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ONHB14 / Fase 4

ONHB / IFCH - Unicamp


Conteúdo

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 46 / Tarefa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 059: Parque temático Portugal dos Pequenitos - To-


tem Portugal dos Pequenitos – Os Portugueses 14
Questões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Documentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
060: Parque temático Portugal dos Pequenitos - To-
35 / Questão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 051: Os Estatutos do Homem . . . . . . . . . . . . . 9 tem Portugal dos Pequenitos – República Fe-
derativa do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . 15
36 / Questão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
052: Brasil de Braços Abertos . . . . . . . . . . . . 10

37 / Questão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 061: A potência económica do Brasil . . . . . . . . 15


053: UFSC homenageia Antonieta de Barros com tí-
38 / Questão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 tulo de Doutora Honoris Causa . . . . . . . . 10 062: Como o ‘privilégio corporal’ cria barreiras para
pessoas gordas acessarem direitos básicos . 16
39 / Questão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 054: Centro de Ceilândia na década de 1970 . . . . 11
063: Museu do Ceará abriga a história do Bode Ioiô 19
40 / Questão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 055: A construção injusta do espaço urbano . . . . 11
064: Há 90 anos morria Bode Ioiô . . . . . . . . . . 19
41 / Questão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 056: ‘Racismo reverso’ de Risério busca deslegitimar
luta por igualdade racial . . . . . . . . . . . 12 065: Xica da Silva (Cacá Diegues, 1976) . . . . . . . 19
42 / Questão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

057: Parque temático Portugal dos Pequenitos - En- 066: Chica da Silva e o contratador de diamantes . 20
43 / Questão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
trada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
44 / Questão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 d067: Reconvexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
058: Parque temático Portugal dos Pequenitos – Pa-
45 / Questão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 vilhão do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . 14 d068: #DeixaElaTrabalhar . . . . . . . . . . . . . . 21

1
Introdução

A aventura traz novas surpresas...

Sejam bem-vindo(a)s à Fase 4 da décima quarta edição da Olimpíada correta, mas cabe a vocês escolher qual alternativa consideram como a
Nacional em História do Brasil! mais adequada e selecioná-la.
A quarta da fase da 14ª Olimpíada inicia dia 23 de maio (segunda-feira) e Atenção: A prova pode ser salva em “rascunho”, mas não se esqueçam de
encerra às 23:59 [horário de Brasília] do dia 28 de maio (sábado). Esta confirmar as respostas até a data limite, clicando em “entregar”.
fase é composta por 11 Questões e 1 Tarefa. Cada uma das questões Bom trabalho a todos!
apresentadas possui quatro alternativas. Há mais de uma resposta

2
Questões

35 / Questão 36 / Questão 37 / Questão

Leia a notícia veiculada no informativo online da Universidade


Documento 051 Literatura p. 9 Documento 052 Curso p. 10
Federal de Santa Catarina/SC:
Os Estatutos do Homem Brasil de Braços Abertos

A partir do poema de Thiago de Mello (1926-2022), assinale a O documento acima é o print de uma página de curso de
alternativa mais pertinente: formação disponibilizado pelo Ministério do Turismo e já Documento 053 Jornal eletrônico p. 10

encerrado. A partir das informações disponibilizadas, é correto UFSC homenageia Antonieta de Barros com título de Dou-
afirmar que: tora Honoris Causa
A. Carlos Heitor Cony, amigo do poeta e a quem é dedicado
”Os Estatutos do Homem”, foi um jornalista que, entre
A partir do documento assinale a alternativa mais pertinente.
outras estratégias, utilizou a crônica diária contra o governo A. A mensagem contida na imagem esclarece como aos
autoritário. brasileiros que não fazem parte das etnias indígenas
reconhecidas no país é vetado o uso de determinadas
B. Tanto a estrutura do poema – apresentado em artigos -
expressões da língua portuguesa.
quanto o seu subtítulo - Ato Institucional Permanente -
remetem a um documento legal promulgado durante a B. O ato de associar indígenas à incapacidade de se comunicar A. O texto apresenta argumentos utilizados na proposta que
ditadura civil-militar no Brasil. utilizando o português na norma padrão tem sua origem na resultou na homenagem póstuma à Antonieta de Barros por
lógica colonial, que inferioriza a aptidão intelectual dos meio da concessão do título ”doutora honoris causa” pela
C. O poema, escrito no Chile, onde o poeta encontrava-se
povos originários. Universidade Federal de Santa Catarina.
exilado por conta da instauração do regime militar no Brasil,
pode ser considerado uma resposta ao AI-5 que suprimiu as C. Ao correlacionar os povos indígenas à língua portuguesa B. O título ”doutor donoris causa” é uma importante
liberdades de expressão. falada de forma coloquial, o texto contido na imagem homenagem prestada por uma universidade de prestígio a
expressa racismo anti-indígena por meio de preconceito todos aqueles que, de uma forma ou outra, destacaram-se
D. As ideias de liberdade, alegria, esperança, verdade, por conta de seu êxito acadêmico.
linguístico.
confiança e amor, presentes no poema, são contraponto e
resistência no contexto pós-golpe de 1964. D. O texto vincula o emprego informal da língua portuguesa C. Os argumentos que embasaram a solicitação do título e o
especificamente aos grupos indígenas, utilizando-se desse respectivo parecer reforçam a necessidade de ações de
exemplo para instruir o cursista a respeito de seu uso em reconhecimento de populações negras como forma de
desacordo com a norma padronizada. combater o racismo.

D. Antonieta de Barros foi a responsável por instituir, pela Lei


nº 145 de 12 de outubro de 1948, o dia 15 de outubro como
Dia do Professor e feriado escolar em Santa Catarina, data
que, em 1963, tornou-se nacional.

Conteúdo adicional

LINK: Excluídos da História

https://www.olimpiadadehistoria.com.br/especiais/excluidos-da-historia

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38 / Questão 39 / Questão

Em janeiro de 2022, no jornal Folha de São Paulo, ocorreu um


Documento 054 Fotografia p. 11
debate, por meio de artigos publicados, entre Antônio Risério e
Centro de Ceilândia na década de 1970
Petrônio Domingues. O documento a seguir é a resposta de
Domingues a Risério.
Documento 055 Livro p. 11

A construção injusta do espaço urbano


Documento 056 Jornal eletrônico p. 12

‘Racismo reverso’ de Risério busca deslegitimar luta por


igualdade racial

A partir dos seus conhecimentos e da análise dos documentos


responda: No artigo, Petrônio Domingues

A. A formação da cidade retratada na foto explica-se por uma


política de realocação da população migrante em torno do A. destaca o protagonismo negro na reflexão intelectual sobre
Plano-Piloto. a sua condição, na organização de movimentos políticos e
no processo de construção de ações afirmativas.
B. O nome da cidade de Ceilândia é uma referência à política
de ”erradicação das invasões” perpetrada pelas autoridades B. explica os conceitos de discriminação racial, preconceito
da nova capital. racial e racismo de modo a apontar os erros conceituais de
seu interlocutor no uso da expressão ”racismo reverso”.
C. Promessas de melhorias urbanísticas foram decisivas para
que as populações locais aceitassem viver nos bairros C. aborda os processos do racismo como percebido e
populares planejados por Lucio Costa. praticado no nível das estruturas políticas, culturais e
econômicas, com os padrões de conduta e as oportunidades
D. A despeito do dinamismo econômico de Brasília,
sendo determinados pelo grupo dominante - branco.
historicamente prevalece a desigualdade social nas cidades
do seu entorno, constituindo um cinturão de pobreza. D. defende as ideias originais de Gilberto Freyre e o celebra
enquanto fundador da ideia de democracia racial no Brasil,
segundo a qual a mestiçagem levou à igualdade entre as
raças em convivência pacífica.

