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Geografia Cultural

Material Teórico
O Conceito de Geografia Cultural

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra.Vivian Fiori

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
O Conceito de Geografia Cultural

• O conceito de Geografia Cultural


• O Que é cultura? Algumas visões
• A Geografia e a questão cultural
• A leitura da paisagem e do espaço na Geografia Cultural
• A Geografia Cultural e o espaço urbano

·· Apresentar as diferentes abordagens da Geografia Cultural, suas temáticas e autores.

Esta unidade vai tratar sobre o conceito de cultura e as diversas concepções geográficas
sobre essa dimensão.
É fundamental compreender que existem diferentes conceitos para cultura, ou seja, há
diversificadas maneiras e concepções para defini-la e abordá-la na Geografia Cultural.
Assim, é importante perceber que a questão cultural tem relação também com as dimensões
política, social e econômica.
Para alcançar esses objetivos, leia atentamente o texto da disciplina, realize as atividades
propostas e procure ler os materiais complementares.
Bom estudo!

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Unidade: O Conceito de Geografia Cultural

Contextualização

A Geografia Cultural tem alguns autores principais, caso do americano Carl Sauer (1889-
1995), considerado um clássico, assim como outros mais recentes como Denis Cosgrove.
No Brasil, principalmente após os anos 1990, passamos a ter um número maior de
produções, relacionando-se às perspectivas geográficas crítica e principalmente humanista,
com diferentes temáticas e aspectos culturais analisados.
Os geógrafos brasileiros Roberto Lobato Corrêa e Zeny Rosendahl foram responsáveis por
agrupar, produzir e organizar muitas dessas pesquisas brasileiras e também por traduzir obras
de autores estrangeiros.
Rosendahl, por exemplo, produziu pesquisas em torno de temáticas culturais. Entre elas
citamos: espaço e lugares sagrados; difusão e abrangência das religiões; religião, território
e territorialidade; entre outras, geralmente vinculadas à temática da religião e sua relação
com o espaço.
Leia o texto a seguir, um excerto extraído de uma obra desses autores.

A Geografia Cultural
Parcialmente influenciada pelas traduções, mas dotada de forte criatividade, a produção
brasileira em geografia cultural tem crescido muito a partir da década de 1990. Paisagem
cultural, percepção e significados, religião como uma construção cultural, espaço geográfico
e literatura, cinema e espaço de festas populares, tanto o carnaval do Rio de Janeiro como
festas de origem rural, território, imaginário e identidade, são alguns dos temas abordados e
publicados quer na revista Espaço e Cultura, quer em outros periódicos e anais de Congresso,
quer ainda na série Geografia Cultural [...]
Com uma superfície de 8,5 milhões de Km² e uma população superior a 170 milhões de
habitantes, a geografia cultural tem muito mais a fazer do que já foi feito. Especialmente
porque rápidos e intensos processos de transformação econômica, social e cultural alteram
a distribuição espacial da população, valores, hábitos e crenças, a paisagem cultural e os
significados atribuídos à natureza e às formas socialmente produzidas. E ainda há áreas a
serem efetivamente povoadas. País industrializado e urbanizado, com moderna atividade
agropecuária e áreas de fronteira de povoamento, o Brasil oferece contrastes que incluem
desde a região metropolitana de São Paulo, com 18 milhões de habitantes, até selvagens
vales da bacia amazônica, áreas de colonização alemã e áreas de decadentes plantações
canavieiras, entre outras [...].
Admite-se que pesquisas empíricas em um contexto policultural como o Brasil pode
alimentar novos conceitos e ampliar a base teórica da geografia cultural. Hipotetiza-se, a
partir da produção brasileira em geografia cultural, que conceitos como regiões culturais
emergentes, regiões culturais residuais, paisagem poligenética e simulacros espaços-
temporais (disneyfication) possam ser enriquecidos a partir do Brasil, país de contrastes
culturais e de forte dinamismo espacial.
Fonte: Extraído de CORREA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny.
A Geografia Cultural no Brasil. Revista da ANPEGE, n. 2, 2005, p. 99-101.

Leia o texto da disciplina e terá mais informações sobre o que é cultura e as diversas visões
da Geografia Cultural.

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Introdução

Nesta unidade, vamos tratar de conceitos sobre cultura, bem como as concepções existentes
sobre Geografia Cultural, algumas temáticas e abordagens dessa área do conhecimento.

