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AMÉRICA: ORIGEM
E COLONIZAÇÃO
Introdução
Chamamos de “sociedades mesoamericanas” um conjunto de povos
que compartilharam historicamente algumas características culturais,
econômicas, políticas e sociais, embora preservando até certo ponto
sua diversidade e heterogeneidade formativa. Os astecas e os maias são
exemplos desses povos, e despertam fascínio dos pesquisadores e do
público em geral por sua riqueza cultural e pelas constantes descobertas
arqueológicas que permitem conhecermos mais sobre essas sociedades.
Neste capítulo, você vai estudar como se organizavam política e
socialmente os astecas e os maias, além de suas práticas comerciais
e econômicas. Por fim, conhecerá um pouco mais sobre a cultura, a
religiosidade e os ritos das sociedades mesoamericanas.
1 Os maias e os astecas
Ao longo do tempo, a região da Mesoamérica foi ocupada por diferentes
povos, sendo os astecas (ou mexicas) e os maias exemplos desses grupos.
Muitos deles coabitaram o território da América Central de forma sincrônica,
enquanto outros estão afastados cronologicamente em função de processos
distintos, como mesclas culturais.
2 Sociedades mesoamericanas
Os astecas
O povo mexica recebeu a denominação de “asteca” no século XIX, como
referência ao seu local de origem mítica, Aztlán. Anteriormente, essa cultura
era referenciada como “mexica” ou “mexicana”, vinculada ao seu nome étnico,
4 Sociedades mesoamericanas
Os maias
Em comparação com os mexicas ou astecas, os maias são um povo que apre-
senta mais desafios na hora de desvendar sua cultura e sua história, em função
de certas lacunas em seus próprios registros, fazendo com que “apareçam” em
determinados momentos e depois “desapareçam” (NAVARRO, 2008). Essas
lacunas não advêm apenas de dificuldades de conservação de sua cultura
material, mas também de análises provenientes dos registros arqueológicos,
que demonstram que muitos de seus centros urbanos foram simplesmente
abandonados por seus habitantes, bem como das fontes escritas, que não
propiciam relatos continuados, e sim uma narrativa episódica.
O território ocupado pelos maias estendia-se por uma região que hoje cor-
responde ao sul do México, Belize, El Salvador, Guatemala e Honduras. Essa
zona pode ser dividida em três áreas distintas, com características climáticas e
geográficas próprias, que influenciaram sua ocupação e o desenvolvimento de
atividades humanas: a região das “Terras Altas”, uma zona montanhosa, com
numerosos lagos, vales e vulcões; a região das “Terras Baixas”, ou Petén, com
grande densidade vegetal e cortada por muitos rios; e a península de Yucatán,
uma região de savanas e com áreas de mata tropical (NAVARRO, 2008).
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2 A economia na Mesoamérica
Historicamente, a economia da região mesoamericana foi marcada pelas práti-
cas agrícolas, que variaram de região para região, em função das características
climáticas e geográficas, e pelas rotas comerciais, de curta e longa distância.
Os mexicas possuíam uma economia fundamentalmente agrícola, centra-
lizada e dirigida aos interesses de Tenochtitlán e ao abastecimento da elite
guerreira, ainda que sua maior fonte de renda fosse a cobrança de impostos
das cidades e territórios submetidos (SILVA GALDAMES, 1992).
Assim como o comércio, a cobrança de impostos foi muito importante para dife-
rentes povos da Mesoamérica. Os mexicas desenvolveram um complexo sistema de
tributação das cidades e territórios submetidos, e esses valores foram responsáveis
pelo desenvolvimento econômico de Tenochtitlán. Os impostos não eram pagos de
forma individual, mas por coletividades, e podiam ser quitados por meio de produtos,
da prestação de serviços e de pessoas destinadas a sacrifícios humanos. Os valores
arrecadados pelos tlatoque, remetidos ao tlatoani, eram destinados às despesas do
palácio e da corte, gastos militares, usos religiosos, obras públicas e para o comércio
de longa distância (SILVA GALDAMES, 1992).
O ritual mexica de sacrifício humano era muito elaborado e em sua maior parte era
comandado pelos sacerdotes. Antes das cerimônias, era comum que se praticasse
algum tipo de abstinência, como deixar de comer, de lavar-se com sabão ou de
ter relações sexuais. Normalmente, oferecia-se sangue extraído com espinhos
de maguey, através do autossacrifício, ou o sangue de outros seres vivos, que
podiam ser codornas, borboletas ou veados, entre outros. O ritual de sacrifício
humano, no qual, entre outras coisas, se extraía o coração das vítimas, era um dos
ritos sangrentos, mas não o único que envolvia sangue humano. Como um ritual,
o sacrifício conformava a maneira específica pela qual se buscava estabelecer
a comunicação com o sobrenatural, por meio de uma oferenda, que neste caso
mesoamericano apresenta-se como o sangue vertido “das vítimas”.
problemas dez anos antes da chegada dos espanhóis. Esses presságios estavam
ligados a fenômenos astronômicos (cometas) e naturais, que foram interpretados
de maneira negativa pelos mexicas (MORAIS, 2006).
A partir de todas essas considerações do ponto de vista cultural, econômico,
político e religioso, podemos afirmar que os povos mexica e maia possuíam
alguns elementos em comum, que estruturavam suas sociedades, mas também
diferenças no que diz respeito a suas existências e suas dinâmicas próprias no
território da América Central. Ambas as sociedades nos legaram uma cultura
material muito rica, e, frequentemente, ainda são publicadas notícias referen-
tes à descoberta de novos sítios arqueológicos. Dessa forma, a aproximação
histórica a esses povos está em constante construção.
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