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Internacional
Giancarlo Giacomelli
Comércio internacional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O comércio internacional vem tornando-se sistematicamente mais ro-
busto, integrado e presente na vida de consumidores de todo o mundo. Na
imensa maioria das democracias modernas, um cidadão comum consome
produtos e serviços de mais de 10 países diferentes em um dia normal.
Neste capítulo, você vai entender como o comércio internacional
evoluiu até o ponto atual. Além de conhecer o que caracteriza o comércio
internacional, seus marcos mais importantes e como se deu o avanço
da globalização.
A história da espécie humana pode ser contada pela busca de recursos que
não estão disponíveis nos limites geográficos do seu habitat. Foi essa busca
por recursos que levou os nossos ancestrais pré-históricos a migrarem do
norte para osudeste asiático e dispersarem-se posteriormente pelo continente
europeu, enquanto outros grupos chegavam às Américas, possivelmente
cruzando o estreito de Bering, que liga os oceanos Ártico e Pacífico.
2 Comércio internacional
A busca comercial por melhores preços dessas especiarias leva a uma nova
e transformadora revolução, que alteraria para sempre a face do mundo: as
grandes navegações.
A conquista de Ceuta, no norte da África, pelos portugueses em 1415, é o
marco do início das grandes navegações. Anos mais tarde, em 1492, ao buscar
uma rota alternativa para as Índias, Vasco da Gama descobre a América. No
entanto, o feito buscado pelo navegador não era a descoberta de novas terras,
mas, sim, a rota comercial. e então, em 1498, Vasco da Gama enfim chega às
Índias e retorna a Portugal com as caravelas lotadas de especiarias, que
renderam grandes lucros à Coroa Portuguesa.
Logo depois, em 1500, o Brasil é descoberto e as transações culturais e
comerciais transformam todo o mundo. Assim, não é totalmente incorreto
afirmar que o Brasil foi descoberto por comerciantes em busca de
temperos. Alguns séculos mais tarde, a Revolução Industrial dá um novo
gás ao comércio internacional, ao colocar a Inglaterra como uma grande
produtora de produtos, agora industrializados, mais baratos, principalmente
roupas,
tecidos e maquinário agrícola.
Algumas características podem ser notadas em todos os ciclos de expansão
do comércio internacional. A necessidade por bens produzidos em outras
regiões leva empreendedores a buscarem formas mais rápidas e baratas de
conseguir esses bens, o que impulsiona a tecnologia em transporte. Essa
afirmação vale para a descoberta de como fabricar caravelas mais rápidas e
resistentes, passando pelo “boom” das ferrovias, até os gigantescos
cargueiros marítimos atuais.
Além disso, o contato comercial com uma cultura diferente leva à melhoria
no padrão de vida da cultura inferior, seja com as populações das Américas
antes de 1500, que ainda viviam num pré-histórico neolítico e absorveram
todo o avanço intelectual e tecnológico já existente na Europa, ou no Brasil
moderno, em que a abertura ao mercado internacional nos anos 90
melhorou drasticamente a qualidade dos carros, do setor de informática e
dos produtos em geral.
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Blocos econômicos
Outro marco significativo do comércio internacional foi a criação dos blocos
econômicos. Estes são grupos de países que, devido a necessidades
específicas, à proximidade geográfica ou a interesses em comum, decidem
instituir regras que facilitem e agilizem a negociação entre si.
O primeiro bloco econômico que se tem notícia é bastante antigo, de 1944,
quando Bélgica, Holanda e Luxemburgo criaram o BENELUZ, um bloco que
tinha como finalidade facilitar o comércio e, assim, contribuir para a recons-
trução dos países da região que haviam sido devastados pela Segunda Guerra.
Comércio internacional 9
Anos mais tarde, com a Guerra Fria perdendo força, houve uma onda
importante de criação de blocos econômicos.
Em 1991, logo após o fim da URSS, foi criada a CEI — Comunidade de
Estados Independentes —, integrada por Armênia, Belarus, Cazaquistão,
Federação Russa, Moldávia, Quirquistão, Tadjiquistão, Ucrânia, Uzbequis-
tão, Azerbaijão e Turcomenistão. A CEI difere dos demais blocos comerciais,
pois, além desse propósito, possui também um acordo de intenções relacionadas
à defesa dos países membros. Na prática, hoje, a Rússia detém o maior poder
político do grupo e acaba sendo a grande tomadora de decisões.
Em 1993, foi instituída a União Europeia (UE), hoje composta por 28 países
membros e um dos blocos mais importantes econômica e politicamente do
globo. Em 1999, a UE instituiu a Zona do Euro, que ampliava o conceito de
mercado comum para a União Europeia, com a adoção de uma moeda única,
oEURO. O avanço foi recebido de forma positiva por boa parte dos analistas
políticos e econômicos, sendo pouco questionado até a crise de 2008.
Com o agravamento da crise nos anos seguintes, começaram a aparecer
alguns problemas da centralização. Países com economias mais sólidas e
políticas econômicas mais conservadoras e responsáveis, como Alemanha,
precisaram socorrer países que adotavam políticas econômicas mais permis-
sivas e menos responsáveis, como Portugal, Grécia e Espanha. Assim, o custo
daqueles que gastavam mais e de maneira menos responsável acabava sendo
pago por todos, o que começou a gerar desconfortos.
Depois, a flexibilização dos fluxos migratórios e o consequente avanço do
islamismo pela Europa foram o estopim para que a União Europeia fosse posta
em cheque. O Brexit, referendo de 2016, em que a população inglesa optou
pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, foi o marco mais importante
da crise até o momento.
Na América do Norte, em 1994, foi assinado o NAFTA — Tratado Norte-
-americano de Livre Comércio — que envolve Canadá, México e Estados
Unidos, e tem o Chile como associado, numa busca de livre comércio, com
custos e burocracia reduzidos para troca de mercadorias entre os três países.
Aqui na América do Sul, em 1991, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai
assinaram o Tratado de Assunção, que, em 1994, daria origem ao MERCOSUL.
Porém, em 2001, a entrada da China na OMC, após quase 15 anos de tra-
tativas, alteraria profundamente a lógica dos blocos econômicos. A Figura 1,
a seguir, demonstra a evolução da Balança Comercial Chinesa.
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Leituras recomendadas
ADDA, J. A mundialização da economia: Génese. Lisboa: Terramar, 1997.
BOUDREAX, D. Como o capitalismo e a globalização reduziram os preços e trouxe-
ram progresso para todos. 2017. Disponível em: <http://www.mises.org.br/Article.
aspx?id=2757>. Acesso em: 31 jan. 2018.
BONAGLIA, F.; GOLDSTEIN, A. Globalização e desenvolvimento. Lisboa: Presença, 2006.
CAMPOS, L.; CANAVEZES, S. Introdução à globalização. Lisboa: IBJC, 2007.
CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo:
Cengage Learning, 2009.
KARASINSKI, L. Como a internet passa de um continente para outro? 2012. Disponível
em: <https://www.tecmundo.com.br/internet/31311-como-a-internet-passa-de-um-
-continente-para-o-outro-.htm>. Acesso em: 31 jan. 2018.
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