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Terezinha BARROSO
(Universidade Federal de Juiz de Fora)
ABSTRACT: This article pretends to investigate how 8-11 year-old students deal with the task of writing opinion
text in a public school context. The investigation focuses the sociocognitive, linguistic, discursive and pragmatic
aspects of this language action, related to the epistemological stance of the writer when expressing the status of
arguments to defend a position. The study tries to interconnect three sets of basic concepts to approach the
development of the competence of young children in dealing with argumentative discourse: perspectivization and
intersubjectivity of the language, enunciative anchorage and evidenciality, which together respond to the status
of the information content and the grade of credibility of the arguments.
1. Introdução
Ao emitir uma opinião por escrito, o sujeito está, não só gerenciando variáveis do
contexto externo, elementos que compõem a moldura comunicativa (TANNEN &
WALLAT:1987) na qual o evento se insere e se realiza, mas, também, variáveis internas -
conhecimento de mundo, conjunto de crenças, modelos cognitivos (LAKOFF: 1988,
FILLMORE: 1982, LINDE: 1993), que constituem base sociocognitiva e pragmática para as
trocas intersubjetivas na interlocução à distância. Nessa perspectiva, emitir uma opinião é
negociar uma forma subjetiva e conjunta de angular o mundo, ao se colocar frente a uma
questão polêmica.
Através das duas propriedades intrínsecas da linguagem que acentuam seu caráter
como ferramenta semiótica de natureza cognitiva e cultural - perspectivização e
intersubjetividade (TOMASELLO, 2003), é possível ao sujeito construir mundos discursivos,
fazer referências a entidades que os constituem, com base em duas coordenadas gerais que
orientam o tipo de ancoragem enunciativa usada para a semiotização do texto empírico: uma
coordenada, cuja referência se apóia no eixo da referencialidade; outra que se apóia no eixo
da situação (BRONCKART: 1999, 2003 e ROJO, 1998).
Na tentativa de negociar posições frente a uma questão polêmica, o sujeito escritor
estabelece uma vinculação de natureza epistemológica entre origem da informação semântica
e atitude acerca do grau de comprometimento com o dito. Nesse ponto, se insere o foco deste
artigo, qual seja, o estudo da relação entre grau de evidencialidade da informação (CHAFE:
1986, MUSHIN: 2001) e ancoragem enunciativa, tal qual colocada por Bronckart (1999,
2003) e Rojo (1998). Situa-se nesse viés, o estudo de base lingüística, pragmática e cognitiva
da evidencialidade (CHAFE: 1986, MUSHIN: 2001), que ultrapassa a relação do dito com a
origem da informação, para concebê-la como estratégia sociocognitiva e sociodiscursiva de
negociação de POSIÇÃO.
O estudo se desenvolve com base num corpus de 145 textos de opinião, produzidos
longitudinalmente por alunos do primeiro segmento do ensino fundamental, do Colégio de
Aplicação da Universidade Federal de Juiz de Fora.
1905
2. A constituição cognitiva e cultural da Linguagem: perspectivização e intersubjetividade
1906
Dentro dos parâmetros discutidos, no contexto de aprendizagem sociocognitiva, a
criança, ao adquirir a linguagem, está ao mesmo tempo incorporando formas produtivas para
(i) categorizar o mundo e interpretá-lo à maneira de seus co-específicos, (ii) adotar pontos de
vista diferentes sobre uma mesma situação e (iii) partilhar, conjuntamente com seu co-
específico, intenções comunicativas, à medida em que ambos se constituem como agentes
intencionais e mentais.
1907
4. O texto de opinião: forma de perspectivizar o mundo através de trocas intersubjetivas
e referências
5. Evidencialidade e argumentos
1908
constituem (TOMASELLO, 2003; BRONCKART, 1999); é possível, também, ao sujeito,
estabelecer uma vinculação de natureza epistemológica entre a informação semântica
representada para essas entidades e seu comprometimento com o dito, em termos de assegurar
credibilidade ao que está sendo veiculado, e à origem dessa informação.
