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A REGIÃO DEMARCADA

DOS VINHOS VERDES


UM SÉCULO DE HISTÓRIA
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A REGIÃO DEMARCADA
DOS VINHOS VERDES
UM SÉCULO DE HISTÓRIA
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ANTECEDENTES DA CULTURA DA VINHA

Não sabemos quando o homem começa a No entanto, os mais antigos registos de A Mesopotâmia e os flancos do Cáucaso,
beber vinho, mas este aceita-o como um videira cultivada - Vitis vinífera - contam-se entre as primeiras regiões
dom de Deus. Os egípcios atribuíram-no encontram-se no Médio Oriente e na vinícolas da Ásia Ocidental. A primeira,
a Osíris, os gregos a Dionysos e os Arménios China. No Egipto, por exemplo, os escritos que abrange grande parte das bacias dos
a Noé. O historiador Hanneke Wirtjes mais antigos de que o homem tem rios Tigre e Eufrates, graças à abundância
considera que o homo sapiens se conhecimento, estão nos sinetes (ou selos) de água e consequentes obras hidráulicas,
aproveitava do processo natural de colocados sobre as rolhas das ânforas ofereceu, desde sempre, boas condições
fermentação para produzir bebidas, encontradas nos túmulos do período pré- para a agricultura. Nesta altura, a vinha já
misturando, de seguida, diferentes tipos -dinástico. Uma nota interessante, dá-nos proliferava abundantemente em parte da
de frutos. Dificilmente saberemos se conta de que este povo fermentava o Europa, principalmente nos países situados
conseguiram produzir vinhos. Sabe-se, no produto da sua vindima em cubas de a Leste do Mediterrâneo, na zona do mar
entanto, que a videira espontânea – Vitis madeira de acácia. Cáspio e mar Negro. Daqui, terá iniciado
silvestris – existe há mais de um milhão de o seu caminho triunfal até à Grécia, onde
anos. A idade destas Vitis vinífera está o seu consumo se converteu em hábito.
comprovada através de análises efectuadas Os gregos transplantariam, posteriormente,
Com alguma segurança podemos afirmar com carbono radioactivo. A comprová-lo, alguns dos seus vinhedos para as colónias
que a origem do vinho começa com a nada melhor que o precioso «Estandarte da Sicília e da Itália meridional.
sedentarização da população, quando os de Ur», que se encontra num dos mais
últimos nómadas semearam os grãos e se famosos museus britânicos, o «British Como importante cultura subsidiária, a
viram obrigados a esperar pela hora da Museum». Este painel, todo feito a conchas vinha e o consumo do vinho marcam, desde
colheita, pela simples razão de que a vinha e pedras semipreciosas, mostra, para além há milénios, a cultura mediterrânea e, de
necessitava de mais tempo do que qualquer de outras cenas, figuras de homens forma particular, a cultura portuguesa.
outra cultura, para produzir uva destinada bebendo, e data da primeira metade do Investigações arqueológicas e documentais
à vinificação - pelo menos quatro anos. Isto terceiro milénio antes da era cristã. dão-nos notícia de que esta cultura terá sido
terá acontecido há sete mil anos a.C.. importada para a Península Ibérica pela
civilização fenícia e grega, no século VIII
a.C. e prevalecido até aos nossos dias.
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INTRODUÇÃO
A GEOGRAFIA DO VINHO

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Dutruc-Rosset, G., The state of vitiviniculture in the A cultura da vinha abrange todo o globo todo o mundo rondavam, em 2000, os 276
world and the statistical information in 2000, Paris,
Office International de la Vigne et du Vin, 2001.
terrestre, preferindo, naturalmente, as milhões de hectolitros.
zonas de clima moderado. África com 8.226.000 hl., América com
As Vitis vinífera - vinha cultivada - possuem 49.223.000 hl, Ásia com 8.215.000 hl,
a particularidade de se adaptarem bem em Europa com 201.561.000 e a Oceânia com
1
diferentes climas e terrenos, mesmo os 8.666.000 .
mais pobres, e são inúmeras as espécies
que se encontram distribuídas por todo o De entre todas as regiões vitícolas
mundo. Actualmente, são conhecidas cerca espalhadas pelo Mundo, a Europa é aquela
de 8.000 variedades. que apresenta maior extensão e a que
guarda maior tradição desta cultura. Desde
O vinho e a sua cultura têm uma a antiga civilização grega ao império
importância internacional. romano, ela faz parte da vida, da história
É uma actividade com inúmeras e das tradições de países como a França,
ramificações. Ela é, simultaneamente, um Espanha e Portugal.
sector económico capital e um dos prazeres
capitais da vida. É o modo de subsistência
de cerca de 50 milhões de indivíduos,
espalhados por quase 8.000.000 de hectares
de vinha, e cujos índices de produção em
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INTRODUÇÃO O ENTRE-DOURO-E-MINHO

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O Portugal Vinícola, Imprensa Nacional, 1900. Relativamente ao nosso país, situado no Reportando-nos ao Noroeste português, Enquanto que alguns vales são largos e se
3 extremo Sudoeste da Europa Ocidental que se situa numa altitude inferior aos 700 espraiam em grandes planícies mais perto
Identificação de um país. Ensaio sobre as origens de
Portugal 1096-1325, vol. I, Lisboa, Ed. Estampa,
entre as latitudes de 36º-59’ e 42º-8’ N, e metros, é uma Região cheia de do litoral, como acontece com os do Lima,
1988. as longitudes, do meridiano de Lisboa, de compartimentos naturais e abundante em Cávado e Ave, outros correm através de
0º-21’ W. e 3º E., «... está em plena região da água, o que tem permitido desde sempre, vales mais estreitos, entre colinas de pendor
vinha. O seu clima benigno, as condições naturais uma grande concentração demográfica e mais acentuado. Em alguns casos, os rios
dos seus terrenos, formam o meio mais adequado ao mesmo tempo a disseminação das associam-se com os seus afluentes principais
para a cultura da videira, a qual, de Norte a unidades de exploração de pequenas para formarem zonas «mesopotâmicas»
Sul do país, vegeta e prospera, criando os mais dimensões, onde sempre se praticou a perto das suas confluências.
saborosos frutos e produzindo tipos de vinhos cultura intensiva de uma enorme variedade As mais importantes são as de Entre-
variadíssimos, da mais excelente qualidade. de produtos agrícolas. Mesmo as colinas -Homem-e-Cávado e as de Entre-Ave-e-
Reúne, em geral, as condições mais favoráveis, que as dividem alimentaram sempre, sem -Vizela (Entre-Ambal’as-Aves), onde de
e pode considerar-se como privilegiado, pelas custos e com pouco trabalho, os rebanhos facto se encontram terrenos especialmente
3
circunstâncias que nele se dão, para a exploração de cabras e ovelhas. fecundos (José Mattoso) .
vitícola e a produção de vinhos» (Cincinnato Protegida a Leste pela serrania, esta Região
2
da Costa) . é recortada pelos vales dos rios que correm
no sentido Leste-Oeste. São eles os rios
Minho, Lima, Cávado, Ave, Sousa, Tâmega
e Douro.
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INTRODUÇÃO A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES

Propriedade colectiva e inalienável da mais mediterrâneas, e por último o Oceano O solo da Região, de uma maneira geral,
viticultura duma região, perfeitamente Atlântico que constitui o seu limite a poente. é heterogéneo, o que obriga à escolha dos
definida e distinta de outras regiões vitícolas Sob o ponto de vista geológico, os solos que possuem maior aptidão vitícola, como
portuguesas, esta é a maior do país e uma regionais são na sua maioria de origem sejam os solos medianamente profundos,
das maiores da Europa na sua grande parte granítica e, por isso, de textura mais ou com boa drenagem interna e baixo nível
coincidente com a já referida Região do menos arenosa, franca ou franco-arenosa de fertilidade, e que não apresentem,
Entre-Douro-e-Minho, que ocupa uma e muito mais raramente franco-argilosa. contudo, carências que prejudiquem o
área de aproximadamente sete mil Com excepção de duas faixas estreitas de desenvolvimento da videira.
quilómetros quadrados, com cerca de 35 origem xistosa que a atravessam no sentido
mil hectares de vinha. Sudeste-Noroeste com origem a Sul do rio Dada a natureza dos sistemas agrários
Douro, uma do silúrico superior e outra praticados desde tempos recuados na
Citando uma frase conhecida de Amorim do silúrico inferior. Região, os solos apresentam uma fertilidade
Girão, lembra «um vasto anfiteatro que, adquirida considerável que permitiu
da orla marítima, se eleva gradualmente Na orla litoral e nas margens de alguns durante séculos suportar as mais altas
para o interior», expondo-o à influência rios, com maior ou menor expressão, densidades populacionais do país. O
do oceano Atlântico, fenómeno reforçado podem encontrar-se formações do segredo desta fertilidade pode resumir-se
pela orientação dos vales dos rios, Moderno e do Pliocénico - Valença e a dois principais tipos de intervenções do
perpendiculares à costa, o que facilita a Monção - constituindo os célebres homem nas condições naturais:
penetração da influência marítima. «terraços» do Alto Minho e que, mais não Controlo do relevo pela construção de
Estende-se por todo o NW. são, do que solos muito ricos em calhau socalcos;
Tem como limites: a Norte o rio Minho, a rolado (os vulgares «burgos» da praia) Incorporações intensivas e persistentes
nascente e a Sul as zonas montanhosas, evocando a sua origem lacustre ou fluvial. de matéria orgânica no solo.
que constituem uma separação natural com
as zonas do interior e de características
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VESTÍGIOS HUMANOS

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Arquitectura popular em Portugal, 1º vol., AAP, Lisboa, Porque o meio era favorável não é de Mas é com a ocupação romana que se segue
1988.
estranhar que aqui se encontrem desde ao domínio cartaginês e à passagem dos
milénios vestígios do ser humano. traficantes fenícios e celtas, que se iniciam
Se existem dispersos por todo o país as bases históricas duma civilização social,
espólios do homem paleolítico e neolítico, política, económica e administrativa.
é nas idades mais recentes do cobre e na Braccara Augusta (= Braga) foi o pólo
transição para a subsequente do ferro que principal desta nova civilização e Portus
vamos encontrar as primeiras marcas da Cale (= Porto) seria o porto costeiro,
sua presença. trampolim para as comunicações marítimas.

A distribuição dos monumentos megalíticos Logo na primeira fase da reconquista que


existentes, ou presumíveis pela toponímia expulsou os mouros desta Região, os
local perdurável até aos nossos dias, e a guerreiros cristãos arrastariam na retirada
difusão das povoações castrenses são um a maioria da população. No repovoamento
prova fundamental da sua permanência. seguinte, perante a quase total ruína das
Temos como evidente, segundo Amorim cidades, a ocupação do solo fez-se primeiro
Girão, a predominante ocupação do solo pelas vilas e vilares (freguesias rurais) e
para esta região, em contraste com as outras depois, à medida que a reconstrução
zonas do país. prosseguia, pelos burgos (cidades).
Braga, antiga capital, e Portus Cale
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distinguem-se nessa fase de repovoamento .
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VESTÍGIOS HUMANOS DA ÉPOCA ROMANA AO ÍNICIO DA IDADE MÉDIA

Sabemos que desde o século III a.C. se E desde que estas villas romanas foram
cultiva com alguma regularidade a vinha divididas em sub-unidades rurais e, como
no território correspondente ao actual local a ela particularmente destinado, e
Entre-Douro-e-Minho. A romanização como linha divisória das glebas - onde a
expandiu esta cultura pelos países que exploração agrícola era uma constante -,
dominou – a bacia mediterrânica. era plantado o enforcado. E, em terrenos
O enriquecimento dos costumes, escolhidos, a vinha baixa.
identificados com os altos padrões de vida O vinho produzido era destinado,
social e política dos dominadores, trouxe conforme a economia do tempo, sobretudo
como resultado directo, além da realização ao consumo familiar.
de obras de proveito público, normas,
hábitos e formas de expressão mais Tudo isto se passou numa altura em que
civilizadas. o vinho conheceu, por toda a Europa, um
verdadeiro «boom», tendo-se proliferado
Os romanos transplantariam para aqui o o seu comércio bem como numerosos
regime agrário da Villa, as técnicas e formas estudos sobre viticultura. Nessa época, é
construtivas de tradição mediterrânica e, publicado o primeiro guia de vinhos escrito
do que deixam antever os nossos por Plínio, o Velho, que na sua Naturalis
documentos locais, um tipo de villa que se Historia, caracteriza 80 zonas de eleição e
constitui por um grande prédio, delimitado 185 vinhos, demonstrando que o conceito
e dividido em sub-unidades. de «território» tinha raízes antigas.
Numa delas residia o senhor, o Dominus,
que a explorava com os seus servos, outras
eram arrendadas e cultivadas por
lavradores mais ou menos livres.
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VESTÍGIOS HUMANOS DA ALTA À BAIXA IDADE MÉDIA

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O fim do mundo antigo e o princípio da Idade Média, Vasta e variada foi a acção de quase Ao percorrer as regiões portuguesas onde
Lisboa, Ed. 70, 1980.
quatrocentos anos de romanização nesta o regime senhorial se implantou e
região do Noroeste português, e na desenvolveu, mesmo antes da reconquista,
impossibilidade de referir a maioria dos vamos encontrar quase todos os nomes de
aspectos da revolução operada, refira-se o «casas» nobres no Minho fértil e
sucesso das formas de cultivo e as densamente habitado. De tudo o que
delimitações das propriedades rústicas. sabemos sobre este tipo de ocupação,
Mesmo durante o Baixo Império, com a ressalta que o princípio geral era ficar o
instalação dos povos bárbaros, não lhe ocupante e os seus sucessores com o
foram alterados os seus traços essenciais. domínio da terra.
Pura e simplesmente, vêm precipitar o O direito de propriedade, só com o cultivo
retorno à «economia natural» que efectivo e permanente, ganhava novo
caracterizava o mundo mediterrânico a estado e natureza jurídica.
partir do século III. A terra passa a ser a Claro que os proprietários das terras e,
riqueza por excelência, quase mesmo a principalmente, os senhores eclesiásticos,
única riqueza. Cada domínio rural devia que dispunham de pessoal intelectualmente
bastar-se a si mesmo: «Aí é que se cozia o melhor preparado, procuraram melhorar
pão e aí é que se preparava o vinho» a produção dos seus domínios.
5
(Ferdinand Lot) .
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VESTÍGIOS HUMANOS TESTEMUNHOS DOCUMENTAIS