4
40 / Questão parque temático, da mesma época, expressam valores 41 / Questão
tradicionais do salazarismo, nomeadamente a exaltação
Observe as imagens e leia o texto. nacional, o corporativismo e o conservadorismo.
Documento 062 Jornal eletrônico p. 16

D. De acordo com o autor de ”Nova História de Portugal”, o Como o ‘privilégio corporal’ cria barreiras para pessoas
Brasil deve as suas dimensões verticais e horizontais aos gordas acessarem direitos básicos
Documento 057 Fotografia p. 13
senhores de engenho e aos bandeirantes, respectivamente,
Parque temático Portugal dos Pequenitos - Entrada
grandes empreendedores coloniais.
O documento

Documento 058 Fotografia p. 14

Parque temático Portugal dos Pequenitos – Pavilhão do


A. compreende que a padronização dos corpos é uma atitude
Brasil
que permite maior qualidade de vida às mulheres.

B. convida a pensar sobre os padrões socialmente


Documento 059 Totem p. 14
estabelecidos em relação ao corpo enquanto atitude
Parque temático Portugal dos Pequenitos - Totem Portu- política.
gal dos Pequenitos – Os Portugueses
C. constata que o acesso aos direitos básicos não é o mesmo
para todos os indivíduos.
Documento 060 Totem p. 15
D. trabalha com a discussão sobre gordofobia, manifestada em
Parque temático Portugal dos Pequenitos - Totem Portu-
forma de estigma social.
gal dos Pequenitos – República Federativa do Brasil

Conteúdo adicional

Documento 061 Livro p. 15 LINK: Questão 35 - ONHB10 https:

A potência económica do Brasil //drive.google.com/file/d/1sW-US4kX53dB4o85Mmx5rVyJYtNh0dve/view?usp=sharing

Escolha uma das alternativas:

A. A narrativa fetichista do passado, presente tanto em


Portugal dos Pequenitos quanto no texto, omite conflitos e
violências contidos no projeto colonial em detrimento de
uma memória que continua a relacionar o povo português à
bravura e à civilidade.

B. Inaugurado em 1940, Portugal dos Pequenitos desempenha


a função de mitificação da nação portuguesa, a partir de um
plano arquitetônico desenvolvido em torno de três pilares
identitários: o da história, o da cultura popular e o do valor
civilizacional do império.

C. O texto, parte de um manual didático dos anos 1930, e o

5
42 / Questão 43 / Questão 44 / Questão

Leia a letra e ouça a canção “Reconvexo”:


Documento 065 Fotograma p. 19

Xica da Silva (Cacá Diegues, 1976)


Leia o conjunto de documentos a seguir, formado por um trecho
de entrevista em que a historiadora Carla Vieira discorre sobre Documento d067 Canção p. 20
uma peça muito popular do Museu do Ceará: o bode Ioiô, e pela Reconvexo
Documento 066 Texto acadêmico p. 20
manchete retirada de uma reportagem especial do jornal
Chica da Silva e o contratador de diamantes
cearense ”O Povo” que foi publicada com o intuito de recordar os
90 anos do falecimento de Ioiô. Sobre a canção escolha a alternativa mais pertinente.

A partir dos documentos acima, escolha uma das alternativa:


Documento 063 Entrevista p. 19 A. Tem como central uma crítica à incompreensão daqueles
Museu do Ceará abriga a história do Bode Ioiô que não conseguem alcançar a profundidade e a

A. Francisca da Silva de Oliveira foi uma mulher forra, que complexidade das relações estabelecidas entre indivíduos e

conseguiu educar seus filhos, deixando-lhes bens e lugares, sentimentos e diferenças culturais.
Documento 064 Machete p. 19
propriedades, na tentativa de apagar a mácula da
Há 90 anos morria Bode Ioiô B. Foi composta por Caetano Veloso em Roma e gravada por
escravidão de sua descendência.
sua irmã, Maria Bethânia, num elogio ao estilo de vida de

B. O filme colaborou para a consolidação de uma personagem brasileiros vivendo no estrangeiro, personificados na figura

exótica e excepcional, enquanto a pesquisa histórica mostra do jornalista e crítico de arte Paulo Francis.

Assinale a alternativa mais adequada: que sua trajetória é partilhada por mulheres em condição
C. É construída a partir da oposição do eu, que valoriza
similar.
referências brasileiras, a negritude e a conexão entre esses
A. Ao mencionar o “símbolo em que muito do povo gosta de se C. O texto aponta para o processo de construção de elementos e aqueles ao redor do mundo e o “careta” que
ver”, o jornal remete à ideia de que a estima por Ioiô personagens sem o embasamento de fontes históricas que não viu, não seguiu, não rezou e não amou.
vincula-se à uma identidade sertaneja que parte da acaba por criar mitos e preconceitos.
D. Exige do interlocutor conhecimento sobre elementos da
população quer preservar.
D. No filme, mesmo após o contratador João Fernandes ser cultura, da arte e de personagens brasileiros e estrangeiros
B. Transformada em tema de enredo de escola de samba enviado de volta a Portugal, Chica da Silva continua a ser como, por exemplo, o desfile da escola de samba Beija-Flor
carioca, a história da eleição do caprino Ioiô em Fortaleza foi respeitada e reverenciada pela sociedade mineira. “Ratos e urubus larguem minha fantasia” de 1989.
a última vez, na história recente do Brasil, em que a
população votou em um animal.

C. A “eleição” de Ioiô como vereador da cidade de Fortaleza,


no ano de 1922, serviu como um ato simbólico de protesto
da população local em relação às más condições da
administração pública.

D. O destaque dado ao bode Ioiô tanto em uma matéria


especial de jornal quanto em uma instituição como o Museu
do Ceará demonstra a importância de sua figura para a
comunidade local.

6
45 / Questão 46 / Tarefa linha do documento. Transcrições realizadas em locais incorretos
do texto não serão pontuadas;
Veja o vídeo a seguir: 6) A transcrição deve respeitar a pontuação, letras maiúsculas e
Prezado(a)s participantes da 14ª Olimpíada Nacional em História minúsculas etc. e principalmente as linhas em que os trechos se
do Brasil encontram;
Documento d068 Vídeo p. 21 7) As abreviações, se existirem, podem ser mantidas ou
#DeixaElaTrabalhar Apresentamos aqui a quarta Tarefa da Olimpíada. Trata-se de transcritas por extenso, cabe à equipe escolher a forma como
uma tarefa criada na 10ª edição da ONHB e que mais uma vez traz prefere registrá-las, desde que sejam coerentes com o que está
uma atividade bastante comum aos historiadores. Quando os registrado no documento.
Sobre o tema tratado é correto afirmar que: historiadores fazem suas pesquisas, por exemplo, em arquivos,
bibliotecas, museus e acervos pessoais, frequentemente têm que Atenção!
ler, decifrar e compreender documentos produzidos no passado. O sistema não permite o envio da tarefa a menos que TODOS os
A. O movimento #DeixaElaTrabalhar, embora tenha ganhado Nesta Tarefa trazemos para vocês um certidão da década de trechos selecionados estejam transcritos. É necessário confirmar
projeção entre as mulheres, não alcançou repercussão nos 1910, e os desafiamos a ler, entender e transcrever esse a transcrição depois que a sua equipe terminar a tarefa.
ambientes esportivos masculinos, especialmente entre os documento. Ao preencher o formulário com a transcrição de cada linha a
grandes times de futebol e emissoras de TV. Como ele está em letra cursiva (escrita à mão), vocês devem equipe deverá clicar em “Salvar Rascunho”, assim, o que foi
seguir algumas dicas que os pesquisadores utilizam: realizado até o momento será salvo em modo rascunho, e mesmo
B. A existência de campanhas como #DeixaElaTrabalhar que vocês saiam da página da Olimpíada e retornem depois, o
a) leiam com calma cada palavra, tentando dar sentido ao que
demonstra a abrangência do machismo e da misoginia, além rascunho estará salvo e disponível.
está escrito;
de indicar que mudanças no campo do direito devem vir Lembramos que não é recomendável que mais de uma pessoa
b) procurem se acostumar com as formas como o autor desenha
acompanhadas de ações que visem a superação da edite a tarefa ao mesmo tempo. Nosso sistema não permite
certas letras, pois essas formas se repetem e podem auxiliar a
mentalidade patriarcal. sobreposição de rascunhos salvos em edições simultâneas em
decifrar outras palavras;
c) estejam atentos aos detalhes - o historiador também é uma tarefas de uma mesma equipe. Apenas aquilo que um dos
C. A campanha #DeixaElaTrabalhar visa incentivar denúncias
espécie de “detetive do passado”. participantes realiza será salvo, podendo ser perdidas
sobre as várias formas de assédio sofridas pelas
informações e preenchimentos. A Comissão Organizadora da
profissionais do esporte na busca por garantir um ambiente
Instruções para realizar a tarefa: ONHB não se responsabiliza por problemas causados por edições
de trabalho com igualdade de direitos e de tratamento.
1) Cada espaço em aberto no “box de edição” (formulário simultâneas de tarefas em uma mesma equipe, sendo computado
D. As situações de violência comuns contra mulheres que editável) corresponde a um trecho [linha] que “retiramos” do para a composição da nota apenas aquilo que for enviado como
trabalham na área esportiva levaram um grupo de texto. Vocês devem ler o mesmo trecho no documento original e tarefa finalizada após um dos membros da equipe clicar no botão
jornalistas a criar o movimento #DeixaElaTrabalhar, para escrevê-lo no espaço correspondente; “Entregar a questão”.
chamar a atenção para as agressões sofridas. 2) Uma pequena parte da transcrição já está realizada dentro do O envio definitivo ocorre apenas quando um membro da equipe
box de edição da tarefa. Sua equipe deve completar os trechos clicar em “Entregar a questão”. Para que o botão “Entregar
faltantes conforme indicado “box de edição” e demarcado no questão” seja liberado é necessário que todas as linhas estejam
Conteúdo adicional
documento; preenchidas e salvas em rascunho.
LINK: Técnico ataca bandeirinha mulher em jogo do Campeonato Capixaba e é expulso no intervalo
3) As linhas estão numeradas. Conforme se passa o “mouse” Após clicar em “Entregar a questão” nenhuma alteração poderá
https://www.espn.com.br/video/clipe/_/id/10199795
sobre a parte a ser preenchida, a mesma parte aparece em ser feita. Por isso só clique em “Entregar a questão” após ter
destaque no documento original. Fizemos isso para que os transcrito todos os trechos do documento e ter certeza de que
participantes não se percam na leitura do documento; deseja finalizar a tarefa.
4) Na escrita, é possível usar a grafia atual (a forma de escrever a Mãos à obra!
palavra que usamos hoje) ou a grafia da época ou ainda misturar
as duas. Cada espaço preenchido vale ponto;
5) A transcrição deve acompanhar o texto apresentado em cada

