Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Por uma geografia da música: um panorama mundial e vinte anos de pesquisas no Brasil
Mestre em Geografia. Doutorando no Programa de Pó sgraduaçã o em Geografia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul et
Université Bordeaux 3. Email: lucaspanitz@gmail.com
Resumo - A geografia da mú sica, apesar de quase um sé culo de existê ncia oficial, só recentemente tê m
tido a devida atençã o dos geó grafos interessados no estudo da cultura e das manifestaçõ es artıśticas em
sua dimensã o espacial. A quantidade de materiais disponıv́eis em formato digital atualmente permite
um bom reconhecimento deste campo de estudo em geografia, e indica Estados Unidos, Inglaterra e
França como centros de discussã o avançada, alé m do Brasil como potencial â mbito iberoamericano,
por sua considerá vel produçã o acadê mica. Neste sentido, é apresentado um panorama mundial nos
estudos de Geografia e mú sica, e um balanço dos vinte anos de pesquisa da Geografia brasileira.
Palavras-chave: Geografia. Mú sica. Geografia da Mú sica. Geografia Brasileira.
-1-
tematizador do estudo entre espaço geográ fico e permitindo analisar a fixaçã o e a mobilidade de
mú sica, que irá influenciar toda uma geraçã o de sociedades e civilizaçõ es. A simples introduçã o,
etnó logos e musicologistas. Dessa forma, na busca por exemplo, de certo tipo de chocalho em uma
de uma gê nese do interesse da Geografia moderna banda de jazz norteamericana, pode dar informa
pela mú sica, até o presente momento encontramos çõ es importantes sobre a origem é tnica e geográ fi
em Ratzel o princıp ́ io inspirador dessa discussã o, ca de determinados grupos, mas també m de instru
bem como em Frobenius o desenvolvimento teó ri mentos e formas musicais que vã o se transforman
co e empıŕico da mesma. do e se adaptando a cada sociedade em que sã o
E bom lembrar que a noçã o de Kulturkreis inseridos. E assim que, em trabalho posterior,
postulava que certo nú mero de ciclos culturais se Gironcourt (1939) expõ e alguns dos resultados
desenvolvia em todo o mundo, em distintos luga pessoais coletados ao longo de doze anos dedica
res, em distintas é pocas histó ricas e se difundiam dos ao tema, desde seu artigo seminal advogando
no espaço, dando origem a novas culturas; essas pela nova disciplina geográ fica. No referido texto, o
proposiçõ es basearamse em princıp ́ ios difusio autor afirma atravé s de diversos estudos realiza
nistas, que influenciaram diretamente a Antropo dos pelo mesmo, que é possıv́el recompor a mobili
logia e a Geografia Cultural norteamericanas, a dade de populaçõ es e suas origens atravé s das for
partir da Universidade de Berkeley. Carl Sauer, filho mas musicais, pois estas formas permanecem no
de imigrantes germâ nicos radicados nos Estados tempo e no espaço ao longo da histó ria humana ou
Unidos, foi o fundador da Geografia Cultural ameri se modificam levando algumas caracterıśticas pre
cana, també m chamada de Escola de Berkeley. té ritas para outros lugares: ou seja, há um cará ter
Sauer foi profundamente influenciado pelas teori de fixidade e um cará ter de mobilidade dos grupos
as difusionistas de Ratzel, utilizandose da noçã o humanos os quais podem ser estudados atravé s da
de Area Cultural de seu colega, o antropó logo mú sica.
Alfred Kroeber (este, discıp ́ ulo do prussiano Franz A principal diferença entre Frobenius e
Boas, a quem se deve a criaçã o da noçã o de Area Gironcourt é que enquanto o primeiro reconstituıá
Cultural, e responsá vel por levar aos Estados Uni perı́odos histó ricos e pré histó ricos atravé s da
dos uma versã o renovada da Kulturkreis). Carl Sau cultura material, ao segundo també m interessavam
er, profundo leitor da obra de Ratzel, herda o inte as formas nã o materializadas como os ritmos, o
resse pelos estudos de difusã o e, sobretudo pela canto e as danças tradicionais. Gironcourt perma
noçã o de Area Cultural, de Boas e Kroeber, ampla nece desconhecido até hoje, tendo sido o novo
mente relacionada com os postulados de Ratzel. corpo editorial da revista La Gé ographie responsá
Vendo assim, nã o se estranha que o interesse geo vel por resgatar a importâ ncia desses artigos semi
grá fico pela mú sica tenha se dado justamente com nais quando da organizaçã o de uma ediçã o especial
os discıp ́ ulos de Sauer, e que, como veremos adian sobre geografia e mú sica. Dessa forma, considera
te, sejam os Estados Unidos e o Canadá aqueles que se que desde as ú ltimas publicaçõ es de Gironcourt,
desenvolvem até hoje boa parte das publicaçõ es na ao final da dé cada de 1930, a geografia francesa
á rea. permaneceu distante do tema, até que grupos de
Poré m, tal interesse nã o foi exclusividade geó grafos retomaram seu interesse, e de forma
dos paıśes germâ nicos e dos Estados Unidos. Nas mais sistemá tica, dentro de unidades de pesquisas
duas primeiras dé cadas do sé culo XX, na França, do CNRS Centre National de la Recherche Scienti
sã o desenvolvidas reflexõ es acerca de uma “Geo fique.
