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RELIGIÕES
Introdução
As religiões do Oriente representam um processo transcendental da huma-
nidade e se baseiam na crença de uma existência cíclica, em que a salvação
se dá por meio da responsabilização do próprio indivíduo, e não a partir da
decisão de uma entidade maior que está em constante vigilância diante
das ações terrenas. Seus dogmas e doutrinas são distintos em relação ao
que conhecemos da teologia ocidental; trata-se de religiões mais ligadas ao
contemplativo, à introspecção e ao processo evolutivo cíclico e dinâmico.
Conhecer aspectos tão divergentes de nossa realidade ocidental
nos proporciona a reflexão diante de nossas ações enquanto produtos
de uma cultura linear, regida pelo controle coletivo e pela aceleração
de uma vida cercada por metas e poucos momentos de introspecção.
A teologia oriental parte de preceitos éticos que definem a existência
humana como criadora de possibilidades para consolidar valores morais
necessários ao desenvolvimento dos seres humanos nas suas relações e
em sua organização social.
Por isso, neste capítulo, dedicado ao estudo das religiões orientais,
você vai ser apresentado a um contexto cultural de diferentes povos
orientais. Além disso, vai conhecer de forma objetiva as bases teológicas
das religiões orientais e as diferenças entre elas — especificamente, entre
o budismo, o taoísmo e o confucionismo —, e vai ver a influência que as
religiões do Oriente têm sobre a cultura do Ocidente.
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Confucionismo
O confucionismo surgiu na China, no século VI a.C., fundado por Khoung-
-Fou-Tseu (551–479 a.C.), chamado pelos ocidentais de Confúcio (Figura 2).
Tido como sábio e filósofo, suas ideias transformaram os valores éticos e
sua identidade cultural, e sua influência em diversos países do leste asiático
promoveu avanços socioeconômicos em função da valorização da educação
e do conhecimento. Existem estudiosos que afirmam que o confucionismo é
um sistema filosófico-ético-moral, enquanto outros julgam ser uma religião.
De acordo com o dicionário virtual Significados (CONFUCIONISMO, 2016,
documento on-line):
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A valorização dos ancestrais é a forma pela qual o povo chinês respeita seus
entes queridos, seus antepassados. Assim, os mais velhos são valorizados para
que se possa preservar a sabedoria que podem transmitir às futuras gerações
com o intuito de que assimilem esses ensinamentos e perpetuem a tradição
familiar de seu povo.
Budismo
Sidarta Gautama, conhecido como Buda, nasceu no século VII a.C., e era
herdeiro do trono indiano saquiano — sua vida de luxuria e glória real ante-
cede sua “iluminação” (“Buda” significa o despertado, o iluminado). As suas
experiências aos 29 anos, fora dos muros do palácio, com as enfermidades do
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Vários termos brâmanes foram empregados, mas com significados distintos. Ele
aceita a existência do renascimento por muitas vidas; o Samsâra, que resulta em
novas vidas dependendo do Karma, a lei moral de causa e efeito; juntamente com
a noção da unidade de todas as formas de vida; e o objetivo de autolibertação.
Todas essas noções encontravam-se presentes no Bramanismo praticado nos
dias de Siddhattha Gautama (Kharishnanda, 1988). Estes, no entanto, foram
incorporados com significados próprios (DINIZ, 2010, documento on-line).
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Taoísmo
Lao-tzu ou Lao-tsé, fundador do taoísmo, viveu no século VI a.C. Não contamos
com muitos relatos históricos de sua vida, mas a doutrina do “Tao” representa,
em sua etimologia, estrada, caminho ou vereda. Esse preceito doutrinário se
edifica por meio da harmonia e do equilíbrio da consciência humana com a
sua natureza. “Todavia, Tao é muito mais do que a busca de um caminho a ser
seguido; é definido como a fonte de tudo que existe neste planeta. E ao seguir
o caminho escolhido, os taoistas aspiram à união com Tao; portanto, com as
forças da Natureza” (CAMPOS NETO, 2015, documento on-line).
O taoísmo, assim como o confucionismo, não se tornou uma religião
universal como o budismo, mas passou a fazer parte da cultura de distintos
povos asiáticos.
O equilíbrio entre a mente, o corpo e a natureza é um dos princípios
universais do taoísmo. Segundo Campos Neto (2015, documento on-line),
essa corrente possui duas características que a delineiam: “[...] o taoísmo
religioso, que resolve a busca do Tao e o culto das divindades; e o taoísmo
como completo modo de vida, o que inclui ideias tradicionais sobre a saúde,
por meio da meditação e de exercícios”. A partir desses dois ideários, tem-se
o taoísmo como uma prática religiosa, em que se relaciona a vivência humana
no cerne de suas ações com sua influência ao meio natural, assim como a
reciprocidade da interligação da natureza com o contexto humano, que traz
o equilíbrio entre o plano físico e o espiritual.
Temos dois escritos de grande importância para compreensão da religião
taoísta. Tao Te King foi um escrito político de Lao-tsé direcionado aos gover-
nantes, que, ao segui-lo, teriam a capacidade de governar com benevolência,
harmonia e verdade. Já o livro Tchuang-Tseu, de autor de mesmo nome, seria
um direcionamento para uma filosofia de vida que defende o equilíbrio e a
harmonia dirigidos às pessoas comuns.
Além disso, é fundamental, no taoísmo, os signos Yin Yang, que representam
o equilíbrio da dualidade entre os opostos. Segundo a tradição taoísta, trata-se
do equilíbrio do universo: Yin e Yang são complementares e um não existe
sem o outro. Por meio deles, tudo se harmoniza e entra em consonância com
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as leis universais da vida; com isso, seguir uma vida pregressa ao equilíbrio
seria equilibrar nossa consciência com base em atitudes virtuosas.
O taoísmo acredita que Yin e Yang, portanto, seriam energias que constituem
o equilíbrio do universo, opostas e complementares, e a essência de tudo que
existe na realidade. Dessa maneira, mesmo sendo opostas, atraem-se e criam
o princípio da dualidade, que expressa a divisão, e o princípio da unicidade,
que transmite a ideia de união. A representação dessas energias seria em forma
de um círculo, dividida formando dois extremos que podem ser definidos da
seguinte forma (Figura 3):
Segundo o taoísmo, seres humanos que levaram uma vida de grandes realizações
ligadas a virtudes universais se tornam deuses imortais. Dessa forma, os taoístas rezam
para seus deuses pessoais seguindo seus exemplos de vida. Pode-se destacar, entre
outras divindades, “os três puros”, “a primordial celestial digna, “o tesouro celestial
digno” e o “caminho celestial digno”.
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Leitura recomendada
MONJA COEN. Brasil: [S. n.], 2012. Disponível em: https://www.youtube.com/c/Monja-
Coen/about. Acesso em: 10 ago. 2020.
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