7
DOCUMENTO A SER TRANSCRITO COM INDICAÇÃO DAS LINHAS LINHAS A SEREM TRANSCRITAS 29
Observe que alguns trechos já estão transcritos, preencha os vazios. 30

1 31
1
32
2
2
33
3

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6 tes termos.
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25 Geral
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Documentos

Documento 051 Artigo V Artigo XI


Fica decretado que os homens Fica decretado, por definição,
estão livres do jugo da mentira. que o homem é um animal que ama
Nunca mais será preciso usar e que por isso é belo.
Os Estatutos do Homem
a couraça do silêncio muito mais belo que a estrela da manhã.
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa Artigo XII
(Ato Institucional Permanente)
com seu olhar limpo Decreta-se que nada será obrigado nem proibido,
A Carlos Heitor Cony
porque a verdade passará a ser servida tudo será permitido,
Artigo I antes da sobremesa. inclusive brincar com os rinocerontes
Fica decretado que agora vale a verdade. e caminhar pelas tardes
que agora vale a vida, Artigo VI com uma imensa begônia na lapela.
e que de mãos dadas, Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías, Parágrafo único:
trabalharemos todos pela vida verdadeira.
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos Só uma coisa fica proibida:
Artigo II e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora. amar sem amor.
Fica decretado que todos os dias da semana,
Artigo VII Artigo XIII
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
Por decreto irrevogável fica estabelecido Fica decretado que o dinheiro
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
o reinado permanente da justiça e da claridade, não poderá nunca mais comprar
Artigo III e a alegria será uma bandeira generosa o sol das manhãs vindouras.
Fica decretado que, a partir deste instante, para sempre desfraldada na alma do povo. Expulso do grande baú do medo,
haverá girassóis em todas as janelas, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
que os girassóis terão direito Artigo VIII para defender o direito de cantar
a abrir-se dentro da sombra; Fica decretado que a maior dor e a festa do dia que chegou.
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama Artigo Final
abertas para o verde onde cresce a esperança.
e saber que é a água Fica proibido o uso da palavra liberdade.
Artigo IV que dá à planta o milagre da flor. a qual será suprimida dos dicionários
Fica decretado que o homem e do pântano enganoso das bocas.
não precisará nunca mais Artigo IX A partir deste instante
duvidar do homem. Fica permitido que o pão de cada dia a liberdade será algo vivo e transparente
Que o homem confiará no homem tenha no homem o sinal de seu suor. como um fogo ou um rio,
como a palmeira confia no vento, Mas que sobretudo tenha sempre e a sua morada será sempre
como o vento confia no ar, o quente sabor da ternura. o coração do homem.
como o ar confia no campo azul do céu.
Artigo X Santiago do Chile, abril de 1964
Parágrafo Único: Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida, Publicado no livro Faz Escuro Mas Eu Canto: Porque a Manhã
O homem confiará no homem
o uso do traje branco. Vai Chegar (1965)
como um menino confia em outro menino.

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Documento 052 Documento 053
Ficha técnica
TIPO DE DOCUMENTO: Literatura ORIGEM: Thiago de Mello. Vento geral, 1951/1981: doze livros de Brasil de Braços Abertos
poemas. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. CRÉDITOS: Thiago de Mello. 
PALAVRAS-CHAVE: brasil contemporâneo, literatura UFSC homenageia Antonieta de Barros com
título de Doutora Honoris Causa

Nesta sexta-feira, 10 de dezembro, o Conselho Universitário da


Universidade Federal de Santa Catarina (CUn/UFSC) aprovou,
por unanimidade, a concessão do título de Doutora Honoris
Causa ( in memoriam ) à professora Antonieta de Barros
(1901-1952), por sua importância para a educação estadual e
nacional. A homenagem foi uma iniciativa de três
pesquisadoras do Centro de Educação (CED) – Joana Célia dos
Passos, Eliane Debus e Patrícia de Moraes Lima –,
representantes dos seguintes núcleos de pesquisa: Alteritas:
diferença, arte e educação , Literalise e Nuvic: estudos sobre as
violências .
Na proposta, que também teve a participação da Associação de
Ficha técnica Educadores Negras, Negres e Negros de Santa Catarina
(AENSC), as docentes argumentam que Antonieta de Barros foi
TIPO DE DOCUMENTO: Curso ORIGEM: Brasil de Braços Abertos, 2017. Ministério do Turismo. Curso
encerrado. CRÉDITOS: Ministério do Turismo PALAVRAS-CHAVE: língua portuguesa, curso de
formação, indígenas
“uma das mulheres mais importantes da história de Santa
Catarina e do país”. Desde a infância e juventude, conforme
descrevem, a homenageada soube “o que significava ser
mulher negra e pobre, num estado do sul do Brasil,
majoritariamente branco e com forte adesão à eugenia como
política social”.
Antonieta de Barros, natural de Florianópolis, foi responsável
por criar, nas primeiras décadas do século XX, um curso de
alfabetização destinado a comunidades pobres e
marginalizadas. Ela era também jornalista e foi no exercício
desse ofício que se tornou conhecida como “Maria da Ilha”,
pseudônimo com o qual assinava suas crônicas nos periódicos
locais. Dirigiu os jornais “A Semana” e “Vida Ilhoa”, nos quais
defendia a participação política das mulheres e criticava o
racismo.
Na obra “Antonieta de Barros: professora, escritora, jornalista,
primeira deputada catarinense e negra do Brasil” (2021), a
autora Jeruse Romão descreve seu protagonismo político,
destacando o fato de ela ter sido a primeira mulher negra a ser
eleita deputada estadual em Santa Catarina, além de também
ter sido a primeira mulher a presidir a Assembleia Legislativa