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A vinha e o vinho em documentos medievais, in O Vinho Durante toda a Alta Idade Média, a igreja Também o Mosteiro de Paço de Sousa Mas a par do incremento da vitivinicultura,
na História Portuguesa Séc. XIII-XIX [Ciclo de
Conferências], Porto, APH, 1982.
foi a principal produtora de vinho e a fiel compra propriedades em Paredes e Penafiel que partiu da iniciativa das corporações
depositária dos mais profundos conheci- (Vila de Escariz e Cete). Outros documentos religiosas, surge a contribuição decisiva da
7
Notas sobre a cultura da vinha no Vale do rio Ave durante mentos desta cultura, sobretudo por mérito referem doações e legados à Sé de Braga, Coroa (séc. XII-XIV), como bem o
a Idade Média, in O Vinho na História Portuguesa
Séc. XIII-XIX [Ciclo de Conferências], Porto, APH, das ordens religiosas de S. Bento e de e, como habitualmente, falam de vinhas: comprova o foral que, em Maio de 1172,
1982.» Cister. em Dume, Ferreiros, Gondariz, Quintela, é concedido por D. Afonso I aos homens
8 Vilar de Servos, etc. . Também em de Bouças: «Pretendia o monarca e assim
A fama dos vinhos de Monção e a tradição do comércio
inglês [Jornadas Vitivinícolas], CVRVV, 1962. A partir do século XII existem já inúmeros documentos catalogados pelo Abade de o declara, que eles plantassem vinhas,
registos relativos a esta cultura, principal- Tagilde referentes à Colegiada de Nossa isentando-os de qualquer foro nos
mente em documentos que pertenceram Senhora da Oliveira de Guimarães, primeiros cinco anos contados após a
aos cartórios das corporações religiosas, encontramos 17 cartas de emprazamento plantação, fixando-o decorrido este prazo,
7
guardiãs da maior parte das terras e um instrumento de doação em que na sexta parte do vinho colhido . Outro
cultivadas em todo o Norte do país e que, aparecem vinhas já feitas ou terrenos para foral, desta vez de Afonso III, datado de
6
preocupadas com a gestão das mesmas, plantio. (Isaías da Rosa Pereira) . 12 de Março de 1261, concede aos
deixaram testemunho escrito muito habitantes de Monção a posse de vinhas,
proveitoso para a recolha de subsídios para Decorrido o segundo quartel do século bem como de incentivos ao seu cultivo
8
o conhecimento da sociedade e economia XIII também os mosteiros de Santo Tirso, (Cerqueira Machado) .
da época. Foram elas, os principais agentes de S. Salvador de Vairão, Moreira da Maia
impulsionadores ao estabelecerem nos e Fiães vêm ampliados os seus domínios e A acalmia que se seguiu às guerras da
emprazamentos a obrigação de plantar também aumentada a sua colheita de vinho. reconquista, e que motivou a expansão
vinhas. Refira-se que, o Mosteiro de Santo Tirso, demográfica e económica, veio tornar o
no decurso do século XV, cuidava, com vinho numa importante fonte de
O mais antigo documento escrito que se especiais atenções, da cultura da vinha rendimento. Embora fosse vinho, na sua
conhece, data de 870 d.C., e pertenceu ao (António Cruz). grande parte, para consumo interno. De
cartório do Mosteiro de Alpendurada, no facto, diversos documentos legislativos e
Marco de Canavezes. Estas informações notariais, emanados desde os primórdios
são preciosas para o reconhecimento da da nossa nacionalidade, provam a protecção
existência de vinha nesta Região. e o fomento da actividade vitícola nesta
Região, o que permite afirmar que a vinha
constituía já, um elemento importantíssimo
na sua economia.
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A PROPRIEDADE RURAL DO ENTRE-DOURO-E-MINHO


E A INTENSIFICAÇÃO DA CULTURA DA VINHA

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A vinha e o vinho, património paisagístico do Minho, A economia é essencialmente agrária. Até ao terceiro quartel do século XX, o
Braga, ASPA, 1994.
Baseia-se na terra, que fornece o necessário. modelo de exploração confinava-se a um
Esta exigência de subsistência é, de tal conjunto de terras de diversa natureza -
modo, a base da economia medieval que, lameiro, regadio, sequeiro, e os
na Alta Idade Média, quando ela se correspondentes montados - capazes de
instalou, se procurou pôr cada família sustentar uma típica família rural. Dadas
camponesa - unidade socio-económica - as necessidades de subsistência e de uma
numa parcela-tipo de terra, aquela que densa população, sempre houve aqui uma
permitia a uma família normal viver. É grande variedade de culturas onde
impossível ter uma ideia desta grande predominavam essencialmente os cereais
Região, se não se tiver em conta o complexo e a criação de gado. A vinha era relegada
de condições histórico-sociais que para as bordaduras dos terrenos,
influenciaram a pulverização de manifestando-se através do «enforcado»
explorações agrícolas e a natureza da ou do «arejão» e aproveitados os caminhos
propriedade actual. Estes factores tiveram para sustentar as tão conhecidas «ramadas».
extrema importância na forma de cultura
da vinha tradicional. É compreensível que descubramos na
cultura da vinha e na produção de vinho,
A configuração geral desta propriedade, mais de que uma actividade e um
ainda hoje é semelhante à forma adquirida complemento económico familiar, a
no tempo da Reconquista, pela divisão da manifestação de um cerimonial, uma
antiga unidade rural dos romanos - a villa, atitude de identificação cultural e afirmação
que corresponde aproximadamente à social, em que o vinho produzido assume
actual freguesia. Esta forma de propriedade papel de um verdadeiro cartão de visita
manteve até às normativas europeias, com que pretextua longas conversas e se dá a
as consequentes reestruturações, a sua provar aos amigos... (Miguel Melo
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fisionomia tradicional. Bandeira) .
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A PROPRIEDADE RURAL NOTÍCIA DA PRIMEIRA EXPORTAÇÃO


DO ENTRE-DOURO-E-MINHO
E A INTENSIFICAÇÃO
DA CULTURA DA VINHA

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Itinerário do primeiro vinho exportado de Portugal para Segundo o Visconde de Villarinho de Nesta região, as exportações cresceram «Entre outras casas, devo mencionar a que
a Grã-Bretanha [Jornadas Vitivinícolas], CVRVV,
1962.
S. Romão, num excerto da sua obra O Minho substancialmente a par do incremento da foi dos Condes da Barca, no largo do Santo
e suas Culturas, escrevia que: própria viticultura incentivadas, Homem Bom, ainda existente e onde até
11
Refere ainda a expressão do tratadista Vilarinho «... as exportações, principalmente as do Minho, principalmente, pelo predomínio da colónia há pouco foi a sede da firma britânica Hunt
de São Romão «a tradição de as castas haverem
sido trazidas de Borgonha, pelo Duque de datam de ephocas bem mais remotas que muitos inglesa que se havia instalado em Viana do Roop Teage & C.º, grande importadora de
Borgonha». julgam, sendo iniciadas pelos pescadores do Castelo e cujos agentes fiscalizavam as bacalhau e exportadora de Vinho Verde».
Norte, que desde tempos immemoraveis exerciam culturas, limitando as zonas de melhor
sua arriscada industria nas costas da Gran- qualidade. Os livros da alfândega, datados A influência inglesa foi incontestável para
-Bretanha. Os portuguezes, como primeiros de meados do séc. XVI, e os acórdãos da o mercado dos vinhos portugueses. Esta
navegadores, foram os que na Europa firmaram Câmara, dão-nos notícia de exportação de importância é bem notória pela leitura da
a nova orientação commercial, referindo vinhos e respectivas taxas. correspondência e diário do inglês Thomas
auctorisados escriptores que muito antes dos Woodman, mandado em 1703 pelo pai a
tratados firmados por Eduardo III, em 1353, já Na comunicação que apresentou nas Viana, para se informar de preços, colheitas,
os portugueses traficavam em vinhos com a Jornadas Vitivinícolas de 1962, escreve o qualidades e escolha dos vinhos a importar.
10
Inglaterra». Conde D’Aurora : «O curioso livro Segundo Woodman, foram eles que
seiscentista (1613) - The book of carning and mandaram vir tanoeiros ingleses para
Com o florescimento das relações comerciais serving and all the feasts if the year for the service ensinar, em Monção, a fazer barris de
entre Portugal e a Inglaterra, durante o séc. of a Prince or other estate - fala-nos, entre exportação, apesar de existirem tanoeiros
XIV, após a Guerra dos Cem Anos, o nosso outros vinhos servidos na Grã-Bretanha, nacionais, pelo menos, desde 1448 em
país já exportava vinho. Com a assinatura do célebre Orey, nome que davam os Santarém e em Viseu (Cerqueira Machado).
do Tratado de Windsor, em 1396, foram britânicos ao Vinho Verde». Segundo o Depois da Restauração de 1640 e com a
criadas as condições propícias à actividade Conde, «indubitavelmente foi o de Monção, perda da margem de Ribadávia, assiste-se
comercial. E terá sido por Viana do Castelo vinho verde - eager wine - e não o actual a uma diminuição da exportação pela barra
que se iniciou o tráfico de vinhos oriundos Alvarinho, pois era vinho tinto ou, antes, de Viana a ponto de desinteressar os
de Monção e da Ribeira Lima, durante o clarete, devido às castas pouco tintureiras próprios ingleses. O certo é que as firmas
reinado de D. Afonso IV, mais precisamente (estas últimas só apareceram após a invasão britânicas que mantinham o comércio de
11
por volta do ano 1353. Rumavam à Terra da filoxera)» . Viana e do Porto foram-se fixando no Douro
Nova e eram trocados por bacalhau. Nesse e abandonando a região de Monção, ainda
tempo, a fronteira portuguesa seguia ao O volume das exportações, principalmente que continuassem a levar alguns dos
longo do rio Minho até perto de Ourense, para Flandres, Inglaterra e Mar do Norte, melhores vinhos desta Região para uma
o que justificaria o que o cronista Duarte justificaria o estabelecimento de uma ou clientela mais exigente. Este prestígio foi-
Nunes de Leão escreveu «os riquíssimos outra feitoria inglesa em Monção e Viana -se mantendo, mais ou menos inalterável,
vinhos de Monção e Ribadávia, como bebida do Castelo: até à criação da Real Companhia Vinícola
de nobres». do Norte de Portugal.
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A PROPRIEDADE RURAL BASES DE UMA POLÍTICA COMERCIAL


DO ENTRE-DOURO-E-MINHO
E A INTENSIFICAÇÃO
DA CULTURA DA VINHA

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A economia do vinho e o crescimento do Porto nos séculos É a partir de 1640, com a restauração da Em 1654, é fundado no Porto o primeiro vinhos portugueses entrarem em Inglaterra
XVII ao XIX, Porto, in O Vinho na História
Portuguesa Séc. XIII-XIX [Ciclo de Conferências
independência, que, em quase todas as sindicato do vinho, e é nessa época que se pagando apenas 2/3 da taxa que pagariam
promovido pela Academia Portuguesa da províncias de Portugal, se difunde o cultivo começa a estabelecer a distinção entre vinho os vinhos franceses.
História], Porto, FEAA, 1982. da vinha. Por esta altura já eram notáveis comum, de consumo local, e vinho fino ou Os vinhos do Dão, Bairrada, Monção,
13
Região Demarcada dos Vinhos Verdes. Ensaio de os vinhedos de Trás-os-Montes e Alto generoso, destinado à exportação para a Ribeira Lima e Algarve foram, na primeira
geografia humana, Porto, FLUP, 1985. Douro e os do Entre-Douro-e-Minho. O Flandres e Inglaterra. metade do século XVIII, sérios
comércio interno e externo do vinho na Os vinhos, verdes ou maduros, ao entrar concorrentes do vinho do Douro.
cidade do Porto, a partir do século XVII, ou ao sair do burgo pagavam a respectiva
era abastecido principalmente pelos vinhos sisa, imposto que era cobrado pelo «Em 1731, através do Porto da Figueira,
produzidos nestas regiões. Município e destinado a subsidiar as obras sem contrabando nem patente de vinho
Os vinhos do Douro chegavam em barcas públicas, tais como rompimento de novos do Porto, saíram 400 pipas para a
até à cidade, e os do Noroeste faziam-se arruamentos, arranjos de praças, jardins, Inglaterra.
por via terrestre, em carros de bois até ao miradouros, aquedutos, fontanários, O comércio e a cultura dos vinhos do Alto
Vale do Ave e depois, com recurso à calçadas e tantos outros melhoramentos Douro estavam ameaçados por dois factores
12
cabotagem, pelas vias fluviais navegáveis a citadinos. (Pinto Ferreira) cuja acção se acentuava cada vez mais, e,
Norte deste rio. Estas, eram de primordial Durante o século XVII intensifica-se o em particular, a partir da assinatura do
importância, e sabe-se que o vinho era comércio de exportação efectuado pela referido Tratado: a concorrência na
transportado sobretudo pelos rios Cávado, barra do Douro para o Brasil, Portugal Inglaterra dos vinhos de outras regiões
Lima e Minho. insular e ultramarino. Esta intensificação portuguesas e o desenvolvimento do
do comércio teve como consequência comércio vinícola com as colónias, foram
natural, o surgimento de novas plantações factores que estimularam intensamente a
que contribuíram para o alargamento da cultura da vinha no reino» (Helder
13
cultura da vinha no NW. Marques) .

Em 1703, celebra-se em Lisboa o Tratado Este crescimento do consumo sobretudo


de Methwen, assinado por Monteiro Paim, no século XVIII, que ocorre igualmente
em nome de D. Pedro II, e por John noutros países europeus, e que se acentua
Methwen, embaixador do governo inglês. ainda pelo aumento da população urbana,
Neste tratado, anula-se a proibição feita é designado por Enjalbert como o período
em 1684 e 1685 da entrada no nosso país da democratização do vinho.
de panos ingleses com a condição dos
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A PROPRIEDADE RURAL DA LEGISLAÇÃO POMBALINA À REFORMA INSTITUCIONAL


DO ENTRE-DOURO-E-MINHO
E A INTENSIFICAÇÃO
DA CULTURA DA VINHA

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Riquezas nacionais. O Vinho Verde, Porto, CVRVV, Depois de decorrido o período áureo dos No entanto, esta cumplicidade do Marquês A ordem liberal que determinou a extinção
[s.d.].
Descobrimentos Portugueses, as gerações com o vinho da região do Douro trouxe dos privilégios da Companhia, em 1865,
15
Um documento histórico. Tentativa setecentista para a que tinham conquistado no velho território, sérias quebras na exportação dos vinhos gerou um período de liberdade comercial
organização do mercado dos vinhos verdes, Porto, leira a leira, o solo fecundo, enchendo os do NW, motivo pelo qual é fundada no onde o Vinho Verde conheceu algum
CVRVV, 1981
seus celeiros de trigo, azeite e as suas adegas ano de 1784, em Viana do Castelo, a desafogo.
de vinho, viram as suas culturas sendo Sociedade Pública de Agricultura e
progressivamente substituídas pelas Comércio da Província do Minho que, Mas que influência poderia ter tido a defesa
especiarias e essências do Oriente. Por fim, junto de D. Maria I, se insurgiu contra este da qualidade dum produto, talvez
«conquistados e esvaídos os fumos da Índia, monopólio e tentou criar uma sociedade vocacionado para mercados externos, mas
o ouro e as pedras preciosas do Brasil, a de intervenção e regularização do mercado condenado a confinar-se ao consumo local?
cultura da terra é postergada a ponto tal dos vinhos desta Região. Salvo as excepções das primeiras
que o nosso país atinge o século XVIII, exportações todas elas para o Norte da
anémico, enfraquecido, esgotado, Esta terá sido uma iniciativa ousada, mas séria, Europa, já que as saídas de vinho para a
mandando a justiça que se diga que foi com que, no último quartel do século XVIII, costa mediterrânea deveriam, ao contrário,
Pombal quem pretendeu reacender «homens bons e comerciantes da vila de Viana ter sido esporádicas, a viticultura teve, até
energias perdidas, procurando fazer reviver procuraram valorizar os vinhos regionais, um passado muito recente, o carácter de
a agricultura em moldes e métodos que rendendo, desta forma, homenagem a gerações uma cultura local, de subsistência,
verificamos hoje terem de repetir-se em passadas que tentaram a fundação dum confinada ao mercado interno,
muitos pontos do país» (Pacheco organismo regional, de certo modo, seu percursor.» comercialmente pouco explorada e sem
14
Moreira) . (Amândio Galhano). qualquer orientação qualitativa.

