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Geografia Cultural

Material Teórico
O Espaço Geográfico das Religiões

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra.Vivian Fiori

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
O Espaço Geográfico das Religiões

• Introdução
• A prática religiosa e o espaço
• Territorialidades de algumas das grandes religiões do mundo
• Intolerância religiosa
• Geografia das religiões no Brasil

·· Analisar as práticas religiosas e sua relação com o espaço geográfico. Evidenciar as


características das principais religiões do mundo e no Brasil e suas territorialidades.

Nesta unidade sobre “O espaço geográfico das religiões”, a leitura do texto teórico e o
desenvolvimento das atividades são fundamentais para o acompanhamento do conteúdo a ser
desenvolvido.
Para que os exemplos e discussões teóricas fiquem mais claros, é fundamental perceber as
diferentes concepções sobre a temática da religião.
Fique atento(a) às principais territorialidades religiosas do mundo e no Brasil, considerando
a importância da tolerância religiosa.
Observe, também, que a religião é um elemento cultural, mas tal tema pode vincular-se a
questões geopolíticas, políticas, sociais e econômicas.
Bom estudo!

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Unidade: O Espaço Geográfico das Religiões

Contextualização

Nos anos 1950 – 1960, algumas publicações começaram a se destacar com temáticas
relacionadas à Geografia das Religiões, baseadas em teorias de Carl Sauer e de geógrafos
humanistas. Nos anos 1980, houve, por exemplo, obras e estudos com abordagem geográfica
e espacial sobre a peregrinação islâmica para Meca e o budismo no Japão, com abordagens
interdisciplinares.
No Brasil, tais estudos tornaram-se mais comuns a partir dos anos 1990, conforme explica
o pesquisador Hélio Carlos Miranda de Oliveira:

No contexto territorial, político e religioso, a fé católica brasileira é


o objeto de estudo de Zeny Rosendahl, que vem trazendo grandes
contribuições para a Geografia Cultural e para a Geografia da
Religião brasileira. Entre suas obras publicadas em português,
destaca-se Espaço e Religião: uma abordagem geográfica,
lançada originalmente em 1996. Neste livro Rosendahl faz uma
proposta para o estudo geográfico da religião em quatro grandes
temas: I) fé, espaço e tempo: difusão e área de abrangência;
II) os centros de convergência e irradiação; III) religião, território
e territorialidade; e IV) espaço e lugar sagrado: vivência,
percepção e simbolismo. Outra obra é Hierópolis: o sagrado
e o urbano, de 1999, na qual a autora destaca a dimensão do
sagrado no urbano e seus reflexos na organização espacial.
Em relação à dimensão territorial da fé pentecostal, destaca-
se Mônica Sampaio Machado, com seu trabalho intitulado A
territorialidade pentecostal: um estudo de caso em Niterói, de
1992. Nesse trabalho, a autora analisa a territorialidade dessa fé,
considerando sua dimensão socioespacial, concluindo que as igrejas
pentecostais possuem uma territorialidade informal e fugaz. Essa
contribuição é importante para a Geografia da Religião brasileira,
uma vez que poucos são os trabalhos produzidos no país que
privilegiam o movimento pentecostal na sua dimensão espacial
(OLIVEIRA, 2012, p. 142).

Dessa forma, observa-se que as temáticas relacionadas à visão geográfica sobre religião
podem ser bastante variadas, desde a compreensão da territorialidade de uma determinada
religião, até sua expansão geográfica, entre outras questões.
Importante lembrar que a territorialidade é um conceito empregado por alguns geógrafos
humanistas ou críticos para a expressão sociocultural no espaço. Um determinado grupo vive,
convive e se expressa num determinado território e isso é sua territorialidade.
Como esta unidade diz respeito à questão religiosa, cabe entender o que é religião, quais
as características das práticas religiosas e principalmente quais as relações da religião com o
espaço e outras categorias geográficas.
Para compreender melhor sobre essas questões, leia o texto teórico da disciplina.

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Introdução

Nesta unidade vamos tratar da questão religiosa e sua relação com a Geografia, evidenciando
principalmente as grandes religiões no mundo, bem como algumas situações existentes no
território brasileiro.

A prática religiosa e o espaço

A perspectiva religiosa na Geografia Cultural é uma importante dimensão de estudo


relacionada ao espaço geográfico. A religião é uma prática cultural que cria inúmeros símbolos
sagrados, rituais, discursos e preceitos, estabelecendo sentido e significados para a vida de
determinados grupos que a praticam.
Trata-se de um fenômeno da existência simbólica do homem como ser cultural. Conforme
afirma Gil Filho:

Este processo conscientiza o homem de que ele não somente vive


no universo de fatos, mas, sobretudo, em um universo simbólico.
Deste modo, a religião é parte deste universo pleno de significados
que faz parte indissociável da experiência humana. Sendo assim,
o homem não está somente diante da realidade imediata, mas à
medida que sua prática simbólica se realiza ele busca os significados
da existência. Dar primazia à religião como um setor das atividades
humanas não reduz o seu âmbito ou minimiza sua influência, mas
sim o reconhece como fenômeno da vida humana
(GIL FILHO, 2004, p. 2).