grafia musical” como disciplina pró pria. Nesse sen
tido o etnó logo, arqueó logo e geó grafo francê s As geografias musicais anglófonas
Georges de Gironcourt propõ e esse novo campo de
estudos para a geografia nos Annales de Géographie Nash & Carney (1996), dois dos principais
da Associaçã o Francesa de Geografia (GIRONCOURT, precursores do tema na Amé rica do Norte, fazem
1927), tendo realizado diversos estudos na Tunı́ um retrospecto das ú ltimas trê s dé cadas de traba
sia, Java e Camboja. Com a intençã o de estabelecer lhos na á rea, no mundo angló fono. No esforço de
um novo campo de estudo na Geografia, o autor atribuir uma origem à geografia da musica, e sem
afirma que “podese admitir que o repertó rio de citar à Frobenius e Gironcourt, os autores afirmam
sons eles mesmos e de suas associaçõ es em combi que
naçõ es musicais foram até agora negligenciados
pelos geó grafos.” (ibidem, p. 292). Segundo o autor, A pré histó ria da geografia da mú sica foi
a Geografia musical deveria se debruçar sobre as dominada por etnomusicologias e folcloris
formas musicais atravé s do espaço e do tempo, tas, os quais focaram nã o só nos tipos e
localizaçõ es de instrumentos musicais,
-2-
mas també m em regiõ es musicais. Curt restringirse ao mapeamento de difusã o de
Sachs, e seu Geist un Werden der Musikins- estilos musicais, ou analisar o imagé tico
trumente (Significado e Desenvolvimento geográ fico nas letras de cançõ es, traba
de Instrumentos Musicais) publicado em lhando com um restrito deliberado senso
1929 [...] e outros profundamente interes de geografia, oferecendo o â ngulo de um
sados nos aspectos espaciais de suas pes geó grafo fincado ao chã o, ao invé s de se
quisas etnomusicoló gicas (idem, p.70). perguntar o quanto uma abordagem geo
grá fica pode reconfigurar o pró prio chã o
Os autores ainda avaliam que desde a dé ca que pisa. Ao contrá rio, nó s procedemos
com uma compreensã o que, ao injetar
da de 1960 até 1996, mais de quarenta artigos havi geografia na mú sica, poderá produzir um
am sido publicados em revistas internacionais e efeito aná logo a que David Harvey advoga
nacionais e quase o mesmo nú mero de papers na relaçã o com a teoria social: “Ao inserir
sobre o tema foram apresentados em encontros de conceitos de espaço em qualquer teoria
social, se produz um efeito de bor
geografia e ciê ncias humanas. Eles ainda atribuem rar/confundir as proposiçõ es centrais
a conferencia “The Place of Music” organizado pelo daquela teoria”. The Place of Music apresen
Instituto de Geó grafos Britâ nicos e as sessõ es espe ta espaço e lugar nã o como simples locais
ciais de geografia da mú sica na Associaçã o de Geó onde a mú sica é fabricada, ou de onde ele é
grafos Americanos, ambos realizados na primeira difundida/ ao invé s disso, diferentes espa
cialidades sã o sugeridas como formadoras
metade da dé cada de 1990, como notá veis indıćios do som. […] Considerar o lugar da mú sica
da credibilidade da disciplina, considerada pelos nã o é reduzila a sua localizaçã o, estabele
mesmos com um subcampo da geografia cultural; cer um ponto exato no espaço, mas permitir
essa credibilidade, segundo os autores, també m foi uma abordagem rica em esté ticas, culturas,
economias e geografias polıt́icas da lingua
corroborada pelas citaçõ es dos pesquisadores da gem musical (LEYSHON et al 1998, p.4).
á rea em atlas, enciclopé dias, bibliografias, livros
textos de geografia humana e livros acadê micos. Seguindo esta corrente de estudos é que
Influenciados pela Geografia cultural da Escola de ganhou notoriedade a geó grafa singapurense Lily
Berkeley, os geó grafos angló fonos (sobretudo esta Kong e sua tese de doutorado sobre mú sica, polıt́i
dunidenses e canadenses) focaramse boa parte cas culturais, identidade e globalizaçã o em Singa
do tempo em descriçã o das representaçõ es espaci pura. Kong foi uma das primeiras que se tem notıćia
ais nas cançõ es, nas aná lises locacionais e de difu que trouxe para o debate teó rico da geografia – já
sã o de ritmos, instrumentos e prá ticas musicais, e nesta fase de renovaçã o – a formulaçã o de uma
na regionalizaçã o destes. aná lise geográ fica da mú sica popular. Kong (1995)
Contudo, a partir da a conferê ncia The Place afirma que, como interesse geográ fico, a mú sica
of Music em 1993, organizado pelo Instituto de nã o foi explorada largamente e os estudos publica
Geó grafos Britâ nicos, surge uma renovaçã o dos dos até entã o mantiveram uma distâ ncia das ques
estudos, em direçã o a abordagens mais crıt́icas. De tõ es teó ricas e metodoló gicas da geografia cultural
fato, a conferê ncia aparece em um momento de renovada. Em artigos posteriores, Kong (1996,
franca renovaçã o da geografia cultural nos paıśes 1997) explora a construçã o das identidades locais e
de lıń gua inglesa, levado adiante em grande medi dos processos de transculturaçã o em Singapura
da por pesquisadores britâ nicos, e já passado mais atravé s da mú sica popular, expondo sua tese no
de uma dé cada desde o artigo “O supraorgâ nico na sentido de que “apesar de um mundo com tendê n
geografia cultural americana” de Duncan (1980), cias globalizantes, as fronteiras nã o estã o inteira
onde o autor faz uma crıt́ica à geografia cultural mente apagadas. De fato [...] onde o cruzamento de
saueriana, e que é considerado um dos momentos forças globais é mais forte, a afirmaçã o do local é
mais importantes da virada cultural na geografia maior, concomitantemente” (1997, p.10).