10
do estado. Além de defender amplamente a democratização da Documento 054 Documento 055
educação e a escola pública, Antonieta de Barros também
atuou na organização política de professores(as) e dirigiu o Centro de Ceilândia na década de 1970 A construção injusta do espaço urbano
Instituto Estadual de Educação.
“Ela tinha como uma de suas principais pautas políticas o
poder revolucionário e libertador da educação para todas(os) e, Ao final da década de 60, o governo do Distrito Federal verificou
com isso, contribuiu significativamente para o enfrentamento que inúmeras favelas (as ‘grandes invasões’) e acampamentos
do analfabetismo em Santa Catarina”, afirma Carolina Orquiza de construtoras (denominadas ‘localidades provisórias’), com
Cherfem, professora do curso de licenciatura em Educação do cerca de 82 mil habitantes, ocupavam territórios estratégicos,
Campo e relatora do parecer favorável à concessão do título. nas proximidades do Plano-Piloto. Segundo foi reportado pela
Cherfem destacou “a relevância social e política da história de imprensa, o então presidente da República, general Médici,
uma profissional da educação e da política, mulher negra, que teria manifestado ao governador geral, o coronel Prates da
defendeu a educação, os direitos iguais para as mulheres e Silveira, seu desagrado por ter em sua trajetória para o Palácio
negros(as), como professora, como jornalista e como deputada do Planalto e, deste, para o sítio do Riacho Fundo, numerosas e
estadual”. Para a docente, “trata-se de uma profissional de ‘incomodativas invasões’. Para atender à observação
extrema competência, que, com seu espírito de justiça, presidencial e tentando coibir a proliferação das favelas -
contribuiu para revelar as desigualdades e opressões sofridas Ficha técnica
sempre atribuída às fortes migrações - o governo do Distrito
TIPO DE DOCUMENTO: Fotografia ORIGEM:
pelos pobres, por meio de ações educativas e políticas Centro de Ceilândia na década de 1970. (Acervo do Arquivo Público Comunitário). In: Vinicius Carvalho Federal instituiu a Campanha de Erradicação de Invasões
Carvalho. A Casa da Memória Viva da Ceilândia : uma análise à luz da Nova Museologia (1997-2010).
concretas. Ela revelou a resistência e luta cotidiana, a 2013. 152 f. Trabalho de Conclusão (Graduação em Museologia)-Faculdade de Ciência da Informação da (CEI), que, entre os anos de 1971 e 1972, cadastrou todos os
UnB, Brasília, 2013. Disponível em: <bdm.unb.br>. CRÉDITOS: Vinicius Carvalho Pereira; Arquivo
criatividade e ousadia do povo negro. A importância histórica Público Comunitário.
. PALAVRAS-CHAVE: urbanismo, brasil contemporâneo
barracos existentes nas vilas periféricas ao Núcleo
de Antonieta de Barros para Santa Catarina e para o país Bandeirante, transferindo posteriormente sua população para
certamente justifica esta iniciativa de reconhecimento, como a nova localidade de Ceilândia. Em razão do aparato montado,
mais uma ação para tirá-la da invisibilidade”. a transferência se deu sem que os percalços (poeira, lama, falta
O professor Ademir Valdir dos Santos, do Departamento de de água e de trabalho) constituíssem motivo de revolta dos
Estudos Especializados em Educação, também ressaltou “a transferidos. O ‘comportamento adequado’ dos favelados foi
importância da iniciativa”, por “trazer, para as memórias também atribuído à promessa de ‘legalização’ dos terrenos a
coletivas e individuais, os feitos esquecidos, desprezados e baixo custo e pronta instalação de equipamentos como
invisibilizados pelos jogos de poder e opressão”. O escolas, água encanada e eletricidade - facilidades que não
pesquisador afirma que “temos a obrigação de fazer com que o eram encontradas nos acampamentos e favelas da periferia do
nome e a atividade humana de Antonieta de Barros seja Núcleo Bandeirante.
história, faça história e tenha história. É essencial que as
Ficha técnica
contribuições de Antonieta de Barros à educação, à cultura e à TIPO DE DOCUMENTO: Livro ORIGEM: Adaptado de Aldo Paviani. ”A construção injusta do espaço
urbano”. In: Aldo Paviani (Org.). A conquista da cidade: movimentos populares em Brasília . Brasília:
humanidade sejam destacadas e reverenciadas”. Editora da UnB, 1991. pp. 128-129. CRÉDITOS: Aldo Paviani PALAVRAS-CHAVE: urbanismo, brasil
contemporâneo

Ficha técnica
TIPO DE DOCUMENTO: Jornal eletrônico ORIGEM: Daniela Caniçali. “UFSC homenageia Antonieta de
Barros com título de Doutora Honoris Causa”. Notícias da UFSC, 10/12/2021. Disponível
em: https://noticias.ufsc.br/2021/12/ufsc-homenageia-antonieta-de-barros-com-titulo-de-doutora-
honoris-causa/ CRÉDITOS: Daniela Caniçali.  PALAVRAS-CHAVE: história das mulheres, história do
ensino, biografia

11
Documento 056 Risério em seu artigo não passam de preconceito ou Pessoas brancas não perdem vagas de emprego pelo fato de
discriminação racial. serem brancas e não são “suspeitas” de atos criminosos por
Porém, o racismo não se restringe a comportamentos sua condição racial, tampouco têm sua inteligência ou sua
‘Racismo reverso’ de Risério busca deslegitimar preconceituosos ou atos discriminatórios de indivíduos ou capacidade profissional questionadas devido à cor da pele.
luta por igualdade racial grupos. Antes, diz respeito a uma estrutura social (relações Como questiona Lilia Schwarcz, “existiu e existe discriminação
políticas, econômicas, jurídicas, institucionais e até familiares) aos orientais, aos muçulmanos, aos judeus, aos ciganos, aos
fundada em uma dinâmica que confere desvantagens e armênios. Mas aos brancos? Como categoria? Como pode
Em sua cruzada neofreyriana, autor recorre a ideia sem fundamento privilégios com base na ideia de raça. haver racismo reverso e supremacismo negro se não existe
para equilibrar narrativa anti-identitária. Nesse sentido, é até possível classificar os “pretos”, citados por racismo estrutural e institucional sofrido pelos brancos?”.
Risério, de preconceituosos e responsáveis por atitudes O próprio sentido semântico do termo racismo reverso é
O antropólogo baiano branco Antonio Risério publicou um discriminatórias, mas não de racistas. Afinal, o sistema social curioso, pois o vocábulo “reverso” pressupõe uma inversão,
artigo na Folha (...) que causou polêmica. Em síntese, ele (instituições públicas e privadas, agências e relações de poder, algo fora do lugar. Seria algo “normal” ou “natural” o racismo
preconiza a tese de que existe um “racismo preto antibranco”. cultura, padrões estéticos normativos, práticas sociais contra “minorias” – negros, latinos, judeus, árabes, ciganos
Infelizmente, Risério incorre em problemas conceituais cotidianas etc.) não está estruturado em seu benefício ou etc. Para além desses grupos, o racismo seria atípico, reverso.
básicos: preconceito, discriminação e racismo são termos privilégio. Lélia Gonzalez chegou a ironizar o sentido semântico do
relacionais, mas não sinônimos. São as pessoas brancas que, deliberadamente ou não, se termo: “Esse orgulho de ser negro, de pertencer a uma cultura
O preconceito racial envolve o julgamento ou a internalização beneficiam das condições gestadas por uma sociedade que se tão rica, pode parecer ‘racismo às avessas’, se se considerar
de imagens que as pessoas alimentam a respeito umas das organiza se baseando em normas e padrões prejudiciais à que o ‘racismo às direitas ’ pode existir”.
outras, com base em atributos raciais. Implica tecer juízos de população negra. Se a ideia de racismo reverso não tem fundamento, serve para
valor apriorísticos , como considerar negros violentos e O racismo faz parte de um processo sistêmico de deslegitimar as demandas por igualdade racial. É este, a meu
inconfiáveis, judeus avarentos ou orientais “naturalmente” discriminação que influencia a organização da sociedade. Não ver, o cerne do artigo de Risério, que, desde o seu livro “A
preparados para as ciências exatas. se resume, portanto, a atos isolados ou episódicos de um Utopia Brasileira e os Movimentos Negros” (2007), embarcou
Discriminação racial, por sua vez, é a atribuição de tratamento indivíduo ou de um grupo. Consiste, dessa forma, em um em uma cruzada neofreyriana, de narrativa anti-identitária,
diferenciado e desigual a pessoas ou grupos em razão das suas processo estrutural de poder dos grupos que exercem o refratária aos avanços democráticos no campo dos direitos e
origens, pertenças ou aparências raciais. Isso ocorre, por domínio sobre o ordenamento político, cultural e econômica da cidadania da população negra.
exemplo, quando países proíbem a entrada de negros, judeus, da sociedade. Entretanto, tal retórica não é novidade na história do Brasil.
muçulmanos ou pessoas de origem árabe, quando lojas se A manutenção desse poder, contudo, depende da capacidade Desde o movimento abolicionista, os indivíduos e grupos que
recusam a atender pessoas de determinado grupo e mesmo de o grupo dominante legitimar seus interesses, impondo a esposam a causa da população negra são acusados de
quando bares, restaurantes e hotéis conferem tratamento toda a sociedade regras, padrões de conduta e modos de promover um discurso e plataformas racistas.
diferenciado aos clientes conforme sua aparência e origem racionalidade que tornem “normal” e “natural” o seu domínio. A Frente Negra Brasileira (1931-1937) – Risério comete o erro
racial. Conforme assinalava Clóvis Moura, o racismo tem um factual de afirmar que a organização apoiou o Estado Novo de
Se o preconceito opera no plano do pensamento, por meio de “conteúdo de dominação, não apenas étnico, mas também Getúlio Vargas – lutou arduamente em prol da integração da
ideias estereotipadas, a discriminação caracteriza-se pela ação ideológico e político”. “gente negra” à comunidade nacional e obteve algumas
– excluir, preterir, marginalizar. Dessa perspectiva, é desprovida de fundamento a ideia de conquistas importantes no campo dos direitos civis. Isso não a
Já o racismo, como assevera Silvio Almeida, é definido por seu racismo reverso. Seria uma espécie de “racismo ao contrário”, impediu de ser acoimada de fomentar o “racismo às avessas”.
caráter sistêmico. Consiste “em um processo em que ou seja, um racismo do grupo subalternizado dirigido ao grupo
condições de subalternidade e de privilégio que se distribuem dominante. Trata-se de uma ideia equivocada porque O mesmo ocorreu com a UHC (União dos Homens de Cor), a
entre grupos raciais se reproduzem nos âmbitos da política, da membros dos grupos subalternizados podem até ser mais notável organização afro-brasileira durante a Quarta
economia e das relações cotidianas”. preconceituosos ou praticar discriminações, porém não República (1945-1964), e com o MNU (Movimento Negro
O racismo é estrutural e, a rigor, se difere do preconceito racial podem impor desvantagens sociais a membros de grupos Unificado, fundado em 1978), entidade que, ainda na ditadura,
e da discriminação racial. É importante ressaltar isso porque dominantes. preconizou uma nova narrativa de afirmação identitária,
todos os casos de “racismo preto antibranco” elencados por

