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NAS ESCOLAS
FASCÍCULO N° 02
HISTÓRIA E CULTURA AFRICANAS PARA
SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Presidência da República Igualdade Racial nas Escolas
Coordenação Geral
Antonio Manoel Ribeiro Almeida
Coordenação Técnica
Segone Nadangalila Cossa
Coordenação Pedagógica
Ricardo Ossagô de Carvalho
Coordenação Audiovisual
Emmanuel Nogueira Ribeiro
Igualdade racial nas escolas: História e cultura africanas para séries iniciais do ensino
fundamental. / Bas´Ilele Malomalo; Carlos Subuhana. – Redenção: Instituto de Educação
a Distância – IEAD / Unilab, 2022.
ISBN 978-65-00-50734-8
CDD 960
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO...........................................................................................................................................4
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................16
APRESENTAÇÃO
Prezado/a cursista:
O Módulo II tratará, de forma breve, da história e da cultura africanas para as séries iniciais do ensino fundamental. Para
tanto, estrutura-se em torno de três unidades. A primeira busca contextualizar geograficamente o continente africano;
tenta explicar por que ele é tido como berço da humanidade e das civilizações; e aborda igualmente a questão das
migrações internas ao continente, enfocando o Vale do Nilo. A segunda unidade destaca as questões da África contem-
porânea, evidenciando as resistências contra a colonização, o processo da descolonização e os desafios contemporâneos.
A terceira retoma as duas anteriores a partir da herança civilizatória africana, mostrando como o passado guia o
presente e o futuro de seus povos e do mundo.
Esperamos que os conteúdos que serão tratados e as abordagens sugeridas aqui proporcionem a busca de uma nova
didática para além do eurocentrismo e do racismo, possibilitando-lhe trilhar um caminho de construção da nossa identi-
dade pessoal e nacional, tendo a África como fonte de inspiração pedagógica.
Objetivos do Módulo:
- Apresentar o panorama da História Geral de África;
- Estudar como desenvolveu-se o processo da hominização em África, as migrações internas
no continente e o surgimento dos espaços civilizatórios africanos;
- Compreender como ocorreram os processos de dominação externa no continente: árabo-muçulmana e europeia;
- Compreender as formas de resistências africanas e os desafios atuais;
- Identificar algumas contribuições africanas para o mundo.
Objetivo da Aprendizagem
Ao final deste Módulo II, esperamos que você possa compreender a linha do tempo dos povos africanos;
a contribuição do continente para as ciências naturais e humanas no mundo; as lutas de resistência
contra o colonialismo; e que essas informações possam contribuir para o aprimoramento
desses conteúdos na sua prática docente.
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UNIDADE 1 | GEOGRÁFICA,
ÁFRICA, BERÇO DA HUMANIDADE: CONTEXTUALIZAÇÃO
CIVILIZAÇÃO E MIGRAÇÃO
Nesta Unidade, faremos uma breve e panorâmica contextualização histórico-geográfica do continente africano, compreen-
dendo-o como berço da humanidade. Ao mesmo tempo, também destacaremos suas contribuições civilizatórias para a
história. Esperamos que ao final o/a estudante seja capaz de reconhecer, compreender, interpretar e explicar esses processos e
seus desdobramentos.
Mapa 1: Mapa 2:
Impérios e reinos africanos pré-coloniais África atualmente
CARTAGO
KMT/EGITO FARAÔNICO
KUSH
GANA SONGHAY
WOLOF AXUM
KANEM-BORNU
MALI
ETIÓPIA
ASHANTI YORUBA
BUGANDA
RUANDA
LUBA
CONGO
LUNDA
MALAWI
LOZI KILWA
MERINA
MONOMOTAPA
ZULU
https://canal.cecierj.edu.br/032020/e8e77a3a26c�f5a40d04724432829ac3.pdf
https://canal.cecierj.edu.br/032020/e8e77a3a26c�f5a40d04724432829ac3.pdf
Saiba
- Aqui você terá acesso às informações sobre o quadro natural, as regiões e as
Mais dinâmicas econômicas da África contemporânea, sob o ponto de vista da Geografia.