Em seguida, apresentamos uma discussão sintética desse segundo aspecto de
construção dos enunciados pela linguagem, nos termos propostos por Chafe (1986) e Mushin
(2001), quando tratam de uma semântica da evidencialidade. Embora não seja nosso intento
esgotar a discussão sobre evidenciais e sua forma de gramaticalização nas línguas naturais,
reconhecemos como relevante para o estudo em questão uma abordagem do fenômeno da
evidencialidade, na medida em que poderá nos servir de orientação para os critérios de análise
da natureza dos argumentos que compõem o texto de opinião da criança, concebendo-se tal
fenômeno como estratégia cognitiva e discursiva, utilizada para atribuir credibilidade aos
argumentos negociados para a defesa de uma posição.
Em linhas gerais, uma semântica da evidencialidade se ocupa com o estudo de marcas
de natureza lingüística e pragmática, denominadas de evidenciais, ou marcadores de
evidencialidade, presentes numa língua natural, que mapeiam as relações, instauradas no
discurso, entre origem da informação e atitude do sujeito frente à informação. Chafe (1986) e
Mushin (2001), assumindo este enfoque cognitivo e ampliado sobre evidencialidade, que
ultrapassa a relação do dito com a origem da informação, ressaltam que os marcadores de
evidencialidade no discurso refletem uma relação subjetiva do falante com a informação
veiculada, envolvendo atitude e comprometimento do sujeito com o dito e com a origem da
informação; nesse sentido, postura epistemológica vai afetar o status da informação, no
tocante à credibilidade.
Dessa forma, numa perspectiva cognitiva de perceber a gramática como estruturante
das conceptualizações de experiências2, o estudo do fenômeno da evidencialidade pauta-se na
postura epistemológica do sujeito frente à informação, e na relação subjetiva que se instala,
nesse procedimento, entre sujeito conceptualizador e o objeto conceptualizado, este último
representado pela informação veiculada pelo discurso contextualmente situado (Mushin,
2001, p. 7-8).
Chafe (1986, p.262-271), reforçando o viés cognitivo de seu estudo sobre evidenciais
em inglês, define evidencialidade como o fenômeno que se ocupa em estudar marcas no
discurso, sinalizadoras de atitudes do sujeito em relação ao conhecimento. Nesse enfoque, o
autor apresenta uma escala para a abordagem do fenômeno nas línguas naturais, centrada na
informação, cujo status de credibilidade é marcado por evidenciais, que atribuem graus
diferenciados de credibilidade ao dito, refletindo, assim, a relação inerente entre origem da
informação (na evidência perceptual, na própria linguagem ou em hipótese) e o modo pelo
qual a informação é adquirida pelo sujeito no contexto de uso (através de crença, ou de sua
manifestação mais atenuada, a opinião, através de indução, através de boato3, ou através de
dedução.
A proposição de uma escala de atribuição de evidencialidade aos enunciados reforça o
caráter processual e cognitivo da co-produção da significação lingüística, quando considerado
em seu contexto de uso. Neste sentido, a combinação entre origem e modo de aquisição da
2
A Gramática Cognitiva, buscando equacionar significado e conceptualização, tem como objetivo identificar e
representar as estruturas conceptuais que são convencionalizadas nas construções gramaticais, com base no
princípio de que a linguagem nunca representa diretamente o mundo, mas a nossa percepção conceptual do
mundo (Mushin, 2001, p.7). Tal epistemologia é assumida pela hipótese sociocognitiva de linguagem (Lakoff,
1987, 1988, Fauconnier & Turner, 2002, Salomão, 1997, Miranda, 1999, 2002) e enriquecida por Tomasello
(2003), que ressaltam, ainda, o papel relevante do contexto e da cultura na constituição dos significados pela
linguagem.
3
O autor usa o termo hearsay para descrever a informação adquirida por ouvir dizer, traduzido por boato,
embora se reconheça a conotação um tanto pejorativa do termo em português.
