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HISTÓRIA DA

AMÉRICA: ORIGEM
E COLONIZAÇÃO

Caroline Silveira Bauer


Sociedades
mesoamericanas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Analisar as características políticas e sociais dos povos astecas e maias.


 Explicar os aspectos econômicos desenvolvidos na Mesoamérica.
 Identificar as diferentes culturas e religiosidades da Mesoamérica.

Introdução
Chamamos de “sociedades mesoamericanas” um conjunto de povos
que compartilharam historicamente algumas características culturais,
econômicas, políticas e sociais, embora preservando até certo ponto
sua diversidade e heterogeneidade formativa. Os astecas e os maias são
exemplos desses povos, e despertam fascínio dos pesquisadores e do
público em geral por sua riqueza cultural e pelas constantes descobertas
arqueológicas que permitem conhecermos mais sobre essas sociedades.
Neste capítulo, você vai estudar como se organizavam política e
socialmente os astecas e os maias, além de suas práticas comerciais
e econômicas. Por fim, conhecerá um pouco mais sobre a cultura, a
religiosidade e os ritos das sociedades mesoamericanas.

1 Os maias e os astecas
Ao longo do tempo, a região da Mesoamérica foi ocupada por diferentes
povos, sendo os astecas (ou mexicas) e os maias exemplos desses grupos.
Muitos deles coabitaram o território da América Central de forma sincrônica,
enquanto outros estão afastados cronologicamente em função de processos
distintos, como mesclas culturais.
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No período formativo (de 2000 a.C. a 250 d.C.), viviam na Mesoamérica


os olmecas, as chamadas culturas de Izapa e um grupo que posteriormente
daria origem à sociedade maia, chamados maias “pré-clássicos” ou proto-
maias. Durante o período clássico (de 250 d.C. a 900 d.C.), outras culturas
se destacaram nesse território: a de Teotihuacán, a de El Tajín, os maias
“clássicos” e a de Monte Albán/zapotecas. No período pós-clássico (de 900
a 1521), a região era ocupada pelos toltecas, pelos maias “pós-clássicos” ou
maias-toltecas, pelos mixtecos e pelos mexicas, também conhecidos como
astecas (BETHELL, 1990)
Neste capítulo, privilegiaremos a história dos astecas e dos maias. Cada uma
dessas sociedades ocupava territórios diferentes da Mesoamérica, conforme
o mapa da Figura 1. Os astecas ocupavam a região central do atual México,
um vale com lagos e ilhas. Já os maias viviam na península de Yucatán e nos
atuais territórios de Belize, El Salvador, Guatemala e Honduras. Isso significa
que precisamos recuperar brevemente um histórico da Mesoamérica para
compreendermos a constituição desses povos.

Figura 1. Regiões ocupadas por astecas e maias na Mesoamérica.


Fonte: Adaptada de Mapa... ([2007]).
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Os achados arqueológicos estabelecem que os primeiros povos a ocuparem a


Mesoamérica no período pré-formativo foram os olmecas, situados na costa sul
do Golfo do México, considerados uma das matrizes para os demais povos meso-
americanos, com os quais compartilharam muitas características. Expandiram-se
por diversas regiões da Mesoamérica devido à prática do comércio de longa
distância. Além disso, por meio do contato e da integração com outros povos,
como os huaxtecas, maias e nahuas, deram origem aos “olmecas históricos”, que
foram contemporâneos dos astecas. Podemos citar como legado dos olmecas
para as demais sociedades mesoamericanas o uso da obsidiana como artefato e o
cultivo do milho (milpa); o calendário; o culto ao sol; as construções escalonadas
e piramidais como local de culto; o jogo de bola; o jaguar e a serpente como
símbolos totêmicos; e a escrita (BETHELL, 1990).
Já as chamadas culturas de Izapa adquiriram relevância regional após as
transformações ocorridas na cultura olmeca, que teriam levado a seu “desapa-
recimento” nos moldes originais, com o abandono de alguns centros urbanos.
Essas culturas ocuparam quatro principais núcleos e suas cercanias: o México
central, o Vale de Texcoco, a costa sul do Golfo do México e a Guatemala. Os
maias pré-clássicos ou protomaias teriam desenvolvido sua cultura a partir de
grupos que se instalaram nos atuais territórios da Guatemala e de Honduras.
O território central do atual México, conhecido como planalto de Anáhuac
(em nahuatl, “lugar de água”), e mais especificamente a região do Vale do
México e do Lago de Texcoco, foi o espaço da Mesoamérica com maior di-
versidade e interrelação entre diferentes culturas e etnias. Ao longo do tempo,
foram diversos os polos regionais hegemônicos: Teotihuacán, Tula e Tenochti-
tlán. Em 1519, quando os espanhóis alcançaram a região do Vale, os astecas
(mexicas) dominavam toda essa região, e quase todo o planalto, com exceção
de alguns reinos e senhorios que resistiam ao seu domínio. Além disso, os
astecas dominavam uma rede comercial bastante extensa, que compreendia
a Mesoamérica e o interior da América Central. Os astecas se apresentavam
como unificadores da cultura nahua ou chichimeca e descendentes daqueles
que haviam, anteriormente, ocupado Teotihuacán e Tula (BETHELL, 1990).
Vejamos a seguir mais detalhes sobre os astecas e os maias.

