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HISTÓRIA DA

AMÉRICA:
ORIGEM E
COLONIZAÇÃO

Caroline Silveira Bauer


Sociedades andinas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever os aspectos geográficas e os povos que formam as socie-


dades andinas.
 Explicar a formação política e econômica e a expansão inca na região
andina.
 Reconhecer a cultura e a religiosidade das sociedades andinas.

Introdução
Quando os conquistadores espanhóis chegaram ao atual Peru em 1532,
os incas dominavam um território que se estendia dos Andes à planície
costeira, cuja fronteira, ao norte, encontrava-se na Colômbia e, ao sul,
na Argentina e no Chile. Sua influência ultrapassava essa delimitação
territorial, chegando ao Panamá e até mesmo ao Brasil. Contudo, os incas
não foram os únicos a ocuparem a região andina, que é marcada por uma
longa história de ocupações ao longo do tempo. Há discrepâncias em
relação às datas do aparecimento dos incas na região do vale de Cuzco,
mas se sabe que são bem mais recentes em relação a outros povos.
Neste capítulo, você conhecerá a geografia da região dos Andes e os
povos que habitavam esse território no período pré-incaico. Estudará as
formas de organização econômica e política dos incas e seu expansio-
nismo na região. Por fim, analisará componentes culturais e religiosos do
povo incaico e o sincretismo estabelecido com cultos de outros povos
dos Andes.
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1 Os Andes
Em comparação com os estudos de outros povos pré-colombianos, a histo-
riografia das sociedades andinas apresenta algumas dificuldades. Como os
povos andinos eram ágrafos, conhecemos detalhes sobre seus componentes
culturais, econômicos, políticos e religiosos somente por meio da cultura
material e dos relatos dos conquistadores europeus. Com as devidas ressalvas
aos componentes etnocêntricos das narrativas europeias, aliadas aos estudos
arqueológicos da cultura material, é possível compreender como essas socie-
dades se organizavam em um ambiente tão particular como os Andes.
A região chamada de “Andes” corresponde não somente às terras da Cordilheira
dos Andes, mas a um espaço que congrega a costa do Oceano Pacífico, as serras
e as matas. Em função dessa variedade geográfica, o clima também é bastante
diversificado, influenciando na disponibilidade de recursos e na produção.
Em relação às populações que ocupavam esse vasto território, ainda que os
incas e seus domínios autodenominados Tawantinsuyu sejam o povo e a unidade
política mais lembrados, nas últimas décadas os arqueólogos e os historiadores
têm realizado estudos que permitem distinguir diferentes formações políticas
de multiplicidade étnica nos Andes quando havia uma autoridade central tanto
para as terras altas quanto para a costa, além de períodos intermediários de
fragmentação e separação étnica (BETHELL, 1990). De acordo com Favre
(2004, p. 7), “[...] os arqueólogos pouco a povo nos revelam toda a complexidade
deste passado andino, na alternância de suas grandes épocas de unidade com
períodos não menos brilhantes de diversificação regional”.
Acredita-se que a ocupação dos Andes tenha se iniciado por volta de 14
mil anos atrás, por grupos de caçadores-coletores que se movimentavam entre
as montanhas e o litoral de acordo com a época do ano e a disponibilidade de
recursos (FAVRE, 2004). Posteriormente, com o desenvolvimento da agricultura,
houve profundas transformações nesses grupos, e os povoados multiplicaram-
-se e aumentaram suas dimensões, algumas alcançando mil habitantes, em
espaços urbanos “[...] compostos de centros cerimoniais, dominados por uma
elite sacerdotal e formados por terraços, pirâmides e templos” (FAVRE, 2004,
p. 9). Nesse processo, surgiu um povo cujo templo se localizava em Chavín, a
3.135 metros de altitude, que é considerado por diversos pesquisadores como
matriz das sociedades andinas, tendo influenciado outros assentamentos nas
montanhas, bem como a cultura dos povos costeiros (BETHELL, 1990). “Apesar
da distância dos obstáculos do relevo que as isolavam, as novas sociedades
agrárias adquiriram, sob a direção dos sacerdotes de Chavín, uma unidade pelo
menos ideológica que conservaram durante muitos séculos” (FAVRE, 2004, p. 9).
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A unidade proporcionada por Chavín foi rompida no século I, com uma


