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Capítulo III - A TRANSIÇÃO DO

FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO


O pré-capitalismo e a Moderna Economia-Mundo
O Mercantilismo

Autor: Gorete Capilo Leitão 1


Área:
A Moderna Economia-Mundo 2

O termo economia-mundo deve ser compreendido como uma articulação económica, de


carácter preponderantemente comercial, que se estabelece a partir do século XVI, entre a
Europa Ocidental, a Oriental, a Ásia, a América e a África.
Ela é centrada na Europa Ocidental, que procura estabelecer uma relação de trocas
desiguais a seu favor, com essas diferentes áreas, mediante sua especialização produtiva e
regimes de monopólios comerciais, recorrendo, somente quando for necessário, à
dominação política direta.
Essa articulação económica mundial, tornada possível pela expansão ultramarina
europeia, faz com que as diversas áreas envolvidas acabem especializando-se
produtivamente, passando a produzir não para seus mercados internos, mas
exclusivamente para abastecer a Europa ocidental com determinadas mercadorias.

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Essa dependência quase absoluta do mercado externo transforma algumas dessas áreas
(américa e África) em meras unidades produtoras, que realizam apenas a primeira etapa
do ciclo económico – a produção.
Dependendo inteiramente da Europa Ocidental, para o ciclo económico iniciado por
sua actividade produtiva se complete, mediante a distribuição e o consumo.
Essa dependência com relação à Europa Ocidental, quanto à comercialização da
produção especializada, foi acompanhada por toda sorte de imposições de ordem
político-militar, no sentido de fazer essa comercialização ainda mais vantajosa.
No decorrer dos séculos, essas áreas (América e África) tiveram canalizadas para a
Europa Ocidental a riqueza que produziram.
E viram suas populações sujeitas a diversos tipos de coações visando a uma maior
produtividade, e/ou à adoção de forma de trabalho ou atividades económicas que melhor
servissem às necessidades da Europa.
Nesse sentido, seu desenvolvimento natural foi abortado, e elas transformaram-se em
regiões periféricas ao desenvolvimento europeu, dependente economicamente sempre, e
também politicamente em muitos casos, formando o que se chamou de sistemas coloniais.

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O EXCLUSIVO COLONIAL OU PACTO COLONIAL


Pacto Colonial, ou Exclusivo Comercial Metropolitano, foi como ficou conhecido o
acordo comercial que ocorreu entre a metrópole e a colônia no Brasil, durante o período
colonial. O Pacto Colonial, ocorreu durante os séculos XV, XVII e XVIII.
Esse pacto instituiu a exclusividade do comércio externo da colônia em favor da
metrópole que a colonizou.
Devido à intensificação do processo colonizador nas Américas, fez com que Portugal e
Espanha assegurassem o controle sobre o que era produzido e explorado nas suas áreas de
domínio.
O seu principal objetivo era o protecionismo mercantilista. Isso significa que todos os bens
que geravam riqueza produzidos na colônia, pertenciam à metrópole – desde a extração
de metais preciosos até a produção agrícola.
Para conseguir essa exclusividade, a Coroa estabelecia uma série de acordos e tratados
para regulamentar as atividades econômicas exercidas nas colônias e impedir que outros
países se apropriassem da região dominada.

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O COMÉRCIO TRIANGULAR
Era aquele comércio que conectavam três lugares, cada um com uma mercadoria
diferente desejada por um dos outros dois lugares, em um ciclo lucrativo de viagens
mercantis; com o crescimento dos impérios coloniais, os capitães dos navios buscaram
tornar suas viagens pelo Oceano Atlântico ainda mais eficientes.
Uma dessas rotas foi a rota colonial britânica. Peixe e lenha da Nova Inglaterra para as
colônias britânicas nas Índias Ocidentais, açúcar e melaço das ilhas para a Grã-Bretanha,
e produtos manufaturados da Grã-Bretanha para a Nova Inglaterra.
Mas a mais lucrativa foi, com certeza, a rota transatlântica de escravos que operou do
século XVI até o XIX. Utilizada por diversas nações, levava escravos do oeste da África
para o Caribe e as colônias americanas, safras valiosas e matéria-prima de lá para a
Europa e produtos manufaturados para a África.