anglosaxã . A obra The Place of Music reú ne artigos Analisando atualmente alguns dos princi
de pesquisadores estadunidenses, canadenses e, pais perió dicos de geografia do mundo angló fono, é
sobretudo britâ nicos, do campo da geografia, da etno possıv́el visualizar um fé rtil panorama dos estudos
musicologia, da histó ria, dos estudos culturais, da mú sica em geografia, com bom nú mero de geó
entre outros. Logo em sua introduçã o, seus organi grafos trabalhando nessa perspectiva – em muitos
zadores tratam de expor a perspectiva da coletâ dos casos relacionados com a agenda que Kong
nea. Se opondo ao tratamento dado pela music geo- propusera – tais como Anderson, Morton & Revill
graphy de influê ncia saueriana, como George Car (2005), Connel & Gibson (2004), Finn (2009), Flo
ney, Peter Nash, entre outros, os autores afirmam: rida & Jackson (2009), Gibson (1998, 2009), Hogan
o trabalho geográ fico sobre mú sica teve até (2007), Hudson (2006), Jazeel (2005), Kearney
pouco recentemente uma tendê ncia de (2008), Kingsburry (2008), Kruse (2004), Revill
-3-
(2000, 2005), Saldanha (2005), entre outros. Em principais articuladores de organizaçã o de perió
geral nesses trabalhos, e seguindo a tendê ncia da dicos, coló quios e coletâ neas de artigos. Raibaud
geografia cultural anglosaxô nica, o binô mio “spa- afirma que “a mú sica aparece como uma realidade
ce and place” continua sendo o mais utilizado para cognitiva possıv́el para compreender o espaço das
os estudos que envolvem geografia e mú sica. Nota sociedades, inclusive como um princıp ́ io de organi
se igualmente forte influê ncia dos estudos cultura zaçã o territorial” (idem, p.2). Para este autor, a
is na formulaçã o teó rica dos trabalhos. mú sica “borra os mapas: sua fluidez se adapta à
organizaçã o em redes, conexõ es, ramificaçõ es
A perspectiva francesa e o foco no território (Amselle, 2001), a mú sica se multiplica com as tec
nologias da informaçã o e da comunicaçã o” (ibi
Se os artigos pioneiros do tema sã o atribuı́ dem).
dos a Gironcourt, os pró ximos textos encontrados Dessa forma, verificase que muito embora
que retomam a discussã o já com propostas reno o interesse da geografia francesa pela mú sica seja
vadas datam da dé cada de 1990. Nesse sentido, recente, os trabalhos contemporâ neos mostramse
vemos em Lé vy (1994, 1999) uma retomada com bem organizados e tê m no territó rio, em suas
interessantes observaçõ es teó ricas e filosó ficas ao diversas abordagens, a sua principal categoria de
tema. Em seu artigo, Lé vy usa o panorama musical aná lise geográ fica.
erudito europeu para contextualizar seus distintos
desenvolvimentos, seus condicionantes polıt́icos e Geografia e música no Brasil: vinte anos de pes-
culturais e as difusõ es de inovaçã o musical por seu quisas e pluralidade de interesses
territó rio. Analisando os processos sociais
polıt́icoseconô micos que contribuıŕam para uma Ao completar vinte anos de pesquisa sobre
cena de vanguarda musical na Viena dos inıćios do mú sica na Geografia brasileira, iniciado com a dis
sé c. XX, caracterizada pela atonalidade, Levy afir sertaçã o de Mello (1991), é possıv́el fazer um breve
ma que a questã o da identidade de um territó rio e balanço. Embora nã o sejam numerosas, as pesqui
de suas manifestaçõ es artıśticas tem a ver com o sas realizadas demonstram uma heterogeneidade
cruzamento de distintas espacialidades interfa de abordagens, usando a mú sica para trabalhos de
ces complexas entre redes, territó rios e regiõ es. cará ter humanista e abordagens culturais renova
Romagnan (2009), por sua vez, advoga pela mú sica das, enfoques da geografia social, ou como ferra
como um novo campo de estudos para a geografia. menta para o ensino. Em termos conceituais, tam
O autor nã o remonta o interesse até à é poca de bé m, encontramos diversidade nas abordagens,
Gironcourt, mas sim aos artigos seminais de Lé vy e ora focandose na paisagem, ora no espaço geográ
Lechaume (1997), à abordagem cultural de Paul fico, ora na regiã o, ora no territó rio. Serã o expostos
Claval e JeanPierre Augustin, e defende o diá logo nesta seçã o os trabalhos contidos no banco de
da ciê ncia geográ fica com a sociologia da mú sica e a teses e dissertaçõ es da CAPES, e artigos em perió
etnomusicologia. Romagnan introduz alguns dicos e coletâ neas de Geografia.
aspectos importantes da mú sica como uma ativida Considerase que Joã o Baptista Ferreira de
de de grande importâ ncia cultural e social, explica a Mello tenha sido o precursor do tema na geografia
contribuiçã o de soció logos, antropó logos e etno brasileira, com sua dissertaçã o defendida na UFRJ
musicó logos, e insere a idé ia da atividade musical em 1991. E a partir de autores como David Sea
como um geo-indicador do territó rio ao abordar mons, David Ley, Antoine Bailly e Douglas Pocock,
temas como polı́tica cultural, mú sica e espaço que Mello se inspira para interpretar a cidade do
pú blico, sistemas de produçã o dessa atividade, uso Rio de Janeiro sob a ó tica de seus compositores, no
dos lugares de prá ticas musicais e seus significa perıó do de 1928 à 1991, trabalhando na perspecti
dos, entre outros temas. va da cançã o como uma “literatura musicada”. Mas
Outros autores como Calenge (2002, sobre será somente apó s uma dé cada do trabalho de
geografia econô mica da cultura e redes da indú s Mello que a mú sica passará a ser um interesse cons
tria cultural), Lamantia (2002, tratando dos efeitos tante e crescente na Geografia brasileira. A partir
territorializantes das mú sicas de ambiente, como da dé cada de 2000, e com maior projeçã o apó s a
supermercados e lojas), Goré (2004, sobre a cons segunda metade da mesma, se observa uma inten
truçã o territorial e identitá ria a partir da mú sica e sificaçã o da mú sica como objeto de estudo geográ
dança tradicionais), reforçam a abordagem territo fico. Nesse sentido serã o mostradas possıv ́ eis
rial da geografia francesa atual nos estudos sobre a linhas de abordagem e de interesse temá tico.
mú sica. Na sistematizaçã o desse campo de estu Desde o trabalho percursor de Mello
dos, temos Guiu (2006) e Raibaud (2008) como os (1991), o interesse pela mú sica surge atrelado à
-4-
geografia humanı́ s tica. Em sua tese (MELLO, Geografia humanıśtica, bem como Ribeiro (2006).