A prática religiosa não se encerra em si mesma nem tem apenas elementos materiais e
concretos, mas depende também de abstrações que medeiam a relação do homem com o
mundo sobrenatural e transcendental.
A religião carrega múltiplas formas simbólicas, geralmente vinculadas aos mitos fundadores
das religiões, dogmas, preceitos e rituais, produzindo uma carga simbólica e certo formalismo,
já que seus adeptos devem seguir alguns preceitos definidos por cada uma das religiões.
Outra característica da religião é a separação do que se considera o mundo profano e
sagrado. O sagrado é estabelecido por cada religião, constituindo-se nas divindades, em objetos
e coisas que são considerados sagrados, tais como certos alimentos, objetos (bíblias, escrituras,
amuletos etc.) ou até mesmo espaços que são tornados sagrados.
Para isso as religiões se constituem elaborando um discurso que opõe o bem e o mal, o
sagrado e o profano, o terreno e o sobrenatural, bem como definindo as práticas que espera
do adepto.

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Unidade: O Espaço Geográfico das Religiões

Durkeheim define um conceito para religião:

Chegamos, pois, à seguinte definição: uma religião é um sistema


solidário de crenças seguintes e de práticas relativas a coisas
sagradas, ou seja, separadas, proibidas; crenças e práticas que
unem na mesma comunidade moral, chamada igreja, todos os que
a ela aderem. O segundo elemento que aparece na nossa definição
não é menos essencial que o primeiro; pois mostrando que a ideia
de religião é inseparável da ideia de igreja, faz pressentir que a
religião deve ser coisa eminentemente coletiva.
(DURKHEIM, 1989, p. 79 apud SOUSA, 2011, p. 252).

Durkeheim cita a relação da religião com a coletividade e a existência de uma igreja - de


uma forma material - para operacionalizar sua efetivação. Pode ser por meio de uma igreja
católica, uma sinagoga judaica, uma mesquita muçulmana, um terreiro de candomblé, entre
outras formas.
Em geral, as religiões definem maneiras de se realizar, mediante dogmas e princípios
que precisam ser cumpridos pelos adeptos, e com preceitos de ordem moral que unem a
coletividade a qual pertence um determinado grupo religioso.
Assim, a religião, como elemento cultural, constrói um discurso, uma psicosfera e, ao
mesmo tempo, destaca-se na paisagem por meio de seus símbolos e formas de construção que
a tornam marca conhecida pela população.
Numa construção e reconstrução constante, as religiões buscam criar uma identidade,
tornarem-se tradicionais, mediante a permanência de alguns de seus preceitos principais.
Contudo, como a sociedade também vai se modificando ao longo do tempo, algumas
características das religiões eventualmente são também alteradas, tanto em suas práticas
quanto em seus princípios.
A construção do discurso religioso cria a dicotomia entre o bem e o mal, o sagrado e o
profano. O sagrado em si mesmo é um conceito religioso, podendo ser simbolizado por meio
de práticas e rituais.
O que é sagrado varia conforme as religiões, mas em geral se personifica em deuses,
anjos, santos etc., ou seja, em espíritos que transcendem o mundo material, mas também em
elementos materiais como amuletos, certos alimentos, figuras de santos, entre outros.
Assim, também se pode atribuir a objetos inanimados o valor sagrado, bem como aos
lugares.
Rosendhal explica o papel do lugar sagrado:

O lugar sagrado é o lugar do símbolo, lugar que unifica os grupos


humanos quanto aos valores religiosos, no sentido etimológico
de religare; ou, em outras palavras, a junção dos homens no
domínio do sagrado, portanto vinculados com a divindade além
da vida terrena
(ROSENDAHL, 2007, p. 207).