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O Comércio triangular

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Cristianismo e Colonização da América


Ao lado do Estado europeu, a Igreja Católica ocupou uma posição de destaque na colonização
americana.
O espírito cruzadista, típico do período medieval, que esteve presente nos grandes empreendimentos
marítimos, reapareceu na Época Moderna, confundindo-se com a própria missão colonizadora.
Razão pela qual a conquista da América está sempre relacionada, desde o seu início, a dois signos da
civilização cristã europeia: a cruz e a espada.
Quando as igrejas adentravam o território, elas entravam com uma perspectiva de que as culturas
indígenas são pecaminosas.
Então, todo o modo cultural de ser de um povo, sua religiosidade, sua organização social e política era
atacada.
A difusão da cruz e da mensagem bíblica entre as populações indígenas era uma necessidade essencial
na legitimação da conquista do selvagem vivendo em uma sociedade dita “sem fé, sem lei e sem rei”.
Os povos e as famílias indígenas que se tornavam aliados dos europeus necessitavam ser convertidos à fé
cristã, enquanto os ‘índios bravos’ deviam ser subjugados militar e politicamente de forma a garantir o seu
processo de catequização.
A religião cristã tinha por objetivo justificar o projeto colonial como uma iniciativa de natureza ético-
religiosa preparando a população autóctone para servir como mão-de-obra nos empreendimentos
coloniais”
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Regiões costeiras do oceano Índico
O Centro e as Áreas Periféricas da Economia Mundo (Índia, Birmânia, Filipinas e
Indonésia)

Especiarias, diamantes, pérolas, seda


chinesa, tecidos de algodão indianos,
tapetes, salitre e porcelana)

Europa Europa Padrão de troca – metais preciosos

Oriental Mediterrânea Do ORIENTE

Sistema Colonial
Provocou descapitalização
progressiva dos Estados

Colonias
Feitorias (portugueses) /companhias
Europa • América de comércio(holandeses)
Central • África
Europa Pouca penetração no interior dos
territórios
Ocidental
Colonias de exploração

AMERICANO

Colónias de povoamento

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Sistema Colonial Americano - Modelos de Colónias


Sistema COLÓNIAS DE EXPLORAÇÃO
Colonial Exemplificada pela colonização portuguesa no Brasil, correspondiam aos
interesses mercantilistas da época.
Apresentam as seguintes características:
Ocupação espontânea, consequentemente temporária, por grupos de indivíduos
AMERICANO onde o ideal de fixação foi suplantado pelo ideal de exploração económica, de
forma imediata e sem grandes investimentos;
Ideal de enriquecimento rápido na colónia com gastos na Europa (“Fazer a
América”), vinculado à mentalidade transoceânica, em que, em geral, as famílias
ficavam na metrópole;
Colónias de Exportação para a metrópole da totalidade dos lucros obtidos com a produção
exploração colonial;
Produção em grande escala para o mercado externo, atendendo aos interesses
metropolitanos, baseada na grande propriedade e no trabalho escravo;
Colónias de Economia para atender o mercado externo (Europa Ocidental) e dependente,
impedindo a formação de um mercado interno.
povoamento Desvalorização do trabalho manual, da educação, da instrução e da mulher.
Desenvolvimento tardio do ideal de emancipação.
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Sistema Colonial Americano - Modelos de Colónias