2000), o autor trata dos mundos vividos da cantora Nesta abordagem temos o espaço vivido, geografi
Marlene, apoiado nas filosofias do significado (fe cidade e o lugar como conceitos centrais de aná lise.
nomenologia, existencialismo, hermenê utica) em Pelo fato de que esta corrente de pensamento geo
direçã o a uma geografia do indivıd ́ uo. Importante grá fico desenvolveu tradicionalmente diversos
ressaltar que o mesmo passa posteriormente a estudos de obras literá rias, notase um foco no tra
orientar trabalhos sobre mú sica (Quadro 1), tamento dos significados construıd ́ os atravé s das
seguindo os interesses que inaugurara em sua dis letras das cançõ es.
sertaçã o: a mú sica popular brasileira (em especial Visualizamse o eixo das geografias social
o samba) e o Rio de Janeiro. Assim, trabalhos como e cultural com uma pluralidade de abordagens. Na
os de Guimarã es (2007), Santos (2009), Pizotti presente interpretaçã o chamase Geografia Cultu
(2010) e Anjos (2011) reafirmam a tradiçã o da
-5-
ral e Social um grande filã o de interesses e trata
mentos teó ricos mais ou menos aproximados, que
visualizam a mú sica como um elemento que
envolve produçã o do espaço, uso do territó rio,
criaçã o de identidades, territorialidades, regiona
lidades e representaçõ es do espaço. Nesta, vemos
interpretaçõ es ora mais ligadas à s geografias crıt́i
cas, ora em direçã o à geografia cultural renovada
de base francesa e anglosaxã , ou ainda uma com
binaçã o de ambas. Os interesses particulares sã o
heterogê neos, poré m concentramse sobretudo
no estudo do samba e do carnaval (FERNANDES,
N., 2001; FERREIRA, 2002; MATOS, 2005; Grá fico 1. Distribuiçã o dos trabalhos em percentual e
nú meros absolutos (Elaboraçã o: Lucas Panitz).
FRANGIOTTI, 2007; BELO, 2008; DOZENA, 2009,
XAVIER, C., 2010), do hip hop (LAITANO, 2001;
XAVIER, D., 2005; OLIVEIRA, 2006; RODRIGUES,
2005) e mú sica erudita (CASTRO, 2009a; SOUZA,
2011). Alé m disso, se visualiza trabalhos sobre a
mú sica do nordeste – forró , maracatu, movimento
manguebit – (FERNANDES, G., 2001; SANTANA,
2006; PICCHI, 2011), mú sica eletrô nica
(CAMARGO, 2008; COSTA, 2011), alé m da mú sica
popular em um contexto mais geral, como a cena
musical paulistana em Almeida (2002), o fandan
go em Torres (2009), e a mú sica popular trans Grá fico 2. Distribuiçã o dos trabalhos por Universida
de (Elaboraçã o: Lucas Panitz).
fronteiriça entre Brasil, Argentina e Uruguai, em
Panitz (2010)
Uma terceira abordagem, em Correia E possıv́el ainda citar produçõ es biblio
(2009) e Machado (2012), indica a relaçã o entre a grá ficas em perió dicos, livros e coletâ neas de
mú sica e o ensino de Geografia. Nessa abordagem, Geografia. Encontramos em Mesquita (1994,
que nã o exclui aproximaçõ es humanistas ou da 1997) algumas das primeiras publicaçõ es no
Geografia Social e Cultural, o foco é o uso da mú si Brasil, advogando por uma Geografia da mú sica
ca para construir conceitos geográ ficos em sala de social nos territó rios fronteiriços do Prata. Cam
aula. pos (2006), por sua vez, oferece o potencial da
Analisando o Grá fico 1, é possıv́el ver que
mú sica popular para a aná lise geográ fica no ensi
80% dos trabalhos concentramse em trê s á reas
no fundamental e mé dio, no que toca as questõ es
de interesse: o Samba e o Carnaval, a Mú sica Popu
do ambiente e da cultura nordestina do semiá ri
lar Brasileira em suas diversas manifestaçõ es, e
do. Ainda voltados ao ensino, Correia e Kozel
finalmente o rap e o movimento hip hop. Como
(2009) voltamse para uma geografia fenomeno
assuntos ainda perifé ricos tê mse a mú sica erudi
ló gica e das representaçõ es sociais, para discutir
ta, a mú sica eletrô nica e as festas rave, e a mú sica
as ressignificaçõ es dos conteú dos geográ ficos
transfronteiriça. Notase, també m, que 75% da
por meio da mú sica. Evangelista trata em recente
produçã o acadê mica na á rea provem das regiõ es
livro as distintas “ambiê ncias espaciais” do sam
sul e sudeste do paıś – esta ú ltima com dois terços
ba, da bossanova, do rock e do funk. Cardoso
da produçã o total dos trabalhos. E possıv́el enten
(2009), por sua vez, realizou uma aná lise da geo
der que a primazia dos trabalhos em samba, car grafia urbana de Sã o Paulo atravé s das cançõ es do
naval e hip hop estã o atrelados a essa relaçã o (ver compositor Itamar Assumpçã o. Guimarã es propõ e
Grá fico 2). reflexõ es teó ricas sobre a relaçã o entre a escala
-6-
musical e a escala geográ fica com base em conside tem oferecido, sem dú vidas, novos olhares para as
raçõ es musicoló gicas do pesquisador e compositor relaçõ es entre espaço e cultura.