1909
informação vai se configurar num continuum na escala, e não numa polarização, e se justifica
pela necessidade de se instalar entre os interactantes o princípio cooperativo de que o que se
negocia na interação está. Dessa forma, Chafe (1986) reforça o caráter cognitivo e
epistemológico da semântica da evidencialidade, no sentido de que esta não se restringe à
identificação de marcas lingüísticas ou pragmáticas de evidencialidade e à identificação de
fontes de informação, como se tal vinculação se desse à maneira objetivista de conceber a
relação representacionista entre marca lingüística e significado; ao contrário, reconhece que
os significados produzidos pelos evidenciais ultrapassam a sua relação com os fatos no mundo
real, para revelar processos cognitivos e pragmáticos mediadores da maneira como a
informação é realmente adquirida, e o status que lhe atribuímos como produtores de
linguagem (MUSHIN, 2001, p 23-24).
Buscando uma aplicação dos estudos de Chafe e Mushin nas análises da natureza dos
argumentos utilizados pelos sujeitos de nossa pesquisa, duas seriam as formas de o sujeito
conceptualizador de vivências colocar-se frente à informação – postura epistemológica -, com
vistas a marcar para seu interlocutor a evidencialidade de seu argumento: como
conceptualizador experienciador e como conceptualizador observador. A primeira postura
realça a proximidade entre o sujeito e o dito, acentuando o grau de
comprometimento/envolvimento com o conteúdo informacional e a origem dos argumentos, o
que atribuiria caráter subjetivo à argumentação; a segunda postura realça a distância entre
sujeito e o dito e a origem da informação, e atribuiria caráter objetivo na forma de se conceber
o argumento. Na mesma direção, acreditamos, apoiados em Mushin (2001), que, na postura
de conceptualizador de experiências, o sujeito ao marcar evidencialidade em seus
argumentos, situa-se, assim como o mundo representado por ele no discurso, em posição on
stage, colocando-se como participante – direto ou indiretamente envolvido - do processo de
conceptualização; na postura de sujeito conceptualizador observador de estado de coisas, a
evidencialidade é marcada pela posição off stage, ou seja, o sujeito e o mundo representado no
discurso colocam-se fora da cena, qual seja, as ações de outros indivíduos, ou estados de
coisas não o afetam diretamente.
Nesse contexto, o texto de opinião, por seu caráter essencialmente subjetivo, constitui-
se como espaço para a ocorrência das duas posições epistemológicas do sujeito
conceptualizador - experienciador e observador - posto que, como forma mais atenuada de
manifestação de crença (CHAFE, 1986, p. 266), a opinião resulta de experiência e avaliação
do sujeito, referentes a estados ou situação de mundos. No caso específico do discurso
argumentativo, a possibilidade de duplo posicionamento do sujeito frente à origem do
argumento, utilizado para a sustentação de sua posição, atribui à opinião um grau maior de
credibilidade, quanto à origem da informação. Assim a opinião pode ser concebida como
resultante de experiência pessoal, ou como resultante de observação e avaliação do estado de
coisas. A origem da opinião pode vir do fato de o objeto de crédito ser partilhado por pessoas
reconhecidas, confiáveis - o que atribui autoridade ao argumento - ou pelo senso comum;
pode, também, originar-se do fato de ser objeto de observação do conceptualizador, a partir do
que é capaz de construir um tipo de representação para a realidade dos fatos, tomada como
evidência.
Nesta síntese, vale ressaltar a relevância do viés cognitivo e pragmático da concepção
de "atitude epistemológica do sujeito" (MUSHIN, p. 51-58), que autoriza uma extensão
complementar desse conceito, sob a perspectiva sociocognitiva e sociodiscursiva de
linguagem, quando se ressalta o caráter de co-produção do sentido pela semiose lingüística.
Nesse sentido, o grau de credibilidade impresso no discurso, a partir dos evidenciais, é
assim concebido, à medida em que é capaz de suscitar na interação tal percepção. Melhor
dizendo, se no fenômeno da evidencialidade e no conceito de atitude epistemológica, nos
termos postos por Chafe (1986) e Mushin (2001), é ressaltado o caráter subjetivo dessa
1910
construção e atitude, no tocante à seleção dos evidenciais que mapeiam o discurso e
respondem pela postura do sujeito com relação ao dito, tal estratégia deve ser concebida,
igualmente, como guiada pela percepção e representação mental do outro - um sujeito
ouvinte/leitor - com o qual se negocia a significação pela linguagem. Dessa forma, tem-se
ampliada a concepção de atitude epistemológica que se recoloca como estratégia de natureza
intersubjetiva e perspectiva, nos termos postos por Tomasello (2003).
