos à distância de 1.000 a 1.500
m etros, um do o u tro . A distância m ínim a entre dois poços foi de
800 m etros.
Os engenheiros de m inas am ericanos Flem ing, F o u rq u rean e
Good visitaram a jazid a de folhelho oleígeno de Trem em bé e
apresen taram um bem elaborado relatório a respeito da
m esm a (18).
Não foram tom adas providências p a ra a fu tu ra extensão da
m ineração su b terrânea, dizem esses técnicos, de quem são, tam ­
bém, as seguintes observações:
a) Algumas das galerias foram dirigidas segundo o m ergu­
lho, o qual creará um problem a de drenagem e tran sp o rte com o
desenvolvim ento da m in a.
b) O folhelho está sendo extraído no avançam ento e m ui­
to próxim o ao poço, com prom etendo a estabilidade deste, em bo­
ra não tenham sido desm oronados p ilares. Deve ser tom ada
m aior precaução p a ra a conservação de pilares reforçados nas
adjacências dos poços.
c) A m ineração está agora sendo conduzida na porção su­
perior da jazida, e se o folhelho, nesse nível, fôr extraído no
avançam ento, os m ineradores perderão um a elevada percen ta­
gem de folhelho nos pilares deixados de pé ou serão encontradas
dificuldades com as condições do teto nos níveis inferiores.
d) O poço está sendo construído de tijolo, o que indica que
os m ineradores não têm intenção de estendê-lo a níveis m ais b a i­
xos. Se o fizerem , a construção de tijolo oferecerá dificuldades.
e) Não foi tom ada nenhum a precaução p a ra ventilação. As
atuais galerias de ligação com o poço to rn arão difícil a circu la­
ção de a r com o desenvolvim ento da m in a.
A m ineração a céu aberto pode ser feita até uns 15 m etros de
pro fu n d id ad e.
P ara a m ineração su b terrân ea é preciso estu d ar conveniente­
m ente o projeto ou plano da m ina, a ventilação e os m étodos de
m in eração .
É preciso fazer m ais pesquisas e ensaios p a ra d eterm in ar com
•exatidão toda a extensão e valor potencial da jazida, pois agora
só se pode dizer que o depósito é de grande extensão e rep resen ta
um a vasta reserva p a ra um país que tem m uito pouco p e­
tróleo (18).
O professor Rothe acha indispensável orientar, pela análise
Fischer, a m ineração dos diferentes horizontes em todas as gale­
16 Luciano Jacques de Moraes

rias, pois as análises que efetuou acusaram diferenças sensíveis


de rendim ento em óleo, tanto de um horizonte p ara outro, c o m o
em m aterial do mesmo horizonte, aparentem ente hom ogêneo (16).
Julga que o atu al processo de m ineração pode ser m elliorado
pelos seguintes m otivos:
a) Sendo o m aterial bastante resistente, não é necessário
que as galerias fiquem tão afastadas um as das outras, bastando,
talvez, deixar pilares p a ra sustentar o teto ou cap a. 5»
b) Nas condições atuais da m ineração, dispensa-se escora-
m ento. Contudo, quando os folhelhos com eçam a secar, há p eri­
go de desabam entos, os quais ocorrerão logo que se au m en tar a
produção. N ecessitar-se-á de m aior núm ero de m ineiros. As ga­
lerias terão m aior extensão e os poços m aior profundidade.
D estarte, ter-se-á que recorrer à ventilação artificial. O prófessor
Rothe aconselhou en tu lh ar im ediatam ente, com o m aterial desti­
lado, as galerias abandonadas, p a ra evitar futuros prejuízos. As
galerias necessárias p ara as comunicções talvez pudessem ser re ­
vestidas com argam assa de cim ento.
c) Se bem que seja m uito elevada a produção por m ineiro
treinado (de 10 a 15 toneladas por dia), esse núm ero não pode
servir de base p ara os cálculos, e é aconselhável tom ar como m é­
dia a m etade da produção m áxim a do m elhor m ineiro, pois os
dem ais não apresentam a m esm a habilidade nem resistência bas­
tante p ara essa produção excepcional.

4 — Destilação dos folhelhos oleígenos:

I. C. W hite (3) dá o resultado da destilação do xisto de Tre-


membé, feita sob a direção do professor B. A. H ite; e B ranner
ju n ta o resultado dos ensaios de destilação realizados pelo Dr
Guilherm e Plorence ,de S. Paulo, com os seguintes ren d i­
m entos (2):
Óleo crú 13,08%
Água 23,36
Resíduo 58,64
Gáses e perd as 4,02

100,00

S eparados de óleo crú % Kg p o r to nelada de folhelho


Gasolina .... 4.0 5,23
Querozene ........... 43,3 . . 56,64
Óleo p a r a gás . . 12,1
Óleo p a ra lubrif. ............. 19,6 ...................................... 15,83
...................... •• 25,64
P arafin a ................ 6,9
........................... •• 9,03
Resíduo co m b u st..................... 4,0
P e rd a s . . 10,1 ...................................... 5,23
Bacia terciária do vale do Rio Paraíba Estado de São Paulo 17

W h ite e ra de opinião que, no fabrico de gás de ilum inação,


m elhores resultados poderiam ser obtidos m isturando-se o folhe-
lho com carvão p a ra gás de boa q u a lid a d e .
N um erosas análises e ensaios de destilação foram efetuados
posteriorm ente p or Dj alm a G uim arães, Fróes Abreu, Oto Rothe
e outros.
Os ensaios realizados pelo D r. D jalm a G uim arães m ostram
que os. teôre^ em óleo vão de 4' até 28,8%.
O professor Oto R othe realizou um estudo m inucioso sobre a
destilação dos folhelhos oleígenos do Vale do P araíba, p re p a ra n ­
do um substancioso relatório sobre o assunto (16)
G raças à gentileza do Dr Mário Pinto, D iretor do L aborató­
rio da Produção M ineral, pudem os m anusear esse interessante e
com pleto relatório, do qual extraím os os dados seguintes:
Os folhelhos m ostram -se bastante úm idos na saída da m ina,
com cerca de 30% de um idade, que deve ser elim inada antes da
destilação. As análises procedidas não revelaram diferenças no­
táveis na percentagem de óleo entre a am ostra m édia obtida na
frente de trab alh o e o xisto papiráceo da m esm a fren te. Porções
isoladas do m esm o tipo de xisto apresentam variação m uito m aior
na sua com posição e no rendim ento em óleo do que a referid a
am ostra m édia das três espécies de folhelhos oleígenos. Daí a
necessidade de acom panhar a m ineração com análises expeditas,
não sendo suficiente a escolha de m aterial pelo sim ples aspecto.
Esta falta de hom ogeneidade deve ser devida ao acum ulo irreg u ­
lar de organism os anim ais e vegetais, em pontos diferentes, d u ­
ran te a form ação dos folhelhos.
O mesmo professor afirm a ser facil a secagem até o conteúdo
de 4 a 6% de água e que não convém levar essa operação a tem ­
p eratu ras superiores a 220°C. Julga possível, por isso, em pregar
gases de cham iné p a ra esse fim , parecendo que se obtêm m elho­
res resultados quando o folhelho e os gases se m ovim entam na
m esm a direção. É dificil o britam ento do m aterial seco por ser
o mesmo b astan te elástico e resistente, o que ainda acontece com
o folhelho com teor de 10% de água, isto é, com a secagem ao ar
Mas o xisto úm ido, como vem da m ina, pode ser cortado a faca ou
raspado, p ro p ried ad e que deve ser aproveitada p a ra m oer con­
venientem ente a rocha antes da secagem . Assim, m oinhos de
esferas, de cilindros e outros que triturem e esm aguem , não são
adequados p a ra este fim , recom endando-se dispositivos que ra s­
pem ou cortem o m aterial.
O problem a da poeira form ada nesta operação e na secagem
requer um pouco de atenção por causa da concentração da m a ­
téria orgânica na m esm a, em bora em dim inuta proporção.
F inalm ente, o professor Rothe diz que a “ quantidade de óleo
que se pode esperar do xisto de Trem em bé é de 12% aproxim a­
18 Luciano Jacques de Moraes

dam ente, calculada sobre m aterial seco, destilação dirigida sem


pirólise secundária em fornos rotatórios. Outros fornos d arão
m enor quan tid ad e de óleos e m aior teor de gases, de acordo com
o gráu de pirólise secundária, ficando fora de consideração as re-
tortas-gasogênio. ”
O rendim ento do forno rotatório de laboratório, em que fo­
ram feitas as experiências (15), costum a concordar com o indus­
trial, ficando 1% abaixo do da destilação Fischer, que rep resen ­
ta o m áx im o .
O relatório trata, tam bém , m inuciosam ente, dos processos de
destilação, dos fornos, do sistem a de condensação, dos produtos
brutos obtidos (gases, água, resíduos e óleos), dos processos de
refinação, dos processos de cracking e hidrogenação.
Fazendo a retificação do óleo bruto, o professor Rothe obte­
ve o seguinte resu ltad o :
Gasolina p u r a . . . .. 17,5%
Querosene bruto . . .................. .. .. 13,5
óleo Diesel até 3 0 0 ° C ........................................... 14,0
óleo Diesel1a mais de 300°C . .. 20,0
óleos pesados, destilados no vácuo 30,0
R esíduos e p e rd a s .. 5,0

Uma am ostra m édia dos folhelhos, tirad a p o r Flem ing, F our-


q urean e Good em toda a face da galeria em trabalho, num a altu­
ra de dois m etros, forneceu a seguinte análise im ediata, no L a­
boratório da Produção M ineral:

Um idade Material C arbono


volátil fixo Cinzas

Material seco ao a r . . . . 15,11 2)1,34 5,16 58,39


Material seco a 105°C . . 25,2 6,8 68,8

Subm etida à destilação Fiscber, a m esm a am ostra deu o se­


guinte resu ltad o :

Água óleo Semi-


P e rd a s
coque

Substância seca ao a r 18,3 11,6 66,6 3,5


Substância seca a 105°C 3,77 13,67 78,45 4,12
Bacia terciária do vale do Rio Paraíba, Estado de São Paulo 19

As am ostras do folhelho papirá.ceo, preto e m arro n , acusa­


ram as com posições seguintes:

AMOSTRA “A " — Análise im e d a ita :

Material C arbono
U m idade Cinzas
volátil fixo

Seca ao a r 6,47 24,11 21,70 47,69


Seca a 105°C 25,78 23,21 51,00

D estilação F isc h e r:

Semi-
Agua óleo P e rd a s
coque

Seca a 105°C 8,4 12,5 '7 2 , 8 6,2

AMOSTRA “ B” — Análise im ediata:

Material C arbono
Um idade Cinzas
volátil fixo

Seca ao a r 12,4 21.4 6,2 59,9


Seca a 105°C 24.4 7,1 68,4

Destilação F is c h e r:

Semi-
Água óleo P e rd a s
coque

Seca ao a r 19,0 12,0 65.5 3,5


Seca a 105°C 7,5 13,7 74.6 4,0
20 Luciano Jacques de Moraes

Uma am ostra do folhelho papiráceo, autenticado Pm, deu


os seguintes resultados:
Análise im ediata:

Umidade Material C arbono Cinzas


volátil fixo

Seca ao a r . 11,5 22,4 5,5 60,6

Seca a 105°C 24,1 5,9 65,0

Análise F isc h e r:

Umidade Semi- P e rd a s
Água óleo coque

Seca ao a r 11,5 13,0 14,0 70,5 2,5


Seca a 105°C — 1,6 15,0 75,7 2,7

ANÁLISE 5.648

ANÁLISE INDUSTRIAL DE UM XISTO BETUMINOSO

Protocolo n.° 392-42

P rocedência: F azenda S. José — Trem em bé — Estado de


São P aulo.
R e m eten te: Luciano Jacques de M oraes.

Chegou ao L aboratório um a caixa de papelão que continha a


am ostra em pequenos fragm ento scinzento-esverdeados.

Análise im ediata:

Um idade .. .. 8,92%
M aténa volátil .. 12,47%
Carbono fixo 3,49%
Cinzas .. 75,12%

Destilação F isch er:

Água ----- . 19,5%


Alcatrão prim ário .. 4,0%
Bacia terciária do vale do Rio Paraíba, Estado de São Paulo 21

Semi-coque •• •• •• 73,3%
Gases e p e rd a s .... . 3,2%

Rio de Janeiro, 23 de outubro de 1942. — ( a .a .) Ralpho R e­


zende Decourt, Tarnier T e ix e ira .

5 — U sina^te destilação:
A usina de destilação dos folhelhos oleigenos está situada na
cidade de T au b até p a ra onde são rem etidos os xistos extraidos da
m ina de Trem em bé, transportados em cam inhões.
H avia ai um a instalação antiga e um a o u tra nova, em vias de
construção, quando da nossa visita.
A usina antiga consiste em u m a re to rta tipo H enderson, m on­
tad a em 1891, p a ra o fornecim ento de gás de ilum inação à cida­
de de T au b até e que funcionou du ran te certo tem po, antes da ilu ­
m inação elétrica.
Nestes últim os anos, esta instalação foi novam ente posta a
funcionar p a ra a dem onstração da possibilidade da extração de
óleo de xisto, alim entando p a ra este fim um a pequena destilaria.
A capacidade dessa instalação é de 20 toneladas de folhelho com
a produção de pouco m ais de duas toneladas de óleo p rim ário
que era destilado p a ra d a r gasolina, óleo Diesel, querosene e re ­
síduo p arafín ico . O alam bique de óleo Diesel fornece uns 300
litros p or dia e cerca de 50 litros de gasolina. Ainda não se
p re p a ra o óleo lubrificante p o r fa lta de instalações adequadas.
Essa usina antiga será desm ontada e o seu m aterial aproveitado
como sucata, quando a nova usina estiver funcionando n orm al­
m ente.
A nova instalação consistia, essencialm ente, em um a re to rta
especial, in v en tad a e p atenteada pelo engenheiro Roberto Joppert
M artin, de capacidade p a ra destilar 100 toneladas de xisto p o r dia,
com a produção de 10 toneladas de óleo, já fracionado em colunas
de condensação, dando 17% de gasolina, 13% de querosene, 34%
de óleo Diesel e 20% de óleos parafínico e lu b rifican te. O óleo
parafínico deveria ser separado do lubrificante na fábrica de p a ­
ra fin a já m ontada, com capacidade de 500 quilos de p arafin a por
d ia. Esta últim a instalação ia ser triplicada p a ra atender à p ro ­
dução da “re to rta m ecânica integral” Jo p p ert M artin.
Os óleos lubrificantes residuais seriam injetados na re to rta
p a ra serem transform ados em gasolina pelo cracking.
A diantou-nos o D r R oberto M artin que a re to rta m ecânica
deveria ficar p ro n ta dentro de curto espaço de tem po e que do
projeto constava a construção de m ais duas retortas idênticas
e ain d a o u tra p a ra destilar os resíduos pulverulentos da britagem
do xisto, perfazendo o total de 40 toneladas diárias de produtos
destilados p a ra a capacidade da b ateria de condensação.
22 Luciano Jacques de Moraetf

E ra program a da P an ai construir um a usina desse tipo em


cada área de 1.000 Ha de folhelho oleígeno; com capacidade p a ra
tra ta r 1.000 toneladas de xisto por d ia.
A usina de T aubaté vai consum ir, com a nova instalação, um a
quantidade de energia correspondente a 100 HP p a ra acionar as
m áquinas necessárias ao seu funcionam ento.
Como ficou dito n o u tra parte, na F azenda P anai, no b airro
P a d re Eterno, nas redondezas de Trem em bé, começou a ser cons-
tru id a um a usina p a ra destilação dos xistos. O projeto consistia
em instalar, aí, um forno tunel, de patente da Sociedade de óleos
M inerais da Estônia, que é de m ontagem e m anejo difíceis, con­
form e a opinião do D r Oto R othe. Essa construção foi paraliza-
da, desde algum tem po, e atualm ente só serve p a ra fornecer fe r­
ragem às construções da C om panhia P a n a i.
Quanto ao preço de custo da gasolina e dos dem ais produtos
da destilação dos xistos, nessas instalações, não se têm elem en­
tos, p o r enquanto, p a ra se fazer um a idéia a quanto m ontarão,
visto como os resultados, até agora conseguidos, o foram em ca­
rá te r experim ental e se referem à instalação antiga, assim m es­
mo trab alh an d o de um m odo descontínuo. Obtivemos inform a­
ção, entretanto, que n a nova usina se esperava p ro d u zir gasolina
p o r um preço da ordem de Cr$ 0,30, por litro, o que nos parece
m uito otimismo, levando-se em consideração o que se sabe a res­
peito, em outros países, em escala com ercial, do óleo bruto e de
seus derivados.
Na inform ação sobre a usina de destilação em T aubaté, fize­
mos apenas algum as ligeiras referências, de acôrdo com os ele­
m entos que sobre o assunto gentilm ente nos forneceu o engenheiro
Roberto M artin, diretor-técnico da em prêsa.
Sobre m ais porm enores, em relação à nova instalação, o m es­
mo engenheiro nos deu um exem plar de um jo rn al da cidade de
S. Paulo, com um artigo de autoria do coronel Valerio B raga (17),
acrescentando que p rep arou os dados ali contidos e que estes re ­
presentam , com exatidão, a composição e o funcionam ento da re-
to rta então em construção.
6 — C onclusão:
Somos de opinião que o governo deve am p arar e fo m en tar
as indústrias de destilação de rochas oleígenas, como o fazem vá­
rios países que não têm petróleo ou que o produzem em q u an tid a­
de aquém de suas necessidades. São m uito conhecidos os casos
da Estônia, onde a indústria da destilação dos xistos betum inosos
atingiu um enorm e desenvolvim ento (7,8); o das destilarias da
F rança, da Escócia, da África do Sul e do Japão (14) Em geral,
as indústrias de aproveitam ento das rochas oleígenas são auxilia­
das, d ireta ou indiretam ente, pelos respectivos governos. Assim
Baejg terciária do vale do Rio Paraíba, Estado de São Paulo 23

o governo francês contribuía, em 1936, com um franco por litro


de gasolina destilada de xistos nacionais; no Japão, o governo
com prava a gasolina p roduzida p ela destilação dos folhelhos piro-
betum inosos de F ushun, n a M andchúria, p o r um preço suficien­
te p a ra g a ra n tir um lucro razoavel à em prêsa que explorava essas
rochas; e n a Á frica do Sul, a com panhia que procedia ao aprovei­
tam ento do torbanito, u m a espécie de m arauito, de M ooifontein,
tin h a isenção de direitos de im portação p a ra o óleo bruto que re ­
cebia de B urm a, com a obrigação de pro d u zir um a determ inada
proporção de óleo daq u ela ro ch a. Essa proporção, em 1935-1936,
era ap enas de 2%, de sorte que a com panhia, com isso, visava
mais a livre en tra d a do petróleo estrangeiro do que propriam ente
o aproveitam ento da ro cha oleíg en a.
N a Escócia, p or volta de 1927, eram tratad o s 2 m ilhões de to­
neladas de xistos piro-betum inosos. Os preços baixos e o alto
custo da produção ocasionaram um a sensivel dim inuição desta,
com o fecham ento de algum as m inas e re fin arias.
, N a E stônia, a m aio r p arte do xisto extraido era diretam ente
utilizado como com bustível nas locom otivas e nas m áquinas das
usinas.
Na F ran ça, a in d ú stria dos xistos piro-betum inosos se desen­
volvia, graças aos direitos de im portação sobre o petróleo e à sub­
venção d ad a pelo governo.
Nos Estados Unidos, essa in d ú stria desanim a quaisquer ini­
ciativas, devido à enorm e produção de petróleo de poços e aos
preços baixos deste p ro d u to . As usinas m antidas com o objeti­
vo de p ro d u zir o artigo em condições com erciais, como um a que
existiu em W yom ing e outra na C alifórnia, suspenderam as suas
atividades, depois de algum as operações interm itentes. Regis­
trou-se, ainda, algum a atividade em duas pequenas usinas do
i C olorado.
A usina experim ental do “ B ureau of Mines”, em Rullison, Co­
lorado, teve que fechar, em v irtude da fa lta de v erb a. D urante
os seis oito meses de funcionam ento, ela trato u 2.200 toneladas
de xisto com apreciáveis resultados técnicos.
De um m odo geral, a indústria dos xistos piro-betum inosos
não poderá desenvolver-se, a não ser com o auxílio governam en­
tal, enquanto o preço do petróleo perm anecer no m esm o baixo
nível de antes da g uerra atu al.
Já no Brasil, as condições são diferentes, especialm ente p ara
os xistos oleígenos do vale do P a ra íb a . Pelos estudos feitos, sabe-
se que o óleo obtido desses xistos é bastante rico em p a ra fin a s.
P a ra se conhecerem , porém , as reservas de óleo existentes nessa
região e p a ra que se possa p ro je ta r um a usina p a ra a sua destila­
ção e refino, é preciso que se efetue, antes de qualquer o u tra p ro ­
vidência, um a prospecção m eticulosa das zonas m ais ricas. Já
24 Luciano Jacques de MoraeSlfc

acentuám os que as condições de extração e a situaçao geográfica


das jazidas são excelentes.
Sob o ponto de vista da defesa nacional, a expTõração dessas
jazidas deve ser feita. E então o auxílio do Governo poderia ser
dado sob a fo rm a de g arantia de consumo p ara todos os produtos
dos xistos, com lucros razoáveis p ara os m ineradores e industriais
que fizerem o aproveitam ento dessa m atéria p rim a m ineral.
Além desse óleo contido nos folhelhos do vale do Paraíba,
existem im ensas reservas potenciais de óleo m ineral arm azenadas
nos xistos piro-betum inosos das cam adas perm ianas do Iratí, da
série de Passa-Dois, nos Estados de S. Paulo, P aran á, S. Cata­
rin a e Rio-G rande-do-Sul (5, 7, 8, 21, 22), avaliadas em 120 bi­

lhões de toneladas, por Victor O ppenheim .


B I B L I O G R A F I A
1) — BRANNER, J . C. — Geologia E le m e n ta r — 1915.
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3) — W HITE, I. C. — Comissão de E stu do s das Minas de Carvão Üe
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.. ... o u t.,,„19.39* _____ ._____ ______ ______. . „ 7 . . _
107 PAES LÈM E~A . Betim — O tectonism ô 'S a *Serra do M a r4 A hipótese
de um a rem odelação tércÍãriâT‘*Anais ' da Academ ia Brasi­
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setem bro de 1930.
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tível e T ran sp o rte, n . 13, ano 11, págs. 53-54, 20 de m arço
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15) — ROTHE, Oto — Mineração e Metalurgia.
16) — ROTHE, Oto — Estudo do aproveitam ento do xisto de T re m e m b é
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17) — BRAGA^tValério — O p ro b le m a da E n erg ia Dirigida. XI — R o ch as
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21) — OPPENHEIM, Victor — R o ch as G o ndw ânicas e Geologia do P e tr ó ­
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ção d a D iretoria da P ro d u ç ã o Mineral, S ecretaria da Agri­
cu ltu ra do E stado do Rio G rande do Sul. - P o rto Alegre, 1942.
23) ------ LAMEGO, A lberto R . — O m aciço do tatiáia e regiões c ir c u n d a n ­
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25) — MORAES REGO, L . F . e SOUZA SANTOS, F D . — C ontribuição
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26) — MORAES, LUCIANO, J . — Geologia do H orto F lo restal de R ezen­
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28) — FRÓES ABREU, S. — P ro b le m a s de Combustível no B rasil. Mine­
ra ç ã o e Metalurgia, v . VI, n . 36. — Jan eiro 1943.

F ig i 1 IIo r iBontc oom Pinw neU rrpis e Jaerj ueaia. G ô rra -d e 1 q u ilô m etro
d a f a n w q u a n , Rio Chm j (E . F . P . ) yJSão Ptrahn
Fig. 2 - H orizonte- com P in a en clla o m e d io c y p r in tib t. Ferrão^ Rio 411»
r n ; Sãrr P m in —
F ig» 3 ■ H e i i u r n l t m m Saiilu A nlonie da ■■Pl atina, P a r q ^ i .
T7 W T
CONSIDERAÇÕES SÔBRE A ESTRATIGRAFIA E IDADE DA
FORMAÇAO ESTRADA NOVA
Josué Camargo M endes
I. C. W hite (20) propôs o nom e de série Passa-D ois p a ra o
conjunto de form ações cu ja idade julgou ser p erm ian a e as quais
distinguia sob a designação de folfrelhos Irati, folhelhos E strad a
Nova e calcáreo da R ocinha. Calculou a espessura total da série
em 223 m, com putando 70 p a ra o Irati, 150 p a ra o E strad a Nova e
3 p ara o calcáreo d a R ocinha.
O E strad a Nova de W hite ( = C orum batai dos geólogos p au ­
listas) foi m antido in totum no perm iano até d ata relativam ente
recente (1928), quando Cowper Reed (12; 12a) determ inou como
triássica superior a m alacofauna dessa form ação, coletada em Rio
Claro, m unicipio de M arechal Malet, Estado do P a ra n á .
A argum entação de W hite em prol da idade perm iana resi­
de m orm ente n a presença dum tipo vegetal lepidofítico, Lycopo-
diopsis derbyi R en au lt.
K. H oldhaus (4), d eterm in ára alguns lam ejibrânquios da
m esm a form ação referindo-os a gêneros paleozóicos e propondo o
novo gênero Plesiocyprinella p a ra um a das form as encontradas.
Em vista da diagnose de C. Reed, Du Toit (3) sugeriu a fra g ­
m entação do E strad a Nova em E strad a Nova Inferior e E strad a
Nova S uperior ( = F orm ação T erezina do Serviço Geológico ofi­
cial), respectivam ente de idade p erm ian a e triássica superior, in­
validando-se desse m odo a série Passa-D ois de W hite, um a vez
que abrangia form ações pertencentes a dois períodos geológicos.
T al sugestão, porém , não encontra, ao que parece, apoio es-
tratigráfico e é de se supor que repousa exclusivam ente sobre a
pretensa delim itação da ocorrência de Lycopodiopsis derbyi ao
têrm o in ferio r
N enhum dos vários autores que estudaram essa form ação ve­
rificou q u alquer linha de discordância dentro do pacote. São con­
cordes, entretanto, em afirm a r que é m uito difícil a distinção li-
tológica entre os dois an d ares. Moraes Rego (17) propôs o nome
de G uareí p a ra o têrm o superior, nom e êsse tirado da localidade
do E stado de S. Paulo, onde acreditava ocorrer o m esmo m ais
tipicam ente, m as a sua caracterização é sobrem odo im precisa e
a delim itação sum am ente frag il.
Os autores acatam a idéia influenciados, sem dúvida, pela
prévia avaliação da idade de Lycopodiopsis derbyi feita por um
especialista abalisado.
28 Josué Camargo Mendes

Na localidade de Poço Preto, S anta C atarina, os folhelhos do


E strad a Nova forneceram espécimens de filópodes referidos p o r
C. Reed (12) aos gêneros Leaia e Estheria e atribuidos como car-
boníferos ou perm ianos.
E ntretanto, nem Lycopodiopsis derbyi e nem os filópodes se
confinam à p arte inferior do E strad a Nova de W h ite. A quele ve­
getal provem , em verdade, das cam adas intercaladas entre as
zonas dos lam elibrânquios determ inados como triássicos por
Reed (vide secção esquem ática) D aí o fato de se os encontrar,
a m iude, de perm eio com fragm entos areníticos contendo P inzo-
nella e Plesiocyprinella (7) P o r outro lado, os filópodes ocorrem
em posição tão próxim a aos horizontes de lam elibrânquios que
não constituiriam argum ento sólido p a ra o estabelecim ento da
divisão, tendo sido até taxados de triássicos por E . P aulo de Oli­
veira (11)
Não existe, pois, apoio de ordem estratigráfica, paleontológi-
ca ou litológica capaz de sustentar a proposição, em bora, à p ri­
m eira vista, p areça p aradoxal ocorrerem , conjuntam ente, fósseis
tidos como paleozóicos e mesozóicos. Este outro tópico pode ser
abordado em seguida p o r apresentar grande interesse p a ra a dis­
cussão da cronologia da form ação.
Devo prevenir que, até o presente, não houve ainda argum en­
tação paleõntológica m erecedoram ente decisiva p a ra a fixação
da idade da form ação. E* certo que C. Reed referiu a m alacofau-
na como triássica superior (carnico), m as tam bém determ inou
como paleozóicos os filópodes de Poço P reto ocorrentes em níveis
m uito próxim os.
Exam inem os, prim eiram ente, o caso dos fósseis que têm sido
atribuidos ao paleozóico superior.
O prim eiro dos vegetais conhecidos do E strad a Nova é o Lyco­
podiopsis derbyi Renault, em bora a descrição original não tenha
precisado bem a sua posição estratigráfica. Posteriorm ente, foi
descrito por Solms-Laubach (18), sob o nome de Tietea singularis,
um espécime aparentado com Psaronius do norte do p a ís . A essa
data, ignorava-se a posição estratigráfica do fóssil, hoje, porém ,
é sabido que ocorre em horizontes com lam elibrânquios (1) A re­
nitos de cim ento calcáreo intercalados nos folhelhos varie^ados
da form ação têm fornecido im pressões de L epidodendron (10
p. 83).
Os já referidos filópodes de Poço Preto, Santa C atarina, des­
cobertos em 1928 por Gerson Alvim e tidos por Reed como paleo­
zóicos, ocorrem em folhelhos de Santo Antônio da P latin a P a ­
raná, conjuntam ente com lam elibrânquios e pequenos gasteró-
podes (9) julgados pelo mesmo Reed como sendo de idade triás­
sica superior (16) Gonstitue êsse horizonte um a terceira zona
m alacofaunistica que pode ser referida como Zona com Palaeo-
Considerações sôbre a estratigrafia e idade da formação Estrada Nova 29

neilOy litológica e faunísticam ente diferente das duas outras co­


nhecidas .
Tietea é ap a ren tad a com Psaronius, am bos tendo sido re fe ri­
dos ao paleozóico p o r au toridades em paleobotânica. O m esm o se
dá em relação a L ycopodiopsis. Lepidodendron é tam bém p ró ­
prio do paleozóico. Leaia é jum gênero de crustáceos confinado
ao carbonífero e p erm ian o . Não devemos esquecer, porém , que
ocorrem nos folhelhos variegados im pressões de vegetais (Santo
Antônio da P latin a ), p o r ora ainda indeterm inados. Muito co­
m um , tam bém , é a ocorrência no E strad a Nova de «troncos silicifi-
cados de D adoxylon (A raucarioxylon) ain d a não estudados. R e­
corde-se, de passagem , que D adoxylon n u m m ularium W hite é ori­
ginário dessa form ação (19)
E xam inem os agora as evidências favoraveis à idade triássica.
E studando o m aterial m alacológico do E strada Nova, Cowper
Reed (12; 12a; 13) reconheceu dentre as várias form as algum as
referiveis aos gêneros M yophoriopis e Pachycardia e até a espé­
cies européias desses mesmos gêneros conhecidos do an d ar carni-
co. F o rtificaria a diagnose a presença dum fragm ento de cefa-
lópode, por êle referido ao gênero Clionites, e, possivelm ente, ao
sub-gênero Traskites H yatt & Sm ith (13, p. 66)
Parece ser. desnecessário reco rd ar a tendência m uito n atu ral
que possuem os paleontólogos estrangeiros p a ra estabelecer se­
m elhanças entre as nossas paleofaunas e as faunas padrões do
hem isfério n o rte.
Ora, fau n as afastadas são com um ente diferentes. Daí mesmo
a noção de província fau nística. Devemos nos precaver, tam bém ,
com as determ inações ou argum entações baseadas sobre sim ples
e, às vezes, m aus aspectos externos de lam elib rân q u io s. A não
ser num noutro caso especial, a sistem ática segura não dispensa
a observação das ch arn eiras ou dos caracteres internos. Nesse
particular, o m aterial trabalhado por C. Reed era sum am ente
desfavorável. Não fo ra m elhor o m aterial de que dispuzera K.
H oldhaus. Tendo-se em conta o fato, devemos convir que, pelo
aspecto externo, as conchas classificadas por êsses autores recor­
dam, efetivam ente, os gêneros a que foram atribuidas, m uito em ­
bora tenham chegado a um a avaliação cronológica divergente. O
próprio Reed confessa a falibilidade de m uitas das com parações
p or êle estabelecidas. Êsse autor tem m antido, porém , a idade
triássica superior p a ra a m alacofauna do E strad a Nova em todos
os trabalhos a respeito, inclusive no m ais recente em que versou
a nova associação m alacofaunística de Santo Antônio da P latina.
L . Cox (2) descreveu conchas fósseis do Uruguai, estratigra-
ficam entc correspondentes às do nosso E strad a Nova, referindo-as
ao triásisco superior, em vista dos trabalhos de R eed. Propôs,
então, o novo gênero Terraia p a ra a concha determ inada por
30 Josué Camargo Mendes