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Uma das metodologias que se pode usar para compreender a história africana consiste em se apropriar da periodização
feita pelos próprios povos. Os textos seguintes são de extrema importância para deixar de lado a visão eurocêntrica desse
percurso: História Geral da África (HGA) produzida pela UNESCO (2010), de Carlos Moore, (2005); Novas bases para o ensino da
história da África, de Elisa Larkin Nascimento (2007); O tempo dos povos africanos, da Ankh Revista da Egiptologia e Civilizações
Africanas.
https://pt.unesco.org/fieldo�fice/brasilia/projeto-humanize
Os 8 volumes da História Geral da África da UNESCO foram traduzidos em 2010 no Brasil.
Existem 2 volumes resumidos que podem ser usados em sala de aula.
Guarde
didáticos interessantes que auxiliam no ensino da história e cultura africanas, assim como
da afro-brasileira. Recomendamos que acesse o “Suplemento
dos
https:/ ipeafro.orgPovos
.br/acervo-digital/leituras/publAfricanos”,
https:/ unesdoc.unesco.org/ark:/482 3/pf0 0 190252
didático da Linha do Tempo
https://ipeafro.org.br/acervo-digital/leituras/publicacoes-do-ipeafro/suplemento-didatico/
icacoes-do-ipeafro/suplemento-didatico/ produzido pela professora Elisa Larkin Nascimento, para se aprofun-
bem dar na discussão proposta nesse tópico
http://www.ankhonline.com/civilisations_africaines.htm
Ankh Revista da Egiptologia e Civilizações Africanas foi fundada pelos discípulos do cientista e
egiptólogo senegalês Cheikh Anta Diop. Você pode acessar a revista e traduzir as
informações presentes nela através do google. Faça um bom proveito para deixar suas
aulas mais criativas. Trabalhe conjuntamente com o professor de inglês ou francês da sua
escola.
De forma resumida, a história da África pode ser abordada considerando-se três grandes períodos: África pré-colonial
(10.000 a.C. a 1870 d.C.), África colonial (1870 a 1960/70) e África pós-colonial (de 1960/70 até os dias de hoje). Essa primeira
maneira de periodizar a história africana pode ajudar na didática, mas pode igualmente atrapalhar, pois tende a simplifi-
car os processos históricos que são mais complexos. Além disso, o uso dos prefixos “pré”, “pós” e do termo colonial não ajuda
a escapar da proposta decolonial ou descolonizante da História Geral da África que propomos.
Uma forma interessante de interpretar a história da África do ponto de vista dos africanos é que há uma continuidade entre
a sua Antiguidade (ou era pré-colonial) e os acontecimentos que ocorreram nos períodos colonial e pós-colonial. Em outras
palavras, povos africanos sempre agiram, de forma individual e/ou coletiva, como sujeitos históricos. Isto é, inventando
uma civilização singular e resistindo com base em sua cultura contra invasões e dominações externas; de modo particular,
referimo-nos às árabo-muçulmanas e europeias.
Ahttps://pt.
História unesco.Geral da África da UNESCO aborda a questão da periodização desta forma a seguir:
org/fieldo�fice/brasilia/projeto-humanize
htps:/unedoc. rg/ak:4823pf0 7951 ht ps:/ une doc. s rg/a k: 482 3 pf0 7952 htps:/unedoc.unesorg/ak:4823/pf0 37952 htps:/unedoc.uneso.rg/ak:4823/pf0 379540 htps:/unedoc.uneso.rg/ak:4823/pf0 37954 htps:/unedoc. sorg/ak:4823/pf0 379548 htps:/unedoc. s rg/ak:4823pf0 795 htps:/unedoc.unesorg/ak:4823/pf0 37951
História Geral História Geral História Geral História Geral História Geral História Geral História Geral História Geral
da África,I: da África, II: da África, III: da África, IV: da África, V: da África, VI: da África, VII: da África, VIII:
metodologia e África antiga, África do século África do África do século África do África sob África desde
pré-história da por volta do VII ao XI século XII ao XVI ao XVIII século XIV à dominação 1935
África; África oitavo milênio XVI década de 1880 colonial,
entre 20 e 40 antes da Era 1880-1935
milhões de Cristã até o
anos antes da início do século
Era Cristã, até o VII da Era
início do século Cristã
VII da Era
Cristã
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Nossa proposta é que se possa ler a cronologia da história africana partindo de seus próprios povos. Quando se trata da
História Geral da África da UNESCO, recomendamos que se leia as apresentações e introduções de cada volume que
trazem sínteses do que vai ser desenvolvido. Os textos de Carlos Moore (2005) e Elisa Larkin Nascimento (2007), já
citados, trazem igualmente as linhas do tempo dos povos africanos de forma bem didática. Cabe-nos aqui trazer
algumas precisões na proposta da cronologia da História Geral da África da UNESCO. O seu primeiro volume trata da
metodologia da história africana, o que deveria ser discutido sempre de forma interdisciplinar. Nós acrescentamos que
pode igualmente ser multi e/ou transdisciplinar, conforme a realidade de cada docente ou grupo de trabalho. Essa obser-
vação nos leva a avisar sobre um outro elemento relativo à noção de tempo entre povos africanos: a maneira como eles
fazem e contam a sua história não é feita conforme o tempo linear ocidental, nem na sua lógica racionalista. O tempo
africano é circular e sagrado e não se reduz ao tempo humano. Ele é cósmico, pois envolve outros seres não humanos.
