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SOCIEDADES NATIVO-

AMERICANAS
CAPÍTULO 5
Sobre o capítulo:

• Neste capítulo, você vai estudar a história de alguns povos nativos


das terras que, no século XVI, passaram a ser chamadas de
América. Para compreender esse mo- mento histórico, você vai se
deparar com termos como: “pré-colombiano”, “Mesoamérica” e
“amerindios”. Também vai conhecer as particularidades desses
povos e de suas culturas e as semelhanças entre eles, refletindo
sobre suas permanências e transformações na atualidade.
Vamos aprender nesse capítulo:

• A história e a diversidade dos povos nativo-americanos, com


destaque para maias, astecas, incas e povos nativos brasileiros,
bem como para sua atual presença no continente americano.
Povos nativo-americanos:

• De um modo geral, a história que estudamos na escola é eurocéntrica, ou


seja, ela explica os fatos do mundo com base na visão europeia. Dessa
forma, se os Europeus não sabiam da existência de um lugar e de seus
habitantes, a história desse lugar e dessas pessoas também não existia.
Assim, com base nessa visão autocentrada, os europeus, deram um nome
aos povos que já viviam, há milhares de anos, na América: pré-
colombianos. Isso porque só souberam da existência desse lugar e de seus
habitantes após a chegada de Cristóvão Colombo. Uma História não
eurocèntrica tenta nomear esses povos de outra maneira: povos
originários ou povos nativos. Contudo, sempre se acaba fazendo
referência ao nome dado pelos europeus ao continente: povos originários
da América ou povos nativo-americanos.
Maias:

• Os malas eram descendentes de povos que habitavam a região da


Mesoamérica, como os olmecas e os zapotecas. A área ocupada por
eles recebia chuvas constantes e tinha clima quente, o que era
ideal para a produção de milho, comum na região. Além do milho,
também plantavam abóbora, amendoim, feijão, tomate, abacate,
cacau, batata, entre outros produtos. Também cultivavam
algodão, usado para produzir roupas e redes de pesca.
Organização política e econômica dos Maias:

• Os maias fundaram várias cidades entre 200 a.C. e 800 d.C., como
Tikal, Palenque e Chichén Itzá, na Península de Yucatán. Elas eram
independentes. Umas das outras, sendo governadas pelas elites
locais e por um rei. Além da agricultura, os maias tinham
comerciantes que faziam a troca de produtos entre suas cidades,
utilizando rotas de comércio, como você pode observar no mapa
ao lado. Usando barcos feitos com um único tronco de cedro, eles
aproveitavam os rios e o litoral para transportar produtos, como
objetos de cerâmica, sal, roupas e outras mercadorias, utilizando
como base de troca sementes de cacau, ouro, prata, plumas e
conchas.
Aspectos da vida cotidiana dos Maias:

Os malas desenvolveram um complexo sisterna de escrita


logossilábico. Somente os escribas sabiam escrever e fazer anotações
nos calendários. Esses registros estavam ligados à vida da elite
política, bem como a seus mitos. Eram feitos em papel, pedras,
cerâmicas e construções. Os registros em papel, chamados de códices,
forarn quase todos destruídos pelos europeus.
• Assim como seus ancestrais, os malas acreditavam em vários deuses,
que representavam elementos da natureza, como o Sol, a Lua, o
milho e a chuva. Eram feitos rituais para esses deuses, nos quais os
malas pediam alimento e proteção. Um desses rituais ocorria
durante um jogo com bola, uma herança dos olmecas.
• Não se sabe quando nem exatamente por que os maias começaram
a abandonar suas cidades, que acabaram tomadas pelas florestas.
O que os estudiosos sabem é que, a partir do ano 900, os malas
começaram a abandoná-las e que, no século XVI, quando os
espanhóis chegaram, encontraram poucos vestigios deles. Somente
em 1839 essas cidades foram encontradas, quando um escritor e
viajante dos Estados Unidos partiu em busca de suas ruínas, após
ouvir relatos da população mexicana sobre cidades antigas
abandonadas.
Astecas:

• Os astecas foram outro povo que habitou a Mesoamérica, onde atualmente é


o México. Por volta de 1325, eles se instalaram na cidade de Tenochtitlán,
em uma ilha do Lago Texcoco. Anos depois, em 1430, formaram uma aliança
entre as cidades de Texcoco, Tlacopan e Tenochtitlán, que se tornou a
capital do Império Asteca. Aos poucos, os astecas foram ocupando o
território de uma costa à outra, atingindo sua máxima extensão em 1520.Os
astecas eram descendentes de povos mais antigos que habitavam a região,
como os toltecas, que haviam erguido sua capital em uma cidade chamada
Tula. Esse povo foi um dos mais poderosos da região entre os séculos X e XII.
No fim do século XII, Tula foi destruída por povos inimigos, e os toltecas se
desmembraram, deixando como vestigio alguns templos e guerreiros gigantes
de pedra. Os astecas admiravam os toltecas e seus grandes monumentos de
pedra, que os inspiraram em suas artes e construções.
Organização social, política e econômica dos
Astecas:

• Os astecas tinham uma sociedade hierarquizada, Acima de todos,


estava orel, chamado de tlatoani, o grande.orador. Uma de suas
responsabilidades era garantir que não faltassem alimentos à
população. Em 1519, quando as espanhóis chegaram à região, o
tlatoani era Montezuma. Abaixo dele, estavam os nobres, os
pipiltin funcionários públicos sacerdotes e líderes militares. De
acordo com a tradição, esses nobres eram descendentes do
primeiro rei asteca.
• Depois dos nobres, as pessoas eram organizadas em 20 clas
familiares. Estes tinham seus próprios templos e suas escolas.
Entre os membros de cada clã, havia os proprietários de terras, os
comerciantes e os artesãos. Esses grupos eram obrigados a pagar
tributos, entregando à administração das cidades uma parte do
que produziam. Como a produção de alimentos era variada e havia
mercados espalhados pelo império, os comerciantes podiam
garanti a distribuição de alimentos por todos os lugares.
• Em seguida na hierarquia, estavam os maceualtin: trabalhadores
da agricultura ou das grandes construções e soldados. Por fim,
havia os tlatlocotin um grupo formado por prisioneiros de guerras
e pessoas endividadas. Eles não eram escravos, porém sua
liberdade era restrita. Ainda assim, podiam morar em casas
próprias. Os homens tinham direito de se casar com mulheres
livres, e seus filhos também nasciam livres. Os astecas construíram
um império poderoso. As cidades conquistadas se tornavam
provincias obrigadas a pagar tributos, e seus moradores, alguma
vezes, eram usados em rituais de sacrificio para os deuses.
Aspectos da vida cotidiana dos Astecas

• Os astecas eram um povo militarizado, cujos guerreiros usavam


escudos enfeitados com penas, lanças e espadas. Participar do
exército e vencer batalhas, capturando inimigos, era uma das poucas
formas de ascender na hierarquia social asteca. Em cidades como
Tenochtitlán e Tlacopan, os nobres viviam em palácios, muitas vezes,
nos topos de pirámides. Já as pessoas comuns moravam em casas
simples, feitas de galhos e cobertas com uma espécie de argila. Em
Tenochtitlán, havia ruas e canais que facilitavam a entrada e a saída
de mercadorias. Como já foi dito, a cidade ficava em uma ilha do
Lago Texcoco, onde os astecas construíram chinampas, pequenas
ilhas retangulares utilizadas para a agricultura.
• Os astecas falavam uma lingua chamada náuatle, que tinha um
sistema de escrita ideográfico e logossilábico bastante complexo.
A escrita era ensinada em escolas destinadas aos filhos dos nobres.
Desde 2003, o náuatle é uma das línguas nacionais no México, com
mais de 1 milhão de falantes na atualidade. Os astecas produziram
vários códices em náuatle. Neles, podem ser identificadas palavras
que passaram a fazer parte do vocabulário usado em diferentes
idiomas, como tomate, chocolate e cacau.
• Politeistas, os astecas adoravam deuses que representavam forças
da natureza. Muitos dos deuses já eram cultuados por seus
ancestrais Telleriano-Remensis, do século x toltecas, como
Quetzalcoatl, a serpente enfeitada com plumas. Os sacerdotes
eram responsáveis por realizar rituals de adoração, oferendas e
sacrifícios humanos aos deuses.
Incas:

• Os incas viveram na América do Sul, na região da Cordilheira dos Andes,


onde atualmente estão os territórios do Equador, do Peru, do Chile, da
Colombia, da Bolivia e da Argentina. Toda sua extensão era ligada por
uma rede de mais de 20 mil km de trilhas e estradas, algumas a 5 mil
metros de altura. Havia algumas pontes suspensas que cruzavam os
desfiladeiros e todas as estradas convergiam para a cidade de Cusco, a
capital do império. Dali, deram início à sua expansão, por volta do
século XIV. Os incas eram descendentes de povos pescadores e
agricultores que organizaram sociedades complexas, como a civilização
Caral, e as culturas chavín, tiahuanaco, nazca e mochica. Essas
sociedades se localizavam na costa do oceano Pacífico, onde atualmente
fica o Peru.
Hábitos dos Incas:

• Esses povos tinham alguns hábitos em comum, como o garimpo de


ouro e prata nos rios que desciam a cordilheira. Os metais eram
usados tanto para produzir objetos de arte, muitas vezes sagrados
quanto como base de troca.
Civilização dos Incas:

• A civilização Caral surgiu há cerca de 5 mil anos, no vale do Rio


Supe. Os arqueólogos acreditam que Caral seja a cidade mais
antiga do continente americano, abrigando seis pirámides, um
anfiteatro circular, canais de Irrigação, além de um setor
residencial. A civilização Inca surgiu aproximadamente no século
XIII e teve seu declínio no século XVI.
Culturas dos Incas:

• A cultura chavín se desenvolveu entre 1500 a.C. e 300 a.C.


