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Comércio

Internacional

Giancarlo Giacomelli
Comércio internacional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

Identificar os principais aspectos que caracterizam o comércio


internacional.
Avaliar como se deu o crescimento do comércio internacional, a glo-
balização e as negociações entre diferentes países.
Reconhecer os marcos mais importantes do comércio internacional.

Introdução
O comércio internacional vem tornando-se sistematicamente mais ro-
busto, integrado e presente na vida de consumidores de todo o mundo. Na
imensa maioria das democracias modernas, um cidadão comum consome
produtos e serviços de mais de 10 países diferentes em um dia normal.
Neste capítulo, você vai entender como o comércio internacional
evoluiu até o ponto atual. Além de conhecer o que caracteriza o comércio
internacional, seus marcos mais importantes e como se deu o avanço
da globalização.

A origem do comércio internacional

A história da espécie humana pode ser contada pela busca de recursos que
não estão disponíveis nos limites geográficos do seu habitat. Foi essa busca
por recursos que levou os nossos ancestrais pré-históricos a migrarem do
norte para osudeste asiático e dispersarem-se posteriormente pelo continente
europeu, enquanto outros grupos chegavam às Américas, possivelmente
cruzando o estreito de Bering, que liga os oceanos Ártico e Pacífico.
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Estima-se que essas ondas migratórias ocorreram em 20.000 e 8.000 anos


atrás. Então, começam a surgir os cultivos agrícolas, e os grupos de caçadores
e coletores passaram a estabelecer-se em comunidades com arranjos mais
fixos, descobrindo determinados cultivos.
Entre 9000 a.C. e 3000 a.C., passam a ocorrer diversas revoluções agríco-
las: os povos da América Central domesticaram o milho e o feijão, enquanto,
no Oriente, inicia-se o cultivo de trigo e ervilha, e as tribos sul-americanas
domesticam lhamas e aprendem a cultivar batata. Na região onde hoje é a
China, inicia-se o cultivo de arroz e começam a domesticar porcos; na Amé-
rica do Norte, os nativos aprendem a plantar abóboras. Essas descobertas vão
acontecendo e disseminando-se por todo o globo e serão determinantes para
a origem do comércio.
Tão logo os métodos agrícolas começam a ser aprimorados, as produções
passam a gerar excedentes. Assim, um produtor que tinha trigo sobrando
pode trocar o seu excedente por azeite ou gado. Então, as comunidades
humanas começam lentamente a abandonar o ataque a grupos rivais e iniciam
um
comércio primitivo baseado em trocas.
Como carregar sacas de grãos não era fácil ou conveniente, os produtores
começam a trocar tábuas de argila que registravam a quantidade de grãos que
odetentor teria direito. Assim, na região onde hoje é o Iraque e a Síria, mais
ou menos em 2.500 a.C., surge o ancestral do dinheiro.
As placas de argila mostram-se uma ótima ideia. Então, cerca de 2000 anos
mais tarde, na Lídia, região onde hoje é a Turquia, surge a primeira moeda
cunhada pelo governo.
Poucos anos mais tarde, em 200 a.C., nasce uma das mais importantes
rotas comerciais da história humana. Os chineses, que haviam aprendido a
fabricar tecido a partir da fibra do casulo de um inseto — depois batizado
bicho-da-seda —, descobriram que os europeus estavam dispostos a pagar
muito por ESSE tecido e mantiveram esse processo de fabricação sob sigilo.
Surge, então, a Rota da Seda, que ligava a Ásia até a Europa e durou por
mais de 1000 anos, promovendo não só trocas comerciais, como um
transformador
compartilhamento de cultura e tecnologia.
Pela Rota da Seda, além de tecidos, começaram a chegar novos produtos
à Europa, como pimenta, canela, gengibre e outras especiarias nativas do
oriente. Em tempos sem refrigeradores, em que a duração das carnes era
muito reduzida, esses insumos eram muito valorizados, pois disfarçavam
sabores e aromas, diminuindo as perdas de alimentos.
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A busca comercial por melhores preços dessas especiarias leva a uma nova
e transformadora revolução, que alteraria para sempre a face do mundo: as
grandes navegações.
A conquista de Ceuta, no norte da África, pelos portugueses em 1415, é o
marco do início das grandes navegações. Anos mais tarde, em 1492, ao buscar
uma rota alternativa para as Índias, Vasco da Gama descobre a América. No
entanto, o feito buscado pelo navegador não era a descoberta de novas terras,
mas, sim, a rota comercial. e então, em 1498, Vasco da Gama enfim chega às
Índias e retorna a Portugal com as caravelas lotadas de especiarias, que
renderam grandes lucros à Coroa Portuguesa.
Logo depois, em 1500, o Brasil é descoberto e as transações culturais e
comerciais transformam todo o mundo. Assim, não é totalmente incorreto
afirmar que o Brasil foi descoberto por comerciantes em busca de
temperos. Alguns séculos mais tarde, a Revolução Industrial dá um novo
gás ao comércio internacional, ao colocar a Inglaterra como uma grande
produtora de produtos, agora industrializados, mais baratos, principalmente
roupas,
tecidos e maquinário agrícola.
Algumas características podem ser notadas em todos os ciclos de expansão
do comércio internacional. A necessidade por bens produzidos em outras
regiões leva empreendedores a buscarem formas mais rápidas e baratas de
conseguir esses bens, o que impulsiona a tecnologia em transporte. Essa
afirmação vale para a descoberta de como fabricar caravelas mais rápidas e
resistentes, passando pelo “boom” das ferrovias, até os gigantescos
cargueiros marítimos atuais.
Além disso, o contato comercial com uma cultura diferente leva à melhoria
no padrão de vida da cultura inferior, seja com as populações das Américas
antes de 1500, que ainda viviam num pré-histórico neolítico e absorveram
todo o avanço intelectual e tecnológico já existente na Europa, ou no Brasil
moderno, em que a abertura ao mercado internacional nos anos 90
melhorou drasticamente a qualidade dos carros, do setor de informática e
dos produtos em geral.
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Globalização e integração dos mercados