H oldhaus como Solenom orpha altíssim a sp. n ., sinonim isando-a


com Isocyprina reducta R eed.
M anuseando espécimes colhidos em localidades do m unicípio
de Rio Claro, Estado de São Paulo, Reed (15; 15a) foi levado a
c ria r dois gêneros novos, Pinzonella e Ferrazia, p a ra form as até
essa d ata ain d a não referidas do E strad a N ova.
Pelo exposto, conclue-se que a presença de 4 novos gêneros,
Plesiocyprinella, Terraia, Pinzonella e Ferrazia em presta à asso­
ciação faunística um ca rá te r m uito p ró p rio .
E studando espécim ens por m im coligidos no m esm o m unicí­
pio de Rio Claro (8), dado o estado favoravel dos m esm os, pude
observar as charneiras das form as atribuídas por Reed aos gêne­
ros M yophoriopis e P achycardia. V erifiquei que os seus caracte­
res m orfológicos divergem dos apresentados por êsses gêneros.
Propuz os novos gêneros Jacquesia e Pinzonellopis p a ra conchas
referidas, respectivam ente, como M yophoriopis e P achycardia.
Dêsse modo, ficaram afastados, se assim posso m e expressar, os
dois gêneros chaves de R eed. Com êsses dois gêneros novos, evi­
dencia-se ain d a m ais o ca ráter p artic u la r da m alaco fau n a. P are-
«e-m e um . tanto fragil a argum entação baseada num único fra g ­
m ento de cefalópode. Muifas das form as perm ianas assem elham -
se às do Mesozóico, a ponto de cau sar confusão e é bem razoavel
pensar-se num possivel engano de determ inação.
Somos, portanto, levados a concluir que o sustentáculo pa-
leontológico não é suficientem ente sólido com referência ao triás-
sico, quanto m ais em relação ao cárnico. Não abordei, proposi­
tadam ente, o caso de alguns outros fósseis conhecidos da fo rm a­
ção por não apresentarem grande interêsse p a ra a questão cro­
nológica.
Parece-m e, pois, estar ainda vacilante entre o perm iano e o
triássico a id ad e do E strad a N ova. De tudo isso, porém , o que
fica bem patente é o m áu estado atual do conhecim ento paleonto-
lógico dessa form ação.
Von H uene (5) reconheceu em Rio Claro, E stado de S. Paulo,
a existência de dois horizontes m alacofaunísticos distintos e re ­
feriu várias jazidas de conchas fósseis. As m inhas pesquisas nes­
se mesmo m unicípio perm itiram constatar a ocorrência desses ho-‘
rizontes. O inferior, que pode ser designado como Zona com P in­
zonella e P lesiocyprinella, acha-se a um a cota de cêrca de 610m,
e o superior, que m erece o nom e de Zona com Pinzonellopis e Ja-
cquesiat está a um a altitude de cerca de 575m . E n tre os dois exis­
te cerca de 35 m etros de folhelhos variegados. C ertam ente as co­
tas m encionadas não podem ser tidas como absolutas e nem gene­
ralizadas, pois é sabido que as cam adas do Sistem a de S anta C ata-
>rin a m ergulham suavem ente p a ra o lado do rio P a ra n á e m esm o
«porque as freqüentes intrusões de eruptivas podem pertu rb a-las
C onsiderações sô bre a estratigrafia e idade da fo rm ação E s tra d a Nova 31

localm ente. Tais cotas são porém coincidentes p ara as ocorrên­


cias fossilíferas por mim visitadas no m unicípio. Desconheço ali
a ocorrência do terceiro horizonte m alacofaunístico, Zona com
Palaeoneilo, acim a m encionada. Possivelm ente vir-se-á a ve­
rifica-lo.
Do ponto de vista estratigráfico, sabe-se que. não foi registra­
da até agora q u alquer discordância entre o E strad a Nova e o Ira-
t í . A idade do últim o é geralm ente tida como p erm iana superior,
em bora, m ais recentem ente, von Iluene o tenha referido ao per-
niiano in ferio r (6) . Paleontologicam ente, o Irati é bem caracte­
rizado pela presença de Mesosaurus spp.
Se, aventualm ente, fòr confirm ada a idade perm iana do Es­
trada Nova, revalida-se a série Passa-Dois 11a acepção de W h ite.
Os fatos não p ro p u g n ariam a inexistência do triássico m arinho 11a
América do Sul, porque ele se acha m ais fundam entadam ente
com provado nos paises vizinhos.
Aceitar, entretanto, aprioristicam ente, que um conjunto àr
fósseis de plausivel idade paleozóica sejam , verdadeiram ente, de
triássico superior, parece-m e tese m uito sim plista.

F ig. 1 — Horizonte com Pinzonellqpis e Jacquesia. Cêrca de 1 quilômetro


de Ofumaquan, Rio ÇlaTo ( E . F . P . ) , São Pqulô.
32 Josué Camargo Mendes

F g. 2 — Horizonte com Pinzonellia e Plesiocyprinella. Ferraz, Rio Claro,


São Paulo.

Fis-3~s s y t w“ ^ " 0- santoAntoni°aapiaina'*"»*•


B I B L I O G R A F I A

1) - ALMEIDA FERNANDO F. M de - A série Passa-Dois e aregião


PaulvToSS- POllteCmCa’ ” • 126> P- 173-80. _ tsão
2) — COX, LESLIE R: — Triassic Lamellibranchia from U r u e i i a v __ a«
Mag. Nat. Hist., ser. 10, v. 13, 1934, p. 264-73, 1 t.
Considerações sôbre a estratigrafia e idade da formação Estrada Nova 33

3) — d u TOIT, A. L . — A geological co m p ariso n of South A m erica w ith


South A frica. — Am. I n s t. W ashington, P u b l. 381, 1927.
4) — HOLDHAUS, KARL. — Sobre alguns lam elibranchios fosseis do
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— Rio de Janeiro, 1918.
5) HUENE, FR IED R IC H VON. — A phorism en ü b e r die S tratigraphie des
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P a l . , Ab. B, 1928, p . 524-31. — S tuttgart, 1928.
6) __ Das u n te rp e rm ia n is c h e n Alter aller M éso sau rerfü h ren d en S ch ich ­
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— S tuttgart, 1940.
7) — MENDES, JOSUÉ CAMARGO. — Posição estratigráfica de Lycopo-
diopsis R e n a u lt. — A n. Ac. B r. C ien., tom o XVI, n . 2, p .
137-8. — Rio de Janeiro, 1944.
34 Josué Camargo Mendes

8) — Lam elibrânquios Iriássicos de Rio Claro ( E s t a d o de São P a u l o ) .


Bol. F a c . F il. Cien. L e tr. Univ. S. Paulo, XLV, Geologia,
n . 1, p . 41-75, 2 t . , 1944.
9) — OLIVEIRA, ALBERTO ERICHSEN D E . — Nota sobre os fosseis de
Santo Antonio da Platina, E stad o do P a r a n á . — S enr. Geol.
Min. Brasil, Boi. 98, p . 31, 1940.
10) — OLIVEIRA, EUZEBIO PAULO DE — Geologia e re c u rs o s m inerais
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VI. — Rio de Janeiro, 1927.
11) — Distribuição geológica e geographica dos ph y llo p o d o s b rasileiros.
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12a) — Fosseis triassicos do Brasil ( T r a d .) — Div. Geol. M in., boi. 107,
Rio de Janeiro, 1942 (1943), p . 10-12, 1 t.
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15) — Some n ew triassic fossils fro m Brazil. — An. Mag. N at. H ist.,
s e r . 10, v . 10, 1932, p . 479-87, t. 19.
15a) — Sobre alguns novos fosseis triassicos do Brasil ( T r a d . ) — Div.
Geol. M in., boi. n . 107 — Rio de Janeiro, 1942 (1943), p .
25-34, 1 t.
16) — Some triassic lam ellibranchs from Brazil a n d P a ra g u a y . — Geol.
Magaz., v. 72, 1935, p . 33-42, t. 1.
16a) — Alguns lam elibrânquios triássicos do Brasil e do P arag u ai ( T r a d . ) .
— S erv. Geol. Min. Brasil, bol. n . 98. — Rio de Janeiro,
1940, 20 p . , 1 t.
17) — REGO, LUIZ FLORES DE MORAES — O System a de Santa Catha-
rina em S. P au lo . — An. E sc. Politec. — São Paulo, 1936,
p . 327-412.
18) — SOLMS-LAUBACH, H . GRAF ZU — Tietea singularis. Ein neu er
P terid inen stam n aus Brasilien. — Zeitsch. f. Botanik, V,
n . 9, p . 673-700, t . 6-7, 1913.
19) — W H ITE, DAVID — F lo ra fossil das Coal Measures do Brazil. (Re­
p o rt on the Fossil F lora of the Coal Measures of Brasil) —
Rel. final Com. E sts. das Minas de Carvão de P e d ra do
Brasil, p arte III, p . 337-617, t . 5-14. — Rio de Janeiro, 1908.
20) — W HITE, I. C. — Relatorio final da Comissão dos E studos das Mi­
nas de Carvão de P e d ra do Brasil. — Rio de Janeiro, 1908.
INDICE

I _ SUMÁRIO

II — INTRODUÇÃO

III — GEOLOGIA DA SÉRIE ITAJAÍ


IV _ PETROLOGIA

ANÁLISE MECÂNICA

1 — Determ inação Qualitativa

2 — D eterminação Q uantitativa

a — G ranulom etria

b — R epresentação G ráfica

3 — Comparação com outros sedim entos

CIMENTO

1 — Composição mineralógica

2 — Análise química

3 — N atureza do cim ento

4 — Resíduo pesado

V — O PROBLEMA GENÉTICO DO CONGLOMERADO DO BAÚ

VI — CONCLUSÕES
O CONGLOMERADO DO BAÚ

(Série Itajaí-Santa Catarina)

R u y Ozorio de Freitas

SUMÁRIO

No presente trabalho o autor estuda petrologicam ente o con­


glom erado da série Itajaí, Estado de S anta C atarina, p a ra o qual,
inicialm ente, propõe o nom e de Baú por se tra ta r da região onde
ocorre conspicuam ente.
P rim eiram ente faz um relato dos conhecim entos até agora
existentes na lite ra tu ra geológica do país sobre a série Itajaí,
m ostrando que apesar de algum as divergências, os vários autores
que a estudaram são m ais ou m enos concordes em atribuir-lhe a
origem glacial e a com para-la com a série C am aquan, do Rio G ran­
de do Sul.
A seguir estuda a rocha petrograficam ente do ponto de vista
da análise m ecânica dos seixos e da composição do cim ento. Os
seixos foram analisados m ecanicam ente, com m edidas diretas dos
respectivos tam anhos devido ao carater rudáceo da ro ch a. F i­
xou-se desta m an eira a distribuição granulom étrica e a q u alita­
tiva, utilizando-se de duas am ostras distintas, tendo a p rim eira
209 e a segunda 127 seixos. A determ inação q u alitativa dem ons­
trou pequena heterogeneidade, predom inando os seixos de quartzo
e quartzito, fato que evidenciou um a seleção na composição. A
determ inação q u an titativ a m ostrou que os seixos v ariam de 64 a
2 mm na classificação de W entw orth, sendo a classe m ais fre ­
qüente a de 16-8 mm, com cerca de 59.80% p a ra a am ostra n.° 1
e 55.11% p ara a am ostra n.° 2. P a ra o estudo estatístico do se­
dim ento foram feitas 3 representações gráficas: 1) H istogram a
da frequência (escala f i ) ; 2) C urva sim ples de frequência (esca­
la f i ) ; 3) Curva acum ulada de frequência (escala fi) m ais co­
nhecida p or curva cum ulativa. Da curva cum ulativa, adotando-
se os últim os processos de KRUMBEIN, foram lidas 3 m edidas es­
tatísticas: 1) Desvio aritm ético dos quartéis (Q D a); 2) Desvio
geom étrico dos quartéis (QDg) e 3) Desvio logarítm ico dos q u a r­
téis (log QDg), p a ra concluir que a rocha é bem selecionada apli-
cando-se a reg ra de TRASK.
Esses valores representativos do conglom erado do B aú são,
a seguir, com parados com os de outros sedim entos, de modo a p a ­
38 Ruy Ozorio de Freitas

ten tear os atributos da rocha em face dos caracteres «dos dem ais
sedim entos com parados.
O cim ento foi estudado quanto à sua composição m ineraló-
gica, sendo composto de quartzo, feldspato (ortoclásio e albita),
muscovita, m agnetita e zirconita como alotígenos e, hem atita, se-
ricita, zoizita, quartzo e caolim como autígenos. A análise quí­
mica com provou a determ inação ótica, dando p ara S i0 2 — 69.1% ,
A120 3 — 14.7% e K20 — 3 .% , valores estes que podem ser refe­
ridos ao quartzo e ao feldspato, e F e20 3 — 8.1% que pode ser re­
ferido à h em atita. À ausência de calcita correspondem traços de
CaO na análise. O resíduo pesado, com 5.5% do cim ento, é com ­
posto de hem atita, m agnetita, m artita e zirconita.
Realizado o estudo petrográfico dos seixos e do cim ento da
rocha, o autor discute a provável origem da rocha do ponto de
vista do seu transporte e do am biente da sua sedim entação. 0
m étodo estatístico dem onstrou que o sedim ento é de origem aquo-
sa, negando inicialm ente o carater glacial devido ao valor de So
(coeficiente de seleção de TRASK) O cim ento revelando n atu ­
reza arcosiana, supõe um transporte rápido p a ra evitar perda de
feldspato por alteração quím ica e um depósito turbulento repen­
tino p ara explicar a deposição sim ultânea do m aterial tran sp o rta­
do em tração e em suspensão, isto é, seixos e o arcosio, condições
estas operadas num am biente fluvial, preferivelm ente ao lacus-
tre ou m arinho.
Da soma de observações em posse, como 1) Coeficiente de se­
leção de TRASK, 2) D istribuição granulom étrica, 3) Contorno dos
seixos, 4) Composição dos seixos, 5) N atureza do transporte, 6)
Ausência de estratificação, 7) G radação do conglom erado em de­
pósitos m ais finos, 8) R ecurrência de horizontes conglom eráticos,
9) G rande espessura dos depósitos de conglom erado, 10) Marcas
ondulares, fendas de contração, estratificação cruzada e outras
feições estruturais dos arenitos da série, 11) Ausência de fósseis
e de m atéria orgânica, 12) Cimento arcosiano da rocha, o autor
concluiu que o conglom erado do B aú é pudingue de depósito flu ­
vial em am biente piem ôntico, fato generalizavel p a ra toda a série
Itajaí que adm ite ser um a sucessão de fanglom erados, tendo os
prim eiros depósitos, por erosão, tam bém contribuído com m ate­
rial p ara a sedim entação dos seguintes, pois havia possibilidade
da região se achar, naquela época, em progressão.
Após a sedim entação da série, sofreu o conglom erado m eta-
m orfism o cataclástico conform e provam a textura m orteiro de
alguns seixos de quartzo, a deform ação elástica dos cristais de
mica e de plagioclásio torcidos ao longo dos planos de gem inação
polissintética. As fra tu ras provenientes da cataclase foram p re­
enchidas secundariam ente por hem atita e quartzo no conglom e­
rado e p or calcita no arenito. Esse m etam orfism o cataclástico
O cong lom erad o do Baú (Sçrie Itajai-S anta C atarina)

deve ser atribuído às intrusões graníticas e efusões de quartzo-


pórfiro qüe-co rtam a sé ri» Itajaí, d atando Victor Leinz tais m a­
nifestações tectônicas na revolução caledônick, de sorte que a id a ­
de da série fica im plicitam ente com preendida do cam briano ao
silu rian ^. D iscordando de V Leinz, o P r o f . Othon H . Leonardos
acha que ’e ssas m anifestações m agm áticas pertencem à revolução
tacônica ficando assim a série com preendida do cam briano ao
ordoviciano.
O problem a da idade, entretanto, continua aberto às investi­
gações fu tu ra s.

INTRODUÇÃO

A série Itajaí constitue um a das m ais interessantes fo rm a­


ções geológicas do B rasil m eridional pelo seu ca rater sedim en-
tário generalizado. C onsiderada eopaleozóica, de idade câm bri-
ca ou órdovícica, tem lhe sido atrib u íd a origem glacial p o r P au-
lina F ranco de C arvalho, Estevão Alves Pinto e Othon H enry Leo­
nardos. E ntretan to , nenhum estudo com plem entar petrológico
foi realizado por aqueles autores visando com provar suas presun-
ções decorrentes de observações geológicas de campo, ou por ou­
tros geólogos brasileiros diretam ente interessados na geologia do
sul do p aís.
Julgado de alto interesse p a ra o esclarecim ento da geologia
da série Ita ja í e tam bém p a ra as dem ais form ações eopaleozóicas
m eridionais, *e de grande alcance paleogeográfico, por envolver
questões sobre a p reten d id a glaciação p retérita após o diastrofis-
mo penoqueano, o au to r apresenta neste trabalho um a m odesta
contribuição ao estudo da série Itajaí, procurando m ais apresen­
tar os fatos observados do que propriam ente tira r conclusões
ab so lu tas.
As pesquisas feitas, com o em prego dos m étodos de petro-
grafia sedim entar in teressaram principalm ente um têrm o da sé­
rie Itajaí — o conglom erado que ocorre conspicuam ente ao SW
de Blum enau e W de Itajaí, porquanto esta rocha m elhor se pres­
tava à investigação da origem por ter sido sem pre confundida com
tilito. No entanto, p a ra m aior esclarecim ento foi estudado outro
têrm o da m esm a série — o arenito arcosiano, estudo esse cujos
resultados, em bora objeto de fu tu ra nota, serão em p a rte ad ian ta­
dos aqui.
Além dos autores m encionados devem ser citados os tra b a ­
lhos de Eugênio B ourdot D utra, creador da série Itajaí (R econhe­
cim ento Topográfico e Geológico no Estado de Santa Catarina, Boi.
21, S. G. M. B .) , € de Luiz Caetano F erraz (Excursões C ientífi­
cas no Estado de Santa Catarina, Anais da Escola de Minas de
40 Ruy Ozoçjo de Freitas

Ouro Preto, n.° 17, 1921) não obstante se refiram perfuntoriam en-
te ao conglom erado. Recentem ente, em 1942, Victor Leinz, Alceu
B arbosa e Em ílio Alves T eixeira (Mapa Geológico Caçapava-La-
vras, Boi. 90, D ir P ro d . Min. R . G. S. Dez. 1941) com pararam
a série Itajaí à C am aquan, tendo antes porém V ictor Leipz se re ­
ferido particularm ente a esta sem elhança (O Problem a Geológico
do Post-Arqueano no Rio Grande do Sul, Min. e Met. Vol. IV,
n.° 22. 1939)
No estudo petrográfico foi utilizado o recente m étodo de in­
vestigação dos sedim entos desenvolvidos por C. K. Krum bein
(“ The use of quartile m easures in describing and com paring se-
dim ents”, Am. Jour. Sc. Vol. XXXII, n.° 188, pg. 98, 1936), b a­
seado na leitu ra dos quartéis (1.° e 3.°) diretam ente da curva de
frequência acum ulada em têrm os da escala fi, que é um valor arit­
mético correspondente à escala de W entw orth em m m .
Graças a estes valores estatísticos da distribuição granulom é-
trica da rocha foi possivel visualizar o sedim ento em têrm os m a­
tem áticos representados por três m edidas — o desvio aritm ético
dos quartéis, o coeficiente de seleção e o desvio logarítm ico dos
quartéis, possibilitando determ inar, com parando-se com outros
valores de idênticas m edidas de outros sedim entos, a origem do
conglom erado do B aú.

GELOGIA DA SÉRIE ITAJAÍ

A um conjunto de sedimentos pouco ou n ad a m etam orfisados,


constituído de conglomerados, arenitos roxos, folhelhos, folhelhos
ardosianos e filitos, ocorrendo bastante perturbados a longo do vale
do rio Itajaí-assú, Estado de Sta. C atarina, Eugênio B ourdot D utra
denom inou série Itajaí, em 1920 (1)
A série descansa em discordância sôbre o fundam ento crista­
lino arqueano, havendo dúvidas quanto ao contacto com as séries
Brusque (algonquiano) e Itararé. Othon H enry Leonardos e Ave­
lino I. de Oliveira adm item que a série Itajaí repouse em discor­
dância sôbre a série Brusque (2, p. 206), porém P aulino F ranco
de Carvalho e Estevam Alves Pinto (3, pág. 10) inform am não
terem sido encontrados ainda contatos diretos entre am bas.
As estruturas m ergulham preferencialm ente p ara o sul, cerca
de 60°, com orientação geral NW-SE, tendo sido observados m er­
gulhos p ara o norte.
O carater principal desta série reside na sua extensiva n atu ­
reza sedim entar e, secundariam ente, na generosa predom inância

(1) Reconhecim ento Topográfico e Geológico no E stado de S. C ata­


rin a . — Boletim 21, S. G. M. B. — Rio de Janeiro, 1926.
O con glo m erad o do Baú (Série Itajai-S anta C atarina) 41
vt

dos conglom erados sôbre os arenitos e estes sobre os folhelhos,


folhelhos ardosianos e filitos sericitizados da Ilh é ta . Estes fiíí-
tos, tidos como m em bro integrante da série, parecem p erten cer à*
série B rusque pelo seu carater m etam órfico que contrasta com o
aspecto n ad a m etam órfico e bastante hom ogêneo da série Ita ja í.
Tais filitos se apresentam sericitizados provavelm ente por diafto-
rese de filitos da série B rusque. Na fa lta de m elhores dados de
campo o problem a perd u ra.
F ato interessante posto que não explorado devidam ente, é a
associação que se observa nas secções geológicas levantadas por
P F de C arvalho e E . A. Pinto (3) do conglom erado, arenito e
folhelho, que se repete ritm icam ente (3, fig. 36) no perfil esque-
m ático de B lum enau a B rusque. Esta recurrência parece ser um
fenôm eno im portante na série.
A série Itajaí se desenvolve m ais a m ontante do rio Itajaí-
assú, em Blum enau, chegando a ter um a espessura de 1.000 m no
perfil do rio Neise. Nos m orros dessa cidade ocorre um outro con­
glom erado denom inado “ secundário”, facilm ente desm ontavel,
contendo seixos de arenito arroxeado da m esm a série, acred itan ­
do-se por isso seja ele posterior à m esm a.
Os conglom erados da série Itajaí, os cham ados “ prim itivos”,
são descritos pelos autores que fizeram investigações geológicas
em Santa C atarina (1) (2) (3) (4) como sendo duros, dificilm en­
te desm ontaveis m ecanicam ente, com seixos de rochas preexisten­
tes, facetados, variando suas dim ensões de 5 m m a 20 cm de com ­
prim ento, predom inando os de 4 a 10 cm, compostos de quartzo,
quartzito, quartzito m icáceo e m ais raram en te de filitos, m etidos
dentro de um cim ento arroxeado argilo-arenoso-calcáreo, como
feldspato alotígeno.
Atribue-se ao conglom erado, classificado como pudingue por
Luiz Caetano F erraz (4, p . 25), presentem ente, origem glacial (2)
(3), acreditando P F de Carvalho na idéia de um a glaciação
predevoniana responsável, baseando-se singularm ente na fa lta de
m atéria orgânica constatada na série. O prof. O- II. L eonardos
data no cam briano a glaciação que sedim entou os conglom era­
dos (2), generalizando o fenôm eno p a ra outras séries que obser­
vou como R ibeira, e L avras. L . C. F erraz classifica os conglom e­
rados de polígenos, não se sabendo se em pregou tal designação
no sentido clássico que significa origem m arin h a hom otáxica e
não sincrônica ou se na acepção pouco correta de heterogenei-

(2) Geologia do Brasil. — Serviço de In fo rm ação A grícola. Série di­


dática n.° 2. — Rio de Janeiro, 1943.
(3) R econhecim ento Geológico no E stado de Santa C atarina. — Bole­
tim 92, S. G. M. B. — Rio de Janeiro, 1938.
(4) E x cu rsõ es científicas no E stado de Santa C atarina. — F erraz,
L . C ., Anais da Escola de Minas de Ouro P reto, n.« 17, 1921.
42 Ruy Ozorio de Freitas

d ad e. O fato que o em prego pouco preciso desse têrm o causou


algum a confusão, pois, o p rofi Othon H enry L eo n a rd o s (2) reu n e
à origem glacial a p oligênica, pretendendo exprim ir a heteroge-
neidade dos seix o s.
Os arenitos são de granulação* fina, cor de b o rra de vinho,
apresentando frequentem ente estratificação cruzada ou rítm ica,
lem brando deposição sub-eólica (3), com m arcas ondulares.
Observam-se, não raro , leitos e veios de calcita preenchendo as
fra tu ras. M ineralogicam ente são constituídos de grãos de silica
ligados por um cim ento de natureza argilosa, contendo feldspato
e m ica detríticos. Em alguns lugares o arenito foi term o-m eta-
m orfisado, passando a quartzito pelo cosimento, tornando-se ex­
trem am ente d u ro . Tem-se encontrado transição desta rocha para
um carater m ais conglom erático, aparecendo o início de um a tex­
tu ra rudácea com a inclusão, nos leitos da estratificação, de pe­
quenos seixos de quartzo rolado. Êste fato sugere a possibilidade
do conglom erado p assar gradualm ente a aren ito . O arenito, pela
m esm a m aneira, passa gradativam ente a folhelho cinzento duro.
A série Itajaí, pois, é bastante típica, havendo gradual passagem
dos conglom erados a arenitos e estes a folhelhos. Este conjunto,
petrograficam ente tão definido, sugere a separação dos filitos se-
ricitizados da Ilhota p ara a série Brusque, pois não apresentam
relação algum a com a litologia dos dem ais m em bros da série
Ita ja í.
Os folhelhos são duros, argilosos, aflorando com especial
menção nos cortes da E strada de F erro de S anta C atarina, na es­
tação de W arnow , km 31.
Cortam este pacote sedim entar intrusivas e efusivas cujas
principais ocorrências são os granitos do divisor dos rios Itajaí-
assú e Itajaí-m irim , os pórfiros de A quidaban e m orro Pelado e
os diabásios que afloram em diversos pontos. Os pórfiros são
idênticos aos assinalados em Castro e P iraí (P a ra n á ), estudados
por V ictor Leinz (5), pertencentes ao mesmo ciclo m agm ático res­
ponsável pelos derram es de quartzo-pórfiro do Rio G rande do Sul
e U ruguai (6) O granito aflora notadam ente no espigão divisor
do Itajaí-assú do m irim , sendo tam bém intrusivo na série B rus­
que. Contém inúm eros filões m ineralizados com Au, Pb, Ag, Cu,
e Zn, principalm ente nas vizinhanças de G aspar Alto. Os diques
de diabásio cortam o pacote da série em diversos pontos sendo
possivel relacioná-los à atividade tectônica eojurássica responsá­
vel pelo derram e basaltitico da serra Geral.

(5) Os P orfiros de C astro. — Anais da Academia Brasileira de Ciên


cias. Tomo VIII, n.° 4. — Rio de Janeiro, D. F . , 1936.
(6) W alther, K. — Eruptivos Afro-Brasileiro-Argentino de E d a d P e r
m o-Triasso-eojurassica, etc. Boletim 24. Instituto Geol. do U ruguai —
Montevidéu, 1936.
O conglomerado do Baà *(Série Itajai-Santa Catarina) 43

A presença de duas espécies de erüptivas — o quartzo-pórfiro


e o granito nas estru tu ras da série Itajaí levanta a discussão da
idade provável dessas atiyidades m agm áticas. Segundo V Leinz,
Alceu B arbosa e Em ilio Alves Tei&eira (7) as efusivas ácidas sãq,
provavelm ente, do ciclo diastrófico caledônico, baseados em estu­
dos feitos no Rio G rande do Sul e generalizados p a ra Santa C ata­
rin a e P a r a n á . C onsequentem ente a série Itajaí fica cronologica­
m ente com preendida entre o siluriano *e cam briano. Quanto à
erupção granítica não há consideração algum a sôbre se pertence
ao diastrofism o caledônico ou a outra id ad e. No entanto, como
corta a série B rusque, deve-se ad m itir contem poraneidade com a
efusão de quartzo-pórfiro que estaria subordinada àquele m agm a.
Segundo P . F de C arvalho e E . A. Pinto (3) a “ série ap re­
senta um com plexo de caracteres litológicos e estratigráficos que
tornam difícil um diagnóstico seguro sôbre a sua origem e v erd a­
deira posição estratigráfica, agravado ainda pela ausência, até o
presente, de restos orgânicos” Estes autores, portanto, apenas su­
geriram a origem glacial, sem nenhum a afirm ação absoluta. E n­
tretanto os referidos autores procuram correlacionar a série Itajaí
com a C am aquan, cuja sem elhança, de acordo com recente tra b a ­
lho de V Leinz (8) parece existir pelo m enos litologicam ente.

QUADRO COMPARATIVO (3)


SÉRIE ITAJAÍ SÉRIE CAMAQUAN

Arenitos arro x ead o s, feldspáti- — Arenito feldspático v erm elho


cos com p alhetas brilh an tes de a castan h ad o , com p alh etas de
m uscovita. m uscovita. F eld sp ato em p a rte
caolinizado e sericitizado.

Folhelho d u ro cinzento, com


veios de q u artzo . — F olhelhos de argila en d u recid a,
d iversam ente colorida, soando
ao m artelo com ruido de m a te ­
rial cerâm ico, co rtad o s fre q u e n ­
C onglom erados com seixos de tem ente p o r veios de q u artzo .
ro ch as preex istentes à série, fa ­
cetados e ligados p o r cimento es­
casso de arenito feldspático.
— Conglom erado form ad o com sei­
xos de ro ch as p reexistentes à sé­
rie, aglutinados p o r um cim ento
Filitos negros da Subida. arenoso escasso.

(7) Mapa Geológico C açapava-L avras. — Boletim 90. Diretoria da


P ro d u ção M ineral. R G. S. Dezem bro, 1941.
(8) O P ro b le m a Geológico do Post-A rqueano no Rio G rande do Sul.
Mineração e M etalurgia. Vol. IV, n.° 22. — 1939.
44 Ruy Ozorio de Freitas

— Filitos sericitizados da Ilhota. Os sedim entos assentam -se o ra


♦ sôbre o fu n d am en to cristalino,
— Os sedim entos assentam -se d ire­ ora sôbre um xisto originário de
tam ente sôbre o fun dam ento um andesito em d eco m p o sição .
* cristalino. São mais antigos que São mais antigos que as fo rm a ­
as form ações p erm ian as e mais ções p erm ianas e mais m o d ern o s
recen tes que a série »Brusque. que a séri£ P o ro n g o s.

v --------------------------------------------

E stratos m erg ulhand o p re fe re n ­ — Ao norte de C am aquan, os sedi­


cialm ente p a ra o sul e acidental­ m entos m erg u lh a m p a r a o sul e
m ente p a ra o norte, em m é­ ao sul desse rio m erg u lh a m p a ra
dia 60°. o norte, em m édia 30°

— Intrusões de porfiritos, granitos;


diques de diabásio; breccias vul­ — Porfiritos, andesitos, diabásio,
cânicas; diques de pegm atito. breccias vulcânicas.

Essa correlação será m ais perfeita se, como foi sugerido há


pouco, os filitos da Ilhota e Subida pertencerem à série B rusque.
O quadro com parativo que se segue é um a sim plificação do ante­
rior de acordo com V Leinz (8) :

Conglom erado de Blum enau Conglom erado do Seival

SÉRIE ITAJAÍ SÉRIE CAMAQUAN

Conglom erado do Baú. — C onglom erado de C am aq uan .


Arenito ferruginoso. — Arenito ferruginoso feldspático.
Folhelho d uro cinzento, com — Folhelho cerâm ico com veios de
veios de quartzo. qu artzo .
Ardosias. — F olhelho com p alh etas de m ica.