Nesse sentido, em vez de interpretar a história africana somente a partir da história dos seres humanos (20 a 40 milhões
a.C.), é preciso considerar que a africana é parte da história cósmica, isto é, da evolução do Universo e da Terra, considerando
sempre que o Universo teria surgido há pelo menos 20 bilhões de anos e o planeta há pelo menos 5 bilhões. Foi no
Pré-cambriano, há pelo menos 2 bilhões de anos quase, que os primeiros traços da vida vegetal apareceram na Terra
(MALOMALO, 2021b; OBENGA, 1980). Outro dado importante a ressaltar é que foi no Neolítico (10.000 a.C.) que se deu a
formação dos “espaços civilizatórios” africanos que conhecemos hoje: as famílias linguísticas e a constituição do seu
ecossistema atual (entre 12.000 a. C – 3.000 a.C.) (MOORE, 2005).
Mapa 1 Mapa 2
Relação entre Núbia e Kmt/Egito Nascentes do Rio Nilo na região dos Grandes Lagos
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O Vale do Omo está localizado no sudoeste da Etiópia. É um sítio arqueológico importante que forneceu fósseis para a
compreensão da evolução da espécie humana. Descendo mais para baixo, localiza-se na nascente do Nilo, na região dos
Grandes Lagos, a primeira civilização do mundo: a Núbia, atualmente situada no Sudão e no Sudão do Sul. Conforme
Cheikh Anta Diop (2010, 1981), os Kmtjw, os Pretos (que os gregos nomearam de Egípcios), tinham os mesmos ancestrais
que os Núbios, Annu. Para o mesmo autor, os etíopes (identificados na literatura também como núbios) reconheciam, na
Antiguidade, o Kmt/Egito como uma de suas colônias, isto é, no sentido de se tratar do mesmo povo que migrara do Sul
para o Norte do Nilo.
Recomendamos que você faça uso do patrimônio imaterial e material que a África deixou
ao mundo. Acesse sites de tradução através do google, trabalhando de forma interdisci-
plinar com professores de línguas estrangeiras da sua escola:
Guarde
bem
-https://whc.unesco.org/fr/list/17/
Sítio pré-histórico Vale do Omo
-https://whc.unesco.org/fr/list/364 https:/ unesdoc.unesco.org/ark:/482 3/pf0 0 190252
Monumento Nacional Muralhas de Grande Zimbabwe, construído no antigo reino de
Mwenemopata
-httpCarta
s:/ ich.unesco.org/en/RLde
/manden-chMandinga,
arter-proclaimed-in-kurukan-fuga-00290 tido como precursor de direitos humanos antes do século XX
Para compreender a História Geral da África é preciso prestar muita atenção às migrações de suas populações que
ocorreram no Vale do Nilo. Nesse sentido, foram os povos da Núbia (4000 a.C.-750 d.C.), que ocupavam o Alto Nilo, que
migraram para o Baixo Nilo e fundaram Kmt/Egito (3200 a.C.-642 d.C.). Bilolo (2011), seguindo a proposta de Diop (1981),
de tratar a África a partir da sua unidade cultural, compreende que foi há 7 mil anos que se forjou nos Grandes Lagos a
cultura africana da Alta Etiópia (região chamada também de Alto Nilo, Alta Núbia, Alto Sudão), o que ele identifica
como Cyne-Bantu [Família Bantu], uma civilização e uma língua bantu que se falava na antiguidade africana no Vale do
Nilo cujo o Cikam, a língua falada e escrita no Kmt/Egito, é originária. Nesse sentido, os povos pretos daquela região
teriam um parentesco biológico, cultural e histórico entre si. Todavia, gostaríamos de chamar atenção para o fato de que
há particularidades culturais entre esses povos que vão se estabelecer ao longo da história também.