fragmentação de culturas em diferentes localidades, que se desenvolveram
entre os séculos I e VIII. Entre elas, podemos citar a cultura Mochica, no
litoral norte, a cultura Paraca-Nazca, na costa sul, e a cultura Tihuanaco, nos
planaltos meridionais (FAVRE, 2004).
Por volta do século VIII, duas cidades, Tihuanaco e Huari, a primeira
às margens do lago Titicaca, na atual Bolívia, e a segunda próxima à atual
cidade de Ayacucho, no Peru, conseguiram reunificar em torno de si o mosaico
cultural e político dos Andes (BETHELL, 1990). Ainda que tenham exercido
sua hegemonia simultaneamente, suas zonas de influência e interação eram
distintas: Tihuanaco, para o sul, e Huari, para o norte. Ambas teriam sido
precursoras dos grandes impérios Chimu e Inca.
Após um novo período de fragmentação oriundo da perda de poder de
Tihuanaco e Huari no século XII, cujas causas ainda são desconhecidas, houve
novas tentativas de integração político-militar, uma delas empreendida pela
etnia chimu, localizada na costa setentrional. A partir de meados do século
XIII, seus membros reativaram e ampliaram redes de irrigação que haviam
sido destruídas pelas guerras. Uma dessas redes captava águas de um rio para
transportá-las por meio de aquedutos até os vales vizinhos, onde as chuvas
eram fracas. Os soberanos que dirigiram esses trabalhos possuíam muita
influência e poder. De acordo com Favre (2004, p. 12):

Chanchan, a capital do império, talvez tenha sido a maior aglomeração urbana


da América pré-colombiana, e uma das mais opulentas. Essa imensa cidade
tinha provavelmente mais de 80 mil habitantes em seu apogeu. Suas ruinas
estendem-se por uma área de 17km 2 perto da atual Trujillo.

A expansão chimu no século XIV, que levou à formação de um dos maiores


impérios existentes, somente foi barrada quando essa sociedade encontrou
como adversário o Império Inca, que também possuía pretensões expansionistas
e militaristas, e pelo qual foi dominada.
Quando os chimus iniciavam sua conquista da região costeira setentrional,
um povo de poucos habitantes chegava à região de Cuzco, no território do atual
Peru, por volta do século XIII, ocupando uma parte da região do vale. Há dúvidas
quanto a essa data, que é estipulada a partir da análise da cultura material, que
apresenta uma ruptura na tradição da cultura local, o que sugeriria a presença de
uma nova etnia na região (FAVRE, 2004). E as incertezas aumentam em função
dos incas possuírem uma explicação “lendária” para sua origem, que contrasta
e se complementa com os achados arqueológicos e os vestígios históricos.
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Ao estabelecer sua hegemonia na região dos Andes, os incas elaboraram lendas e


mitos narrando a origem divina de seu povo como forma de justificar e legitimar seu
domínio sobre os demais povos conquistados. Uma dessas lendas narrava que o deus
Sol, apiedando-se dos seres humanos, que viviam como animais, em um estado de
permanente confronto e desordem, enviou seus filhos Manco Cápac e Mama Ocllo
para lhes ensinar os preceitos da agricultura, da cerâmica, da cestaria, das ciências e
dos têxteis. O deus Sol colocou seus filhos em uma ilha do lago Titicaca, lhes entregou
uma barra de ouro e disse que, onde conseguissem introduzi-la no solo, deveriam
fixar-se e fundar uma cidade. Saindo da ilha, os irmãos seguiram até PacarecTampu,
onde conseguiram fincar a barra de ouro na terra, e deram início à linhagem ou família
inca, a partir de um casamento consanguíneo. O lago Titicaca passou a ser considerado
como pacarina, ou “lugar de origem” dos incas. Há outra versão dessa lenda, segundo
a qual Manco Cápac, seus irmãos e suas irmãs iniciam uma rota de Pacarectampu a
Cuzco, transformando-se em huaca (“lugares sagrados”), sobrando, ao final, apenas
Manco Cápac, sua esposa e irmã Mama Ocllo, e o filho de ambos, Sinchi Roca. Eles
teriam conseguido expulsar os outros povos habitantes de Cuzco, estabelecendo no
local as bases da futura capital imperial (SILVA GADAMÉS, 1985).

Como mencionado, essa origem mítica contrasta com as informações


arqueológicas e historiográficas, que afirmam que os incas chegaram a Cuzco
por volta do século XVII, originários das proximidades do lago Titicaca.
O vale no qual se situa a cidade Cuzco era habitado por diferentes povos,
destacando-se os quíchuas e os chancas. A partir do cruzamento dos dados
provenientes de fontes diversas, estabeleceu-se uma diferenciação entre os
Inkas “lendários” e os Inkas “históricos”. Para que você não se confunda,
utilizaremos neste capítulo dois termos: incas, em português, quando nos
referirmos à coletividade, e Inka, em quíchua, que significa “senhor”, quando
nos referirmos a lideranças incaicas. Segundo a listagem lendária desses
governantes, chamada de capacuna, ou “lista dos reis incaicos”, podemos
citar: Manco Cápac, Sinchi Roca, Lloque Yupanqui, Mayta Cápac, Cápac
Yupanqui, Inka Roca, Yahuar Huacac e Viracocha Inka. Já entre os Inkas
históricos, podemos citar Pachacuti Manco Cápac (1438–1471), Túpac Yupanqui
(1471–1493), Huayna Cápac (1493–1525), Huáscar (1525–1532) e Atahualpa
(1532–1533) (SILVA GADAMÉS, 1985).
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A lista de Inkas lendários provavelmente faze referência a líderes tribais