José Miguel Wisnik e as concepçõ es de escala geo
grá fica do geó grafo Roger Brunet. Em Castro Referências
(2009b), por fim, reconhecemos um esforço em ANDERSON, Ben; MORTON, Frances; REVILL, George.
remontar o interesse geográ fico pela mú sica, Practices of music and sound. Social & Cultural Geo
sobretudo a partir da Geografia anglosaxã . graphy, v. 6, n. 5, 2005, 639644. <http: //tinyurl
.com/436e5nu>. [20 de julho de 2011].
Geografia e música no Brasil: algumas conside- ANJOS, Melissa Souza. Lugares e personagens do univer
so Buarqueano. Dissertaçã o de mestrado dirigida por
rações Joã o Baptista Ferreira de Mello. Rio de Janeiro: Universi
dade Estadual do Rio de Janeiro, 2011.
Vimos que nos paı́ses anglosaxõ es, por
BELO, Vanir de Lima. O enrodo do Carnaval nos enredos
exemplo, há dois momentos distintos: a aborda da cidade : dinâ mica territorial das escolas de samba em
gem difusionista da escola saueriana e a renovaçã o Sã o Paulo. Dissertaçã o de mestrado dirigida por Marıá
crıt́ica, inspirada nos estudos culturais. Na França Mó nica Arroyo. Sã o Paulo : Universidade de Sã o Paulo,
2008.
manté mse um ponto de vista territorial: a mú sica
na construçã o e na afirmaçã o da identidade territo CALENGE, Pierre. Les territoires de l'innovation: les
rial, a produçã o de polıt́icas territoriais voltas para ré seaux de l'industrie de la musique en recomposition
Territories of innovation: the transformation of the
a mú sica, as territorializaçõ es efê meras dos festi music industry networks. Gé ographie, Economie, Socié
vais, entre outros. No Brasil, contudo, notase uma t é , C a c h a n , v . 4 , 2 0 0 2 , 3 7 5 6 .
diversidade de abordagens, interesses e tratamen <http://tinyurl.com/3k4e8aq>. [20 de julho de 2011].
tos metodoló gicos. Estas tê m valorizado significa CAMARGO, A. Festas . Rave: uma abordagem da Geogra
tivamente nos ú ltimos vinte anos uma parte consi fia Psicoló gica na identificaçã o de Territó rios Autô no
derá vel da diversidade musical do paıś e suas rela mos. Dissertaçã o de Mestrado dirigida por Marinete
Covezzi. Cuiabá : Universidade Federal do Mato Grosso,
çõ es com as identidades regionais e nacionais, a 2008. <http:// tinyurl.com/3kr5tu3>. [20 de julho de
construçã o de territorialidades e de discursos geo 2011].
grá ficos, e as transformaçõ es do espaço urbano.
CAMPOS, Rui Ribeiro de. A Geografia da SemiAridez
Para tanto se visualizam ao menos trê s abordagens Nordestina e a MPB. Revista Sociedade & Natureza, Uber
(ainda que esta enumeraçã o seja apenas expositi lâ ndia, 18 (35), 2006, 169209.
va, pois na prá tica há nuances entre as mesmas). CARDOSO, Eduardo.Schiavone. A metró pole na linha do
Em um primeiro momento temos abordagens cal baixo: Itamar Assumpçã o e a geografia da cidade de Sã o
cadas nas filosofias do significado (fenomenologia, Paulo. Espaço e Cultura 25, 2009, 3140.
hermenê utica, existencialismo e outros) atravé s da CASTRO, Daniel. Geografia e mú sica: a dupla face de uma
Geografia Humanıśtica – esta utilizou largamente a relaçã o. Espaço e Cultura 26, p.718, Jul/Dez, 2009b.
letra da cançã o como fonte de suas pesquisas. Tam
CASTRO, Daniel. Heitor VillaLobos: a espacialidade na
bé m, abordagens em Geografia Social e Cultural as alma brasileira. Dissertaçã o de mestrado dirigida por
quais manté m a tradiçã o crıt́ica da Geografia brasi Roberto Lobato Correa. Rio de Janeiro: Universidade
leira nas ú ltimas dé cadas, utilizando referenciais Federal do Rio de Janeiro, 2009a.
teó ricos da sociologia, antropologia, histó ria cultu CONNELL, John. GIBSON, Chris. World music: deterrito
ral e estudos culturais nestas utilizase nã o só as rializing place and identity. Progress in Human Geo
letras das cançõ es, como també m a perspectiva do graphy 28, 2004, 342. <http:// tinyurl.com/428jj9o>.
[20 de julho de 2011].
som, as espacialidades da atividade musical e os
discursos dos atores produtores da mú sica. Por CORREIA, Marcos Alberto. KOZEL, Salete. Representa
fim, as abordagens voltadas ao ensino em Geogra çã o e Ensino: Ressignificaçã o de conteú dos geográ ficos
p o r m e i o d a m ú s i c a . D i s p o n ı́ v e l e m :
fia, produzindo compreensõ es para a construçã o <http://tiny.cc/srkid>. [20 de novembro de 2009]
de conceitos geográ ficos.
CORREIA, Marcos Alberto. Representaçã o e ensino, a
E importante ressaltar o reconhecimento mú sica nas aulas de geografia: razã o e emoçã o nas
por parte da Geografia brasileira, considerando o representaçõ es geográ ficas. Dissertaçã o de Mestrado
papel da mú sica (seja ela popular, eletrô nica ou dirigida por Salete Kozel. Curitiba: Universidade Federal
erudita) para a produçã o do espaço geográ fico em do Paraná , 2009. 116p. <http://tinyurl.com/3e8ltoz>.