Os astecas
O povo mexica recebeu a denominação de “asteca” no século XIX, como
referência ao seu local de origem mítica, Aztlán. Anteriormente, essa cultura
era referenciada como “mexica” ou “mexicana”, vinculada ao seu nome étnico,
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e, historicamente, ao povo de origem nahua que ocupou e unificou os governos


de Tenochtitlán. Entre si, referiam-se como “tenochcas”, em função de seu
herói mítico, Tenoch, que teria liderado a migração do povo para o Vale do
México. Alguns historiadores afirmam que os astecas teriam formado um
império em função das heranças das experiências de Teotihuacán e de Tula,
e pelas influências no desenvolvimento econômico e político de toda a Me-
soamérica, mas essa visão é contestada por outros pesquisadores, em função
da inexistência da visão de “império” para aquele povo (BETHELL, 1990).
Os mexicas formaram-se antes do século XII, assentaram-se no Vale do
México e fundaram Tenochtitlán entre 1200 e 1440, sendo conquistados pelos
espanhóis entre 1519 e 1521. Sobre suas origens, temos um relato mítico e as in-
formações provenientes de fontes arqueológicas, etno-históricas e linguísticas.
De acordo com o relato mítico, os mexicas teriam sua origem em uma
caverna de sete grutas, Chicomoztoc (em nahuatl, “as sete bocas”), onde teriam
sido criados pelos deuses. O primeiro lugar a ser ocupado pelos mexicas teria
sido Aztlán (em nahuatl, “o lugar das garças”), de onde migraram em direção
a Tula e, posteriormente, ao Lago Texcoco, onde, em uma ilha, fundaram
Tenochtitlán (em nahuatl, “cactos sobre pedra” ou “o lugar de Tenoch”), a
mando de Huitzliopochtli, um sacerdote deificado, que teria tido a visão de
uma águia devorando uma serpente enquanto pousada em um cacto em uma
ilha do lago. Segundo Bethell (1990), Huitzliopochtli também teria sido quem
ordenou a migração do povo mexica, e, posteriormente, Tenoch, o fundador
de Tenochtitlán, teria dado origem ao assentamento.
Do ponto de vista arqueológico, etno-histórico e linguístico, sabemos que
os mexicas foram um dos povos que participaram das invasões nahuas à região
do Vale do México entre os séculos XII e XIII. Sob a liderança de Huitzliopo-
chtli, passaram por Tula e se assentaram em diferentes lugares, até alcançar as
margens do Lago Texcoco. Devido às alianças e aos conflitos com outros povos
estabelecidos na região, foram obrigados a se refugiar em uma das ilhas do
lago, fundando as cidades de Tlatelolco e Tenochtitlán. A partir de então, por
meio de diversas alianças com os senhores de outros povos e cidades, expan-
diram seu poder pela região, principalmente a partir da formação da tríplice
aliança entre Tenochtitlán, Texcoco e Tacuba. O chamado “Império” Asteca,
iniciado por Itzcóatl e sucedido por Motecuhzoma I Ilhuicamina, tratava-se
muito mais de uma “confederação” ou de um domínio de Tenochtitlán sobre
outras cidades e regiões a partir de relações de vassalagem (BETHELL, 1990).
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Durante o governo de Motecuhzoma I Ilhuicamina (1440–1469), nome que,