que participaram dos confrontos com outros povos para seu estabelecimento
em Cuzco, ou então foram criações nas narrativas lendárias elaboradas pelos
próprios incas para legitimar sua origem divina (SILVA GADAMÉS, 1985).
Quanto aos incas históricos, esse período tem início com o governo de
Pachacuti Inca Yupanqui, filho de Viracocha, que teria sido o último Inka
lendário. Viracocha fugiu da cidade de Cuzco, quando essa foi atacada pelos
chancas. Pachacuti, no entanto, negou-se a obedecer às ordens do pai, orga-
nizou a defesa de Cuzco e subjugou os chancas, o que lhe rendeu o título de
soberano em 1438 (SILVA GADAMÉS, 1985).
O governo de Pachacuti, que se estendeu de 1438 a 1471, após a vitória sobre
os chancas, iniciou um processo de ocupação de novas terras, estendendo o
domínio dos incas ao norte, ao sul e a oeste de Cuzco, subjugando os povos
lupaca e colla, que habitavam a região próxima ao lago Titicaca. A esse Inka
são atribuídos os projetos da cidade de Cuzco, bem como a adoção do sistema
de cultivo em terraços, a militarização dos incas, com a criação de fortalezas, a
organização do exército, a estruturação do império em consonância com outras
sociedades andinas e a instituição o imposto pago em trabalho para o cultivo das
terras estatais e a realização de obras públicas, tais como a abertura de caminhos,
a construção de pontes, a extração de minérios e o alistamento no exército.
Pachacuti foi sucedido por seu filho, Tápac ou Topa Inca Yupanqui, que
governou entre 1471 e 1493, empreendendo novas conquistas territoriais, che-
gando à cidade de Quito, ao norte, e aos territórios do Chile e da Argentina, ao
sul, dominando todo o planalto andino. Em função do expansionismo incaico,
houve uma série de guerras e rebeliões.
O governo seguinte, de Huayna Cápac, que se estendeu de 1493 a 1525,
conquistou novos territórios, estabelecendo as fronteiras do império que foi
conhecido pelos espanhóis, um domínio que se estendia da cidade de Quito ao
rio Maipo, no Chile. Huayna propôs que após sua morte o extenso território
imperial fosse administrado por regiões por seus dois filhos, Húascar, filho
legítimo, e Atahualpa. Os conflitos entre os irmãos provocaram uma guerra
civil no momento da chegada dos espanhóis, que tiveram a conquista do
território favorecida pelo progressivo enfraquecimento do império. Francisco
Pizarro chegou ao território inca em 1531. No ano seguinte, capturou Atahualpa,
e em 1533, no mesmo ano em que este morreu, os espanhóis ocuparam Cuzco.
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2 A economia e a política dos incas


Como mencionado anteriormente, a diversidade geográfica e climática dos
Andes influenciou diretamente na organização econômica dos diferentes
povos que ocuparam a região. Havia assentamentos localizados a mais de 4
mil metros de altura, o que implicava em condições diferentes — não neces-
sariamente piores — daquelas conhecidas por grupos que viviam no litoral ou
em alguma região de vale. Em uma região muito acidentada, foi fundamental
para a economia e para o suprimento de alimentos e bebidas uma boa rede de
comunicação e distribuição, além de armazéns para a conservação do excedente
agrícola e de aquedutos e sistemas de irrigação para as regiões mais desérticas.
Os pesquisadores parecem unanimes em relação à necessidade de se es-
tudar o que é o ayllu para a compreensão da organização econômica, política
e social dos incas (FAVRE, 2004). Comecemos, portanto, nossa explicação
sobre a economia e a política a partir dessa organização.
Cada uma das comunidades era formada por um conjunto de famílias
unidas por alianças ou laços de parentesco, que representavam um ayllu. Esse
grupo, de tendência endogâmica, não pode ser entendido como um clã, nem
uma linhagem. De acordo com Favre (2004, p. 30):

[...] a filiação se traçava em linha masculina direta para os homens e em linha


feminina direta para as mulheres, de tal modo que os homens descendiam de
seu pai e as mulheres de sua mãe. Esse sistema de descendência paralela era
particularmente difundido nos Andes centrais e meridionais.