[20 de julho de 2011].
suas mais diversas formas. Nesse sentido, a diversi
dade de interesses apresentada e a indiscutıv́el COSTA, Juliana Cunha. Segregaçã o espacial e mú sica
riqueza musical do paıś, fazem deste campo de eletrô nica: a cena cultural de Salvador e Camaçar. Dis
sertaçã o de Mestrado dirigida por Maria Auxiliadora.
estudo um lugar fecundo para explorar o espaço Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2010. 89p.
geográ fico em suas mais diversas abordagens e já
-7-
DOZENA, Alexandro. As Territorialidades do Samba na GUIMARAES, Raul Borges. Escala Geográ fica e Partitura
Cidade de Sã o Paulo. Tese de Doutorado dirigida por Musical: Consideraçõ es Acerca do Sistema Modal e
Francisco Capuano Scarlato. Sã o Paulo: Universidade de Tonal. In: CORREA, R. L.; ROSENDAHL, Z. Espaço e cultu
Sã o Paulo, 2009. 266p. <http://tinyurl.com/3jyswyy>. ra: Pluralidade tematica. EdUERJ, 2008.
[20 de julho de 2011].
GUIU, Claire (dir.). Gé ographies et musiques : quelles
DUNCAN, James. The superorganic in American cultural perspectives? Gé ographie et Cultures 59, 2006.
geography. Annals of the Association of American Geo
graphers 1980, 181198. HOGAN, Ellen. 'Enigmatic territories': geographies of
popular music. Critical Public Geographies Working
EVANGELISTA, Hé lio Araú jo. Rio de Janeiro e a mú sica. Paper, Department of Applied Social Studies, University
Uma reflexã o sobre a decadê ncia, a carioca e a da pró College Cork, 2007. <http://tinyurl.com/3dsoysk>. [20
pria mú sica. Rio de Janeiro: Armazé m Digital, 2005. de julho de 2011].
FERNANDES, Glauco Vieira. “Reterritorializaçã o” Da HUDSON, Ray. Making music work? Alternative regene
Cultura Sertaneja Em Luiz Gonzaga. Cadernos de Cultu ration strategies in a deindustrialized locality: the case
ra e Ciê ncia, v. 3, n. 1, 2009. <http:// tinyurl of Derwentside. Transactions of the Institute of British
.com/3srvs9n>. [20 de julho de 2011]. G e o g r a p h e r s , v. 2 0 , n . 4 , 1 9 9 5 , . 4 6 0 4 7 3 .
<http://tinyurl.com/42j4m4u>. [20 de julho de 2011].
FERNANDES, Nelson da Nó brega. Escolas de samba:
sujeitos celebrantes e objetos celebrados. Rio de Janei JAZEEL, Tariq. The world is sound? Geography, musico
ro: Secretaria das Culturas, 2001.< logy and BritishAsian soundscapes. Area, v. 37, n. 3,
http://tinyurl.com/3fzh4az>. [20 de julho de 2011]. 2005, 233241. <http:// tinyurl.com/43qfuhm>. [20 de
julho de 2011].
FERREIRA, Luiz Felipe. O lugar do carnaval: espaço e
poder na festa carnavalesca do Rio de Janeiro, Paris e KEARNEY, Daithı.́ Crossing the River: Exploring the Geo
Nice (18501930). Tese de doutorado dirigida por Scott graphy of Irish Traditional Music. Journal of the Society
William Hoefle. Rio de Janeiro: Universidade Federal do for Musicology in Ireland 3, 2008, 127139.
Rio de Janeiro, 2002. <http://tinyurl.com/3g45y8g>. [20 de julho de 2011].
FINN, John. Contesting culture: a case study of commodi KINGSBURY, Aaron. Music in the Fields: Constructing
fication in Cuban music. GeoJournal, v. 74, n. 3, Narratives of the Late 19 th Century Hawaiian Plantati
2009,191200. <http://tinyurl.com/3gxuqph>. [20 de on Cultural Landscape. Yearbook of the Association of
julho de 2011]. Pacific Coast Geographers 70, 2008, 4558. <
http://tinyurl.com/3uhmdww>. [20 de julho de 2011].
FLORIDA, Richard.JACKSON, Scott. Sonic city: the evol
ving economic geography of the music industry. Journal KONG, Lily. Making “music at the margins"? A social and
of Planning Education and Research 29, 2010, 310321. cultural analysis of Xinyao in Singapore. Asian Studies
<http:// tinyurl.com/4xkqyzg>. [20 de julho de 2011]. R e v i e w 1 9 , 1 9 9 6 , 9 9 1 2 4 . <
http://tinyurl.com/3r35bw4>. [ 20 de julho de 2011].
FRANGIOTTI, Nanci. O espaço do carnaval na periferia
da cidade de Sã o Paulo. Dissertaçã o de mestrado dirigi KONG, Lily. Popular music in a transnational world: the
da por Gló ria da Anunciaçã o Alves. Sã o Paulo : Universi construction of local identities in Singapore. Asia Pacific
dade de Sã o Paulo, 2007. V i e w p o i n t 3 8 , 1 9 9 7 , 1 9 3 6 . <
http://tinyurl.com/4x4s2b4>. [20 de julho de 2011].
GIBSON, Chris. “ We sing our home, We dance our land”:
indigenous selfdetermination and contemporary geo KONG, Lily. Popular music in geographical analyses.
politics in Australian popular music. Environment and Progress in Human Geography 19, 1995, 183183.
Planning D 16, 1998, 163184. < h t t p : / / p r o f i l e . n u s . e d u . s g / f a s s / g e o
<http://tinyurl.com/3mumxfp>. [20 de julho de 2011]. kongl/pihg19.pdf>. [20 de julho de 2011].