em nahuatl significa “cólera divina”, os mexicas expandiram-se para o norte
do México e para a região do Golfo. Em seu governo, ocorreram as chamadas
“guerras floridas” com Huexozingo e Tlaxcala, além de serem realizadas
reformas políticas e sociais (SOUSTELLE, 2002).
Seu sucessor, Axayácatl (1469–1481), anexou Tlatelolco a Tenochtitlán
e expandiu seus domínios a Oaxaca e Tehuantepec, mas foi derrotado pelos
tarascos. Acabou sucedido por Tizoc (1481–1486), que empreende a reorga-
nização urbana de Tenochtitlán (SOUSTELLE, 2002).
Ahuizotl (1486–1502) foi o responsável pelas conquistas mexicas de parte
do território da Guatemala, dominando as antigas rotas comerciais de longa
distância da região. Em seu governo, também houve inúmeras revoltas locais
de resistência à dominação mexica (SOUSTELLE, 2002).
Motecuhzoma II Xocoyotzin (1502—1520), em nahuatl, “o jovem”,
anulou a tríplice aliança, submeteu Texcoco e estendeu as conquistas
mexicas em direção a Oaxaca e a outras regiões da área central do Mé-
xico. Durante seu governo, estabeleceu-se o contato com Hernán Cortés.
Em um primeiro momento, o espanhol procurou dominar Tenochtitlán
por meios diplomáticos, o que fracassou, iniciando-se as hostilidades.
Motecuhzoma II morreu em um ataque dos espanhóis à cidade em junho
de 1520. Tenochtitlán foi derrotada na chamada “Noite Triste” ou “Batalha
de Otumba”, e os espanhóis estabeleceram uma aliança com outros po-
vos indígenas, principalmente com os tlaxcaltecas, contra o domínio dos
mexicas. Cuitlahuac (1520), sucessor de Motecuhzoma II, logo morreu de
varíola e foi sucedido por Cuauhtémoc (1520–1521), o último tlatoani de
Tenochtitlán, derrotado e capturado pelas tropas de Cortés. Entre maio e
agosto de 1521, os espanhóis e seus aliados indígenas sitiaram e renderam
Tenochtitlán (SOUSTELLE, 2002).
A sociedade dos mexicas era hierarquizada, e baseava-se nos calpulli e na
meritocracia. Os calpulli (em nahuatl, “clã” ou “comunidade”) eram comuni-
dades formadas mais por relações econômicas e políticas, ou por caráter local
ou geográfico, do que por relações sanguíneas ou de parentesco. Essa estrutura
sofreu muitas modificações ao longo do tempo, devido às consequências do
expansionismo mexica. Sendo uma sociedade hierarquizada, existia uma
possibilidade de ascensão social a partir de valores meritocráticos vinculados
aos êxitos obtidos em questões militares.
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Na estrutura social mexica, havia dois grupos. O primeiro deles, a elite


dirigente, era formada por uma nobreza guerreira, que se subdividia em
dois estratos: os tetecuhtin (em nahuatl, “chefes” ou “senhores”), que eram
designados pelo tlatoani (em nahuatl, “governante”), e exerciam as funções
de chefes militares, cumprindo também funções jurídicas e políticas, e, desta
forma, integrando a administração; e os pipiltin (em nahuatl, “filhos” ou “crian-
ças”), descendentes dos tetecuhtin ou daqueles que ascenderam socialmente
por méritos militares. Os pipiltin recebiam uma formação militar, política e
religiosa. Essa elite possuía vantagens como a isenção de tributos e o direito
de possuir terras (BETHELL, 1990).
O segundo grupo, composto pelo “povo” e organizado em calpulli, era
chamado de macehualli (em nahuatl, “pessoas comuns”). Dentro desse grupo,
havia distinções: aqueles que trabalhavam nas terras comunais, pagavam
impostos e prestavam o serviço militar; os servos ou mayeque (em nahuatl,
“mãos da terra”); os tlamemes (em nahuatl, os “carregadores”), responsáveis
pelo transporte de mercadorias em suas costas, o que poderia ser uma forma
específica de servidão. De acordo com Betthell (1990), os jovens possuíam
instrução militar e religiosa, com separação dos gêneros.
Cada calpulli possuía uma liderança, o calpullec, que era eleito pelos demais
membros e ficava isento de serviços e tributos. Ele ficava responsável pela
divisão das terras do grupo e controlava a cobrança de impostos. No governo
do calpulli também se destacava a figura do teochcautin, um oficial de justiça,
encarregado de manter a ordem pública.
Entre os mexicas, havia escravos (em nahuatl, tlacohtli), que eram usados
como mão-de-obra e como oferendas para sacrifícios, desde que tivessem sido
escravizados em função de guerra ou tivessem sido comprados. A escravidão
não era hereditária. Entre os escravos, havia uma distinção em dois grupos:
os escravos mexicas, que eram escravizados em função de dívidas ou pela
venda de si próprio, ou ainda por questões penais; e os prisioneiros de guerra,
que eram destinados aos sacrifícios, demonstrando a outros povos a força e
o poder dos mexicas.
Por fim, havia o grupo de pochtecas (em nahuatl, “comerciantes”), que
exerciam a atividade comercial de forma regulada pela administração, que se
utilizava de agentes diplomáticos e espiões como forma de controle do grupo.
Ao longo do tempo, adquiriam prestígio, tornando-se isentos de alguns tributos
e aptos a possuírem terras.
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Embora a denominação “Império” Asteca possa questionada, houve certas especifici-


dades quanto à organização política durante o período de domínio dos mexicas e de
Tenochtitlán sob a região. Essa organização pode ser classificada como uma teocracia
militarizada, embora não se tratasse de um estado unificado ou um reino. Sua unidade
advinha de uma rede de impostos e tributação, em que diferentes cidades e regiões
reconheciam a autoridade do tlatoani de Tenochtitlán, e se submetiam à sua soberania.
Cada tlatoani local possuía um conselho (tlatocan), que reunia autoridades locais
e regionais, religiosas e seculares, com funções consultivas e de assessoramento. No
palácio, havia seções, com atribuições econômicas, jurídicas e militares. Nessa estrutura,
os escribas possuíam uma função muito importante. Eram recrutados entre a nobreza,
e recebiam o nome de tlacuilo (em nahuatl, “pintor de palavras”). Houve cerca de 38
cidades ou províncias submetidas e tributárias a Tenochtitlán, cada uma com autonomia
administrativa e institucional. Cada qual era supervisionada por um tlatoani, que garantia
a ordem e fiscalizava o pagamento de tributos (BETHELL, 1990, SOUSTELLE, 2002).