A família, composta pelo casal e pelos filhos solteiros, representava uma


unidade de produção e de consumo, informação importante para quando formos
abordar a questão da cobrança de impostos e a divisão da produção. Havia uma
divisão laboral entre os gêneros, cabendo à mulher os cuidados com a casa e
ao homem o trabalho agropastoril e artesanal. Somente após o casamento os
indivíduos se tornavam membros integrais do ayllu (FAVRE, 2004).
O conjunto das famílias que constituíam o ayllu reconhecia um chefe,
chamado kuraka, que geralmente era o fundador do grupo. O kuraka era
responsável pela distribuição das terras, pela organização do trabalho coletivo
(como eram pagos a maioria dos tributos) e pela mediação de conflitos. O ayllu
também possuía uma waka, uma espécie de divindade tutelar, que, em geral,
era um ancestral do kuraka e que legitimava sua autoridade.
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A waka residia em uma montanha próxima, onde era cultuada em local assi-
nalado por uma árvore, uma fonte ou um rochedo, para que fizesse crescer o
gado e garantisse a colheita. Os mortos eram sepultados nas fendas rochosas
dessa montanha sagrada, no interior da qual se reuniriam ao ancestral divi-
nizado (FAVRE, 2004, p. 31).

O ayllu, ainda possuía uma dimensão territorial, chamada marka. As pas-


tagens da marka eram coletivas, podendo ser utilizadas por todos, e crianças
e adolescentes eram os responsáveis por seus cuidados e sua vigilância. Os
principais animais domesticados eram da família dos camelídeos, destacando-
-se a alpaca e a lhama, que, serviam para a alimentação, forneciam couro para
objetos e lã para a tecelagem e podiam ser utilizados como meio de transporte
humano e de cargas. Os ossos desses animais também eram utilizados, por
exemplo, para a fabricação de agulhas, e seus excrementos serviam de adubo
para as lavouras ou combustível para fogueiras (FAVRE, 2004).
Se as terras destinadas para a pastagem eram coletivas e indivisíveis, as
terras de cultivo eram distribuídas por lotes entre as famílias.

Os lotes reintegravam-se ao fundo comum quando as famílias que detinham


seu usufruto desapareciam, enquanto novos lotes eram constituídos em fa-
vor de casais recém-formados. O lote compunha-se de parcelas situadas em
diferentes sítios ecológicos controlados pelo ayllu, de tal maneira que cada
família tivesse igual acesso a todos os recursos do meio natural. Sua extensão
deveria ser suficiente para assegurar a subsistência do grupo familiar ao qual
correspondia (FAVRE, 2004, p. 32).

Essa imbrincada forma de organização econômica e social criava situações


muito interessantes, que revelam algumas características da sociedade incaica.
Ainda de acordo com Favre (2004, p. 32):

As famílias vizinhas ajudavam-se mutuamente na ocasião da semeadura e


das colheitas. O ayni era a forma mais usual que tornava essa ajuda recíproca
e não cerimonial. O beneficiário do ayni devia restituir aos colaboradores a
quantidade exata de trabalho deles recebida, quando o pedido lhe fosse feito.
Outras formas de ajuda intervinham em benefício das viúvas, dos doentes
e dos velhos, cujos campos eram cultivados por todos os homens do ayllu,
assim como dos jovens esposos recém-casados, cuja casa era construída pelo
conjunto da aldeia. Pertencer a um ayllu criava obrigações e conferia direitos
sobre o trabalho da coletividade, engendrando assim numerosas formas de
solidariedade.
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De forma geral, podemos afirmar que os incas possuíam uma economia


baseada na agricultura, praticada via expansão para outros territórios, e na
pecuária, principalmente de alpacas, lhamas, vicunhas e guanacos. Na região
das serras, em função do relevo acidentado, a economia desenvolvia-se em
“ilhas produtivas” de acordo com os recursos disponíveis, que, entre si, esta-
beleciam uma rede de trocas, que existia antes da ascensão dos quíchuas, ou
seja, de origem pré-incaica.
E quais eram os produtos cultivados? A produção variava entre as diversas
regiões andinas, configurando o que muitos pesquisadores chamaram de
“ilhas produtivas” ou “sítios ecológicos”. De maneira geral, podemos citar
como cultivados tanto nas elevadas altitudes quanto nas planícies costeiras:
abóbora, batata, batata-doce, cabaça, pimenta, quinoa, vagem, coca, amen-
doim, abacate, algodão e o milho. Várias dessas culturas eram cultivadas
em escadarias, como terraços, sustentados por muretas, acompanhando
as diferentes curvas de nível do terreno. Esses terraços eram irrigados
por canais que captavam as águas das geleiras. As técnicas de irrigação e
terraplanagem empregadas pelos incas eram especializações de práticas de
povos pré-incaicos (FAVRE, 2004).
Dentre os principais produtos, o milho era aproveitado em grão ou em
uma bebida fabricada a partir de sua fermentação, a chicha, e o leite e a lã
eram retirados das lhamas. Socialmente, possuíam um grande valor a chicha,
pelo seu uso cerimonial, as folhas de coca, que eram mascadas e auxiliavam
na respiração quando o trabalho era realizado em regiões muito altas e de ar
rarefeito, e o algodão, que era utilizado como forma de pagamento em alguns
tributos (SILVA GADAMÉS, 1985).
Vimos até aqui como se estruturava econômica e politicamente um ayllu.
Vejamos agora como se davam as relações entre os ayllus. Segundo Favre
(2004, p. 35):

[...] os ayllus situavam-se, com efeito, em redes de relações assimétricas.


