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Geografia Cultural

Material Teórico
Globalização, Território e Cultura

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra.Vivian Fiori

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Globalização, Território e Cultura

• Globalização, território e cultura


• Cultura e choque de civilizações?
• Globalização e cultura
• Territorialidades em tensão

·· Tratar da concepção de ocidentalização do mundo, discursos prós e contras.


Evidenciar as situações do processo de globalização e sua relação com a questão
cultural e com as diversas territorialidades existentes no mundo.

Como na unidade anterior, a leitura do texto teórico e a realização das atividades são
fundamentais para o acompanhamento do conteúdo a ser desenvolvido.
É essencial conhecer os processos e situações no mundo sobre território e cultura, os
discursos e teorias existentes para analisá-las, caso da teoria do “choque de civilizações”, sobre
o processo de globalização e as mudanças empreendidas nas formas de cultura, entre outras.
Desse modo, leia atentamente o texto, procure observar as diferentes condições existentes
em relação ao processo de globalização e a questão cultural e como isso tem modificado e
criado tensões entre as diferentes territorialidades existentes.

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Unidade: Globalização, Território e Cultura

Contextualização

Leia com atenção o texto a seguir:

Atenção

Deste modo, todo o legado de riqueza de diversidade biológica que a humanidade


hoje dispõe tem as diferentes culturas como parte de sua constituição [...] Muitos
autores vêm assinalando que a perda de diversidade biológica mantém uma forte
correlação com a diminuição do número de línguas do planeta. Afinal é por meio
da linguagem que se dá a mais fundamental das apropriações da natureza – dar
nome próprio é se aproximar. A linguagem de cada povo contém o conhecimento
acerca de cada ecossistema e, assim, a diversidade de línguas.
Traz consigo as diversas formas de apropriação da diversidade biológica com que
cada fração da humanidade convive há milhares de anos. A diversidade cultural é,
assim, o maior patrimônio que a humanidade legou, e a diversidade biológica, embora
construída por um processo complexo que transcende essas diversas culturas, não
pode ser preservada prescindindo da contrubuiçção dessas populações.
Um dos maiores desafios que haveremos de enfrentar é o de superar uma leitura
estreita do devir civilizatório, que só vê civilização onde haja uma grande pirâmide,
uma grande muralha, uma grande construção feita, quase sempre, para registro
individualístico de algum potentado que por esse meio quis se eternizar.
É preciso, definitivamente, reconhecer a fantástica riqueza cultural que os
diferentes campesinatos (inclusive o europeu, basta lembrar de seus vinhos e
queijos), as diferentes culturas indígenas, as diferentes culturas aborígenes, as
diferentes culturas africanas, as diferentes culturas asiáticas e outras em todo o
mundo guardam, ainda hoje, e que se acham inscritas na terra (agri + cultura).
São essas culturas que nos legaram todo um patrimônio sob a forma de múltiplos
hábitos alimentares que podemos saborear; saberes que nos legaram muitos dos
chás e remédios com que nos deleitamos e curamos. Essas diferentes matrizes
de racionalidade são, com certeza, inspiração para a busca de uma (múltiplas)
racionalidade (s) ambiental (is).
Fonte: Trecho literal extraído de PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter.
A globalização da natureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, p. 404 - 405.

Conforme o geógrafo Carlos Walter Porto-Gonçalves diz, existem diversas culturas pelo
mundo e as formas de agriculturas e os alimentos existentes são demonstrações delas.
Contudo, a racionalidade econômica global vem criando cada vez mais uma homogeneização
nas maneiras de produzir e de se alimentar, bem como tensões entre territorialidades modernas,
ocidentais e capitalistas em relação às formas mais tradicionais.
Leia o texto teórico da disciplina para compreender esses e outros processos relacionados
à globalização, território e cultura.

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Globalização, território e cultura

Nesta unidade, vamos tratar sobre cultura, globalização e território, comentando algumas
situações ao longo da história e evidenciando o atual processo de globalização, que vem
promovendo novas dinâmicas territoriais e culturais no mundo, produzindo novos processos
de tensão entre diferentes territorialidades.

Cultura e choque de civilizações?

Durante o colonialismo, entre os séculos XVI - XIX, houve a colonização do continente