I. COLÓNIAS DE POVOAMENTO
Sistema  Correspondem àquelas que se desenvolveram nas áreas temperadas da América,
Colonial melhor exemplificadas com as colónias inglesas da América do Norte, especialmente
a Nova Inglaterra (EUA).
Essas, apresentam as seguintes características:
Povoamento por grupos familiares de refugiados religiosos (puritanos-calvinistas e
AMERICANO católicos); por essa razão, permanente, onde o ideal de fixação estava associado ao
desejo de prosperidade e desenvolvimento, tentando reproduzir na América a forma
de vida que possuíam na Europa;
Ideal de acumulação vinculado à valorização do trabalho, à poupança e à
Colónias de capitalização;
Investimento na própria colónia dos lucros gerados pela produção local,
exploração convergindo para a metrópole apenas os tributos;
A produção colonial atendia à satisfação das necessidades internas e se organizava
em pequenas propriedades, com grande utilização do trabalho livre e familiar;
Colónias de Criação de um mercado interno.
povoamento Valorização da educação, da instrução e da mulher;
Consciência da autonomia e desenvolvimento precoce do ideal de emancipação
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O Mercantilismo
Teve inicio no séc XV durante a expansão marítima e comercial, com o interesse de enriquecer a nação
(principalmente a burguesia) e reforçar o poder real (Estado), o Mercantilismo perdurou até o século
XVIII, passando por varias transformações e adaptações para adequar-se à realidade e a conjuntura
econômica de cada país.
Devido ao privilégio dado às actividades mercantis, essa política econômica ficou denominada como
Mercantilismo.
O Mercantilismo esteve presente no contexto político do Absolutismo Monárquico como um conjunto de
medidas económicas que garantia às monarquias acumular internamente grande quantia de metais
preciosos, tendo como base para isso os lucros com as actividades mercantis e principalmente pela
exploração das colónias.

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O Mercantilismo – Principais características
 Nacionalismo. Os paises não podiam exportar
simultaneamente mais do que importavam. Portanto, cada
um deveria promover exportações e acumular riqueza à custa
dos vizinhos.
Metalismo • Somente uma nação poderosa poderia conquistar e
manter colónias, dominar rotas comerciais, vencer guerras
contra rivais e competir com êxito no comercio
internacional.
 Colonização: Os capitalistas mercadores eram a favor da
colonização e queriam manter as colónias eternamente
Balança dependentes e subservientes ao país colonizador.
Colonialismo comercial • Isso era alcançado através do Exclusivo Colonial ou
favorável simplesmente, Pacto Colonial entre Metrópole e Colónias.

• O Mercantilismo não foi igual em todos os lugares. Cada


Estado que se envolveu na aventura da colonização teve
um desenvolvimento mercantilista muito peculiar, de modo
que é mais acertado dizer “práticas mercantilistas” do que
Nacionalismo “mercantilismo”, entendido como um sistema único.
económico • Nesse sentido, houve a prática mercantilista holandesa, a
portuguesa, a espanhola, a francesa, a inglesa etc.
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O Mercantilismo – Principais características


 Metalismo (Bulionismo em Espanha): Ouro e prata como
a forma mais desejável de riqueza. Os mercantilistas
Metalismo tendiam a associar a riqueza de uma nação ao
montante de ouro e prata que ela possuía. Alguns dos
primeiros mercantilistas até mesmo acreditavam que
esses metais preciosos eram o único tipo de riqueza que
valia a pena almejar. Todos eles valorizavam as barras de
ouro e prata como maneira de atingir poder e riqueza.
Balança  Balança Comercial Favorável: basicamente é exportar
Colonialismo comercial mais do que importar, ou vender mais caro o que se
favorável comprou. Para que a balança comercial favorável
funciona-se era preciso garantir mercados externos
crescentes (para as exportações) e proteger
internamente a economia, desta forma evitava-se a
saída de metais preciosos, aumento seu estoque devido
ao aumento das exportações.
Nacionalismo
económico
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O Mercantilismo – Outras características


 Protecionismo: utilizado para proteger o mercado interno, consistia no aumento das taxas
alfandegárias que acarretava em duplo objectivo:
I. Encarecia os produtos importados aumentando assim o consumo dos produtos nacionais.
II. O protecionismo também era aplicada sobre as matérias-primas, causando um obstáculo nas
exportações, está medida era com o ideal de evitar concorrência.
 Monopólio: a maioria dos Estados utilizava do monopólio para assegurar o domínio das actividades
econômicas de seu país, ficava, por exemplo, a cargo do Estado fazer concessões comerciais à
burguesia que em troca de impostos e pagamentos passavam a ter o direito de comércio exclusivo.