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calcada na celebração das raízes africanas, na revalorização da encontre. O negro não existe. Não mais que o branco”. Documento 057
história e culturas negras e na denúncia do mito da
democracia racial. Parque temático Portugal dos Pequenitos -
Ficha técnica
A partir da década de 1990 e, sobretudo no início dos anos TIPO DE DOCUMENTO: Jornal eletrônico ORIGEM: Petrônio Rodrigues. ‘Racismo reverso’ de Risério Entrada
busca deslegitimar luta por igualdade racial. Folha de S. Paulo. São Paulo, 19 jan. 2022. Disponível
2000, os movimentos negros, em aliança com setores da em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2022/01/racismo-reverso-de-riserio-busca-
deslegitimar-luta-por-igualdade-racial.shtml CRÉDITOS: Petrônio Rodrigues
sociedade civil brasileira (intelectuais, sindicatos, ONGs, GLOSSÁRIO: Apriorismo : sistema, doutrina dos que atribuem, como causa de fenômenos e processos,
elementos presentes a priori, ou seja, independentemente da natureza dos fatos e do desenvolvimento
estudantes etc.), encamparam a defesa de ações afirmativas, dos processos.
Às direitas : expressão que se opõe à expressão “às avessas”, referindo-se ao que seria correto, normal.
em especial programas de cotas raciais. Remete à ideia de direita e esquerda.
Acoimada : quem é atribuída culpa.
Como fruto dessa ampla mobilização, o Estado brasileiro Açular : instigar, incitar.
Diatribes : crítica severa e mordaz.
implementou pela primeira vez políticas públicas em benefício PALAVRAS-CHAVE: história das ideias, movimento negro

– e não em prejuízo – da população negra, o que representou


um marco na história da nação, pois refletiu o reconhecimento
pelo governo da existência do racismo contra negros no Brasil
e o fim do conceito da democracia racial.
Risério não só acompanhou a mobilização racial e o debate
público a respeito das ações afirmativas como cerrou fileiras
na tropa de choque antagônica às cotas raciais, valendo-se,
entre outros argumentos, daquele que afirma que as cotas
Ficha técnica
podem açular o “racismo às avessas”. TIPO DE DOCUMENTO: Fotografia ORIGEM: Parque temático Portugal dos Pequenitos, Coimbra –
Portugal, Foto da entrada, 2019. Disponível
Assim, é plausível supor que a tese de Risério, transformando em: https://www.facebook.com/PortugaldosPequenitosOficial/photos/1456304421068028
CRÉDITOS: Parque temático Portugal dos Pequenitos PALAVRAS-CHAVE: brasil colonial, história de
a “exceção” em “norma”, e suas diatribes contra a afirmação portugal

identitária da população negra sejam cortina de fumaça, que


escamoteia e, a um só tempo, atualiza seu incômodo frente aos
avanços democráticos no campo dos direitos e da cidadania da
população negra.
Parece-me que, enquanto não alcançarmos uma sociedade
alicerçada na igualdade racial –, a afirmação identitária da
população negra é necessária, assim como políticas públicas
em favor desse segmento populacional.
Para finalizar, uma arguta reflexão de Frantz Fanon em seu
livro “Pele Negra, Máscaras Brancas”: “A desgraça da pessoa
de cor é ter sido escravizada. A desgraça e a desumanidade do
branco consistem em ter matado o ser humano onde quer que
fosse. Consistem em, ainda hoje, organizar racionalmente essa
desumanização. Mas eu, homem de cor, na medida em que me
seja possível existir plenamente, não tenho o direito de me
confinar em um mundo de reparações retroativa. Eu, homem
de cor, quero apenas uma coisa: que o instrumento jamais
domine o homem. Que cesse para sempre a escravização do
homem pelo homem. Ou seja, de mim por outro. Que me seja
permitido descobrir e desejar o homem, onde quer que se

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Documento 058 Documento 059 CRÉDITOS: Ana Clara Giannecchini, Bárbara Ramalho, Lúcia Helena Alvarez Leite.
PALAVRAS-CHAVE: grandes navegações, brasil colonial, história de portugal

Parque temático Portugal dos Pequenitos – Parque temático Portugal dos Pequenitos -
Pavilhão do Brasil Totem Portugal dos Pequenitos – Os
Portugueses

Ficha técnica
TIPO DE DOCUMENTO: Fotografia ORIGEM: Parque temático Portugal dos Pequenitos – Pavilhão do
Brasil, 2019. Coimbra – Portugal. Disponível em:  
[https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e0/Brazil_- _Portugal_dos_
Pequenitos_- _Coimbra%2C_Portugal_- _DSC09508.jpg]
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e0/Brazil_-_Portugal_dos_Pequenitos_-
_Coimbra%2C_Portugal_-_DSC09508.jpg CRÉDITOS: Parque temático Portugal dos Pequenitos
PALAVRAS-CHAVE: história de portugal, brasil colonial

Transcrição

Os portugueses foram entre os europeus os pioneiros dos


descobrimentos geográficos e da abertura do mundo,
desbloqueando a comunicação entre as civilizações da terra e
permitindo o contacto das culturas nos cinco continentes.
Desta grande aventura nasceu o mundo moderno.
No seguimento destes encontros ultramarinos e diálogos
civilizacionais depois de cinco séculos de história pelo mundo
em pedações repartida criaram-se os diversos países
lusófonos, sendo hoje a comunidade luso-afro-brasileira uma
das mais significativas do planeta.