Foi, portanto, durante o governo do “Consistindo o principal objectivo desta Em finais do século XIX, com as reformas
Marquês, grande impulsionador da sociedade em estabelecer a perdida institucionais a par da revolução dos
viticultura portuguesa, que se tomaram agricultura, e restaurar o extinto comércio transportes e comunicações, a situação irá
medidas para o controle da produção, e navegação, que sendo em outro tempo alterar-se definitivamente. Sob a pressão
qualidade e comércio dos vinhos. Esta considerável, como se deduz de algumas dos sindicatos agrícolas e no sentido de
política, que privilegiou sobretudo os vinhos memórias constantes nesta vila em que se debelar a crise vitícola, assiste-se à
da região duriense, cria, por alvará régio acham estas notáveis palavras promulgação de legislação para evitar as
a 10 de Setembro de 1756, a Companhia - este ano, pelos nossos pecados, saíram falsificações e ainda à tentativa de
Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, deste porto para o Brasil setenta navios - constituição de associações de proprietários
órgão que detinha o monopólio da hoje não há um só que navegue para aquele para a venda do vinho.
exportação, pelo Porto, dos vinhos desta mundo, e apenas se conservam seis ou sete
15
região. hiates que navegam para Lisboa...” ;
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 15/72

ORIENTAÇÃO PARA A QUALIDADE


A FILOXERA

16
LAPA, João I. F., Relatório da missão agrícola da Um pouco antes de 1850, apareceu na A filoxera revolucionou a viticultura
província do Minho, Lisboa, Imp. Nacional, 1871.
Europa o oídio, um poderoso fungo que europeia, trocando mesmo a geografia dos
provocou consequentemente grandes vinhedos. Mas, por felicidade, as plantas
danos à viticultura. Somente depois de que trouxeram o perigoso exterminador,
uma década de uso do enxofre, foi possível ofereceram ao mesmo tempo a cura, ao
limitar os danos produzidos. descobrir-se que as variedades europeias
de vinha podiam ser enxertadas sobre as
No entanto, refeitos desta praga e, ainda, raízes de videira americana (Vitis america),
no decurso da segunda metade do século imunizando-as, deste modo, contra a
XIX, aparece a filoxera, um mortal parasita filoxera.
que destruiu, quase na totalidade, os
vinhedos da Europa central. No ano de A praga foi vencida fazendo-se uso de
1862, são detectados no Douro os primeiros porta-enxertos. O NW foi das regiões
estragos. Na verdade, arrasou com menos afectadas tendo-se motivado até
inúmeras regiões vitícolas. Nos países onde alguma prosperidade, intensificando-se as
uma boa parte da economia se baseava na exportações, sobretudo para França,
produção de vinho, foi catastrófico. Na através da fixação de feitorias que supriram,
Itália, por exemplo, calculava-se que em deste modo, as carências dos vinhos
1880 pelo menos 80% da população franceses.
dependia dele para sua subsistência.
Na província do Minho produziam-se,
antes da invasão desta praga, 1.200.000
16
hectolitros de vinho .
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 16/72

ORIENTAÇÃO PARA A QUALIDADE A DEMARCAÇÃO

17
Ministério das Obras Públicas, Commercio e Depois dos esforços despendidos para Esta campanha, que em Portugal se inicia A providência legislativa ditada, primeiro,
Industria. Direcção Geral da Agricultura, Fomento
Vinícola. Carta de Lei de 18 de Setembro de 1908 e
ultrapassar as quebras que o oídio, a na Região do Douro, destinou-se sobretudo pelo artigo 10º da Carta de Lei de 18 de
Decreto de 1 de Outubro de 1908,Lisboa, Imprensa filoxera e o míldio tinham provocado, bem à protecção da boa reputação adquirida Setembro de 1908 e, depois, pelo artigo
Nacional, 1908. como a introdução de medidas que desde sempre pelo vinho do Porto. 19º do Decreto de 1 de Outubro do mesmo
17
permitissem escoar os vinhos que, a partir O movimento prolongou-se para França, ano , vem estabelecer zonas de
dos últimos anos do século XIX, se no início do nosso século, e as leis sobre demarcação das diferentes espécies de
manifestava através de sucessivos denominações de origem vieram a ser vinhos por regiões, com limites
excedentes de produção, surge, por toda posteriormente votadas em 1936. Elas rigorosamente definidos. Surge, assim, a
a Europa e consequentemente em Portugal, serviram de modelo a todos os países e Região Demarcada dos Vinhos Verdes,
a necessidade de salvar a genuinidade e regiões vitícolas do Mundo. perfeitamente distinta de outras regiões,
qualidade deste produto, assegurando, igualmente demarcadas e produtoras de
desta feita, o valor económico do vinho e Em Portugal, ainda no tempo da outros tipos de vinhos, salvando-se um
a importância sociocultural da monarquia, mais precisamente durante o parágrafo que subscrevia:
vitivinicultura. reinado de D. Carlos, entre 1907 e 1908,
reconheceu-se oficialmente a qualidade e «A demarcação da Região dos Vinhos Verdes
Um acontecimento capital foi a classificação genuinidade de algumas regiões vitícolas, pode ser alterada, em virtude de reclamação de
oficial dos vinhos de Bordéus, em França. como, Bucelas, Carcavelos, Colares, Dão, alguma camara municipal ou syndicato agricola,
O comércio do vinho entra numa nova era Madeira, Moscatel de Setúbal e Vinhos por decreto publicado no Diario do Governo,
de organização graças à jurisprudência. Verdes, através da atribuição da com inserção do parecer do Conselho Superior
Era imperioso exercer um controlo sobre demarcação das respectivas áreas de Agricultura».
as denominações de origem com o geográficas.
propósito de tornar difícil fazer passar um
vinho inferior por um vinho de qualidade.
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 17/72

ORIENTAÇÃO PARA A QUALIDADE A DEMARCAÇÃO

18
A F.S.A.N.P. era, na altura, a forma organizativa Por algumas questões de ordem cultural, O Regulamento da Produção e Comércio dos
da lavoura e corresponde hoje às nossas
Cooperativas.
tipos de vinho, encepamento e modo de Vinhos Verdes consagra o estatuto próprio
condução da vinha, procedeu-se, na altura, da Região Demarcada, define os seus limites
19
Decreto n.º 12.866, de 10 de Dezembro de 1926, à divisão da Região Demarcada em cinco geográficos, caracteriza os seus vinhos,
Diário do Governo, 1ª Série.
sub-regiões: Monção, Lima, Amarante, define regras para manifesto de produção
20
Decreto n.º 16.684, de 22 de Março de 1929, Basto e Braga. e certificados da produção e origem e para
Diário do Governo, 1ª Série. Demorou muitos anos a regulamentar-se, o comércio dos Vinhos Verdes, e cria a
21 no que diz respeito aos Vinhos Verdes, o Comissão de Viticultura da Região dos
«Apenas se deve considerar Vinho Verde aquele
que resulta da fermentação de mostos provenientes condicionamento legislativo inserto naquela Vinhos Verdes. Posteriormente, em 1929,
de uvas regionais frescas, bem maduras, pois são
estas e nestas condições as únicas capazes de
Carta de Lei e Decreto referidos. Passados o referido regulamento viria a ser objecto
20
originarem aquele vinho que apresenta 14 anos, em 1922, a Federação dos de reajustamentos .
características mundialmente ímpares e que de 18
Sindicatos Agrícolas do Norte de Portugal
resto, a Lei definiu aquando da Demarcação
Regional». apresenta ao Conselho Superior da Criada a Região Demarcada e dignificado
21
22
Agricultura um projecto de regulamentação o seu vinho , estavam lançadas as bases
Portaria n.º 8.303, de 3 de Dezembro de 1935. da produção e comércio dos Vinhos Verdes. necessárias, e tão desejadas, para a
23 Em 1924, no Congresso Agrícola de Braga, construção de um grande projecto, para
Portaria n.º 8596, de 15 de Janeiro de 1937.
é apresentada aos lavradores uma tese, da o qual deveria assumir grande
autoria do Conde de Azevedo, Presidente responsabilidade um órgão tutelar, a
da já referida Federação, sob o título: Comissão de Viticultura da Região dos
“Regulamento da Produção e Comércio Vinhos Verdes.
dos Vinhos Verdes”.
22
Em 1935, são definidas as características
Mas, só em 1926, é publicado e concretizado analíticas do Vinho Verde para exportação.
19 23
este Regulamento , o qual vem confirmar E, em 1937, são definidas as características
a delimitação da Região Demarcada, deste vinho para consumo interno.
embora com ligeiras modificações Nos finais dos anos 50, cerca de 90% da
relativamente ao que, a respeito da sua produção ainda era consumida na Região,
área, fora estabelecido pelas providências correspondendo a restante percentagem
de 1908, bem como criar mais uma nova a exportações.
sub-região: a de Penafiel.
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 18/72

ORIENTAÇÃO PARA A QUALIDADE PLANO DE FOMENTO DAS ADEGAS COOPERATIVAS

Foi no vale do Abr, pequena região vitícola em 1956, com o Plano de Propaganda e As antigas colónias portuguesas constituíam
da Alemanha, que teve lugar a primeira Fomento de 21 Adegas Cooperativas na o maior mercado, absorvendo, em média,
tentativa de cooperação vitícola. Região, por despacho do Ministro da nove em cada dez pipas. O Brasil, que,
Economia, a 10 de Setembro. Sendo em desde os finais do século XIX e até meados
Em Portugal, a dispersão da produção, a 1958 inauguradas as de Braga e Lousada. do século XX, era o principal importador
evolução sócio-económica, as exigências dos nossos vinhos, motivado pela emigração
crescentes dos mercados quanto a Este plano ao fim de 18 anos estava portuguesa para aquele país, seria agora
qualidade e a evolução tecnológica, concluído. Os resultados transcenderam relegado para segundo plano.
indicavam as vantagens dum associativismo aquilo que se poderia esperar das suas
em cooperativas de produção, orientação dimensões efectivas. É que, considerando Durante os anos 70 e com a perda dos
nada fácil em virtude do individualismo o destino dos vinhos e sendo os produzidos mercados das ex-colónias, resultante da
do produtor, do fraccionamento e carácter nas Adegas Cooperativas, na sua grande sua independência, foi necessário
dos mercados habituais e ainda do vulgar maioria, destinados à comercialização, o desenvolver uma nova orientação da
absentismo do «parceiro senhorio». seu volume influía no mercado e tinha exportação, desta vez para os países da
tendência a definir preços. Por outro lado, Comunidade Europeia, E.U.A. e,
Depois do lento e profundo trabalho de fizeram evoluir a qualidade média dos novamente o Brasil, principais detentores
reconversão dos vinhedos e o consequente vinhos regionais através de uma tecnologia de elevados índices de emigrantes
entendimento entre os «parceiros mais cuidada. portugueses.
senhorios» e viticultores, os esforços Entre 1950-1970, deu-se uma inversão
desprendidos entre os anos de 1950 e 1960 significativa na natureza de consumo de
centraram-se na dinamização da vinificação Vinho Verde fora da Região.
e comércio dos Vinhos Verdes, culminando,
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 19/72

ORIENTAÇÃO PARA A QUALIDADE O RECONHECIMENTO DA DENOMINAÇÃO


DE ORIGEM VINHO VERDE

24
Decreto n.º 42.590, de 16 de Outubro de 1959. A favor desta Região, saliente-se o maior Acompanhando o progresso da técnica
25
Decreto n.º 43.067, de 12 de Julho de 1960.
marco à escala mundial que foi a aceitação regional foi criado, em 1959, o Selo de
24
do relatório de reivindicação da Origem , nova forma de documentação
26
Decreto-Lei n.º 400/83, de 9 de Novembro. Denominação de Origem Vinho Verde, usada como prémio ou distinção pelos
27
Decreto-Lei n.º 39/84 de 2 de Fevereiro. apresentado ao OIV - Office International produtos mais perfeitos, em suma, como
de la Vigne et du Vin -, em Paris, em 1949, medida de salvaguarda da origem e
e, posteriormente, o reconhecimento do qualidade do Vinho Verde.
registo internacional desta Denominação Em 1960, é publicado o respectivo
25
de Origem, em Genebra, em 1973, pela Regulamento . Também a Câmara de
OMPI - Organização Mundial da Provadores da CVRVV, órgão incumbido
Propriedade Intelectual. Este foi o colmatar de consagrar a originalidade do Vinho
dos esforços gastos e desejados por muitas Verde, dando à prova organoléptica o
gerações de vitivinicultores da Região em conveniente destaque e defesa do vinho,
26
prol da defesa da genuinidade e tipicidade é criada em 1983 .
dos Vinhos Verdes.
Outra mais valia de extraordinária
O reconhecimento desta Denominação de importância foi o reconhecimento de um
Origem veio conferir, à luz do Direito estatuto de produtos com Denominação
Internacional, a exclusividade do uso da de Origem para as Aguardentes Vínica e
27
designação Vinho Verde a um vinho com Bagaceira produzidas nesta Região
características únicas, devidas Demarcada, contribuindo, desta forma,
essencialmente ao meio geográfico, tendo para a diversificação de produtos vínicos
em conta os factores naturais e humanos de qualidade.
que estão na sua origem.
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 20/72

A COMUNIDADE EUROPEIA

28
Lei n.º 8/85, de 4 de Junho, Diário da República Como consequência da entrada de Portugal e da Produção. A sua Comissão Executiva
n.º 128, Iª S A.
na CEE, é promulgada, em 1985, a Lei- é eleita pelo Conselho Geral, à excepção
-Quadro das Regiões Demarcadas do seu Presidente, que é nomeado pelo
28
Vitivinícolas , que determinaria a Ministério da Agricultura, Pescas e
reformulação dos estatutos das Regiões Alimentação.
Demarcadas e da estrutura orgânica das Em 1987, são publicados os Estatutos da
respectivas Comissões Vitivinícolas. CVRVV e esta passa a ser inscrita como
«viveirista» no Instituto Nacional de
Uma das medidas impostas foi a de que produtores Investigação Agrária. O Laboratório da
com vinhas superiores a 100 pés fossem obrigados CVRVV é reconhecido como oficial pela
a fazer uma declaração de todas as vinhas, a Portaria n.º 534/88, de 9 de Agosto.
fim de lhes ser fornecido o cartão de viticultor O Decreto-Lei n.º 350/88, de 30 de
(DL n.º 504-I/85, de 30 de Dezembro, Setembro, desenvolve o regime da disci-
complementado pela Portaria n.º 125/86, de 2 plina e fomento dos vinhos de qualidade.
de Abril). Define-se assim a transição por etapas
da aplicação da regulamentação comunitária No desenvolvimento do regime jurídico
em Portugal, ao sector vitivinícola (DL n.º previsto na Lei n.º 8/85, de 4 de Junho,
517/85, de 31 de Dezembro; Acordo de Adesão). foram aprovados os Estatutos da Região
Demarcada dos Vinhos Verdes (RDVV)
Por força do Decreto-Lei n.º 104/87, de 6 pelo Decreto-Lei n.º 10/92, de 3 de
de Março, é transformada a natureza Fevereiro. Nos estatutos da RDVV, foram
jurídica da CVRVV e a sua estrutura obrigatoriamente definidos a delimitação
orgânica, passando a ser uma Associação geográfica da área da Região, a natureza
Regional, Pessoa Colectiva de Direito dos solos, o encepamento (castas
Privado e Utilidade Pública. recomendadas e autorizadas, e suas
A CVRVV passa a ter um Conselho Geral percentagens), as práticas culturais,
com representação paritária do Comércio designadamente os sistemas de condução
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 21/72

da vinha, os métodos e práticas de Assim, decidiu o Governo, sob proposta


vinificação, o teor alcoólico mínimo natural, do Instituto da Vinha e do Vinho, e com
os rendimentos por hectare, as práticas o pleno acordo da Comissão de Viticultura
enológicas e as características químicas e da Região dos Vinhos Verdes, reformular
organolépticas dos produtos da região. o diploma base que regulamenta e protege
Neste diploma legal, veio confirmar-se o as designações “Vinho Verde”, “Vinho
reconhecimento das seis sub-regiões Verde Espumante”, “Aguardente de Vinho
produtoras de vinhos com direito à da Região dos Vinhos Verdes”, “Aguardente
designação da Denominação de Origem Bagaceira da Região dos Vinhos Verdes”
Controlada “Vinho Verde”, já consagradas e “Vinagre de Vinho Verde”, sendo que
anteriormente. algumas constituem novidades de relevo
no diploma. Esta actualização foi efectuada
O desenvolvimento do “Vinho Verde”, pelo Decreto-Lei n.º 263/99, de 14 de Julho,
tanto no mercado interno como junto de o qual veio a ser objecto de ligeiras
uma comunidade de consumidores cada correcções de redacção que veio a ser fixada
vez mais alargada - e que se deseja continue pelo Decreto-Lei n.º 449/99, de 4 de
a crescer - recomendava que os Estatutos Novembro.
porque se regia este produto, e que na sua
última versão haviam sido publicados pelo Ao abrigo do disposto no artigo 3º dos
Decreto-Lei n.º 10/92, de 3 de Fevereiro, Estatutos da RDVV, anexo ao Decreto-Lei
fossem revistos no sentido de melhor os n.º 263/99, de 14 de Julho, actualizado
adaptar à dupla tarefa de defender a sua pelo Decreto-Lei n.º 449/99, de 4 de
genuinidade e tradição, e de acompanhar Novembro, é publicada a Portaria n.º 28/01,
os desafios de diversificação e de sintonia de 16 de Janeiro, que reconhece as sub-
com as exigências dos consumidores. -regiões da área geográfica de produção
de vinhos com direito à Denominação de
Origem “Vinho Verde”.
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 22/72