No que respeita à construção do discurso argumentativo, podemos afirmar que a atitude
epistemológica do sujeito frente aos argumentos selecionados e a forma de marcar
evidencialidade nesses argumentos, embora representem, a princípio, uma decisão de natureza
subjetiva, são, também, resultado de processo de construção conjunta e partilhada, à medida
em que essas escolhas apóiam-se na representação mental que o sujeito cria de seu
interlocutor, do contexto de produção e do conjunto de conhecimentos que se supõe
partilhado e por negociar, no momento da ação de convencimento.
6. O cenário da pesquisa
Três conceitos básicos para o presente estudo foram tratados nas seções anteriores, que
dizem respeito às operações de natureza pragmática, sociocognitiva e discursiva, responsáveis
pela construção de mundos discursivos e referências a entidades que os constituem. O
primeiro – o de perspectivização e intersubjetividade - propriedades inerentes à linguagem e
que explicam na filogênese e na ontogênese a capacidade do ser humano de usar a linguagem
para angular o mundo e estabelecer trocas bem sucedidas entre seus co-específicos através dá
codificação de símbolos lingüísticos comuns. O segundo – o de ancoragem enunciativa -
1911
inclui os conceitos de mundo implicado e mundo autônomo, mundo conjunto e mundo
disjunto, categorias usadas para marcar o tipo de vinculação enunciativa entre sujeito e texto,
no que respeita à organização das representações do mundo, solicitadas pela produção textual.
Finalmente, o terceiro conceito que está vinculado ao de atitude epistemológica do sujeito
com base no fenômeno da evidencialidade (CHAFE: 1986, MUSHIN: 2001), tomado como
estratégia que regula a postura epistemológica do sujeito, frente à informação negociada com
seu interlocutor, considerando-se nesse conceito a origem da informação veiculada e a atitude
epistemológica do sujeito - conceptualizador de vivências vinculadas ao mundo ordinário ou a
um mundo projetado.
Em síntese, a ação de convencimento, característica do texto de opinião escrito,
regula-se pela capacidade de provocar no leitor mudança de perspectiva sobre a questão
polêmica. Essa capacidade, por sua vez, regula-se pela força argumentativa de que os
argumentos se revestem para atender a esta ação, na medida em que são indexados por formas
de evidencialidade, na sua relação com os mundos discursivos4construídos para este tipo de
ação, e interpretados pelo leitor. Prosseguindo, nessa relação, as representações
cognitivamente construídas para os argumentos selecionados na organização textual, assim
como os modelos cognitivos dos quais emergem, estabelecem uma relação de implicação ou
de autonomia com o momento da produção da argumentação e com os interactantes; ao
mesmo tempo, tais representações situam os argumentos num mundo conjunto ou disjunto, no
que respeita à relação entre mundo construído para a sustentação da argumentação e o mundo
no qual se insere o sujeito.
4
Lembramos que a noção de mundos discursivos diz respeito ao domínio cognitivo de organização das
representações de mundos pelo sujeito e que se estruturam conceptualmente como esquemas textuais ou
seqüências textuais, conforme proposto por Bronckart e Adam.
1912
participa diretamente, o distanciamento entre bases de orientação para a escolha do argumento
e o sujeito tende a gerar uma argumentação mais autônoma que diz respeito a um mundo
disjunto.
O par de exemplos a seguir - Exemplos 1 e 2 - foi selecionado, intencionalmente,
tomando-se como critério a mesma tarefa que os motivou, de modo a que se facilitasse uma
análise comparativa dos textos, no que tange ao que identificamos, neste artigo, como atitude
epistemológica de experienciador e de observador, que correspondem, nesses termos, à
maneira de a criança angular os argumentos que compõem seu texto de opinião.
Tarefa (2) (Opinar sobre a idéia de se misturarem as turmas de 2a. série no ano seguinte)
Exemplo 1 Exemplo 2
Mudança de turma para a 3a. série Mistura de turma/mistura.