Essa correlação, no entanto, vem pôr em dúvida a suposta id a­


de devônica da série C am aquan atribuída por V Leinz, A. B ar­
bosa e E . A. Teixeira (7), provocada aliás pelos mesmos autores.
1 — Atribuem ao ciclo m agm ático caledoniano os quartzo-
porfiros que cortam a série Itajaí, colocando im plicitam ente esta
entre o cam briano e o siluriano: “ Com as observações feitas no
Rio G rande do Sul, devem os adm itir que as efusivas ácidas são,
provavelm ente, de idade cal-edoniana, tan to no Uruguai como
nos Estados brasileiros meridionais de Santa C atarina e P a r a ­
n á ” (7 pág. 20).
2 — Atribuem idade devônica p a ra a série C am aq u a n : “ Co­
locamo-la, provisoriam ente, p o r considerações tectônicas, no De-
vônico, de preferên cia ao Neo-Algonquiano ou Siluriano como
querem O. B arbosa e P F . Carvalho resp ectiv am en te” (7 p á ­
gina 21)
O con glo m erad d do Baú (Série Itajai-S anta C atarina) 45
* f
3 — Admitem a sem elh ança e n tre as séries C am aquan e
Ita ja í: “ No E stad o de S anta C atarina observou P F . C arv a­
lho sedim entos sem elhantes deno m in an do -os “ Série Ita ja í” (*)
e c h a m a n d o atenção sôbre a sem elh ança desta série com a de
C am aquan, co m p a ra ç ã o com a qual estam os de pleno a c o r d o . ”

Se a série C am aquan é idêntica à Itajaí adm ite-se, tacitam ente


um m esm o am biente gerador, o qual é m ais provável que fosse sin-
crônico. Como a série Itajaí é colocada entre o cam briano e o si-
luriano devido ter sofrido diastrofism o caledônico, por aqueles
autores, segue-se que a série C am aquan deveria ficar com preendi­
da entre os mesmos períodos anteriores ao devoniano.
Sem p en e trar na discussão cronológica dessas séries, apenas
procurou-se ch am ar a atenção p ara aparentes contradições a que
seriam os conduzidos se levássemos a identidade litológica ao rigo-
rismo de subordina-la a um a correspondente identidade cronológi­
ca. Assim sendo não se deve com parar am bas as séries com a p re­
sunção de um a m esm a idade p ara elas, baseando-se apenas em ca­
racteres litológicos.
E stru tu ralm en te a série C am aquan apresenta diferenças em
relação à série Itajaí, dividindo-se em dois pacotes, sendo um ho­
rizontal e outro p ertu rb ad o localm ente pela erupção andesítica (8),
desconhecida em S anta C atarin a. A série Itajaí apresenta a sin­
gularidade das intrusões graníticas, fato que não ocorre na Ca­
m aquan.
A série Itajaí apresenta-se sem pre com fortes m ergulhos, nas
vizinhanças de 60°, não tendo sido referidas até o presentes estru tu ­
ras horizontais.
Uma sem elhança interessante entre am bas as séries, Itajaí e
C am aquan, é a existência de um conglom erado posterior a am bas,
respectivam ente o de B lum enau (2) e o do Seival (8) P a ra o con­
glom erado prim itivo da série Itajaí, o autor propõe, neste tra b a ­
lho, o nom e de “ conglom erado do B aú”, por ser nessa região, geo­
graficam ente m uito conhecida, em que ocorrem conspícuos aflo­
ram entos dessa ro ch a. Na região do m orro do B aú e Agudo o con­
glom erado coroa as estru turas da série, ocorrendo respectivam en­
te nesses pontos orográficos culm inantes na cota de 860 m e 920 m
de altitu d e. À ex trem a resistência m ecânica dessa rocha se deve
essas esculturas p o r erosão diferencial.
L . C. F erra z (4) diverge da opinião dos dem ais geólogos que
estudaram a série Ita ja í afirm ando “ O Morro do Baú (alt. 860m)
até o ponto em que aparece os últim os afloram entos de rochas é
constituído p or um grês verm elho, gran m édia, silico-ferruginoso,
com fragm entos de feldspatho e jaspe verm elho. Elle é circunda­

(*) E m tem p o convém retificar que o nom e Série Itajaí foi dad o p o r
Eugênio B ou rd o t D u tra (1)
46 Ruy Ozorio de Freitas

do nos contrafortes por um conglom erado polygenico, pxtrem a-


m ente duro e coherente, verdadeiro poudingue, em que os seixos
rolados em butidos n ’um cimento cor de b o rra de vinho, se apresen­
tam form ando saliências”
A contradição, pois os demais autores se referem aos picos
mais altos form ados de conglom erado, talvez seja ap aren te pois L.
C. F erraz especifica que o arenito form a o alto do B aú ate um
ponto em que aparecem os últim os afloram entos. Provavelm ente
não verificou se o conglom erado poderia ocorrer na coroa do m o r­
ro devido a recurrência da rocha na estru tu ra .
O cong lom er ad o do Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) 47

DO BAí;
1 — O CONGLOMERADO
Foto
Buy Ozorio de Freitas
48
Foto 2 — 0 CONT.LOMERADO DO BAÚ
Foto 3 — 0 MORRO DO BAÚ

Foto 4 — 0 RIBEIRÃO BAÚ COM 0 LEITO NO CONGLOMERADO


Ruy Ozorio de Freitas

Foto 5 — CONGLOiMERADO ESTRADA DA ILHOTA AO BAÚ

Foto 6 — AFLORAMENTO DE CONGLOMERADO. ESTRADA DA


ILHOTA AO BAÚ
O congloiperado do Baú (Série Itajaí-S anta C atarina) 51

PETROLOGIA
ANÁLISE MECÂNICA DOS SEIXOS

N a análise m ecânica deste sedim ento, devido ao seu ca rater ru-


dáceo, foi usado o processo de m edida direta dos seixos com o em ­
prego do p a q u im e tro . E n tretanto, o processo ponderai em bora não
tenha sido preferido, por ser m ais indicado no caso de sedim entos
finos onde não se pode obter m edidas diretas porém valores indi­
retos em função do pêso e da m alha das peneiras, foram feitas cor­
respondentes pesagens de cada seixo p a ra uso eventual.
Com o objetivo de se conseguir valores com parativos foram
analisadas duas am ostras distintas do conglom erado, referidas sob
os núm eros 1 e 2, colhidas respectivam ente no R ibeirão do Baú,
cota 150 m (Foto 6) e alto do Baú, cota 300 m . Na p rim eira am os­
tra foram m edidos 209 seixos e na segunda 127, desm ontados m e­
canicam ente e com grande dificuldade dada a extrem a coesão da
rocha e escassez do cim en to .
Os diâm etros dos seixos foram obtidos extraindo-se a raiz
cúbica do produto de três diâm etros m edidos diretam ente: o m aior,
o interm ediário e o m enor, segundo a fórm ula de C. K. W ent-
w orth (9):
4_
D = v ' D ’ D” D ’”

A distribuição granulom étrica se fez na base desta fórm ula,


bem satisfató ria p a ra uso nos sedim entos rudáceos, com o em pre­
go de m edidas d ire ta s .
A análise m ecânica se fez q u an titativ a e qualitatiavm ente.
As tabelas seguintes, 1-A e 1-B, representam respectivam ente
os resultados da análise m ecânica nas am ostras 1 e 2.

TABELA 1-A
AMOSTRA 1

C ontorno C om po­
N.° D D’ D” D ’” Peso mg, S ub-angular sição
99 99 Quartzito
1 46.86 66 40 39 144.260
99 99 Quartzito
2 44.90 60 34 28 39.170
99 99
3 38.81 58 36 28 81.090 Gnáis
99 99
4 2 8.15 48 31 15 31.230 Quartzito
99 99
5 26.44 33 28 20 25.550 Quartzo
99 99
6 25.23 35 27 17 18.670 Granito
99 99
7 23.22 34 23 16 18.090 Quartzo
99 99
8 23.05 30 24 17 13.310 Gran. Alt.

(9) Milner, H . B. — S ed im en tary P e tro g r a p h y . — T h o m as M urby &


Co. T h ird E d ition. — L ondon, 1940.
52 Ruy Ozorio de Freitas

Contorno C o m po ­
N.° D D’ D” D’” Peso nig. S ub-angular sição
99 99 Quartzito
9 22.82 30 22 18 17.260
99 99 Quartzito
10 22.65 31 22 17 16.500
99 99 Quartzito
11 22.58 32 24 15 17.000
99 99 Quartzito
12 21.66 33 22 14 13.990
99 99 Quartzito
13 21.60 40 21 12 13.070
99 99 Granito Alt.
14 21.44 28 22 16 6.200
99 99 Filito alt.
15 21.14 30 21 15 10.290
99 99 Quartzito
16 21.11 32 21 14 14.040
99 99 Quartzito
17 20.98 40 21 11 12.160
99 99 Gnáis alt.
18 20.94 27 20 17 8.120
99 99 Gnáis alt.
19 19.83 26 20 15 7.500
99 99
20 19.66 24 20 15 8.750 Quartzo
99 99
21 19.39 32 19 12 7.190 Filito alt.
99 99
22 18.97 35 15 13 11.450 Quartzito
99 99
23 18.90 25 18 15 7.430 Quartzito
99 99
24 1 8.8 4 32 19 11 8.920 Granito
99 99
25 18.71 28 18 13 9.160 Quartzo
99 99
26 18.43 23 17 16 9.300 Quartzo
99 99
27 18.41 26 16 15 8.000 Gnáis
99 99
28 18.41 30 16 13 5.000 Gnáis
99 99
29 18.17 25 20 12 8.320 Granito
99 99
30 18.15 23 20 13 7.610 Quartzo
99 99
31 18.11 26 20 11 7.830 Quartzito
32 99 99
18.11 30 18 11 5.200 Arenito
99 99
33 17.93 24 20 12 8.370 Quartzo
34 99 99
17.10 21 17 14 6.370 Quartzo
99 99
35 16.62 18 17 15 7.000 Gnáis
99 99
36 16.49 23 15 13 5.600 Granito
99 99
37 16.37 21 19 11 6.440 Quartzo
38 99 99
15.81 19 16 13 6.000 Quartzito
39 99 99
15.28 17 15 14 3.800 Gnáis
99 99
40 15.21 20 16 11 5.080 Granito
41 99 99
14.83 19 17 10 4.050 Quartzo
42 99 99
14.80 18 15 12 4.210 Quartzito
43 21 15 99 99
14.66 10 3.920 Quartzito
44 14.64 19 15 99 99
11 3.550 Quartzito
45 14.62 21 99 99
17 9 3.550 Quartzito
46 14.61 99 99
26 12 10 4.400 Quartzito
47 99 99
14.53 22 16 10 4.740 Quartzito
48 14.42 20 99 99
15 10 4.660 Quartzito
49 14.42 20 99 99
15 10 3.610 Quartzo leit.
50 14.11 18 99 99
13 12 3.920 Quartzo
51 99 99
14.10 17 15 11 3.730 Quartzito
52 99 99
14.09 20 14 10 5.110 Quartzito
53 14 99 99
14.09 20 10 2.930 Quartzo leit.
54 21 99 99
13.98 13 10 3.450 Quartzito
55 99 99
13.92 20 15 9 3.560 Quartzito
56 99 99
13.86 19 14 10 3.140 Quartzito
57 99 99
13.86 19 14 10 4.160 Quartzito
58 99 99
13.73 18 18 8 4.100 Quartzo ros.
59 3.860 99 99
13.61 18 14 10 Quartzito
60 13.61 14 3.940 99 99
18 10 Quartzo
61 13.54 23 12 9 5.200 99 99
99
Arenito
62 13.52 19 13 10 3.220 99
Quartzo
O conglomerado do Baú (Série Itajai-Santa Catarina) 53

N.° D C ontorno C om po­


D’ D” D ’” Peso mg.
S ub-angular sição
63 13.44 18 15 9 2.250 99 99
Filito
64 13.28 18 13 10 99 99
2.960 Quartzo
65 13.16 19 12 10 99 99
2.840 Quartzito
66 13.08 20 14 4 99 99
3.150 Quartzito
67 1 2.86 19 16 7 99 99
1.210 Quartzito
68 12.63 14 12 12 99 99
1.580 Quartzo
69 12.16 15 12 10 2.710 99 99
Quartzito
70 12.16 i5 12 10 2.230 99 99
Quartzo
71 12.06 15 13 9 2.420 99 99
Quartzito
72 12.00 16 12 9 99 99
2.620 Arenito
73 12.00 16 12 9 2.540 99 99
Quartzito
74 11.85 16 13 8 99 99
1.520 Quartzito
75 11.82 15 11 10 99 99
2.150 Quartzo leit.
76 11.82 15 11 10 99 99
2.160 Quartzito
77 11.81 18 13 99 99
7 2.260 Quartzito
78 11.79 17 99 99
13 7 1.830 Quartzo leit.
79 11.74 15 12 9 99 99
2.140 Quartzo
80 11.74 16 11 9 99 99
2.070 Quartzito
81 11.66 16 11 99 99
9 1.930 Quartzo
82 11.60 15 13 99 99
8 2.230 Quartzito
83 11.54 99 99
16 12 8 1.870 Quartzo
84 11.52 9 99 99
17 10 2.440 Quartzo
85 11.48 14 12 9 99 99
2.280 Quartzo
86 11.41 99 99
15 11 9 2.020 Quartzo
87 11.29 99 99
16 10 9 1.740 Quartzito
88 11.29 99 99
16 10 9 1.150 Quartzito
89 99 99 Quartzito
11.27 13 11 10 1.860
90 99 99 Quartzito
11.10 19 12 6 2.030
91 11.08 8 99 99 Quartzito
17 10 1.720
92 11.00 16 12 7 99 99 Jaspe
1.850
93 99 99 Quartzo
10.97 15 11 8 2.250
94 99 99
10.97 15 11 8 1.760 Quartzo
95 99 99
10.94 17 11 7 2.330 Quartzito
96 99 99
10.86 16 10 8 1.500 Quartzito
99 99
97 10.85 13 11 9 1.960 Quartzo
98 99 99
10.80 15 12 7 2.060 Quartzito
99 99 99
10.80 15 12 7 1.940 Quartzito
100 99 99
10.80 17 12 7 1.730 Quartzito
101 99 99 Quartzito
10.59 12 11 9 1.280
102 99 99
10.56 14 12 7 1.540 Quartzito
99 99
103 10.54 13 10 9 1.440 Quartzito
99 99
104 10.48 12 12 8 1.390 Granito
99 99
105 10.46 13 11 8 1.670 Quartzito
99 99
106 10.38 16 10 7 1.560 Quartzo leit.
99 99
107 1 0 .3 8 14 10 8 1.460 Arenito
99 99
108 10.36 14 10 7 1.840 Quartzito
99 99
109 10.26 12 10 9 1.650 Quartzo leit.
99 99
110 10.26 12 10 9 1.610 Quartzo leit.
99 99
111 10.25 14 11 7 1.210 Quartzito
99 99
112 10.13 13 10 8 1.480 Quartzito
99 99
113 10.03 16 9 7 1.200 Quartzo
99 99
114 9 .9 6 15 11 6 1.160 Quartzo leit.
99 99
115 9 .9 6 15 11 6 1.650 Quartzito
99 99
116 9.93 14 10 7 950 Quartzito
54 Ruy Ozorio de Freitas

C ontorno C om po­
N.° D D’ D” D ’” Peso mg. S ub-angular sição
*» 99 Quartzito
117 9.86 12 10 7 840
99 99 Quartzito
118 9.81 15 9 7 1.520
99 99 Quartzito
119 9.69 13 10 7 1.080
99 99 Quartzo leit.
120 9.69 13 10 7 955
99 99 Q uartzo
121 9.65 15 10 6 1.330
99 99 Quartzito
122 9.59 14 9 7 1.230
99 99 Quartzito
123 9.59 14 9 7 1.320
99 99 Quartzito
124 9.58 11 10 8 1.120
99 99 Quartzito
125 9.43 14 10 6 1.040
99 99 Quartzo leit.
126 9.35 13 9 7 1.140
99 99 Quartzito
127 9.35 13 9 7 1.420
99 99 Quartzo
128 9.35 13 9 '7 1.270
99 99 Quartzo
129 9.35 13 9 7 910
99 99 Quartzito
130 9.20 13 10 6 1.010
99 99 Quartzito
131 9.16 11 10 7 1.000
99 99 Quartzo
132 9.16 11 10 7 1.130
99 99 Quartzito
133 9 .1 3 12 10 8 860
99 99
134 9.11 12 9 7 870 Quartzito
99 99 Quartzo leit
135 9.11 12 9 7 780
99 99 Quartzito
136 8.99 13 8 7 1.080
99 99 Quartzo leit.
137 8.96 10 9 8 1.130
99 99 Quartzito
138 8 .9 6 10 9 8 960
99 99 Quartzito
139 8.87 14 10 5 630
99 99 Quartzito
140 8.84 11 9 7 900
99 99 Quartzito
141 8.84 11 9 7 820
99 99 Quartzito
142 8.75 12 8 7 820
99 99 Quartzo leit.
143 8.65 12 9 6 900
99 99 Quartzito
144 8.65 12 9 6 740
99 99 Quartzito
145 8.57 14 9 5 870
99 99 Jaspe
146 8.54 13 8 6 940
99 99 Quartzito
147 8.53 14 9 5 780
99 99 Quartzito
148 8.43 15 8 5 710
99 99 Quartzo
149 8.40 11 9 6 720
99 99 Quartzito
150 8.40 11 9 6 800
99 99 Quartzito
151 8.40 11 9 6 700
99 99 Quartzito
152 8.40 11 9 6 960
9 5 99 99 Quartzito
153 8.36 13 870
154 12 8 6 99 99 Quartzito
8.32 690
12 8 6 99 99 Quartzito
155 8.32 540
8 99 99 Quartzito
156 8.24 10 7 600
8 99 99 Quartzito
157 8.24 10 7 690
99 99 Quartzito
158 8.24 10 8 7 670
99 99 Quartzito
159 8.17 13 7 6 680
9 99 99 Quartzo
160 8.14 10 6 810
99 99
161 8 .1 4 10 9 6 650 Quartzo leit.
99 99 Quartzito
162 8.08 11 8 6 700
99 99
163 7.95 9 8 7 590 Quartzito
99 99
164 7.83 10 8 6 750 Quartzo
99 99
165 7.83 10 8 6 600 Q uartzo
99 99
166 7.83 10 8 6 660 Quartzito
99 99
167 7.83 10 8 6 430 Quartzito
99 99
168 7.73 11 7 6 660 Quartzo leit.
99 99
169 7.73 11 7 6 600 Quartzito
99 99
170 7.56 9 8 6 410 Quartzito
0 con glom erad o do Baú (Série Itajai-S an ta C atarina) 55

N.° C ontorno C om po­


D D’ D” D”’ ) mg. Sub-angular sição
171 7 .5 6 9 8 6 480 >» ?» Q uartzo leit.
172 7.56 9 8 6 490 »9 9» Q uartzo leit.
173 7 .4 8 10 7 6 680 ?» ?» Quartzito
174 7 .4 8 10 7 6 550 »» ?» Quartzo
175 7.36 10 8 5 560 »» 9? Quartzito
176 7.35 9 7 6 530 ?» 99 Quartzito
177 7.35 9 7 6 430 »9 9? Q uartzo leit.
178 7.35 9 7 6 370 99 ?» Q uartzo leit.
179 7.35 9 7 6 320 9» ?» Quartzito
180 7.04 10 7 5 580 9» ?? Quartzito
181 7.04 10 7 5 460 9» 9 ? Quartzito
182 6 .9 5 8 7 6 500 9? 9» Quartzito
183 6 .9 5 8 7 6 550 9» 99 Quartzito
184 6.95 8 7 6 390 9» 9? Quartzito
185 6.8 6 9 6 6 330 9» 99 Quartzito
186 6.80 9 7 5 470 9) 9» Quartzito
187 6.80 9 7 5 490 9? 99 Quartzito
188 6.54 7 8 5 360 9» ?» Quartzito
ÍÜ) 6.46 9 6 5 420 »? 99 Quartzo leit.
190 6.46 9 6 5 390 99 9? Quartzito
191 6.46 9 6 5 370 »? 9? Quartzito
192 6 .4 6 9 6 5 250 »? »? Quartzo leit.
193 6.21 8 6 5 330 9» 9? Q uartzo leit.
194 6.21 8 6 5 370 99 9? Quartzito
195 6.21 10 6 4 210
»9 9? Quartzito
196 6.07 8 7 4 ISO »? 9? Quartzito
197 5.94 7 6 5 300 9? 9? Quartzito
198 5 .8 4 8 5 5 260 9? 9? Quartzito
199 5.84 8 5 5 240 »? 9? Q uartzo leit.
200 5 .7 6 8 6 4 330 9? »? Quartzito
201 5 .7 6 8 6 4 300 9? 9? Quartzito
202 5 .7 6 8 6 4 300 9? ?» Quartzito
203 5.59 7 5 5 310 »9 »? Quartzito
204 5 .5 9 7 5 5 220 9» 99 Quartzo leit.
205 5.51 7 6 4 230 9? ?» Quartzito
206 5.51 7 6 4 150 »9 9? Quartzito
207 4 .9 3 6 5 4 150 ?» 99 Quartzito
208 4.57 6 4 4 110
99 ?» Q uartzo leit.
209 4.30 5 4 4 111
»? 9? Quartzito

T otal: 209 Seixos P eso: 910.505 miligramas

TABELA 1-B

AMOSTRA 2

Contorno C om po­
N.# D D’ D” D ’” Peso mg.
Sub-angular sição
1 36.82 48 40 26 55.250 »» » Gnáis
25 55.520 ?» ?»
2 35.39 55 31 Quartzito
33.930 »? ?»
3 29.16 40 31 20 Quartzito
56 R uy Ozorio de F reitas

Contorno C om po­
N.° D D’ D” D ’” P e s 0 mg. Sub-angular sição
99 99 Quartzito
4 28.36 41 32 25 46.760
99 99 Quartzito
5 28.10 37 30 20 31.210
99 99 Quartzito
6 27.64 40 24 22 27.080
99 99 Quartzito
7 26.85 45 24 18 19.920
99 99 Q uartzo
8 26.83 40 23 21 25.810
99 99 Quartzito
9 24.68 38 22 18 14.810
99 99 Quartzito
10 24.67 34 26 17 18.860
99 99 Gnáis
11 24.66 30 25 20 14.200
99 99 Quartzito
12 23.19 33 27 14 17.140
99 99 Quartzo
13 22.65 31 25 15 14.760
99 99 Quartzito
14 22.59 32 24 15 15.040
99 99 Quartzito
15 22.39 30 22 17 13.110
99 99 Quartzito
16 22.15 38 22 13 11.080
99 99 Quartzo
17 21.60 32 21 15 12.680
99 99 Quartzito
18 20.81 33 21 13 12.090
99 99 Quartzito
19 20.45 31 23 12 11.710
99 99
20 20.45 30 19 15 7.540 Filito
99 99
21 20.41 25 20 17 6.920 Granito
99 99 Quartzo
22 20.23 23 20 18 9.670
99 99 Quartzo
23 20.21 25 22 15 9.000
99 99 Quartzito
24 20.13 24 20 17 12.020
99 99 Quartzo
25 20.10 29 20 14 10.020
99 99 Quartzito
26 20.05 27 23 13 10.470
99 99 Quartzo
27 19.77 27 22 13 9.310
99 99 Quartzito
28 19.52 26 22 13 9.600
99 99 Quartzito
29 19.48 29 17 15 10.040
99 99 Quartzito
30 19.31 30 20 12 9.210
31 99 99 Quartzito
19.31 24 20 15 7.210
32 99 99 Quartzito
19.13 25 20 14 7.150
33 18.90 99 99 Quartzito
25 18 15 8 .4 90
34 99 99 Quartzito
18.87 28 20 12 9.210
35 99 99 Quartzito
18.87 28 16 15 4.980
36 18.64 99 99 Quartzo
27 20 12 8.770
37 18.64 6.520 99 99 Quartzito
27 20 12
38 7 410 99 99 Quartzo
18.17 25 20 12
39 17.65 99 99 Quartzito
25 20 11 4.160
40 17.54 25 18 99 99 Quartzito
12 5.260
41 17.37 99 99 Quartzito
27 18 14 5.970
42 17.25 27 19 99 99 Quartzito
10 7.110
43 17.19 99 99
23 17 13 6.340 Quartzo
44 17.09 99 99
24 16 13 6.030 Quartzo
45 17.02 32 99 99
14 11 4.350 Quartzito
46 16.94 99 99
27 18 10 5.630 Quartzo
47 16.74 99 99
23 17 12 4.750 Quartzito
48 99 99
16.58 20 19 12 5.270 Quartzito
49 16.51 99 99
30 15 10 6.600 Quartzito
50 99 99
16.24 18 17 14 5.510 Quartzito
51 99 99
15.77 20 14 14 5.610 Quartzito
52 99 99
15.69 23 14 12 5.200 Quartzito
53 99 99
15.52 20 17 11 3.980 Quartzo
54 4.380 99 99
15.33 20 18 10 Granito
55 99 99
15.22 2 íl 14 12 5.540 Quartzito
56 99 99
15.21 22 16 10 3.510 Quartzo leit.
57 3.120 99 99
14.89 20 15 11 Quartzo
O con glo m erado do Baú (Série Itajai-S anta C atarina) 57

N.< C ontorno C om po­


D ♦ D’ D” D ’” Peso mg.
S ub-angular sição
58 4 .8 9 15 99 99
20 11 3.140 Quartzito
50 4 .85 18 14 13 99 99
4.860 Quartzo
GO 4 .7 3 16 99 99 Quartzito
20 10 4.330
G1 4 .5 5 14 99 99
20 11 3.970 Quartzo
62 4.52 18 17 99 99
10 3.880 Quartzito
63 4.20 '13 99 99
20 11 3.250 Quartzo leit.
64 4.11 18 13 99 99 Quartzito
12 3.790
65 4.03 23 15 99 99
8 3.600 Quartzito
66 3.92 18 15 99 99 Quartzito
10 3.210
67 3.90 16 99 99 Quartzito
21 8 3.570
6-8 3 .8 6 19 14 99 99 Quartzito
10 3.140
69 3.82, 3.630 99 99
22 12 10 Quartzo leit.
78 3 .78 14 99 99
17 11 3.480 Quartzito
7!l 3.63 23 99 99 Quartzito
11 10 2.640
72 3.51 '16 14 11 3.740 99 99 Quartzo
73 3.44 18, 15 9 99 99 Quartzito
2.960
74 3.35 17 14 99 99 Quartzito
10 2.480
75 3 .1 8 13 99 99 Quartzito
22 8 2.540
76 3.09 16 14 99 99 Quartzo
10 3.190
77 3.02 17 13 99 99 Quartzito
10 2.930
78 2.93 18 15 99 99 Quartzito
8 2.610
79 17 99 99 Quartzo
2.6 8 12 10 2.720
80 2.56 9 99 99 Quartzito
20 11 2.710
81 2.56 15 99 99
12 11 2.0 1 0 Granito
82 2 .43 16 12 10 2.150 99 9) Quartzito
83 2.43 16 99 99 Quartzito
12 10 1.650
84 2 .32 18 13 99 99 Quartzito
8 2.310
85 2.25 17 9 99 99 Quartzito
12 1.980
86 99 ’9 Quartzito
1.96 19 10 9 2.000
87 1.77 14 13 9 99 99 Jaspe
2.230
88 1.54 16 99 99 Quartzito
12 8 2.240
89 1.48 14 9 99 99 Quartzo leit.
12 1.570
90 99 99 Quartzito
1.33 16 13 7 1.770
91 1.29 99 99 Quartzo
15 12 8 1.840
92 1.19 99 99 Quartzito
20 10 7 1 790
93 14 9 99 99
1.15 11 1.400 Quartzo leit.
94 1.05 99 99 Quartzito
15 10 9 2.180
95 99 99 Quartzo
0.99 17 13 6 2.060
96 99 99 Quartzito
0.88 13 11 9 1.800
97 99 99 Quartzito
0.86 16 10 8 1.430
98 7 1.510 99 99 Quartzito
0.80 15 12
99 99 99 Quartzito
0.80 15 12 7 1.550
99 9>
100 0.72 14 11 8 1.590 Quartzo leit.
99 99
101 0 .63 15 10 8 1 .110 Quartzito
1.190 99 99
102 0.46 13 11 8 Quartzo leit.
1.330 99 9•
103 0.16 15 10 7 Quartzo
99 99
104 0 .13 13 10 8 1.490 Quartzito
99 99
105 0 .09 19 9 6 1.340 Quartzito
1.140 99 99
106 9 .86 12 10 8 Quartzo leit.
99 99
107 9.74 12 11 7 1.180 Quartzito
99 99
108 9 .69 13 10 7 890 Quartzito
99 99
109 9.52 12 9 8 930 Quartzito
99 99
110 9.43 12 10 7 990 Quartzito
99 99
111 9 .1 8 11 10 7 1.010 Quartzito
58 Huy Ozorio de F reitas

Contorno C o m po ­
N.° D ir D” D ’” Peso mg. Sub-angular sição
112 9.11 12 9 7 940 99 » Quartzito
99 99 Quartzito
113 9.11 12 9 7 1.100
114 99 99 Quartzito
8.96 12 10 6 640
115 8.84 11 9 7 1.300 Quartzito
116 8.84 11 9 7 730 Q uartzo leit.
117 8.75 14 8 6 620 Quartzito
118 8.40 11 9 6 800 Quartzito
119 8.40 11 9 6 680 Quartzo leit.
120 8.24 10 8 7 760 Quartzo leit.
121 7.95 9 8 7 670 Jaspe
122 7 .83 10 8 6 690 Quartzito
123 7 .4 8 12 7 5 530 Quartzito
124 7.11 12 6 5 420 Quartzito
125 7.04 10 7 5 490 Quartzito
126 6.07 8 7 4 330 Quartzito
127 5.31 6 5 5 250 " .0 " Jaspe

Total : 127 seixos Peso total :845.830 miligramas

1 — DETERMINAÇÃO QUALITATIVA.
^ •
Segundo Paulino F ranco de Carvalho e Estevam Alves Pmto
(3), os seixos do conglom erado do Baú são constituídos de quartzo,
quartzito, quartzito micáceo e, m ais raram ente, de filitos. L. C.
F erraz (4) referindo-se à composição dos seixos apenas ressalta
que dentre eles são abundantes os de jaspe de cor vermelho-co-
chonilha.
Conclue-se que a determ inação da composição dos seixos tem
sido feita m acroscopicam ente, sem exam e petrográfico do m ate­
rial. Nestas condições é lícito supor-se que apenas os seixos mais
facilm ente reconhecíveis ao exam e m acroscópico foram caracteri­
zados, em detrim ento da composição real da rocha.
A determ inação da composição foi feita petrograficam ente
com o emprego do microscópio polarizado e, quando o m aterial
apresentava diagnóse difícil à luz refletida foram feitas as res­
pectivas lâm inas delgadas na Divisão de Geologia e M ineralogia
do D epartam ento Nacional da Produção M ineral.
A composição dos seixos não difere substancialm ente da atri­
buída por P . F de C arvalho e E . A. Pinto (3), pois no conjunto
há pequena heterogeneidade, predom inando os seixos de quartzo
e q u artzito .
O quadro seguinte exprim e a composição dos seixos de am bas
as am ostras separadam ente:
O con glo m erad o do Baú (Série Itajaí-S anta Catarina) 59

AMOSTRA 1

ESPÉCIES , QUANTIDADE PESO (mg)

1 — Q uartzo roseo . . 1 0 .4 7 % 4.100 0 .4 6 %


2 — Q uartzo leitoso 26 12.44% 26.425 2 .9 0 %
3 — Q uartzo escu ro . 35 16.75% 149.460 16.41%
4 — Jasp e 2 0 .9 4 % 2.790 0 .3 1 %
5 — Quartzito .. 123 5 8.86% 505.580 5 5 .5 2%
6 — Gnáis 7 3 .3 4 % 120.510 13.23%
7 — Granito 8 3 .8 2 % 67.490 7 .4 1 %
8 — Filito 3 1.45% 19.730 2 .1 6 %
9 — Arenito .. 4 1.93% 14.480 1 .6 0 %
TOTAIS 209 100% 910.565 100%

AMOSTRA 2

ESPÉCIES QUANTIDADE PESO (mg)

1 — Q uartzo escuro 22 17.15% 156.240 18 %


2 — Quartzo leitoso , 11 8 .5 7% 19.450 2 %
3 — Jasp e .. .. 3 2 .3 4 % 3.150 0 .3 %
4 — Granito 3 2 .34 % 13.310 1 %
5 — Gnáis 2 1 .56 % 69.450 8 %
6 — Quartzito .. .. 85 7 7.26% 576.590 67 %
7 — Filito 1 0 .7 8 % 7.540 3 .7 %

TOTAIS .. 127 100% 845.830 100%

Conclusões: Observa-se que na am ostra 1 se encontram res­


pectivam ente quartzo roseo, 0.47% ; quartzo escuro, 16.75% ; jas-
pe, 0.94% , dentre os seixos de m inerais; quartzito, 58.86% ; gnáis,
3.34% ; granito, 3.82% ; filito, 1.45% e arenito, 1.93% Na am os­
tra 2, quartzo escuro, 17.15% ; quartzo leitoso, 8.57% ; jaspe, 2.34%,
quanto aos seixos de m inerais; granito, 2.34% ; gnáis, 1.56% ; quar­
tzito, 77.26%, e filito, 0.78% quanto aos seixos de rochas. Desse
exame conclue-se que predom inam em am bas as am ostras os sei­
xos de quartzo e quartzito, com um séquito m uito pequeno de ou­
tras rochas e m inerais, patenteando desta m aneira a tendência a
um a pequena heterogeneidade na composição dos seixos, o que
indica que o tran sp o rte foi seletivo, tendendo à classificação ex­
clusiva do quartzito e do quartzo, como se observa nos seixos m uito
v iajad o s.
Huy Ozorio de Freitas

am o stra — 1
O cong lo m erado do Baú (Série ítajaí-Sanla Catarina) (51

A-M 03T R A —■ 2
62 Ruy OzQrio *de Freitas

Os seixos m ais freqüentes coincidem com as rochas e m inerais


m ais resistentes ao desgaste m ecânico e portanto m ais suscetíveis
de classificação. Atendendo a que a contribuição da área de co­
leta dos seixos poderia ter sido v ariad a devido a heterogeneidade
das form ações integrantes do arqueano e algonquiano, essa seleção
qualitativa que se observa na composição dos seixos do conglome­
rado da série Itajai é um indício de um transporte seletivo, o que
significa duração não m uito pequena ou ca rater torrencial para
acelerar o processo de classificação. A pequena heterogeneidade
da rocha, posta em percentagem p a ra m aior clareza, vem depor
contra a presum ida origem glacial onde não vigora habilidade sele­
tiva na com posição.
Os gráficos 1-A e 1-B ilustram a composição respectivam ente
das am ostras 1 e 2. Na am ostra —2— não foi encontrado nenhum
seixo de arenito arcosiano, fato que pode ser atribuído, em p^jte,
ao m enor núm ero de seixos com pulsados e, de outra parte, como
pertencendo a outro horizonte de conglom erado.
A existência de seixos de arenito arcosiano idêntico ao are­
nito arcosiano integrante da série Itajai, parece in d icar que teria
havido erosão de depósitos anteriores, fornecendo assim m aterial
p a ra deposição subsequente.
A composição dos seixos indica proveniência de rochas preexis­
tentes na região, nas form ações do algonquiano e arqueano, sendo
im portante a constatação da ausência de seixos de rochas/básicas,
calcáreas ou dolom íticas.
DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA

T ratando-se de um sedim ento rudáceo, a quantidadi dos sei­


xos é dada em frequência absoluta em lugar de em requência
ponderai. Segundo P . F de Carvalho e E . A. Pinto /3), a dis­
tribuição granulom étrica v aria de 5 m ilím etros a 20 centímetros de
com prim ento dos seixos, predom inando os de 4 a 10 ceitím etros.
Pelas tabelas 1-A e 1-B, respectivam ente referentej às am os­
tras 1 e 2, observa-se a seguinte distribuição gran u lo m q rica:
AMOSTRA 1 — 46 a 4 m m
AMOSTRA 2 — 36 a 5 m m

Pelos resultados das tabelas vê-se que a distribubão granu­


lom étrica coincide com a apontada por aqueles a u to rs (3), não
ultrapassando o seu lim ite m áxim o. Os gráficos 2-1 e 2-B re ­
presentam , sob a form a de histogram a, á distribuição granulom é­
trica das am ostras 1 e 2, em têrm os de quantidade abióluta e não
em percentagem . O gráfico 2-C é um a com paração iitre a gra-
nulom etria de am bas as am ostras, em term os de fr^ u ên cia em
percentagem (Fi %)
O co ng lo m er ad o do Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) G3
A M O STRA 1

Representação Gráfica G ran u lom étrica.