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As práticas religiosas são bastante simbólicas e se dão por meio rituais, que variam
conforme a religião e podem variar ao longo da história e também conforme os lugares; sendo
assim, elas têm relação com o espaço e o tempo.
A religião islâmica, por exemplo, prega que seu adepto reze 5 vezes ao dia em direção à
cidade de Meca, isso é uma prática religiosa. Assim como em alguns rituais do candomblé
existem os cânticos e as comidas específicas para os orixás.
Importante entender a religião como um campo de análise da cultura que pode ser
compreendido também pelo viés político, econômico, geopolítico e social. Nesse sentido, o
estudo da Geografia das religiões permite a abordagem interdisciplinar, vinculando, por
exemplo, questões de disputas territoriais - do campo da Geopolítica, com a questão religiosa.
Podem-se estudar em Geografia algumas temáticas, entre elas: a territorialidade das
religiões; os espaços sagrados; a expansão geográfica das religiões e sua abrangência espacial,
evidenciando-se os fatores que levam a tais processos.
A religião é um elemento cultural, que como outros, pode variar conforme os diferentes
grupos socioculturais e lugares do mundo. Em princípio, portanto, trata-se de uma decisão
pessoal ou do grupo escolher a sua religião ou mesmo não ter nenhuma. Entretanto, há
influências espaciais, conforme o lugar do mundo onde se nasce. Primeiramente, porque as
paisagens e os diversos lugares do mundo estão impregnados de símbolos religiosos e de suas
práticas religiosas.
Por outro lado, existem lugares nos quais há maior liberdade de se escolher a religião; já em
outros, existem perseguições e intolerância religiosa. No Brasil, existe liberdade religiosa e por
lei é proibido coibir quaisquer religiões.
Como cidadão (cidadã) e, sobretudo, como professor(a), é fundamental o respeito pela
diversidade e pluralidade cultural e religiosa. Respeitar, portanto, significa compreender a
diversidade existente no mundo, sem ironizar ou ofender as práticas religiosas dos diversos
povos e lugares.
Por outro lado, é fundamental que essas práticas religiosas estejam em consonância com os
Direitos Humanos, cujos princípios foram declarados em 1948 pela Organização das Nações
Unidas (ONU).
É comum ao longo da história termos tido guerras que foram produzidas em nome da
religião. Esse foi o caso das disputas entre cristãos e muçulmanos nas Cruzadas (durantes os
séculos XI – XIII na Idade Média), bem como das disputas entre palestinos e israelenses, com
desdobramentos mais recentes.
Tais eventos geralmente reproduzem o discurso do fator religioso como o mais importante,
quando na verdade, em geral, há disputas territoriais e políticas, nas quais a religião passa a
ser um fator a mais nessas complexas questões.

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Unidade: O Espaço Geográfico das Religiões

Rosendahl caracteriza as várias dimensões existentes em relação à Geografia da Religião,


conforme explica Sousa:

[...] sugere que o eixo central em que deve ser pautada a análise
geográfica da religião é a produção de bens simbólicos. Há, segundo
a autora, uma economia simbólica que se efetiva no espaço e que
elabora a sacralidade dos lugares. Junto dessa economia simbólica
da religião, há também uma dimensão política do sagrado,
que, se explorada, permite que possamos compreender as
territorialidades formuladas pelas estratégias espaciais existentes
na produção de espacialidades pela religião. Em sua dimensão
institucional, a religião configura ainda um importante agente com
caráter de estrategista geográfico que exerce o poder e o controle
sobre pessoas e territórios. Podemos perceber, dessa maneira,
a importância que têm as dimensões políticas e econômicas no
estudo geográfico das religiões a partir de uma perspectiva cultural
(SOUSA, 2011, p. 253).

Assim, podemos analisar a questão religiosa tanto pelo viés do sagrado, dos espaços
sagrados - numa dimensão somente cultural, quanto por outras perspectivas, relacionando-a a
questões de ordem política, social e geopolítica, de uma forma integrada.
A seguir, vamos evidenciar algumas características das grandes religiões no mundo.

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Territorialidades de algumas das grandes religiões do mundo

Há crenças e religiões específicas de pequenos grupos étnicos que não se tornaram universais.
Por outro lado, há religiões que foram difundidas pelo mundo, tornando-se universais.
Ainda assim, há regiões e países do mundo em que há maiorias religiosas, criando-se uma
identidade espacial com certos símbolos, práticas e rituais - materiais e imateriais.
Criam-se verdadeiras territorialidades religiosas, que permeiam a vida dos territórios
com suas formas de expressão, que podem ser observadas nos gestos, rituais, práticas e
também mediante suas igrejas, templos, sinagogas etc.
Por meio da religião pode-se construir a história espacial de um lugar. Podem-se verificar
os monumentos erguidos para a prática religiosa, que se tornam símbolos da existência e do
poder de certas religiões. Quando observamos tais símbolos na paisagem, já nos lembramos
dessa religião.
As mais conhecidas e grandes religiões do mundo surgiram no continente asiático; são
elas: o cristianismo, o hinduísmo, o islamismo, o budismo e o judaísmo. Todas elas possuem
símbolos e materialidades que nos permitem distingui-las nas paisagens dos diversos lugares
do mundo.
Três delas surgiram no Oriente Médio (islamismo, cristianismo e judaísmo) e têm algumas
características dos mitos fundadores em comum, já que são monoteístas (acreditam num deus
superior único), acreditam na existência de um messias e na dicotomia entre o bem e o mal,
buscando sempre alcançar o bem.
A mais antiga delas é o judaísmo, que se baseia nas escrituras do Talmud, Torá e Mishna
- alguns dos livros sagrados do judaísmo. Trata-se da primeira grande religião monoteísta,
segundo a qual suas leis foram reveladas a Moisés por Deus.
Seu adepto é chamado de judeu, não sendo uma raça, mas sim o adepto da religião. Há
muitos judeus em Israel, nos EUA, na Etiópia e em vários países, principalmente do mundo
ocidental.
Os judeus formam um grupo religioso que abriga tanto os descendentes de judeus como
os que foram convertidos ao judaísmo. Existem nesses grupos desde aqueles chamados de
“ortodoxos”, que buscam preservar as tradições da religião, até aqueles mais liberais.
Ao longo da história, os judeus se dispersaram pelo mundo ocidental (Europa Ocidental,
EUA, entre outros lugares) e também para o Leste Europeu, em países como Rússia e Polônia.
Nos territórios onde viviam, na região do Oriente Médio, hoje se localizam o Estado de Israel
e os territórios palestinos.
Em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Estado de Israel, permitindo
legalmente que alguns judeus espalhados pelo mundo voltassem a viver na região, constituindo
para eles um país próprio. Tal situação criou inúmeros conflitos com os palestinos que já
estavam lá e professavam outra religião - o islamismo.