americano. Mais recentemente, a partir do século XIX, ocorre também o chamado
neocolonialismo ou imperialismo, no qual houve a partilha de territórios da África e da Ásia
entre os países europeus. Tais processos ocorreram, principalmente, por meio de coerção ou
alianças com povos locais, buscando submetê-los gradativamente ao modo de vida ocidental.
A ideia do que seria “ocidental” foi se traduzindo ao longo dos séculos pela ótica e
dominância dos povos brancos, monoteístas, cristãos e cada vez mais pela lógica capitalista,
principalmente pós século XIX.
Ao transformar, por exemplo, diversas tribos e territorialidades de povos da África em
países (Estados-Nações), os europeus criaram países que tinham povos inimigos ou criaram
arranjos conforme seus interesses, que em nada respeitavam a diversidade de povos existentes
antes de suas colônias (vide Figura 1). Ora separaram povos que tinham a mesma identidade
cultural, ora colocaram sob a mesma bandeira povos inimigos.
Basta observar que o território do Egito atualmente (Figura 1), aproxima-se de um quadrado,
ou seja, as linhas limites entre os países foram se delineando conforme os interesses e acertos
entre os colonizadores europeus.
Um exemplo que se tornou conhecido devido a um grande genocídio ocorrido no final do
século XX, foi o de Hutus e Tutsis, tribos e povos que viviam em Ruanda, país criado pelos
colonizadores belgas na África, e devido às hostilidades entre esses dois grupos, estima-se que
aproximadamente 800 mil deles morreram nos anos 1990.
Ao longo dos processos de colonização e da fase imperialista do começo do século XX, a
ideia de uma cultura geral única e “civilizada” partiu dos colonizadores, que incumbiram ordens
religiosas de diferentes tipos de levar aos “nativos” a religião cristã, monoteísta, e os modos
de vida ocidental. Além dos países da Europa Ocidental, os EUA também passam a dominar
esse cenário ocidental, principalmente a partir do século XX.

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Unidade: Globalização, Território e Cultura

Figura 1: Colonizadores da África- início século XX

Marrocos

Saara Argélia Líbia


Egíto
espanhol

ncesa
África ocidental francesa Sudão
anglo-egípcio
Somália

rial fra
Nigéria
Etiópia
britânica

quato
Libéria Camarões
Oceano Guiné Ruanda- Uganda Somália

e
Quênia

África
Atlântico espanhola Urundi italiana
Congo Tanganica
belga
Angola Rodésia
do norte
Rodésia Madagascar
França Mandato francês Sudoeste Bechuana do sul
Grã-bretanha Mandato britânico africano lândia
Bélgica Mandato belga União
Portugal Mandato sul-africano Sul-africana Oceano
Espanha Países independentes Índico
Itálica
Fonte: Adaptado de washingtoncandido.wordpress.com

Ao longo dos séculos XIX e início do XX, sobretudo, com as expedições científicas e a
difusão da ciência moderna, muitos estudos procuraram vincular a superioridade da raça
branca e também da cultura europeia e norte-americana, branca e cristã, em detrimento das
outras raças e culturas. Essas teses racistas, preconceituosas, foram largamente difundidas por
alguns deterministas ou darwinistas sociais.
Essas teorias tornaram-se uma forma de justificar a colonização de povos da África e Ásia,
por exemplo, legitimando os processos de imperialismo e a exploração dos continentes e de
seus povos.

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Saiba Mais

Darwinismo social e teorias evolucionistas


O darwinismo baseava-se na teoria de Charles Darwin, para as espécies. Para
Darwin, as espécies passavam por um processo de seleção natural e as melhores
espécies, bem como os melhores indivíduos, adaptavam-se e sobreviviam. Tais
ideias no darwinismo social foram usadas para a sociedade, a partir das quais
a luta entre as nações seria um processo no qual os mais fortes venceriam.
O discurso dos europeus seria de que estariam levando à África uma missão
civilizatória, mediante contato com as civilizações europeias. Assim, nesse
discurso evolucionista, os europeus eram os civilizados, em detrimento dos
colonizados, que eram chamados de primitivos, atrasados e até bárbaros.

Já com o final da colonização e após a Segunda-Guerra Mundial (1939 -1945), período


no qual houve um processo de descolonização de África e Ásia, novas ideologias e discursos
foram organizando o mundo em torno de dois blocos, num período conhecido como Guerra
Fria. O inimigo agora era o comunismo, visto do ponto de vista do Ocidente capitalista.
Há também a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), criada em 1948, que
procura mediar alguns conflitos territoriais e culturais internacionais, embora, muitas vezes,
ocorra o domínio do poder das grandes nações.
Sobre essas situações e discursos (retóricas), o pesquisador Edward Said comenta:

[...] no contexto colonial e pós-colonial, as retóricas da cultura


geral ou da especificidade civilizacional marcharam em duas
direções potenciais: uma utópica, que insistia num padrão geral de
integração e harmonia entre todos os povos; a outra que sugeria que
todas as civilizações eram de fato específicas e ciosas, monoteístas,
a ponto de se rejeitarem e entrarem em guerra contra todas as
outras. Entre os exemplos da primeira linha estão a linguagem e
as instituições das Nações Unidas fundadas logo após a Segunda
Guerra, e o surgimento, a partir da ONU, de várias tentativas
de um governo mundial baseado na coexistência, nas limitações
voluntárias da soberania e na integração harmoniosa de povos
e culturas. A segunda direção deu origem à teoria e à prática da
Guerra Fria e, mais recentemente, à idéia de que o choque de
civilizações é – se não uma necessidade para um mundo de tantas
partes diferentes – uma certeza
(SAID, 2001 p. 323).

Em relação às teorias mais recentes para compreender o mundo, como aponta o autor,
existe a concepção da teoria do “choque de civilizações”, cujas ideias advêm do mundo pós
Guerra Fria.