GRAFICO 2 -A
Ruy Ozorio de Freitas
AMOSTRA 2

23 I
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O cong lom er ad o do Baú (Série Itajaí-Sanía Catarina) » 05

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05,
8o
66 Ruy Ozorio de Freitas

Analisando os gráficos referidos chega-se à seguinte con­


clusão :
AMOSTRA 1 — P re d o m in a m os seixos 6 a 14 mm
AMOSTRA 2 — P red o m in am os seixos 8 a 14 m m
A finalidade da observação sim ultânea de duas am ostras dis­
tintas do conglom erado quanto à distribuição granulom étrica re­
side na possibilidade de com paração entre am bas, verificando-se
em quanto discrepam entre si. A granulom etria de am bas as
am ostras se harm oniza afastando a hipótese de se estar exam i­
nando um caso p articu lar sem expressão genérica.
Poder-se-ia representar, nos gráficos 2-A, 2-B e frequência
absoluta (Fi) por frequência em percentagem (Fi % ), porém nes­
te caso, p o r se desejar m aior contraste entre as am ostras prefe-
riu-se a representação em valores absolutos, pois vão influenciar
a construção dos histogram as, fato que a representação em p er­
centagem p la n ific a ria . Desta m aneira resulta ainda m aior h a r­
m onia entre as am ostras 1 e 2, pois não obstante isso, predom inam
em am bas os seixos de 8 a 14 mm, que ficam com preendidos na
classe 8-16 m m da escala de W entw orth (10)

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

P ara caracterizar, em têrm os estatísticos, o conglom erado do


Baú e aplicar ao seu estudo m étodos m atem áticos p a ra in terp re­
tação de sua origem e constituição serão usados três processos
g ráfico s:
1 — H istogram a de frequência da distribuição granu lo m étrica
Gráficos 3-A e 3-B
2 — Curva simples de frequência da distribuição gran ulo m étrica
Gráficos 4-A e 4-B
3 — Curva cum ulativa em escala fi
Gráficos 5-A e 5-B

1 — HISTOGRAMA DE FREQUÊNCIA

Neste histogram a, observa-se a distribuição dos seixos na es­


cala (fi) cujos valores são aritm éticos, de sorte que facilita a
distribuição granulom étrica em lugar dos valores geom étricos da
escala de W entw orth. A distribuição vai de —2 a —6 fi, equiva­
lente a um a variação em tam anho de 2 a 6 4 m m .
As tabelas 2-A e 2-B, respectivam ente referentes às am ostras
1 e 2, consignam os dados p ara a representação gráfica equiva­
lente.

(10) Tw enhofei, W . H . & T yler S. A. — M ethods of S tudy of Sedi­


ments — McGraw — Hill Book Co. Ih c . New York an d L o nd on l.a ed. 1941.
68 R uy Ozorio de Freitas
AMO T E A - - 2

GRAFICO 3 - E
DISTRIBUIÇÃO GRANULOMETRICA
O conglomerado do Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) 69

TÀBELA 2-A

D im en­ % A cum u­ Peso mg


Q uantidade % % Peso Escala fi
sões m m lada

64 — 6
3 '1.44 f a 1.44% 264.520 29 .0 %
32 —5
34 16.27% 17.71% 380.920 42 .0 %
16 —4
125 59 .8 0% 77.51% 246.355 27.0%
8 —3
47 22.49% 1.0 0 . 0 0 % 18.770 2 .0 %
4 — 2

TABELA 2-B

D im en­ % Acumu Escala


Q uantidade % Peso mg % Peso
sões m lada Escala Fi

64 — 6
2 1 .5 8 % 1.58% 110.770 13.12%
32 -—5
48 37.80% 39.38% 566.710 66.94%)
16 —4
70 55.11% 94.49% 164.970 19.52%
8 —3
7 5 .5 1 % 1 0 0 .0 0 %- 3.380 0.42%)
4 — 2

O em prego da escala fi p ara rep resen tar as classes de tam a­


nhos obvia o inconveniente do uso do papel logarítm ico na re p re­
sentação em term os da escala de W entw orth, si bem gue os autores
am ericanos (10) figurem as dimensões em m m em valores aritm é­
ticos, o que não é recom endado pelos estatísticos, pois a escala de
W entw orth abrange valores geom étricos.
Nas tabelas 3-A e 3-B são dados os valores em mm, da d istri­
buição granulom étrica, p a ra a conversão em iguais valores da es­
cala aritm ética Fi, de KRUMBEIN (11).
A análise do histpgram a de frequência granulom étrica, tanto
da am ostra 1 como da 2, m ostra um a pequena am plitude de v a ria ­
ção abrangendo am bas apenas 4 classes de tam anhos. É interes­
sante n o tar a notável identidade dos histogram as das am ostras n.°
1 e n.° 2, denotando equivalente distribuição granulom étrica. O

(11) K r u m b e in . C. K ., Size F re q u e n c y Distribution on Sedim ents.


Jo u rn a l of S ed im entary P e tro g r a p h y . 4 (1934) P p . 65-77.
70 Ruy Ozorio de Freitas

tam anho m ais freqüente fica com preendido entre —3 e —^4 fi, isto
é, vai de 8 a 16 m m em am bas as am ostras, tendo respectivam ente
a n.° 1, 59.80%, e a n.° 2, 55.11% E sta é a principal constatação
que se faz desta representação gráfica e secundariam ente a peque­
na variação na am plitude com apenas 4 classes de tam anhos.

2 — CURVA SIMPLES DE FREQUÊNCIA

A curva sim ples de frequência (F i%) tran sfo rm a a distribui­


ção do histogram a num a curva perm itindo ler os valores em têr-
mos m ais estatísticos.
Na distribuição da am ostra 1, a assim etria está do lado direito
da curva e na da am ostra 2 coloca-se do lado esquerdo. Nota-se,
assim, um a concentração diferente de tam anhos; enquanto na
am ostra n.° 1 predom inam os seixos de tam anhos m enores, entre
4 e 16 mm, na am ostra n.° 2 predom inam os seixos de tam anhos
m aiores, com preendidos entre 8 e 32 m m . Essa discrepância entre
as curvas de am bas as am ostras pode encontrar explicação no
núm ero diferente de seixos analisados, 209 p a ra a n.° 1 e 127 para
a n.° 2. Assim sendo deve-se in terp re ta r a concentração dos tam a­
nhos entre 8 e 32 m m da am ostra n.° 2 pelo m enor núm ero de sei­
xos analisados, o que tornou menos provável o com puto de seixos
de tam anhos m enores.

3 — CURVA DE FREQUÊNCIA ACUMULADA

A curva de frequência acum ulada é m elhor p a ra o estudo dos


sedim entos através de representações gráficas. G eralm ente esta
representação tem sido feita em têrm os da classificação granulo-
m étrica de W entw orth, isto é, em m m e em progressão geom étrica.
Nesta representação pode-se re p a ra r que reaparece a sem elhança
encontrada em am bas as am ostras e stu d ad a s. O valor desta curva
reside no fato de servir p ara análise estatística através de três m e­
didas representativas e lidas diretam ente na curva:
1 — Prim eiro Quartel
2 — Terceiro Quartel
3 — D iâm etro médio

A natureza destes dados perm ite individualizar o sedim ento


graças aos trabalhos de TRASK na especialidade (12)

(12) Trask, P D ., Origin an d E n viro nm ent of Source Sedim ents of


P etro leum . H ouston. P p . 67. 1932.
O conglomerado do Baú (Série Itajai-Santa Catarina) 71
AMOSTRA 1
72 Ruy Ozorio de Freitas
AMOSTRA 2
O conglomerado do Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) 73,
¥

Como é usualm ente definido, o 3.° q u artel (Q3) fica situado


num ponto com 75% de valores m ais baixos do que o seu e 25%
m ais altos.
O 1.° q u a rte l (Qi) fica em um ponto com 25% de valores m ais
baixos e 75% m ais altos do que o seu. O diâm etro m édio (DM)
fica a 50% da distribuição.
A vantagem das curvas cum ulativas reside na leitu ra dirêta
dos valores de Q3, Qi e DM, respectivam ente a 75%, 25% e 50% .
P resentem ente, após os trabalhos de K rum bein (11), a curva
de frequência acu m u lad a em têrm os da classificação de W e n t­
w orth tem sido p re ferid a p ela curva idêntica em têrm os da es­
cala fi, p o r ser m ais sim ples n a operação e conhecida m elhor por
curva cum ulativa. Êsses valores estatísticos, pois, serão estudados
na curva cum ulativa em têrm os de fi.

CURVA CUMULATIVA FI

P a ra operar-se com esta representação gráfica é necessário o


trabalho p relim in ar de conversão dos valores da distribuição gra-
nulom étrica achados em m m p a ra idênticos da escala fi de K rum ­
bein . A fó rm u la genérica de conversão é a seg u in te:
— log E
fi = ---------------
log 2

onde E — diâm etros em m m .


In v e rsam en te:
log E = — log 2 Fi

Pode-se en co n trar a aplicação desta fórm ula fundam ental nas


tabelas 3-A e 3-B, onde os valores dos diâm etros em m m (E) são
convertidos em escala aritm ética fi. E sta escala é negativa à es­
querda de zero e positiva à direita, coincidindo o zero com 1 mm,
da escala de W en tw o rth .
A equação fu n d am en tal da conversão é a seguinte:
Ruy Ozorio de Freitas

TABELA 3-A

Quanti­ Diâme­ Escala Fi -% Quantidade % Acumulada


dade tros mm
1 46 5.51 0.47% 0.47%
0 45
1 44 5.45 0.47% 0.94%
0 43
0 42 -------
0 41
0 40
0 39
1 38 5.24 0.47% 1.41%
0 37
0 36
0 35 -------------------

0 34 -------
0 33
0 32 ------------------ - -------------------

0 31
0 30
0 29
1 28 4.80 0.47% 1.88%
0 27
1 26 4.70 0.47% 2.35%
1 25 4.64 0.47% >•
2.82%
0 24
2 23 4.52 0.95% 3.77%
3 22 4.45 1.43% 5.20%
5 21 4.39 2.39% 7.59%
2 20 4.32 0.95% 8.54%
3 19 4.24 1.43% 9.97%
11 18 4.16 5.27% 16.19%
2 17 4.08 0.95% 15.24%
3 16 4.00 1.43% 17.62%
3 15 3.90 1.43% 1 9.05%
13 14 3.80 6.23% 25.28%
13 13 3.70 6.23% 31.51%
7 12 3.58 3.35% 34.86%
19 11 3.45 9.11% 43.97%
21 10 3.32 10.05% 54.02%
22 9 3.17 10.53% 64.55%
27 8 3.00 12.93% 77.48%
19 7 2.80 9.11% «6.59%
15 6 2.58 7.19% 93.78%
10 5 2.31 4.79% 98.57%
3 4 2.00 1.43% 100.00%
t

TABELA 3-B
Quanti­ Diâme­ Escala Fi % Quantidade % Acumulada
dade tros mm ;
1 36 5.16 0.78% 0.78%
1 35 5.12 0.78% 1.56%
0 34
O conglomerado do Baú, (Série Itajai-Santa Catarina) 75

Q uanti­ D iâm e­ ESCALA FI % Q uantiúade %* A cum ulada


9
d ad e tro s m m
1

0 33 — -—

0 32
0 31
0 30 ----------- -----------
1 29 4.85 0 .7 8 % 2 .3 4 %
2 28 4 .8 0 1 .5 6 % 3 .9 0 %
1 27 4.75 0 .7 8 % 4 .6 8 %
2 26 4 .7 0 1 .5 6 % 6.24%*
0 25 ■
-------------------

3 24 4 .5 8 2 .3 4 % 8.58$?
1 23 4.52 0 .7 8 % 9 .3 6 %
4 22 4 .45 3 .1 2 % 12.48%
1 21 4 .3 9 0 .7 8 % 1 3.26%
9 20 4 .32 7 .1 3 % 20.39%
6 19 4.24 4 .6 8 % 25 .0 7%
6 18 4 .1 6 4 .6 8 % 29 .7 5%
7 17 4 .0 8 5 .5 6 % 3 5.31%
5 16 4.00 3 .90 % 3 9.21%
6 15 3.90 4 .6 8 % 4 3.89%
9 14 3 .80 7 .13 % 5 1.02 %
12 13 3 .7 0 9 .4 7 % 6 0.49%
8 12 3.58 6 .3 4 % 6 6 .8 3 %
9 11 3 .45 7 .1 3% 73.96%
11 10 3.32 8 .68% 82.64%
8 9 3.17 6 .3 4 % 8 8.98%
7 8 3 .0 0 5 .5 6 % 9 4.54 %
5 7 2 .8 0 3 .9 0 % 98.44%
1 6 2 .58 0 .7 8 % 9 9.22%
1 5 2 .3 1 0 .7 8 % 100.00%

Nas curvas cum ulativas, em função de fi, das am ostras n.° 1


e n.° 2, gráficos 6 -A e 6 -B, podem ser lidos diretam ente os valores
respectivos do diâm etro m édio (DM), prim eiro e terceiro quartéis
(Qi e Q3) São os seguintes os valores p a ra o conglom erado
do B aú:
AMOSTRA 1
Q3 •• 3.78
Qx 2.98
DM .................................... 334
AMOSTRA 2
Q3 .. 4.04
Q1 .. 3.24
DM 3.64

Com o auxilio dêstes dados é possível realizar três naturezas


de m edidas p a ra descrever a rocha com a aplicação de m étodos
estatísticos (13):

(13) K rum bein, W C. — T he use of quartile m easu res in describing


a n d co m p arin g sedim ents. Am, J o u r Sc. Vol. XXXII. N.° 188. Pg. 98. 1936.
Ruy Ozorio de Freitas
AMOSTRA 1
0 conglomera dp do *Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) 77
AMOSTRA 2
78 Ruy Ozorio de Freitas

1 — Desvio aritm ético dos qu artéis. (QDa)


2 — Desvio geom étrico dos q uartéis. (QDg)
3 — Desvio logarítm ico dos q uartéis, (log QDg)
*
1 — DESVIO ARITMÉTICO DOS QUARTÉIS

A m edida m ais sim ples que se pode fazer é o desvio aritm éti­
co dos quartéis, que é igual à m etade da diferença entre o 3.° e 1.°
q u artéis. A diferença sem pre deverá ser encontrada 'em têrmos
positivos:

Q3 Qi
QDa = -------------
2

Esta fórm ula tem o inconveniente de poder som ente ser ope­
rad a com valores em m m . Utilizando-se da curva cum ulativa em
escala Fi preferiu-se outra fórm ula de K rum bein (13), p a ra igual
m edida:

Q3 Qi
QD Fi ------------- (1)
2

Aplicando-se a fórm ula tem-se, respectivam ente,


3 .7 8 — 2 .9 8
AMOSTRA 1 — QD Fi = ---------------------- = 0.40
2
4.04 - 324
AMOSTRA 2 — QD Fi = ---------------------- = 0.40
2
Ambas as am ostras possuem o mesmo valor p a ra o desvio
aritm ético, o que indica em têrm os m atem áticos a hom ogeneidade
do conglom erado do Baú quanto aos seus valores estatísticos. Esta
m edida é influenciada pela natureza da unidade em pregada e pelo
próprio tam anho dos grãos.
2 — DESVIO GEOMÉTRICO DOS QUARTÉIS

Esta m edida, introduzida por T rask, visa elim inar o fa to r ta­


m anho e tam bém as influências da unidade em pregada na análise
m ecânica.
QDg - \ / “ Q~

Qi

T rask cham ou a êste desvio geom étrico “ coeficiente de sele­


ção” (So), de modo que:
O co n g lom
% erad o do Baú (Série Itajaí-S
* anta C atarina) 79

QDg = So

De onde:

So = V ~Q s . (2)
Qi
E sta fó rm u la tem, tam bém , o inconveniente de som ente po­
d er ser em pregada quando os valores de Q3 e Qi são dados em m m .
E n tretan to , K rum bein (13), dá um a outra fórm ula p a ra se calcu­
lar o coeficiente de seleção da rocha em têrm os da escala fi:
log So = log 2 X QD Fi (3)

AMOSTRA 1: QD Fi = 0 .4 0 ; log So = 0.301 X 0.40 = 0.1204


So = 1.32

AMOSTRA 2: QD Fi = 0 .4 0 ; log So = 0.301 X 0.40 = 0.1204


So = 1.32

O coeficiente de seleção do conglom erado do Baú, p a ra am bas


as am ostras é 1.32.
Baseado em cerca de 200 análises m ecânicas T rask verificou
que o v alo r de So m enor que 2.5 indica um sedim ento bem sele­
cionado; igual ou nas vizinhanças de 3 .0 um sedim ento n o rm al­
m ente selecionado e su perior a 4.5 um sedim ento pouco sele­
cionado.
Estes núm eros, pois, perm item visualizar rap id am en te a sele­
ção do conglom erado da série Ita ja í, Trata-se, evidentem ente, de
um sedim ento bem selecionado (So = 1.32), afastando-se do coe­
ficiente de seleção de um a rocha glacial que sem pre é supe­
rior a 4 .5 .
3 — DESVIO LOGARÍTMICO DOS QUARTÉIS

E sta m edida é igual à m etade da diferença entre os logaritm os


dos quartéis (l.o e 3 .o ):
log Q3 - log Qx
log So 011 log QDg = ------------------------ (4)
2

E sta fó rm u la requer, na sua aplicação, valores em m m . P a ra


a curva cum ulativa em têrm os de fi, acha-se diretam ente log So a
p a rtir do valor de So na taboa.
E n tretan to , pode-se converter os valores de Q3 e Qi do conglo­
m erado do Baú, obtidos em têrm os da escala fi, em valores em mm
80 Ruy Ozorio de Freitas

pela fórm ula log E — —log 2 fi p a ra conferir os valores achados


por um e p o r outro processo:

AMOSTRA 1 AMOSTRA 2
Q 3 = 3 .7 8 = 13.74 mm Qs = 4 .04 = 16.44 m m
Qx = 2 .9 8 = 7.88 mm Qi = 3.24 = 9 .44 m m
log 13.74 = 1,13799 log. 16.44 - 1,21590
log 7.88 = 0,89653 log 9 .4 4 = 0,97497

De onde:
1J13799 0,89653 1,21590 — 0,97497
log So = log So =

log So = 0.12073 log So — 0.12046

So = 1.32 So = 1.32

Observa-se que o valor de So, obtido desta fó rm u la n.° 4 é


idêntico ao valor de So obtido da fórm ula n.° 3, isto é, operando-se
com valores em m m e em têrm os fi chega-se a um m esm o resul­
tado p a ra o valor de So do conglom erado do Baú.
O valor desta m edida é justam ente n a com paração com outros
sedim entos, pois a custa do log So poderem os verificar o quanto
um sedim ento é m ais selecionado do que o u tro .
COMPARAÇÃO COM OUTROS SEDIMENTOS
De posse dos valores das três m edidas estatísticas efetuadas
no conglom erado do Baú, através da curva cum ulativa em têrmos
da escala fi, é possível com para-los com iguais obtidos da m esm a
m aneira em outros sedim entos.
O quadro abaixo com para as m edidas do conglom erado com
os seguintes sedim entos referidos por K rum bein (13):

ROCHAS DM | Qi Qs QDa So | log So


i
i
Glacial Till 0.065 | 0.009 0.270 0.131 5.47 | 0.738
U n derclay . . . . 0.004 | 0.0 0 2 0.008 0.003 2.0 0 i 0.301
Beach Sand 0.300 | 0.240 0.360 0.060 1.22 | 0.087
Beach Gravel . . 4.420 | 3Í900 4.970 0.535 1.13 | 0.054
1
Conglomerado do 1
Baú: 1
1
Amostra 1 10.120 7.880 13.740 2.930 1.32 I 0.120
Amostra 2’ 12.460 | 9.440 16.440 3.500 1.32 I 0.120
1
O conglomerado do Baú (Série Itajai-Santa Catarina) 81

Os valores do diâm etro m ediano (DM), prim eiro e terceiro


q u artéis (Qi e Q3) são influenciados pelo v alo r absoluto das dim en­
sões, de sorte que o conglom erado do B aú sendo m ais rudáceo e,
tfendo sido feitas todas as m edidas em m m , consequentem ente pos-
sue valores m ais altos p a ra DM, Qi e Q3.
O desvio aritm ético dos quartéis (QDa) sofre a influência do
tam anho e da u n id ad e de m edida em pregada, de sorte que os v a­
lores do conglom erado do B aú são sensivelm ente m ais elevados.
Observa-se, portanto, que os valores p a ra o desvio aritm ético
são bem diferentes no caso do conglom erado do Baú, m esm o com
referência ao cascalho de p ra ia que tam bém é rudáceo. E ntretanto,
o v alor de So é o m ais propício à com paração porquanto independe
do tam anho dos grãos e da unidade de m edida em pregada. Com
efeito, o coeficiente de seleção do conglom erado é inferior ao do
“ till” e ao da “ u n d erclay ”, que são m enos rudáceos a seu respeito.
A sua seleção é quasi igual à seleção da areia que é um sedim ento
fino, cujo gradiente em tam anho não pode ser com parado ao do
conglom erado do B aú. O cascalho de p ra ia ainda se m ostra m elhor
selecionado com respeito à p ró p ria areia e ao conglom erado, com
um v alo r de So = 1.13, contra respectivam ente 1.22 e 1.32.
De todos os valores dos coeficientes de seleção referidos o con­
glom erado do B aú se aproxim a dos da areia e do cascalho de p raias
e se afasta um pouco da “ underclay” e consideravelm ente da se­
leção do “ till” (So = 5.47). O conglom erado do Baú, pois, an ali­
sado do ponto de vista estatístico não se identifica com um a rocha
de origem glacial, e o seu coeficiente não perm ite aproxim ação al­
gum a com tais rochas . O conglom erado do Baú, graças a sua clas­
sificação, deve estar d entre as rochas de origem aquosa e, se houve
interferência glacial esta foi totalm ente desvanecida com o tran s­
porte e a deposição, n ad a restando p a ra caracterizar a rocha de
acordo com a reg ra de T rask na especialidade. Tw enhofel sa­
lienta (14) que um m esm o sedim ento pode ter produção e fonte di­
ferente do tran sp o rte e deposição.
O gráfico n.° 7 m ostra as respectivas curvas cum ulativas dos
sedim entos aqui com parados com o conglom erado do Baú, em têr-
mos de m m , podendo-se facilm ente constatar a diversidade da cur­
va do “ tilF que abrange m uitas classes, cerca de 31, enquanto o
conglom erado do B aú abrange apenas 4 classes. A curva do con­
glom erado não é tão distendida, sendo tão cu rta como as da “ u n ­
derclay”, “ beach san d ” e “beach gravei”
Com o objetivo de m elhor com parar o conglom erado do Baú
com o “ till” em questão, o gráfico 8 representa esta rocha em têr-
mos da escala fi o m esm o que foi feito p a ra rep resen tar as duas
am ostras do conglom erado do B aú. A curva do “ glacial till” vai

(14) Treatise on Sedim entation — 2nd E dition. B altim ore. 1932.


82 Ruy Ozorio de Freitas

de —2 fi a + 10 fi, abrangendo nada m enos do que 12 classes dessa


escala enquanto as am ostras 1 e 2 do conglom erado, na m esm a re ­
presentação, vão de —6 a —2 fi, como se vê no gráfico 6.
Não resta dúvida que a curva cum ulativa caracteriza bem o
sedim ento quanto à sua origem, pois não é possível se identificar
as curvas do conglom erado do Baú (am ostra n.° 1 e n.° 2) com a
curva do “ glacial till” analisado por K rum bein (13). Os valores
de So derivando diretam ente da curva cum ulativa representam n u ­
m ericam ente a expressão gráfica do sedim ento, dando valores bem
distintos p ara am bas as rochas.
O valor da seleção do conglom erado do Baú, com respeito aos
dem ais sedim entos relacionados adrede, pode ser obtido à custa do
desvio logarítm ico dos quartéis, em que o valor de So é passado
em têrm os do seu logaritm o à base 10.
Dividindo-se o logaritm o de So (base 10) do conglom erado do
Baú, pelos dem ais So das outras rochas, tem-se quantas vezes estes
sedim entos são m ais ou menos selecionados com respeito aquele.

VALORES DE log So

1 — Conglom erado do Baú (am bas as am ostras) = 0. 1 2 0


2 — “ Glacial till” 0.738
3 —* “Beach s a n d ” 0.087
4A — rftin tT n l
“ Beach gravel” 0.054
5 — “ U n d e r c la y ” 0.301

1 — Seleção com referência ao “ glacial till”


0.738
= 6.15
0.120

2 — Seleção com referência à “beach sand”


0.120
= 1.37
0.087

3 — Seleção com referência ao “beach gravei”


0 . 1 20
= 2.24
0.054

4 - Seleção com referência à “ under.clay”

0.301
= 2 .5
0.120
O conglomerado do Baú (Série Itajai-Santa Catarina)
AMOSTRA 1 e 2
Ruy Ozorio de Freitas

FREQUENCY

GRAFICO 7

$
GRAFICO 8
O conglomerado do Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) 85

DISTRIBUIÇÃO GRANULOMETRICA DE UM CASCALHO FLUVIAL

(segundo J . A. Udden)

100.

80

60

40

20

O O ^ N H O í ^ f l O O N ^ O O O W ^
8 * 0 3 /1-

\
N h
© O in (N W CJ 50 CO
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O

L oc: Klondike River, Alaska


GRAFICO 9
86 Ruy Ozorio de Freitas

DISTRIBUIÇÃO GRANULOMETRICA DE UM CASCALHO DE PRAIA

(segundo C. K. W entw orth, n.° 10.731)

L oc: Long Beach, N. of Gloucester, M assachussets


GRAFICO 10
0 conglomerado do Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) - 87

O conglom erado do B aú é 6.15 vezes m ais selecionado do que


o “ glacial t i i r , 1.37 vezes m enos do que a “ beach sand”, 2.24 ve­
zes m enos do que o “ beach gravei” e 2.5 vezes m ais selecionado do
que a “ u n d erclay ”
C om parando-se, agora, a distribuição granulom étrica do con­
glom erado do B aú com a de outros sedim entos, como um cascalho
fluvial (análise de J A. Udden) e um cascalho de p ra ia (análi­
se de C. K. W en tw o rth ), am bos referidos por Tw enhofel (14), fi­
guras 16 e 18, observa-se que o histogram a do conglom erado do Baú
(gráficos 2-A e 2-B) se aproxim a da distribuição de um conglom e­
rado fluvial, que seria o cascalho cim entado, gráfico 9 e não se
parece com a distribuição do cascalho m arinho, gráfico 10

CIMENTO
1 — COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA
Ao m icroscópio o cim ento do conglom erado revelou a seguin­
te composição m in eraló g ica:

A — Minerais alotígenos
QUARTZO:

Ocorre em cristais de tam anho m édio de 0 .5 mm, com extin­


ção o n d u lan te. O contorno geralm ente é angular, tendendo p ara
sub-angular, como se observa na fig. 5 e 6.
88 Ruy Ozorio de Freitas

ORTOCLÁSIO:

Ocorre como m ineral detritico m ais freqüente, apresentando-se


quasi todos os cristais alterados e com contorno sub-angular (fig.
6) o que indica que a alteração foi posterior ao tran sp o rte . A al­
teração é sob pseudom orfose de sericita, zoizita, caolin e quartzo.
Todos os cristais se apresentam com o contorno elástico original,
notando-se em alguns a passagem gradual da zona não alterada
p a ra a zona alterad a.