O Que é cultura? Algumas visões

Ao tratarmos sobre Geografia Cultural, cabe discutir um conceito oriundo principalmente


da Antropologia Cultural: o que é cultura?
Há diferentes conceitos para esse termo. Muitos autores referem-se à cultura como forma
de expressão humana, por meio de seus costumes e hábitos, entre eles: a forma de se vestir
e de se comunicar; o idioma; as formas de expressão, os gestos, as danças, as músicas; as
crenças e também as religiões.
Diferencia-se das aptidões inatas, ou seja, daquelas que fazemos sem que tenhamos
aprendido com alguém. Assim, cultura não tem relação com a herança biológica, a genética
(DNA) etc., mas sim com comportamentos que são apreendidos pelos homens e mulheres.
Conforme explicam os antropólogos:

Cultura é o sistema integrado de padrões de comportamento


aprendidos, os quais são característicos dos membros de uma
sociedade e não o resultado de herança biológica. A cultura não é
geneticamente pré- determinada; é não instintiva. É o resultado da
invenção social que é transmitida e apreendida somente através da
comunicação e da aprendizagem
(HOEBEL; FROST, 1976, p. 4).

Desse modo, todos os grupos humanos têm alguma cultura, que pode ser alterada ao
longo da existência ou da história. Por isso, apesar das mudanças que podem ocorrer numa
determinada cultura, não existem grupos em si aculturados.
Já para a Geografia, é essencial considerar a cultura sob o prisma do espaço geográfico.
Assim, a cultura tem a mediação do espaço e precisa ser entendida como uma dimensão espacial.
O geógrafo francês Paul Claval define cultura desta forma:

Cultura é o conjunto de práticas, conhecimentos, atitudes e crenças


que não é inato: eles são adquiridos. Daí o papel central dos processos
de transmissão, de ensino, de aprendizagem, de comunicação na
geografia cultural: a natureza e o conteúdo da cultura de cada indivíduo
refletem os meios através dos quais ele adquire as sua práticas e os
seus conhecimentos: transmissão direta pela palavra e pelo gesto;
utilização da escrita; utilização das mídias modernas. Os lugares onde
a transmissão ocorre têm também um papel estratégico na gênese dos
indivíduos e na construção da cultura. Os lugares e as suas paisagens
servem de suporte a uma parte das mensagens transmitidas
(CLAVAL, 2011, p.16).

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Unidade: O Conceito de Geografia Cultural

Observe que para o autor, o lugar e a paisagem, categorias fundamentais da Geografia,


são importantes para a leitura cultural no espaço, pois por meio delas é possível transmitir as
culturas existentes.
Na imagem da Figura 1, verifica-se a cultura do arroz, muito comum na Ásia, e ao
mesmo tempo, é possível observar também alguns trajes típicos indianos, que são parte da
cultura deste país.
Figura 1: Plantação de arroz na Índia

Fonte: iStock/Getty Images

Ao longo da história humana, sempre houve interesse em entender as diferenças culturais,


tanto por meio da História quanto pelos registros dos viajantes, que relatavam as diferenças
existentes de costumes entre os diversos povos.
Quando o processo de colonização foi empreendido no Novo Mundo (continente americano),
entre os séculos XVI - XIX, as diferenças culturais tornaram-se ainda mais evidentes para os
europeus, que buscaram relatá-las, em geral, com um discurso preconceituoso em relação às
culturas existentes no continente americano.
Geralmente, as crenças e religiões dos povos nativos eram vistas como situações que se
confrontavam com a religião cristã e monoteísta dos europeus, bem como com seus hábitos
alimentares, formas de vestimentas etc.
Com o advento da ciência moderna, que foi difundida a partir da Europa, os traços da cultura
dos nativos existentes na América, África e em outras partes do mundo passam também a ser
estudados pela ciência, por meio de viagens e relatos de pesquisadores, sobretudo no século
XIX e início do século XX.
Por meio de técnicas descritivas, em geral de observação e descrição, iam demonstrando
a natureza das relações culturais dos diversos grupos humanos existentes, evidenciando suas
práticas religiosas, formas de alimentação, lendas, organização sociocultural, linguística, entre
outras características socioculturais.
Além disso, buscavam elementos materiais que pudessem ser levados para a Europa
e a partir daí, foram criados os museus etnográficos, antropológicos e históricos, como
forma de levar à Europa um pouco da cultura existente no mundo. Ainda no período
colonial, chegaram ao ponto de levarem pessoas de determinadas culturas para que fossem
mostradas aos europeus.
Com a criação da Antropologia, principalmente a partir do século XIX, esta tornou-se a
principal área a discutir a questão da cultura, além da Sociologia e da Geografia.