Estudiosos encontraram templos com um grande espaço interno e
câmaras subterrâneas, pirámides, edificios e praças. Neles,
existem entalhes feitos em baixo-relevo que representam figuras
humanas, aves, felinos e serpentes, que se misturam em imagens
fantásticas.
Organização social, política e econômica dos
Incas

• Os incas submeteram os povos conquistados, impondo a eles seu


imperador, que acreditavam ser descendente de Inti, o deus do
Sol. O cargo de imperador era incontestável e hereditário, então,
quando ele morria, um de seus filhos assumia o poder. O último
imperador inca, Atahualpa, foi derrotado pelos europeus em 1533.
Abaixo do imperador estavam os nobres, que eram os membros da
familia real, os lideres militares e os religiosos Depois, vinham os
governantes das quatro partes, nas quais o território inca era
dividido, Após essa camada, havia a de funcionários públicos e
trabalhadores especializados, seguida da camada composta de
artesãos e agricultores
• As terras de cultivo do império eram divididas em três partes: uma para o
Estado, uma para os deuses e outra para a população. Em razão do relevo
montanhoso, os incas desenvolveram uma forma de plantio em degraus
Eles usavam varas afiadas e arados para trabalhar a terra e thamas para
transportar as colheitas. As Ihamas também forneciam couro, carne e lá
para fazer tecidos, mantas ou cordas. A base da produção agrícola eram
os ayllu, comunidades formadas por pessoas de mesma descendência.
Cada ayllu tinha como chefe o kuraca, lider que distribuia as terras e
controlava o trabalho dos camponeses. Os membros do ayllu trabalhavam
em sua terra e nas terras do Estado e dos deuses, garantindo a
alimentação das camadas superiores, dos anciãos e das pessoas doentes
que não podiam produzir o próprio alimento.
• Todos pagavam tributos, tanto os incas quanto os povos
conquistados por eles. Além de produtos, outra forma de pagar os
tributos era o trabalho para o império, chamado mita, realizado,
por exemplo, na construção de obras públicas.
Aspectos da vida cotidiana dos Incas:

• Todos os povos conquistados eram obrigados a adotar os costumes


incas e a lingua quechua, que ainda hoje é falada em várias
regiões do antigo Império Inca. Os incas não tinham um sistema de
escrita, mas utilizavam um sistema que permitia fazer cálculos,
registrar acordos e enviar mensagens às várias regiões do império:
os quipus, Os incas eram hábeis artesãos com metal e tecidos
produzidos com fios coloridos, característica do artesanato dessa
região até hoje. Faziam observações astronômicas e criaram um
calendário solar de 12 meses. Além disso, conheciam a Matemática
e utilizavam o ábaco e grãos de milho para fazer cálculos usados
nas construções e no comércio.
• Os incas eram politeístas e um de seus principais deuses era Inti, o
de do Sol. Por todo o império, havia templos dedicados a ele,
sendo o de Cuz coberto de ouro. Também adoravam Mama Cocha,
fonte da fertilidade ed colheitas, e Viracocha, que teria criado o
mundo a partir do Lago Titica.
Nativos brasileiros:

• De acordo com os pesquisadores, no fim do século XV, existiam cerca de


três milhões de pessoas vivendo nas terras que hoje formam o Brasil.
Apesar de os europeus chamarem todos de “indios”, havia uma grande
diversidade de povos indigenas com etnias e culturas diferentes quando
eles chegaram. Aproximadamente dois milhões de pessoas viviam no
litoral, enquanto um milhão estava no interior. Entre as línguas faladas
por esses povos havia algumas que apresentavam semelhanças. Assim, o
estudo sobre eles foi organizado com base em grandes grupos de línguas,
chamados de troncos linguísticos. Observe, no mapa ao lado, como esses
povos, organizados em troncos linguísticos, ocupavam as terras que mais
tarde seriam chamadas de Brasil.
Diversidade cultural

• Além das semelhanças linguisticas, estudos arqueológicas e


antropológicos demonstram que também existem diferenças
culturais entre os povos indigenas brasileiros. Essas diferenças
estão presentes em aspectos, como a forma de construir casas, de
organizar as aldeias, de se enfeitarem para festas ou de narrar
suas histórias. Os povos indigenas do Brasil desenvolveram sua
cultura de uma maneira que hoje podemos chamar de ecológica,
buscando o equilíbrio entre o uso e o respeito à natureza, Por essa
razão, tornaram-se, na atualidade, exemplos de sociedade
reconhecidas e respeitadas em todo o mundo.

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