MELGAÇO Assim, emergem as novas 9 sub-regiões da RDVV. São elas:


MONÇÃO

Sub-região de Monção
AMARANTE Integrando os concelhos de Amarante e Marco de Canaveses;

ARCOS DE VALDEVEZ AVE Integrando os concelhos de Vila Nova de Famalicão, Fafe, Guimarães, Santo Tirso, Trofa,
Sub-região de Lima Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Póvoa de Varzim, Vila do Conde e o concelho de
PONTE DE LIMA
PONTE DA BARCA
Vizela, com excepção das freguesias de Vizela (Santo Adrião) e de Barrosas (Santa Eulália);
VIANA DO CASTELO
TERRAS DE BOURO

VILA VERDE BAIÃO Integrando os concelhos de Baião, Resende (excepto a freguesia de Barrô) e Cinfães
AMARES VIEIRA DO MINHO
(excepto as freguesias de Travanca e Souselo);
Sub-região de Cávado
BARCELOS PÓVOA DE LANHOSO
ESPOSENDE BRAGA

GUIMARÃES
FAFE
CABECEIRA DE BASTO
BASTO Integrando os concelhos de Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Mondim de Basto
RIBEIRA DE PENA
Sub-região de Basto e Ribeira de Pena;
VIZELA MONDIM DE BASTO
PÓVOA DE VARZIM
VILA NOVA DE FAMALICÃO CELORICO DE BASTO
Sub-região de Ave SANTO TIRSO
FELGUEIRAS CÁVADO Integrando os concelhos de Esposende, Barcelos, Braga, Vila Verde, Amares e Terras de
TROFA
VILA DO CONDE
LOUSADA
Bouro;
AMARANTE
PAÇOS DE FERREIRA

PORTO PENAFIEL LIMA Integrando os concelhos de Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos
Sub-região de Sousa MARCO DE CANAVESES de Valdevez;
Sub-região de Amarante BAIÃO

Sub-região de Baião RESENDE


MONÇÃO Integrando os concelhos de Monção e Melgaço;
CASTELO DE PAIVA
SOUZELO
Sub-região de Paiva
PAIVA Integrando o concelho de Castelo de Paiva, e, no concelho de Cinfães, as freguesias de
Travanca e Souselo;

SOUSA Integrando os concelhos de Paços de Ferreira, Paredes, Lousada, Felgueiras, Penafiel e,


no concelho de Vizela, as freguesias de Vizela (Santo Adrião) e de Barrosas (Santa Eulália).
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 23/72

OS VQPRD’S

O aumento da exportação que se verificou A aplicação da legislação comunitária na Os vinhos produzidos na Região estão
nos últimos 20 anos para o mercado da Região Demarcada dos Vinhos Verdes foi sujeitos a uma rigorosa inspecção para
Comunidade e, em particular para os países determinante para o futuro dos seus vinhos. poderem ser classificados de «Vinho Verde».
com elevados índices de emigrantes De entre as mais importantes A lista dos condicionalismos é enorme,
portugueses, para a qual contribui de forma transformações institucionais, deve tendo sempre em conta o objectivo
decisiva a livre circulação, representa para salientar-se aquela que se prende com a qualidade. À CVRVV cabe garantir a
os Vinhos Verdes mais de metade do aplicação ao Vinho Verde da classificação tipicidade e genuinidade destes vinhos,
volume total exportado. de VQPRD na nomenclatura oficial da cuja disciplina de produção tem por
O avanço de novas tecnologias de União Europeia (Vinho de Qualidade objectivo a defesa do património regional
vinificação tendo por base a diversificação Produzido em Região Determinada). e nacional que constituiu a sua
da oferta, a experimentação de novos Deste modo se assegurou o prestígio deste Denominação de Origem. O controlo
equipamentos tecnológicos, dotando as vinho, se criou e se impôs o conceito de analítico é efectuado no Laboratório da
estruturas de transformação e conservação, qualidade e tradição ligadas ao Vinho CVRVV, Acreditado pelo IPQ - Instituto
foram factores que em muito contribuíram Verde. Português da Qualidade - desde 1998, que
para o incremento comercial dos Vinhos verifica a conformidade legal das
Verdes e para o aparecimento no mercado Para ter direito à designação VQPRD - características analíticas dos vinhos e
de uma gama enorme de marcas de vinho. única garantia da sua inclusão num aguardentes da Região.
segmento de mercado em expansão - um
vinho tem de obedecer a um conjunto de Por fim, há ainda uma disciplina de
regras bem mais rigoroso que a mera rotulagem a que os Vinhos Verdes têm de
origem numa determinada Região. obedecer. Para o efeito, a CVRVV editou
A garantia da qualidade e genuinidade do o respectivo regulamento baseado nas
Vinho Verde é dada pelo Selo de Origem, normativas comunitárias.
sendo a CVRVV a entidade responsável
pela sua atribuição.
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 24/72

OS VQPRD’S SELOS DE GARANTIA

A evolução dos mercados e a valorização


crescente da denominação «Vinho Verde»
aconselhava, de há muito, o
aperfeiçoamento das medidas de
salvaguarda da sua origem e qualidade.

Contudo, só em 1959 o Decreto-Lei n.º


42.590, de 16 de Outubro, cria o selo de
garantia e o Decreto n.º 43.067, de 12 de
Julho de 1960, publica o respectivo
regulamento.

Outro marco importante foi o


reconhecimento de um estatuto próprio
para as aguardentes vínicas e bagaceiras
produzidas nesta região demarcada, o que
aconteceu em 1984 com o Decreto-Lei
39/84 de 2 de Fevereiro.
Selo de rótulo para Aguardente Vínica de Vinho Verde

Selo cavaleiro para Aguardente Vínica de Vinho Verde

Selo cavaleiro para Aguardente Vínica de Vinho Verde


CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 25/72

OS VQPRD’S SELOS DE GARANTIA

Selo de rótulo para Vinho Regional Minho Selo de rótulo para Aguardente de Vinho

Selo cavaleiro para Vinho Regional Minho Selo cavaleiro para Aguardente de Vinho

Selo de rótulo para Vinho Verde Selo de rótulo para Aguardente Bagaceira

Selo cavaleiro para Vinho Verde Selo cavaleiro para Aguardente Bagaceira
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 26/72

OS VQPRD’S CAMPANHAS PROMOCIONAIS

A fim de divulgar todo este enorme esforço Nos últimos anos, uma significativa Hoje, a Região Demarcada dos Vinhos
em prol da defesa da genuinidade e mudança ocorreu no «paladar» do Verdes produz, em média, 3.500 litros por
qualidade do Vinho Verde, a CVRVV tem consumidor que requer, hoje, um produto hectare. Este processo envolve,
contribuído decisivamente para a promoção sempre mais evoluído. aproximadamente, 35 mil produtores
agressiva da originalidade e qualidade dos (registados na C.V.R.V.V.), embora se
vinhos produzidos nesta Região Nos próximos anos, provavelmente assistir- admita a existência de muitos mais
Demarcada, esperando que uma acção -se-á a uma maior homologação tipológica viticultores para uma superfície de 35 mil
concertada na área do Marketing projecte, dos vinhos, os assim ditos «vinhos hectares de vinha. Esta Região é a mais
em tempo útil e à escala universal, a internacionais», que podem ser produzidos produtiva do País e as exportações de
imagem do Vinho Verde. Ela é em qualquer parte do mundo. As Vinho Verde representam uma parte
fundamental. qualidades que conferem personalidade significativa do volume total de vendas
À Região, cabe criar condições propícias à aos Vinhos Verdes encontram cada vez no sector.
conquista de novos mercados e à obtenção mais receptividade junto de amplos sectores
de mais valias que só irão beneficiar este de consumidores. O Vinho Verde é um produto em plena
produto. Reforçar e dar a conhecer estas qualidades evolução, resultante não só da sua
deverá ser a melhor forma de garantir a capacidade de afirmação como um produto
As campanhas de Vinho Verde, nem expansão deste produto. de qualidade num mercado cada vez mais
sempre são uniformes. Se existem anos em amplo e exigente, mas também através das
que a produção se mantém pelos valores Por outro lado, tanto na Europa como nos reformas institucionais derivadas da
normais, outros há, em que nos demais lugares, a técnica e a ciência vieram integração de Portugal na União Europeia.
defrontamos com um enorme excesso de em auxílio da tradicional enologia. Procura- A defesa da genuinidade dos Vinhos Verdes
produção. Esta situação excedentária -se melhorar a qualidade em detrimento de qualidade nos mercados nacionais e
deverá ser colmatada com o desdobrar de da quantidade. Nos países de menor estrangeiros é o resultado do
esforços neste sector. consumo, aumentaram os usuários cada empenhamento técnico-científico da
vez mais atentos e críticos, capazes de vitivinicultura portuguesa, sem, no entanto,
degustar com mais cuidado e de exigir se descurarem os procedimentos que a
estabilidade e constante aprimoramento tradição consagrou e que tornam o Vinho
dos vinhos em comparação com os padrões Verde um produto único e efectivamente
europeus. natural!
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 27/72

Campanha Institucional do Vinho Verde Campanha / Acção Campanha VVShop


· o verde é leve “Vinho Verde nas Praias 2002” · projecto ”e-Verde - O Portal da Região dos Vinhos Verdes”
· o verde é jovem
· o verde é fresco
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OS VQPRD’S CONCURSO DE VINHOS E AGUARDENTES ENGARRAFADOS

A Comissão de Viticultura da Região dos


Vinhos Verdes organiza anualmente o
«Concurso do Vinho Verde Engarrafado,
Vinho Regional Minho, Aguardente de
Vinho e Bagaceira e Vinho Verde
Espumante», tendo como objectivo
principal a promoção destes produtos de
qualidade.

Depois dos concursos de 1995 e 1996, foi


introduzida uma nova filosofia organizativa
consolidada pelo Conselho Geral da
CVRVV ao aprovar a 1ª revisão ao
Regulamento do Concurso, ajustando-o
assim à realidade actual, tendo este entrado
em vigor no concurso de 1997. São assim
admitidos a concurso todos aqueles vinhos
engarrafados, desde que se observem as
condições estipuladas no respectivo
regulamento.
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OS VQPRD’S O RÓTULO - IMAGEM DE MARCA

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Les etiquetettes de vin. Un monde merveilleux, Rossel «Cresci numa casa onde as garrafas nunca Durante a 2ª metade do século XX, com a O ponto 1 do art.º 15º dos Estatutos da
Edition, 1981.
traziam rótulo. O vinho era de qualidade, e o crescente necessidade de competir, face ao Região Demarcada dos Vinhos Verdes
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“Os projectos de rótulos a utilizar deve respeitar as meu pai sabia sempre exactamente a sua idade alargamento dos mercados e, no caso da (ERDVV) aprovado pelo Decreto-Lei n.º
normas legais aplicáveis e as definidas pela CVRVV, a e proveniência. Tudo estava indicado sobre Europa, a obrigatoriedade imposta pelas 10/92, de 3 de Fevereiro, previa, que "os
quem são previamente apresentados para aprovação.”
bocados de cartão arrancados de velhas caixas normativas europeias em matéria de projectos de rótulos a utilizar deverão ser
de sapatos, e suspensos na rolha da garrafa por rotulagem, fez da determinação do submetidos à apreciação prévia da CVRVV
um fio. Era este o ‘rótulo’, escrito por uma mão potencial concorrencial deste procedimento que deverá fazer cumprir a regulamentação
hesitante, mais habituada a manusear a enchada um assunto primordial. comunitária e interna sobre rotulagem".
29
do que a pena...» (Georges Renoy) . Assim, a 1 de Julho de 1992, no exercício
Ao abrigo do n.º 1, ponto 12, da Portaria da sua competência disciplinadora a
Segundo Renoy, a mais antiga marca de n.º 421/79 «a disciplina dos vinhos de CVRVV elaborou o Regulamento Interno
origem e da autenticidade esteve patente qualidade das regiões determinadas, da Rotulagem de Vinho Verde, com o
na exposição «Sumer-Assur-Babylon», quando referentes às regiões demarcadas objectivo de clarificar e complementar as
numa vitrina do Museu Rautentrauch- e regulamentadas com estatuto próprio e normas existentes para a rotulagem de
-Joest, de Colónia, no ano de 1964, talhada a comercializar com a respectiva designação Vinho Verde. Dado que este Regulamento
numa ânfora contendo vinho destinado ao regional, incumbe aos organismos com entrou em vigor antes da publicação dos
culto religioso, e datada de há 6.000 anos. acção nas respectivas regiões demarcadas». novos Estatutos da RDVV, anexos ao
Também os gregos e romanos procediam Em 1991, com a aplicação em Portugal da Decreto-Lei n.º 263/99, de 14 de Julho,
regularmente à prática da rotulagem. As regulamentação comunitária sobre actualizado pelo Decreto-Lei n.º 449/99,
suas ânforas traziam os nomes dos rotulagem, a qual fixou normas precisas, de 4 de Novembro, as referências aos
«consules» locais, sob o reino de onde o tornou-se importante proceder a uma ERDVV deverão ser entendidas como
vinho fora elaborado. revisão de alguns dos critérios até então sendo relativas exclusivamente ao Decreto-
em vigor no tocante à rotulagem de -Lei n.º 10/92, de 3 de Fevereiro. Nos novos
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As coisas evoluíram. Em todo o caso, produtos vínicos. Estatutos da RDVV (art.º 19º, n.º 1)
encontramo-nos em presença de um encontra-se um dispositivo que vem
universo para o qual damos pouca confirmar a competência da CVRVV em
importância, mas que se revela duma sede de aprovação prévia da rotulagem a
surpreendente riqueza, e que se traduz na utilizar nos produtos com direito à
prática de atitudes artísticas, técnicas, Denominação de Origem.
comerciais que fazem apelo ao sentido da
criatividade, do gosto, da medida e da
harmonia.
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A INSTITUIÇÃO