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A Geografia e a questão cultural

A Geografia, também a partir do século XIX, começa a discutir os povos e sua cultura,
com a mediação espacial. Ratzel, geógrafo alemão, tratou em seus estudos sobre essa
temática, em obras como Antropogeografia e As raças humanas, abordando a relação
dos povos com o meio, evidenciando a influência do meio na diversidade das raças e
também em suas culturas.
Já a Geografia Tradicional de Vidal de La Blache, no início do século XX, também buscava
tratar a questão dos grupos humanos, mostrando a relação do homem com o meio, levando
em conta as técnicas utilizadas pelos diversos grupos, quem em geral, segundo essa concepção,
adquiria tais técnicas em sua relação com a natureza.
Geralmente, nessa abordagem mais tradicional, descreviam-se as técnicas de agricultura
e de criação de animais, a domesticação de plantas e dos animais, as técnicas de construção,
mostrando-se a relação estabelecida entre os grupos humanos e o meio que os circunda.
Evidenciando-se que a cultura tem relação com o meio, mas que mediante contato com os
povos civilizados, os chamados “povos primitivos” poderiam adquirir novos conhecimentos.
Isso denota o interesse dos colonizadores em justificar o processo de colonização, mostrando
que o contato com os povos civilizados traria benefícios aos nativos, o que nem sempre ocorria.
A visão científica sobre a questão cultural foi sendo alterada com novas abordagens
metodológicas, tanto pela Antropologia Cultural quanto pela Geografia ao longo do século
XX - XXI.
Importante salientar que cabe à Geografia Cultural analisar a questão da cultura, mediante
análise das categorias geográficas, que são o espaço, o território, o lugar, a paisagem e a
região. Sem isso, poderia ser confundida com a Antropologia Cultural, que é outra ciência.
Se antes eram estudadas as características culturais dos povos mediante os métodos do
empirismo e positivismo, surgiram novos procedimentos e métodos, principalmente a partir
da década de 70 do século XX.
Uma dessas novas abordagens é a concepção humanista, que a partir dos anos 1970
passa a tratar a dimensão cultural numa visão mais simbólica, buscando elementos da relação
e percepção cultural dos diferentes grupos sobre o espaço. Autores como Relph, Tuan,
Bonnemaison, entre outros, passaram a discutir Geografia e cultura numa perspectiva
humanista.

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Unidade: O Conceito de Geografia Cultural

Importante!

Geografia Humanista
Até agora me referi apenas ao contexto interno, ao mundo acadêmico da
geografia. Mas para compreendermos as forças que levaram a um campo
disciplinar autônomo, denominado “geografia humanista”, torna-se
necessária a referência ao ambiente intelectual do final dos anos sessenta: o do
movimento hippie, da revolta estudantil e do questionamento feroz dos padrões
culturais e políticos instituídos. Um pequeno artigo de um geógrafo econômico
(Parsons, 1969) é revelador deste clima geral de mudança, e permite uma
ligação com o mundo acadêmico da geografia. Para o autor em questão,
os jovens, naquele momento, não estavam interessados em uma geografia
operacional e não acreditavam em leis mecanicistas ou em modelos de mundo.
Seu interesse era pelos valores humanos, a estética e um novo estilo de vida.
No caso da geografia, dizia Parsons, o cientificismo e o economicismo que
a dominavam eliminaram os valores morais e a subjetividade humana. Uma
geografia que fosse ao encontro desses novos valores deveria basear-se em uma
“aproximação humanística”, tendo como objeto a apreciação da paisagem
enquanto ambiente natural e humanizado, o que contribuiria para a preservação
e valorização do ambiente terrestre.
Fonte: Trecho literal extraído de HOLZER, Werther. A Geografia Humanista: uma revisão. Rio de Janeiro,
Espaço e Cultura, UERJ, RJ, Edição Comemorativa, 2008, p. 139.

Estudos como os de Yu-Fu-Tuan definem que os diferentes grupos culturais percebem e


se relacionam com o meio de forma diferente, tanto porque sua percepção do mundo se dá
mediante as relações que estabelecem com o meio ambiente nos quais vivem, como também
porque sua percepção é diferente por causa das características de sua cultura. Então, para o
autor, cultura e meio ambiente se mesclam.
Na Geografia, a questão cultural também passou a ser alvo dos chamados geógrafos
críticos, relacionando-se a dimensão cultural aos seus usos econômicos, bem como a questão
da dominação usada pela elite em relação à cultura popular.
Por exemplo, os usos mercadológicos que são feitos de eventos culturais. Podemos citar o
carnaval brasileiro - uma festa, uma manifestação cultural, que, ao mesmo tempo, tornou-se
um grande negócio. Dessa forma, tais estudos aliam a questão cultural e suas manifestações
com as questões de mercado - da lógica capitalista.
Outros estudos sobre essa temática têm relação com o turismo. Tais pesquisas também
passaram a fazer a relação entre turismo e cultura, em alguns casos com viés crítico, analisando-
se as mudanças empreendidas pelo processo de turistificação, que leva as tradições a serem
mudadas devido ao interesse turístico.
Disso decorre, por exemplo, a mudança das características culturais de um determinado
lugar, para atender aos interesses mercadológicos da atividade turística.