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Unidade: Globalização, Território e Cultura

Em 1996, o norte-americano Samuel Huntington publicou sua polêmica obra chamada de


“O choque das civilizações”, na qual discutiu o conceito de civilização e progresso, definindo
que o mundo era dividido em civilizações (vide Figura 2).

Figura 2: Choque de Civilizações Conforme Huntington

Civilização
ortodoxa
Civilização Civilização
ocidental confuciana

Civilização Civilização
latino-americana árabe-muculmana

Ocidental Africana (possível)


Latino-Americana Confucionista
Ortodoxa Japonesa
Muçulmana Hindu
Fonte: Adaptado de objetivo.br

Seriam elas: a Ocidental (liderada pelos EUA e Europa Ocidental), a Islâmica ou Muçulmana
(situada no norte da África e parte do Oriente Médio), a Sínica-Confucionista (da China e
países do sudeste asiático), a Japonesa, a Hindu, a Ortodoxa ocidental (do leste da Europa), a
Latino-americana (por incorporar valores das civilizações indígenas e por sua cultura católica, é
considerada praticamente uma sub-civilização ocidental) e, por fim, a Africana (região Centro-
Sul da África), a qual Huntington hesita em definir como uma civilização.
A principal característica que Huntington utilizava para definir as diferentes civilizações é a
religião, sendo que das cinco principais religiões, quatro – cristianismo, islamismo, hinduísmo
e confucionismo, estão citadas.
Para o autor, haveria uma gradação entre essas civilizações e este valoriza de forma enfática
a experiência cultural da civilização ocidental, formada, sobretudo, pelos EUA e Europa
Ocidental, compreendendo-a como sinônima de progresso, de moderna, de urbana.

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Huntington explica seu conceito para civilização:

O que queremos dizer quando falamos de uma civilização? Uma


civilização é uma entidade cultural. Aldeias, regiões, grupos étnicos,
nacionalidades, grupos religiosos, todos têm culturas distintas em
diferentes níveis de heterogeneidade cultural. A cultura de uma
aldeia na Itália meridional pode ser diferente da de uma aldeia
no Norte, mas ambas compartilham uma cultura italiana comum
que as distingue das aldeias alemãs. As comunidades européias,
por seu lado, partilharão traços culturais que as distinguem das
comunidades árabes ou chinesas. No entanto, os Árabes, os
Chineses e os Ocidentais não são parte de qualquer entidade cultural
mais ampla. Constituem civilizações. Assim, a civilização é o mais
elevado agrupamento cultural de pessoas e o nível mais amplo de
identidade cultural que possuem e que distingue os humanos das
outras espécies. Define-se quer por elementos objetivos comuns,
como a língua, a história, a religião, os costumes e as instituições,
quer pela autoidentificação subjetiva das pessoas. As pessoas
têm níveis de identidade diferentes: um residente em Roma pode
definir-se, em vários graus de intensidade, como romano, italiano,
católico, cristão, europeu, ocidental. A civilização a que pertence é
o nível mais amplo de identificação a que se sente ligado
(HUNTINGTON, 1997, p. 22).

Nesse sentido, caberia ao Ocidente “civilizar” e envolver os demais grupos ou civilizações


no caminho do desenvolvimento e da modernidade. Isso, segundo ele, entraria em choque
com outras civilizações, caso da civilização árabe-muçulmana, já que os cristãos (do Ocidente)
sempre estiveram em conflito com a civilização árabe-muçulmana conforme essa concepção,
daí o nome de “choque de civilizações”.
Nessa teoria, o Islamismo é visto como uma ameaça, que precisa ser confrontada pelo
Ocidente, para que este não perca sua liderança política, econômica, social e cultural e a
civilização ocidental mantenha sua hegemonia.
Há várias críticas ao discurso desse autor, pois para alguns ele desconsidera as diferenças
internas do ponto de vista sociocultural e político, como se todos da civilização árabe-
muçulmana fossem um bloco único, iguais, homogêneos, assim como exclui a América Latina
do bloco do Ocidente.
Outros vêem no discurso um mote para que os países ocidentais liderados pelos EUA
dominem os países muçulmanos, principalmente porque em seus domínios está parte das
fontes de energia do mundo - o petróleo. Nesse sentido, o discurso é ideológico, político, que
alia geopolítica à questão cultural.
Autores como Edward Said (2001) se contrapõem ao discurso de Huntington, pois essa
concepção de mundo ocidental x oriental, segundo o autor, é uma invenção dos europeus.
Said discorda da visão de “Oriente”, que agrupa diferentes povos – que incorpora países e
povos da China, da Índia e países muçulmanos, geralmente vistos pelos países europeus como
inferiores e pelo simbolismo do exótico, diferente, estranho.

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Unidade: Globalização, Território e Cultura

Ao longo de muitos anos de colonização e também da ciência moderna, o que se produziu


sobre o mundo que não era branco, cristão e ocidental, quase sempre foi visto e analisado de
forma deturpada, com preconceito.
O fundamentalismo religioso que tem ocorrido em algumas partes do mundo ajuda a criar
ainda mais animosidade entre as diversas culturas. Atualmente, esses fundamentalistas vêm
com um ingrediente novo, as redes sociais, que permitem a conexão de ideias boas ou más,
que podem tornar-se meio para ajudar o próximo, como para denegri-lo.
Lamentavelmente, exemplos de fundamentalismo religioso têm sido comuns no mundo ao
longo da história. Há casos mais recentes do início do século XXI, como o do Boko Haram,
grupo da Nigéria, África, e também do Estado Islâmico, no Oriente Médio.