O expressivo volume de estudos, reportagens e outras referências sobre


globa- lização leva a crer que se trata de uma dinâmica muito madura e já
amplamente discutida. No entanto, ao resgatarmos as origens do termo,
encontramos sua primeira referência relevante no ano de 1994, durante a
reunião em Nápoles, da Cúpula do G7, composta por Alemanha, Canadá,
Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
No contexto apresentado, o termo estava relacionado ao aumento signi-
ficativo dos fluxos de capitais entre diferentes países, gerando uma interde-
pendência econômica que inexistia até então.
Antes de chegar à Cúpula do G7, o termo era uma excentricidade acadê-
mica, discutida em algumas publicações do final dos anos 60. Um destaque
especial para a obra Guerra e Paz na Aldeia Global, de Marshall Mcluhan e
Quentin Fiore, lançada no Brasil nos anos 70. A abordagem de Mcluhan, que
ficou conhecido como o pai do termo, sobre a globalização, tinha um viés
mais relacionado à comunicação do que à economia.
É possível que a referência que precedeu o conceito de globalização seja
do autor, no livro A Galáxia de Gutenberg, de 1959:

Tal é o caráter de uma aldeia ou, desde o aparecimento dos meios de


comunica- ção eletrônica, tal é o caráter da aldeia global. E é a comunidade da
publicidade e das relações públicas (PR) que mais está a par dessa nova e
básica dimensão de interdependência global (MCLUHAN, 1972, p. 37).
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O filósofo e educador canadense, que nasceu pouco antes da eclosão da


Primeira Guerra Mundial, vivenciou a Segunda Grande Guerra e viveu a Guerra
Fria até o fim dos seus dias. Ele tinha motivos suficientes para carregar um
olhar descrente quanto às influências das novas tecnologias da época, como
a incipiente comunicação via satélite.
Após a cúpula do G7, a globalização, que inicialmente foi entendida sob o
prisma do compartilhamento de informações, evoluiu para um arranjo econô-
mico, onde indivíduos de diferentes nações dividem, por meio de organizações,
empresas e recursos, interesses em comum e o fruto do seu trabalho.
O alemão Thorsten Polleit, professor honorário da Frankfurt School of
Finance & Management e economista chefe da Degussa, empresa especializada
no comércio de metais preciosos, afirma:

A globalização econômica significa “divisão do trabalho em nível mundial”. A


população de cada país se especializa naquilo em que é boa, adquirindo assim
uma vantagem comparativa em relação às outras: faço aquilo em que sou
melhor que os outros e vendo para eles; e compro dos outros aquilo que eles
fazem melhor do que eu. Todas essas transações econômicas devem ser
feitas o mais livremente possível, sem a intervenção de governos na forma de
tarifas protecionistas e de outras barreiras alfandegárias.
A consequência deste arranjo foi, é e sempre será um aumento no padrão de
vida de todos os envolvidos.
Hoje, nenhum país é capaz de viver em autarquia, produzindo absolutamente
tudo de que sua população necessita para viver decentemente. Caso um país
realmente tentasse produzir tudo o que consome, isso não apenas seria um
monumental desperdício de recursos escassos, como também levaria a custos
de produção e, consequentemente, preços exorbitantes, afetando
drasticamente o padrão de vida da população (POLLEIT, 2017).