Sendo assim, quando estudamos a cultura e a história dos povos africanos, devemos levar sempre em conta os princípios
de unidade e diversidade. Por exemplo, o Egito faraônico foi inicialmente um estado fundado pelos núbios, mas ao longo
da história foi tomando a sua autonomia política. Núbia deve ser entendida também como um território civilizatório
africano que, ao longo do tempo, manteve-se através de formações políticas com nomes diferentes. A História Geral de
África da UNESCO nos convida a estudar essa região a partir dessas unidades temáticas: a Núbia antes de Napata - 3100
a 750 antes da Era Cristã - (SHERIF, 2010, p. 235); o reino Kerma (1730 a.C. a 1580 a.C.), também citado no texto; o império
Kush (1580 a.C. a 330 d.C.), que surgiu nos territórios núbios e teve como capitais sucessivamente Napata e Méroe,
entrando em declínio por volta de 330 d.C., em decorrência dos ataques sofridos pelo reino africano cristianizado Axum,
que era dirigido pelo rei Ezana (LECLANT, HGA, 2010, p. 290). Vale avisar que a cultura pré-axumita pode ser estudada
para se recuperar um passado africano pré-cristão e pré-islâmico. A partir do V milênio, tem-se notícias da vida humana
nessa região da Etiópia (CONTENSON, 2010, p. 351; COSTA E SILVA, 2011, p. 209).
Depois do estudo do período que aborda a Antiguidade Clássica Africana (5000 a.C.-200 d.C.), Moore (2005) nos convida
a trabalhar, na sala de aula, com outros períodos, os quais ele denomina de: Antiguidade Neoclássica Africana (200
d.C.-1500 d.C.), marco referencial moderno; Período Ressurgente (1500 d.C.-1879 d.C.); Período Colonial (1870 d.C.-1960
d.C.); Período Contemporâneo, o Pós-colonial do qual tínhamos falado (1960 até hoje).
Na Antiguidade Neoclássica Africana houve a aparição, o apogeu e o declínio dos estados agro-burocráticos neoclássicos
nos seus diferentes espaços civilizatórios: Gana (750-1076/1240.); Kanem-Bornu (século VIII a 1387); Mali (12351610);
Mwenemopata (1430-1760); Takrur (800-1285); Songoi (1469-1591). O acontecimento mais conturbado, nesse período
histórico, foi o advento do islã, trazido pelo imperialismo árabe (VII-XVI), e a realização dos tráficos escravistas pelo
Saara, através do Oceano Índico e do Mar Vermelho. Estabelece-se, então, o processo de islamização e de resistência dos
povos africanos contra seus opressores.
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https:/ pib.socioambiental.org/pt/Quadro_Geral_dos_Povos
Reduto da prestigiosa
universidade corânica de
Sankoré, entre outras
madrassas, Timbuktu foi nos
séculos XV e XVI uma capital
intelectual e espiritual e um
centro de propagação do Islã
na África. Suas três grandes
Saiba
mesquitas (Djingareyber,
Mais Sankoré e Sidi Yahia) teste-
munham sua idade de ouro.
Embora restaurados no
século XVI, esses monumen-
tos encontram-se hoje
ameaçados pelo avanço da
Imagem: areia.
Timbuktu, capital do império Mali Saiba mais clicando aqui
https://whc.unesco.org/fr/list/119
O Período Ressurgente (1500 d.C.-1879 d.C.) caracteriza-se, conforme Moore (2005), pela aparição, apogeu e declínio
desses estados agro-burocráticos: Kongo (1350-1888), Ndongo (1300-1657), Oyo (1400-1896), Walo (1287-1855), Macina
(1818-1868), Segu, Kayor (1566-1886), Diolof (1360-1549), KwaZulu (séculos XVIII e XIX), Buganda (século XIV até 1967),
Bunyoro (século XV a 1967), Gaza (1824-1895). Um acontecimento doloroso, para os povos africanos, nesse período, foi a
dominação imperial europeia e o tráfico escravista de pessoas através do Mediterrâneo do oriente e do Atlântico
(XV-XIX). No recorte que o autor faz, datado a partir de 1500 d.C., e que está levando em conta a história africana no
Brasil, estabeleceu-se o processo da cristianização colonial europeia e a resistência de povos nativos africanos. Dentre 15
e 10 mil africanos traficados e escravizados nas Américas, o Brasil recebeu quase a metade: em torno de 45.000, sendo
80% oriundos da região central e austral, países que se nomeiam hoje Angola, Gabão, Congo, RDCongo, África do Sul e
Moçambique.