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É comum termos exemplos, no Brasil e no mundo, de atividades turísticas que
transformaram festas tradicionais, mudando suas características, bem como, em alguns
casos, até o período dessas festas.
Seja como for, em um estudo de Geografia Cultural, é fundamental que este relacione as
diversas dimensões do espaço geográfico, sejam sociais, culturais ou econômicas. É difícil
separar cultura e sociedade, sobretudo no atual momento, no qual as comunidades tradicionais
vêm diminuindo, em detrimento de formas de vida que seguem uma lógica global.
É importante sempre considerar a totalidade do espaço geográfico, nas dimensões
culturais, sociais, econômicas e políticas - de forma integrada. Conforme explica Paul Claval,
é necessário tratar o espaço geográfico em sua totalidade e relacionar a cultura a outros
aspectos espaciais:

Não existe uma fronteira rígida entre a geografia cultural


e a geografia econômica; a oferta e a procura nunca são
categorias econômicas puras; a oferta vem de empresas, que
têm culturas próprias; a cultura não se exprime em categorias
abstratas. No Brasil, a procura de alimentos é uma procura de
feijões pretos, de farinha, de carne de sol ou de camarões. Na
França, é uma procura de pão, de vinho, de batatas, de fígado
gordo. No domínio da geografia política, o poder sempre tem
dimensões culturais [...] Construir uma geografia cultural como
um compartimento isolado da geografia não tem sentido: a
construção duma subdisciplina deste tipo tem um valor prático,
mas o que é importante é entender o papel da cultura no
conjunto dos fenômenos geográficos: daí o sentido novo da
abordagem cultural na geografia
(CLAVAL, 2011, p. 12-13).

Assim, seja numa visão mais crítica ou numa abordagem humanista, a Geografia Cultural
vem passando por transformações em suas análises. Ora relacionando sociedade e cultura,
ora economia e cultura, buscando discutir a construção das identidades culturais, as
vivências e os modos de vida dos diferentes lugares e, ao mesmo tempo, mostrando a força da
globalização, que tem alterado os modos de vida mais tradicionais.

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Unidade: O Conceito de Geografia Cultural

A leitura da paisagem e do espaço na Geografia Cultural

Uma categoria chave da Geografia, usada para compreender a dinâmica sociocultural no


mundo, é a paisagem.
Um geógrafo clássico, que usou o termo paisagem, foi Carl Sauer. Para esse autor, havia
a paisagem natural e à medida que o homem, por meio de sua cultura, fosse transformando
o meio, esse criava as chamadas “paisagens culturais”. Assim, para esse autor, as diversas
culturas no mundo produziriam diferentes paisagens culturais, frutos das diversidades
culturais existentes nos grupos humanos.

Saiba Mais

Visão de paisagem por Carl Sauer


A paisagem cultural é a área geográfica em seu último significado (chore). Suas
formas são todas as obras do homem que caracterizam a paisagem. Com base
nessa definição, em geografia, não nos preocupamos com a energia, costumes ou
crenças do homem, mas com as marcas do homem na paisagem [...]
A paisagem cultural é modelada a partir de uma paisagem natural por um grupo
cultural. A cultura é o agente, a área natural é o meio, a paisagem cultural o resultado.
Sob a influência de uma determinada cultura, ela própria mudando através do tempo
[...]. Com a introdução de uma cultura diferente, isto é, estranha, estabelece-se um
rejuvenescimento da paisagem cultural ou uma nova paisagem se sobrepõe ao que
sobrou da antiga. A paisagem natural é evidentemente de fundamental importância,
pois ela fornece os materiais com os quais a paisagem cultural é formada. A força que
modela, entretanto, está na própria cultura. Dentro dos amplos limites do meio físico
da área há muitas escolhas possíveis para o homem, como Vidal se cansou de apontar.
(Fonte: Texto literal extraído de SAUER, Carl. A morfologia da paisagem. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (orgs.).
Paisagem, tempo e cultura. Rio de Janeiro: Eduerj, 1998, p. 57-59).

Por meio da paisagem se pode analisar a diversidade cultural, tanto explícita quanto implícita, pois
nem sempre a leitura da paisagem deve ser feita apenas com uma simples observação. Importante
que se busque compreender para além da aparência dos fenômenos apresentados e visíveis.
Conforme nos explica Corrêa e Rosendhal, a leitura que se faz da paisagem pode ser
diferente para os moradores locais e aqueles provenientes de outros lugares.