Os maias
Em comparação com os mexicas ou astecas, os maias são um povo que apre-
senta mais desafios na hora de desvendar sua cultura e sua história, em função
de certas lacunas em seus próprios registros, fazendo com que “apareçam” em
determinados momentos e depois “desapareçam” (NAVARRO, 2008). Essas
lacunas não advêm apenas de dificuldades de conservação de sua cultura
material, mas também de análises provenientes dos registros arqueológicos,
que demonstram que muitos de seus centros urbanos foram simplesmente
abandonados por seus habitantes, bem como das fontes escritas, que não
propiciam relatos continuados, e sim uma narrativa episódica.
O território ocupado pelos maias estendia-se por uma região que hoje cor-
responde ao sul do México, Belize, El Salvador, Guatemala e Honduras. Essa
zona pode ser dividida em três áreas distintas, com características climáticas e
geográficas próprias, que influenciaram sua ocupação e o desenvolvimento de
atividades humanas: a região das “Terras Altas”, uma zona montanhosa, com
numerosos lagos, vales e vulcões; a região das “Terras Baixas”, ou Petén, com
grande densidade vegetal e cortada por muitos rios; e a península de Yucatán,
uma região de savanas e com áreas de mata tropical (NAVARRO, 2008).
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Em relação à origem e à composição étnica dos maias, é importante destacar


que não se trata de um grupo étnico homogêneo, mas sim de um conjunto de
aproximadamente 20 grupos linguísticos distintos, existindo diferentes teorias
sobre sua origem, todas relacionadas à ocupação prévia das Terras Altas ou
da costa de Honduras. Sua história tem quase 3.500 anos, e, portanto, os his-
toriadores estabeleceram uma cronologia a partir de determinados referentes
proporcionados pelas fontes primárias: os protomaias ou maias pré-clássicos,
entre 4 mil a 1.750 anos atrás, um período de formação da sociedade maia nas
Terras Altas; os maias clássicos (250–900), ou maias de Petén; e os mais pós-
-clássico (900–1500), ou maias de Yucatán, um período maia-tolteca. Vejamos
mais algumas informações de cada um desses períodos (NAVARRO, 2008).
No período formativo, havia um núcleo de atividades de um povo nas Terras
Altas, que deu origem aos maias. Esse povoamento contava com centros como
Cuello (entre Belize e Honduras), Chiapa de Corzo (em Petén) e Ocós (Terras
Altas, na costa do Pacífico). Alguns pesquisadores defendem que a formação
dos maias possuiu influência olmeca, em função de uma rota comercial e eco-
nômica estabelecida pelo cacau e pela obsidiana. Há cerca de 2.400 anos atrás,
esses povos migraram para regiões mais baixas, assentando-se e colonizando
Petén. Essa migração ocorreu acompanhando rotas comerciais e margens de
rios. Entre 2.600 a 1.750 anos atrás, formaram-se os primeiros centros urbanos,
como cidades–estados, chamadas em maia de ajawob: Kaminalju-yú e Izapa,
nas Terras Altas; e Calakmul, Edzná. El Mirador, Tayasal, Tikal e Uaxactún
nas Terras Baixas. Os achados arqueológicos nos demonstram que eram todas
cidades fortificadas, o que pode ser um indício de desagregação política e
acirrada rivalidade (NAVARRO, 2008).
O período clássico, que vai do ano 250 a 900, representa o domínio dos
maias sobre Petén, com grande prosperidade econômica, política e social de
suas cidades, que exerciam influência sobre os territórios e os povos da região
e que atraiam potências mais afastadas, como Teotihuacán. Esse foi um período
caracterizado por dois principais desafios para os maias: a questão climática,
que afetou diretamente sua economia e sua estabilidade social; e os constantes
enfrentamentos entre as cidades, que criavam um clima de ameaça constante. De
acordo com Navarro (2008), durante o período clássico, havia cerca de 50 grandes
centros urbanos maias, com destaque para Calakmul, Copán, Palenque e Tikal.
Somando-se às rivalidades locais, nesse período começa a surgir a influência
crescente de Teotihuacán, tanto no controle do comércio de longa distância
quanto na intervenção direta na política da região. Assim, Teotihuacán esta-
beleceu alianças com algumas cidades, entrando em conflito com outras. Essa
dinâmica fez com que, a partir do século VIII, houvesse na região a presença
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e a influência de elementos mexicas, por migração e assentamento de povos