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Unidade: O Espaço Geográfico das Religiões

O islamismo é uma religião cujo mito fundador diz que Maomé (Mohammad) é seu principal
profeta. O Alcorão é o livro sagrado dos muçulmanos e traz, segundo essa religião, a palavra
de Deus. Conforme explica Haddad:

É primordial na ideologia islâmica o monoteísmo. Único deus


é Allah e Mohammad o seu profeta. É a profissão de fé. Basta
proclamá-la para ficar muçulmano. [...] Monoteísmo fundamental,
universalismo, a crença num Deus único, tanto quanto no judaísmo
e no cristianismo. Esse é censurado pelos muçulmanos porque
admite a santíssima trindade, os santos, o que acabava por insinuar
politeísmo [...]
(HADDAD, 1981, p. 9).

O adepto dessa religião é chamado de islâmico ou muçulmano. Existem algumas divisões


dentro da religião islâmica; entre elas citamos os sunitas e os xiitas.
A maioria dos muçulmanos concentra-se em territórios do norte da África, na Tunísia, no
Marrocos, na Líbia e no Egito, e no Oriente Médio, em países como Arábia Saudita, Iraque,
Irã, Afeganistão, Emirados Árabes, Iêmen, entre outros. Contudo, o maior país muçulmano do
mundo é a Indonésia, situado num arquipélago no sudeste asiático (vide Figura 1).
Figura 1: As Maiorias Religiosas pelo Mundo

Cristianismo
Islamismo
Hinduísmo
Budismo
Judaísmo
Religiões Chinesas
Religiões Coreanas
Religiões Nativas
Sem dados/Religião

Fonte: Wikimedia Commons

A relação entre a questão territorial e a religião muçulmana tem sido bastante discutida ao
longo dos séculos XX - XXI. O primeiro desses embates geopolíticos é a relação entre judeus e
muçulmanos que vivem no território da Cisjordânia (Israel), já que existe uma disputa territorial
entre palestinos e israelenses que se mescla à questão religiosa.
Logo, é importante perceber que embora a dimensão política seja fundamental nessa disputa,
há um pano de fundo religioso que serve para fomentar ainda mais as tensões existentes entre
esses grupos.

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Cabe ressaltar que a maioria dos povos árabes é muçulmana, mas existem outros povos que
professam essa religião; entre eles podemos destacar os diversos povos africanos - de diversas
etnias, bem como os persas no Irã e os povos da Indonésia.
Outra grande religião monoteísta é o cristianismo, que possui diversas divisões internas.
Originalmente, a religião foi criada no Oriente Médio, já que Jesus Cristo nasceu e viveu na região
onde hoje se localiza o Estado de Israel e a Cisjordânia (onde se situam as cidades de Belém e
Jerusalém). O Cristianismo foi a religião que mais se difundiu espacialmente pelo mundo.
O próprio discurso cristão traz a mensagem dessa difusão:

O êxito do Cristianismo em sua dispersão espacial já estava


delineado potencialmente nos evangelhos. Os evangelhos
sinóticos proclamam a missão de difusão do Cristianismo como,
por exemplo, a menção em Marcos (16, 15- 16), “Ide por todo o
mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. A espacialização do
Cristianismo se baseia desde o início na difusão dos ensinamentos
religiosos, o que se configurava como uma prova de amor ao
próximo. O difundir das escrituras cristãs propiciou o surgimento
de comunidades religiosas em vários lugares do mundo
(SILVA; GIL FILHO, 2009, p. 79).

O cristianismo expandiu-se pela Europa, e por meio do processo de colonização chegou ao


continente americano e também em partes da África, entre outros lugares. Tanto pelo processo
de pregação e evangelização quanto pela catequização. Em alguns casos, com coerção em
relação às práticas nativas, que eram consideradas pagãs.
Na Europa é que foram criadas as igrejas Católica Romana e Ortodoxa. A igreja Católica
foi se definindo principalmente a partir do período da Idade Média (séculos V - XV) europeia
e passou por várias transformações com a decadência do Império Romano.
Posteriormente, no século XI, houve a cisão da religião cristã na Europa, dividindo-se
basicamente em dois territórios: a parte ocidental da Europa continuou sob o domínio da
Igreja Católica Romana e a parte oriental criou a Igreja Ortodoxa.
A Igreja Ortodoxa, herdeira do Império Bizantino, não reconhecia o poder do papa como
representante de toda a igreja cristã, nem a liturgia, nem a necessidade da época em fazer as
missas em latim.
Dessa forma, as regiões onde posteriormente surgiram Estados-Nações como Rússia,
Romênia, Grécia, entre outros, passaram a aderir a essa religião. Já os países ocidentais da
Europa - caso da França, Itália, Portugal e Espanha, continuaram sob a égide do cristianismo
católico romano.
Já o protestantismo, ramo do cristianismo, surge na Europa central no início do século
XV como uma forma de reação às doutrinas do catolicismo romano. O termo protestante,
portanto, refere-se às religiões que foram criadas com a reforma protestante; são elas: a
presbiteriana, a luterana, a metodista, entre outras.