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Art.º 1º dos Estatutos da CVRVV A Comissão de Viticultura da Região dos dos Vinhos Verdes e demais produtos
Vinhos Verdes, que também usa a sigla vínicos regionais; promover e divulgar os
CVRVV, é um organismo interprofissional Vinhos Verdes e outros produtos vínicos
que tem por objecto a representação dos regionais de interesse no país e no
interesses das profissões envolvidas na estrangeiro.
produção e comércio do Vinho Verde e a
defesa do património regional e nacional A Comissão de Viticultura da Região dos
que constitui a sua Denominação de Vinhos Verdes, cujos estatutos foram
Origem, revestindo, nesta qualidade, a publicados em Diário da República, em
forma jurídica de uma associação regional, 1987, tem como órgãos directivos:
pessoa colectiva de direito privado e o Conselho Geral e a Comissão Executiva.
utilidade pública, e durará por tempo
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indeterminado . O Conselho Geral é presidido pelo
Presidente da Comissão Executiva, e
À CVRVV compete, fundamentalmente e, constituído por 20 elementos, entre os
entre outras actividades: o cadastro e quais 10 representantes do sector da
classificação das vinhas; o inventário de produção (cooperativas, associações de
instalações onde se laboram, armazenam viticultores e associações de viticultores-
e engarrafam vinhos e outros produtos -engarrafadores) e 10 representantes do
vínicos regionais; definir directivas quanto sector do comércio (armazenistas
a análises físico-químicas e à prova engarrafadores e ANCEVE, cooperativas
organoléptica (sensorial), com vista à engarrafadoras e associações de
garantia da genuinidade e qualidade dos produtores-engarrafadores).
Vinhos Verdes e demais produtos vínicos
regionais; proceder ao controlo e A Comissão Executiva assegura a gestão
fiscalização de produtos vínicos da Região corrente da CVRVV, cabendo-lhe fazer
e na Região; emitir certificados de origem, executar as normas dos Estatutos da
selos de garantia e guias de trânsito para Comissão e as directivas emanadas do
os vinhos e outros produtos vínicos Conselho Geral.
regionais; proceder ao controlo das
declarações de produção e movimentação
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AS INSTALAÇÕES

A sede desta CVRVV situa-se na Rua da jardins consecutivos. Foi mandado edificar
Restauração, na cidade do Porto, onde se em 1871, pelo Conde Silva Monteiro, ilustre
encontra instalada desde 1935. brasileiro de torna-viagem que aproveitou,
na altura, uma casa já em construção e
O edifício de relevante interesse aqui fixou a sua residência definitiva depois
arquitectónico, datado de meados do século de ter deixado as terras de Vera Cruz. Foi
XIX, e inserido no limite da recentemente considerado por Pinho Leal “um domicílio
classificada “Zona Histórica do Porto”, está principesco”, e um dos principais centros de
localizado numa encosta voltada a Sul, reunião da alta sociedade portuense do
sobre o rio Douro, desenvolvendo-se em último quartel do século XIX.
descida lenta através de três socalcos de
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EVAG
ESTAÇÃO VITIVINÍCOLA «AMÂNDIO GALHANO»

A Estação está localizada no concelho de Estes ensaios são complementados com a


Arcos de Valdevez e ocupa uma componente enológica, através da
propriedade conhecida pela Quinta de realização de microvinificações efectuadas
“Campos de Lima”, na margem direita do na Adega Experimental, que, para além
rio com o mesmo nome, com uma área de do correspondente apoio aos estudos
66 hectares. vitícolas, vem desenvolvendo ensaios
enológicos, designadamente, de leveduras
Criada, em 1986, com o objectivo de e da influência da tecnologia na estabilidade
desenvolver a vitivinicultura da Região, a da cor dos vinhos tintos.
Estação Vitivinícola é uma unidade
experimental que, através dos seus Paralelamente à componente experimental,
trabalhos, pretende dar resposta aos a EVAG desenvolve também a sua
problemas dos viticultores. Entre os actividade no domínio da multiplicação
trabalhos em curso na área da viticultura, vegetativa da videira, com especial realce
citam-se: para a produção de videiras já enxertadas,
segundo as técnicas mais modernas de
Selecção clonal das castas recomendadas produção do enxerto-pronto.
para a Região Demarcada dos Vinhos
Verdes; A EVAG representa assim um pólo
Estudo de novos sistemas de condução fundamental no desenvolvimento e
de videira; modernização da vitivinicultura da RDVV.
Estudo de porta-enxertos;
Estudos de nutrição e fertilização da
vinha;
Instalação de vinha em encosta e estudo
da fenologia e adaptação cultural das
castas regionais.
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A AMPELOGRAFIA
A VIDEIRA

A videira é uma trepadeira lenhosa da O tronco ramifica-se em braços principais


família das Ampelidáceas, chamada e secundários, que ao brotar se chamam
cientificamente Vitis vinífera. «pâmpanos» e, ao amadurecer, ficam duros
Normalmente, não se reproduz por e lenhosos - os «sarmentos».
sementes, mas sim por meio de estacas de A videira possui prolongações finas, que
gravetos obtidos da mesma planta. Floresce se enrolam e servem para a fixação da
na Primavera, e dá os seus frutos no final planta, chamadas «gavinhas».
do Verão, início do Outono. As folhas são de um verde intenso e possuem
Como a maioria das plantas aéreas, tem formas diversas segundo a variedade.
uma estrutura formada por raízes A estrutura da folha serve para diferenciar
subterrâneas, algumas grossas que se as variedades (ampelografia).
ramificam noutras mais finas. As flores da videira brotam juntas e, após
Do colo da raiz sai o corpo principal da se desenvolverem, transformam-se em
planta, chamado geralmente a cepa. frutos (grãos de uva) agrupados num cacho.
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PRÁTICAS CULTURAIS

A ENXERTIA No passado, quando as técnicas como a A escolha da variedade do porta-enxerto


enxertia eram ainda desconhecidas, o depende da sua adaptação às características
viticultor multiplicava a videira plantando do solo (acidez, secura, etc.) e da sua
directamente, sobre as suas próprias raízes afinidade com a casta. O solo desta Região
as castas que pretendia - pé franco. é predominantemente de origem granítica,
Os métodos mais utilizados eram, e por isso, de textura mais ou menos
normalmente, a alporquia, a mergulhia e arenosa, franca ou franca-arenosa, e de
a estacaria (Dias, 1989) (Pinho, 1993). origem xistosa em duas faixas, de textura
franca a franca-argilosa; a sua origem
O seu uso tornou-se indispensável desde geológica associada às elevadas quedas
a invasão filoxérica, dada a resistência das pluviométricas da região, concorrem para
raízes das espécies americanas à picada do uma generalizada natureza ácida dos solos
insecto. Perante este grave problema, foi desta região, que para a vinha deve ser
necessário estabelecer uma «ponte» entre corrigida para níveis de pH entre os valores
a casta e o solo: o porta-enxerto (Costa de 5,6 - 6,5.
Leme, 1983). Deste modo, se desenvolveu
a técnica da enxertia. Na conjugação casta x porta-enxerto, há
Trata-se de um processo de soldadura que atender às características de vigor e
fisiológica, segundo o qual se unem duas precocidade que se conheçam do porta-
videiras de origens diferentes. Uma, com -enxerto e que são induzidas à casta.
o sistema radicular, resistente à filoxera - Entre o conjunto de variedades de
a que se dá o nome de porta-enxerto ou porta-enxertos, as mais utilizadas na região
cavalo - e outra que constitui a parte aérea são as espécies Berlandieri, Rupestris e Riparia.
- o garfo ou cavaleiro.
O porta-enxerto (PE) é proveniente das
videiras americanas e/ou dos seus
cruzamentos, enquanto o garfo se obtém
das castas aptas à produção de vinho.
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A PODA A poda é uma operação realizada Desse correcto equilíbrio, dependerá o


anualmente, durante o período de descanso regular desenvolvimento da planta, por
vegetativo. Dada a grande exuberância um lado, e, por outro, uma relação entre
que atingem as videiras nesta Região e as a quantidade e a qualidade das uvas da
óbvias dificuldades de mecanização que próxima vindima.
esta operação apresenta, a poda é um
trabalho moroso que consome muita mão- Uma poda que permita um exagerado
-de-obra. desenvolvimento da planta durante o ciclo
vegetativo que se vai seguir, levará a uma
O que torna a poda uma operação exigente elevada produção de uvas de baixa
é o facto de ser necessário proceder a um qualidade. E, por outro lado, uma poda
equilíbrio da carga deixada em cada videira. demasiado severa, poderá vir a traduzir-
Aqui reside o maior óbice à mecanização, -se num crescimento muito intenso de
uma vez que cada videira tem de ser matérias verdes em prejuízo da qualidade
considerada individualmente. dos cachos.

A EMPA A empa é uma operação que se realiza em No entanto, provoca um aumento de mão-
simultâneo com a poda e que consiste em -de-obra, o que naturalmente se reflecte
dobrar a vara que se deixa e amarrá-la a nos custos de produção.
um arame. Tem, como contribuição positiva Nesta Região, a empa estava associada
para o processo produtivo, o facto de apenas às ramadas, uma vez que os
permitir uma regularização da rebentação. enforcados e os arjões não permitiam esta
operação. Hoje em dia, esta é uma prática
constante derivada aos novos sistemas de
condução das vinhas.
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A REGA A videira necessita de água em três Em anos molhados, o equilíbrio entre a


momentos do seu ciclo anual: quantidade e a qualidade do vinho altera-
no início do crescimento vegetativo, que -se em desfavor desta - “diz-se que o bom
ocorre no princípio da Primavera; depois vinho é o que passa fome e sede” -, em
da alimpa, quando o bago começa a crescer; anos secos a qualidade pode acompanhar
e, finalmente, na época da maturação, para a quantidade na sua queda se não forem
permitir a transformação dos ácidos em tomadas medidas correctivas.
açúcares. Dadas as condições climáticas da Neste sentido, a rega, deverá ser entendida
região dos Vinhos Verdes, raras vezes é como uma medida correctiva com o intuito
necessário regar, a não ser no terceiro caso. de corrigir desequilíbrios climatéricos, e
Regra geral, tal poderá ser suficiente para não como um expediente para aumentar
satisfazer as necessidades da videira. artificialmente a produção em detrimento
Porém, quando o ano é extremamente da sua própria qualidade.
seco, dificilmente se consegue um
amadurecimento dos cachos sem se
proceder a regas.
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SISTEMAS DE CONDUÇÃO

Por sistemas de condução da vinha, Muitas destas decisões são condicionadas


entende-se todo o conjunto de decisões pela escolha do encepamento e pelas
culturais que incluem: características do terreno, mas outras são
compasso de plantação (m x m), isto é, o de ordem económica, nomeadamente a
afastamento entre videiras; possibilidade de mecanização e o consumo
densidade de plantação em mão-de-obra. A mais importante, é sem
(n.º de videiras/ha); dúvida a escolha da forma de condução
orientação das linhas; da videira, não só porque condiciona outras
forma de condução da videira definições, mas por que com uma boa
(número de sebes, orientação das sebes, orientação da vegetação e boa drenagem
altura e largura das sebes, altura do tronco junto aos cachos, condiciona a qualidade
ou dos cordões); das uvas a produzir.
tipo de poda (curta, longa, mista) e carga
à poda (número de olhos/ha);
intervenções em verde
(despontas, desfolhas, mondas);
revestimento do solo
(permanente, mobilizado).
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AS PAISAGENS TRADICIONAIS

Muitos são os testemunhos documentais Um dos traços mais típicos da paisagem


que nos mostram a forma característica de do NW de Portugal são as tradicionais
como se revestia na Região esta cultura, formas de condução das vinhas, chamadas
que, devido sobretudo à grande humidade uveiras ou enforcados, arjões e ramadas,
e riqueza do solo, tinha um crescimento que cobrem os caminhos e se entrelaçam
notável, entrelaçando-se nas árvores e nas árvores que cercam os campos.
chegando ao seu cume máximo. A produção deste vinho e o seu carácter
está tão ligado às condições naturais da
Região, como a estas formas de instalação
da vinha.

UVEIRAS A mais famosa e ancestral é a uveira, ou A economia que parecem proporcionar


vinha de enforcado. Cresce junto a uma resulta em vinhos de inferior qualidade.
OU ENFORCADOS árvore, plantam-se de uma a quatro videiras Os tratamentos são mais difíceis, a
que se deixam crescer livremente, maturação das uvas tardia e muitas vezes
entrelaçando-se com os ramos da árvore incompleta, e os teores de açúcar - e,
de suporte. Não exigem espaço nem portanto, de álcool - são sempre baixos.
adubação próprios, satisfazem-se muitas A vindima é feita com enormes escadas de
vezes com podas ano sim, ano não, e cada «passais».
pé pode produzir vários cestos de uvas.
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ARJÕES Entre as várias árvores plantadas nas Tal como os enforcados, estes arjões são
bordaduras dos campos, era usual estender típicos de uma produção vinícola não
fios de arame até uma altura de 6 a 8 especializada, consorciada com variadas
metros, e deixar as videiras subir e outras culturas, e que tira proveito de uma
expandir-se. São os arjões ou arjoados, produção que praticamente não ocupa
resultantes de uma evolução e intensificação espaço no solo e não requer dispêndio de
das uveiras relacionadas com a difusão do mão-de-obra.
arame.
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A MODERNIZAÇÃO NA CONDUÇÃO

São hoje muitas as formas de conduzir podendo os cordões sobrepostos ou paralelos


videiras nesta Região, devido à passagem (cruzeta) ser formados por cordões duplos
do sistema de cultura tradicional em ou simples.
bordadura para o sistema intensivo, Por exemplo, o Cordão Sobreposto, pode
ocupando a vinha toda a parcela de forma ser formado por cordões simples ou duplos,
alinhada. Distinguem-se cordões duplos como apreciaremos mais à frente, sendo
(divisão da cepa em dois cordões) dos simples muitas vezes designado por cordão duplo
(não divisão da cepa: cordão único), erradamente.

RAMADA Se bem que esta forma de condução, pelos Todavia, deve ter-se em conta:
custos de instalação e manutenção que
apresenta, não seja uma forma actualmente Utilizar uma só linha de postes para
recomendável para vinhas de dimensão, suporte;
em determinadas situações, parcelas Altura inferior a 2,0 m, por forma a
extremamente reduzidas e quando se permitir facilidade na execução das
queira plantar apenas na bordadura do operações de poda e vindima;
terreno, será uma forma a considerar, Bancada ligeiramente inclinada para
proporcionando bons níveis de produção. melhor exposição das uvas ao sol;
O espaçamento entre videiras não deve
ser inferior a 1,30 m.
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CRUZETA Cruzeta foi o nome dado à forma de é possível obter esta condução separando
CORDÃO SIMPLES RETOMBANTE condução, que nesta região usou de uma as videiras ao longo da linha mas passando
armação em cruz para suporte e disciplina de cordões simples a duplos, isto é,
GDC dos cordões, então designados festões. dividindo uma videira isolada em dois
CORDÃO DUPLO RETOMBANTE
Associada a uma poda de vara e talão, é cordões que seguem em paralelo nos
formada por sebes de vegetação arames em sentido contrário.
retombantes e paralelas, asseguradas por Trata-se do conhecido GDC “Genéve
cordões simples oriundos de grupos de 4 Double Cordon” de Itália, de poda e
videiras plantadas junto a cada cruzeta. vindima totalmente mecanizada.
A altura dos cordões varia de 1,70-1,80 m Dada a mais baixa densidade de plantação
do solo e o afastamento entre si de cerca deste sistema e a mais tardia entrada em
de 2,00 m, afastamento este que produção por um lado, e aos elevados
corresponde ao dos 2 arames que correm custos de instalação por outro, é um sistema
paralelos entre as extremidades das que apenas poderá ser utilizado com
cruzetas. Para colmatar o inconveniente interesse em terrenos mais férteis, que
de plantar as videiras em grupo, favorecem o vigor da videira.