PLAGIOCLÁSIO:

O term o m ais freqüente é a albita, com a m aioria dos indiví­


duos gem inados segundo (010) O contorno é sub-angular com
pseudom orfose em zoizita, sericita, caolin, como acontece com o
ortoclásio, sendo raros os cristais não alterados (fig. 24)
MUSCOVITA:

Ocorre em form a de bastonetes que denunciam a sua origem


elástica, b astan te deform ados por cataclase posterior à form ação
do cim ento.
MAGNETITA:

Sob a form a de pequenos octaedros, com secção quadrangular


ocorre a m agnetita, de origem detritica.
ZIRCONITA:

Ocorre sob a form a de pequenos grãos m uito pleocroicos.

B — Minerais Autígenos
HEM ATITA:

A hem atita é o principal m ineral autígeno, ocupando todos os


espaços entre os m inerais detriticos e revestindo todos os seixos de
um a película averm elhada (figs. 1 e 4) Além desta hem atita, p ri­
m ária, ocorre um a secundária que preenche todas as fra tu ra s dos
seixos abertas com a cataclase que afetou posteriorm ente a rocha
(figs. 1 7e 18) A im pregnação por hem atita secundária afetou os
planos de estratificação de seixos tais como de arenito arcosiano e
quartzito e, mesmo, de filito (fig. 14)
Sob luz rep letid a observa-se que a hem atita form a um a v erd a­
deira rede, cujos nós são grãos m etálicos inteiram ente cristalinos,
e contém nas suas m alhas os seixos e os m inerais alotígenos do ci­
0 conglomerado do Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) 89

m ento bem como os dem ais autígenos. Nessa rêde a hem atita pas­
sa a oligisto e m esm o lim onita correspondendo a esse fato a m u ­
dança da cor m etálica cinzenta p a ra a averm elhada e am arelad a.

SER IC IT A :

Ocorre em p arte d erivada da sericitização dos feldspatos e em


parte pela alteração da m uscovita elástica. A sericita proveniente
da alteração dos feldspatos se acha, na m aioria das vezes, em pseu-
dom orfose no cristal alotígeno original. Os .indivíduos m ais des­
envolvidos m ostram deform ação elástica indicando que a rocha so­
freu m etam orfism o cataclástico após a sua form ação.

QUARTZO:

O quartzo autígeno é raro , form ado por pequenos grãos re ­


sultantes da sericitização dos feldspatos. Há quartzo secundário,
provenientes de soluções silicosas, que form aram concrescim ento
deutérico como se observa num seixo de quartzito na fig. 24.

ZOIZITA:

Ocorre em pseudom orfom e nos cristais de feldspato.

CAOLIN:

Ocorre como produto da sericitização dos feldspatos.

2 — ANÁLISE QUÍMICA

A análise quím ica procedida pelo Instituto de Pesquizas Tecno­


lógicas de São Paulo, sob o n.° 47.651, de 20-9-44, revelou a se­
guinte com posição p a ra o cim ento do conglom erado:
P e r d a ao fogo 3 .7 %
Si 0 2 .. .. 69.1 %
Al 2 0 3 .... 14.7 %
Fe2 0 3 8 .1 %
Ca O traços
Mg O .• 1 .2 %
Na 2 O 0 .27 %
K2 O •• 3 .0 %

C om putando-se os valores da análise quím ica observa-se que


os seus resultados estão de acordo com a compoisção m ineralógica.
As percentagens altas de S i0 2, A120 3 e K20 , ao lado de pequena de
Na20 , coincidem com a abundância de ortoclásio e pequena q u an ti­
dade de plagioclásio sódico nos m inerais detriticos, seguidos pelo
90 Ruy Ozorio de Freitas

quartzo. A im portância da hem atita como principal autígeno está


assinalada na percentagem de 8.1 p a ra Fe^Os, assaz elevada. A
parcim ônia de m inerais ferro-m agnesianos, representados pelas mi-
cas m uscovita e sericita, bem como a ausência de seixos de rochas
básicas são com provados pelo baixo teor de Mg O, com 1.2%. A
inexistência de seixos de rochas calcáreas e a ausência de calcita
no cim ento estão de acordo com análise que revelou apenas tra­
ços de CaO.
% — NATUREZA DO CIMENTO

Com pulsando-se os resultados da composição m ineralógica e


quím ica chega-se à conclusão de que o cim ento é arcosiano, tendo
como principal m ineral autígeno a h em atita.
O contorno sub-angular dos feldspatos indica um transporte
suficientem ente rápido p ara não perm itir sua perda por alteração.
Essa rapidez se deduz não só da angulosidade do feldspato como
tam bém da dos grãos de quartzo, tendo a alteração dos feldspatos
se dado posteriorm ente como prova a sericitização em pseudo-
m orfose.
O cascalho depositado e o arcosio do cim ento foram consoli­
dados pela hem atita, trazida por soluções ricas em ferro que pene­
traram em toda a rocha, explicando-se, assim, a verdadeira rêde
de hem atita que envolve os seixos e os m inerais alotígenos. As so­
luções descendentes decom poriam os m inerais de ferro de rochas
preexistentes e vieram depois depositá-los talvez sob a form a de
lim onita, inicialm ente, no cim ento. O cascalho deveria se achar
na zona de cem entação pois a lim onita foi reduzida, na sua maior
parte, em hem atita pelo processo com uníssimo da atividade quí­
mica e diagenética das soluções intersticiais. Esta hem atita deve
ser considerada prim ária, p ara distinção da hem atita naturalm ente
secundária que preencheu as fra tu ras dos seixos devido ao meta-
m orfism o cataclástico que a rocha sofreu como provam a deform a­
ção elástica dos cristais de m ica e plagioclásio (figs. 9 e 15) Es­
sas m esm as soluções lixiviaram a calcita com pletam ente, de sorte
que apenas foram constatados traços de Ca O na análise química
e ausência desse m ineral na composição do cim ento. Tais solu­
ções, ainda, são responsáveis pela sericitização dos feldspatos for-
m ando-se pseudom orfose, sobre os cristais originais detríticos, de
zoizita, sericita, etc. A alteração da m uscovita elástica em serici­
ta deve ser encarada como um fenôm eno sim ultâneo.
A extinção ondulante dos cristais de quartzo, a deform ação
elástica dos cristais de m ica e plagioclásio (figs. 9 e 15) e as fra ­
turas nos seixos indicam que após a litificação da rocha foi ela
subm etida a um vigoroso m etam orfism o cataclástico, sem chegar
ao dinam oterm al contudo . O calor, porém , desenvolvido seria da
0 conglomerado do Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) 91

ordem de provocar a desidratação de certos pontos e a form ação de


soluções hid ro term ais ricas em ferro e silica que precipitariam a
hem atita e a silica secundárias nas fra tu ras dos seixos e planos
de estratificação das rochas bem estratificadas (figs. 14,15,17 e 18).
A ação das soluções que agiram originalm ente sobre o cim en­
to do conglom erado do Baú, m ascaram -se naturalm ente as das
águas m eteóricas que prosseguiram a decomposição dos m inerais
instáveis na zona de intem perism o.
4 — RESÍDUO PESADO

U tilizando-se do brom oform io como sep arad o r o cim ento teve


a seguintê com posição residual:
R esíduo pesado 5 .5 %
R esídu o leve 9 4 .5 %

O resíduo pesado é constituído dos seguintes m inerais:


H em a tita
Magnetita
Martita
7Jrconita

O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONGLOMERADO DO BAÚ


1 — ORIGEM GLACIAL

O conglom erado do Baú tem sem pre sido visto pelos autores
que estudaram a série Itajaí como um verdadeiro tilito, classifica­
ção esta recentem ente proposta pelo P ro f. Othon H enry Leo-
nardos (2)
Com a aplicação do m étodo estatístico, o com puto de So reve­
lou ser o conglom erado do Baú selecionado, de acordo com a regra
de T rask (12), incom patibilizando-se com um a origem glacial, ini­
cialm ente. Na com paração com outros sedim entos, inclusive com
um tilito típico, não pode haver dúvida que pelas curvas de um e
de oulro, o conglom erado escapa à origem glacial.
Outros elem entos afastam a origem glacial desta rocha, a au­
sência de seixos estriados, tendência ao arredondam ento do con­
torno, alteração dos feldspatos após um transporte suficientem ente
rápido p a ra não p erm itir a sua perda por decomposição quím ica,
caráter arcosiano do cim ento e sua escassez. Diz Tw enhofel (14,
pág. 196) “ Typically glacier deposited m ateriais are unstratified,
unsorted and highly variabel in kinds and dim ensions of m ate­
rial” O conglom erado do Baú não é estratificado, porém , em
oposição, é bem selecionado (So = 1.32), pouco variavel na com ­
posição litológica dos seixos, predom inando os de quartzo e quartzi-
92 Ruy Ozorio de Freitas

to. Quanto à am plitude das dim ensões abrangidas não há m uitas


classes inclusas como acontece com um tilito típ ic o .
Num tilito verdadeiro o cim ento é substituído p o r um a m atriz
que, segundo R obert W Sayles (15), ocupa grande p a rte da rocha
cuja composição é argilosa, ou de fa rin h a de rocha e, algum as ve­
zes, arenosa. O cimento do conglom erado é escasso e não pode
ser referido a um a m atriz, não tendo além disso aquela compo­
sição m as n atureza arcosiana.
Segundo o mesmo autor (15) um depósito de “ till” ou tilito
não pode ser identificado por alguns caracteres, porém pela soma
de um grande núm ero deles e que estim a em 15:
A — “ An unstratified m ass of m iscellaneous, a n d un sorted
ro ck m aterials.
B — “ T he m atrix usually of ro ck -flo u r o r clay, b u t someti­
mes of sa n d .
G — “ T he included ro ck fragm en ts u su ally a n g u la r o r sub-
angular, w ith several facets.
D — “ Some ro u n d ed , w a te r-w o rn pebbles o r bo u ld ers.
E — “ Striated pebbles, ro c k fragm ents an d b o u ld e rs.
F — “ Stones blun ted at one o r b oth ends, or r a th e r pointed
at one end blun ted at the o th e r e n d .
G — “ F rag m en ts bevelled on one m ore sides, the sides
usually not parallel b u t m aking an angle w ith each o th e r
H — “ Concave fra c tu re s.
I — “ Till o r tillite resting on a grooved o r striated rock-
floor or striated pavem ent.
J — “ Great variety in kinds of m aterials
K — “ The lo w e r p a r t of the till u sually h as fin e r matrix
an d m ore striated pebbles th a n th e u p p e r p a r t .
L — “ The m aterials in till show ing th a t w h e n deposited
th ere w as no evidence of w eath erin g or decom position.
M —- “ Materials in till usually com posed of m o re local than
foreign ro ck s.
N — “ N ear th e top of »till, in terc alated stratified beds may
be fo u n d .
0 — “ In clud ed “ n ests” an d layers often c o n to rte d .”

O conglom erado do Baú, evidentem ente não satisfaz ao con­


junto destes requesitos. Tw enhofel diz, ainda (14, pág. 797):
“ Proof of the glacial origin of a deposit requires th at the entire
set-up be present, that is, the unstratified heterogeneous m ixtures
of coarse and fine particles bordered laterally by and dovetailing
into the stratified deposits of kam es, lakes, and outw ash”
A ausência de seixos de rochas básicas, calcáreas, dolomíticas
e de calcita e dolom ita no cim ento da rocha não favorece a hipóte­
se glacial, porquanto tendo havido com toda probabilidade tais ro­
chas e m inerais preexistentes na área trib u tá ria é lícito julgar-se
(íl5) Bulletin of Com parative Zoology. Geological Series, vol. X. Ja n .
1914. Cambridge, M assachussets. U. S. A. P p . 139-175.
O conglomerado do Baú (Série Itafaí-Santa Catarina) 93

qife fo ram consum idos p o r um tran sp o rte diferente do gelo, onde


serdam n atu ralm en te preservados. A dm itindo-se a origem glacial
seriam , pois, forçosam ente encontrados seixos de calcáreos e dolo-
mitos, bem como de rochas básicas, no conglom erado e calcita e
dolom ita no cim ento, de m odo que a sua inexistência deve ser le­
vada à conta de outro veículo no transporte, provavelm ente aquoso
p ara p erm itir a elim inação de tais rochas e m inerais vulneráveis
à ação da ág u a. A boa seleção do conglom erado deve ser atribuída
à água, d ad a a h ab ilid ad e de classificação desse agênte.
As principais provas contra a origem glacial que devem ser to­
m adas em consideração são:
1 — Distribuição gran ulo m étrica.
2 — Coeficiente de seleção.
3 — Ausência de m atriz.

As dem ais provas são circunstanciais. C om parando-se o con­


glom erado do B aú com o “ till” referido por K rum bein (13), ficou
bem p aten te a im possibilidade de se assim ilar o ca rater de um ao
de o u tro . Estas provas são fundam entais pois se baseiam em an á­
lises m ecânicas e aplicações de m étodos estatísticos capazes de pôr
em têrm os m atem áticos os carateres dos sedim entos e perm itir, as­
sim, um a visualização objetiva de sua n atu reza.

2 — ORIGEM MARINHA

C onsiderando sôbre a p ossível origem m arinha do con glom e­


rado do Baú, é forçoso reconhecer a p relim inar de que os seixos
desta origem sofrem transporte reduzido, sendo na m aioria das v e ­
zes sedentários, derivando o m aterial rudáceo das proxim id ades.
Quanto ao m aterial de textura m ais fin a há p rob abilid ade de um
transporte m ais longo e conseqüente sedim en tação distante das
áreas de coleção o rig in a l. R esulta disso que o cascalho e o con glo­
m erado m arinhos apresentam , sem pre, grande h om ogeneidad e de
com posição dos seixos, im ed iatam ente referíveis às rochas lo ca is.
E ntretanto o conglom erado do Baú é heterogêneo, com franca ten­
d ên cia a um a com posição exclu siva de quartzo e quartzito évTcTen-
ciando um transporte seletivo qualitativo, o que não pode ser atri­
buído ao m arinho pelas razões exam in adas ad red e. F alta-lh e
igu alm en te o calcáreo e a calcita, restos de anim ais e vegetais que
gerlm ente estão im pressos nos depósitos m arinhos típ icos. R eco­
n h ecem -se atualm en te sedim entos m arinhos afossilíferos que, se­
gundo B arrell, são devidos a um a sedim entação lenta que é in ­
com p atível com um depósito rudáceo que exige grande com p etên ­
c ia e por con seguin te águas turbulentas. D esta m aneira a fa lta de
fó sseis não deve ser tida com o argum entação n egativa b astan te.
94 Ruy Ozorio de Freitas

'^.F Lahee (16) referindo-se à presença de m ica elástica diz que


este m ineral é um constituinte ra ro nos depósitos m arinhos, se bem
que possa ocorrer no am biente litorâneo onde coexistem aspectos
comuns aos depósitos continentais, como m arcas ondulares, fendas
de contração, im pressões de chuva, fósseis de form as continentais,
de sorte que sua presença não im porta na negação da origem f a ­
rin h a . /
Os principais elem entos negativos da origem m arin h a s ã o :
a) E sp essu ra.
b) Ausência de estratificação .

A grande espessura do conglom erado do Baú, como observa­


ram P . F de Carvalho e E . A. Pinto (3), no perfil geológico do
rio Neise, realm ente sugere um a origem continental em oposição
à m arin h a de acordo com Twenhofel (14, pág. 218) que tratando
do critério p a ra determ inação da origem dos conglom erados es­
creve: “ The occurrence of thick conglom erate suggests a continen­
tal origin” .
A ausência de estratificação do conglom erado do Baú não p er­
m ite considerá-lo um depósito m arinho, onde os conglom erados
são bem estratificados e suas cam adas com parativam ente uni.-
form es.
3 — ORIGEM LACUSTRE

R ealm ente pouco se tem a dizer sobre um a possivel origem la-


custre p a ra o conglom erado do Baú, pois, segundo Twenhofel, vi­
goram neste am biente os mesmos processos m arinhos, dim inuidos
em proporção. Os lagos possuem pequena com petência, velocida­
de m uito lim itada e em geral condicionada ao regim e, de sorte
que é quasi nulo o volum e do m aterial transportado e depositado
em tração, que via de regra é o m ais rudáceo. Tw enhofel (14, pág.
827) afirm a: “ Lake deposits consists of m arl, tufa, sands, graveis,
peat, iron oxides, iron carbonate, Silicon dioxide, salt, gypsum, and
other evaporation p ro d u e ts.” Quanto às areias e cascalhos lacus-
trinos ainda se refere o mesmo a autor a apenas: “ The sands and
graveis of lakes are not p articularly different from those of mari-
ne origin. The thickness are sm all”, de m odo que os mesmos a r­
gumentos negando a origem m arin h a são, neste particular, válidos.
Convém n o tar que V Leinz, A. Barbosa e E . A. Teixeira (7)
tratando da provável origem da série C am aquan, que julgam idên­
tica à Itajaí, atribuem aos conglom erados origem lacustre em gran­
de lago devônico: “ A reincidência de horizonte conglom eráticos,

(16) Field Geology — Mac Graw Hill Book Co. I n c . New York an d
L on d on . F o u rth Edition. T h ird Im pression . 1941.
O co n g lom erado do Bau (í^jfriè Itajai-S anta C atarina) 95

as estru tu ras p rim árias observadas tais como estratificação diago­


n al em algum as cam adas de arenitos, m arcas de ondulação, fendas
de contração (sun-cracks),*e a presença de m ica elástica ab u n d an ­
te nos arenitos são sintom áticas de um a sedim entação continental
lacustrina, segundo F Lahee e Tw enhofel, ao m enos p a ra os sedi­
m entos que estão ao alcance de nossa observação, sem afastar a
possibilidade de ser estu arin a em p a rte ”
Não querendo discutir o caso da série C am aquan, apenas se
deve p ôr em re p aro que tais caracteres F Lahee (16) cita como
com uns (pág. 102) aos depósitos m arinhos litorâneos, com ex­
ceção da reincidência de horizontes conglom eráticos e estratifiça-
ção diagonal, de sorte que não são específicos de um depósito lacus-
trin o . Q uanto a Tw enhofel (14) não há referência algum a àque­
les elem entos como característicos de sedim entação lacustre.

4 — ORIGEM FLUVIAL

Segundo W Tw enhofel os conglom erados espessos devem ser


considerados fluviais, secundando a opinião de B arrell (14, pág.
218) F L ahee (16, pág. 105) afirm a que os conglom erados espes­
sos e as areias geralm ente pertencem a depósitos aluviais de pie-
m onte e como tal, indicam vizinhança de um país m ontanhoso.
Os resultados d a análise m ecânica e da aplicação de m étodos esta­
tísticos d eclararam um transporte fluvial p a ra o conglom erado do
Baú, efetuado com grande capacidade e com petência, condições
que um a drenagem torrencial p re té rita efetuada num país de altas
m ontanhas satisfaz integralm ente. P ortanto, a um transporte flu ­
vial seguiu-se conseqüente deposição em am biente piem ontico, no
lim ite entre as planícies e as m ontanhas, com brusca depositação.
Os caracteres que determ inam um a origem fluvial em am bien­
te piem ontico p a ra o conglom erado do Baú podem ser assim re la ­
cionados :
1 — C oeficiente d e s e le ç ã o .
2 — D istribuição gr anui o m é trica .
3 — C on to rn o do s s e ix o s .
4 — C o m p o siçã o d o s seix o s.
5 — N a tu re za d o tr a n s p o r te .
6 — A usên cia d e e str a tific a ç ã o .
7 — G radação e m d e p ó sito s mais fin os.
8 — R e c u r r ê n c ia d e h o rizo n tes c o n g lo m e r á tic o s .
9 — E sp e s su ra .
10 — M arcas ondu lares, estratificação c ru za d a e outras feições
estrutu rais d o s a ren ito s.
11 — Ausência de fosseis e d e m atéria orgânica.
12 — C im ento arcosiano c o m fe ld s p a to angu lar e sub angular
96 Ruy Ozorio de Freitas

1 — CO EFICIENTE DE SELEÇÃO

O coeficiente de selção (So = 1.32) indicando que a rocha é


bem selecionada, de acordo com a regra de T rask, prova apenas a
n atu reza aquosa da classificação, porquanto a água é o único veí­
culo de habilidade seletiva p ara sedim entos rudáceos, sem contudo
poder especificar se a seleção foi m arinha, lacustre ou fluvial.
O m érito do coeficiente de seleção é excluir, ab initio, a possi­
bilidade de um a origem glacial, adm itindo exclusivam ente um a
seleção aq u o sa.

2 _ DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA

A granulom etria, tam bém , é um carater genérico, prestando-


se p a ra re fu ta r a origem glacial devido ocupar apenas 4 classes da
escala de W entw orth em contraste com um “ till” que ocupa geral­
m ente m ais de 10 como se pode com parar com um especime, ana­
lisado por J A. Udden e referido por Tw enhofel, T reatise on Se-
dim entation, fig. 24. Os tam anhos dos seixos do conglom erado do
Baú ficam com preendidos perfeitam ente na categoria dos encon­
trados nos depósitos fluviais piem ônticos, segundo Tw enhofel (14)
que afirm a à página 803 a propósito dos critérios p a ra distinguir
um depósito piem ontico: “T he range in dim ensions of particles is
from very sm all to bouldess 30 feet in diam eter Particles are m ore
or less slightly shaped by w ater”

3 _ CONTORNO DOS SEIXOS

Apesar da rocha ser bem selecionada o contorno dos seixos não


apresenta um arredondam ento que seria lícito esperar-se. A na­
tureza angulosa (sub-angular) dos seixos com tendência a arre­
dondam ento indica um vigoroso tran sp o rte p o r tração, condição
esta m elhor realizada num am biente piem ontico onde, segundo
Tw enhofel (14, pág. 204) são m uito lim itadas as possibilidades de
arredondam ento. E m bora não se possa ainda afirm ar que consti-
tue um a regra, os cascalhos m arinhos geralm ente têm os seixos dis-
coidais, bem arredondados e chatos. Esta diferença dos seixos
m arinhos p a ra os fluviais parece resid ir na m an eira pela qual são
m anipulados; geralm ente o m ar pode agir em todos os sentidos,
agindo as ondas em todas as direções, ao passo que num sistema
fluvial a corrente só tem um a direção e sentido e nenhum a possi­
bilidade de volver sôbre o cam inho percorrido. O contorno sub-
angular, com tendência ao arredondam ento (fotos 1 e 2), que se
observa no conglom erado do Baú sugere um a origem fluvial pie-
m ôntica preferencialm ente à m arin h a.
O* conglomerado do Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) 97

4 — COMPOSIÇÃO DOS SEIXOS

E m bora predom inem os seixos de quartzo e quartzito, não foi


totalm ente elim inado o séquito bastante heterogêneo de granito,
gnais, filito, jaspe, arenito, etc. E sta heterogeneidade é incom pa-
tivel com u m a origem aquosa m arin h a ou lacustre, onde a com po­
sição é hom ogenea e local, indicando um a origem flu v ia l.

5 — NATUREZA DO TRANSPORTE

A coexistência de seixos de vários tam anhos indica um a depo­


sição bru sca p a ra o conglom erado do Baú, condição esta m elhor
realizad a n u m a planicie ao pé de um a região m ontanhosa onde o
veículo perdesse rep en tinam ente a sua capacidade e com petência
p a ra u m a carga tão ru d á cea.
B aseando-se na seleção da rocha, no contorno dos seixos, na
com posição e g ran u lo m etria pode se tira r algum as inferências com
respeito à n atu reza do tran sp o rte.
O c a ra te r heterogêneo da rocha quanto aos seáxos, em vias de
um a com posição seletiva fin al de quartzo e quartzito, sugere um
tran sp o rte não excessivam ente longo, porém suficientem ente habil
p ara classificá-la. Segundo W H . TV enhofel (14) “The lithologie
com position of graveis m ay usually be reg ard ed as in transition
from the heterogeneity of the original collection of rock-fragm ents
to the hom ogeneous an d com m only quartzoze ch aracter of far-
travelled graveis” Assim considerando, som ente os conglom era­
dos com postos 'exclusivam ente de seixos de quartzo ou quartzito
devem ser considerados m uito viajados ou seja subm etidos a um
longo tran sp o rte.
A generosa p red om inân cia dos seixos sôbre um cim en to assás
escasso parece in dicar um transporte p red om inan tem en te por tra­
ção, aliado a um a grande com p etên cia devido aos tam an hos assi­
nalados na an álise m ecâ n ica . E stas condições sugerem a vigên cia
de um transporte torrencial flu v ia l, cujo veícu lo seria capaz de
grande com p etên cia e carga, levand o o m aterial m ais fin o além
dos sítios de deposição do m aterial rudáceo, o que exp licaria em
parte a escassez do cim en to.
A seleçã o da rocha, que pressupõe transporte longo e a h ete­
rogen eid ad e da com posição dos seixos, que sugere um transporte
não su ficien tem en te longo para não desvanecer esse carater, podem
ser realizad os na vigên cia de um transporte aquoso em que d om i­
ne a v elo cid a d e da água, condição esta realizada no transporte flu ­
v ia l torrencial existen te em am biente p iem ôntico, pois, segundo
T w en h o fel (14) três são as causas que favorecem a seleção p ela
água, prolongado transporte, vigoroso m ovim ento da água e car­
ga m od era d a . No presente caso o vigoroso m ovim ento da água
Ruy Ozorio de Freitas
*4
existente num a drenagem torrencial seria a causa da boa seleção
do conglom erado do Baú, sem elim inar a heterogeneidade da com ­
posição dos seixos, oriunda da variedade de rochas na área de
coleta.
Em conclusão, o transporte se efetuaria num a região m o n ta­
nhosa de relevo fortíssim o, onde vigorasse um a drenagem to rren ­
cial capaz de im prim ir grande velocidade ao veículo, corresponden­
do com petência e habilidade seletiva, sem apagar a heterogeneida­
de da composição dos seixos.
6 — AUSÊNCIA DE ESTRATIFICAÇÃO

De um m odo geral os conglom erados inestratificados são re ­


feridos à origem glacial ou à piem ôntica. O coeficiente de seleção
elim inando a proveniência glacial, deixa apenas a possibilidade do
conglom erado do Baú ser piem ôntico. Segundo LAWSON, o crea-
dor do têrm o fanglom erado p ara designar o conjunto dos sedim en­
tos piem ônticos, os conglom erados dessa origem são desprovidos
com pletam ente de estratificação, passando a depósitos m ais finos
onde vão ganhando estratificação. Este fato se passa no conglo­
m erado do Baú, inestratificado, que gradualm ente passa a aren i­
to arcosiano conglom erático e depois arenito estratificado, term i­
nando no folhelho, que constitue o têrm o texturalm ente m ais fino
do conjunto. Tw enhofel (14, pág. 802) afirm a: “ W ith distance
from the highlands the poorly stratified deposits grade into others
of m ore regular stratificatio n . Still fa rth e r distant the deposits
pass insensibly into those of the valley flat environm ent”
7 — GRADAÇÃO EM DEPÓSITOS MAIS FINOS

Segundo P E de Carvalho e E . A. Pinto (3), os conglom era­


dos da série Itajai passam a arenitos e êstes a folhelho. Temos
assim um a associação de sedim entos que se identifica com o fa n ­
glom erado de Law son. A estratificação praticam ente inexistente
no conglom erado aum enta progressivam ente p ara o arenito e o fo­
lhelho, obedecendo à m esm a gradação que se observa nos depósitos
piem ônticos. Os quartzitos encontrados na série devem ser tidos
como produto de m etam orfism o cáustico das intrusões de granito
ou efusões de quartzo-pórfiro que cortam a série Ita ja i.
A presença de arenito arcosiano, que passa a um verdadeiro
arcósio, constitue m ais um argum ento p ara equiparar êste con­
junto de sedim entos a um fanglom erado típico.