Saiba Mais
Boko Haram
Grupo extremista Boko Haram surgiu como seita e virou grupo armado.
Milícia radical sequestrou mais de 200 estudantes na Nigéria. Sua atuação já
resultou na morte de pelos menos 1.500 pessoas.
O grupo radical islâmico Boko Haram, que intensificou seus ataques nas últimas
semanas na Nigéria e assumiu a autoria do sequestro de mais de 200
estudantes, nasceu de uma seita que atraiu jovens do norte do país.
Seus líderes são críticos em relação ao governo nigeriano e querem estabelecer
a lei do Islã no país. Além disso, condenam a educação ocidental e são contra
mulheres frequentarem a escola.
Boko Haram significa “a educação ocidental é pecaminosa” em hausa, a língua
mais falada no norte da Nigéria.
Para Mohammed Yusuf, fundador da seita, os valores ocidentais, instaurados pelos
colonizadores britânicos, são a fonte de todos os males sofridos pelo país. Ele
atraiu a juventude de Maiduguri, capital do estado de Borno, com um discurso
agressivo contra o governo da Nigéria. “O objetivo é estabelecer uma república
islâmica”, afirma o pesquisador francês Marc-Antoine Pérouse de Montclos.
Segundo informações da agência AFP, o grupo recruta novos membros
principalmente entre os “almajirai”, estudantes islâmicos itinerantes, que não
tiveram acesso a uma educação de qualidade. Também recebe apoio de intelectuais
que consideram que a educação ocidental corrompe o Islã tradicional.
Fonte: Trecho literal extraído de GLOBO. G1. Grupo extremista Boko Haram surgiu como seita e virou grupo armado. São Paulo, 06-05-2014.
Disponível em: http://goo.gl/uyMttl.
Acesso em: 20 mai. 2015.

Importante ressaltar que nem todos que professam o islamismo são radicais e fundamentalistas
como esses grupos, e também que alguns atores sociais hegemônicos que representam o
“mundo ocidental” também igualmente criaram ao longo dos séculos discursos preconceituosos
contra os muçulmanos.
O ideal é que houvesse respeito cultural, mas as questões territoriais, econômicas, culturais
e sociais se imbricam.
O processo de globalização vem ampliando as formas de contato entre os diversos povos e
culturas. A seguir vamos discutir mais essa questão.

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Globalização e cultura

O processo de globalização foi intensificado nas décadas finais do século XX, tanto do
ponto de vista econômico, quanto dos sistemas técnicos que vêm permitindo uma maior
integração do mundo.
Do ponto de vista cultural, existem padrões culturais que se tornaram dominantes,
principalmente com a intensificação do processo capitalista, do aumento da urbanização e da
ampliação dos usos de tecnologias informacionais, que vêm modificando as práticas socioculturais
e permitindo maior contato entre diferentes grupos e culturas de diferentes lugares.
Não se trata de uma homogeneização total, já que ainda existem diferenças marcantes do
ponto de vista cultural entre os diversos povos e civilizações do mundo.
Contudo, alguns padrões culturais vêm se estabelecendo como dominantes - podem ser
padrões de vestimenta, alimentação, cultura midiática, música, entre tantos outros. Um
exemplo de algo que se tornou global são as vestimentas e também o cinema, como explica o
cientista social Renato Ortiz:

Uma campanha publicitária de cerveja, feita pela Saatchi & Saatchi,


é concebida na Inglaterra, rodada no Canadá, e editada em Nova
York. Um “filme-global”, realizado para um público-alvo mundial,
é produzido por uma major de Hollywood, dirigido por cineasta
europeu, financiado pelos japoneses, contém no elenco vedetes
internacionais e as cenas se passam em vários lugares do planeta.
As roupas japonesas, consumidas no mercado americano, são
fabricadas em Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul e Singapura;
já a indústria de confecção norte-americana, quando inscreve em
seus produtos, “made in USA”, esquece de mencionar que eles
foram produzidos no México, Caribe ou Filipinas
(ORTIZ, 1996, p. 108).

Nesse caso, além de uma produção multilocalizada, aquilo que antes era a vestimenta
típica de um determinado povo, cada vez mais está sofrendo um processo de uniformização,
tornando-o praticamente a mesma vestimenta em várias partes do mundo. Não nos cabe
discutir se são melhores ou piores, mas tornam o mundo menos multicolorido, menos diverso.
Outro aspecto que podemos citar são as comidas rápidas - o fast food, cujo padrão vem
sendo incorporado por diferentes culturas, sobretudo nas grandes metrópoles.
Essa estandardização, ou seja, essa uniformização da produção de alimentos e de comidas
típicas da sociedade norte-americana traz a lógica capitalista do “não podemos perder tempo”,
nem para comer. É a comida de segundos, do tempo rápido, do mundo capitalista global.
Essa lógica de produção de comidas rápidas tem relação com o mundo moderno, no qual o
tempo é apreendido pelo processo capitalista e as formas de existência também. Não há mais tempo
para a comida do fogão a lenha, nem mesmo de comidas que levem muito tempo para serem feitas.