CSR Forma vulgarmente conhecido por Cordão em verde atempadamente (‘pentear’ da


CORDÃO SIMPLES RETOMBANTE Simples, surge como uma alternativa mais vegetação); por outro lado, o facto de ter
económica à Cruzeta: custos de armação apenas um fio de arame ficando a vegetação
mais baixos e entrada em produção mais livre, em zonas ventosas há o perigo de
cedo. Formada por cordões simples, haver uma quebra significativa de
inicialmente com a plantação de 2 videiras sarmentos o que afecta a produção final.
juntas e posteriormente isoladas, de altura Ainda pelo facto de ter a vegetação
de 1,70-1,80 m e só com um arame único totalmente retombante, há sempre uma
para suporte do cordão que garante uma percentagem de cachos demasiado
vegetação totalmente retombante. Forma encobertos mais sujeitos à podridão, e por
associada a uma poda mista de vara e talão. outro lado, uma percentagem de cachos
Apesar de ter custos de instalação mais excessivamente expostos, que em certas
baixos, o facto de possuir uma sebe única situações estão sujeitos ao escaldão.
e apenas retombante, requer intervenções
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CSOB Forma vulgarmente conhecida por Cordão -2,20 m no superior. Forma associada a
CORDÃO SOBREPOSTO Sobreposto, surge para colmatar a menor uma poda mista de vara e talão.
RETOMBANTE (DUPLO OU SIMPLES) densidade de plantação e de planos de Nesta forma de condução, e pelo facto de
vegetação (e consequentemente de ter duas sebes sobrepostas, verifica-se o
produção) do Cordão Simples, pela efeito do ensombramento da sebe superior
sobreposição na vertical de duas sebes de sobre a inferior, prejudicando a maturação
vegetação totalmente retombantes. e a sanidade das uvas, situação mais
Na base das duas sebes sobrepostas poderão agravada quando a separação das duas
estar cordões simples ou duplos que correm sebes não é conseguida pela ausência de
alternadamente em dois níveis de arames, intervenções em verde, ou pelo baixo
separados de 0,80-1,00 m. afastamento entre as duas sebes.
A altura dos dois níveis de arames varia
entre 1,00-1,20 m no inferior e entre 2,00-

CAR Forma erradamente conhecida por Sylvoz, ascendente mais recentemente constituídos
CORDÃO SIMPLES ASCENDENTE pois inicialmente esta condução esteve por fiadas duplas. Quando associado a uma
E RETOMBANTE associada a uma poda tipo Sylvoz (varas poda mais longa e empada (tipo Sylvoz)
longas empadas a um nível inferior ao do dá produções ao nível das dos cordões de
cordão). A repartição da sebe única do duas sebes, muito embora este tipo de poda
cordão simples retombante em duas direc- seja mais cara pelo maior consumo em
ções opostas, foi conseguida pelo mão-de-obra. Este sistema surge com o
abaixamento do nível do cordão para objectivo de tirar partido do maior vigor
valores da ordem de 1,20-1,35 m e pela conseguido pelas varas de crescimento
introdução de mais dois níveis de arame ascendente, garantindo maior fertilidade
superiormente ao nível do cordão, e a poda do ano seguinte; também
separados aproximadamente de 0,40 m. diminuiu a sensibilidade à podridão dos
Forma associada a uma poda mista de vara cachos frequente no CSR e aumentou a
e talão, inclui três fiadas de arames, sendo superfície foliar exposta com ganhos na
os responsáveis pelo suporte da vegetação aquisição de açúcares.
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CSA Forma erradamente conhecida por Forma associada a uma poda mista de vara
CORDÃO SIMPLES ASCENDENTE Cazenave, pois inicialmente esta condução e talão. Esta condução de vegetação
esteve associada ao tipo de poda Cazenave totalmente ascendente, foi assumida mais
(varas atadas a um arame superior com recentemente na região e para
uma inclinação de 450 e talões). determinadas situações, pois o maior vigor
A altura do cordão ao solo varia entre os induzido às varas que crescem para cima
1,10-1,20 m e admite 2 a 3 fiadas de arame não combina de todo com vigor típico das
acima do cordão para suporte da vegetação, castas e condições regionais.
que nesta região não deve ter valores nunca É uma alternativa para as situações de
inferiores a 1,00 m de altura. vinhas em meia encosta, em terrenos mais
Recentemente usam-se arames duplos, pelo secos que imprimam reduzido vigor à
menos nas duas fiadas acima do cordão, videira. Por outro lado, é das formas mais
ou a colocação de uma fiada móvel, que adaptáveis à mecanização das operações
ao longo do crescimento muda de posição. de poda e vindima.

LYS Tipo de cordão mais recente na região, A altura ao solo do 1º arame é


CORDÃO DUPLO SOBREPOSTO tendo tido como precursor o CAR. aproximadamente de 1,10 m, e do 2º
ASCENDENTE E RETOMBANTE Uma videira divide-se em dois cordões que arame de 1,45 m (0,35 m de ‘janela’),
são orientados em sentidos opostos e a distando deste a primeira posição do arame
níveis diferentes, sendo o do nível superior duplo de 0,25 m, e a 2ª posição de outros
responsável pela vegetação ascendente e 0,25 m e, finalmente, o último arame a
o do nível inferior pela retombante, ficando cerca de 0,35 m da 2ª posição do arame
separados por cerca de 0,35-0,40 m, o que duplo. Forma associada a poda mista de
cria uma abertura no sistema (‘janela’). vara e talão mas poderá sê-lo do tipo Guyot
A sobreposição de sebes ascendente com para determinadas castas. Este sistema tem
retombante é sempre de videiras distintas, revelado boas produções desde o início e
a retombante de uma tem sobreposta a com níveis elevados em açúcares, bem como
ascendente da videira seguinte. bom estado sanitário das uvas.
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Não falta quem garanta ser o ritual das vindimas Algumas características importantes de um Quando começa a vindima, devem ser
um momento mágico, feito de mãos que recolhem vinho começam a ser definidas no asseguradas as melhores condições de
cachos de bagos maduros como se pegassem em momento em que se colhe a uva. transporte das uvas para a adega.
pássaros feridos; de cestos de vime levados às Por isso se torna muito importante As uvas deverão chegar inteiras, e não
costas como iniciados que assim fossem para ser determinar com maior exactidão, o que as amassadas ou calcadas, pois, nas condições
presentes numa cerimónia pagã; de pés que, modernas tecnologias propiciam: de calor em que a vindima ocorre, tal
abençoados por invisíveis deuses, se empenhassem a data da vindima. poderia significar o início precoce da
na tarefa de calcar o mosto para acordar a vida fermentação. Posteriormente, são
secreta que as uvas contêm; de uma poderosa Um dos problemas que tradicionalmente conduzidas para uma prensa, podendo ou
alquimia que transforma a seiva dos frutos tenros prejudicam os agricultores, é o facto de a não ser previamente esmagadas. O método
em espirituoso néctar... maturação das uvas se fazer tardiamente, de vinificação usado nos vinhos brancos
Verdes... em virtude dos sistemas de condução consiste em fazer fermentar o mosto depois
adoptados e da grande exuberância de prensadas as uvas e, portanto, sem a
vegetativa que provoca os conhecidos presença dos outros elementos que
«ensombramentos». A aproximação de uma compõem o cacho. Este método recebe o
época em que são frequentes as chuvas, nome de «bica aberta». Os vinhos tintos
após o equinócio do fim de Verão, levava fermentam nos lagares, ou em
muita gente a antecipar a vindima para autovinificadores, depois de esmagada a
fugir ao perigo da podridão. uva. A este método chama-se «curtimenta».
A data da vindima deve ser determinada
por vários factores, entre os quais se salienta
a previsão do grau de acidez. É sabido que,
à medida que a uva vai transformando os
seus ácidos em açúcares, a acidez vai
diminuindo e o álcool provável vai
aumentando. Cada casta tem o seu ponto
de equilíbrio, e mesmo cada produtor pode
determinar qual a relação que mais lhe
interessa. O princípio, porém, mantém-se:
a maior atenção deve ser dada a este
indicador.
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 45/72

O Vinho Verde pode considerar-se um trabalho fermentativo, o que provoca um


produto directo e, naturalmente, derivado brusco aumento da temperatura que, em
de condicionalismos regionais. Daí que a especial nos vinhos brancos, é preciso
sua tecnologia tradicional seja dominar para obter a máxima qualidade.
extremamente simples, por se integrar
num conjunto estável, que fundamenta a Uma técnica correcta, que pode parecer
afirmação de ele ser o que a vinha produz. mesmo simplista a quem esteja despre-
venido, limita-se, para além de uma higiene
Tradicionalmente a vinificação realizava- total da adega e do material vinário - e aí
-se em lagares simples, de pedra ou de reside grande parte do seu requinte -
madeira. a procurar garantir à flora zimológica
As uvas pisadas eram depois espremidas regional favorável, as melhores condições
por meio de pressão exercida sobre tábuas de trabalho. Não são precisas, nem
que se adaptavam aos lagares, ou então, desejáveis, ou aconselháveis, correcções
como nos mostra o «Apocalipse do Lorvão», ácidas ou desacidificações dos mostos. Com
por meio de prensas de fuso, que tanto a entrada na União Europeia e numa
podiam ser movidas a força de braços como prudente antecipação, encarou-se um
com a ajuda de animais. A conservação do possível enriquecimento pelo emprego de
vinho era feita em recipientes de madeira, mosto concentrado que terá necessaria-
cubas ou pipas, ou em vasilhas de cabedal mente de ser de origem regional, e/ou
ou «trebolhos». mosto concentrado e rectificado.

Derivado de mostos medianamente ricos Mas o grande aperfeiçoamento dos vinhos


em açúcar, e ricos em ácido, de pH baixo, é feito na vinha, através da escolha criteriosa
com suficiente teor de azoto, as das melhores castas para cada caso concreto
fermentações são, habitualmente, fáceis e que se encare, pelo esmero de cultivo e
totais. Como defeito, pode-se apontar a por uma tecnologia bem compreendida e
facilidade e rapidez com que decorre o aplicada.
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 46/72

Uma deficiente vinificação e conservação, Depois de submetidos a toda esta disciplina


cria vinhos de qualidade inferior, não se de produção, os Vinhos Verdes, para
exprimindo todo o potencial intrínseco das poderem beneficiar do uso de
uvas. Por outro lado, uma adequada Denominação de Origem, são ainda
tecnologia pode compensar certos defeitos sujeitos, obrigatoriamente, a exames
das massas vinárias conduzindo à obtenção analíticos e organolépticos no Laboratório
de um produto de qualidade superior ao da CVRVV. Os vinhos só são
seu potencial vitícola. comercializados após a sua certificação, o
que os vem habilitar ao selo de origem
Os quatro factores que normalmente passado pela CVRVV.
determinam o potencial qualitativo do Este processo obriga a uma constante
futuro vinho são: o solo, o complexo de reorganização e adaptação, para poder
enxertia = porta-enxerto + casta(s), o clima responder de uma forma rigorosa a todas
e a intervenção humana. Os três primeiros as análises efectuadas.
factores ditos fixos, o solo, o complexo de
enxertia/sistemas de condução e o potencial Posteriormente, e para garantia do
climático, sendo entidades naturais, não consumidor, são colhidas, sistematicamente,
deixam de ser os primeiros, decisivamente pela fiscalização da CVRVV amostras nos
«atravessados» pelo factor humano. agentes económicos e no comércio, onde
é conferido o rótulo, o contra-rótulo,
testado o selo e analisado o produto com
o objectivo de controlar a qualidade dos
vinhos no mercado.
Do mesmo modo que o Vinho Verde,
também o Vinho Regional Minho, as
Aguardentes de Vinho e Bagaceiras e os
Espumantes de Vinho Verde, estão sujeitos
a toda esta disciplina, e só poderão ser
comercializadas depois de devidamente
certificadas pela CVRVV.
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 47/72

FERMENTAÇÃO

Depois de «decantar», ou seja, de deixar A temperatura influencia o A segunda fermentação consiste na


sedimentar as substâncias sólidas mais desenvolvimento da fermentação. transformação do ácido málico em ácido
pesadas, o mosto dos vinhos brancos é Esta é impossível abaixo dos 12º C e tanto láctico, limitando a acidez fixa dos vinhos
trasfegado para novo recipiente onde vai mais rápida quanto mais elevada for a e produzindo gás carbónico que dá origem
fermentar. A fermentação alcoólica é o temperatura. Porém, as temperaturas mais ao característico «pico» ou «agulha» dos
processo químico de transformação dos elevadas «matam» as leveduras responsáveis Vinhos Verdes. No entanto, apesar de
açúcares em álcool. Este processo é por «trabalhar» os aromas e propiciam o amaciar os vinhos, a ocorrência da
desencadeado por leveduras, sendo por aparecimento da indesejável acidez volátil, maloláctica tem os seus custos, provocando
vezes necessário adicioná-las para que o pelo que se torna necessário controlá-la o uma diminuição dos aromas primários
processo se inicie. que pode prolongar o tempo de provenientes das uvas, sendo essa a razão
fermentação de um mosto até às três a pela qual muitos enólogos evitam a sua
Importa realçar a temperatura de quatro semanas. ocorrência nos Vinhos Verdes brancos, que
fermentação. Ao fermentar, o mosto liberta devem ser simultaneamente frescos e
calor e eleva a sua temperatura. Existem várias formas, mais ou menos aromáticos.
Pode calcular-se que a temperatura se eleva sofisticadas, de conseguir controlar a
um grau centígrado por cada grau de álcool temperatura de fermentação - desde Esta fermentação é principalmente
que o mosto contém. Quer isto dizer que sistemas eléctricos de refrigeração a simples encorajada nos Vinhos Verdes tintos,
um mosto que inicia a sua fermentação a chuveiros sobre cubas de aço inox, cuja qualidade depende mais da sua
15º C, e que tem 10% vol., atingirá uma passando por adegas bem frescas. complexidade do que da sua intensidade
temperatura da ordem dos 25º C. de aroma.
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À custa da sua antiguidade nesta Região e Uma Portaria de 1953 indicava já as castas, a Batoca; no grupo das castas tintas
pelo facto de serem apenas cultivadas no por concelhos, divididas em dois grupos: «recomendadas» entrou a Padeiro-de-Basto,
NW ibérico, são consideradas autóctones. as «obrigatórias» e as «aconselháveis». conhecida igualmente por Tinto-Cão.
Por um lado, é um dos factores que traduz Três décadas passadas, entendeu-se ser Regista-se que o Decreto-Lei n.º 10/92
com maior intensidade a especificidade do necessário rever a lista das castas dos Vinhos estabelece, no seu Art.° 60, que só podem
Vinho Verde e, por outro, distingue as sub- Verdes. É então publicada outra Portaria, usar a denominação de origem «Vinho
-regiões. Amândio Galhano, considerado em Abril de 1985, que aprova a nova lista Verde» os vinhos brancos e tintos
o pai do moderno Vinho Verde, disse de castas para a região, antecipámos no provenientes das castas referidas no Anexo
«dentro do bloco bastante homogéneo que rigor das normas adoptadas à 11 do diploma (as castas «recomendadas»
é a Região Demarcada dos Vinhos Verdes, Comunidade: as castas foram divididas em e «autorizadas»), e ainda que as
pequenas variações climáticas, formas de «recomendadas» e em «autorizadas» e denominações sub-regionais e topónimos
armação ou castas específicas ou fixaram-se as percentagens mínimas para só podem ser auferidos por vinhos brancos
dominantes, definem sub-regiões as primeiras e máximas para as segundas. e tintos provenientes das castas
tradicionais que a legislação sancionou». Finalmente, o Decreto-Lei nº 10/92, de 3 «recomendadas» e «autorizadas» definidas
Nestas sub-regiões produzem-se vinhos de Fevereiro, que aprovou os Estatutos da no seu Anexo na condição de o
com base predominantemente nas castas Região Demarcada dos Vinhos Verdes povoamento respeitar a percentagem
recomendadas, que, desta maneira irão incluiu, em anexo, a lista das castas mínima de 75% do total do encepamento,
exprimir todo o seu potencial. «recomendadas» e «autorizadas» para a no caso das castas «recomendadas» e a
Região. Entre as castas brancas percentagem máxima de 25%, no caso das
«recomendadas» passou a figurar também castas «autorizadas».
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 49/72