8 — RECURRÊNCIA DE HORIZONTES CONGLOMERÁTICOS

A existência de diversos horizontes de conglom erados parece


ser explicável por um a sedim entação de fanglom erado num a re ­
O conglomerado do Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) 99

gião su jeita a elevação, de sorte que hav eria possibilidade dos de­
pósitos subsequentes serem feitos a custa, em p a rte da erosão dos
a n terio res. A confirm ação desta presunção parece estar na p re ­
sença de seixos de arenito arcosiano da série encontrados nos con­
glom erados analisados (am ostra 1) À repetição desses depósitos
devido a elevação do país se deve a recu rrên cia dos horizontes de
conglom erados, bem como de arenito e folhelho, em núm ero de 5
constatados por P F de C arvalho e E . A. Pinto (3) novperfil geo­
lógico esquem ático de B lum enau a B ru sq u e. Um estudo de cam po
m ais detalhado m o straria, realm ente, a seqüência v erd ad eira des­
ses horizontes e sua e stra tig ra fia . Tw enhofel (14) afirm a que os
depósitos piem ônticos geralm ente se dão em regiões em elevação,
entretanto pod eria ser lem b rad a a hipótese de que esta re c u rrê n ­
cia seria devida às perturbações tectônicas experim entadas pela
série com o diastrofism o caledônico p a ra uns ou tacônico p a ra ou­
tros geólogos. Êsse diastrofism o, tacônico ou caledônico, não foi
m uito enérgico, pois apenas dobrou suavem ente a série Bam buí,
de sorte que as perturbações na série Itajaí não chegariam ao re ­
gime de dobras, porém a apenas inclinações na estrutura, como se
depreende dos perfis de P F de C arvalho e E . A. Pinto (3)

9 — ESPESSURA

Segundo P F . de C arvalho e E . A. Pinto (3) a espessura da


série Itajaí, no perfil do rio Neise, tem cerca de l.OOOm, ocupando
o conglom erado m ais ou m enos 300 a 400 m . Segundo Tw enhofel
(14, pág. 802) os depósitos piem ônticos podem atingir grande es­
pessura, levando-se em conta que geralm ente ocorrem em regiões
de lev an tam en to : “W ith statio n ary crust one or two thousand feet
appears possible, b u t as m any piedm ont accum ulations seem to be
in regions subject to periodic dow nfaulting or synclinal w arping,
and the sources of the sedim ents ap p ear to be in regions of uplift,
it is possible fo r m any thousands of feet to accum ulate”
10 _ MARCAS ONDULARES, ESTRATIFICAÇÃO CRUZADA E OUTRAS
FEIÇÕES ESTRUTURAIS DOS ARENITOS

As m arcas ondulares, estratificação cruzada e fendas de con­


tração se dão geralm ente em depósitos de águas razas, nos deltas
e lagoas, pequenas bacias que se form am no am biente piem ônti-
co, não sendo privativo da sedim entação lacustre. Aliás Tw enho­
fel (14, p ág . 802) é bem explícito ao fa la r das feições estruturais
nos sedim entos piem ônticos: “ Sm all basins m ay form on a piem ont
su rface through the coalescense of two fans along their low er outer
m arg in s. Sm all lakes and sw am ps m ay develop in these depres­
sions and form deposits dovetailing w ith typical deposits of the
piem ont environm ent. Some eolian deposition m ay also occur
100 Ruy Ozorio de Freitas

upon the fan s. The stream deposits are deposited at relatively


high inclinations and they are likely to be considerably cross-la­
m inated, w ith the inclinations in the sam e general direction. Mud
cracks m ay develop in suitable sedim ents. H ighlands w ith gla­
ciers contribute a volum e of gravels to the fans and cones which
is m uch greater than w here such are not present; the deposits m ay
then have some characteristics of those form ed fluvio-glacially”
A presença de m arcas ondulares, estratificação cruzada, às
vezes ritm ica, fendas de contração nos arenitos e “m ud-cracks”
nos folhelhos não incom patibilizam a sedim entação com o am ­
biente piem ôntico, portanto, um a vez que são feições que ocorrem
com frequência neste am biente.
11 — AUSÊNCIA DE FOSSEIS E DE MATÉRIA ORGÂNICA

A fastada inicialm ente a possibilidade do conglom erado do Baú


ser de origem glacial, a ausência de fósseis e de m atéria orgânica
comum a esses depósitos e aos piem ônticos, só pode in d icar um a
origem piem ôntica.
12 — CIMENTO ARCOSIANO COM FELDSPATO ANGULAR E SUB-AN-
GULAR

P etrograficam ente o cim ento do conglom erado do Baú é arco-


siano, com feldspato elástico angular e sub-angular, alterado após
o transporte n a sua m aioria, tendo como principal autígeno a he-
m atita.
A presença de cim ento arcosiano, arcósio e arenito arcosiano
na série Itajaí, é um testem unho im portante da origem piem ôntica
porquanto um a das condições p a ra a form ação do arcósio, além
da área de coleção em terreno de rochas ácidas, desintegração, é a
superveniência de um transporte rápido p ara p reserv ar o feldspato
alotígeno com um contorno angular, circunstância esta privativa
do am biente piem ôntico, um a vez que o Arcósio m arinho apresen­
ta o feldspato redondo, bastante rolado.
A form ação do arcósio, segundo Tw enhofel (14) está condicio­
nad a a regiões áridas, sem i-áridas ou de baixa tem p era tu ra. A
ausência de seixos de calcáreo e de dolomito sugere um clim a úm i­
do preferencialm ente, condições estas em equação num am biente
piem ôntico, sem excluir a possibilidade de glaciares no topo das
m ontanhas.
CONCLUSÕES

O conglom erado do Baú é um pudingue, devido a tendência


ao arredondam ento dos seus seixos sub-angulares, de origem flu ­
vial, depositado em am biente piem ôntico na b o rd a de um a região
O conglomerado do Baú (Série Itajai-Santa Catarina) 101

de altas m o n tan h as. É um sedim ento rudáceo bem selecionado


(So = 1.32), com um a composição heterogenea indicando que no
tran sp o rte da rocha predom inou, m ais do que a duração, a rapidez
e o vigoroso m ovim ento da água. A com posição dos seixos não
foge da que existiria n a região arq u ean a e algonquiana contribuin­
tes e de p ró prios fanglom erados anteriorm ente depositados e ero-
didos, indicando u m a elevação» do país que deslocaria o plano de
dejeção p a ra sítios in feriores. N a produção dos seixos e do arcó-
sio sem dúvida algum a deveria ter entrado o gelo como m aio r fo r­
necedor, ad m itid a a prem issa de que se tratav a de um a região alta
e de clim a um ido p a ra p erm itir a form ação do arcósio com felds-
pato su b -an g u lar. In fo rtu n ad am en te as provas de um a in terferên ­
cia glacial d ireta foram apagadas pelo tran sp o rte e pela deposição
fluvial, não deixando nenhum testem unho na rocha. Não seria
pois possivel referi-la à origem fluvio glacial porque esta im plica­
ria a existência de elem entos que denunciassem ter sido p arte do
transporte, ou m esm o da deposição, efetuado pelo gelo como
acontece nas rochas dessa proveniência. No conglom erado
do B aú todo o tran sp o rte e deposição foram reconhecidam ente flu ­
viais, com possibilidade de um a ação glacial na fonte e produção
dos seixos e do arcósio.
A p ro v a de que o arcósio foi form ado em região um ida e não
árim a ou sem i-árida, reside n a ausência de seixos de rochas calcá-
reas e dolom íticas que, sem dúvida algum a, existiriam na região
de coleta. Segundo Tw enhofel (14), o arcósio proveniente de re ­
giões um idas pode ser terrestre ou m arin h o ; o arcósio do cim ento
do conglom erado do B aú é terrestre devido o contorno anguloso dos
feldspatos em oposição ao contorno arredondado que possuem os
feldspatos dos arcósios m arinhos.
A pseudom orfose de sericita, zoizita, etc., referid a nos cristais
dos feldspatos elásticos do arcósio indica um tran sp o rte rápido flu ­
vial, de ca ra te r torrencial, capaz de evitar p erd a do feldspato por
a lte ra ç ã o .
A presença de feições estruturais, como fendas de contração,
m arcas ondulares, estratificação diagonal, coincide com os depósi­
tos m ais finos — arenitos e folhelhos, em sítios m ais abaixo da de­
jeção dos sedim entos rudáceos onde existiriam lagos, pequenas b a ­
cias ain d a subordinadas ao am biente piem ôntico, como já acentuá-
ra T w enhofel (14)
O conjunto da série Ita ja í constitue um típico depósito de fa n ­
glom erados sucessivos, resultando disso a recurrência dos horizon­
tes de conglom erados m ais do que por imposições tectônicas, b a­
seando-se na existência de seixos de arenito arcosiano referivel à
p ró p ria série.
O têrm o m ais conspícuo de toda a série Itajaí é o conglom era­
do do.Baú que, graças a sua extrem a coesão constitue, devido a ero­
102 Ruy Ozorio de Freitas

são diferencial, as principais saliências topográficas dct vale do


Itajaí-assú, como o pico do Baú e o m orro Agudo, am bos próxim os
a Blum enau.
A série Itajaí apresenta-se p ertu rb ad a pelo diastrofism o res­
ponsável pelas intrusões graníticas e efusões de quartzo-pórfiro
que a cortam em diversos pontos assinalados por P , F de C arva­
lho e E . A. Pinto (3) nos perfis geológicos de A quidaban-V eados e
B lum enau-B rusque. V ictor Leinz (5) data no caledoniano o dias­
trofism o que afetou a série, baseado na idade presum ida dos gra­
nitos e pórfiros. Este diastrofism o produziu forte m etam orfism o
•cataclástico no conglom erado, sem contudo chegar ao dinam oter-
m al. Os seixos de filito foram esm agados, enrugando-se os leitos
de quartzo (fig. 8) e os de quartzo adquiriram tex tu ra m orteiro e
extinção ondulante. O utra prova de cataclase se observa, ao m i­
croscópio, nos cristais de plagioclásio e de m ica m uscovita detrital.
Os prim eiros apresentam -se com os planos de gem inação polissin-
tética (010) deform ados (fig. 15) e a m ica se acha torcida (fig. 9).
Adm itindo-se que a série Itajai foi p ertu rb ad a pela revolução
caledónica, de acordo com V Leinz (5), a idade da m esm a ficaria
situada entre o cam briano e o siluriano, sem possibilidade de pre­
cisar sua exata posição cronológica por fa lta de provas.
O prof Othon H enry Leonardos (2) adm ite p a ra a série Itajaí
bem como p ara a R ibeira e Lavras, a idade câm brica e um diastro­
fismo tacônico, argum entando com a falta de provas de que tenha
existido no B rasil e na Am érica do N orte um a revolução entre o
siluriano e o devoniano: “ P or influência da lite ra tu ra européia,
os nossos geólogos têm assim ilado o diastrofism o que dobrou as
séries eopaleozóicas brasileiras à revolução caled o n ian a. Conside­
rando-se, porém , que as séries silurianas apenas m ostram fraco do-
bram ento nos bordos das respectivas bacias, e que p a ra os pegm ati-
tos com m inerais radioativos de Minas Gerais foi determ inada a
idade de 360 m ilhões de anos, correspondente ao siluriano superior,
torna-se m ais lógico eq u ip arar a revolução eopaleozóica brasileira
à tacônica e os pegm atitos não perturbados à fase caledoniana”
Sem p en e trar no am biente desta discussão, a idade da série
Itajaí ficaria no cam briano ou ordoviciano p a ra aqueles que adm i­
tirem a revolução tacônica, e a *ela subordinadas as erupções gra­
níticas e de quartzo-pórfiro observados desde o P erú até o A tlân­
tico a das Guianas a Mato G rosso. Considerando-se esses fenôm e­
nos caledonianos, a idade da série Itajaí poderia vir até o siluriano.
A conclusão de que a série Itajaí não é glacial, porém pie-
m ôntica, não a incom patibiliza com a idade câm brica atrib u íd a
pelo P ro f. O. H . Leonardos baseado na glaciação cam briana que
adm ite ter sido generalizada no B rasil m eridional, porquanto se
bem que não h a ja provas de glaciação na série Ita ja í há forte in­
Õ con glo m erad o do Baú (Série Itajaí-S anta C atarina) 103

dício da existência de gelo na fonte e produção dos seixos e do ar-


cósio do conglom erado do B aú.
E . P de O liveira (17) adm ite a idade possivelm ente ordovi-
ciana da série Ita ja í. E ntretanto, refu tad a a fácies glacial da série,
continua aberto o problem a da sua idade à investigação fu tu ra .

AGRADECIMENTOS

O autor externa os seus agradecim entos ao Dr. Ruv Ribeiro


Franco, D iretor interino do D epartam ento de M ineralogia e Pe-
trografia da F aculdade de Filosofia, Ciências e Letras da U niversi­
dade de São Paulo que auxiliou-o na viagem ao vale do rio Itajaí-
-assú, Santa C atarina, da qual resultou o presente trabalho e ao
Dr. Evaristo Pena Scorza, chefe da Secção de P etrografia da Di­
visão de Geologia e Paleontologia do D epartam ento Nacional da
Produção M ineral por ter autorizado a proceder a separação do
residuo pesado do cim ento do conglom erado por meio do bro-
m ofórm io.

(17) Atlas Geológico do Brasil. S. G. M. B. Rio de Jan eiro . 1933-34.


104 ftuy Ozorio de Freitas

Fig. 1
Seixo de Jaspe, quartzito e cimento
Nicoes | | 26 X

Fig. 2
Serecitização de um cristal de feldspato
Nicoes _|_ 82 X
O con glo m erad o do Baú (Série Itajaí-Santa C atalin a) 105

Flg. 3
Seixo de quartzito no cimento
N icoes 82 X

Fig. 4
Seixo de quartzito no cimento
Nicoes | | 26 X
106 R u y Ozorio de F r e it a s

F ig . 5
C1ME N T O
Niooeis II 26 X

F ig . 6
C I M E N T O
Nicoee | | 26 X
O con glo m erad o do Baú (Série Itajaí-S anta C atarina) 107

F ig . 7
Seixo de filito com deform ação elástica
N icoes | | 26 X

F ig. 8
Seixo de filito com deform ação clastica em contato com o cimen-o
N icoes | | 26 X
R uy Ozorio de Freitas

Fig. 9
Cristal de mica m uscovita com deforimação elástica
Nicoes _|_ 82 X

. . Fig. 10
o gram i0 C°“ fm u ra s PPS “ d“ Com26h®m atIta = e « n d a w a devido à cata cla se
0 con glo m erado do Baú (Série Itajaí-Santa C a ta n n a ) 109

Fig. 11
Contato entre um seixo de jaspe e filito com o cimento
Nicoes | | 26 X

F ig. -12 -
Contorno arredondado dos seixos com o cimento
Nicoes | | 26 X
^ R uy Ozono de FreiiaS

F ig. 13
Seixo de arenito arcosiano
N icoes | | 26 X

F i g . 14
Arenito arcosiano com leito de hem atita
N icoes | | 26 X
O cong lom er ad o do Baú (Série Bajaí-Santa Catarina) 111

F ig . 15
D eform ação elástica num cristal gem inado de pfagioclásio
N icoes _|_ 82 X

Fig. 16
Alteração do feldsipato em quartzo e serecita
Nicoes _j_ 82 X
112 Buy Ozorio de Freitas

Fig. 17
Seixo de granito com cataclase preenchida por hem atita
Nicoes | f 26 X

Fig. 18
H em atita secundária nas fraturas de um seixo de q u a rtzito
N icoes j | 26 X
O conglom er ad o do Baú (Série Itajai-Santa Catarina) 113

F ig. 19
Contato entre um seixo de quartzito e o cimento m ostrando uma m icrofalha naquele seixo
Nicoes | | 26 X

Fig. 20
Contato entre um seixo de arenito arcosiano « 01 cimento
N icoes | | 26 X
114 ftuy Ozorio de Freitas

F ig. 21
Contato entre o eeixo de jaspe^ e o cilmentb
Nicoes _|_ 2G X

Fig. 22
Seixo de jaspe coin lentes de hem atita na estratificaràn
iNicoes || 26 X
0 congl om er ad o do Baú (Série Itajaí-Santa Catarina) 115

Fig. 23
Seixo de filito coim silicifioação term inal
N icoes | | 26 X

F ig. 24
Quartzo secundário num seixo de quartzito e um cristal geminado de plagioclasio no cimento
do conglomerado
Nicoes 82 X
CAMADAS FOSSILÍFERAS DO RIO GRANDE DO NORTE
Luciano Jacques de Moraes

INTRODUÇÃO

Em agosto de 1923, quando realizavam os estudos geológicos


no N ordeste do Brasil, n a qualidade de geólogo da Inspetoria F e­
deral de O bras contra as Sêcas, sob a direção do dr. Miguel A r­
ro jad o JLisboa, tivem os a oportunidade de efe tu a r um a viagem , a
cavalo, pela costa do Rio G rande do Norte, ao norte de N atal, até
o lugar denom inado P o nta da G am eleira (14), onde descobrim os
cam adas fossiliferas.
E ste local fica situado à distância de 75 km, aproxim adam ente,
ao norte de N atal e logo ao sul de Touros, cidade esta localizada
no ponto onde a costa N ordeste m uda de rum o, infletindo-se p a ra
o norte (fig. 1).
FEIÇÕES GEOLÓGICAS GERAIS
Todo este trecho da costa, assim como a p arte ao sul de N a­
tal, se ap resenta constituído, predom inantem ente, pelas cam adas
da cham ada “F orm ação das B arreiras”, de idade presum idam ente
pliocênica, encim ada, aqui e ali, pelos depósitos quaternários, re ­
presentados pelas areias da praia, pelos arenitos calcáreos dos re ­
cifes e pelas vasas dos m angues, nos estuários dos cursos dágua.
A geologia desa faix a sedim entária costeira foi estudada por
vários geólogos, principalm ente por B ranner (1, 2, 3, 4), Derby
(5), W arin g (6, 7) e Moraes (11, 12, 13).
Como é bem conhecido, as “ b arreiras” são escarpas esculpidas
nas form ações terciárias pela ação das vagas (fig. 2). A sua al­
tu ra alcança, às vezes, algum as dezenas de m etros. São consti­
tuídas de sedim entos argilo-arenosos, alternados e variegados, ora
incoerentes, o ra compactos. As argilas passam a folhelhos e as
areias a arenitos, destacando-se, entre os últimos, rochas de cores
averm elhadas, de cim ento ferruginoso e de estru tu ra m ais ou m e­
nos cavernosa, correspondendo a verdadeiras cangas, nom e sob o
qual são com um ente conhecidas as brécias ferruginosas de Minas
Gerais.
Esses arenitos verm elhos não form am cam adas contínuas, na
costa, m as sim m anchas, nos pontos onde era m aior a proporção
de óxidos de ferro e em que as condições am biente facilitaram a
h id ratação destes óxidos. Devido à sua grande resistência à ero­
são, essas porções ferruginosas form am pontos salientes e pe-
m Luciano Jacques dé Moraes.

quenas grutas, nas b arreiras da costa, bem como p a rte dos reci­
fes de arenito do litoral, m uito diferentes, por conseguinte, dos.
recifes de arenito calcáreo e dos recifes de coral, exaustivam ente
estudados por B ranner (2, 4).
A influência das cam adas ferruginosas na preservação da li­
n ha litorânea atual do N ordeste é claram ente m ostrada na fig.
3, onde esboçamos um pequeno trecho da costa, junto ao povoado
de Areia P reta, nas proxim idades, ao sul, de N atal. As saliências
ou pontas são form adas ou protegidas pelas rochas ferruginosas.
Os arenitos ferruginosos contribuem , pois, em larga escala,
p ara a conservação das linhas de contorno do litoral do Nordeste
do Brasil, retard an d o o seu solapam ento pelas vagas. Deste modo,
essas rochas geralm ente ocorrem , em boa proporção, nos pontos
m ais salientes da costa oriental do Brasil, não só no Nordeste,
porém desde um a porção desta m uito m ais ao sul, a p a rtir dos Es­
tados do Rio de Janeiro e do E spírito Santo até a ponta de Gaiçára,
no Rio G rande do Norte.
São exemplos típicos destas b arreiras as existentes ao sul da
b a rra do rio Itabapoana, no Estado do Rio, as de Siri e de Nova
Almeida, no Espírito Santo, as de Cabo Branco, na P araíb a do
Norte, as de P onta Negra e A reia P reta, ao sul de N atal, e, ao nor­
te, as de C araúbas, as das pontas de M aracajaú, de Caconho, de
Mato Caboclo, de Olhos Dágua, as do Cabo de São Roque ou
P onta G orda e da P onta da G am eleira.
AS URCAS E O ATOL DAS ROCHAS

Os recifes e blocos de arenito ferruginoso m ostram -se em m ui­


tos pontos da costa do Rio G rande do Norte, dentre os quais des­
tacam os os seguintes, ao norte de N atal: Genipabú, Jacum ã, Porto
Mirim, B arra do M axaranguape e, afastados da costa, no trecho
que se estende de Touros até Macau. Os arrecifes deste últim o
trecho são conhecidos sob a denom inação de Urcas e se apresen­
t a m form ados principalm ente de arenito ferruginoso, ou canga, e
se elevam acim a da p ream ar, às vezes, de m uitos m etros. São
vários arrecifes, situados a um a distância de algum as m ilhas da
costa, conform e inform ações obtidas dos pescadores da região.
As Urcas são, pois, constituídas de arenitos da Form ação das B ar­
reiras, consideradas de idade terciária superior (pliocênio), e fa­
ziam p arte da terra firm e, até um a época relativam ente recente,
quando a área da faixa costeira em que se acham localizadas so­
freu os efeitos de um a enérgica erosão m arin h a e foi solapada,
restando, apenas, as porções m ais resistentes, representadas pe­
los arenitos ferruginosos.
Tam bém , no trecho em frente à b a rra do M axaranguape, os
blocos desse arenito form am recifes, distanciados cerca de 500 m
da praia.
Camadas fossilíferas do Rio**Grande do Norte 119

v*' " . <*.,


Os recifes de coral, em Jacum ã, a 25 km ao norte de N atal,
aparecem ao longo ,da p raia, a um a distância dela afastados de
500 m, aproxim adam ente, expostos à atm osfera, nas m aiores bai-
xa-m ares. Os corais são aí extraidos, com o auxilio de jangadas
e em pregados na fabricação de cal, em m édas. Esses corais con­
sistem, essencialm ente, em dois tipos: Porites verrilli e Millepora
alcicornis, estudados p o r W G reeley e B ranner (2). O prim eiro
desses corais, devido ao seu aspecto arredondado, com a superfí­
cie crivada de pequenos* orifícios, e vulgarm ente designada pelo
nom e de “ cabeça de carneiro”
A um a m aio r distância da costa do Rio G rande do Norte, a
nordeste do Cabo de São Roque, encontram -se as ilhas Rocas, que
são verdadeiros recifes de coral e não constituídos de rochas vul­
cânicas, como, p or equívoco, se acham representadas no m ais re ­
cente m ap a geológico do Brasil, publicado, em 1942, pela Divisão
de Geologia e M ineralogia do D epartam ento N acional da P ro d u ­
ção M ineral. P aulo José D uarte (8), antigo químico do Instituto
de Pesquisas Agronôm icas de Pernam buco e nosso com panheiro
em diversas excursões no Estado do N ordeste do Brasil, em preen­
deu, h á poucos anos, um a excursão a essas ilhas e publicou um a
sucinta notícia sobre a sua constituição geológica. Vemos aí, de
um m odo claro, com pletando as inform ações anteriorm ente adqui­
ridas (10), que as Rocas são form adas por um autêntico atol. E ’
m uito possivel que esse atol esteja encim ando picos de rochas vul­
cânicas subm arinas, do tipo das de F ernando de N oronha e dos
Rochedos de São P edro e São Paulo, m as tam bem é possivel que
o substrato seja form ado pelos arenitos ferruginosos acim a refe­
ridos. Só um estudo de detalhe poderá esclarecer este ponto.
As dunas existem em abundância na porção da costa ora tra ­
tada, notavelm ente nas proxim idades de Genipabú, no cabo de São
Roque e nos arredores, ao sul, de N atal.
OS FÓSSEIS DA PONTA DA GAMELEIRA
Gomo já foi m encionado no início da presente nota, desco­
brim os sedim entos fossilíferos na b a rre ira existente na ponta da
Gam eleira. Constam de cam adas argilosas e calcáreas, coloca­
das n a base do penhasco, como se encontra representado na secção
geológica p ra tica d a nesse local (fig. 2). Os fosseis consistem em
lam elibrânquios e gasterópodes, todos de pequeno porte. Os p ri­
m eiros, quando destacados da rocha que os encerra, apresentam
o aspecto de um a sem ente de laran ja. O calcáreo aparece em
blocos ou concreções, inclusas na argila ou greda.
Ali colhemos, naquela ocasião, um a coleção de fósseis que
enviam os ao então Serviço Geológico >e Mineralógico do Brasil, ten­
do tal coleção se extraviado, acontecendo o mesmo a outros exem ­
plares que haviam os rem etido aos Estados Unidos.
120 Luc&no Jacques de Moraes

P or isso, apos lapso de tem po tão prolongado, pareceu-nos de


bom alvitre cham arm os a atenção dos estudiosos p a ra a neces­
sidade de ali serem feitas pesquisas sistem atizadas ,afim de que,
convenientem ente estudada aquela região, possam tais investiga­
ções trazer elemientos novos p ara o m elhor conhecim ento da geo-
íogia da costa do Nordeste do Brasil.
Deste modo, poder-se-4 decidir se essas cam adas fossilíferas
pertencem à Form ação das B arreiras ou a o u tra série cenozóica
ou, ainda, se são a continuação p a ra leste da form ação cretácea
que aparece na zona de Ceará-M irim e na chapada a leste de Epi-
tácio Pessoa (10) e que viria aflo rar na base das barreiras, em
conseqüência*
da erosão m arinha.
BIBLIOGRAFIA
(1) BRANNER, JOHN CASPER — Geology of the n o rth e ast coast of
Brazil. Soc. of America, Bulletin, v. 13, p . 41-98, ilust. Rochester,
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p i s . , 104 co rte s. Cambridge, Mass. 1904.
(3) --------- — Stone reefs on the n o rth east coast of Brazil — Geol. Soc.
of America, Bulletin, v . 16, p . 1-11. R ochester, 1905.
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Brasil, Boletim, n . 32, 100 p . , 1 m a p . geol. do E stado de P e r n a m ­
b u co . Rio de Janeiro, 1928.
(12) Geologia e irrigação do Valle do S. F ran cisco em P e rn a m b u c o Mi­
neração e Metalurgia, v. II, n . 10, p . 251-254, ilust. c o rt. geol. Rio
de Janeiro, 1937.
(13) A pro víncia p etro lífera do N ordeste. M ineração e Metalurgia, v. Ill,
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and from the B raz. Gov. C harts to 1909).
Camadae fofcsüíferas do Rio Grand e do Norte 123
124 Luciano Jacques de Moraes
— Fig.5—
Barreira enire
Caraúbas e Cabo de SRoque

v' o i ^ 7 * "'

' A' f \ V <' "


'\ ' '

Ü Areia consolidada fc&il Argila compequenosseixos


C anga (A reniio fe rru gin o so )
PHYLOBLATTA ROXOI sp. n.
Setembrino Petri
B ach . Hist. N at.

SUMMARY

In the presen t p ap e r the A. describes a new species of P erm o-


carboniferous insect, Phyloblatta roxoi n . s ., based in a sam pfe
collected in T eixeira Soares, in State of P ara n á, Brazil. T he fos­
sil in question occurs in m arine shales of Itararé-T u b arão series.
It is the second insect rem ains m entioned in sedim ents of B razil.

INTRODUÇÃO

Do m aterial recentem ente coletado em T eixeira Soares, E s­


tado do P ara n á, sfcparei quatro am ostras contendo asas de inse­
tos. T anto a localidade como a ocorrência desses restos de asas
já são conhecidas (3, p. 54). T rata-se de folhelhos cinza-escuros,
contendo Lingula, Orbiculoidea, Chonetes, Leda e outros fósseis
m arinhos, constituindo, localm ente (vide fig. 1) um pacote de cer­
ca de 20 m de espessura.
Yários fosseis m arinhos dessa form ação, term o integrante da
série perm o-carbonífera Itararé-T ubarão, têm sido descritos. F.
M. C arpenter (1), referiu um a am ostra fra g m en tária de asa de
inseto, que p articip av a dum a coleção de vegetais fosseis rem eti­
das a David W hite, como um a nova espécie de P hyloblatta, P. o/f-
veirait em ju sta hom enagem ao colecionador e rem etente, Euzebio
Paulo de Oliveira. Tal espécie era a única até agora conhecida
p ara o B rasil e, ao que o autor saiba, tam bém o prim eiro inseto
fossil descrito do país.
Uma das q u atro am ostras referidas, coletadas em T eixeira
Soares, ap resen ta um a im pressão de asa anterior, cujos caracte­
res globais perm item re fe rir ao gênero Phyloblatta de H andlirsch
(2, p. 731-39), m as que difere, por várias particularidades, de P.
oliveirai. As três am ostras, não revelaram restos bem conserva­
dos, em b o ra possam s*er referidos, com m uita probabilidade, ao
m esm o gênero.
P roponho p a ra a form a encontrada um a nova espécie que
dedico ao paleontólogo M athias Gonçalves de Oliveira Roxo, a
quem m uito deve a paleontologia brasileira.
130 Setembrino Petri

DESCRIÇÃO
(Fig. 2)

B aseada sobre um a asa anterior. Com prim ento do fragm en­


to, 2 4 m m ; larg u ra m aio r: 5 mm. Subcostci, radius, e n erv u ra m é­
dia bem conservados. Bordo anterior sub-reto, ligeiram ente a r­
queado na porção distai. Subcosta m ostrando 5 vênulas, das quais
a penúltim a é bifurcada. Radius afastado da Sc. Rs. originado
bem afastado do térm ino da Sc, na altu ra de cerca de 1/4 do bor­
do anterior, e com posto de três ra m o s; o prim eiro dos ram os apre­
senta-se bifurcado em duas vênulas, das quais a proxim al se di-
cotom iza term inalm ente; o segundo ram o, tam bem bifurcado,
apresenta a vênula distai dicotom izada. * A nervura m édia m os­
tra um a pequena bifurcação voltada p a ra a p arte posterior, na
a ltu ra da origem do Rs, fornecendo^ subsequentem ente, um a vê-^s
nula an terio r e duas vênulas posteriores afastadas.
H olotipo: n.° 205, da Coleção Paleontológica do D epartam en­
to de Geologia e Paleontologia da F aculdade de Filosofia, Ciências
e L etras d a U niversidade de São Paulo.
P rocedência: T eixeira Soares, Estado do P aran á, Brasil. Lo­
calidade cêrca de 1 quilôm etro a E da estação ferroviária.
Coletor: Josué Cam argo Mendes, setem bro de 1944.
' *, *t

BIBLIOGRAFIA
(1) CARPENTER, F M. — Um blattide perm ian o do Brasil. Serv. Geol.
Min. Brasil, boi. n.° 50; Rio de Janeiro, 1930.
(2) HANDLIRSCH, Anton — Revision of am erican paleozoic insects. P r o c .
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(3) OLIVEIRA, Euzebio Paulo de — Geologia e recu rso s m inerais do E s­
tado do P a r a n á . — S erv . Geol. Min. Brasil, M onogr. VI; Rio de J a ­
neiro, 1927.
SOBRE A ESTRUTURA DE DADOXYLON DERBYI OLIVEIRA

J or dano Manier o
Do Instituto Adolfo Lutz.

0 pres’e nte trabalho tem por objeto trazer ao conhecim ento ,


caracteres específicos ainda não referidos da m adeira fóssil per-
m o-carbonífera, D adoxylon derbyi Oliveira.
Foi essa espécies proposta em 1936, (*) baseando-se sua diagno­
se sobre exem plares procedentes de Casa B ranca, Estado de São
Paulo, série Itararé-T u b arão.
0 m aterial aqui estudado foi colecionado na m esm a localida­
de, tendo sido em pregado na confecção das lâm inas o m étodo do
“ descolam ento” (nitrocelulose “peel”)

DESCRIÇÃO

Na m aioria, os fragm entos de troncos estudados apresentam -


se lateralm ente, com prim idos. O contorno é irregular devido aos
sulcos longitudinais do caule.
O m aterial inorgânico é heterogêneo, apresentando m anchas
com diversidade de cores que vão fio am arelo palha ao verm elho
escuro; deve-se a im pregnações de óxidos mais ou menos acen­
tuadas.
Observam-se, incluídas na m atriz silicosa, faixas ou cilindros
alongados de m aterial ferroso, dispostos longitudinalm ente.
O exam e do m aterial à luz refletida sob lupa m ontada ou m i­
croscópio, m ostra que a estrutura da m adeira só é conservada em
certas zonas dessas faixas ferrosas. Pode-se notar que as m esm as
se orientam tangencialm ente e contém usualm ente os aneis anuais.
Em casos excepcionais, observa-se o contrário.
Secção transversal — Os traqueídios m ostram , em geral, con­
tornos quad rilaterals reguläres ou alongados no sentido radial ou
tangencial. Menos frequentem ente, apresentam contornos penta-

(*) Oliveira, E. Paulo de — D a d o x y lo n d e r b y i sp. n. Serv Geol,


Min. Notas p re l. e estd s ., n . 1, p . l-õ; 4 f . ; 1930.
134 J o rd a n o Ma mero

gonais ou hexagonais. Variam seus diâmetros de 16 a 34 micra


no sentido tangencial e de 20 a 11 micra no sentido radial.
Nota-se, de um modo geral, a disposição regular das células em
fileiras radiais. Há casos de bifurcação de fileiras ou m esm o dis­
posição irregular das células.
Paredes celulares incolores, m edindo de 8 a 20 micra de espes­
sura; contornos lím pidos e nítidos; ângulos internos arredondados.
Em certas regiões são de m enor espessura, e contornos pouco níti­
dos, apresentando-se impregnados de substância opaca, amarela
pulverulenta, que se torna brilhante quando vista em cam po escuro.

FIG. 1

Raios m edulares unisseriados, pouco numerosos, com distri­


buição bastante irregular, guardando entre si distâncias que vão
de 1 a 30 ou m ais fileiras de células. Seu diâmetro atinge 16 micra.
As células im ediatam ente dispostas para o interior do anel
m edem cerca de 3 m icra de diâmetro radial. Essa m edida au m en ­
ta centripetamente. •
S o b r e a e s tr u t u r a de D a d o x y l u n d e r b y i Oliveira 135

Secção radial — Traqueídios alongados, com j)aredes levem en ­


te sinuosas; extrem idades em geral, pouco definidas. N otam -se,
por vezes, term inações de traqueídios em íundo de saco.
P ontuações areoladas unisseriadas, geralm ente contíguas, ar­
redondadas, por vezes achatadas. Quando dispersas, guardam en ­
tre si distâncias variáveis. Contorno nítido, m edindo 8-12 micra
de diâmetro, ccm ausência de póros. As pontuações são ausentes
em m uitos traqueídios em secção radial, notando-se, porém, a sua
presença, em casos raros em secção tangencial. Raios m edulares
de três a sete células de altura; células individuais curtas, com
20-30 m icra de diâmetro, sem pontuações. Algumas fileiras ou par­
tes são form adas poi células arredondadas, com paredes espessas.
Secção tangencial — Traqueídios alongados, de paredes finas
e pouco definidas, term inados por vezes em fundo de saco.
Raios m edulares com células extrem as ponteagudas e as in ­
ternas retangulares.
Em certas zonas notam -se traços prováveis de micro-organis-
mos destruidores de tecidos lenhosos, cuja identidade nos é des­
conhecida.

FIG. 2
.130 J o rd a n o Maniero

fig . 3
Sobre a estrutura de Dadoxylon derbyi Oliveira
138 Josué Camargo Mendes

EXPLICAÇÃO DAS FIGURAS


DADOXYLON DERBY1 OLIVEIRA

Fig. 1— Secção tra n sv e rsa l. X 110.


Fig. 2— Secção radial. X 100.
Fig. 3;— Secção tangencial. X ;110. (Foto G am bardella)
Fig. 4— Secção tangencial — iesboço em câm ara c la ra .
ESBOÇO HISTÓRICO DAS PESQUISAS
PALEONTOLOGICAS NO BRASIL

Josué Camargo M endes


ESBOÇO HISTÓRICO DAS PESQUISAS PALEONTOLÓGICAS
NO BRASIL
Josué Camargo Mendes

O presente esboço representa, apenas, um a tentativa no sen­


tido de h isto riar as principais pesquisas paleontológicas brasileiras
e o au to r não afasta a possibilidade de existirem lacunas. Isso
não seria m esm o de se ex tran h ar, um a vez que se tra ta de um p ri­
m eiro trab alh o nesse gênero.
É preciso esclarecer que os nom es genéricos ou específicos es­
tão m encionados de acordo com as referências originais, sem a
preocupação da sinoním ia. Assim, tam bém , a cronologia das fo r­
m ações geológicas vai segundo as proposições originais dos auto­
res citados. R eferindo-se às descobertas ou pesquisas, citam-se as
datas em que as m esm as se realizaram , ou em que foram referidas,
afim de que o leitor possa encontrar as publicações atinentes nos
trab alh o s b ib liográficos.
O au to r agradece as construtivas e uteis sugestões fornecidas
pelo p ro f Luciano Jacques de Moraes (D iretor do D epartam ento
de Geologia e Paleontologia da F aculdade de Filosofia, Ciências e
Letras, U. S. P .) , p ro f. Llewelyn I. P rice e sr Paulo Ericsen de
Oliveira (am bos da Secção de Paleontologia do D. N P M .)