toltecas, mas também por sua contratação como mercenários (GENDROP, 2005).
Foi então que, no século X, ocorreu um fenômeno que levou ao colapso da
sociedade maia, muito embora os especialistas não encontrem um consenso
sobre o que teria se passado. As explicações variam de causas naturais, revoltas
em função da cobrança de impostos e de serviços até a constante migração
de mexicas e toltecas. A última estela, uma espécie de monumento maia que
representava seus governantes, foi erguida em 909. Posteriormente, todos os
centros urbanos maias de Petén foram abandonados, ocorrendo uma ruralização
da população, que migrou para outras regiões, sobretudo para a península de
Yucatán, juntamente com os invasores mexicas e toltecas (NAVARRO, 2008).
No período pós-clássico, de 900 à chegada dos espanhóis, os maias passa-
ram a ocupar a península de Yucatán, tendo assimilado os invasores mexicas
e toltecas, embora esses últimos tenham mantido parte de sua identidade ao
conservar as linhagens de governantes, além de terem contribuído à cultura
maia com elementos bélicos, sacrifícios e o culto à Quetzalcoatl-Kukulcán.
Com essa migração, foram recuperados alguns centros clássicos de Yucatán
anteriormente abandonados, como Izamal, Chichén-Itzá e Uxmal, e surgem
novas cidades, como Mayapán e Mani. Foi estabelecida uma rede de alianças
dinásticas e de linhagem entre as cidades, com variações na hegemonia,
alternando-se a liderança no domínio econômico, militar e político da região
(NAVARRO, 2008).
As guerras contínuas entre as cidades levaram a população e a elite a
migrarem para outras regiões, principalmente para as Terras Altas. Quando os
espanhóis chegaram à região, encontraram apenas alguns chefes locais, sem
muito poder. Os últimos vestígios dos maias desse período foram encontrados
em Tayasal, em Petén, em 1697 (GENDROP, 2005).
O que temos então são três períodos com características próprias, ao longo
de um longo recorte temporal. Isso significa que a organização política e social
dos maias também variou ao longo do tempo. Os maias “antigos” organizavam-
-se socialmente segundo a linhagem familiar ou de sangue, em uma estrutura
hierarquizada e fechada, com domínio absoluto da elite em relação ao restante
da população. Esse domínio se dava por meio do conhecimento científico e
religioso, transmitido nos templos, que era privilégio desse estrato.
Havia, portanto, uma elite dirigente, formada por linhagens governantes,
constituindo um estrato responsável por questões administrativas, científicas,
militares e religiosas. Abaixo, encontrava-se um grande grupo, o “povo”,
submetido a essa elite, composto pelos camponeses, que cumpriam obrigações
em uma relação de servidão à elite (cultivo de terras, obras públicas e cons-
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trução de centros cerimoniais), e pelos artesãos, que produziam próximos ao


centro cerimonial, e cuja produção era destinada ao consumo da elite e para
o comércio com outras cidades e povos. Havia também os escravos, em sua
maioria prisioneiros de guerra destinados ao sacrifício, e poucos de caráter
privado, em função da condenação por delitos (GENDROP, 2005).
Em função da rigidez da estruturação social e a situação de submissão
do povo à elite, os maias viviam em uma situação conflituosa latente, o que,
muitas vezes, levou a conflitos, enfrentamentos e revoltas bastante graves,
que chegam a ser consideradas o motivo para seu colapso como sociedade.
Os diferentes centros urbanos maias, cidades–estados chamadas ajawob,
nunca configuraram um reino ou um estado unificado, sendo, portanto, ques-
tionável — assim como no caso dos astecas — o uso do termo “império” para
se referir a esse conjunto de cidades. Apenas durante o período pós-clássico,
em Yucatán, houve algumas tentativas de se buscar a unidade, sob a Liga de
Mayapán, com o estabelecimento de uma confederação e uma mesma dinastia
nos governos, mas que durou pouco tempo (GENDROP, 2005).
As ajawob organizavam-se da seguinte maneira: havia o ajaw ou halach–
uinic (em maia, respectivamente “rei” ou “senhor” e “o homem que é” ou
“homem verdadeiro”), que era o chefe civil, militar e religioso; a administração
tinha sede em palácio, com um conselho e assessores de política externa, que
também se ocupavam de assuntos como comércio, diplomacia a guerra; e em
cada distrito das cidades havia uma pessoa, o ahau (“cabeça”, em maia), que
desempenhava funções administrativas e judiciárias; nas aldeias e outras
localidades, havia o batabub, uma espécie de “prefeito”. Novamente, assim
como entre os astecas, os escribas possuíam uma função muito importante
para os maias. Os demais funcionários eram provenientes da elite. Além disso,
havia uma estrutura militar permanente, com um comandante, outras patentes
militares e diversas tropas (GENDROP, 2005).
Culturalmente, os sábios e os sacerdotes maias foram responsáveis por
inúmeras criações artísticas. Também se destacavam arquitetonicamente, na
escultura e nas pinturas murais. Possuíam uma escrita hieroglífica, e muitos de
seus escritos, gravados em diferentes materiais, foram encontrados. Além disso,
possuíam vários tipos de calendários, bastante precisos, em uma complexa
forma de contagem do tempo. Ainda possuíam um conceito e um símbolo
para “zero”, que provavelmente herdaram dos olmecas (BETHELL, 1990).
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2 A economia na Mesoamérica
Historicamente, a economia da região mesoamericana foi marcada pelas práti-
cas agrícolas, que variaram de região para região, em função das características
climáticas e geográficas, e pelas rotas comerciais, de curta e longa distância.
Os mexicas possuíam uma economia fundamentalmente agrícola, centra-
lizada e dirigida aos interesses de Tenochtitlán e ao abastecimento da elite
guerreira, ainda que sua maior fonte de renda fosse a cobrança de impostos
das cidades e territórios submetidos (SILVA GALDAMES, 1992).