Mantinham entre si relações que os uniam sob a hegemonia de um deles e,
desse modo, se organizavam em grupos locais de importância desigual. Os
chefes de ayllus dependentes eram submetidos ao chefe do ayllu dominante,
que agia como kuraka de todos os ayllus. Da mesma forma, as waka dos
ayllu dependentes estavam subordinadas à do dominante, que representava
a divindade tutelar no conjunto da chefia centralizada.
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Dessa forma, a população do ayllu era ligada ao kuraka da chefia centrali-


zada por uma série de obrigações, que caracterizava a situação de subordinação
em que se encontravam. Vejamos um exemplo citado por Favre (2004, p. 35):

Cada ayllu deveria cultivar as terras que o kuraka detinha em seu território em
virtude dos direitos que lhe haviam sido concedidos. Nessas terras de extensão
variável, a limpeza, a semeadura e a colheita eram feitas antes das dos lotes
individuais pela coletividade de homens adultos que se mobilizava durante
o ano na época de tais operações. Por outro lado, cada ayllu deveria colocar
à disposição permanente do kuraka um certo contingente de trabalhadores,
que este utilizava para assegurar a guarda de seu rebanho, fiar e tecer a lã
de seus animais e realizar todas as tarefas referentes ao atendimento de seu
grupo doméstico. Esses trabalhadores revezavam-se nos trabalhos que lhes
eram designados, de forma a prestar ao kuraca um serviço contínuo. Todos
os homens adultos do ayllu eram obrigados rotativamente a esse serviço,
conhecido como mita, que lhes cabia a intervalos regulares e cuja duração
oscilava frequentemente de três meses a um ano.

A mita, portanto, era uma forma de tributação paga na forma de trabalho,


proporcionando ao kuraca acesso eventual à mão-de-obra de todos seus súditos
e de maneira permanente de uma parte deles. Esse sistema, ao qual as popu-
lações nativas estavam acostumadas, foi utilizado pelos espanhóis durante a
colonização. E qual era a obrigação do kuraka frente aos seus subordinados?
Ele redistribuía, sob a forma de produtos, o trabalho que recebera.
Assim como diversos ayllus estavam reunidos sob a liderança de um deles,
como uma chefia, diversas chefias também se uniam sob a hegemonia de uma
delas, construindo uma chefia maior. Nessa estrutura, reproduzia-se a mesma
organização e o mesmo sistema redistributivo, e as chefias maiores podiam
formar “colônias” que se estendiam por centenas de quilômetros, permitindo
aos ayllus subordinados acesso a produtos provenientes de diferentes “eco-
logias” ou “ilhas” e regiões, para além de rotas de comércio (FAVRE, 2004).
Subindo mais um nível nessa hierarquia política e social, como se orga-
nizava o Tawantinsuyu, chamado por alguns de “Império Inca”? Os incas se
organizavam sob a autoridade de um rei deificado, o Inka. Todo o território
e toda a população estavam sob a proteção de Cuzco. Como dito anterior-
mente, a sociedade inca assentava-se em uma base étnica, sob o domínio dos
quíchuas e sua imposição cultural (a língua e o culto ao Sol) a todos os povos
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que compunham o império. Os quíchuas impunham seu controle por meio do


militarismo e se organizavam economicamente de forma coletivista.
A estrutura de governo inca se organizava da seguinte forma. No topo do
Tawantinsuyu estava a dinastia divina: o Inka (“senhor”, “soberano”, em quíchua),
considerado sapay (“principal”), sinchi (chefe militar) e deus-rei filho do Sol. O
Inka era o governante, o juiz, o chefe militar e o líder do culto ao Sol. Seu herdeiro,
auqui, era escolhido pelo Inka entre seus filhos com a coya, a esposa principal.
O Inka possuía um conselho formado por membros provenientes de Cuzco e
por governantes dos quatro suyus, ou regiões do Tawantinsuyu, o império. A
administração territorial, portanto, se configura entre os quatro suyus, cada qual
com seu governador, e os ayllus, chefiados por um kuraka. Havia uma estrutura
bastante complexa de funcionários encarregados dos registros e do trabalho nas
obras públicas, além dos chasquis, os mensageiros, organizados em um sistema de
“mensageria” que cobria todo o Tawantinsuyu. A população estava classificada a
partir de um sistema numérico que organizava o trabalho coletivo, além de permitir
o controle dos recursos, sua distribuição e a mobilização militar.
O Tawantinsuyu, ou “as quatro terras”, traduzido do quíchua, era o conjunto
dos quatro territórios formados a partir de duas linhas, uma vertical, outra
horizontal, que se cruzavam no centro de Cuzco. Dessa forma, configuravam-se
o Chinchasuyu, ao norte; Kollasuyuu, ao sul; Antisuyu, a leste; e Kuntisuyu,
a oeste. Em se tratando das relações entre o Inka e as chefias, reproduzia-se
a mesma estrutura de subordinação, de trabalho e de reciprocidades.
A partir dessa exposição, é possível compreender como o sistema de pa-
gamento de tributos na forma de trabalho era fundamental para a economia
incaica. Por isso, existia um recenseamento populacional bastante rigoroso,
para que houvesse controle burocrático demográfico sobre a disponibilidade
da força de trabalho para a manutenção do império:

O poder devia conhecer prontamente a quantidade de energia humana de que


poderia dispor, de forma a alocá-la racionalmente entre os diversos setores
concorrentes da economia. [...] Os recenseamentos enormes e minuciosos,
que tanto impressionaram os conquistadores [...] correspondiam a esse único
fim. Eram realizados regularmente por especialistas, à base de um sistema
numérico decimal, e seus resultados eram registrados em cordinhas com nós,
os kipu (FAVRE, 2004, p. 43).

Foi por meio da força de trabalho empregada no pagamento de tributos que


o império garantiu não somente as atividades agropastoris, mas também a cons-
trução de obras públicas (vilas, estradas, pontes) e o recrutamento para a guerra.
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Pelo emprego da mão-de-obra oriunda do pagamento de tributos, o império


construiu um gigantesco sistema de estradas e pontes, com mais de 16 mil qui-
lômetros de extensão. A abertura dessas vias foi ordenada pelo Inka Pachakuti,
e as obras foram continuadas por seus sucessores, resultando em duas estradas
ou dois caminhos incas. O primeiro, litorâneo, iniciava em Tumbes e seguia até
Arequipa, e, depois, em direção ao Chile. O segundo, paralelo ao primeiro, mas
pelas montanhas, unia Quito, no Equador, a Tucumán, na Argentina, passando por
Cajamarca, Jauja, Vilcashuaman e Cuzco. Inúmeros caminhos transversais uniam as
duas vias. Ao longo dos caminhos, existiram vários entrepostos, chamados tampu,
que serviam de albergues para os viajantes e como postos de correio. De acordo
com Favre (2004, p. 44):

[...] a população local que os conservava devia também provê-los de


dois ou três correios que se mantinham prontos para receber eventuais
mensagens e transmiti-las imediatamente ao tampu vizinho. Os correios,
ou chaski, formavam um serviço de comunicação que os espanhóis
conservavam, tamanha era sua eficácia e rapidez. Em menos de uma
semana, uma mensagem expedida da fronteira setentrional do Império
era encaminhada pelos chaski até Cuzco, tampu por tampu, cobrindo
uma distância de aproximadamente 2 mil quilômetros.

Além de servirem como forma de difusão e intercâmbio linguístico e


cultural, a rede viária e o serviço de correio também contribuíram para a
fiscalização das províncias e para finalidades militares, como deslocamento
de tropas, mantendo Cuzco no controle da situação de todo o Tawantinsuyu.
Uma das estratégias empregadas por diversos Inkas como forma de controlar
a população e manter a paz foi realizar deslocamentos e migrações forçadas.
De acordo com Favre (2004, p. 44–45):

[...] os povos recentemente conquistados que manifestassem quaisquer velei-


dades em relação à independência eram em parte transplantados para regiões
solidamente mantidas e firmemente administradas, enquanto populações
incaizadas e politicamente seguras se instalavam em seu território, assim
como nas proximidades de pontes, entrepostos e praças-fortes, ao longo de
eixos vários e em torno de metrópoles regionais, para garantir a segurança e
a defesa em caso de revolta.
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As populações deslocadas, chamadas de mitmaq, tornavam-se submissas


à autoridade do kuraka de sua chefia, como o restante da população. Elas
formavam um grupo que possuía boas razões para desenvolver hostilidades aos
incas, e, por isso, constituíam uma categoria social que gerava uma apreensão
para a administração do império, ainda que recebessem os mesmos direitos e
deveres que os incas ou outras etnias submetidas (FAVRE, 2004).
O império ainda realizava recrutamentos humanos a partir de prisioneiros
capturados em guerras que ocorriam nas fronteiras do território ou entre
organizadores de revoltas. Eram chamados de yana, dependentes perpétuos,
e viviam em um sistema análogo ao de servidão. Ligados ao imperador ou
aos funcionários da alta hierarquia, podiam ser doados como demonstração
de reconhecimento ou generosidade.