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Unidade: O Espaço Geográfico das Religiões

Ao longo do tempo, foram criadas novas igrejas, chamadas pentecostais ou neopentecostais,


caso das existentes no Brasil, como a igreja Universal do Reino de Deus, entre outras. Sobre
o conceito de pentecostal, assim explica Alice Taira:

O pentecostalismo é um segmento da igreja protestante ou


evangélica tradicional, embasada na crença de que em dia de
pentecostes (Páscoa Judaica), o Espírito Santo desceu aos apóstolos
e operou milagres, com ênfase na cura das doenças. Agregando
a essa linha de pensamento, o neopentecostalismo enfatiza que
através do pagamento de dízimos, podemos barganhar com Deus
os nossos mais variados pedidos, principalmente os materiais,
segundo a Teologia da Prosperidade
(TAIRA, 2013, p. 9).

Na América Latina, ainda predomina a religião católica romana, devido ao processo de


colonização realizado por Portugal e Espanha, que junto ao processo de colonização levaram
a catequização aos grupos nativos.
À medida que eram criadas vilas e cidades, erigiram-se igrejas católicas, em alguns casos
simples capelas. Desse modo, a representação do espaço se fazia principalmente a partir da
igreja e de seus rituais. Atualmente, muitos países latino-americanos, além do catolicismo,
possuem adeptos de religiões protestantes, neopentecostais, entre outras.
Já os Estados Unidos possuem em sua maioria adeptos de religiões protestantes, embora
os imigrantes tenham também outras religiões.
Outra grande religião existente no mundo, considerada a mais antiga, é o hinduísmo. Trata-
se de uma religião politeísta, com crença em vários deuses e mitos e tem na reencarnação um
dos seus princípios. A religião surgiu na região do subcontinente indiano e atualmente é uma
das principais religiões da Índia e Nepal (ver Figura 1).
O hinduísmo possui inúmeras seitas e apesar de ter inúmeros deuses, baseia-se também na
presença de um ser supremo chamado Brahma, que é um deus impessoal, representante da
força criadora do universo. Há vários textos e escrituras importantes no hinduísmo, entre elas
destacamos os Vedas, que misturam teologia com mitologias das crenças hindus.
Já o Budismo pode ser considerado um sistema filosófico e religião, ao mesmo tempo, cuja
origem se dá com Budha (Sidarta Gautama), nascido nobre na Índia, sendo este considerado
um guia espiritual, que renunciou à riqueza, e por décadas fundou uma ordem de monges e
monjas e divulgou suas ideias.
Pela relação que se estabeleceu com o hinduísmo, o budismo também acredita na reencarnação
do espírito, que precisa retornar à vida material como forma de se purificar, cabendo a cada
indivíduo buscar melhorar sua conduta no cotidiano e cultuar respeito aos antepassados.

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Conforme explica Diniz:

Primeiramente, todos aceitam o Buda Sakyamuni como mestre e


rejeitam a idéia de um ser supremo criador e gestor deste mundo,
bem como renunciam a toda e qualquer forma de dogma. Uma
consequência do ateísmo búdico é o fato dele comportar apenas o
culto da recordação, não sendo, portanto, possível rogar a Buda,
que não é deus. Além disso, tendo o Buda ingressado no Nirvana,
nada mais pode fazer pelos fiéis, além de servir como exemplo e
inspiração [...] vai além, afirmando que na ausência de dogmas e
deuses com o poder de avançar ou deter o avanço dos homens em
direção a sua própria iluminação, os sacramentos e os sacrifícios
deixam de ter sentido no Budismo
(DINIZ, 2006, p. 13).

Sua expansão para outros países começou pelo envio de missionários para além do Nordeste
da Ásia por um antigo rei (Asoka) e depois com migrantes asiáticos que acabaram levando sua
religião para outras partes do mundo, caso de países do continente americano (EUA, Brasil
etc.), Austrália, entre outros.
Apesar da difusão de diversas religiões pelo mundo, ainda há muita intolerância religiosa,
situações que vamos explicar a seguir.