GIBSON, Chris. Place and Music: performing'the regi KRUSE, Robert. The Geography of the Beatles: Approa
on'on the New South Wales Far North Coast. Transfor ching Concepts of Human Geography. Journal of Geo
ming Cultures eJournal 4, 2009. g ra p hy, v. 1 0 3 , n . 1 , p . 2 7 , 2 0 0 4 .
<http://tinyurl.com/3dou7eq>. [20 de julho de 2011]. <http://tinyurl.com/3pbn34g>. [20 de julho de 2011].
GIRONCOURT, Georges. La gé ographie musicale. La LAMANTIA, Fré dé ric. Les effets" territorialisants" des
Gé ographie XLVIII, 1927, 292302. <http: //tinyurl sons, reflets de la socié té en ses lieux et de ses é tats
.com/3e8shrk>. [20 de julho de 2011]. d ' â m e . G é o c a r r e f o u r 7 8 / 2 , 2 0 0 3 , 1 7 3 1 7 5 .
<http://tinyurl.com/43uweek>. [20 de julho de 2011].
GIRONCOURT, Georges. Recherces de Gé ographie musi
cale dans le Sud Tunisien. La Gé ographie, v. LXXL, n. 6, LECHAUME, Aline. Chanter le pays : sur les chemins de la
1939, 6574. chanson qué bé coise contemporaine. Gé ographie et
Cultures, n.21, 1997, 4558.
GORE, Olivier. L'inscription territoriale de la musique
traditionnelle en Bretagne. Thè se de doctorat dirigé par LEROUX, Xavier. Pour une Gé ographie de la musique
Jean Pihan. Rennes: Université de Rennes, 2004. 421p. traditionelle dans le nord de la France. Bulletin de la
<http:// tinyurl.com/3cl4fux>. [20 de julho de 2011]. Socié té gé ographique de Liè ge 49, 2007, 5965. <
http://tinyurl.com/3covpca>. [20 de julho de 2011].
GUIMARAES, Ana Carolina Viana. Alegorias, requebros,
memó ria e construçã o dos lugares do carnaval carioca. LEVY, Jacques. Espace, contrepoints–Des gé ographies
Dissertaçã o de mestrado dirigida por Joã o Baptista Fer musicales. Espaces–Les cahiers de l'IRCAM/Recherche
reira de Mello. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do et musique, 1994, 145166.
Rio de Janeiro, 2007.
LEVY, Jacques. Le tournant gé ographique. Paris: Belin,
-8-
1999. Baptista Ferreira de Mello. Rio de Janeiro: Universidade
Estadual do Rio de Janeiro, 2010.
LEYSHON, Andrew. MATLESS, David. REVILL, George.
The place of music. New York: Guilford Press, 1998. RAIBAUD, Yves (dir). Comment la musique vient aux
territoires. Bourdeaux : MSHA, 2008.
LIMA, Nilo. Dos territó rios dos sentidos ocupados à
sintonia com o entorno – um canto para a mú sica na REVILL, George. Music and the politics of sound: natio
geografia. Dissertaçã o de Mestrado em Geografia dirigi nalism, citizenship, and auditory space. Environment
da por Maria Adé lia Aparecida de Souza. Sã o Paulo: Uni and Planning D 18, n. 5, 2000, 597614.
versidade de Sã o Paulo, 2002. <http://tinyurl.com/3k9c45x>. [20 de julho de 2011].
MACHADO, Carlos Geovani Ramos. O Ensino de Geogra REVILL, George.. Vernacular culture and the place of folk
fia e o Hip Hop. Dissertaçã o de mestrado dirigida por music. Social and Cultural Geography 6, n. 5, 2005. 693
Antô nio Carlos Castrogiovanni. Porto Alegre : Universi 706. <http://tinyurl.com/3bcvhhq>. [20 de julho de
dade Federal do Rio Grande do Sul, 2012. 2011].
MELLO, Joã o Baptista Ferreira. Dos Espaços da Escuri REYNOSO, Carlos. Antropologıá de la mú sica: De los
dã o aos Lugares de Extrema Luminosidade O Universo gé neros tribales a la globalizació n. Volumen I: Teorıás de
da Estrela Marlene como Palco e Documento para a Cons la simplicidad. Buenos Aires: Editorial Sb, 2006.
truçã o de Conceitos Geográ ficos. Tese de doutorado
dirigida por Roberto Lobato Correa. Rio de Janeiro: Uni RIBEIRO, Claudia Vial. Espaçovivo: as variá veis de um
versidade Federal do Rio de Janeiro, 2000. espaçovivo investigadas na cidade de Diamantina, do
ponto de vista dos mú sicos. Tese de Doutorado dirigida
MELLO, Joã o Baptista Ferreira. O Rio de Janeiro dos Com por Oswaldo Bueno Amorim Filho. Belo Horizonte:
positores da mú sica popular brasileira –1928/1991 – PUCMG, 2006. 289p.
uma introduçã o à geografia humanıśtica. Dissertaçã o de
Mestrado dirigida por Roberto Lobato Correa. Rio de RODRIGUES, Glauco Bruce. Geografias Insurgentes: um
Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1991. Olhar libertá rio sobre a Produçã o do Espaço Urbano
Atravé s das Prá ticas do Movimento Hip Hop. Disserta
MERRIAM, Alan. Antropologia della musica. Palermo: çã o de mestrado dirigida por Marcelo Lopes de Souza.
Sellerio, 1983. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro,
2005.
MESQUITA, Zilá . A geografia social na mú sica do Prata.