Embora desligados de qualquer laço ou atributo étnico, conservavam o direito


de reter suas terras e possuir seus próprios bens e seu próprio gado. Não po-
diam escapar de sua condição, que lhes era hereditária, mas a transmitiam a
um só de seus filhos, escolhido por seu senhor para substitui-los e sucedê-los
em sua morte (FAVRE, 2004, p. 46)

Da mesma forma que havia o recrutamento masculino, mulheres recém-saídas da


infância, chamadas aqlla, ou “mulheres escolhidas”, eram levadas aos chamados
monastérios do Sol, onde eram educadas por mulheres mais velhas pertencentes à
etnia inca. Após atingirem a puberdade, muitas tornavam-se esposas secundárias do
imperador enquanto outras eram entregues, em casamento, a pessoas pelas quais
o imperador desejasse manifestar gratidão. Essas mulheres permaneciam castas e
isoladas, a serviço do culto solar. Além dessas funções sociais e religiosas, possuíam uma
importante função econômica: eram fiadoras e tecelãs, trabalhando a lã proveniente
dos rebanhos do Sol (FAVRE, 2000).

3 A cultura e a religiosidade incas


Não sabemos se os incas possuíam um sistema de escrita. Alguns de seus mitos
e lendas foram transcritos pelos colonizadores espanhóis e, durante algum
tempo, também foram transmitidos oralmente entre as gerações. Portanto,
muitas das informações que conhecemos sobre a cultura e a religiosidade incas
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são provenientes dos relatos dos colonizadores, que podem ser criticados e,
desta forma, referendados ou refutados a partir da cultura material incaica.
De acordo com Favre (2004), aqueles que mantinham a tradição e di-
fundiam os relatos lendários e mitológicos eram chamados de amawata. O
imperador estava cercado de diferentes amawatas e outros profissionais das
artes, como feiticeiros, músicos e poetas, para celebrar sua grandeza e, dessa
forma, conservar sua memória para as gerações futuras.

Quando morria o soberano, os amawatas determinavam se ele tinha sido


bem-sucedido em seus empreendimentos para merecer figurar na história, e
suficientemente corajoso no combate e bondoso com os povos para que seu
nome permanecesse eternamente entre os homens. De acordo com a descen-
dência do defunto, eles expurgavam todos os fatos que pudessem empalidecer
o brilho do reinado que acabava de se encerrar. Depois, registravam seus feitos
em espécies de epopeias ou de canções de gesta, que cantavam em diversas
ocasiões (FAVRE, 2004, p. 69).

Mesmo que os incas não tenham nos legado registros de seus saberes, a
partir de sua cultura material e do registro feito pelos colonizadores sabemos
que eles possuíam conhecimentos astronômicos e matemáticos, que foram
utilizados em diferentes momentos, como na determinação de seu calendário,
que se iniciava no solstício de verão. Cada um dos meses era marcado por
rituais que ocorriam em Cuzco e por outras atividades econômicas que eram
desenvolvidas nas províncias (FAVRE, 2004).
Os incas também se destacavam pela arquitetura e pelo urbanismo, cujas
ruínas atualmente podem ser observadas em diversas cidades do Peru, com
construções em pedra, características das regiões altas, ou de tijolos de terra
seca ao Sol, típicas da área litorânea. As construções em pedra chamam a
atenção pela perfeição do encaixe das pesadas peças. A partir desses métodos,
construíram casas, fortalezas, palácios e templos, além de outras obras de
infraestrutura, como aquedutos, canais de irrigação, estradas e pontes (FAVRE,
2004). Os incas também eram exímios ceramistas e tecelões. Em relação ao
têxtil, eram fabricados diversos tipos de tecelagens, utilizadas para roupas do
dia a dia ou em trajes cerimoniais.
A religião incaica pode ser caracterizada como politeísta, tendo se formado
a partir de um sincretismo entre as crenças quíchuas e outras crenças pré-
-incaicas que foram assimiladas por esses povos. Portanto, podemos dizer que
é uma religião henoteísta, que cultua apenas um deus (o sol), mas não nega a
existência de outras divindades, como a Deusa-Mãe de cultos pré-incaicos.
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Além do sol e da Deusa-Mãe, existiam outras divindades associadas à natureza