Os aspectos positivos de no ano letivo de
Eu acho muito ruim pois um 2002, misturar 3a. a,b e c serão fazer novas
dia eu fui achar a profa. Miriam no amizades.
2c e estava uma bagunça mais do Os negativos serão muitos, pois trocando de
que o 2A e também eu nunca quero turmas muitas crianças terão possibilidades
mudar dos meus amigos. maiores de ter problemas familiares e
(2a. série) escolares.
[14.2] (2a. série)
[3.2]
1913
no conjunto, registram o tom de objetividade e impessoalidade da opinião emitida a partir do
mundo projetado.
Comparando-se as duas formas de apresentar a opinião em cada um dos exemplos,
com as demandas cognitivas para sua construção, pode-se afirmar que o autor do exemplo 2,
constrói uma argumentação mais próxima do modelo escrito, em virtude do grau de
autonomia do contexto de produção.
Tomando-se (1) as fontes-base dos argumentos usados pela criança no corpus que
analisamos para a construção dos mundos ordinário e projetado (base factual e contrafactual);
(2) as coordenadas que definem o tipo de ancoragem na qual a criança se apóia para construir
as representações de mundos (conjunção e disjunção de mundos) e fazer referência às
entidades que os constituem (relação de implicação e de autonomia), e (3) na postura
epistemológica do escritor aprendiz frente aos argumentos usados na defesa de sua opinião
(experienciador e observador), buscamos elaborar a seguir um quadro que resuma a tipologia
proposta para a abordagem da natureza dos argumentos, e que registre as diferentes formas de
o escritor aprendiz se colocar frente à tarefa de produzir um texto de opinião.
O Quadro (1) que se segue, pretende demonstrar a configuração da argumentação do
escritor aprendiz, tomando-se como critério o cruzamento entre as quatro categorias
apresentadas, anteriormente, para descrever os procedimentos lingüístico-discursivos e
sociocognitivos utilizados na negociação dos argumentos pela criança: origem epistemológica
da argumentação, atitude epistemológica do sujeito, grau de evidencialidade da informação e
ancoragem enunciativa.
1914
Grau menor: maior Implicação ou
Observador e distanciamento entre o autonomia
avaliador sujeito e a origem do (eixo da situação)
argumento
+ objetividade na Mundo disjunto
representação do (eixo da
argumento referencialidade)
Quadro (1)
É importante ressaltar que a disposição dos traços em células isoladas é meramente
didática e visa a facilitar a leitura do quadro; não significa, portanto, que a argumentação das
crianças se constrói, exclusivamente, sob uma única origem.
Considerando-se a complexa tarefa de argumentar por escrito, o vasto campo de
representações suscitadas pelos modelos cognitivos para a realização dessa ação de
linguagem, é de se esperar a pertinência no apoio à base factual e/ou contrafactual como
estratégia argumentativa de negociação de evidencialidade dos argumentos. O exemplo 3
ilustra o que acabamos de afirmar.
Exemplo 3: Tarefa (3) (Opinar sobre a atitude de Tiago com relação a seu cão pit bull)
1915
passei por tal experiência e tenho autoridade para opinar sobre, frente a qual o sujeito se
coloca como autor e responsável. No que respeita às linhas 10 e 11, seguindo ainda as
orientações do quadro (1), o sujeito se coloca como observador, avaliador, ressaltando-se o
distanciamento e a objetividade do argumento final que destaca a autonomia do argumento
com relação ao mundo da situação de produção.
O mapeamento lingüístico do que acabamos de caracterizar (linhas 1 a 6, e linhas 10 e
11) se dá, principalmente pelo uso do tempo verbal no futuro do pretérito e no futuro do
presente para a projeção de mundos, em contraposição ao tempo verbal no pretérito usado
para marcar lingüisticamente a seqüência narrativa do relato; o uso de dêixis de 1a. pessoa e a
preferência por referências através de anáforas pronominais para marcar implicação e
subjetividade, e a preferência por anáforas nominais através do uso de referência nominal de
conteúdo semântico genérico para marcar objetividade do argumento.
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