Como já foi atrás referido, existe nesta


Região um grande número de castas
autóctones, o que lhe confere a produção
de vinhos “sui-generis”. Nalguns casos, a
sua cultura esteve mesmo confinada em
exclusivo a certas sub-regiões. A mais
recente legislação sobre as castas em cultura
nesta Região (Decreto-Lei n.º 449/99)
define como castas recomendadas, aptas a
produzirem vinhos com Denominação de
Origem “Vinho Verde”, as seguintes:

Como autorizadas brancas, há as seguintes Se o vinho produzido pretender gozar da


castas: Pintosa, Caínho, Cascal, Diagalves, designação da respectiva sub-região, em
Sercial (sin. Esgana-Cão), Esganinho, complemento da denominação de origem
Esganoso, Fernão Pires (sin. Maria-Gomes), “Vinho Verde”, terá o mesmo de ser
Folgasão, Godelho, Lameiro, Malvasia Fina, exclusivamente obtido a partir de uvas das
Malvasia Rei, São Mamede, Semilão e Tália castas reconhecidas para a respectiva sub-
(sin. Douradinha). -região e vinificadas nessa área (Portaria
n.º 28/2001, de 16 de Janeiro).
E como autorizadas tintas, as seguintes
castas: Alicante Bouschet, Baga, Doçal, Apresentam-se, de seguida, algumas
Doce, Espadeiro Mole, Grand Noir, características culturais e enológicas das
Labrusco, Mourisco, Pical, Sousão, Touriga castas recomendadas recordando que dados
Nacional, Trincadeira (sin. Tinta-Amarela), fenológicos e de fertilidade se reportam a
Verdelho Tinto e Verdial Tinto. observações feitas no campo ampelográfico
da EVAG, em Arcos de Valdevez.
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 50/72

Na apreciação das castas brancas recorreu-se ao trabalho dos descritores sensoriais, que
vem sendo realizado pela CVRVV há seis anos.

Alvarinho Casta cultivada particularmente na sub-região de Monção, mas que dada a sua elevada
qualidade tem sido levada para outros pontos da Região e do país. Produz mostos muito
ricos em açúcares e contudo apresenta um razoável teor em ácidos orgânicos; o vinho elementar
caracteriza-se por uma cor intensa, palha, com reflexos citrinos, aroma intenso, distinto,
delicado e complexo, com aromas que vão desde o marmelo, pêssego, banana, limão, maracujá
e líchia (carácter frutado), a flor de laranjeira e violeta (carácter floral), a avelã e noz (carácter
amendoado) e a mel (carácter caramelizado), e de sabor complexo, macio, redondo, harmonioso,
encorpado e persistente.

Casta medianamente vigorosa mas bastante rústica. Com um elevado índice de fertilidade, apresenta
com frequência 3 inflorescências por lançamento, dando origem a cachos muito pequenos, alados e
medianamente compactos, o que a torna uma casta pouco produtiva; este aspecto é contemplado nos
estatutos da região, que lhe fixa um rendimento máximo por hectare de 60 hl, contra o de 80 hl para as
restantes castas. Exige terrenos secos para potencializar a qualidade do vinho a que dá origem, facto que,
associado à natureza ácida dos solos em que é cultivada, torna-a bem adaptada ao porta-enxerto 196-17.
Porta-enxertos como o S04 ou R99, poderão usar-se em conformidade com o terreno (respectivamente mais
fresco e mais seco), sem contudo nos alhearmos dos riscos de perda de açúcares e “performance” aromática, em
situações que lhe aumentem o vigor e consequentemente atrasos na maturação. É uma casta precoce no abrolhamento
e na maturação. Revela-se uma casta sensível ao míldio e oídio, muito sensível à acariose e atreita à esca.
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Arinto (sin. Pedernã) Casta cultivada por toda a Região (não recomendada na sub-região de Monção), é a casta
Arinto de Bucelas, atingindo o seu mais elevado nível de qualidade nas zonas interiores
da Região. Produz mostos de média a elevada percentagem de açúcares e teor
relativamente elevado de ácidos orgânicos; os vinhos de cor citrina a citrina palha,
apresentam aroma rico que vai do frutado dos citrinos e pomóideas (maçã madura
e pêra) ao floral (lantanas), e de sabor fresco, harmonioso, encorpado e persistente.

Casta muito vigorosa e de boa afinidade com a maioria dos porta-enxertos


utilizados na Região, apresenta de um modo geral uma fertilidade baixa,
dando em média 1 inflorescência por lançamento. Todavia dá origem a
cachos grandes, muito compactos e pesados, o que torna esta casta
produtiva a muito produtiva. É uma casta de abrolhamento médio
(após o Loureiro e antes da Batoca e Trajadura), e de maturação
média (seguida do Avesso, Loureiro e Batoca, após Alvarinho e
Trajadura e antes do Azal). Revela-se muito sensível à cigarrinha
verde e podridão dos cachos e sensível ao míldio e oídio.
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 52/72

Avesso Casta cultivada particularmente na sub-região de Baião, mas que dada a sua alta qua-
lidade, tem sido cultivada em sub-regiões limítrofes como a de Amarante, Paiva e Sousa.
Produz vinhos de cor intensa, palha aberta, com reflexos esverdeados, aroma misto entre
o frutado (laranja e pêssego) e o amendoado (frutos secos) e o floral, sendo o carácter frutado
dominante, delicado, fino, subtil e complexo, e sabor frutado, com ligeiro acídulo, fresco,
harmonioso, encorpado e persistente; estas potencialidades de aroma e sabor revelam-se somente
alguns meses após a vinificação.
Casta muito vigorosa e muito rústica. Com um índice de fertilidade médio, apresenta em média 1
a 2 inflorescências por lançamento, dando origem a cachos médios e medianamente compactos, o
que torna esta casta medianamente produtiva. É uma casta precoce no abrolhamento (a par do Alvarinho)
e de maturação média (a par do Arinto e antes do Loureiro). Revela-se muito sensível ao míldio e à
podridão dos cachos e sensível ao oídio.

Azal Casta cultivada particularmente em zonas do interior, onde amadurece bem e atinge o seu nível de
qualidade quando plantada em terrenos secos e bem expostos das sub-regiões de Amarante, Basto,
Baião e Sousa. Produz vinhos de cor ligeira, citrina aberta, descorada, aroma frutado (limão e maçã
verde) não excessivamente intenso, complexo, fino, agradável, fresco e citrino, e sabor frutado,
ligeiramente acídulo, com frescura, e jovem, podendo em anos excepcionais revelar-se encorpados
e harmoniosos.
Casta muito vigorosa e de boa afinidade com a maioria dos porta-enxertos utilizados na Região.
Apresenta em média 1 a 2 inflorescências por lançamento, dando origem a cachos médios,
muito compactos e pesados o que torna esta casta muito produtiva. É uma casta de ciclo
longo, precoce no abrolhamento (a seguir ao Alvarinho e Avesso) e tardia na maturação.
Revela-se sensível ao míldio, oídio e podridão dos cachos.
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Batoca Casta de área de cultivo restrita à sub-região de Basto, onde atinge o seu melhor po-
tencial de qualidade. Em anos favoráveis, produz vinhos não elementares com médio a
alto teor alcoólico e baixa acidez total, com aromas simples e pouco intensos, com sabor
macio e desequilibrado. Casta muito vigorosa. Com um índice de fertilidade baixo, apresenta
em média 1 inflorescência por lançamento, mas como dá origem a cachos grandes, compactos
e volumosos, torna-se uma casta medianamente produtiva, embora seja muito irregular a sua
produção.

É uma casta de abrolhamento médio (após o Arinto) e de maturação média (após o Loureiro e
antes do Azal). Revela-se muito sensível ao oídio e sensível à podridão dos cachos.

Loureiro Casta cultivada em quase toda a Região, mais bem adaptada às zonas do litoral só não é recomendada
nas sub-regiões mais interiores como Amarante, Basto e Baião. Antiga e de alta qualidade, produz
mostos com aroma acentuado e característico da casta, dando vinhos de cor citrina, aroma fino,
elegante, que vai do frutado de citrinos (limão) ao floral (frésia, rosa) e melado (bouquet), e
sabor frutado, com ligeiro acídulo, fresco, harmonioso, encorpado e persistente.

Casta de vigor médio e de boa afinidade com a maioria dos porta-enxertos utilizados na
Região, designadamente o S04 e o 196-17, revelando mais recentemente bons resultados
com o 101-14. Com um índice de fertilidade elevado, apresenta em média 2 inflorescências
por lançamento, dando origem a cachos compridos, medianamente compactos e
pesados, o que torna esta casta muito produtiva. É uma casta de abrolhamento médio
a precoce (após Alvarinho, Avesso e Azal e antes da Arinto, Batoca e Trajadura) e
de maturação média (a seguir à Arinto e Avesso e antes da Batoca e Azal). Revela-se
sensível ao míldio, oídio, escoriose, podridão dos cachos e aos ácaros.
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Trajadura Casta cultivada por toda a Região (não recomendada na sub-região de Baião); casta de qualidade, produz
mostos de aroma delicado e naturalmente pobres em acidez, dando vinhos de cor intensa, palha dourada,
de aroma intenso, a frutos de árvore maduros (maçã, pêra e pêssego), macerados, e de sabor macio,
quente, redondo e com tendência, em determinadas condições, a algum desequilíbrio (baixa acidez).

Casta muito vigorosa e de boa afinidade com a maioria dos porta-enxertos utilizados na Região.
Apresenta em média 1 a 2 inflorescências por lançamento, dando origem a cachos médios, muito
compactos e pesados, o que torna esta casta muito produtiva. É uma casta de ciclo curto, tardia
no abrolhamento (a mais tardia) e precoce na maturação (como o Alvarinho). Revela-se muito
sensível ao míldio e podridão dos cachos.
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 55/72

CASTAS
TINTAS Na apreciação dos vinhos provenientes das castas tintas, dado que não se dispõe da
descrição sensorial, como no caso das castas brancas, não é possível fazer uma descrição
detalhada sobre os vinhos elementares. Todavia, faz-se uma apreciação ligeira com alguns
elementos disponíveis.

Alvarelhão Casta de pouca expansão na Região, sendo cultivada particularmente na sub-região de


Monção e também recomendada na sub-região de Baião, onde é conhecida por Alvarelhão
devido à sua proximidade ao Douro onde esta casta é cultivada com esse nome.
mostos naturalmente ricos em açúcares, dando vinhos de cor rubi a rubi clara, com aroma
delicado a casta, harmoniosos e saborosos.

Casta vigorosa, com abundante rebentação de gomos dormentes e de boa afinidade com a maioria
dos porta-enxertos utilizados na Região. Com um índice de fertilidade médio, com 2 inflorescências
por ramo, dá cachos médios e frouxos, o que a torna pouco a medianamente produtiva. É uma casta
de abrolhamento precoce (como o Borraçal) e de maturação precoce também (como o Padeiro).
É muito sensível ao oídio.
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Amaral Casta de pouca expansão, sendo mais cultivada na zona Sul da Região, mas que dada
a sua qualidade encontra-se hoje recomendada para a maior parte das sub-regiões
(excepto nas de Monção e Lima). Produz mostos naturalmente mais ricos em ácido
tartárico, quando comparados com os do Vinhão, Borraçal e Espadeiro, dando
vinhos de cor intensa, vermelho rubi, com aroma sem destaque a casta, ligeiramente
acídulos e encorpados.

Casta rústica, de vigor médio e de boa afinidade com a maioria dos porta-
-enxertos utilizados na Região. Com elevado índice de fertilidade, com 2 a
3 inflorescências por ramo, dá contudo cachos pequenos, alados e
medianamente compactos o que a torna pouco produtiva.
É uma casta de abrolhamento tardio e de maturação tardia (como o
Espadeiro).

Borraçal Casta de grande expansão, é cultivada em toda a Região sendo


recomendada em todas as sub-regiões. Produz mostos naturalmente mais
ricos em ácido málico e na acidez total, comparativamente com o Amaral,
Vinhão e Espadeiro, dando vinhos de cor vermelha rubi, com aroma a casta,
equilibrados e saborosos.

Casta muito rústica e vigorosa e de boa afinidade com a maioria dos


enxertos utilizados na Região. Com um índice de fertilidade médio, com 2
inflorescências por ramo, dá contudo cachos pequenos e de compacidade média,
o que a torna pouco produtiva e de produção irregular, para o que contribui a natural
tendência para o desavinho e bagoinha. É precoce na rebentação e de maturação
média. É sensível ao oídio e muito sensível à podridão dos cachos.
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Espadeiro Casta de certa expansão na Região, não é recomendada para as sub-regiões de Baião,
Monção e Paiva. Trata-se de uma casta que exige elevadas somas de calor efectivo
para amadurecer. Produz mostos naturalmente menos ricos em açúcares que o Vinhão,
mas mais ricos que o Amaral e Borraçal (e vice-versa com a acidez total), dando
vinhos de cor rubi clara a rubi, de aroma e sabor a casta e acídulos.

Tradicionalmente vinificada em ‘bica aberta’ em diferentes locais da Região para


produção de um vinho rosado, conhecido por Espadal. Casta de vigor médio
e irregular na produção anual. Com um índice de fertilidade médio, com 1
a 2 inflorescências por ramo, dá cachos muito compridos (com muita pruína)
e medianamente compactos, o que a torna uma casta produtiva.
É uma casta de abrolhamento tardio e de maturação tardia (logo a seguir
ao Amaral).

Padeiro Casta de pouca expansão na Região, sendo cultivada particularmente


na sub-região de Basto, sendo hoje também recomendada nas sub-regiões
do Ave e do Cávado. Produz mostos naturalmente ricos em açúcares
(como o Vinhão), dando vinhos de cor vermelha rubi a vermelha granada,
de aroma e sabor a casta, harmoniosos e saborosos.

Casta de vigor médio e pouco rústica. Com um índice de fertilidade médio,


com 1 a 2 inflorescências por ramo, dá cachos grandes e frouxos, o que torna
esta casta muito produtiva. É uma casta tardia no abrolhamento (como o Amaral
e Espadeiro) e precoce na maturação (como o Alvarelhão).
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 58/72

Pedral Casta de pouca expansão na Região, sendo recomendada particularmente na sub-região


de Monção, embora apareça esporadicamente noutras sub-regiões com outro nome.
Produz mostos medianamente ricos em açúcares, dando vinhos de cor rubi clara a
rubi (como o Espadeiro), com aroma e sabor a casta.

Casta muito vigorosa e pouco rústica. Com um índice de fertilidade médio a


alto, com 2 inflorescências por ramo, dá cachos médios e medianamente
compactos o que a torna medianamente produtiva, mas de produção irregular
por ser atreita ao desavinho. É uma casta precoce tanto no abrolhamento
(a primeira, comparativamente com as outras tintas) como na maturação
(entre o grupo do Padeiro e Alvarelhão, e o do Vinhão e Borraçal).
É sensível ao míldio.