e aos astros (SILVA GADAMÉS, 1985).
O culto ao sol e ao Inka possuía o caráter de religião social e legitimava a
ordem política social, além de ser um ato obrigatório. Os incas acreditavam que
houve duas criações do mundo por Viracocha, o deus criador: a primeira, em que
foram criados os gigantes, que desobedeceram os deuses e foram castigados com
um dilúvio; e a segunda, em que foram criados os seres humanos e os povos, com
Manco Cápac, um dos Inkas lendários, como chefe (SILVA GADAMÉS, 1985).
De forma geral, podemos falar que os incas acreditavam que existia uma
ordem pré-estabelecida no universo (pacha), e que havia um responsável pela
manutenção dessa ordem em todos os níveis de existência: no céu, Hanan-
-Pacha, regido por Inti-Viracocha; na terra, Kai-Pacha, regido pelo Inka; e no
mundo subterrâneo, Ujku-Pacha (SILVA GADAMÉS, 1985).
Em seu panteão, os incas possuíam Viracocha como deus criador, além de
uma tríade cosmológica, formada por Apu Inti, o “Pai Sol”, senhor do mundo
e pai dos quíchuas, Mama-Quila, a “Mãe Lua”, esposa do Sol e guardião
do céu, e Chiqui-Illap, deus do trovão, o senhor dos céus, sem contar com
as “Deusas-Mãe”, oriundas de cultos sincréticos das culturas pré-incaicas:
Mama-Cocha, “Mãe Mar”, deusa da fertilidade e fecundação, Pacha-Mama,
“Mãe Terra”, deusa da fertilidade, e Yaku-Mama, “Mãe Água”, deusa das
chuvas e das águas subterrâneas (SILVA GADAMÉS, 1985).
Os principais rituais culturais e religiosos dos incas eram estabelecidos como
festas de culto oficial e seguiam o calendário solar. A mais importante era Inti
Raymi, a festa de ano novo, que era celebrada na primeira lua nova do solstício
de verão. Manteve-se também com bastante importância um culto pré-incaico
às huacas, lugares sagrados que estão alinhados a Cuzco em ceques, linhas retas
imaginárias. Além disso, eram muito importantes os cultos aos ancestrais, como
forma de divinizar a importância da linhagem. Realizavam-se cultos para os
malquis, as múmias dos antepassados. Em se tratando das múmias dos Inkas e
da aristocracia, era um culto fundamental (SILVA GADAMÉS, 1985).
Além disso, os incas praticavam rituais divinatórios e diversas formas de
sacrifícios: de animais em festas ordinárias e de humanos em festas extra-
ordinárias, como corações e consagrações. A mais importante era chamada
de capococha, em que se sacrificavam crianças, símbolo da pureza, quando
ocorria a coroação de um Inka (SILVA GADAMÉS, 1985).
Havia uma organização clerical, em que o Inka desempenhava a função
de sumo sacerdote do culto oficial. Abaixo do Inka, estavam os amawatas,
sábios ou mestres, que formavam o clero do Sol, e possuíam proeminência em
relação aos demais religiosos. Além das funções religiosas, eram encarregados
Sociedades andinas 15

da educação da aristocracia. Havia também um “clero popular”, formado por


sacerdotes-xamãs, com influências locais e relacionados com os cultos. Por
fim, existia um clero feminino das aqllas, as “virgens do Sol”, a serviço do Inti
e do Inka. Às vezes, eram consagradas em cultos e outras vezes serviam de
concubinas ao Inka, e ainda podiam ser destinadas pelo Inka a serem esposas
ou concubinas de casamentos por alianças, como mencionado anteriormente
(SILVA GADAMÉS, 1985).

BETHELL, L. (ed.). Historia de América Latina: América Latina colonial — la América


precolombina y la conquista. Barcelona: Crítica, 1990.
FAVRE, H. A civilização inca. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
SILVA GALDAMES, O. Civilizaciones prehistóricas de América. Santiago: Editorial Univer-
sitaria, 1985.

Leituras recomendadas
FERNANDES, R. L. O império Inca e a economia da América pré-colombiana. 2010. 71 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Econômicas) — Faculdade
de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2010. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25450/000751012.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 24 maio 2020.
FERREIRA, J. L. Incas e astecas: Culturas pré-colombianas. São Paulo: Ática, 1991.
MURATORI, A.; SANTANA, W. Filhos e filhos: as particularidades do ser criança no Império
Inca e da construção da infância na Europa. Revista Ameríndia, v. 3, nº. 1, p. 1–12, 2007.
Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/14821/1/2007_art_amu-
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OLIVEIRA, S. R. de. Por uma história do possível: O feminino e o sagrado nos discursos
dos cronistas e historiografia sobre o “Império” Inca. 2006. 232 f. Tese (Doutorado em
História) — Departamento de História, Universidade de Brasília, Brasília, 2006. Disponível
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RAMOS, P. N. Estado, império, Tahuantinsuyu: uma reflexão sobre modelos racionais-
-legais de organização política e possíveis bases da legitimidade do império inca. Revista
de Estudos e Pesquisas Sobre as Américas, v. 4, nº. 1, p. 4, 2010. Disponível em: https://pe-
riodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/16099/14388. Acesso em: 24 maio 2020.
VAINFAS, R. (org.) América em tempo de conquista. Rio de Janeiro: Zahar, 1992.
16 Sociedades andinas

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