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Unidade: Globalização, Território e Cultura

Como explica Renato Ortiz:

Interessa menos no caso McDonald´s sua americanidade, do que o fato


de ele exprimir um novo padrão alimentar, o fast-food. Durante os
anos 20 e 40, os Estados Unidos conhecem uma profunda mudança
dos hábitos alimentares, fenômeno ligado à emergência das grandes
companhias processadoras de comida (Nabisco, por exemplo)
e à vida na cidade. Não há tempo para se comer em casa, daí a
necessidade de se conseguir uma boa refeição a preços módicos. A
modernidade impõe seu ritmo aos costumes arraigados. Os primeiros
drive-in já exprimem uma adequação da refeição ao movimento
dos automóveis. O fast-food o acelera. No fundo, o que os irmãos
McDonald fazem é aplicar o modelo de taylorização, conhecido nas
fábricas, na produção de sanduíches e no atendimento ao cliente. O
parcelamento das tarefas permite um ganho na produtividade, mas
para isso é necessário uma padronização da escolha. A restrição e
simplificação do menu é uma exigência da rotatividade fabril. Porém,
o sucesso da fórmula se explica pela sincronia entre produção
e consumo. A rapidez não é uma qualidade restrita ao universo
empresarial, ela permeia a vida dos homens
(ORTIZ, 1996, p. 82).

O modelo de taylorização citado pelo autor tem relação com o controle do tempo de
movimentos, ou seja, é uma produção em série do setor industrial que passa a ser usada em
produção de lanches e comidas rápidas.
Esse processo de padronização alimentar vem acarretando problemas nutricionais no mundo,
sobretudo devido à ampliação de comidas gordurosas e industrializadas, com muitos conservantes
e químicas, e, ao mesmo tempo, uma vida corrida, mas que não proporciona exercitar o corpo.
O modo de vida urbano, sobretudo nas metrópoles, traz mudanças culturais, entre elas o
modo de se alimentar, e isso vem trazendo problemas para a saúde das pessoas, conforme
atesta estudos sobre saúde:

Apesar dos contrastes econômico e sociocultural entre países


pobres e ricos, as tendências observadas através de estudos
epidemiológicos sobre consumo alimentar assinalam a reprodução
de características similares, ou seja, o padrão alimentar antes
característico dos países desenvolvidos é atualmente uma
preocupação também dos países em desenvolvimento. [...] Isto leva
a supor a existência de pressões condicionantes destas tendências.
Influenciadas pelos avanços tecnológicos na indústria de alimentos
e na agricultura e pela globalização da economia, as práticas
alimentares contemporâneas têm sido objeto de preocupação das
ciências da saúde desde que os estudos epidemiológicos passaram
a sinalizar estreita relação entre a dieta – afluente - e algumas
doenças crônicas associadas à alimentação, motivo pelo qual o
setor sanitário passou a intervir mudanças nos padrões alimentares
(GARCIA, 2003, p. 484).

É fato que a lógica capitalista global é cada vez mais dominante, mas há resistências de
diferentes tipos e também racionalidades distintas. Citamos como exemplo pequenas cidades
na França que fazem questão de evidenciar sua cultura local, por meio de suas produções de
vinho e queijo.

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O circuito espacial de produção do queijo roquefort, por exemplo, vira atrativo turístico
cultural e vendem-se, além do queijo, camisetas e outros presentinhos que remetem à produção.
Contudo, para que o produto tenha o selo de queijo “roquefort” francês é necessário que
seja seguido o procedimento produtivo, criado ao longo da história da cultura local da região
de Roquefort-sur-Soulzon, no sul francês. O queijo é feito à base de leite de ovelha, sendo
maturado nas cavernas de Cobalou e de um fungo comum na região, dando-lhe as propriedades
que o tornaram um queijo patenteado e famoso.
O produto pode ser então comercializado globalmente, mas não é uniformizado num
processo comum em todos os países, pois este tem relação com a cultura local de uma
cidadezinha do sul da França.