Espaço e Cultura. 3, 1997, 3341. ROMAGNAN, JeanMarie. La musique: un nouveau terra
in pour les gé ographes. Gé ographie et cultures 36, 2000,
MESQUITA, Zilá . A pauta musical da fronteira: um convi 107126.
te à Geografia cultural. In: CASTELLO. I.R. et al. Prá ticas
de Integraçã o nas fronteiras: temas para o Mercosul. ROSADAS, Michel. Nascentes e tributá rios de um Rio
Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1994. p.176 musical – salve Está cio, Cidade Nova e a Praça Onze dos
182. bambas! E a Vila de Noel “so quer mostrar que faz samba
també m”. Dissertaçã o de Mestrado dirigida por Joã o
NASH, Peter. CARNEY, George. The seven themes of music Baptista Ferreira de Mello – Instituto de Geografia, Uni
geography. Canadian Geographer 40, 1996, 6974. versidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
<http://tinyurl.com/3qbz5ac>. [20 de julho de 2011]. 2009. 161p.
OLIVEIRA, Denilson Araú jo. Territorialidades no Mundo SALDANHA, Arun. Trance and visibility at dawn: racial
Globalizado: outras leituras da cidade a partir da cultura dynamics in Goa's rave scene. Social and Cultural Geo
hip hop. Dissertaçã o de Mestrado dirigida por Jorge Luiz g r a p h y, v. 6 , n . 5 , p . 7 0 7 7 2 1 , 2 0 0 5 .
Barbosa. Niteró i: Universidade Federal Fluminense, <http://tinyurl.com/3hpk7kp>. [20 de julho de 2011].
2006. 169p.
SANTANA, Paola Verri. Maracatu : a centralidade da
PANITZ, Lucas Manassi. Por uma geografia da mú sica: as periferia. Dissertaçã o de mestrado dirigida por Ana Fani
representaçõ es do espaço geográ fico na mú sica popular Alessandri Carlos. Sã o Paulo : Universidade de Sã o Pau
platina. Dissertaçã o de Mestrado dirigida por Alvaro lo, 2006.
Luiz Heidrich. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio
G r a n d e d o S u l , 2 0 1 0 . 2 0 0 p . SANTOS, Michel Rosadas. Nascentes e Tributá rios de um
<http://tinyurl.com/4ycfdmz>. [20 de julho de 2011]. Rio Musical – Salve Está cio, Cidade Nova e a Praça Onze
dos Bambas! A Vila de Noel “...só quer Mostrar que faz
PANITZ, Lucas Manassi. Geografia e mú sica: uma intro Samba També m...”. Dissertaçã o de mestrado dirigida por
duçã o ao tema. Biblio 3W. Revista Bibliográ fica de Geo Joã o Baptista Ferreira de Mello. Rio de Janeiro: Universi
grafıá y Ciencias Sociales. [En lın
́ ea]. Barcelona: Univer dade Estadual do Rio de Janeiro, 2009.
sidad de Barcelona, 30 de mayo de 2012, Vol. XVII, nº
978. <http:// www.ub.es/geocrit/b3w978.htm>. [ISSN SOUZA, Fernando Lucci Resende. Composiçã o urbana,
11389796]. ritmos e melodias de uma geografia de vida, VillaLobos
o moderno compositor carioca: Na trilha dos Choros.
PICCHI, Bruno. De homens e caranguejos ao Carangue Dissertaçã o de mestrado dirigida por Marcio Piñ on de
jos com Cé rebro: a regiã o cultural do Movimento Man Oliveira. Niteró i : Universidade Federal Fluminense,
guebit e o Recife contemporâ neo. Dissertaçã o de mes 2011.
trado dirigida por Paulo Roberto Teixeira de Godoy. Rio
Claro : Universidade Estadual Paulista, 2011. TORRES, Marcos Alberto. A paisagem sonora da Ilha dos
Valadares: percepçã o e memó ria na construçã o do espa
PIZOTTI, Alexandre Moura. Mangueira: um Simbó lico ço. Dissertaçã o de mestrado dirigida por Salete Kozel
Lugar Forjado no Ritmo do Sambo e no Passo de seus Teixeira. Curitiba : Universidade Federal do Paraná ,
Desfilantes. Dissertaçã o de mestrado dirigida por Joã o 2009.
-9-
XAVIER, Clarissa. Festas e micaretas a mistura elè trica XAVIER, Denise Prates. Repensando a periferia no
da alegria: pelas vias, veias culturais e modelagem turıś perıo
́ do popular da histó ria: o uso do territó rio
tica. Dissertaçã o de mestrado dirigido por Carlos Edu pelo movimento Hip Hop. Dissertaçã o de mestrado
ardo Santos Maia. Goiâ nia: Universidade Federal de dirigida por Samira Peduti Kahil. Rio Claro: Univer
Goiá s, 2010. sidade Estadual Paulista, 2005.
Abstract - Geography of Music, despite its absence from the canon of the discipline, has gained such an
important dimension for geographers concerned with cultural studies and artistic expressions in their
spatial dimension. The increased availability of digital materials and archives allowed for the
recognition of this field of study in geography, being the United States, the United Kingdom, France and
Brazil (given its potential for iberoamerican studies) important centers of debate and scholarly
production. This article offers an global outlook and focuses on the twenty years of brazilian scholarly
production.
Keywords: Geography. Music. Geography of Music. Brazilian Geography.
Resumen - La geografıá de la mú sica, en que pese prá cticamente un siglo de existencia oficial, solo
recientemente tuvo la debida atenció n de los geó grafos interesados en estudio de la cultura y de las
manifestaciones artıśticas en su dimensió n espacial. La cantidad de materiales disponibles en formato
digital permite un bueno reconocimiento de este campo de estudios en geografıá, y apunta Estados
Unidos, Inglaterra y Francia como centros de discusió n avanzada, ademá s el Brasil como potencial
á mbito iberoamericano, por su considerable producció n cientıf́ica. En este sentido, el texto presenta
un panorama global de los estudios de Geografıá y mú sica, y enfoca en los veinte añ os de producció n de
la Geografia brasileñ a.
Palabras-clave: Geografıá. Mú sica. Geografıá de la Mú sica. Geografıá brasileñ a.
-10-