A abordagem de Polleit é muito alinhada com a interpretação dos efei-


tos econômicos e da dinâmica social da globalização elaborada por Jagdish
Bhagwati, um dos mais eminentes defensores do fenômeno. Uma de suas
definições é a seguinte:

Ela engloba o comércio e o investimento estrangeiro direto de longo prazo


por multinacionais, bem como os fluxos de investimento de curto prazo,
cuja rapidez e tamanho já provocaram estragos de Bangcoc a Buenos Aires.
Mas ela também abrange migrações agora consideraveis, legais e, muitas
vezes, ilegais, entre os países, além de se estender à difusão e transferência
de tecnologia (como as drogas para o tratamento da AIDS) entre as nações
produtoras e consumidoras (BHAGWATI, 2004, p. 7).
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Assim, quanto mais complexas e interligadas ficavam as relações entre os


países, maior a necessidade de conexão, o que promoveu umas das maiores
revoluções da história moderna.
Em 2001, o colunista do Financial Times, Martin Wolf, já havia observado
que “o primeiro telégrafo transatlântico foi instalado em 1866. Na virada do
século, o mundo todo já estava conectado por telégrafo, e o tempo de comu-
nicação caiu de meses para minutos”. Essa integração não parou:

ocusto de um telefonema de três minutos de Nova York para Londres em


tarifas atuais caiu de US$ 250,00, em 1930, para uns poucos centavos hoje.
Em anos mais recentes, o número de dutos sonoros através do Atlântico
disparou de 100 mil em 1986 para mais de 2 milhões hoje. O número de
hospedeiros na Internet subiu de 5 mil, em 1986, para mais de 30 milhões
hoje. (WOLF, 2001, documento on-line, Trad. nossa).

A tendência identificada por Wolf intensificou-se e em 2015, quando já


havia mais de 885 mil quilômetros de cabos submarinos responsáveis por
levar a Internet a todo o mundo.
Essa infraestrutura, que começou a ser criada no século XIX, foi funda-
mental para a popularização da Internet, dado que, atualmente, apenas 1%
desta é coberta pelos satélites.
Com o mundo inteiro literalmente conectado, estava pronto o terreno para
que os países, enfim, negociassem em tempo real, o que ampliou os desafios
da logística internacional.
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Marcos do comércio internacional moderno

Após um longo e relativamente lento avanço histórico, a partir do século XX,


ocomércio internacional avançou a passos largos e em uma velocidade cada
vez maior. As exportações, que até 1900 representavam menos de 8% do PIB
Mundial, a partir dos anos 2000, já ultrapassavam os 20%.
Para isso, o surgimento de alguns marcos regulatórios foi decisivo. Os
marcos regulatórios são as principais regras que regem as relações de
comércio
entre países. Eles podem ser divididos em 3 diferentes escopos:

1.acordos multilaterais de comércio;


2.acordos regionais, bilaterais ou não recíprocos;
3.acordos de políticas próprias entre parceiros estratégicos.

Os acordos multilaterais são as normas mais abrangentes de comércio


internacional, normalmente sendo a base sob a qual os demais acordos
evoluem. O marco mais antigo são as regras do GATT — Acordo Geral sobre
Tarifas e Comércio — uma iniciativa de 1947, logo após o fim da 2ª Grande
Guerra, que tinha como objetivo liberalizar o comércio entre os países. Na
primeira rodada, em Genebra, participaram 23 países, e foram assinadas cerca
de 45
mil concessões tarifárias durante os 7 meses de rodada.
A criação do GATT foi um grande passo na derrubada dos protecionismos
nacionalistas que fatalmente provocam conflitos de interesses entre
diferentes países. Com isso, o GATT contribuiu de maneira relevante para a
paz no
pós-guerra.
De forma quase simultânea, poucos anos antes, em 1944, era criado o BIRD –
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – estabelecido na
conferência de Bretton Woods, em 1944, que também criou o FMI – Fundo
Monetário Internacional. O BIRD contribuiu para melhorar o fluxo de recursos
e consolidar as transações cambiais entre diferentes nações, o que facilitaria
ocomércio internacional em um futuro próximo.
Também merece destaque a OCDE — Organização para a Cooperação
Econômica e Desenvolvimento — criada em 1961, hoje com 34 membros e
mais 6 países com status de observadores. A OCDE tem como objetivo ser
um fórum onde os governos possam discutir problemas sociais e
econômicos
comuns entre eles.
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No entanto, o principal destaque é a OMC — Organização Mundial do