Saiba Mais

Globalização e padrão alimentar


A globalização da economia e a industrialização exercem um papel importante,
devido à gama de produtos e serviços distribuídos em escala mundial e ao suporte
publicitário envolvido. Uma tendência crescente para o consumo de alimentos de
maior concentração energética é promovida pela indústria de alimentos através
da produção abundante de alimentos saborosos, de alta densidade energética e
de custo relativamente baixo. A globalização atinge a indústria de alimentos, o
setor agropecuário, a distribuição de alimentos em redes de mercados de grande
superfície e em cadeias de lanchonetes e restaurantes. A difusão da ciência nos
meios de comunicação e o uso do discurso científico na publicidade de alimentos
também exercem seu papel no cenário das mudanças alimentares. Embora nos
países mais pobres estas tendências de consumo estejam distribuídas diferentemente
nos segmentos de classes sociais de acordo com as possibilidades de acesso aos
bens de consumo, no plano simbólico os desejos de consumo por si só marcam
uma inclinação a este perfil alimentar.
A estandardização de certas instâncias das práticas e do comportamento alimentar
facilitam as mudanças na alimentação que vão sendo incorporadas como parte
do modo de vida, como consequência deste. Pressionadas pelo poder aquisitivo,
pela publicidade e praticidade, as práticas alimentares vão se tornando permeáveis
a mudanças, representadas pela incorporação de novos alimentos, formas de
preparo, preparo, compra e consumo.
Contudo, é possível que tais mudanças encontrem mais ou menos resistência,
dependendo da cultura alimentar e da consolidação de suas práticas estabelecidas
e simbolicamente valorizadas.
Fonte: Trecho literal extraído de GARCIA, Rosa Wanda Diez. Reflexos da globalização na cultura alimentar:
considerações sobre as mudanças na alimentação urbana. Rev. Nutrição, Campinas, 16(4), out./dez., 2003, p. 484 - 485.

Há também uma apropriação dos alimentos que foram cultivados por muitos anos e até
séculos por alguns povos que vivem de modo mais tradicional, num ritmo mais lento e próximo
à natureza e de repente foi sendo cooptada pelo modo de produção capitalista, da agricultura
moderna, das commodities agrícolas, com transgênicos, com sementes manipuladas
geneticamente.

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Unidade: Globalização, Território e Cultura

Em relação a essa questão, o geógrafo Carlos Walter Porto-Gonçalves comenta:

Segundo a World Watch (http://worldwatch.org.mag), o trigo cultivado


no Canadá tem genes provenientes de 14 países, e os genes dos
pepinos dos EUA procedem da Birmânia, Ìndia e Coréia, genes
adquiridos sem nenhuma contrapartida econômica. O milho tem
sua origem no sul do México e, transferido gratuitamente aos EUA,
serve de fonte para toda a manipulação transgênica que, hoje,
é vendida, inclusive, para o próprio México, que paga royalty
por uma invenção que teve origem entre seus povos originários.
Assim, vemos as implicações da lógica mercantil que tenta impor
a sua temporalidade às múltiplas temporalidades que caracterizam
cada povo e cada região, com sua (agri)cultura homogeneizante
contra as diferentes (agri)culturas que a humanidade desenvolveu
até aqui. O tempo do time is money, vê-se concretamente, tenta
submeter todos os povos e lugares ao mesmo tempo do relógio,
olvidando que cada espécie, cada bioma, cada cultura, tem seus
próprios tempos
(PORTO-GONÇALVES, 2006, p. 407).

São temporalidades distintas. De um lado, a do tempo acelerado do capitalismo da lógica


global, que induz artificialmente a produção de alimentos mais rapidamente, com biotecnologia,
conhecimento científico, e inclusive alimentos geneticamente modificados; de outro, a do
tempo mais lento, da produção orgânica, por exemplo, da agricultura de povos e comunidades
chamadas de tradicionais de diversas partes do mundo.
Conforme explica Porto-Gonçalves (2006), múltiplas culturas tradicionais selecionaram e
aperfeiçoaram plantas, por meio de atividades agrícolas, ao longo da história humana. Esse
foi o caso dos povos dos altiplanos andino, na América do Sul, onde indígenas e camponeses
manipulam mais de 600 variedades de milho e mandioca.
Muitos dos alimentos que se tornaram globais foram domesticados e tornados agricultáveis
por povos tradicionais, caso da batata, originária do Peru, da mandioca, dos feijões, da fava,
do tomate, do abacaxi, entre tantos outros alimentos.
Com a agricultura moderna, feita em larga escala, com monoculturas (cultura de um só
produto), com mecanização e agrotóxicos, há a diminuição das variedades das espécies, criando
uma homogeneização cultural a partir da cultura dos alimentos, impondo a temporalidade do
mundo capitalista e a lógica global a todas as sociedades, com uma agricultura homogeneizante.

