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Introdução
Neste capítulo, você vai verificar a importância do processo de formação
do Império Bizantino e os motivos que garantiram a sua longevidade
de aproximadamente mil anos. Você também vai ver como as ações de
Justiniano influenciaram a posteridade do Império e como Constantinopla
se tornou o polo civilizacional do mundo medieval, do ponto de vista
cultural, comercial e religioso.
[...] toda esta hierarquia estava sujeita a uma etiqueta rigorosíssima, que
visava constituir uma réplica da perfeição do universo e que sustentava uma
espécie de religião imperial. Ora, este aspecto é já uma marca específica da
civilização bizantina, que aos poucos associou, a uma interpenetração muito
forte do cristianismo com a tradição clássica, o fulgor da cultura grega, língua
que se imporá definitivamente a partir dos séculos VI ou VII (MONTEIRO,
2016, p. 21).
Belisário (c. 505–65) foi um general bizantino. Tendo servido primeiro na guarda
pessoal de Justiniano, foi nomeado depois comandante do exército. Em 530, levou
a efeito uma vitoriosa campanha contra os persas e sufocou o motim conhecido
como Nike, em Constantinopla, em 532. Foi-lhe confiado o comando da expedição à
África vândala (533), quando tomou Cartago e aprisionou o rei vândalo. Em nome de
Justiniano, invadiu a Sicília e a Itália (535), combateu aí os ostrogodos e conquistou a
sua capital, Ravena, em 540. Na década de 560, caiu em desgraça e foi envolvido numa
conspiração contra o imperador, embora tenha sido reintegrado na plena posse de
suas honrarias antes de sua morte.
A importância dada pelos bizantinos à educação foi um fator que teve, eviden-
temente, uma forte influência no caráter erudito de determinada parte desta
civilização. Com efeito, “uma boa educação era o ideal de todo bizantino”
e a apaideusia — falta de cultura mental — era considerada um infortúnio
tremendo. Nesse sentido, para cultivar o gosto pelos estudos e para garantir
que parte dos cidadãos fosse culta, a educação no Império Bizantino era
bastante sistemática. Autores que trabalham com a questão da educação em
Bizâncio costumam alertar para as inúmeras lacunas existentes na documen-
tação sobre este assunto. Contudo, é possível ter uma boa noção dos métodos
aplicados e dos conteúdos estudados pelas crianças e pelos jovens bizantinos.
Estes métodos iniciavam-se com a educação dada pelas mães no ambiente
familiar a partir da exposição oral de aventuras fantásticas da literatura e
narrativas das Sagradas Escrituras. Devemos salientar que a educação já
sob a tutela materna era direcionada majoritariamente aos filhos homens
(KRACHENSKI , 2010, p. 7).
Segundo Franco Jr. e Andrade Filho (1985), o Império Bizantino teve êxito
por meio do comércio com a Arábia, a China, a Pérsia e a Índia. As rotas
comerciais eram por via terrestre e marítima, com comércio de especiarias,
metais preciosos lapidados em joias, seda, imagens sacras, marfim, papiros,
entre outras mercadorias. Para os imperadores romanos, desde o princípio do
Império, a seda sempre foi um tecido extremamente valioso e cobiçado, porém
o seu custo era altíssimo, pois ela era originária da China e o transporte era
inflacionado. Entretanto, na época de Justiniano, Constantinopla começou a
produzir seda. Algumas fontes apontam que missionários cristãos ou então
comerciantes levaram as larvas do bicho-da-seda para a cidade.
Assim, a produção da seda foi exclusiva do Império do Oriente. Com a
burocratização implementada por Justiniano, a produção e o comércio foram
controlados por meio de éditos e leis, tornando-se fontes de riqueza do Império
Bizantino. Além disso, como você viu, o posto comercial no qual Constanti-
nopla se situava era um grande privilégio, pois por ela tinham de passar todos
os comerciantes que transitavam entre Oriente e Ocidente.
14 A formação do Império Bizantino
Leituras recomendadas
LOYN, H. R. (org.). Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
MONTEIRO, J. G. Lições de história da Idade Média (séculos XI–XV). Coimbra: Faculdade
de Letras, 2006.
RUNCIMAN, S. A teocracia Bizantina. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1978.
SANCHOTENE, P. R. T. Justiniano I, Legislador. Revista Eletrônica do Curso de Direito da
UFSM, v. 4, p. 4–12, 2009.