Considerada como um texto, a paisagem é vista desempenhando


importante papel na sociedade: por meio dela o sistema social
é comunicado, reproduzido, experimentado e explorado. [...] A
paisagem é interpretada diferentemente pelos grupos locais e de
fora, e evidenciar como essas interpretações foram construídas
constitui importante papel para o geógrafo cultural. A retórica da
paisagem coloca em questão os processos pelos quais ela, enquanto
um texto, é lida, seja pelo impacto objetivo de suas formas, seja
por meio de figuras de linguagem nelas impressas. A paisagem
tem uma textualidade e uma intertextualidade
(CORRÊA, ROSENDHAL, 2004, p. 10).

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Denis Cosgrove lembra-nos da importância de compreender a Geografia Cultural
observando-se os elementos simbólicos do espaço e da paisagem. Assim, para o autor, é
fundamental que num estudo de Geografia Cultural, resgate- se o procedimento de observação
típico e tradicional, mas, ao mesmo tempo, busque-se compreender os elementos simbólicos,
que nem sempre são facilmente observáveis.
O autor explica sua concepção sobre a leitura do mundo e da paisagem, a partir de uma
perspectiva mais simbólica. Jackson e Cosgrove refletem sobre o atual momento da história,
denominado por eles de “mundo pós-moderno”:

As sociedades mais primitivas, com menos comércio, que foram


estudadas pela geografia cultural tradicional, tinham códigos
simbólicos mais estáveis que os das sociedades contemporâneas. O
mundo pós-moderno – marcado pela liberdade de atribuir significados
e pela intertextualidade, com a qual invertemos signos e símbolos
para reciclá-los em contextos diversos e, dessa forma, transformar
sua referência – enfatiza a superfície e não a profundidade.
Consequentemente, poucos são os métodos iconográficos ou de
diagnóstico que recorrem à “interpretação em profundidade”
(COSGROVE; JACKSON, 2000, p. 23).

Os autores referem-se ao fato de as comunidades tradicionais, caso, por exemplo, das


comunidades indígenas, terem referências espaciais e culturais que são em geral mais estáveis e
duradouras, ou pelo menos eram no passado, quando o mundo não era tão global como hoje.
Contudo, no atual processo de globalização, neste período no qual alguns autores
denominam de pós-moderno, uma intensidade de transformações culturais são mais evidentes,
principalmente nas grandes metrópoles.
Isso faz com que sejam necessários novos procedimentos metodológicos para analisar
esses símbolos da cultura urbana, já que as tradições nesses espaços transformam-se e se
mesclam cotidianamente.
Importante também lembrar que para a Geografia é fundamental analisar a questão cultural,
observando-se os elementos materiais e imateriais.
Por elementos materiais entendemos, por exemplo, a existência de uma igreja, de um
templo, de uma sinagoga, de um terreiro de umbanda, de um grafite num muro, de um
monumento, de um teatro, entre tantas outras manifestações que podem ser observadas nas
paisagens e que são materiais e frutos da cultura.
Mas há também a música, as formas de se expressar, os idiomas e sotaques, a memória, as
crenças, as lendas, os discursos etc., que são formas e representações imateriais da cultura.
Então, materialidade e imaterialidade são partes indissociáveis do espaço geográfico
para a compreensão dos elementos culturais e podem ser analisadas de forma integrada.

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Unidade: O Conceito de Geografia Cultural

Cosgrove comenta sobre essa questão:

Tais códigos incluem não apenas a linguagem em seu sentido


formal, mas também o gesto, o vestuário, a conduta pessoal e
social, a música, a pintura, a dança, o ritual, a cerimônia e as
construções. Mesmo essa lista não esgota a série de produções
simbólicas através das quais mantemos o nosso mundo vivido,
porque toda atividade humana é, ao mesmo tempo, material e
simbólica, produção e comunicação. Essa apropriação simbólica do
mundo produz estilos de vida (genres de vie) distintos e paisagens
distintas, que são histórica e geograficamente específicos. A tarefa
da geografia cultural é apreender e compreender essa dimensão
da interação com a natureza e seu papel na ordenação do espaço
(COSGROVE, 2007, p. 103).