Ficha técnica
TIPO DE DOCUMENTO: Totem ORIGEM: Parque temático Portugal dos Pequenitos  - Totem Portugal
dos Pequenitos – Os Portugueses. Coimbra – Portugal. Fotografia de Ana Clara Giannecchini, Bárbara
Ramalho, Lúcia Helena Alvarez Leite. In: (2020). Você já foi a Portugal dos Pequenitos? Da fruição
lúdico-educativa à reflexão (anti)colonial. Revista De Estudos E Pesquisas Sobre As Américas , 14
(1), 233-256. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/23560

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Documento 060 de portugal, brasil colonial Documento 061

Parque temático Portugal dos Pequenitos -


A potência económica do Brasil
Totem Portugal dos Pequenitos – República
Federativa do Brasil
O açúcar

A produção e o comércio do AÇÚCAR, no século XVII,


constituem um eixo importante na economia portuguesa e do
tráfego europeu. Vulgariza-se o consumo da especiaria que,
embora não seja compatível com o poder de compra das
camadas mais desprotegidas da população, é introduzido em
grande escala na pastelaria e confeitaria. É tão notável o seu
comércio que a economia da época roda à sua volta - O CICLO
DO AÇÚCAR.
O Brasil, imenso produtor açucareiro, deve realmente a sua
construção vertical, o poder de sua estruturação económica,
aos colonos empreendedores (os SENHORES DE ENGENHO)
que fizeram explorar, refinar e exportar a rica especiaria.
A grande força de trabalho empregue na produção açucareira
era da mão-de-obra negra que se levantava na Costa da África,
sobretudo no Congo e em Angola. Esse TRÁFEGO NEGREIRO
estabeleceu no Atlântico uma ROTA TRIANGULAR: da África
para o Brasil, as naus transportavam escravos, do Brasil para
Transcrição Portugal vinham o açúcar e produtos exóticos (e alguma prata)
que, em Lisboa, se reexportavam para a Europa; de Portugal
República Federativa do Brasil para o Hemisfério Sul (África e América) seguiam
No seguimento da viagem de Pedro Álvares Cabral criou-se, manufacturas e outros produtos acabados. A ROTA
pela presença portuguesa, a grande nação tropical o Brasil – TRIANGULAR DO ATLÂNTICO era, de resto, nos séculos XVII e
muito para além dos limites do Tratado de Tordesilhas – como XVIII, um esquema comum adoptado pelas várias Potências
um “país continente”,  um gigante com quase metade da coloniais europeias. Foi para defesa da concorrência
América do Sul. estrangeira no comércio dos escravos que a Coroa e um grupo
No século XIX tornou-se um novo estado independente – em 7 de particulares fundaram a COMPANHIA DO CACHÉU.
de setembro de 1822 – sendo o herdeiro da Coroa Portuguesa o
primeiro soberano do novo país. O primeiro “país irmão” de O ouro
Portugal.
Nos finais do século XVIII, a concorrência do açúcar
estrangeiro das Antilhas vai provocar a baixa de preços na
mercadoria e fazer decair o tráfego português do produto na
Ficha técnica Europa. É nessa altura que o Brasil oferece uma nova riqueza -
TIPO DE DOCUMENTO: Totem ORIGEM: Parque temático Portugal dos Pequenitos - Totem Portugal
dos Pequenitos – “República Federativa do Brasil”. Coimbra – Portugal. Disponível em: o OURO. Vai suceder-se, portanto, ao Ciclo do Açúcar, o CICLO
https://bagagemcultural.net/wp-content/uploads/2018/03/Port-dos-pequenitos.jpg
CRÉDITOS: Parque temático Portugal dos Pequenitos; Bagagem cultural. PALAVRAS-CHAVE: história DO OURO, tão importante seria a sua exploração e

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comercialização em Portugal e na Europa. Documento 062 difícil. É muito doloroso você ter os seus direitos e os seus
Já no século XVI, mas sobretudo no século XVII, se acessos negados, sendo que você é um cidadão que paga os
organizaram expedições no interior do Brasil, seguindo o Como o ‘privilégio corporal’ cria barreiras para seus impostos igual a qualquer outro cidadão”, lamenta.
curso dos rios, penetrando no sertão, em busca de pedras pessoas gordas acessarem direitos básicos Fundadora do movimento ’Vai Ter Gorda’ - coletivo criado há
preciosas, ouro e diamantes, mas também no intuito de seis anos para o combate à gordofobia -, Adriana diz que essa
aprisionar ameríndios para o trabalho dos engenhos. Essas negação do direito de acesso está enraizado na gordofobia, que
campanhas de audazes pioneiros, que partem sobretudo de S. Mulheres lutam em Salvador para conseguir a aprovação de leis que se revela mais agressiva conforme as interseccionalidades que
Paulo de Piratininga, são as BANDEIRAS. garantam acessibilidade de pessoas gordas no transporte público; ”os atingem os corpos que não atendem aos padrões impostos
São homens como Raposo Tavares, Pedro Teixeira, Pais Leme e estereótipos relacionados ao corpo gordo estão associados à questão socialmente.
Borba Gato que realizam esta epopeia expedicionária à qual o de negligência e à culpabilidade da pessoa gorda”, diz ativista ”A gente vive no Brasil uma gordofobia estrutural que é
Brasil deve a configuração territorial que tem. Por isso, os demarcada na questão de gênero, na questão de raça e na
BANDEIRANTES são justamente considerados os construtores questão da classe social. Ou seja, quanto mais negra, quanto
horizontais da grande pátria sul-americana. Muitas mais pobre, quanto mais mulher, mais os estereótipos
dificuldades tiveram de vencer, naturais e humanas, relacionados ao corpo gordo vão estar associados à questão da
inclusivamente conflitos com a Companhia de Jesus que, além saúde, à questão de negligência e à culpabilidade do corpo da
de ser contra os hábitos de miscigenação a que os pessoa gorda”, diz Adriana.
BANDEIRANTES eram afeitos, se opunha ao aprisionamento
dos nativos, às vezes levado a cabo nos próprios aldeamentos
estabelecidos pela Congregação Religiosa, e não aceitava a
exploração da mão-de-obra ameríndia.”

Ficha técnica
TIPO DE DOCUMENTO: Livro ORIGEM: António do Carmo Reis. Nova História de Portugal. 3ª ed. -
Lisboa: Notícias, 2001. CRÉDITOS: António do Carmo Reis PALAVRAS-CHAVE: brasil colonial,
ensino de história em portugal

Foto: Movimento ’Vai Ter Gorda’

Subir degraus do ônibus, passar por catracas e sentar de


maneira confortável são situações cotidianas que parecem
comuns, mas que são encaradas como obstáculos por pessoas
gordas ao acessar o transporte público.
A ativista Adriana Santos é uma mulher gorda e já passou por
situações constrangedoras ao entrar no ônibus. Ela conta que,
aos 14 anos, chegou a ouvir de um motorista de ônibus que o
transporte tinha ficado mais ”leve” depois que ela
desembarcou. Depois, adulta, ouviu que não podia entrar pela
porta de desembarque mesmo com o filho no colo.
”Já fiquei presa na catraca por meu corpo não poder passar em ’Quanto mais negra, pobre e mulher, mais os estereótipos
um lugar tão pequeno. Já senti todos os tipos de relacionados ao corpo gordo vão estar associados à
constrangimento dentro de um transporte público e também culpabilidade do corpo da pessoa gorda’ | Foto: Adriana
já foi negado a mim o direito de entrar pela porta de Santos/Instagram
desembarque. Eu estava com meu bebê no colo e foi muito