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Territorialidades em tensão

O fato é que, seja por fator político e geopolítico ou eminentemente econômico, o mundo
“ocidental”, liderado principalmente pelo modo de vida europeu e norte-americano, sobretudo
com a expansão capitalista e a intensificação do processo de globalização, vem alterando as
formas de vida mais tradicionais e, por isso, há diversas territorialidades em tensão.
Por territorialidade, compreendemos uma expressão de um grupo no território. Podemos
tratar de territorialidade dos muçulmanos, de um grupo indígena, de um caiçara, ou seja, a forma
como expressam sua cultura no território revela a territorialidade de um determinado grupo.
A territorialidade define um modo de vida, uma característica sociocultural, uma identidade
cultural, que cria certo processo de ideias e modo de vida em comum, de compartilhamento
de forma de vida e ideais, diferenciando-o de outras territorialidades.
Para alguns autores, a globalização induz a uma desterritorialização. Trata-se da ideia de que
as pessoas perdem suas referências e raízes culturais, territoriais, em detrimento da formação
de hábitos e comportamentos cada vez mais padronizados, similares, iguais, homogêneos, isto
é, a estandardização do comportamento, da uniformização dos modos de vida.
Outros usam a expressão “aldeia global” para se referir a esses padrões globais de modos
de vida, de consumo, de culturas cada vez mais parecidas. Contudo, cabem ressalvas tanto em
relação ao termo “desterritorialização” quanto de “aldeia global”.
O fato de termos contatos com outros modos de vida, de nos submetermos à força ou não
a eles, não significa que estejamos de fato “desterritorializados”, já que em algum território
estaremos vivendo, nos relacionando, ainda que com mudanças em relação ao que vivíamos
anteriormente.
Tampouco vivemos no mundo de hoje numa só aldeia global. Há ainda muita diversidade
étnica, cultural e de modos de vida que não são apenas e tão somente o reconhecido pelo
mundo ocidental (principalmente das grandes metrópoles europeias e norte-americanas).
Alguns autores denominam de “não-lugar” esses lugares cada vez mais iguais, impessoais,
que não têm referência com a história do local. Esse é o caso dos aeroportos e free-shops ou
de alguns espaços turistificados que parecem ser iguais em todo o mundo, não tendo assim a
peculiaridade da cultura local.
Sobre isso, Renato Ortiz comenta:

Contrariamente aos “lugares”, carregados de significado relacional e


identitário, o espaço desterritorializado “se esvazia” de seus conteúdos
particulares. Os free-shops nos aeroportos, as cidades turísticas
(Acapulco, Aruba), os hotéis internacionais parecem constituir uma
espécie de “não-lugares”, locais anônimos, serializados, capazes de
acolher qualquer transeunte, independentemente de sua idiossincrasia.
Espaço que se realiza enquanto sistema de relações funcionais, circuito
no qual o indivíduo se move. Daí a necessidade de sinalizá-lo, para
que as pessoas não se percam no seu interior [...] Espaço impessoal,
no qual o indivíduo se transforma em usuário, isto é, em alguém capaz
de decodificar a inteligibilidade funcional da malha que o envolve (fazer
compras, passear, tomar um avião, ir ao trabalho etc.)
(ORTIZ, 1996, p. 105-106).

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Unidade: Globalização, Território e Cultura

Como afirma o autor, tornam-se espaços impessoais, aqueles com os quais não temos
relação de identidade cultural, de afeto, pois são criados como lugares para o consumo. Isso
também acaba fazendo parte dessa cultura “moderna” de massa, global.
Há algumas atividades turísticas que visam a respeitar e considerar as características das
culturas locais, sejam daquela comida e alimento típico de uma determinada região, da música
e/ou da dança, das paisagens, do patrimônio cultural, entre outras características.
Entretanto, há muitas situações nas quais o turismo se realiza exatamente modificando as
características da cultura local. É a festa do santo que é mudada para se adequar ao turista, a comida
local que é preterida em relação a uma comida mais cosmopolita, mais comum das grandes cidades.
Nesse sentido, o turista acaba conhecendo os lugares superficialmente, de forma efêmera,
criando lugares imaginários, que não têm um conteúdo da cultura local verdadeiramente. Há uma
verdadeira indústria do turismo, que induz a existência dos passeios turísticos de city tours por
pontos da cidade, previamente definidos, mas que possibilitam pouco o contato com a cultura local.
Sobre essa questão, a geógrafa Ana Fani Alessandri Carlos comenta:

O turismo cria uma idéia de reconhecimento do lugar mas não o seu


conhecimento, reconhecem-se imagens antes veiculadas, mas antes
não estabelecem uma relação com o lugar, não se descobre seu
significado pois os passos são guiados por rotas, ruas preestabelecidas
por roteiros de compras, gastronômicos, históricos, virando um
ponto de passagem (os passos dos turistas são sempre apressados,
aí não se fica, só se deixa passar) [...] naquele estilo absolutamente
igual em todo lugar, estereotipado, que infantiliza o turista
(CARLOS, 1996, p. 120 - 121).

Como afirma a autora, embora existam diversos museus em Nova York, vende-se o circuito
só de compras. Assim, a imagem construída pelo turismo, muitas vezes, vincula-se apenas ao
comércio de mercadorias, e a própria paisagem vira mercadoria a ser consumida pelo turista,
mas sempre guiado por trajetos pré-definidos, no qual se vende a cultura que interessa à
própria indústria do turismo.

Você sabia?

Turismo cultural no Brasil


Segundo classificação atualizada do Ministério do Turismo, os principais atrativos
desse tipo de turismo são: • Sítios históricos – centros históricos, quilombos •
Edificações especiais – arquitetura, ruínas • Obras de arte • Espaços e instituições
culturais – museus, casas de cultura • Festas, festivais e celebrações locais •
Gastronomia típica • Artesanato e produtos típicos • Música, dança, teatro, cinema
• Feiras e Mercados tradicionais • Saberes e Fazeres – causos, trabalhos manuais
• Realizações artísticas – exposições, ateliês • Eventos programados – feiras e
outras realizações artísticas, culturais, gastronômicas • Outros que se enquadrem
na temática cultural.
Fonte: BRASIL. MINISTÉRIO DO TURISMO. Turismo cultural. Orientações básicas. Brasília, OngTour – Organização Não-Governamental
para o Desenvolvimento do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, 2006, p. 15.