Comércio — instituída oficialmente em janeiro de 1995, um desdobramento das
práticas iniciadas no GATT. Quando o GATT foi instaurado, ele não possuía
um caráter decisor ou de arbitragem, que lhe permitisse julgar impasses entre
diferentes países membros.
Já a OMC, constituída após impasses na Rodada do Uruguai do GATT, foi
concebida com um escopo maior de responsabilidades, atuando de maneira
fiscalizatória e interveniente sempre que um país membro se sentisse preju-
dicado por práticas de outro membro.
Assim, nesses pouco mais de 20 anos de existência, a OMC já se consolidou
como o grande mecanismo regulador do comércio internacional.
A existência da OMC permitiu que começassem a desenvolverem-se os
acordos plurilaterais, que são aqueles em que não fazem parte a integralidade
dos participantes, mas, sim, alguns interessados.
Um dos principais acordos é o que trata da Tecnologia da Informação, que
engloba países desenvolvidos e em desenvolvimento, que desejam fomentar a
liberação do comércio de computadores, microprocessadores, equipamentos
de telecomunicação e softwares. Hoje, o acordo já engloba 75 membros e mais
de 90% de toda a produção desse segmento.
Este acordo é um dos grandes responsáveis pela popularização dos smar-
tphones e pela rapidez com que a qualidade dos computadores evoluiu. Graças
a essa liberalização, países menos desenvolvidos, como o Brasil, têm acesso a
produtos de qualidade bastante parecida com o que há de melhor no mundo.
Além disso, existem acordos plurilaterais para o comércio de diversos
outros bens, desde eletrodomésticos da linha branca — geladeiras, fogões,
etc. — até mesmo de aeronaves.

Blocos econômicos
Outro marco significativo do comércio internacional foi a criação dos blocos
econômicos. Estes são grupos de países que, devido a necessidades
específicas, à proximidade geográfica ou a interesses em comum, decidem
instituir regras que facilitem e agilizem a negociação entre si.
O primeiro bloco econômico que se tem notícia é bastante antigo, de 1944,
quando Bélgica, Holanda e Luxemburgo criaram o BENELUZ, um bloco que
tinha como finalidade facilitar o comércio e, assim, contribuir para a recons-
trução dos países da região que haviam sido devastados pela Segunda Guerra.
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Anos mais tarde, com a Guerra Fria perdendo força, houve uma onda
importante de criação de blocos econômicos.
Em 1991, logo após o fim da URSS, foi criada a CEI — Comunidade de
Estados Independentes —, integrada por Armênia, Belarus, Cazaquistão,
Federação Russa, Moldávia, Quirquistão, Tadjiquistão, Ucrânia, Uzbequis-
tão, Azerbaijão e Turcomenistão. A CEI difere dos demais blocos comerciais,
pois, além desse propósito, possui também um acordo de intenções relacionadas
à defesa dos países membros. Na prática, hoje, a Rússia detém o maior poder
político do grupo e acaba sendo a grande tomadora de decisões.
Em 1993, foi instituída a União Europeia (UE), hoje composta por 28 países
membros e um dos blocos mais importantes econômica e politicamente do
globo. Em 1999, a UE instituiu a Zona do Euro, que ampliava o conceito de
mercado comum para a União Europeia, com a adoção de uma moeda única,
oEURO. O avanço foi recebido de forma positiva por boa parte dos analistas
políticos e econômicos, sendo pouco questionado até a crise de 2008.
Com o agravamento da crise nos anos seguintes, começaram a aparecer
alguns problemas da centralização. Países com economias mais sólidas e
políticas econômicas mais conservadoras e responsáveis, como Alemanha,
precisaram socorrer países que adotavam políticas econômicas mais permis-
sivas e menos responsáveis, como Portugal, Grécia e Espanha. Assim, o custo
daqueles que gastavam mais e de maneira menos responsável acabava sendo
pago por todos, o que começou a gerar desconfortos.
Depois, a flexibilização dos fluxos migratórios e o consequente avanço do
islamismo pela Europa foram o estopim para que a União Europeia fosse posta
em cheque. O Brexit, referendo de 2016, em que a população inglesa optou
pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, foi o marco mais importante
da crise até o momento.
Na América do Norte, em 1994, foi assinado o NAFTA — Tratado Norte-
-americano de Livre Comércio — que envolve Canadá, México e Estados
Unidos, e tem o Chile como associado, numa busca de livre comércio, com
custos e burocracia reduzidos para troca de mercadorias entre os três países.
Aqui na América do Sul, em 1991, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai
assinaram o Tratado de Assunção, que, em 1994, daria origem ao MERCOSUL.
Porém, em 2001, a entrada da China na OMC, após quase 15 anos de tra-
tativas, alteraria profundamente a lógica dos blocos econômicos. A Figura 1,
a seguir, demonstra a evolução da Balança Comercial Chinesa.
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Figura 1. Evolução da Balança Comercial Chinesa.