Assim como o comércio, a cobrança de impostos foi muito importante para dife-
rentes povos da Mesoamérica. Os mexicas desenvolveram um complexo sistema de
tributação das cidades e territórios submetidos, e esses valores foram responsáveis
pelo desenvolvimento econômico de Tenochtitlán. Os impostos não eram pagos de
forma individual, mas por coletividades, e podiam ser quitados por meio de produtos,
da prestação de serviços e de pessoas destinadas a sacrifícios humanos. Os valores
arrecadados pelos tlatoque, remetidos ao tlatoani, eram destinados às despesas do
palácio e da corte, gastos militares, usos religiosos, obras públicas e para o comércio
de longa distância (SILVA GALDAMES, 1992).

Entre os mexicas, havia a ideia de propriedade privada, com distinções


entre propriedade individual e coletiva. A propriedade privada individual
estava reservada para a elite guerreira e ao palácio e aos templos, enquanto
a propriedade das terras dos macehuales era comunal entre os calpulli, que a
dividiam para usufruto de seus membros.
Em relação às práticas agrícolas, as atividades dos mexicas eram bastante
variadas. Alguns povos conheciam e utilizavam misturas fertilizantes; outros
usavam complexos sistemas de drenagem e irrigação. Nas regiões montanhosas,
o cultivo era realizado em terraços, enquanto na região central do México
existiam as chinampas, ou jardins flutuantes, em uma espécie de cultivo
hidropônico, em que se cultivavam flores e hortaliças (BETHELL, 1990).
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Os maias possuíam uma economia de base fundamentalmente agrícola,


centralizada e voltada para os interesses da elite e para as necessidades dos
centros cerimoniais. A agricultura era a principal fonte de riqueza das dife-
rentes cidades maias e a atividade que ocupava a maior parte da população. Os
principais produtos cultivados eram a abóbora, o feijão, o milho e o tomate,
além de frutas. Também eram cultivadas matérias-primas utilizadas em ar-
tesanatos e como moeda de troca nas transações comerciais: algodão, cacau,
agave, tabaco e seiva. Os mexicas cultivavam basicamente os mesmos produtos.
Como dito anteriormente, a manutenção da produtividade agrícola foi um
problema frequente para os maias, em função de condições climáticas (havia
estações de chuva que podiam durar quatro meses) e pela qualidade do solo. A
propriedade da terra entre os maias era coletiva, gestionada e distribuída para
usufruto da elite dirigente, que utilizava o trabalho dos camponeses em regime de
servidão, como vimos no tópico anterior. Além disso, os camponeses deviam pagar
tributos na forma de trabalho para o governo, fosse na construção de obras públicas
vinculadas ao sistema produtivo, de obras hidráulicas ou roçagem do terreno ou na
construção e manutenção dos centros cerimoniais (SILVA GALDAMES, 1992).
Em relação aos animais, os maias criavam coelhos e pavões. Além disso,
caçavam antas e cervos e praticavam a pesca em rios. Os mexicas, de modo
similar, também criavam e caçavam animais, além de realizar a pesca em
lagos (SILVA GALDAMES, 1992).
Quanto ao artesanato, os maias praticavam essa atividade dentro de uma
“economia palaciana”, ou seja, um artesanato a serviço da elite, fosse para
produtos de construção (cal e pedra), para a confecção de itens para as cerimô-
nias e rituais ou para o comércio de longa distância. Podiam fabricar também
artesanato destinado ao consumo doméstico, bem como instrumentos de
trabalho, como têxteis, cerâmica, esteiras, cordões, instrumentos de obsidiana,
etc. Os astecas seguiram uma lógica semelhante, sendo que o artesanato
dedicado à elite era vinculado aos teccali e ao palácio do tlatoani. Além dos
mesmos produtos fabricados pelos maias, desenvolviam também armas e
outros equipamentos bélicos (SILVA GALDAMES, 1992).
Em relação ao comércio, os mexicas se organizavam da seguinte forma:
os calpulli, as cidades e as regiões entregavam aos soberanos de Tenotchtitlán
uma grande quantidade de mercadorias agrícolas. Além disso, como já mencio-
nado, havia uma classe específica de comerciantes mexicas, os pochtecas, que
levavam uma enorme quantidade de produtos para o mercado de Tlatelolco.
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Segundo Bethell (1990), a expansão do comércio de curta e longa distância