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No entanto, há resistências em relação a esse processo global, procurando evidenciar os
regionalismos, ou seja, as características de uma determinada região ou lugar do mundo, já que
a globalização induziu a processos de eventos culturais, exposições e tendências arquitetônicas
cada vez mais semelhantes.
Por isso, tem havido um movimento em cidades europeias, por exemplo, onde o turismo
cultural é bastante usual, de incrementar as especificidades locais, evidenciando a identidade
cultural de cada cidade, para que elas sejam distinguidas umas das outras.
Essa preocupação também tem permeado os documentos elaborados pelo Ministério do
Turismo no Brasil, conforme atesta o comentário a seguir:

Esse contexto sinalizou para a necessidade de se implementar


ações conjuntas, planejadas e geridas entre as áreas de turismo e
de cultura, e de se contemplar o respeito à identidade cultural e
à memória das comunidades na atividade turística. O patrimônio
cultural, mais do que atrativo turístico, é fator de identidade
cultural e de memória das comunidades, fonte que as remete a
uma cultura partilhada, a experiências vividas, a sua identidade
cultural e, como tal, deve ter seu sentido respeitado. A opção
pelo desenvolvimento turístico deve conciliar-se aos objetivos de
manutenção do patrimônio, do uso cotidiano dos bens culturais e
da valorização das identidades culturais locais.
(BRASIL, 2006, p. 9).

Desse modo, é fundamental envolver as culturas locais, dos diversos segmentos sociais, em
torno das atividades de turismo cultural e não somente os atores hegemônicos. Além de fonte
de renda para as comunidades tradicionais, existe a necessidade de se respeitar a diversidade
existente em termos de cultura.
Finalizando, nesta unidade evidenciamos que existem diferentes discursos e situações sobre
a questão cultural, o território e o processo de globalização no atual momento da história.
Ainda existem muita diversidade sociocultural no mundo e territórios e territorialidades com
características peculiares, apesar de um processo de globalização que induz a modos de vida
cada vez mais homogeneizantes.

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Unidade: Globalização, Território e Cultura

Material Complementar

Vídeos:
Encontro com Milton Santos ou o Mundo global visto do lado de cá (89 min.,
2007). Documentário feito a partir da entrevista de Milton Santos sobre globalização.
Entre muros na escola. François Marin (François Bégaudeau) trabalha como professor
de língua francesa em uma escola de Ensino Médio, localizada na periferia de Paris. Há um
choque de culturas, já que há franceses e outros imigrantes provenientes de diferentes países.
Hotel Ruanda (2004). Em 1994, um conflito político em Ruanda levou à morte de
quase um milhão de pessoas em apenas cem dias. Sem apoio dos demais países, os
ruandenses tiveram de buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma
delas foi oferecida por Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel Milles
Collines, localizado na capital do país. Paul abrigou no hotel mais de 1200 pessoas
durante o conflito.

Livros:
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A globalização da natureza e a natureza da
globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

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Referências

BRASIL. MINISTÉRIO DO TURISMO. Turismo cultural. Orientações básicas. Brasília,


OngTour – Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento do Turismo, Secretaria
Nacional de Políticas de Turismo, 2006.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no/do mundo. São Paulo: Hucitec, 1996.

GARCIA, Rosa Wanda Diez. Reflexos da globalização na cultura alimentar: considerações


sobre as mudanças na alimentação urbana. Rev. Nutrição, Campinas, 16(4), out./dez.,
2003, p. 483-492.

HAESBAERT, Rogerio. Regional-global. Dilemas da região e da regionalização na geografia


contemporânea. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

HUNTINGTON, Samuel. O choque das civilizações e a recomposição da nova ordem


mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.

KRETSCHMANN, Ângela. Universalidade dos direitos humanos e na complexidade


de um mundo multicivilizacional. Tese (Doutorado), Universidade do Vale do Rio dos
Sinos, Centro de Ciências Jurídicas, São Leopoldo, 2006.

LIMA, Mônica. História da África: temas e questões para a sala de aula. OLIVEIRA,
Iolanda; SISS, Ahyas (orgs.). População negra e educação escolar. Niterói, Cadernos
PENESB do Programa de Educação sobre o Negro na Sociedade Brasileira Faculdade de
Educação, Universidade Federal Fluminense, Nov, 2006, p. 68 - 101. Disponível em:
<http://www.uff.br/penesb/images/jdownloads/Publicacoes/penesb7_web.pdf#page=68>.
Acesso em: 09 mai. 2015.

ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 1996.

PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A globalização da natureza e a natureza da


globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

SAID, Edward W. Orientalismo: o oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia
das Letras, 2001.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência


universal. São Paulo: Record, 2005.

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Unidade: Globalização, Território e Cultura

Anotações

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