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Unidade: O Espaço Geográfico das Religiões

Intolerância religiosa

A intolerância religiosa é um conjunto de situações ideológicas e de práticas ofensivas


àqueles que não professam a mesma religião. Em geral, atacam-se com palavras agressivas os
elementos que constituem uma determinada religião, sejam seus símbolos, rituais ou crenças
em santos, deuses ou outros.
Há necessidade de se distinguir uma crítica ou discordância que possa ser feita a uma
determinada crença ou religião, sem, contudo, partir para a ofensa, que leva a situações de
intolerância religiosa.
Segundo a Declaração dos Direitos Humanos e também conforme as legislações brasileiras,
não se permite que por questão religiosa haja tratamento diferente para uma determinada
pessoa ou grupo religioso.
Existem vários exemplos no mundo sobre intolerância religiosa e casos mais graves, como
perseguições religiosas que levaram à morte milhares de pessoas. Há casos de pessoas, grupos
e seitas que se tornam fundamentalistas, e muitas vezes empregam a força contra aqueles que
têm religiões diferentes.
Ao longo da história, há inúmeros exemplos que demonstram tais situações. Esse foi o
caso da Inquisição, na qual a Igreja Católica punia com a excomunhão (expulsão do convívio
da igreja católica), e em alguns casos com a morte na fogueira, aqueles que em princípio
recusavam-se a seguir os preceitos religiosos impostos pela igreja ou ainda aqueles que eram
vistos como hereges, bruxos, entre outros.
Outro exemplo ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), período no qual
milhares de judeus foram perseguidos na Alemanha e enviados aos campos de concentração.
Tal situação levou à morte aproximadamente seis milhões de judeus, que acabaram vítimas do
nazismo, num processo que ficou conhecido como Holocausto.
Atualmente, temos conhecido exemplos ao redor do mundo que são de intolerância
religiosa. Esse é o caso do Talibã, grupo fundamentalista islâmico, bem como do grupo que
se autodenomina Estado islâmico, que têm coibido práticas que sejam diferentes das que
preconizam tais grupos. Tornam-se radicais religiosos.
Isso não significa que todos que professam o islamismo sejam coniventes com tais práticas.
A religião acaba sendo usada como forma de disputas político territoriais.
Tais práticas radicais e fundamentalistas são inconcebíveis do ponto de vista dos Direitos
Humanos, que preconizam a liberdade religiosa e até mesmo a possibilidade de não se ter
nenhuma religião.
No Brasil, há legislações específicas sobre essa questão. O Estado brasileiro é laico, ou seja,
é independente e imparcial em relação às questões religiosas, não se confundindo com uma
religião e nem se contrapondo especificamente a quaisquer crenças e religiões.
Há casos no mundo de estados teocráticos; caso, por exemplo, do Irã, onde o nome do país
reflete essa condição: República Islâmica do Irã.

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Ressalta-se que um Estado laico deve respeitar as diferenças das crenças e religiões
existentes. Isso consta na Constituição Federal do Brasil. No trecho dos “Direitos e Garantias
Fundamentais”, artigo 5º - parágrafo VI, está escrito: “[...] é inviolável a liberdade de consciência
e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da
lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias” (BRASIL, 1988).
Contudo, ainda há muitos casos de intolerância no Brasil que precisam ser coibidos.
Conforme menciona Silva:

A garantia da igualdade em uma sociedade brasileira é o grande


desafio na luta pelos Direitos Humanos, por estarmos em uma
sociedade plural etnicamente, onde a cor da pele ainda é um
estigma. E este é o outro motivo desta intolerância religiosa
de demonizar o universo simbólico da religião do Outro, e
especialmente das religiões afro-brasileiras, cujo motivo pode
ser o racismo histórico, o qual está enraizado na cultura e na
mentalidade dos brasileiros, já que a matriz religiosa africana
chegou nesse país com os africanos escravizados, os quais
estabeleceram e mantiveram relações primárias com os
brancos, o grupo estabelecido, brancos europeus, estabelecendo
diferenças diversas, sobretudo a biológica, para reforçar e instalar
a estigmatização sobre eles e fazer com que estes grupos sociais
africanos se conformassem nesta condição subalternizada
(SILVA, 2011, p. 15).

Seja pelo respeito às leis, seja pelos direitos universais, é fundamental respeitar o princípio
de liberdade religiosa das pessoas.

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Unidade: O Espaço Geográfico das Religiões

Geografia das religiões no Brasil

No Brasil, antes da chegada dos portugueses, os diversos grupos indígenas existentes


possuíam diferentes crenças e religiões. Com o processo de colonização, empreendeu-se a
catequização de parte da população indígena, buscando-se convertê-la ao cristianismo.
Logo, o território ia sendo ocupado pelo colonizador e a religião servia como fator decisivo
nesse processo, já que ao catequizar, os jesuítas aprendiam a língua dos indígenas, erguiam
capelas e igrejas católicas, formando núcleos novos de povoamento português.
Ao mesmo tempo, sobretudo pós século XVI, o comércio e os interesses econômicos fizeram
com que o transporte de mulheres e homens africanos se tornasse um negócio atrativo.
Foram diversos os ciclos de comércio de escravos, que eram provenientes da Costa da
Guiné, Angola, Moçambique, entre outras localidades, e das mais variadas etnias. Havia
aqueles, por exemplo, que tinham crenças animistas e eram politeístas e outros casos de
negros islamizados, cuja religião é monoteísta.
Desse processo de escravidão e migração forçada, surgem religiões como o candomblé,
cujo termo significa culto e oração e apresenta sincretismo religioso, conforme explica
Raul Lody:

O candomblé assume, então, a função de manutenção de uma


memória reveladora de matrizes africanas ou já elaboradas como
afro-brasileiras, criadoras de modelos adaptativos ou mesmo
embranquecidos - nos casos em que a religiosidade brasileira oficial
participa definitivamente desse sistema
(LODY, 1987, p. 10).