se deveu às necessidades de satisfazer as exigências da nobreza enriquecida
e das cerimônias religiosas.
Aos poucos, devido à importância que os pochtecas passaram a desem-
penhar na sociedade mexica, houve uma organização dos comerciantes, que
se especializaram no comércio de escravos, metais preciosos, tabaco, cacau,
animais, papel, trigo e outros produtos. Sob sua supervisão estavam a admi-
nistração dos mercados e o estabelecimento de normas de trocas. Chegaram
a atuar no palácio como conselheiros econômicos do governante supremo no
conselho do tesouro (BETHELL, 1990).
Para os maias, o comércio também fazia parte da lógica da “economia
palaciana”. Era uma atividade muito importante para o suprimento das elites
na realização das cerimônias e dos rituais, destacando-se as plumas, as peles,
a jade e produtos para os incensários. Os maias comerciavam matérias-primas
como a obsidiana, mas também, em função das dificuldades de satisfazer as
demandas de abastecimento, alimentos e produtos agrícolas. Outro produto
muito importante para os maias, tanto para consumo da elite em rituais quanto
para moeda de troca, era o cacau.

3 Cultura e religiosidade na Mesoamérica


Aprendemos que a região mesoamericana é bastante heterogênea étnica e
culturalmente. Isso não significa, contudo, que não haja elementos comuns,
o que pode ser explicado por questões de mesma origem ou de interação entre
esses diferentes povos. A religiosidade da Mesoamérica sedimentou-se ao
longo de um processo de fusões e sínteses culturais.
A religiosidade possuía um caráter estruturante nessas sociedades. Era
um elemento muito importante e essa importância é percebida em diferentes
elementos arquitetônicos, de organização temporal, entre outros, que passa-
remos a explorar a seguir (AUSTIN; MILLONES, 2008).
A religião era politeísta, com deuses vinculados à natureza e às práticas
agrícolas, como no culto ao Sol, ao deus da chuva e a Quetzalcóatl, (em nahuatl,
“serpente emplumada”, uma representação totémica compartilhada por diferentes
culturas da região). De acordo com Navarro (2012, documento on-line), a ser-
pente emplumada é um dos mais importantes símbolos de toda a Mesoamérica:
14 Sociedades mesoamericanas

A serpente com plumas é a metáfora de diversas concepções ideológicas (reli-


giosas, políticas, guerreiras) mesoamericanas. Esteve associada à fertilidade
em Teotihuacán. [...] Na mesma cidade, este símbolo também esteve associado
a guerra, calendário e sacrifício, já que num dos principais edifícios do cen-
tro urbano, a Pirâmide das Serpentes Emplumadas, foram sacrificadas 260
pessoas [...]. Apesar de se considerar que o culto à serpente emplumada teria
começado em Teotihuacán, muitas imagens deste ser mítico já apareciam na
área maia, inclusive em cidades do pré-clássico como Mirador e Calakmul.

A serpente emplumada é um importante signo religioso que esteve associado


a diversos significados sociais ao longo da história da Mesoamérica. Além
dos astecas e maias já citados, a serpente emplumada também era cultuada
pelos mixtecas, que habitavam o sul do atua México, o que demonstra que
essa deidade era um símbolo compartilhado entre as elites mesoamericanas.
As práticas religiosas eram tão importantes que possuíam um calendário espe-
cífico, de 260 dias, que era adotado pelas culturas mesoamericanas com pequenas
variações de nomenclatura. A essa forma de contagem do tempo associava-se
um calendário solar, de 365 dias. Ambos funcionavam de forma integrada, em
uma percepção cíclica e diacrônica do tempo (AUSTIN; MILLONES, 2008).
Nesses calendários, havia momentos precisos para certas celebrações.
Podemos dividi-las em dois grandes grupos:

[...] as festas de culto guerreiro, relacionadas com as funções econômicas e


políticas, controladas pela elite governante; e as festas de culto agrícola, ligadas
aos processos de produção, que podiam ser cultos agrícolas, de fertilidade, cujos
patronos eram os deuses da chuva e do milho, e cultos à produção artesanal, cujos
patronos eram as deidades dos ofícios especializados (VALDIVIA, 2008, p. 4).

Do ponto de vista cíclico, havia a compreensão da existência de diferentes


“idades”, chamadas de “sóis”. Para os mexicas, por exemplo, havia existido
quatro sóis desde a “fundação da terra”, e eles estariam vivendo o quinto Sol.
Posteriormente, incorporaram a existência de um pai e uma mãe que haviam
gerado tudo, o Ometeotl, o “deus dual”, em nahuatl, que era senhor e senhora
de nossa carne, Tonacatecuhtli e Tonacacíhuatl (BETHELL, 1990).
Os maias compartilhavam a ideia das “idades” e dos “sóis”, também crendo
que estavam vivendo entre o quarto ou quinto Sol, com algumas diferenças
entre as regiões. O relato maia sobre os deuses criadores, Hunab-Ku, Tepeu,
Gucumatz-Kukulkán (Quetzalcoatl) e a criação do “universo” pode ser en-
contrado no livro Popol Vuh, um livro escrito em maia-quiché, no início do
Sociedades mesoamericanas 15

século XVI, cercado de controvérsias quanto à sua origem e os objetivos de sua


escrita. De qualquer forma, é a partir de sua narrativa que podemos conhecer
mais sobre a cosmogonia maia, em um texto que se estrutura em três partes:

Na primeira parte, a narração se remete ao mito cosmogônico, quando final-


mente foi criado o homem de milho, depois de várias tentativas com outros
materiais. Na segunda parte, aparece o mito principal dos quichés, no qual
são contadas as aventuras de Hunahpú e Ixbalanqué. Já na terceira parte, há
uma grande narração que relata a origem dos novos indígenas da Guatemala
(CARVALHO, 2013, documento on-line).

As celebrações e os ritos religiosos eram realizados geralmente em templos


piramidais, construídos como locais de culto, mas também havia o jogo de
bola (que possuía um caráter cosmológico em muitas localidades), danças e
rituais de sacrifício humano (AUSTIN; MILLONES, 2008).
Os rituais de sacrifício humano, em que se sacrificavam os prisioneiros
de guerra, mas também mulheres e crianças, eram realizados para agradar
aos deuses, como iniciação ou consagração e purificação. Em alguns casos,
podia-se praticar a automutilação. Para os astecas, em função de sua tradição
bélica, as cerimônias de sacrifício dos prisioneiros de guerra eram muito
importantes. De acordo com Petroni (2004, p. 260):

O ritual mexica de sacrifício humano era muito elaborado e em sua maior parte era
comandado pelos sacerdotes. Antes das cerimônias, era comum que se praticasse
algum tipo de abstinência, como deixar de comer, de lavar-se com sabão ou de
ter relações sexuais. Normalmente, oferecia-se sangue extraído com espinhos
de maguey, através do autossacrifício, ou o sangue de outros seres vivos, que
podiam ser codornas, borboletas ou veados, entre outros. O ritual de sacrifício
humano, no qual, entre outras coisas, se extraía o coração das vítimas, era um dos
ritos sangrentos, mas não o único que envolvia sangue humano. Como um ritual,
o sacrifício conformava a maneira específica pela qual se buscava estabelecer
a comunicação com o sobrenatural, por meio de uma oferenda, que neste caso
mesoamericano apresenta-se como o sangue vertido “das vítimas”.

Existiam também rituais divinatórios, realizados por sacerdotes, culto aos


mortos e aos antepassados e celebrações ritualísticas em cavernas, considerados
locais de contato com o “mundo inferior”. Para tanto, havia uma complexa rede
hierárquica entre os sumos sacerdotes, os sacerdotes regulares e os profetas
e adivinhos. Algumas fontes mexicas e alguns relatos de conquistadores
dão conta de que os mexicas registraram “presságios” de guerras e grandes
16 Sociedades mesoamericanas

problemas dez anos antes da chegada dos espanhóis. Esses presságios estavam
ligados a fenômenos astronômicos (cometas) e naturais, que foram interpretados
de maneira negativa pelos mexicas (MORAIS, 2006).
A partir de todas essas considerações do ponto de vista cultural, econômico,
político e religioso, podemos afirmar que os povos mexica e maia possuíam
alguns elementos em comum, que estruturavam suas sociedades, mas também
diferenças no que diz respeito a suas existências e suas dinâmicas próprias no
território da América Central. Ambas as sociedades nos legaram uma cultura
material muito rica, e, frequentemente, ainda são publicadas notícias referen-
tes à descoberta de novos sítios arqueológicos. Dessa forma, a aproximação
histórica a esses povos está em constante construção.

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Mesoamérica y los Andes. Mexico: Era, 2008.
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CARVALHO, J. P. A. A concepção de humano no pensamento maia do período colonial
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Social) — Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2013. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/
tde-29092014-160918/publico/2013_JoycePintoAlmeidaCarvalho_VOrig.pdf. Acesso
em: 16 maio 2020.
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MORAIS, I. M. B. de. A história vista de baixo: a visão asteca da conquista espanhola.
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NAVARRO, A. G. O Rei 8 Veado, Garra de Jaguar: poder e culto à serpente emplumada
nos espaços públicos da área mixteca durante o século XI dC. Domínios da Imagem,
v. 6, nº. 10, p. 23–30, 2012. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/
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SOUSTELLE, J. A civilização asteca. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
VALDIVIA, K. A. A. Sahagún e as festas agrícolas mexica. In: ENCONTRO INTERNACIO-
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Leituras recomendadas
ADAMS, R. E. W. (ed.). Orígenes de la civilización maya. México: Fondo de Cultura Eco-
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HUNT, N. B. Atlas histórico de Mesoamérica. Madrid: Edima, 2004.
NAVARRO, A. G. Quetzalcóatl: divindade Mesoamericana. Numen, v. 12, nº. 1/2, 2009.
Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/numen/article/view/21786/11851.
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