Ossadas de m am íferos fósseis já eram conhecidas na Amé­


rica do Sul, possivelm ente antes do século XVIII, pelos prim eiros
exploradores dos P am pas e da Bolívia. As riquezas paleontoló­
gicas sul-am ericanas, contudo, segundo relata F lorentino Ame-
ghino, só com eçaram a despertar a atenção dos n aturalistas por
volta de 1789, d ata em que o m arquês de Loreto rem eteu p ara
M adrid restos dum grande anim al retirado das proxim idades de
Buenos Aires, m ais tard e descrito por Cuvier sob o nome de Me-
g a th eriu m .
As p rim eiras notícias sobre fósseis brasileiros parecem ter
sido dadas em 1817, pelo p ad re Manoel Ayres de Casal e L . F,
de T ollen are. O prim eiro m encionou restos de quadrúpedes gi­
gantes achados em excavações p ara açude na vila de Rio das
Contas, B ahia; o segundo aludiu fósseis de um a p ed reira de cal-
cáreos das proxim idades de Olinda, Pernam buco.
Pouco m ais tard e (1823), W ilhelm L . von Eschwege, au tor
da p rim eira classificação das form ações geológicas do país, refe­
riu restos sim ilares, bem como m adeiras fósseis da B ahia e peixes
142 Josué Camargo Mendes

fósseis do C eará. No mesmo ano, John B. von Spix e Carl F von


M artius, n atu ralistas que acom panharam a arquiduqueza Leopol-
dina da Á ustria ao Brasil, descreveram m uitas localidades da Ba­
hia e Minas Gerais, onde se encontravam ossadas de m am íferos.
F ig u raram um peixe fóssil do C eará e referiram conchas fósseis
da B ahia. F oram ainda eles que, provavelm ente, enviaram à E u­
ro p a a am ostra do vegetal fóssil m ais tard e descrito p o r Brong-
n iart (1827) com o nom e de Psaronius brasiliensis e figurado por
F Unger (1850) Ainda naquela d ata (1823), A. Saint-H ilaire
tam bém m encionou restos de vertebrados. Em 1827, Friedrich
Sellow deu notícias sobre vegetais fósseis do Rio G rande do Sul
e conchas fósseis das m argens do U ruguai. Restos de m am íferos
fósseis por êle rem etidos dessa região, foram estudados na Ale­
m an h a p o r C. Sam uel W eiss (1827)
N enhum dêsses autores, entretanto, soube tira r suficiente p ar­
tido dos fósseis encontrados, afim de estabelecer, por meio deles,
a idade dos terrenos onde ocorrem . As classificações geológicas
que propuzeram carecem por isso de fundam ento paleontológico
e as suas notícias sobre os achados fósseis não tiveram m aior m é­
rito que o de divulgá-los no estrangeiro.
A p rim eira determ inação rigorosam ente paleontológica foi
feita m ais tarde, em 1841, pelo botânico inglês George G ardner
* * *

E m bora de pouca significação p a ra o entendim ento da estra-


tig rafia do país, os estudos realizados pelo dinam arquês Peter
W ilhelm Lund, a p a rtir de 1834, trouxeram m uita luz sobre a
fau n a que habitou a Am érica do Sul durante o pleistocêno.
L und veio ter ao Brasil, pela p rim eira vez, em 1825, movido
p or m otivo de saude, m as só na sua segunda viagem (1832) dedi-
cou-se ao estudo das grutas calcáreas do interior do país. Nesse
interim , excursionando pela E uropa, tivera oportunidade de as­
sistir às brilhantes prelações que o grande Cuvier realizava no
Colégio de F rança, as quais sem dúvida contribuíram p ara refor­
çar o seu cabedal de conhecim entos de anatom ia com parada que
lhe seriam de grande utilidade no estudo da fau n a q u atern ária
do B rasil.
Um seu conterrâneo, P edro Claussen, antigo com panheiro de
viagem de Sellow, fix ára residência em Curvelo, Minas Gerais,
onde se dedicava a exploração das grutas fossilíferas com fito co­
m ercial. R em etia o m aterial colhido ao Museu de P aris, acrescen­
do, assim, as suas não desprezíveis coleções de fósseis sul-am eri­
canos, p a ra que já haviam contribuído Dombey, H um boldt, A.
S aint-H ilaire e D’O rbigny. . /.
E ntrando em contato com Claussen, teve Lund a revelação
dêsse im enso cam po de estudos paleontológicos, ao qual dedicou
Esboço histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil 143

o resto d a existência. E stabeleceu-se em Lagôa Santa, tom ando


p a ra seus auxiliares, inicialm ente, P . A. B randt e, m ais tarde,
W arm ing, p or m orte daquele. Estudou, sistem aticam ente, m ais
de 250 grutas, colecionando abundante m aterial fóssil, que enviou
ao m useu de Copenhague, acom panhado de m em órias descritivas.
Os seus escritos, um a p arte dos quais foi vertida p a ra o português
e p u b licad a nos anais da antiga Escola de Minas de Ouro Preto,
n a rev ista do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do B ra­
sil e n a rev ista do Arquivo Público Mineiro, dão-nos conta dum a
v ariad a fa u n a de m am íferos, em bôa p arte extintos. Muitas das
unidades sistem áticas p o r êle propostas, m au grado as avalanches
de sinonim ização, são ain da hoje m antidas nos tratad o s. O gênero
Sm ilodon que com porta os populares “ tigres dentes de sabre” m i­
grados da A m érica S etentrional no pleistocêno, é de sua au to ria.
São de sua autoria, tam bém , os gêneros Palaeocyon, Icticyon, Pro-
topithecus, C hlam ydotherium , etc. O total das espécies descritas
m onta a 114. V aleu-lhe tão m eritosa obra o nom e de pai da P a ­
leontologia B rasileira.

P o r volta de 1840, percorreu George G ardner o Estado do


Ceará, coletando peixes fósseis por êle rem etidos a Louis Agassiz
p ara estudo. D a coleção foram descritas (1841) sete espécies, re ­
feridas como cretáceas. C ontribuiu a Paleontologia, dêsse modo,
pela p rim eira vez, p a ra a determ inação científica da data de um a
form ação b ra sileira .
Nessa época, Agassiz, trabalhava na sua p á tria . Já em 1838
tivera em m ãos peixes fósseis de P ernam buco. Muito antes, po­
rém, ain d a quando estudante, confiára-lhe M artius (1829), por
m orte de Spix, um a coleção de peixes brasileiros. Êsse prim eiro
contato com a fa u n a do B rasil acarretara-lh e um desejo profundo
$le conhecer nossa terra, desejo que m ais tard e se cum priu.
Em 1844 apareceu um a notícia de F C habrillac a respeito
ainda de peixes fósseis do C eará.
Em 1850, Sam A llport descobriu em M onserrate, Bahia, ocor­
rências fossilíferas contendo restos de peixes e de répteis, conchas
de moluscos e crustáceos. O m aterial paleo-ictiológico, exam ina­
do por P Egerton, segundo re la ta o próprio Allport, forneceu es­
camas de Lepidotus, enquanto que Owen sugeriu pertencer um a
grande v érteb ra de rep til a um aliado de M egalosaunis. As con­
chas fo ram parcialm ente descritas por J . Morris e T R upert Jo-
nes e a idade considerada cretácea. Possivelm ente na d ata de
1855, F rederico Leopoldo Cesar B urlam aqui noticiou restos de
m am íferos fósseis de v árias localidades. De 1855 a 1888, vários
trabalhos de P au l Gervais consideram os vertebrados fósseis do
B rasil. Em 1863, o engenheiro João M artins da Silva Coutinho
144 Josué Camargo Mendes

colheu fósseis paleozóicos m arinhos em Itaituba, no vale do T a­


pajós, sendo, então revelada a existência de sedim entos carboní-
feros da Amazônia.
Agassiz, que deixára a Suiça em 1846, regia a cad eira de His­
tória N atu ral da U niversidade de H arvard, nos Estados Unidos,
quando, no inverno de 1864-65, se lhe abalou de tal m odo a saude
que os m édicos persuadiram -no a p ro cu rar outro clim a. Ocorreu
lhe, então, a velha idéia de visitar o Brasil. G raças ao apoio pe­
cuniário de N atlianiel T hayer, poude organizar um a expedição
que se tornou m em orável, não só pela contribuição própria, como
pelas conseqüências» benéficas acarretad as. Foi assim que apor­
tou no Rio de Janeiro em abril de 1865, chefiando a cognom inada
Expedição T hayer
Essa viagem inaugurou p a ra o B rasil um a nova fase no cam­
po dos estudos geo-paleontológicos, em que se fez sentir, prepon­
derantem ente, a influência norte-am ericana.
A contribuição paleontológica do professor Agassiz consistiu,
principalm ente, em reconhecer como Mosasaurus e re fe rir ao
m aestriquiano restos de répteis fósseis colhidos por W . Chan-
dless no rio Aquirí, ju n tam ente com fragm entos de peixes. Além
disso, referiu folhas fósseis encontradas em folhelhos de To­
cantins .
P o r essa d ata (1865), N athaniel P lan t estudava as bacias car-
boníferas de Jaguarão e Candiota, no Rio G rande do Sul, m en­
cionando restos de Lepidodendron e G lossopteris. Fósseis vege­
tais das cam adas carboníferas dessa região, coligidos e rem etidos
pelo mesmo P lant, foram , pouco depois (1869), descritos por Car-
ru th e rs. V ários trabalhos da autoria de J R einhardt (1867-1888)
reconsideram a fau n a pleistocênica das cávem as de Minas Gerais.
» » +

Se Agassiz com eteu no cam po da Geologia o engano de ter


vislum brado nos nossos sólos indícios dum a glaciação quaterna-
ria inexistente, engano que, aliás, êle mesmo percebeu m ais ta r­
de, com pensou-nos altam ente o trabalho de um dos seus auxilia-
res, o geclogo Charles F rederic H a rtt.
A p rim eira viagem de H artt, em com panhia de Agassiz, com
quem cu rsára H istória N atural em Cam bridge, despertou-lhe o
m ais vivo interesse pela Geologia do nosso p aís. Em 1867, tornou,
sozinho, à p ró p ria custa. Os resultados dessas duas excursões
aparecem reunidas no seu exaustivo trabalho intitulado “ Geology
and Physical G eography of B razil” (1870)
No cam po da Paleontologia foi vultoso o benefício trazido
pelos seus prim eiros estudos. Assim, deu a conhecer terrenos fos-
silíferos nas proxim idades de C achoeirinha, baixo rio P ardo, Ba­
Esboço histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil 145

hia, onde verificou a ocorrência de troncos de equisetínias sem e­


lh an tes a A sterophyltües (?) scutigera Dawson» do devoniano de
Nova B runsw ick. Das suas pesquisas em M onserrate e P la ta fo r­
m a (B ahia), localidades já estudadas p o r Allport, resu ltaram a
descrição de novas conchas cretáceas, feita por êle próprio, e o
trab alh o de O. C. M arsh (1869) que trouxe à luz as duas espé­
cies de crocodilianos fósseis: Crocodilus hartti (dedicada ao cole­
cionador) e Thoracosaurus bahiensis. D enom inou grupo Baiano
ao conjunto dessas cam adas contendo Crocodilus, Pisodus, m ela-
nias, cíprides, etc. e as referiu ao neocom iano. Descreveu e co­
locou, p ela p rim eira vez, no cretáceo, os calcáreos fossilíferos de
Sergipe, aflorantes em M aroim, S apucarí e L a ra n je ira s. R euniu
as cam adas de M aroim com am onites e ceratites sob o nom e de
grupo Sergipe, julgando-as de idade cretácea m édia e as de Sapu­
carí, com Inoceram us, am onites, etc. sob o nom e de grupo Co-
tinguiba, referindo-as ao senoniano. A com panha o seu trabalho
um a p rim eira descrição de conchas fósseis coletadas em M aroim,
p o r êle confiadas a Alpheus H yatt p a ra estudo. A este últim o
au to r deve-se um novo trabalho (1875) sobre am onites coligidas
por Jam es O rton n a A m érica do Sul.
Em 1870, H artt retornou como m em bro da cham ada E xpedi­
ção M organ. Fez-se acom panhar, então, pelo seu discípulo Or-
ville Derby, cujo nom e depois tam bém se consagraria no B rasil.
Nessa, como n u m a q u a rta viagem (segunda Expedição M organ),
em 1871, dedicou-se à exploração do vale do A m azonas.
Como ficou dito atrás, Silva Coutinho havia descoberto te rre ­
nos carboníferos em Ita itu b a . Agassiz re fe rira ao cretáceo as ca­
m adas com Mosasaurus do rio Aquiri, descobertas por Chandless.
Em 1866, os irm ãos K eller divulgaram nova descoberta de fósseis
paléozóicos (carboníferos) no M aecurú, realizad a ain d a por
Chandless que tam bém a noticiou em 1870. Em 1867, Jam es Or-
ton noticiou conchas fósseis por êle próprio coligidas em folhe-
lhos de Pebas, no P erú, descritas por W M. Gabb no ano se­
guinte. Isso resum e os conhecim entos da época sôbre as fo rm a­
ções fossilíferas d a região Amazônica.
Os estudos efetuados por essas duas outras expedições reve­
laram afloram entos fossilíferos devonianos no lado N orte do vale
e carboníferos nos lados Sul e Norte. Fósseis coletados nas vizi­
nhanças d a ilh a de Itam aracá foram descritos parcialm ente por
R athbun (1870), que os considerou de idade cretácea. No cam po
da Geologia, a contribuição m ais im portante foi, sem dúvida, a
refutação da teoria de Agassiz sôbre a origem glaciária do vale
am azônico.
Novas coleções de conchas terciárias do alto Am azonas o r­
ganizadas por H auxw ell foram descritas por T. A. Conrad e H.
W- W oodw ard, na d ata de 1871. Em 1872, E. Liais reconside­
146 Josué Camargo Mendes

rou Glossopteris, Sphenopteris e Calamites de Jaguarão e Can-


diota, bacias já estudadas por P lant, julgando-as de idade triássi-
ca ou ju rássica com reserv a. Deu, além disso, diversas in fo rm a­
ções sobre ocorrências fossilíferas do B rasil. A essa data, eram
referidas do Rio G rande do Sul as seguintes plantas fósseis: Fle-
m ingites pedroanus C a rr., O dontopteris plantiana C a rr., Noe-
gerathia obovata C a rr., Glossopteris, Sphenopteris e Calamites.
Tais são, em linhas gerais, as principais pesquisas que, desde
G ardner até o ano de 1875, contribuíram , de m an eira efetiva, p ara
o conhecim ento da Paleontologia B rasileira. Nesse trecho do pre­
sente relato foram om itidos os trabalhos que, em bora de certo
valor p a ra a Geologia, não se fizeram acom panhar de docum en­
tação paleontológica.

O ano de 1875 representa um a data lum inar p ara a Geologia


B rasileira. M arca a criação da intitulada “ Comissão Geológica do
Im pério do B rasil” e a da antiga Escola de Minas de Ouro Preto,
esta in augurada no ano seguinte.
Vindo ao B rasil em 1874, pela quinta vez, H artt foi incum bi­
do, no início de 1875, da organização dum serviço geológico ofi­
cial. Nessa viagem, trouxera consigo outro vulto inesquecível
p ara a nosas geologia, o então seu assistente John Casper B ranner.
Assim, em m aio desse mesmo ano, começou a Comissão a fu n ­
cionar no Rio de Janeiro, em um m odesto edifício da ru a da Con­
ceição. Suspensa, por m otivo de economia, em junho de 1877,
realizou, em duração tão efêm era, um a obra que contrasta pela
m agnitude do seu alcance.
T rab alh aram como assistentes O. Derby, J C. B ranner, R.
R athbun, H erbert H. Smith, L uther W agoner, Marc Ferrez, E . F .
P Jordão e Francisco de F reitas.
Um relatório publicado em 1878 pelo chefe da m alograda Co­
missão fornece algum a idéia sobre as pesquisas de interesse pa-
leontológico levadas a cabo.
Em com panhia de F reitas, Jordão e F errez e depois na de
B ranner e do prim eiro, explorou H artt as cam adas cretáceas das
vizinhanças de Recife, sendo, então, recolhido m aterial fóssil em
M aria F arin h a, arredores de Olinda, ilha de Itam aracá, Iguaras-
sú e C atuam a. Iguarassú foi, m ais tarde, alvo de novas pesqui­
sas paleontológicas, por p arte de F reitas. B ranner e o mesmo
F reitas exploraram os depósitos cretáceos de Sergipe, recolhendo,
nas proxim idades de A racajú, am ostras de am onites, ceratites e
outras conchas que incluiam num erosas espécies desconhecidas.
Derby colheu fósseis cretáceos na B ahia em com panhia de R ath ­
bun e F errez. R athbun e W agoner foram destacados p a ra o Sul,
Esboço histórico das pesquisas paleontológica^, no Brasil

tendc#o prim eiro (1876) percorrido a antiga puoyíncia de S. Paulo


e o segundo P a ra n á e S anta C atarin a. No P aran á, W agoner co­
lheu fragm entos de fósseis reconhecidos por R ath b ü n e Derby
como paleozóicos. + Um ano após a extinção da Comissão Geoló­
gica, faleceu o professor Hartt,* vítim a da febre am arela, então
grassante no Rio de Jan eiro .
As coleções paleontológicas reunidas passaram , juntam ente
com o m aterial petrográfico, p a ra o Museu Nacional, vindo, em
bôa p arte, a ser ventilados graças aos esforços abnegados de O
Derby, único dos com ponentes estrangeiros que perm aneceu no
B rasil. *
Elaborou, êle próprio, trabalhos elucidativos sobre as fo rm a­
ções fossilíferas da A m azônia (1877) e B ahia (1878) Os inverte­
brados cretáceos da Bahia, Sergipe e Pernam buco foram descritos
p o r C. W h ite (1887). No m esm o trabalho foram estudados fós­
seis colhidos em P irab as (P ará) por Domingos Soares F erre ira
Pena, dois anos antes, sendo a fau n a tam bém considerada cretá­
cea. R athbun estudou os braquiópodes devonianos do P ará
(1878). J . M. C larke versou os trilobites do mesmo terreno
(1896) e fósseis silurianos (1899) colhidos naquele E stado. E . D.
Cope, que em 1871 já havia descrito um peixe fóssil [Anaedopo-
gon ten u id en s] do P ará, teve a seu encargo o estudo dos v erteb ra­
dos fósseis (1883) Dfcve-se-lhe tam bém a descrição (1885) do
Siereosternum tum idum , ocorrente na hoje denom inada fo rm a­
ção Ira tí. Notícias sobre as regiões estudadas no P a rá foram
tam bém fornecidas p o r Francisco José de F reitas (1880)
N um a excursão de finalidade industrial, estudou Derby
(1878) as form ações do P ara n á e S. Paulo, obtendo docum enta­
ção paleontológica e propondo a classificação dos terrenos em de-
voniano, “ carbonífero” e triássico (?). Referiu, nos folhelhos de
P onta Grossa, Lingula, Discina, Spirifer, Rhynchonellci, Streptorh-
ynchus e V itulina. Sob a designação “ carbonífero” estavam in ­
cluídos os sedim entos hoje distribuídos desde o carbonífero até o
triássico superior Mencionou ta,m bém , lam elibrânquios em cal-
cáreos silicosos de Ivaí, sim ilares aos que verificára em S. P aulo.
Ainda em 1878, O. B oettger apresentou um estudo sobre a fa u ­
n a terciária do Am azonas. No ano seguinte, R. E thridge descre­
veu conchas terciárias do Solimões e Javarí, colecionadas por
B arrington B row n. No m esm o ano, Derby, participou dum a co­
m issão encarregada de estudar a navegabilidade do rio São F ra n ­
cisco, tendo ocasião, não só de verificar a extensão, naquela bacia,
de terrenos cretáceos, idênticos aos conhecidos do Ceará, como
de descobrir aí a ocorrência dum a form ação fossilífera que julgou
ser de idade siluriana superior ou devoniana, hoje denom inada
série B am buí. Noticiou, pela prim eira vez, os corais Favosites e
C haetetes, ocorrentes nessa form ação. Colheu am ostras de cal-
148 Josué Camargo* Mendes

cáreos n as proxim idades da cachoeira de Paulo Afonso, coitteifdo


traços que fo ram reconhecidos por J W . Dawson ,(1880) como
sem elhantes a “E ozoorí'
A p a rtir de 1879, ocupou o lugar de d ireto r da Secção de Geo^
logia e M ineralogia do Museu Nacional, sendo em 1866 comissio­
nado p a ra dirigir o levantam ento topográfico e geológico do Es­
tado de São P au lo .

Sob o ponto de vista geo-mineralógico, S . Paulo já vinha sen*


do estudado desde os A ndradas (1820) Em 1822, apareceu um
trab alh o geognóstico de W von Eschwege sobre a antiga provín­
cia. A. Pissis (1842) fig u rára, no seu trabalho “ M émoire sur la
position géologique des terrain s de la p a rtie au strale du B résil”,
a p arte oriental do Estado, dem arcando antigas bacias lacustres
que supôs terciárias. Ao seu m ap a jjeológico, como a essa supo­
sição, faltava, porém , apôio paleontológico, pois que não encon-
trá ra esse au to r nenhum vestígio orgânico. Carlos R ath (1856)
forneceu notícias geológicas sobre a antiga província, m encionan­
do, pela p rim eira vez, a ocorrência de c a rv ã o . R athbun percorreu
o Estado em 1877, observando calcáreos com répteis nas proxim i­
dades de T ietê. Absteve-se, entretanto, de aju izar sobre a idade
dos mesmos, um a vez que continham fósseis desconhecidos. Em
1878, Elias Jordão m encionou um vegetal fossil encontrado no Rio
do.P eixe. D a viagem de D erby ao Sul do Brasil, noticiada no vo­
lum e III dos Arquivos do Museu N acional (1879), resu ltaram im ­
p o rtan tes observações sôbre a geologia da província. F oram clas­
sificados os terrenos, sob algum a base paleontológica, em devo-
niano, carbonifero e triássico (? ). Noticiou-se a ocorrência de
conchas fósseis idênticas às de Colônia T ereza (P aran á) em cal­
cáreos de P iracicab a. Julgou-as, aquele autor, características de
terreno carbonif ero. Confirm ava-se, assim, a sua suspeita de
haver sem elhança estru tu ral en tre as duas províncias. Referiu,
ainda, Lepidodendron, n a m esm a associação, e répteis idênticos
aos encontrados por R athbun. Mencionou, tam bém , m adeiras si-
licificadas associadas com répteis, em calcáreos de L im eira.
Em 1885, Cope descreveu um reptil novo de S. Paulo, o Ste-
reosternum tu m id u m . A am ostra, sôbre que repousou o estudo,
pertencia à coleção p articu lar de d. B envinda R ibeiro de A ndra-
da e era procedente de Itapetininga.
Com exceção dos trabalhos de ordem puram ente m ineralógi-
ca ou petrográfica e de algum as descrições devidas, principalm en­
te, aos viajantes estrangeiros, constituem essas as contribuições
m ais im portantes sôbre a paleontologia e a geologia da antiga
província até a criação da Comissão G eográfica e Geológica.
Pode-se im aginar quão escassos eram tais conhecim entos.
E sboço histórico das pesquisas paleontológicr.s no Brasil 149
A
é,
O ano de 1886 rep resenta um a data de m agna im portância
p a ra S. Paulo, pois m arca o início de um período de estudos tão
produtivo que seria perm itido a B ran n er escrever, alguns anos
m ais tard e (1919), que a Geologia dêsse Estado havia sido estu­
d ad a m elhor do que a de qualquer outro Estado da U nião.
D urante o tem po em que chefiou a “ Comissão Geográfica e
Geológica”, teve D erby como auxiliares, inicialm ente, os dois en­
genheiros form ados pela antiga Escola de Minas de Ouro Preto,
Luiz F elipe Gonzaga de Campos e Francisco de P au la Oliveira e
depois o petrógrafo austríaco Eugênio H ussak e o quím ico Gui­
lherm e F lorence.
Os relatórios e boletins apresentados revelam a grande ativi­
d ad e m an tid a. É forçoso, confessar, porém , que a contribuição
no cam po d a Paleontologia é reduzida, em com paração com a
exuberância dos estudos geológicos realizados.
O exam e de peixes e vegetais fósseis da bacia lacustre de
T au b até conduziu Derby a confirm ar-lhe a idade terciária, supos­
ta p o r Pissis.
E studando o in terio r do Estado, Gonzaga de Campos assina­
la (1888) a ocorrência de lam elibrânquios m arinhos e outros fós­
seis nas proxim idades de L a ra n ja l e Conchas. Alguns dêsses m o­
luscos fo ram tidos como form as possivelm ente aliadas a Schizo-
dus e P osidonia.
N um boletim sobre o vale do rio P aranapanem a, F de Oli­
v eira (1889) refere restos de repteisi em calcáreos das proxim ida­
des de G uareí. M encionou igualm ente escamas e dentes de répteis
e peixes, bem como moluscos, crustáceos, coníferas e Lepidoden-
dron da m esm a região, julgando-os de idade carbonífera ou talvez
p erm ian a .
No m esm o ano, Derby refere, em carta dirigida a W aagen,
a existência de D adoxylon e de hastes e folhas de Lepidodendron.
A m ostras de vegetais fósseis colhidas por êle nas proxim idades de
P iracicaba foram descritas (1890) por R enault sob o nom e de Ly-
copodiopsis derbyi.

Em 1883, H . Sm ith descobriu rochas paleozóicas fossilíferas


em Mato Grosso. Derby descreveu, pela prim eira vez (1890), os
fósseis devonianos desse Estado, colhidos em S ant’Ana da C hapa­
d a . Pouco depois (1893), veio à luz outro trabalho, da autoria de
L . von Ammon, a respeito de fósseis devonianos coletadas por P
Yogel em Lagoinha, no mesmo E stado.
Ainda na d ata de 1883, W Dawson estudou rizocarpos paleo-
zóicos dos rios T rom betas e Curuá, Estado do P a rá . Em 1884,
H enry Gorceix, direto r da antiga Escola de Minas de Ouro Preto,
150 Josué Camargo Mendes

descreveu as bacias lacustres de G andarela e Fonseca, conclbin-


do pela sua idade terciária, em vista dum a apreciação do m arquês
de S aporta (1880) sobre os vegetais fósseis encontrados. Em 1886,
Silva Coutinlio descobriu na Bahia, perto de O uriçanguinha, fo-
lhelhos contendo folhas fósseis. Uma coleção das m esm as, pfere-
cida ao Museu Nacional, foi enviada por Derby^ao acim a citado
S aporta, que veio a falecer antes de divulga-las. A inda no mesmo
ano, Silva Coutinho descobriu depósitos cretáceos no rio Mossoró,
Rio G rande do N orte. ' * i
Sm ith W oodw ard, do Museu Britânico, versou, consecutiva­
m ente, em vários trabalhos, peixes fósseis do N orte do Brasil
(1887, 1895 e 1890), vertebrados colhidos por J Mawson na Rahial
(1888, 1891 e 1896) Stereosternum tu m id u m de S. Paulo (1897),
tendo visitado o nosso país em 1896., H erm ann von Ihering, dire-\
tor do antigo Museu P aulista, enviou-lhe, pouco depois, exem pla­
res de peixes fósseis da bacia de T aubaté, S. Paulo, aparecendo os
resultados desse estudo em 1898. O próprio Ihering redigiu, n ^
mesmo ano, um a pequena nota a respeito. T rabalhos vários de
H erluf W inge versaram , entre 1888 e 1915, vertebrados fósseis de
Lagoa Santa, Minas G erais.
Em 1889, fundou-se o antigo Museu P araense (atual Museu
Goeldi), sendo confiada a F . K atzer a secção de H istória N atural.
Êsse pesquisador estudou, em vários trabalhos (1896-1910), p a r­
cialm ente vertidos p ara o português, a fau n a de invertebrados da
Am ozônia.
E studando as m inas de carvão de T ubarão, Santa C atarina,
Gonzaga de Campos, refere em 1891, im pressões de Lepidoden-
dron, fornecendo interessantes notas geológicas sobre a região.
Na m esm a data, foi publicado um trabalho de J . B arbosa R odri­
gues sobre repteis fósseis do vale do A m azonas.
Em 1895, apareceu um novo trabalho de F . R upert Jones so­
bre entom óstracos fósseis do B rasil. Em 1889, J C. B ranner
versou as form ações cretáceas e terciárias de Sergipe e Alagoas.
Em 1898, J V Siem iradzki estudou fósseis devonianos do P a ra ­
n á. No ano seguinte, B ranner colheu fósseis em P onta de Pedras,
Pernam buco, os quais foram identificados e noticiados m ais ta r­
de por R alph Arnold (1902)
Ao já citado Ihering, devemos descrições de conchas fósseis
da Patagônia (A rgentina) e vários trabalhos de cunho paleogeo-
gráfico sobre o continente sul-am ericano. É de sua autoria a cé­
lebre teoria de A rchhelenis (1891, etc.) Conchas devonianas do
P aran á, coligidas p o r Telêm aco Borba, e enviadas por Ihering a
E. Kayser. p ara estudo, foram versadas em 1900, na revista do
Museu P au lista. Ihering rem eteu, ainda, a Ameghino, em 1897,
um a coleção de restos de m am íferos fósseis organizada por Ri-
Esboço histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil 151

cardo Kròne ’e m grutas de Iporanga, no sul do Estado de S . P a u ­


lo, aparecendo a sua descrição em 1907.
Em 1902, A. S. W oodw ard estudou um peixe do cretáceo
d a B ah ia. Um trabalho de B ranner, da m esm a data, a respeito
da geologia da costa nordeste do Brasil, traz as descrições de um
novo Zanthopsis e de um Cimolichthijs, devidas, respectivam ente,
a M ary J . B athbun e S. W W illiston. Ainda em 1902, B ranner
forneceu noticias sobre restos de m am íferos de Pernam buco e
A lagoas.
Em 1903, A. S. W oodw ard referiu ossos de dinossauros p ro ­
cedentes do Sul do p aís. Nessa m esm a data, F K rasser apresen­
tou um estudo sobre plantas fósseis de Ouriçanga, Bahia, coligi-
das p o r Hussak, tendo sido a idade das m esm as julgada terciária,
e Angelis D’Ossat descreveu um novo coral do carbonífero do
P a rá . Em 1905, E . de Bonnet publicou um a pequena nota a res­
peito de vegetais fósseis da Bahia, e Newell A rber fez largas refe­
rências às p lantas fósseis do Sul do B rasil num estudo sobre a
flo ra de G lossopteris.
Excepcional contribuição ao conhecim ento da estratigrafia e
paleontologia, do Sul do país trouxe a “ Comissão de Estudos das
Minas de Carvão do B rasil”, criada em 1908, teve como m érito
prin cip al o estabelecim ento de um a coluna geológica p ara o Sul
do B rasil. Um trabalho anexo, do paleobotânico David W hite,
versou am plam ente a flora fóssil do cham ado “ Sistem a de S ta.
C atarin a” A com panham , ainda, o mesmo relatório, a descrição
original de Mesosaurus brasiliensis, feita por Mac Gregor, um es­
tudo sobre repteis triássicos, da autoria de S. W oodw ard e um a
nota de J . C larke a respeito de fósseis devonianos do P a ra n á .
Em 1904, D erby dem itiu-se da Comissão Geográfica e Geoló­
gica, ficando a m esm a sob a chefia de João Pedro C ardoso. C ria­
do o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, em 1907, foi le­
vado a diretor