 Forte controle central. Um forte controle governamental central era necessario para promover metas
mercantilistas .
 Monopolização do Comércio Interno e Colonial: os reis davam concessões de explorar o comércio
aos capitalistas mercadores escolhidos por eles para evitarem desta forma a concorrência

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O Mercantilismo – Tipos
O Mercantilismo não foi igual em todos os lugares. Cada Estado que se envolveu na aventura da colonização teve um
desenvolvimento mercantilista muito peculiar, de modo que é mais acertado dizer “práticas mercantilistas” do que
“mercantilismo”, entendido como um sistema único.
Nesse sentido, houve a prática mercantilista holandesa, a portuguesa, a espanhola, a francesa, a inglesa etc.

 Espanha: Metalismo ou Bulionismo


O bulionismo ou metalismo é caracterizado pela quantidade de riqueza obtida através de metais ou materiais preciosos.
Tornou-se a forma mais tradicional e antiga do mercantilismo. Os praticantes dessa teoria foram os espanhóis que possuíam
colônias produtoras de metais na América, e isso lhes condicionava a importação de produtos manufaturados, e até
mesmo os alimentícios, em oposição à exportação de metais.
Essa prática quase abalou com as atividades agrícolas e manufatureiras espanholas, e, além disso, a Europa também
sofreu com a subida dos preços – facto que ficou conhecido como a Revolução dos Preços (1540-1640) – devido a
ampliação do meio circulante na Europa.

 Inglaterra: Mercantilismo Comercial


Inicialmente o mercantilismo na Inglaterra foi considerado comercial, e por fim considerado como industrial. Os ingleses
possuíam uma completa marinha mercante e de guerra, além de contarem com o apoio de corsários, devido a esses
excelentes provimentos a Inglaterra conseguiu ampliar as suas riquezas através do comércio internacional de mercadorias.

 França: Colbertismo (Mercantilismo industrial)


As actividades comerciais da França eram baseadas na produção agrícola, e em artigos luxuosos destinados à
exportação. O mercantilismo francês é denominado como colbertismo, este foi considerado um mercantilismo industrial.
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O Mercantilismo – Considerações gerais

A célula básica da actividade económica é a cidade.

Surge uma divisão mais pronunciada do trabalho, uma maior especialização. Essa divisão manifestou-se de
duas formas:

I. Especialização entre o campo e a cidade: as cidadee se consagraram à indústria e ao comércio;


renunciaram a toda actividade agrícola;
 Isto acarreta a necessidade de comprar suas proviões aos camponeses e de lhes vender produtos
manufaturados
 Assim, há um estabelecimento de relações de cunho contratual e de carácter económico entre a cidade
e o campo.

II. Especialização entre produtores: verifica-se a criação de especialidades profisionais cada vez mais
numerosas.

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O Mercantilismo – Considerações gerais


A agricultura deixa de ser a única actividade económica. Aparecem ao seu lado actividades industriais e comerciais.

Indústria: surgem pequenas indústrias artesanais ou pequenas indústria domiciliar. Caracterizadas pela reunião dos
factores de produção entre as mãos de uma mesma pessoa, que fornece a um só tempo capital e trabalho.

Comércio: começa o comércio monetário. As trocas intensificam-se consideravelmente, a princípio no plano local,
depois no terreno nacional e internacional.

O regime de propriedade ainda se encontrava em período de transição que assinalava a decomposição progressiva
da concepção feudal da propriedade.

Já não é um regime de coerção, de trabalho forçado. Mas um regime de profissões fechadas e organizadas.

É o regime corporativo: que se caracterizava pela estreita regulamentação profissional e o acesso à profissão não era
livre.

As condições de trabalho: a relação entre empregadores e asslariados eram igualmente regulamentadas pelas
corporações.

Os dirigentes das corporações fixavam unilateralmente a duração do trabalho e os salários máximos e mínimos. As
greves eram proibidas.
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MUITO OBRIGADA PELA ATENÇÃO!

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Volenti Nihil Difficili -“A quem quer, nada é difícil”

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