Conforme se lê em sua citação, o autor vai além da leitura que comumente se faz no
espaço, em relação à temática cultural.
Importante observar os elementos espaciais da paisagem, buscando entendê-los em sua
totalidade e não apenas descrevendo suas formas de existência. Ir além do que é visível na
paisagem, buscando compreender o porquê da existência daquela paisagem, seus usos sociais,
culturais, políticos e econômicos.
Além disso, é fundamental observar que no mundo atual existem diferentes atores sociais,
que agem, interagem e transformam o espaço geográfico e a paisagem.
Há diversificados tipos de valores que são atribuídos às paisagens e a determinadas culturas.
Esse é o caso dos setores de marketing e propaganda, que vendem certos lugares e cultuam
certas formas de existência em detrimento de outras.
Então, de alguma forma, existe uma ideologia que perpassa também a questão sociocultural.
Outra perspectiva de estudos geográficos e cultura é sua análise sob a ótica da região.
Historicamente no Brasil, foram construídos discursos de identidade regional e nacional.
No governo Vargas (1930 - 1945), por exemplo, foram criadas as regiões brasileiras
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a partir daí surgem os discursos
regionalistas buscando criar uma identidade regional.
Tal perspectiva do governo da época era minar o interesse dos estados brasileiros do ponto
de vista político e também de possíveis interesses de disputas territoriais.
A Geografia da época passou a descrever o modo de vida das regiões, caso, por exemplo,
do homem gaúcho, o modo de vida nordestino, a vida do amazônida, o homem pantaneiro,
entre outros. Relacionando o modo de vida das regiões, sua cultura, com as técnicas usadas
por tais grupos em sua condição natural e do meio no qual viviam; portanto, numa abordagem
geográfica tradicional.

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Isso demonstra que uma identidade cultural também pode ser criada por um interesse político.
Importante notar que para além da existência da cultura como modo de vida aprendido
ao longo da existência do homem num determinado lugar, há também influências de certas
características culturais que foram impostas, seja mediante o processo de colonização, do
imperialismo, das ditaduras ou por coerção sociocultural de um grupo ou classe social em
relação ao outro.
Desse modo, há também uma construção de identidades culturais produzidas por diferentes
atores sociais, tais como governos, grupos socioculturais e hoje, inclusive, pelo marketing
e pela propaganda.

A Geografia Cultural e o espaço urbano

Figura 2: Vista da cidade de Nova York – bairro chinês


Outra vertente dos estudos de Geografia Cultural
refere-se a pesquisas de temáticas que relacionam
Geografia Urbana e Cultural.
Tal perspectiva de estudos não é uma novidade,
já que a cidade tem sido alvo de várias pesquisas
que relacionam cultura e o urbano, desde o início do
século XX.
Em geral, sobretudo nas grandes cidades, a
questão cultural é bastante múltipla e complexa,
principalmente nas grandes metrópoles, onde há
diversas identidades urbanas e formas espaciais que
remetem a tais grupos.
Nas grandes metrópoles mundiais, as manifestações
religiosas, por exemplo, costumam ser mais
diversificadas; isso é mais comum principalmente nos
países ocidentais.

Fonte: iStock/Getty Images

Em metrópoles como Nova York (Figura 2), por exemplo, existem diversos grupos imigrantes,
com diferentes nacionalidades, formando bairros na cidade ou no seu entorno que evidenciam
as diferenças socioculturais - entre elas os diversos sotaques existentes, os vários idiomas, os
tipos de alimentação, as formas de se vestir, as diversas manifestações religiosas, entre outros
aspectos, que podem ser vivenciados numa visita à cidade.
No caso de Nova York, há a coexistência de indianos, chineses, portugueses, italianos,
brasileiros, mexicanos, filipinos, irlandeses, entre tantos outros grupos e seus descendentes.
É possível observar na paisagem da cidade as diferenças culturais existentes. No bairro que
lá denominam de “Pequena China” (Little China) ou Chinatown (Figura 2) podem-se observar
algumas construções e elementos paisagísticos que remetem a bairros existentes no extremo oriente.

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Unidade: O Conceito de Geografia Cultural

É possível observar algumas características orientais, seja pelas cores em tom vermelho,
seja pelas inscrições dos painéis escritos em chinês ou ainda pelos transeuntes com fisionomia
oriental. Além disso, é possível encontrar nesse bairro restaurantes e mercados que produzem
ou vendem comidas orientais.
Já em São Paulo, devido à forte imigração de japoneses no início do século XX e mais para
o final do século, de coreanos e chineses, houve a criação de um bairro cuja identidade remete-
se ao oriente. Trata-se do bairro da Liberdade, onde se podem encontrar inúmeras lojas e
restaurantes com produtos típicos da culinária japonesa, chinesa e coreana, além de serviços
específicos para esses grupos.
Nas últimas décadas do século XX, houve também grande imigração de bolivianos para São
Paulo, os quais se concentraram principalmente no entorno da área central antiga da cidade,
para trabalharem principalmente nas oficinas de costura.
Por conta disso, em alguns bairros, como é o caso do Brás, houve uma transformação
em relação às atividades econômicas existentes. Em algumas ruas, por exemplo, passaram a
disponibilizar serviços específicos para esses imigrantes, tais como comidas típicas, serviços do
consulado para os imigrantes, cabeleireiros, serviços de emprego etc.
Isso mostra que os elementos do espaço geográfico vão sendo modificados na medida em
que há mudanças socioculturais nos lugares, transformando também suas paisagens.
Roberto Lobato Corrêa explica como a paisagem urbana pode ser analisada em estudos
geográficos:

A paisagem constitui parte do conjunto compartilhado de ideias,


memórias e sentimentos que une uma população. [...] a paisagem
urbana, por outro lado, ao ser um meio de comunicação da
identidade social e étnica, torna-se um relevante elemento do
processo de reprodução social, em virtude de ser um repositório
de símbolos de classe social e de herança étnica. A paisagem
residencial está, em realidade, impregnada de sentimentos e
simbolismos. É, em parte, por meio das formas simbólicas que
a cidade expressa uma dada cultura e realiza o seu papel de
transformação cultural, tanto em sua hinterlândia como em seu
próprio espaço interno, tanto no passado como no presente e
visando ao futuro. [...] A temática em tela, numa perspectiva
espacial, situa-se na vaga fronteira entre a geografia econômica
e a geografia cultural. Do ponto de vista da geografia cultural,
é interessante reconhecer a identidade desses centros, assim
como a identidade com eles por parte dos diversos grupos
sociais, insiders e outsiders, conforme aponta Relph (1976). É
relevante, por outro lado, considerar as condições da gênese das
formas simbólicas e de suas articulações com outras atividades.
(CORRÊA, 2007, p. 178-179).

Roberto Lobato Corrêa reitera a importância de se reconhecer as formas simbólicas existentes


nas paisagens das cidades, bem como as diversas identidades urbanas existentes, tanto de etnias
diferentes, quanto de grupos (maiorias ou minorias) e identidades urbanas vinculadas a certas
formas e gostos musicais, tais como roqueiros, funqueiros, góticos, punks etc.

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Para esses grupos ou identidades socioculturais urbanas, há espaços e territorialidades
específicas. Como casas de show especializadas num ritmo musical, ou lojas especializadas
em roupas e acessórios temáticos. Tais atividades econômicas aproveitam-se da diversidade
cultural existente nas grandes metrópoles do mundo para criar espaços especializados ou
territorialidades que se relacionam a um modo de vida urbano.
Desse modo, tais especializações evidenciam a concentração econômica e a diversidade de
grupos sociais e culturais nas metrópoles, permitindo a existência de serviços especializados,
que geralmente se concentram nas áreas centrais – tanto nos centros antigos como nas
centralidades mais modernas.

Para pensar

Observe em sua cidade as diferentes marcas culturais na paisagem. Há espaços


especializados destinados a certas identidades urbanas? Há igrejas católicas e
protestantes? Há influências das crenças e religiões africanas nos espaços da cidade?
Há povos de outras regiões do Brasil ou do mundo? Há bairros e territorialidades
específicas para determinado tipo de grupo sociocultural ou étnico? Se sim, quais
fatores explicam essas marcas e situações? Por que, em geral, as igrejas católicas
situam-se nos centros fundadores da cidade? Pense!

A geógrafa Núria Benach (2011), de Barcelona, relaciona em suas pesquisas sobre Barcelona
a dimensão política e cultural da cidade, evidenciando que os eventos esportivos relacionados
às Olimpíadas, em 1992, ocorridas na cidade, ocasionaram transformações urbanas, tais
como a reabilitação do centro histórico e novas construções no espaço da cidade.
Segundo a autora, houve inúmeros discursos oficiais sobre as transformações da cidade,
criando-se uma identificação dos cidadãos com o projeto olímpico e o modelo da cidade,
gerando certo patriotismo e regionalismo dos moradores.
A autora evidencia que os elementos culturais, simbólicos e das representações socioculturais
eram indispensáveis para compreender as mudanças concretas existentes na paisagem. Ou
seja, as mudanças materiais (novas construções, requalificações urbanas etc.) empreendidas
na cidade tinham relação também com o simbólico - os discursos existentes sobre a cidade,
fundindo-se a materialidade com a imaterialidade.
Assim, a autora propõe que se una o entendimento de um evento como as Olimpíadas ao
ponto de vista político, econômico e sociocultural, bem como às escalas local e global, já que se
trata de um evento mundial, mas que afeta a dinâmica dos lugares por onde tal evento ocorre.
Conforme explica a autora:

Então, pareceu-me que se o global explicava o local, o contrário


era igualmente certo, até o ponto que esse esquema do global-local
chegou a me parecer bastante prescindível. E, por outra parte,
pareceu-me que o material e o simbólico fundiam-se até tal ponto
que não eram realmente separáveis. Como distinguir o discurso da
estratégia, do objetivo e do resultado obtido?
BENACH, 2011, p. 75).