Em 1908, Euzebio de Oliveira descobriu na localidade de Bela


Vista, S ta. C atarina, fósseis tipicam ente m arinhos (braquiópo-
des, escam as de peixes, etc.) em folhelhos da m ais tard e por ele
denom inada série de Ita ra ré . No ano seguinte, Miguel A rrojado
Lisboa, depois superintendente da Inspetoria F ederal de Obras
contra as Secas, foi enviado ao norte do país, afim de verificar a
suposta ocorrência de Psaronius nos Estados do M aranhão e Piauí.
Um ano antes, D erby adm itira, por escrito, a possibilidade de p ro ­
vir êsse fóssil do Rio G rande do S u l. O reconhecim ento geológico
culm inou não só na verificação de várias localidades do M aranhão,
P iau í e Goiaz onde ocorre êsse vegetal fóssil, como na descoberta
de sedim entos contendo fósseis cretáceos m arinhos em C aruta-
152 Josué Camargo Mendes

pera, na foz do rio G urupí, Estado do M aranhão. A coleÇão de


Psaronius então obtida foi enviada por Derby ao conde de Solms-
L aubach que a estudou m inuciosam ente, tributando a espécie
como p erm ian a .
Em 1913, veio à luz a p rim eira m onografia do antigo Serviço
Geológico e M ineralógico do B rasil. Êsse trabalho volum oso e
bem ilustrado, da au to ria de J . M. Clarke, versou am plam ente a
fa u n a devoniana do Estado do P aran á, trazendo ain d a um apên­
dice sôbre fósseis do devoniano superior do P a rá .
L am elibrânquios fósseis do P a ra n á e S. Paulo, em grande
T al trabalho foi publicado um ano após o suicídio de Derby
de idade carbonífera, fo ram enviados ao p ro f. C. D iener p a ra es­
tu d o . O falecim ento dês te colocou-nos nas m ãos de K. Holdhaus,
que os descreveu confirm ando-lhes a idade pressuposta. Consti-rj
tue a m em ória a segunda m onografia (1916) daquela instituição.
T al trab alh o foi publicado três anos após o suicídio de Derby
(27-XI-1915), e o Serviço Geológico estava agora sob a direção de
Gonzaga de Cam pos. Os últim os trabalhos de Orville Derby com
visu paleontológico foram um estudo sôbre a estru tu ra de Psaro­
nius brasiliensis (1914-15) e um outro sôbre a estru tu ra de Tietea
singularis (1915)

Em São Paulo, juntou-se à Comissão um novo colaborador,


Joviano Pacheco. Prosseguiam ativam ente os estudos geológicos
nesse E stado. N um relatório de 1907, são noticiados dentes de
repteis, de anfíbios (“L abyrinthodon”) , de peixes, escam as de ga-
nóides >e fragm entos bem conservados de ictiodurolitos de peixes
cartilaginosos, em terreno considerado “carbonífero incluindo o
perm ian o ” Não era, a essa data, conhecido nenhum fóssil in situ
no “ grez” verm elho de B otucatú, tido como post-carbonífero
(“ triássico?”) Referindo-se às coleções paleontológicas obtidas,
inform a o relator, João Pedro Cardoso, que “ o trabalho de iden­
tificação dêsses fósseis ressente-se da fa lta de lite ra tu ra paleon-
tológica de que dispõe esta Comissão assim como de m aterial já
estudado com o qual êles possam ser com parados”
Em 1905, Gonzaga de Campos, que se afastara da Comissão
desde 1892, definiu e propoz a nova entidade “ grez de B au rú ”
O prim eiro trabalho, porém , que versou a docum entação paleon-
tológica fornecida pela m esm a, apareceu em 1910 e é devido a Ro-
dolpho von Ihering. Os fósseis, originários de Rio Preto, consta­
vam de alguns dentes e ossos. F. Ameghino opinou pertencer al­
guns dentes a Proalligator australis, em bora o autor do trabalho
os julgue m ais sem elhantes aos dos G oniopholidae. Um dente de
dinossaurio foi tido p or S. W oodw ard (1909-10) como pertencen­
Esboço histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil 153

te ao gênero T h e c o d o n to s a u r iis Em relação à idade dos mesmos,


pronunciou-se R . von Ihering pelo triássico superior ou ju rássico.
Em 1912, D erby ainda refere que o cham ado “ grez de Bo-
tu c a tú ” não d era fósseis e o julgava possivelm ente de idade triás-
sica. Porém , já em 1911, Pacheco encontrara, in situ, tubos de ver­
m es n a re fe rid a fo rm ação. A notícia, entretanto, só foi dada em
1913. O estudo, então apresentado, versou m ais am plam ente a
fa u n a terrestre da série B au rú . F oram referidos Megalosau-
m s (?), dos quais se encontraram dentes e fem u r (?), Podocnem is
harrisi e conchas frag m entárias de água doce, determ inadas por
V von Ihering como Pleiodon priscus sp. n . A idade foi consi­
d erad a como cretácea, reforçando a suposição de A rrojado Lis­
b oa (1909) F oi tam bém o geólogo Joviano Pacheco o colecio­
n a d o r do espécim e de m adeira silicificada fóssil descrita como
Tietea singularis p or Solm s-Laubach (1913)

A essas alturas, os geólogos da Inspetoria F ederal de Obras


co n tra as Sêcas, criad a em 1909 e dirigida por Miguel A rrojado
Lisboa, trab alh av am ativam ente nos Estados do Norte, rep ro d u ­
zindo nas publicações daquela en tid ad e as suas fecundas obser­
vações. Os nom es de H orace L . Sm all, R alph H . Sopper e Ro-
deric G randall vêm em p rim eira lin h a.
R . C randall estudou (1910, pu b l. 4) os calcáreos de Mossoró,
Rio G rande do N orte, com lam elibrânquios e gasterópodos que
já haviam sido referidos por Silva Goutinho em 1886. Estudou,
além disso, as cam adas fossilíferas da G hapada do A raripe. Em
1913, H . Sm all forneceu boas secções da m esm a chapa e cartas
geológicas das regiões estudadas no Ceará e P iauí (publ. 25)
Em 1914, assinalou (publ. 32) em Valença, Piauí, na form ação que
denom inou série Piauí, um m olde de p lan ta fóssil, determ inada
p o r D erby como Sigillaria decosticlada, ficando, assim, com prova­
da a idade perm ian a da form ação proposta.
No m esm o ano, Sopper colecionou, na já referid a localidade
de Arací, vários espécimes de Alethopteris, referindo tam bém es­
cam as de Lepidotus de cam adas areníticas da m esm a região
(p u b l. 34)
Em 1909, N ascim ento M oura descobrira a ocorrência de p lan ­
tas fósseis em Arací, B ahia. Em 1912, Miguel A rrojado Lisboa
enviou-as a Zeiller que nelas reconheceu o gênero A leth o p teris.
Mais tarde, B ran n er colheu fósseis sim ilares no mesmo local. D.
W h ite estudou-os, confirm ando a diagnose anterior e descrevendo
(1913) a nova espécie A lethopteris branneri.
Em 1921, A rrojado Lisboa, que reassum ira, no ano anterior,
a direção da Inspetoria F ederal d*e Obras contra as Sêcas, teve
154 Josué Camargo Mendes

Alpheu Diniz Gonçalves, Horace W illiam s, M athias de Oliveira


Roxo (atual D iretor da Divisão de Geologia do D epartam ento N a­
cional da Produção M ineral), Luiz Flores de Moraes Rego (fale­
cido), D jalm a G uim arães, Francisco Roa Nova (falecido), A lber­
to R ibeiro Lamego, P aulino F ranco de Carvalho (falecido), Al­
berto Erichsen de Oliveira, José Fiuza da Rocha (falecido), E u­
gênio B ourdout D utra, Aurélio de Bulhões P edreira, G uilherm e
Bastos M ilward (falecido) e Euzebio de Oliveira (falecido). Este
últm o, que já exercia interinam ente o cargo de D iretor do antigo.
Serviço Geológico, desde o adoecim ento de Gonzaga de Campos,
passou a exerce-lo efetivam ente a p a rtir de 1925.
Em 1912, surge no cenário da Paleontologia N acional o nome
de um a colaboradora dedicada e profícua, C arlota Joa-
quina M aury, a quem devemos um a das m aiores colaborações mo­
d ern as. N aquela data, considerou a paleontóloga norte-am eri­
cana, colateralm ente, a fau n a terciária do norte do B rasil. Em
1923, apareceu um a grande contribuição da sua autoria, consti­
tuindo o assunto da M onografia n.° IV do Serviço Geológico e Mi-
neralógico e versando as faunas terciárias e cretáceas do p aís. As
coleções descritas foram organizadas, em grande parte, pelos geó­
logos do Serviço Geológico, por determ inação de Gonzaga de Cam­
pos. A au to ra descreveu, então, fósseis de P irabas e de Estação
Agronômica, Estado do P ará, e de P irapem as e Turiassú, M ara­
nhão, referindo-os ao terciário. W hite, como se disse antes, re ­
fe rira (1887) o mesmo calcáreo de P irabas ao cretáceo, opinião
corroborada por K atzer (1903) e H . von Ihering (1907) Recon­
siderou a au to ra os fósseis de Olinda e M aria F arin h a, P ernam bu­
co, descrevendo novas espécies e atribuindo a form ação ao eocêno
inferior Confirmou-se, desse modo, a opinião anteriorm ente em i­
tida a propósito pelo prof G D. H arris (1895), ficando tam bém
dem onstrada, contra as idéias de H . von Ihering, a existência do
terciário m arinho na costa norte do B rasil. Na segunda parte
dessa m onografia, são estudadas coleções de fósseis m arinhos de
Mossoró, Baixa Verde e Pendência, Estado do Rio G rande d^
Norte, de Algodões, Estado da B ahia, e Sapucaí, Estado de Ser­
gipe, referid as como cretáceas. Notas de W B erry inseridas no
mesmo trabalho consideram folhas fósseis procedentes do Rio
G rande do N orte.
O boletim n.° 11 (1924), traz um estudo de M athias de Olivei­
ra Roxo a respeito de fósseis terciários colhidos em Quixito, rio
Içá e Três Unidos, no vale do A m azonas. Em um folheto extra-
oficial (1921), o mesmo autor descrevera um a nova espécie de
Toxodon, T lopesi, ocorrente tam bém na bacia am azônica. Em
1926, descreveu outro novo fóssil, Schizocrania rectangularis, bra-
quiópode da série Bam buí, colhido por O. A lbuquerque no rio
Abaeté, Minas G erais. Na m esm a data, Luciano Jacques de Mo-
Esboço histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil 155

notícias sobre a ocorrência de pegadas de reptcis em folhelhos


de Passagem da P edra, rio do Peixe, P ara íb a do N orte. As im ­
pressões foram , m ais tarde, estudadas pelo geólogo Luciano Ja-
cques de Moraes (1924, publ. 58), atualm ente professor de Geo­
logia e Paleontologia n a F aculdade de Filosofia, Ciências e Le­
tras d a U niversidade de S . Paulo, que verificou, na m esm a fo rm a­
ção, série Rio do Peixe, a ocorrência de conchas de água doce
(naiades) Êsse geólogo, além disso, colheu vários fósseis em
Olho d ’Água de C atanduva e em B aixa do Leite, no Rio G rande
do N orte. O seu trabalho traz referências sobre jazigos de m a­
m íferos pleistocênicos do nordeste do país. Os fósseis obtidos por
, Luciano Jacquçs de Moraes, então geólogo da Inspetoria F ederal
de Obras contra as Sêcas foram enviados ao Am erican Museum
of N atu ral History, vindo a ser versados, anos depois, por Carlo-
ta M aury (1934) Constava essa coleção de moluscos e equinóides
cretáceos e fósseis do pliocêno ao recente do rio G rande do N or­
te, bem como de um a fau n a de água doce procedente da acim a
m encionada série do Rio do Peixe, P araíb a do Norte, tributada
triá ssic a .

Em 1918, Alberto Betim Paes Leme apresentou um a m ono­


g rafia a respeito da form ação de linhito de Caçapava, constando
na m esm a um a descrição de restos vegetais devida a Alberto
L õ fg ren .
No boletim n.° 1 (1920) do Serviço Geológico e Mineralógico
do B rasil, Euzebio de Oliveira estudou as rochas petrolíferas do
Brasil, fornecendo boa contribuição a respeito da geologia de
A lagoas. A com panha o trabalho um a carta geológica desse Es­
tad o . Nos anos de 1918 e 1919, Odorico de Albuquerque, atu al­
m ente professor da Escola Nacional de Minas e M etalurgia, em
Ouro Preto, fo ra encarregado de estudar as form ações carbonífe-
ras do vale do Amazonas, onde julgava Gonzaga de Campos ser
possível en contrar reservas de carvão. Em bora não culm inasse
o reconhecim ento com a com provação dessa possibilidade econô­
mica, redundou num a grandiosa contribuição à estratigrafia e
paleontologia da região (1922, boi. n.° 3)
Em 1923, saiu o n.° III da série de m onografias, versando pei­
xes cretáceos do C eará e P iau í. O autor do trabalho é o já m en­
cionado David S tarr Jo rd a n .
Em 1925, faleceu Gonzaga de Cam pos. O últim o relatório
que ain d a traz o seu nome, relativo ao ano de 1923, dá-nos idéia
da atividade dos geólogos do Serviço. Estavam sendo realizados
vários reconhecim entos de N orte a Sul do B rasil. T rabalhavam o
já referido Odorico de A lbuquerque, Avelino Ignacio de Oliveira.
156 Josué Camargo Mendes

raes descobriu um a nova ocorrência fossilífera em Estiva, P e r­


nam buco, onde colheu vários espécim es fósseis que m ais tard e fo­
ra m descritos n a m onografia VIII do Serviço Geológico (1930)
Em 1927, foi d ad a à publicação a m onografia n.° VI, versando
o E stado do P a ra n á . O seu autor, E . de Oliveira, propôs, então, a
nova entidade, série Itararé, fornecendo várias notícias interessan­
tes sôbre a sua docum entação paleontológica. Na m esm a data, o
boletim n.° 23 traz um a m em ória de C. M aury a respeito de verm es
“silu rian o s” de A nitapolis, Sta. C atarina. Dois anos após (1929),
essa au to ra versou um a coleção de fósseis organizados por Luciano
J. de Moraes (que p assára ao Serviço Geológico e M ineralógico
do Brasil) nos E stados de E spírito Santo, Rio de Janeiro, P ernam ­
buco e C e a rá . Do E spírito Santo, ficou sendo conhecido um brio-
zoário m arinho, de idade terciária, Steganoporella, colhido em B ar­
ra do Jacú ; do m aterial procedente de Itaboraí, Rio de Janeiro,
foi referido um pulm onado do gênero Strophocheilus, cuja idade
tributou-se terciária; dos espécimes colhidos em Campo Form oso
e G am eleira do Buique, Pernam buco, foram m encionadas form as
com aparência de P isidium ou Sphaerium ; num a am ostra de folhe-
lho preto da S erra do A raripe, Ceará, identificou-se um ostracói-
de do gênero Cypris. Nessa m esm a data, F R . Cowper Reed,
do Sedgwick Museum, Inglaterra, descreveu algum as espécies no­
vas de filópodos fósseis, encontrados por Gerson Alvim em fo-
lhelhos do rio Iguassú, Valões, S ta. C atarina (boi. n.° 34) O
autor julgou-as como provavelm ente de i idade p e rm ia n a . Na
m esm a data, veio à luz um a m em ória de R udolf R uedm ann, ver­
sando fósseis da form ação glacial do Sul do B rasil. A coleção
estudada havia sido coligida por Euzebio de Oliveira, em 1908,
na localidade de Bela Vista, S ta. C atarina (em bora o trabalho in­
dique, erroneam ente, Estado de S. Paulo) e constava de copro-
litos, braquiópodes pertencentes aos gêneros Língula e Orbiculoi-
dea e escam as de peixes. Apenso, há um estudo de W L . B ryant
sôbre o m aterial ictiológico. Ainda em 1929, foram publicadas as
m onografias VII e IX do Serviço Geológico. A p rim eira é da
au toria de C arlota M aury e versa coleções paleontológicas do si-
luriano do A m azonas; a segunda é devida a Cowper Reed e tem
por assunto o estudo de fósseis triássicos m arinhos do Estado do
P a ra n á . Neste últim o trabalho figura um a nota de F A. B ather
sôbre um crinóide do P a ra n á .
A revelação de horizontes triássicos m arinhos na série E stra­
da Nova de W hite, até então tida como totalm ente de idade p e r­
m iana, im pôs um a revisão estratigráfica do “ Sistem a de S ta. Ca­
ta rin a ” T al assunto foi discutido nos anais da Academ ia B rasi­
leira de Ciências por Euzebio de Oliveira (1930) No m esm o ano
e ainda nesses anais, Oliveira reconsiderara o assunto dos b raq u ió ­
podes da série Ita ra ré .
Esboço histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil 157

U m a nova coleção paleobotânica organizada p o r E . de Oli­


v eira foi en viada a D . W hite cuja m orte, entretanto, antecipou
o seu estudo. Dêsse m odo, passou a coleção à^s mãos de C harles
B . R ead que só a versou recentem ente (1941) A com panhavam
as p lan tas fósseis fragm entos de peixes que foram objeto dum pe­
queno trab alh o de L . H ussakof (1930), do Am erican Museum of
N atu ral History. Os fragm entos, segundo aquele autor, incluiam
u m a espécie nova, por êle denom inada Elonichthys gondwanus,
procedente de T eixeira Soares, P araná, julgada de idade perm ia-
na, e um Palaeoniscidae triássico, de Serrinha, no mesmo Estado.
D entre os espécim es vegetais foi encontrada, ocasionalm ente, um a
am o stra contendo um a asa de blatide fóssil estudada por F M.
C arp en ter (boi. n.° 50), no mesmo ano.
Com a d ata de 1930, sairam as m onografias VIII e X do Ser­
viço Geológico, respectivam ente, da autoria de C arlota M aury e
Cow per R eed. A prim eira estuda fósseis cretáceos da P araíb a do
N orte, coligidos por João Domingues dos Santos, e os de Estiva, já
m encionados, que haviam sido colecionados por Luciano Jacques
de M oraes; a segunda tra ta de um a coleção de lam elibrânquios
fósseis procedente de Taió, Santa C atarina, onde foram descober­
tos p o r A nibal Alves Bastos. Reed considerou essa m alacofauna
como perm o-carbonífera.
Em 1933, um a sondagem realizada em Terezina, Piauí, reve­
lou a existência de cam adas fossilíferas de idade ca rb o n ífera. Em
1935, C arlota M aury apresentou um estudo sobre fósseis de Ita-
b o raí (Rio de Janeiro) e Iporanga (S. P aulo), referidos, respecti­
vam ente, ao terciário superior e pleistocêno. Na m esm a data,
Cowper Reed descreveu lam elibrânquios triássicos m arinhos de
Rio Claro (Santa C atarina), coligidos por Aristomenes D uarte, e
de Santo Antônio da P latina, Estado do P aran á, coligidos por Al­
berto E richsen. O m aterial em questão fora rem etido por E . Oli­
v eira p ara determ inação. Ainda na m esm a data, Cowper Reed
descreveu um novo braquiópode carbonífero de Santa C atarina,
Discinisca tayoensis, V ictor Oppenheim referiu vegetais devonia-
nos do P aran á, e Euzebio de Oliveira apresentou um estudo sobre
os esfenopterídios da sondagem de Terezina, Piauí, acim a re ­
fe rid a.
O ano de 1936 foi profícuo p ara a paleontologia b rasileira.
Nessa data, M athias de Oliveira Roxo e Axel Lõfgren descreve­
ra m Lepidotus piauhyensis, um peixe cretáceo do N orte. O p ri­
m eiro descreveu, tam bém , um novo crocodiliano do cretáceo (sé­
rie B aurú) do Estado de S. Paulo, Goniopholis paulistanus. E u ­
zebio de O liveira descreveu um a nova conífera fóssil, D adoxylon
derbyi, encontrada em Casa B ranca, S. Paulo, série Itararé e um
novo braquiópode, Am bocoelia roxoi, procedente de T eixeira Soa­
res, P aran á, m esm a série, apresentando tam bém um estudo sobre
158 Josué Camargo Mendes

m ad eiras p etrificadas do planalto dos P arecis. Alberto J . E rich-


sen e João M iranda colheram fósseis devonianos em Goiaz, den­
tre os quais E . O liveira reconheceu espécies se m e lh a n te s‘às do*,
eo-devoniano do P a ra n á . T rabalhos póstum os de A ristom enes
G uim arães D uarte, v en tilaram fósseis carboníferos obtidos n a já
re ferid a sondagem de T erezina, P iaui e fósseis m arinhos p o r êle
pró p rio coligidos no M orro do Chaves, Sergipe, referidos ao triás-
sico. No m esm o ano, foi publicada a m onografia XI, na qual
C arlota M aury estudou ostensivam ente o cretáceo m arinho de
Sergipe.
Em 1937, M athias de O liveira Roxo estudou um a coleção de
fósseis pliocênicos provenientes do rio Ju ru á, Amazonas, cujos
coletores fo ram P edro de M oura e Victor O p p e n h e im / Euzebio
de O liveira, no m esm o ano, forneceu um a nota sôbre os fósseis
devonianos coletados por Alberto Erichsen* e João M iranda no
Estado de Goiaz. Na m esm a data, Paulo Erichsen de Oliveira
apresentou um estudo sôbre m aterial paleontológico de P ropriá
e Jaboatão (Sergipe), reunido por êle próprio e Josalfredo Bor­
ges. Os fósseis em questão são lam elibrânquios e foram conside­
rados de idade triássica.
Em 1938, apareceram m ais dois trabalhos póstum os de Aris­
tom enes D uarte, versando, respectivam ente, fósseis carboníferos
do rio Jatap ú e rio P a ra u a rí.
5$ Em 1939, José Lino de Melo Jú n io r noticiou novas localida­
des fossilíferas do nordeste da B ahia, trazendo o seu trabalho
um a nota de Paulo Erichsen de Oliveira sôbre os fósseis obtidos.
Em 1940, Paulo Erichsen de Oliveira apresentou um estudo
sôbre um a coleção de fósseis cretáceos obtida por Aristom enes
D uarte e Alberto W anderley em calcáreos do rio Calum bi, Sergi­
pe, e M athias Oliveira Roxo descreveu um gasterópo novo da
B ahia, A rtem on andradai, referindo-o como holocênico ou pleis-
tocênico, fornecendo ainda um a nota a respeito de crustáceos do
mesmo E stado. Em 1941, saiu a m onografia XII, trazendo um
trabalho de Charles B. Read, acim a referido, sôbre plantas per-
m o-carboníferas do P ara n á e Santa C atarina. Os fósseis descritos
na m esm a haviam sido enviados, como se disse, por Euzebio de
Oliveira ao paleobotânico D W hite, cujo falecim ento privou de
as versar
O m ais recente trabalho elaborado pela atual Divisão de Geo­
logia e M ineralogia do D epartam ento Nacional da Produção Mi­
n eral é um estudo de Axel Lõfgren e Paulo Erichsen de O liveira
sôbre fósseis cretáceos de A racajú (1943)

Em 1907 e 1908, A. S. W oodw ard, re to rn á ra o estudo da


paleontologia brasileira, versando peixes cretáceos de Sergipe,
Esboço histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil 159

Pernam buco e B ahia. Ainda em 1908 e no ano seguinte, tratou


de repteis fósseis procedentes do Rio G rande do Sul e S. P aulo.
Em 1908, tam bém , os peixes cretáceos do Ceará foram consi­
derados em um trabalho da autoria de J C. B ranner e D S tarr
Jo rd an . O segundo autor abordára, um ano antes, colateralm en-
te, os peixes fósseis do Brasil. Em 1910, descreveu a ictiofauna
dos folhelhos betum inosos de Riacho Doce, Alagoas, julgado como
possivelm ente de idade eocênica. Em 1913 e 1920, reconsiderou
os peixes fósseis brasileiros. O seu últim o trabalho a respeito
constituiu a citada m onografia III (1923)
Merece especial destaque a contribuição de B ranner sobre o
B rasil. Na grande lista de trabalhos da sua autoria, dem onstram ,
sem dúvida, a sua dedicação extrem a por este solo, um a Geolo­
gia (1906) p re p arad a com referência especial aos estudantes b ra ­
sileiros, bem como um m apa geológico do Brasil (1919), que re­
presenta o produto de m uitos anos de labor e que, segundo con­
fessa, foi feito na intenção de bem servir ao nosso povo, com o
qual m uitos anos conviveu e tanto sim patisou e por cujo bem estar
se achava profundam ente interessado Tal carta geológica re p re­
senta, sem favor nenhum , a prim eira contribuição séria p ara o
entendim ento de conjunto da geologia p átria.
E ntre os anos de 1908 e 1909, J. B. W oodw orth realizou um a
expedição geológica ao Brasil e Chile. No relato a respeito (1912),
transcreveu um a carta de Euzebio de Oliveira em que se noticia
a descoberta de braquiópodes, peixes, restos de esponjas e asas de
insetos em folhelhos de Teixeira Soares, P a ra n á . Em 1912, G
Gurich descreveu unia nova espécie de crocodiliano do território
do Acre, referindo as cam adas onde fôra encontrado ao terciário
superior
Em 1912 e 1914, F Pelourde realizou estudos sóbre os psaro-
nídios do B rasil. Em 1913, Olaf Jenkeins noticiou, em um a m e­
m ória geológica, alguns fósseis colhidos em calcáreos das proxi­
m idades de N atal, Rio G rande do N orte. Em 1916, tem-se uma
referência de R. W . Shufeldt sóbre uma pena fóssil encontrada
em T aubaté, S. P aulo. Em 1919, G Lundquist descreveu plantas
fósseis do Brasil M eridional e J M. Clarke estudou crustáceos da
form ação Iratí do Estado de S. Paulo.
Em 1920, Charles C. Mook descreveu um novo crocodiliano
fóssil, Brachygnathosnchiis braziliensis. Em 1923, Charles Lau-
rence B aker noticiou, pela prim eira vez, a ocorrência de terrenos
devonianos em Goiaz. Em 1924, E. Berry e A. Hollick estudaram
a flora do terciário superior da B ahia. Em 1927, um trabalho de
Julia G ardner refere fósseis pliocênicos brasileiros da A m azônia.
Alguns anos m ais tarde, A. L. Du Toit excursionou pelo país.
procurando obter provas em prol da hipótese de W egner Resul­
160 Josué Camargo Mendes

tou disso o seu conhecido trabalho “ A Geological Com parison of


South Am erica w ith South A frica” (1927), aparecendo 110 mesmo
um a lista de fósseis reconhecidos como triássicos que o autor co­
lhera em folhelhos da cham ada série E strada Nova de W hite, no
m unicípio de M arechal Malet, Estado do P araná, e cuja identifi­
cação correra por conta de R. Cowper Reed. Em 1928, este últi­
mo apresentou um a pequena nota a respeito desses fósseis.
Notável contribuição à paleontologia b rasileira deve-se a
F riedrich von H uene. Vão além de um a trintena os trabalhos de
sua lavra que se prendem , direta ou colateralm ente, aos proble­
mas paleontológicos brasileiros (1926 em diante) Em 1928, esse
autor viajou pelo Rio G rande do Sul, tendo percorrido tam bém o
Estado de S Paulo, em m eados de junho do mesmo ano. Colheu
nessa viagem, na m esm a form ação E strada Nova, mas agora em
localidade do Estado de S. Paulo (Rio C laro), alguns lam elibrân-
quios fósseis confiados tam bém a C. Reed p ara determ inação A
m em ória concernente foi publicada na Inglaterra, em 1932. Nes­
se interim , lam elibrânquios da m esm a form ação, colhidos no P a­
raná, haviam sido rem etidos tam bém por Euzebio de Oliveira a
Reed, que os versou em 1929. Alguns restos de crustáceos coligi-
dos por von Huene em S Paulo e Sta. C atarina, foram estudados
por Karl Beurlen (1931, 1934 e 1935) Os trabalhos de von Hue­
ne sôbre o Brasil estudam , principalm ente, os repteis das form a­
ções cretáceas e triássicas do Sul, ou sejam da série B aurú (São
Paulo, Minas, Goiaz, Mato Grosos) e form ação Santa M aria (Rio
G rande do Sul) Não só verificou êsse autor a ocorrência no nos­
so território de vários gêneros já conhecidos da literatu ra m un­
dial, como descreveu espécies e gêneros novos, tecendo conjetu-
ras a respeito do parentesco e idade dos m esm os. Assim, devem-
se-lhe os gêneros Stahleckeria, Chiniqnodon, Belesodon, Traver-
sodon, Gomphodontosuchus, Cephalonia, Prestosuchus, Rhadino-
sachn s, Rauisuehus, Procerosuchus, Hoplitosuchus do triássico e
Brasileosaurns do cretáceo. Abordou, tam bém , questões estrati-
gráficas e paleogeográficas.
Em 1933, W Rau descreveu Cedroxylon canoense , um vege­
tal fóssil do Rio G rande do Sul. Em 1935, o mesmo autor descre­
veu outro novo vegetal fóssil, D a d o x ylo n butiense , tam bém daque­
le Estado e F ernando R. Milanez descreveu L e c y to x y lo n brasi-
liense procedente de Alegre Manga, Estado do Piauí de idade cre­
tácea. No ano seguinte, Luiz Flores de Moraes Rego noticiou em
São Paulo, na form ação E strada Nova Superior, a ocorrência de
um escafópodo por êle denom inado D en taliu m f l o r e n c e i.
Em 1937, E. W Berry, reconsiderou as plantas terciárias do
Avre num estudo sobre paleobotânica sul-am ericana. Na m esm a
data, K. von Staesche descreveu um a tartaru g a fóssil, Podocne-
mis brasiliensis, de A raçatuba, S. Paulo.
Esboço histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil 1(31

Em 1938, Gerem ias d’Erasm o apresentou um a m em ória so­


bre os peixes cretáceos do Ceará, descrevendo um a nova espécie.
No mesmo ano, A. M iranda Ribeiro descreveu Plicodontinia
m ourai da A m azônia.
Em 1941, A. Castellanos descreveu Panochthus oliveira-roxoi
e P greslebini procedentes do pleistoceno do C eará.
Em 1942, há nos arquivos do Museu P aranaense um artigo de
F rederico W ald em ar Lange a respeito de restos de vermes da
form ação F urnas, encontrados no P ara n á. Em 1944, êsse autor
descreveu novos fósseis devonianos do mesmo Estado. No m es­
mo ano o autor destas linhas versou um a coleção de lam elibrân-
quios por êle organizada em Rio Claro, Estado de S. Paulo (F or­
m ação E strad a N o v a ); Fernando F Marques de Almeida descre­
veu um a nova alga fóssil, Collenia itapevensis, de idade algon-
quiana, procedente do Sul do Estado de S. Paulo; e Jordano Ma-
niero referiu o novo vegetal fóssil D adoxylon whitei, coligido em
Assistência, ainda Estado de S. Paulo, form ação Ira tí.
ERRATA PRINCIPAL

p. 30, linha 6 (a partir de baixo) leia-se 610 e não 575.


’ 30, ” 7 ” ” ” ” M 575 e não 610.
’ 117, ” 12
' 117. " 25 (fig. 5) e não (fig. 2)
' 118, “ 7 (fig. 2) e não (fig. 3)
’ 118, ” 25 Rocas e não rochas.
119, ’ 9 (a partir de baixo) leia-se (fig. 4) e não (fig. 2 \
' 151, ” 21 leia-se “criada em 1904. O relatório final apre­
sentado pelo seu chefe Israel C. White em 1908“
etc. e não “criada em 1908“ etc..
pp. 154 e 155 estão trocadas.
ÍNDICE GERAL

PAG.
t
Bacia terciária do vale do rio Paraíba, Estado de São Paulo. ^
— Luciano Jacques de Moraes 3

Considerações sobre a estratigrafia e idade da form ação Es­


trada Nova. — Josué Camargo Mendes >/ 27

O conglomerado do Baú (Série Itajaí-Santa C atarina). — Ruy


Ozorio de F reitas ^8 3^

Camadas fossilíferas dq Rio Grande do Norte. — Luciano


Jacques de Moraes ^ ... 112

Phyloblatta roxoi sp. n. — Setem brino Petri 129

Sobre a estrutura de D adoxylon derbyi Oliveira. — Jordano


M an iero / ... . 133

Esboço histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil. —


Josué Cam argo Mendes 139

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