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No início do ano, o coletivo ’Vai Ter Gorda’ realizou um Estadual de Combate à Gordofobia na Bahia. O texto ainda
protesto em uma estação de ônibus e metrô, em Salvador, para aguarda a aprovação do governador Rui Costa (PT).
cobrar melhorias no transporte público que garantam o acesso ”A gente precisa ouvir esse público para entender o que eles
e inclusão de pessoas gordas nos coletivos. Dentre as precisam, as necessidades diárias desse corpo, a falta de
reivindicações também está o pedido de desarquivamento do dignidade humana que existe em ser gordo. Não existe uma
projeto de lei 303/2019 na Câmara Municipal de Salvador, que política pública que dê acessos e direitos, principalmente, sem
garante o acesso de pessoas gordas pela porta de desembarque patologizar esse corpo”, completa Andreia.
e suspende a obrigatoriedade de passar pela catraca. ‘Privilégio corporal trata os corpos de maneira diferente’
”A gente recebe vários relatos de meninas e mulheres sobre a Para além do transporte público, a falta de acessibilidade e a
dificuldade de subir os degraus dos ônibus, sobre as catracas gordofobia também são sentidas nos espaços que deveriam
que são minúsculas, os assentos dos ônibus, além do corredor servir de acolhimento, como os de saúde. Quando estava
que é estreito. Muitas vezes as pessoas gordas não têm o seu grávida, Laina Crisóstomo chegou a ouvir da médica que
direito de sentar nas cadeiras por ser muito pequena e acabam precisava emagrecer porque estava com o colesterol alto.
ficando em pé e isso também gera um certo constrangimento. Segundo a co-vereadora da mandata ’Pretas por Salvador’,
A gente pede um olhar mais humano das autoridades, do ainda é comum que profissionais da área da saúde adotem
poder público e de pensar formas de uma acessibilidade mais práticas que reproduzem a lógica gordofóbica.
inclusiva para todos os corpos”, solicita Adriana Santos. ”Existe um processo de patologização das pessoas gordas, que
é um entendimento de que tudo na pessoa gorda é doença: se ’Quando a gente fala de acesso, não é só transporte público,
eu tenho problema no coração é por conta de ser gorda, se meu mas é garantir, por exemplo, que tenha um equipamento de
açúcar está alto é porque eu sou gorda, se eu estou com câncer, saúde que nos caiba’ | Foto: Laina Crisóstomo/Facebook
eu preciso emagrecer para tratar. Eu estava grávida e estava
com o colesterol alto e a médica disse que eu precisava
emagrecer e eu falei: ’gente, eu vou emagrecer na gravidez?’. A co-vereadora, que sofreu com transtorno alimentar e

Quando a gente fala de acesso, não é só transporte público que bulimia na adolescência, é responsável, junto com a mandata

a gente quer cadeira, a catraca, o cinto de segurança, mas é ’Pretas por Salvador’, pela criação de um projeto de lei que

garantir, por exemplo, que tenha um equipamento de saúde estabelece a Semana Municipal de Combate à Gordofobia, que

que nos caiba”, afirma Laina. tem como objetivo levantar discussões e debates sobre o tema
nos espaços públicos de Salvador. Aprovado em dezembro do
ano passado, o projeto entra em vigor na segunda semana de
setembro, ainda este ano.
”É um debate que é cotidiano e a gente precisa cada vez mais
incluir as pessoas gordas para falarem das suas dores nos
 ’A gente pede um olhar mais humano das autoridades e de vários espaços. Uma pessoa gorda na educação sofre diferente,
pensar formas de uma acessibilidade mais inclusiva para uma pessoa gorda na saúde sofre diferente, uma pessoa gorda
todos os corpos’ | Foto: Movimento Vai Ter Gorda na política sofre o debate de forma diferente. A gente precisa
cada vez mais combater a gordofobia em todos os espaços,
essa é uma tarefa diária”, ressalta a co-vereadora.
Com cartazes com frases ’Diga não à gordofobia’ e Para a psicóloga clínica e especialista em transtornos
’Acessibilidade, Humanização e Direitos Humanos’, as ativistas alimentares, Vanessa Tomasini, a gordofobia está relacionada
também cobraram pela aprovação de projetos de lei (PL) que com o que chamamos de ’privilégio corporal’, que se
promovem ações de conscientização contra a gordofobia, caracteriza como uma maior passibilidade que alguns corpos
como o PL nº 23.507/2019, que determina a criação do Dia vão ter em relação a outros. Quanto mais o corpo se distanciar

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do padrão imposto pela sociedade, maiores serão os obstáculos social.
.  GLOSSÁRIO: Mandata:   Em política, mandato coletivo ou compartilhado é uma forma de exercício
e menores serão os direitos de consumo e acesso aos espaços. ”A partir do momento em que a catraca não consegue de cargo eletivo legislativo na qual o representante se compromete a dividir o poder com um grupo de
cidadãos que são consultados antes de definir o posicionamento e voto do legislador. No texto, o uso de
”Quando a gente fala de privilégio corporal estamos dizendo contemplar todos os tamanhos de corpos, eu estou dizendo ”mandato” no feminino - mandata - também indica uma posição política de inclusão das co-vereadoras.
PALAVRAS-CHAVE: história das mulheres, preconceito
que a sociedade trata os corpos de maneira diferente, se eles que esse transporte não serve para essa pessoa. A partir do
são totalmente aceitos ou não. O corpo magro é socialmente momento em que eu não consigo comprar uma roupa que me
aceito, é elogiado e tem muito mais acesso para usar o sirva de forma confortável, eu estou dizendo que essa pessoa
transporte público, para comprar uma roupa, para andar de não precisa sair na rua, que ela não precisa estar no espaço
ônibus ou de avião. Esse privilégio corporal não ocorre com social. Do ponto de vista psicológico, é um impacto muito
pessoas gordas a partir do momento em que elas têm muito grande porque são pessoas que acabam diminuindo o seu
mais obstáculos para conseguir coisas básicas, como sentar na acesso à vivência social, a estar nos lugares, a ser cidadão e
cadeira de médico, conseguir passar na catraca do ônibus, andar livremente pela rua. São pessoas que acabam
conseguir andar de avião ou de ônibus de uma forma mais desenvolvendo quadros depressivos, ansiosos e quadros
confortável ou até mesmo o fato de como as fóbicos, de ter pavor de entrar em um ônibus e ser apontada, de
pessoas olham e julgam pessoas gordas”, explica a especialista. passar por situações vexatórias e ser alvo de piadas”, pontua.
Para além de políticas públicas, a fundadora do movimento
’Vai Ter Gorda’, Adriana Santos, acredita que a educação pode
ser um dos pilares fundamentais no combate à gordofobia em
práticas diárias.
”Dificilmente você vai ver uma mulher preta e gorda num
livrinho infantil e que esse significado seja algo positivo para
uma criança. A gente precisa desconstruir esses ensinamentos
principalmente desde a nossa infância. É trazer uma literatura
mais inclusiva, com todos os corpos, todos os gêneros, todas as
raças, todas as classes sociais. É desconstruir toda essa
estrutura gordofóbica machista, racista, sexista e genocida que
existe na nossa sociedade”, pontua.
Para Laina Crisóstomo, o primeiro passo é despadronizar o que
foi constituído como beleza padrão, enraizada na colonização.
”Eu acho que tem a ver com o processo de despadronizar o que
é belo e isso tem a ver com a colonização, com os padrões que
são extremamente colonizados: ’O que é bonito? É uma pessoa
magra, branca, loira?’, ’Qual é o corpo de praia?’. É qualquer
corpo, os nossos corpos são lindos. É um processo que na
”Quando a gente fala de privilégio corporal estamos dizendo verdade é muito mais amplo. Precisa ter política pública,
que a sociedade trata os corpos de maneira diferente, se eles precisa fazer o debate na política, mas a gente precisa mudar a
são totalmente aceitos ou não” | Foto: Vanessa sociedade como um todo”, acrescenta a co-vereadora.
Tomasini/Instagram

Ficha técnica
TIPO DE DOCUMENTO: Jornal eletrônico ORIGEM: Adaptado de: Dindara Ribeiro | Edição: Nadine
Segundo a psicóloga, a falta de acessibilidade para pessoas Nascimento | Foto: Movimento ’Vai Ter Gorda’. “Como o ‘privilégio corporal’ cria barreiras para pessoas
gordas acessarem direitos básicos”. Cotidiano, 10 de fevereiro de 2022. Alma Preta. Disponível em:
gordas também geram impactos na saúde mental, https://almapreta.com/sessao/cotidiano/como-o-privilegio-corporal-cria-barreiras-para-pessoas-
gordas-acessarem-direitos-basicos CRÉDITOS: Texto: Dindara Ribeiro | Edição: Nadine Nascimento |
desencadeando em quadros de depressão, ansiedade e fobia Fotos: Movimento ’Vai Ter Gorda’; Laina Crisóstomo; Adriana Santos; Vanessa Tomasini.