Embora a origem da religião seja principalmente de matriz africana, há uma resignificação,


um sincretismo com outras crenças já preexistentes no Brasil. Isso ocorre porque para cada
orixá existente no candomblé, há santos correspondentes da Igreja Católica, como forma de
resistência de uma prática que não era bem vista pelos colonizadores portugueses.
Então, essa religião passou a fazer parte da cultura no Brasil, com seus símbolos, rituais,
danças, comidas e também com a materialidade dos terreiros, geralmente vistos em cidades
brasileiras.
Há casos de preconceito religioso contra religiões e crenças que não são provenientes da
Europa. Contudo, cabe reforçar que não cabe discutirmos o direito de cada um de escolher
sua própria crença.

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Outra religião que vem crescendo no Brasil são as neopentecostais. Conforme informa
Silva:

[...] o enfraquecimento da Igreja Católica, que não conseguiu


acompanhar o ritmo da vida social do país. Com a liberdade e
o pluralismo religiosos, a abertura política, a redefinição do
processo democrático do Brasil, juntamente com a expansão e
o aperfeiçoamento dos meios de comunicação, que estas igrejas
souberam utilizar para seu benefício como recurso estratégico no
esforço de conquistar novos membros e expandir-se territorialmente
com igrejas em áreas pobres do país e do mundo
(SILVA, 2011, p. 8).

As igrejas neopentecostais são evangélicas que acreditam na Teologia da Prosperidade.


Conforme explica o autor, o período de redemocratização, pós 1988, com a nova Constituição
Federal, ampliam-se os adeptos de outras religiões.
Observe o Gráfico 1. Os dados mostram que a maioria da população brasileira declara-se
católica, embora nem todos sejam praticantes assíduos. A partir do Censo de 1991, verifica-
se um aumento dos evangélicos (protestantes, pentecostais etc.), assim como daqueles que se
declaram sem religião.
Gráfico 1: Dados sobre Religição no Brasil (%) - 2010

Fonte: IBGE, 2010

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Unidade: O Espaço Geográfico das Religiões

Saiba Mais

Dados das religiões no Brasil


Os evangélicos foram o segmento religioso que mais cresceu no Brasil no período
intercensitário. Em 2000, eles representavam 15,4% da população. Em 2010,
chegaram a 22,2%, um aumento de cerca de 16 milhões de pessoas (de 26,2 milhões
para 42,3 milhões). Em 1991, este percentual era de 9,0% e em 1980, 6,6%.
Já os católicos passaram de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010. Embora o
perfil religioso da população brasileira mantenha, em 2010, a histórica maioria
católica, esta religião vem perdendo adeptos desde o primeiro Censo, realizado
em 1872. Até 1970, a proporção de católicos variou 7,9 pontos percentuais,
reduzindo de 99,7%, em 1872, para 91,8%.
Esta redução no percentual de católicos ocorreu em todas as regiões, mantendo-se
mais elevada no Nordeste (de 79,9% para 72,2% entre 2000 e 2010) e no Sul (de
77,4% para 70,1%). A maior redução ocorreu no Norte, de 71,3% para 60,6%,
ao passo que os evangélicos, nessa região, aumentaram sua representatividade de
19,8% para 28,5%.
Entre os estados, o menor percentual de católicos foi encontrado no Rio
de Janeiro, 45,8% em 2010. O maior percentual era no Piauí, 85,1%. Em
relação aos evangélicos, a maior concentração estava em Rondônia (33,8%),
e a menor no Piauí (9,7%).
Entre os espíritas, que passaram de 1,3% da população (2,3 milhões) em 2000 para
2,0% em 2010 (3,8 milhões), o aumento mais expressivo foi observado no Sudeste,
cuja proporção passou de 2,0% para 3,1% entre 2000 e 2010, um aumento de
mais de 1 milhão de pessoas (de 1,4 milhão em 2000 para 2,5 milhões em 2010).
O estado com maior proporção de espíritas era o Rio de Janeiro (4,0%), seguido de
São Paulo (3,3%), Minas Gerais (2,1%) e Espírito Santo (1,0%).
O Censo 2010 também registrou aumento entre a população que se declarou sem
religião. Em 2000 eram quase 12,5 milhões (7,3%), ultrapassando os 15 milhões
em 2010 (8,0%). Os adeptos da umbanda e do candomblé mantiveram-se em
0,3% em 2010.
A comparação da distribuição das pessoas de 10 anos ou mais de idade por
rendimento mensal domiciliar per capita revelou que 55,8% dos católicos estavam
concentrados na faixa de até 1 salário mínimo. Mas são os evangélicos pentecostais
o grupo com a maior proporção de pessoas nessa classe de rendimento (63,7%),
seguidos dos sem religião (59,2%). No outro extremo, o das classes de rendimento
acima de 5 salários mínimos, destaca-se o percentual observado para as pessoas
que se declararam espíritas (19,7%).
Fonte: Trecho literal extraído do IBGE, Censo 2010.
Disponível em: <http://goo.gl/LyRsC1>.
Acesso em: 27 abr. 2015.