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Unidade: O Conceito de Geografia Cultural

Desse modo, para a autora, a cidade de Barcelona tornou-se um exemplo internacionalizado


de cidade bem sucedida, evidenciando que a estratégia de marketing local acabou servindo de
exemplo para outros lugares do mundo. Não que isso de fato seja verdadeiro, mas o marketing
“vendeu” essa ideia de sucesso. Assim, houve uma relação do local com o global e vice-versa.
Finalizando, observa-se nesta unidade que há diferentes formas de compreender a questão
cultural numa dimensão geográfica, pois existem diferentes abordagens geográficas, que foram
mudando ao longo do tempo.
Por outro lado, há a possibilidade de se analisar diferentes temáticas sobre Geografia
Cultural, tanto em estudos mais tradicionais quanto em questões mais complexas e simbólicas,
com outras concepções geográficas.
Por isso o campo da Geografia Cultural é bastante amplo, sendo fundamental relacionar as
questões materiais e imateriais, simbólicas e concretas, nas diferentes escalas (local, regional e
global), bem como nas diversas dimensões possíveis para um estudo geográfico.

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Material Complementar

Vídeos:
UERJ. IX Simpósio Internacional sobre Espaço e Cultura: José Arilson Xavier de
Souza. Rio de Janeiro, 30-10-2014.
https://www.youtube.com/watch?v=8GFwjZHQr2I.
Acesso em: 15 fev. 2015.
UERJ. IX Simpósio Internacional sobre Espaço e Cultura: Paulo César da Costa
Gomes. Rio de Janeiro, 29-10-2014.
https://www.youtube.com/watch?v=11eJjgzgkAM.
Acesso em: 15 fev. 2015.
UERJ. IX Simpósio Internacional sobre Espaço e Cultura: Roberto Lobato Corrêa.
Rio de Janeiro, 29-10-2014.
https://www.youtube.com/watch?v=L2MZK5bCD8E.
Acesso em: 15 fev. 2015.

Livros:
CLAVAL, Paul Charles Christophe. Geografia Cultural: um balanço. Londrina, Revista
Geografia, v. 20, n. 3, set-dez, 2011, p. 5-24.
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/article/view/14160/11911.
Acesso em: 10 jan. 2015.
CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Z. A Geografia Cultural no Brasil. Revista da ANPEGE,
n. 2, 2005, p. 98-102.
http://www.anpege.org.br/downloads/revista2.pdf.
Acesso em: 10 jan. 2015.

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Unidade: O Conceito de Geografia Cultural

Referências

BENACH, Núria. Perspectivas culturais para o estudo da cidade. In: CARLOS, A. F. A.;
CARRERAS, C (orgs.). Urbanização e mundialização: estudos sobre a metrópole. São
Paulo: Contexto, 2011.

CLAVAL, Paul Charles Christophe. Geografia Cultural: um balanço. Londrina, Revista


Geografia, v. 20, n. 3, set-dez, 2011, p. 5-24.

CORRÊA, Roberto Lobato. A Geografia Cultural e o urbano. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL,
Z. (orgs.). Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2007, p. 167-186.

CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny. A Geografia Cultural no Brasil. Revista da


ANPEGE, n. 2, 2005, p. 98-102.

CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny. Paisagem, textos e identidade: uma


apresentação. In: CORRÊA, R. L; ROSENDAHL, Z. (orgs.). Paisagem, textos e identidade.
Rio de Janeiro: UERJ, 2004, p. 7-13.

COSGROVE, Denis. Em direção a uma Geografia Cultural radical: problemas da teoria. In:
Introdução à Geografia Cultural. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2007, p. 103-134.

COSGROVE, Denis. Mundos de significados: Geografia Cultural e imaginação. In: CORRÊA,


R. L.; ROSENDAHL, Z. (orgs.). Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2007, p. 33-60.

COSGROVE, D; JACKSON, P. Novos rumos da Geografia Cultural. In: CORRÊA, R. L.;


ROSENDAHL, Z. (orgs.). Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2007, p. 135-146.

COSGROVE, Denis. A Geografia está em toda parte: cultura e simbolismo nas paisagens
humanas. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny. (orgs.). Paisagem, tempo e
cultura. Rio de Janeiro: Eduerj, 1998, p. 92-122.

HOEBEL, E Anderson; FROST, Everett L. Antropologia Cultural e Social. São Paulo:


Cultrix, 1976.

HOLZER, Werther. A Geografia Humanista: uma revisão. Rio de Janeiro, Espaço e Cultura,
UERJ, RJ, Edição Comemorativa, 2008, p. 137-147.

ROSENDAHL, Zeny. Espaço, cultura e religião. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Z. (orgs.).
Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, p. 147-161.

SAUER, Carl. A morfologia da paisagem. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL,


Zeny (orgs.). Paisagem, tempo e cultura. Rio de Janeiro: Eduerj, 1998.

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Anotações

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