Rabo-de-Anho Casta de muito pouca expansão na Região, sendo cultivada particularmente


na sub-região de Basto, onde consegue amadurecer, pois é a casta mais
tardia de todas. Produz mostos naturalmente pobres em açúcares, dando
vinhos de cor rubi, sem aroma a casta (neutros).
Casta muito vigorosa. Com um índice de fertilidade médio, com 1 a 2
inflorescências por ramo, dá cachos grandes e medianamente compactos, o
que torna esta casta produtiva. É uma casta de ciclo longo, pois apesar de abrolhar
tarde (após o Vinhão) comparativamente com as outras castas tintas, é muito tardia
na maturação, amadurecendo entre 10 a 20 dias mais tarde.
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Vinhão Casta de grande expansão, é cultivada em toda a Região, pela sua qualidade e dado ser
a única casta regional tintureira. Produz mostos naturalmente mais ricos em açúcares
que o Espadeiro, Amaral e Borraçal (e o contrário com a acidez total), dando vinhos de
cor intensa, vermelho granada, de aroma vinoso, onde se evidenciam os frutos silvestres
(amora e framboesa), com sabor igualmente vinoso, encorpado e ligeiramente adstringente.

Casta vigorosa e regular na produção, goza de boa afinidade com a maioria dos porta-enxertos
usados na Região. Com um índice de fertilidade médio, com 2 inflorescências em média por ramo,
dá cachos médios e medianamente compactos o que a torna medianamente produtiva.
É de ciclo curto, sendo comparativamente às outras tintas, das mais tardias no abrolhamento, recuperando
na floração e sendo das mais precoces no pintor, ficando quanto à maturação numa posição intermédia,
depois do Padeiro, Alvarelhão e Pedral e antes do Espadeiro, Borraçal e Amaral. É sensível aos ácaros.
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VINHOS VERDES BRANCOS

Os Vinhos Verdes Brancos, cujo evolui, surgindo o aroma a frutos tipo


desenvolvimento ocorreu mais amêndoa.
recentemente, são frutados, de aroma subtil Sabor Frescos, a ligeiramente acídulos,
e delicado e menos acídulos que os tintos. normalmente secos, podendo, no entanto,
Exprimem todo o seu potencial qualitativo ser meio-secos ou meio-doces, pouco
à temperatura compreendida entre os 8 e alcoólicos (8,5%-11,5%). No caso particular
os 12 graus centígrados. Estes vinhos dos Vinhos Verdes Alvarinho, são mais
apresentam-se, normalmente: quentes e encorpados (teor alcoólico -
Cor Citrina e ligeiramente dourada. 11,5% a 13%).
Aroma Frutado, delicado e de intensidade
mediana a forte. O frutado é de frutos O carácter frutado também se destaca no
citrinos e fruto de árvore tropical tipo sabor, podendo ser progressivamente
maçã. Em alguns casos, distinguem-se certas dominado por um pós-boca onde aparece
notas florais a rosa ou madressilva. o melado, mais ou menos seco, com alguns
Com a evolução em garrafa, ao fim de reflexos de frutos secos, no caso de vinhos
alguns meses e até 2/3 anos, surge em com um ou mais anos. Uma característica
substituição do carácter frutado, um aroma indissociável do Vinho Verde é a «agulha»,
a mel, mais marcado em vinhos da casta isto é, um ligeiro desprendimento gasoso,
Loureiro. em pequenas pérolas amarradas às paredes
O aroma dos vinhos da casta Alvarinho é do copo. Consiste, tradicionalmente, em
complexo, associado ao frutado fresco dos gás carbónico libertado no processo natural
restantes Vinhos Verdes, um toque de de fermentação maloláctica.
frutos mais maduros. Para os vinhos com
mais de um ano e até 3/4 anos, o frutado
CVRVV · A REGIÃO DEMARCADA DOS VINHOS VERDES UM SÉCULO DE HISTÓRIA 61/72

VINHOS VERDES TINTOS

A produção de Vinhos Verdes é Apresentam-se, normalmente:


tradicionalmente de vinhos tintos. Cor Vermelho rubi muito carregado e vivo
Estes são ideais para acompanhar a e com espuma vermelha evanescente a
culinária tradicional da Região, pesada e fugaz. Conforme o encepamento e as zonas
condimentada. A sua especificidade de produção apresentam cor mais ou
combina na perfeição com os mais famosos menos carregada, até ao vermelho granada.
pratos regionais. Aroma Vinoso, intensidade média e
revelando juventude, o que lhe confere
Salvo raras excepções, são habitualmente uma frescura particular.
ricos em cor, encorpados, acompanhando Sabor Acidez média a alta e suficientemente
bem pratos de carne, principalmente adstringente - teor alcoólico médio com
assados e grelhados. Possuem teor alcoólico uma agulha característica que lhe imprime
médio e devem apresentar, após uma frescura particular.
engarrafamento, entre 8,5 e 11,5% vol..
O Vinho Verde Tinto deve beber-se a uma
temperatura compreendida entre os 12 e
os 15 graus centígrados.
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VINHOS VERDES DE CASTA OU MONOVARIETAIS

Os Vinhos Verdes de casta ou Podemos concluir que o vinho tem um


monovarietais distinguem-se por possuir importante papel na manutenção da saúde
aroma e sabor vincados, por vezes até uma humana, desencadeando, quando bebido
cor particular, reveladores da variedade moderadamente, fenómenos biológicos
que lhes deu origem. capazes de protegerem o nosso organismo,
impedindo a deterioração dos seus
Podem ser produzidos a partir das castas elementos celulares, controlando o seu
recomendadas para as diferentes sub- metabolismo e defendendo-o das
-regiões e concelhos da Região Demarcada transformações patológicas, agressões
dos Vinhos Verdes. Essas castas, que se internas e externas, proporcionando uma
destacam pelo seu valor enológico, maior longevidade e qualidade de vida.
originam vinhos ímpares de elevada
qualidade.
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32

AGUARDENTES

32
Magalhães, Carlos, O Metanol nas aguardentes Embora os Egípcios tivessem sido os penetrantes e com uma cor mais atractiva.
bagaceiras, Vila Real, UTAD, 1994.
primeiros a construir alambiques, cujos No decorrer do século XX, houve uma
desenhos adornam um velho templo de evolução no sentido de se obterem álcoois
Mênfis, foi da língua Árabe que nasceram de bom gosto e aroma, generalizando-se
os termos alambique («al ambic») e álcool o consumo de aguardentes puras.
(«al cóhol»), significando, o primeiro, vaso Dado o interesse na produção de um
destilatório, e, o segundo, embora produto de qualidade, desenvolveram-se
querendo designar um pó muito duro à alambiques que evitassem destilações
base de chumbo ou antimónio, exprime a sucessivas e as próprias técnicas tornaram-
ideia de ténue e subtil, significando vapores -se cada vez mais sofisticadas.
de destilação.
As aguardentes encontram-se bem
Mas foi na Idade Média, em 1250, que divulgadas no mercado e apresentam um
Arnaut de Villeneuve estudou a destilação valor económico importante. Elas
do vinho e descobriu o espírito («l’esprit») apresentam características muito próprias,
que ele contém, seguindo-se um seu cujo valor em peso varia consoante a casta,
contemporâneo, Raymond Lulle, que clima, sistema de condução e grau de
preparou a aguardente (l’eau ardente), maturação.
obtendo-a após 3 a 4 destilações
consecutivas, em fogo muito lento; Devido à sua constituição, os bagaços são
o espírito do vinho foi designado destilados em alambiques diferentes dos
«quintessence», sendo as quatro primeiras que se costumam empregar para a
essências a Terra, a Água, o Ar e o Fogo. destilação dos vinhos ou borras.
Na Região dos Vinhos Verdes, não há
A partir de 1730, torna-se habitual o apenas um tipo de alambique, mas vários.
«envelhecimento» das aguardentes para São, no entanto, dois os mais generalizados:
delas se retirar o melhor proveito, pois os conhecidos pelas designações de caldeira
melhoram e ficam mais apuradas, mais ou pote e o de coluna.
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CALDEIRA OU POTE É o mais antigo sistema. Encontra-se O bagaço depois de lançado na caldeira,
normalmente nos pequenos produtores separado do fundo por meio de canas de
que destilam o seu próprio bagaço, e é milho ou palha, é misturado com água e
constituído por uma caldeira sobre a qual submetido à destilação pela acção do calor,
assenta o capacete, sendo este ligado à fazendo-o incidir directamente na caldeira,
serpentina de refrigeração. obtendo-se primeiramente a troça, que,
em seguida, é refinada no mesmo
alambique.

COLUNA Ao contrário do anterior, é utilizado pelos gerado na caldeira passa nas mesmas, pois
grandes produtores e adegas cooperativas. existe no fundo de cada coluna uma chapa
É constituído por duas ou mais colunas perfurada, que arrasta e evapora os
móveis, lentilhas rectificadoras e uma compostos voláteis os quais são
caldeira produtora de calor. O bagaço é imediatamente rectificados na lentilha e
lançado nas colunas e quando o vapor posteriormente condensados na serpentina.
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AGUARDENTE Produto alcoólico resultante da destilação


33 de substâncias fermentadas (vinhos, sucos
BAGACEIRA de fruta, cerveja de cereais, etc.) ou
maceradas (cascas, flores, frutas, grãos,
raízes, tubérculos, etc.) A aguardente de
bagaço provém da destilação dos bagaços
da uva que se utilizaram durante a
33
In www.e-mercatura.pt (glossário) fermentação dos vinhos.

AGUARDENTE Aguardente incolor que se destila do vinho


e que, uma vez estagiado, permite obter a
DE VINHO Aguardente Velha, o Cognac, o Armagnac
e o Brandy.
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ESPUMANTES

Vinho espumante é, por definição, um qualidade e como um dos mais bem Estes espumantes têm um teor alcoólico
vinho obtido por primeira ou segunda sucedidos produtos já experimentados. igual ou superior a 10%vol. e uma acidez
fermentação alcoólica de uvas frescas, de Apesar de já existirem na Região fixa igual ou superior a 4,5 gr./lt. em ácido
mosto de uvas ou de vinho. experiências de elaboração de espumante, tartárico. Em termos de prova, este
o seu enquadramento como denominação Espumante mantém o perfil dos Vinhos
Os vinhos espumantes produzidos em de origem VINHO VERDE ESPUMANTE Verdes, sendo reforçadas as características
regiões vinícolas fora da Região de é recente, estando previsto apenas a partir de frescura aromática, associada a uma
Champanhe são classificados em várias da revisão dos Estatutos da Região maior complexidade gustativa, devida à
categorias segundo o processo de Demarcada dos Vinhos Verdes, em 1999. segunda fermentação em garrafa.
elaboração, de acordo essencialmente com Oferecem-se, actualmente, desde os brutos
a forma de se tomar espumante e com a A Região dos Vinhos Verdes produz vinhos naturais aos meio secos, dos novos aos
separação do depósito das leveduras. que, pelas suas características de acidez super reserva, podendo o consumidor
natural e teor alcoólico relativamente baixo, descobrir também no Espumante de Vinho
O Vinho Verde apresenta óptimas têm, teoricamente, grandes potencialidades Verde o perfil que mais lhe agrada e que
características para a produção de para a produção de espumantes de melhor se adequa a cada situação.
espumantes, devido sobretudo ao grande qualidade. Após vários ensaios com as
potencial de algumas castas da Região para diversas castas da Região, verificou-se que Nos últimos 3 anos, desde o surgimento
a sua produção. Assim, e aliada a diferentes essas potencialidades eram reais, sendo do Vinho Verde Espumante, em 2000, com
modos de promoção e divulgação dos apenas necessário trabalhar os vinhos-base 3 marcas, tem havido um crescimento
produtos, a monotonia não existe, podendo e colocar os conhecimentos enológicos ao exponencial, atingindo actualmente já as
sempre o consumidor descobrir vinhos serviço deste novo Vinho Verde. 16 marcas.
adaptados a diversos paladares e diversas No entanto, muitos espumantes estão ainda
situações. Neste sentido, a Região tem O Vinho Verde Espumante tem por base a ser preparados por vários produtores da
vindo a experimentar a produção de novos um Vinho Verde, podendo apenas ser Região, prevendo-se que a curto prazo a
produtos com base no Vinho Verde, destes elaborado pelo método clássico, em que a Região possa ter um papel determinante
são o exemplo os vinagres e os espumantes. segunda fermentação ocorre em garrafa, na produção de Espumantes de Qualidade.
Os últimos têm-se revelado de grande durante um período mínimo de 9 meses.
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VIEIRA, José Augusto, O minho pittoresco, Tomo


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ÍNDICE

ANTECEDENTES DA CULTURA DA VINHA A INSTITUIÇÃO VINDIMA


3 30 44

INTRODUÇÃO AS INSTALAÇÕES A TECNOLOGIA


4 31 45
A geografia do vinho Fermentação
47
O Entre-Douro-e-Minho EVAG
5 32
A Região Demarcada dos Vinhos Verdes Estação vitivinícola «Amândio Galhano» CASTAS DOS VINHOS VERDES
6 48
Castas brancas
50
VESTÍGIOS HUMANOS A AMPELOGRAFIA Castas tintas
7 33 55
Da época romana ao início da Idade Média A videira
8
Da alta à baixa Idade Média VINHOS VERDES BRANCOS
9 60
Testemunhos documentais PRÁTICAS CULTURAIS
10 34
A enxertia VINHOS VERDES TINTOS
61
A PROPRIEDADE RURAL A poda
11 35
DO ENTRE-DOURO-E-MINHO E A A empa VINHOS VERDES DE CASTA
62
INTENSIFICAÇÃO DA CULTURA DA VINHA A rega OU MONOVARIETAIS
36
Notícia da primeira exportação
12
Bases de uma política comercial SISTEMAS DE CONDUÇÃO AGUARDENTES
13 37 63
Da legislação pombalina à Reforma Institucional Caldeira ou Pote
14 64
AS PAISAGENS TRADICIONAIS Coluna
38
ORIENTAÇÃO PARA A QUALIDADE Uveiras ou enforcados Aguardente Bagaceira
15 65
A filoxera Arjões Aguardente de Vinho
39
A demarcação
16
Plano de fomento das adegas cooperativas A MODERNIZAÇÃO NA CONDUÇÃO ESPUMANTES
18 40 66
O reconhecimento da Denominação de Origem A ramada
19
Vinho Verde Cruzeta - Cordão Simples Retombante BIBLIOGRAFIA
41 69
GDC - Cordão Duplo Retombante
A COMUNIDADE EUROPEIA CSR - Cordão Simples Retombante
20
CSOB - Cordão Sobreposto Retombante
42
OS VQPRD’S (Duplo ou Simples)
23
Selos de Garantia CAR - Cordão Simples Ascendente e Retombante
24
Campanhas promocionais CSA - Cordão Simples Ascendente
26 43
Concurso de vinhos e aguardentes engarrafados LYS - Cordão Duplo Sobreposto Ascendente
28
O rótulo - imagem de marca e Retombante
29
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FICHA TÉCNICA
Título Direcção Técnica do Projecto
Catálogo de Marcas da Região José Luís Reis
dos Vinhos Verdes
A Região Demarcada dos Vinhos Verdes - Concepção
Um Século de História Sino Design

Edição Impressão
Comissão de Viticultura Multitema
da Região dos Vinhos Verdes
ISBN
Tratamento de Dados / Tradução 972 - 97940 - 2 - 2
Conceição Osório & Joana Bastos
Depósito Legal
Textos de Suporte (institucional) 190863 / 03
Conceição Osório
Tiragem
Fotografia 5000 exemplares
Domingos Alvão, João Menéres e outras
imagens do Arquivo da CVRVV Ano
2002
Marketing & Comunicação
Joana Bastos

Tratamento Informático
Marta Valente
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Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes | Rua da Restauração, 318 – 4050 - 051 PORTO - PORTUGAL
Telefone: +351 226 077 300 | Fax: +351 226 077 320 | Site: www.vinhoverde.pt | E-mail: info@vinhoverde.pt

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