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Documento 063 Documento 064 Documento 065

Museu do Ceará abriga a história do Bode Ioiô Há 90 anos morria Bode Ioiô Xica da Silva (Cacá Diegues, 1976)

Transcrição de trecho da entrevista

Almir Gadelha: Carla, vem cá. Carla Vieira que é diretora


aqui do Museu do Ceará… O bode tá aqui, é bem visitado e a
gente pode ver de pertinho, não é isso? Bom dia!
Carla Vieira: Bom dia. É verdade, o bode está aqui inclusive
desde… durante quase toda história do próprio Museu. Depois
de morto o animal, a empresa ... que tinha sua propriedade
mandou taxidermizar o animal, doou-o ao Museu e aqui ele Ficha técnica
TIPO DE DOCUMENTO: Machete ORIGEM:
está em exposição desde então. É um dos poucos objetos do Jornal O Povo,  29 de dezembro de 2021. Disponível em:
https://mais.opovo.com.br/reportagens-especiais/2021/12/29/ha-90-anos-morria-bode-ioio-caprino-
nosso acervo que nunca saiu de exposição e é uma das maiores boemio-que-foi-eleito-vereador-em-fortaleza.html CRÉDITOS: Jornal O Povo
PALAVRAS-CHAVE: eleições, memória
personalidades. [...] O bode já é bastante popular, é uma Fotograma do filme Xica da Silva (Cacá Diegues, 1976) no qual
personagem popular que viveu a Fortaleza do início do século a personagem Xica da Silva aparece como uma rainha.
XX, ganhou a simpatia da população à época e continua
ganhando a simpatia dos visitantes do Museu.
Ficha técnica

Ficha técnica TIPO DE DOCUMENTO: Fotograma ORIGEM: Xica Da Silva 1976 Filme Completo BR, YouTube.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pXPRIlrQWc0 CRÉDITOS: Título: Xica da Silva
TIPO DE DOCUMENTO: Entrevista ORIGEM: Ano produção: 1976
Jornal Bom Dia Ceará, 28 de fevereiro de 2019. Disponível em https://globoplay.globo.com/v/7418288/ 
Duração: 107 min
CRÉDITOS: Jornal Bom Dia Ceará GLOSSÁRIO: Taxidermizar : processo de empalhar animais Direção: Carlos Diegues
PALAVRAS-CHAVE: eleições, museus, memória Roteiro: Carlos Diegues, Antonio Callado, João Felicio dos Santos
Estúdio: Embrafilme, Terra Filmes PALAVRAS-CHAVE: cinema, história da escravidão, história das
mulheres

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Documento 066 Documento d067
Ficha técnica

Chica da Silva e o contratador de diamantes TIPO DE DOCUMENTO: Canção ORIGEM: LP/CD: MEMÓRIA DA PELE
Gravadora: Polygram
Reconvexo Ano: 1989
Compositor: Caetano Veloso
Intérprete: Maria Bethânia CRÉDITOS: Compositor: Caetano Veloso
Intérprete: Maria Bethânia GLOSSÁRIO: Roma Negra : referência à cidade de Salvador.
“Se o discurso histórico baseou-se em uma Chica metafórica, o Henri Salvador : Henri Gabriel Salvador (1917 - 2008) cantor, compositor e guitarrista francês de jazz.
Pelô : Referência ao Pelourinho em Salvador.
romance, o cinema e a televisão somente criaram novos Andy Warhol : Andrew Warhol (1928-1987) artista norte americano.
Gita : referência à canção “Gita” de composta por Raul Seixas e Paulo Coelho, e gravada em 1974.
estereótipos. Nada se fez para levantar o véu que encobre a sua Gogóia : referência à canção “Fruta Gogoia” – música tradicional baiana interpretada por Gal Costa no LP
FA-TAL GAL A TODO VAPOR de 1971.
figura e que a imobilizou no mito. Continuava desconhecida a Eu sou a chuva que lança a areia do Saara Dona Canô : Claudionor Viana Teles Veloso (1907 —2012) mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia.
Joãozinho Beija-Flor : João Clemente Jorge Trinta (1933-2011) carnavalesco.

Francisca da Silva de Oliveira, mulher de carne e osso, Sobre os automóveis de Roma Bobô : Raimundo Nonato Tavares da Silva (1962-) jogador de futebol.
Recôncavo : concavidade; terra em torno de cidade ou porto; formando enseada ; referência ao

ex-escrava que percorreu as ruas e vielas do arraial do Tejuco Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara Recôncavo Baiano.
Reconvexo (referente a convexo) : que faz bojo para a parte de fora; elevado em forma curva; curvo ou
arredondado para a parte externa. PALAVRAS-CHAVE: história da música, brasil contemporâneo
setecentista, que participou do ciclo do diamante, período Água e folha da Amazônia

importante da história brasileira, que enriqueceu, adquiriu Eu sou a sombra da voz da matriarca da  Roma Negra

propriedades, escravos, bens de raiz , e que educou quatorze Você não me pega, você nem chega a me ver

filhos. Meu som te cega, careta, quem é você?

Para além da trajetória individual de Chica da Silva, sua Que não sentiu o suingue de  Henri Salvador

história lança luz sobre as formas como as relações entre as Que não seguiu o Olodum balançando o  Pelô

raças se constituíram no espaço geográfico de Minas Gerais. E que não riu com a risada de  Andy Warhol

Sob o manto de uma pretensa democracia racial, sutil e Que não, que não, e nem disse que não

veladamente, a sociedade mestiça procurava se branquear e Eu sou o preto norte-americano forte

escondia a fria exclusão social e racial simbolizando o que se Com um brinco de ouro na orelha

passava no Brasil. Eu sou a flor da primeira música a mais velha

[...] Mais nova espada e seu corte

Assim como outras forras da época, ela alcançou sua alforria, Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou  Gita Gogóia

amou, teve filhos, educou-os, buscou ascender socialmente Seu olho me olha, mas não me pode alcançar

com vistas a diminuir a marca que a condição de parda e forra Não tenho escolha, careta, vou descartar

impunha para ela mesma e para os seus descendentes. Quem não rezou a novena de  Dona Canô

Inserção que se comprovou paradoxal, foi porém a única Quem não seguiu o mendigo  Joãozinho Beija-Flor

maneira que mulheres como Chica encontraram para retomar Quem não amou a elegância sutil de  Bobô

o controle sobre suas vidas” Quem não é  recôncavo  e nem pode ser  reconvexo
Eu sou o preto norte-americano forte
Com um brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música a mais velha
Ficha técnica
TIPO DE DOCUMENTO: Texto acadêmico ORIGEM: Adaptado. Júnia Ferreira Furtado. Chica da Silva e
o contratador de diamantes: o outro lado do mito. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 284.
Mais nova espada e seu corte
CRÉDITOS: Júnia Ferreira Furtado GLOSSÁRIO: Bens de raiz:  aqueles que não se podem arredar do
solo, por serem por ele constituídos ou por estarem a ele incorporados (prédios urbanos e rurais etc.).
PALAVRAS-CHAVE: história da escravidão, história das mulheres
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gita Gogóia
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo

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Documento d068 Ficha técnica
TIPO DE DOCUMENTO: Vídeo ORIGEM: Deixa Ela Trabalhar. Facebook. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=omrrIFeCTLQ&t=1s CRÉDITOS: #DeixaElaTrabalhar
PALAVRAS-CHAVE: jornalismo, história das mulheres
#DeixaElaTrabalhar

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