Há relação entre renda e espaço na definição das religiões existentes no Brasil. Assim,
por exemplo, os espíritas kardecistas têm em geral o maior número entre os com alta
escolarização. Outro aspecto é o fato de que o êxodo rural (movimento do campo para
a cidade), mais comum nos anos 1960 - 1970, trouxe mudanças nas possibilidades de
escolhas religiosas.

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Nas grandes cidades e metrópoles, o número de evangélicos e de pessoas que se declaram
sem religião aumenta em relação às cidades menores e do interior do Brasil, sobretudo do
Sul do Brasil e do Nordeste. Os movimentos migratórios e regionais também levaram a tais
mudanças.
A igreja católica é mais rígida na abertura de novas igrejas, e o sacerdote da igreja católica
tem anos de estudo para tornar-se padre, bispo etc. Já as igrejas neopentecostais, tais como a
Universal do Reino de Deus, a Igreja da Graça de Deus, entre outras, são menos burocratizadas
e hierarquizadas, o que facilita sua expansão geográfica para as periferias das grandes cidades
e para regiões do Brasil com maior fluxo de migrantes.
Tais igrejas utilizam-se de espaços refuncionalizados, como antigas casas de show, cinemas,
galpões de antigas indústrias, entre outros, como espaços para uso de suas igrejas.
Além disso, suas formas de divulgação em grandes shows - em estádios de futebol, também
aliam o uso de espaços profanos para elaborar seus cultos e práticas religiosas.
Há em geral um templo-sede, situado nas áreas centrais ou nos centros expandidos das
grandes cidades e outros inúmeros em bairros periféricos, com pregações em variados tipos de
espaços, incluindo-se aí a própria casa, que pode servir para reunir grupos e fazer pregação.
Ao se obter sucesso, tais espaços vão aumentando e virando uma nova sede da igreja.
Assim, nos bairros mais antigos, é possível ver a igreja católica, e nas periferias populares,
é mais comum a existência de um maior número de igrejas neopentecostais, criando-se uma
territorialidade dessas igrejas, com menos burocracia do que a igreja católica. Sobre isso,
Oliveira explica:

Em um esforço de análise sobre as dinâmicas espaciais das igrejas


pentecostais é possível concluir que os templos religiosos das
diferentes denominações encontram-se espalhados pelo espaço
urbano, sendo que a maioria das igrejas evangélicas pentecostais,
ao contrário da católica e dos centros espíritas, localizam-se em
cômodos comerciais, em sua maioria alugados, construídos sem
a finalidade de serem templos religiosos, nas áreas de maior
concentração comercial dos bairros da cidade
(OLIVEIRA, 2012, p. 155).

Formam espaços coesos, pois geralmente tais igrejas localizam-se perto de pontos de
ônibus, em espaços refuncionalizados, onde se localizam estabelecimentos comerciais etc.,
tornando-se espaços atrativos.
Finalizando, verifica-se que a questão religiosa pode ser mais um elemento a ser analisado
pela Geografia, podendo relacioná-la à expansão geográfica das religiões, às territorialidades
das religiões, aos espaços sagrados, entre outras questões.
É fundamental reiterar que devemos respeitar as religiões e a diversidade cultural e religiosa
existentes. Faz parte da Declaração dos Direitos Humanos a possibilidade de se escolher uma
religião e mesmo de não se ter religião alguma.
Não cabe, portanto, quaisquer formas de intolerância religiosa.

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Unidade: O Espaço Geográfico das Religiões

Material Complementar

Livros:
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo
demográfico 2010: características gerais da população, religião e pessoas com
deficiência. Rio de Janeiro, IBGE, 2012, p. 83 - 105.
Disponível em: http://goo.gl/lNjfmZ.
Acesso em: 16 fev. 2015.
OLIVEIRA, Hélio Carlos Miranda de. Espaço e religião, sagrado e profano: uma contribuição
para a Geografia da religião do movimento pentecostal. Caderno Prudentino de
Geografia, Presidente Prudente, n. 34, v. 2, ago./dez. 2012, p. 135 - 161.
Disponível em: http://revista.fct.unesp.br/index.php/cpg/article/viewFile/2036/2291.
Acesso em: 20 jan. 2015.

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Referências

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para a Geografia da religião do movimento pentecostal. Caderno Prudentino de Geografia,
Presidente Prudente, n. 34, v. 2, ago./dez. 2012, p. 135 - 161.

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Unidade: O Espaço Geográfico das Religiões

Anotações

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