Fonte: Bloomberg (2009).

A China, então com praticamente 1/6 de toda a população mundial, que


por décadas vivia em um regime comunista fechado ao mercado, entrava no
mercado. Como sua população vivia em situações precárias, os baixos
salários oferecidos inicialmente pelas fábricas já representavam uma
melhoria nas suas condições. Assim, a capacidade produtiva dessa imensa
massa de novos trabalhadores, somada ao recente avanço da Internet, que
facilitou as comu- nicações em um nível global, fez com que os produtos
chineses tornassem-se mais baratos e acessíveis do que os produtos já
negociados dentro dos blocos econômicos.
Isso fez com que a relevância dos blocos econômicos diminuísse e que,
mais tarde, o mundo avançasse para uma integração de caráter global.
Nos últimos 40 anos, o Brasil perdeu 12 posições no ranking de comércio
internacional, contribuindo com cerca de 1% de todas as transações desse
tipo (Figura 2).
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Figura 2. Evolução da participação dos países no comércio internacional. *A


participação da Rússia só aparece no gráfico a partir de 1996 porque, até o início
da década de 1990, o país fazia parte da extinta União Soviética, que representou
3,73% e 4,27%, em 1976 e 1986, respectivamente.
Fonte: Duran (2016).

BHAGWATI, J. Em defesa da globalização. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.


BLOOMBERG. Balanço comercial - China. 2009. Disponível em: <https://goo.gl/Mrd45v>.
Acesso em: 31 jan. 2018.
DURAN, P. Nos últimos 40 anos, Brasil foi ultrapassado por 12 países no ranking de
participação no comércio internacional. 2016. Disponível em: <https://goo.gl/VYqrvZ>.
Acesso em: 31 jan. 2018.
MCLUHAN, M. A galáxia de Gutenberg: a formação do homem tipográfico. São Paulo:
Nacional, 1972.
POLLEIT, T. A diferença básica entre globalismo e globalização econômica: um é o oposto
do outro. 2017. Disponível em: <http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2639>.
Acesso em: 31 jan. 2018.
WOLF, M. Will the nation-state survive globalization?. Foreign Affairs. New York, 2001.
Disponível em: <http://www.columbia.edu/itc/sipa/U6347/client_edit/Will%20
the%20nation%20survive.htm>. Acesso em: 01 fev 2018.
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Leituras recomendadas
ADDA, J. A mundialização da economia: Génese. Lisboa: Terramar, 1997.
BOUDREAX, D. Como o capitalismo e a globalização reduziram os preços e trouxe-
ram progresso para todos. 2017. Disponível em: <http://www.mises.org.br/Article.
aspx?id=2757>. Acesso em: 31 jan. 2018.
BONAGLIA, F.; GOLDSTEIN, A. Globalização e desenvolvimento. Lisboa: Presença, 2006.
CAMPOS, L.; CANAVEZES, S. Introdução à globalização. Lisboa: IBJC, 2007.
CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo:
Cengage Learning, 2009.
KARASINSKI, L. Como a internet passa de um continente para outro? 2012. Disponível
em: <https://www.tecmundo.com.br/internet/31311-como-a-internet-passa-de-um-
-continente-para-o-outro-.htm>. Acesso em: 31 jan. 2018.
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