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TÓPICO 2 | A PARTILHA DA ÁFRICA E A CONFERÊNCIA DE BERLIM
Quando a África não mais podia fornecer escravizados, o interesse das grandes potências passou a ser o da sua ocupação
territorial. No plano político, colônia significava prestígio. O 1º motivo para a partilha foi dado pelo rei da Bélgica, Leopoldo II,
que queria fundar um império ultramarino na região da bacia do rio Congo. O 2º motivo foi a corrida de Portugal, querendo
estender seu império de Angola a Moçambique. O 3º motivo foi o expansionismo da França e Grã-Bretanha, desejando o
controle do Egito. O 4º motivo se deveu aos interesses sobre a “livre navegação e do livre comércio nas bacias do Níger e Congo”
(HERNANDES, 2008). O 5º motivo: estruturação de normas a serem observadas para que as ocupações nas costas de África
fossem consideradas efetivas.
De acordo com José Maria Pereira (1978), foram 14 as
nações que participaram da Conferência de Berlim.
As decisões tomadas nessa Conferência foram várias
e de caráter marcadamente importante para a
história da África. A ata desse evento foi assinada
pelos países participantes, em fevereiro de 1885, com
as seguintes decisões: 1. Liberdade de comércio na
Bacia do Zaire e nos territórios circunvizinhos; 2.
Obrigatoriedade de declarar tráfico de escravos; 3.
Declaração relativa à neutralidade dos territórios
compreendidos na Bacia do rio Zaire; 4. Ato de
navegação do rio Zaire; 5. Ato de navegação do rio
Níger; 6. Declaração sobre futuras ocupações no
continente africano.
A Conferência de Berlim não levou em consideração os interesses dos africanos, pois a partilha foi feita de forma arbitrária e
desrespeitosa às características étnicas e culturais de cada povo, incluindo os reinos e impérios então existentes. Isso nos leva
a afirmar que as fronteiras atuais desse continente são artificiais, o que contribui para muitos dos con�litos e instabilidades
atuais no continente. Noventa por cento (90%) do território foi ocupado pelos invasores, foi introduzido o capitalismo e o
cristianismo evangélico e foram negligenciados os modos de vida tradicionais das populações africanas.
Para saber mais sobre as fronteiras artificiais, recomendamos a leitura do texto “A vida longa
Saiba das linhas retas: cinco mitos sobre as fronteiras na África Negra” (Wolfgang Döpcke, 1999),
Mais disponível no link: https://www.scielo.br/j/rbpi/a/dpGmt9xqGttfgLf5sQ8r55m/?lang=pt
Durante a situação colonial, a abertura de escolas garantiu o acesso à escolarização para um número considerável de africanos,
o que resultou na tomada de consciência e no surgimento de movimentos de resistência. Essa escolarização, proporcionada
pela situação colonial, preparou as novas lideranças políticas para atuarem na conquista das independências e na construção
das novas nações africanas.
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A África passou por uma experiência colonial relativamente curta no tempo decorrido, mas muito intensa no que
concerne às mudanças econômicas, sociais e culturais. A expansão colonial europeia sobre o continente africano
adquiriu maior vigor na virada do século XIX para o XX, quando precisou enfrentar diversas resistências, pulverizadas de
maior ou menor envergadura, mas ainda sem os desenhos das lutas políticas nacionais que se delinearam a partir de
meados do século XX. Passado pouco mais de meio século, a dominação colonial europeia enfrentou um desejo de
independência mais consistente por parte dos povos africanos, desejo esse que se transformaria numa inadiável
realidade após a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), em especial a partir dos anos 1950.
A descolonização pode ser descrita como um processo histórico, primordialmente político, ocorrido em especial após a
segunda metade do século XX, que se traduziu na obtenção gradativa da independência das colônias europeias situadas
na Ásia e na África. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da guerra da Argélia (1954–1962) contra o colonialis-
mo Francês, tem início a era das independências para o continente africano. O processo de descolonização foi lento e
gradativo, marcado por diferentes formas de libertação, que variam conforme as características próprias de cada colônia.
As campanhas, congressos, conferências e propagandas políticas que eram realizadas por líderes africanos (e não só),
foram decisivos para a descolonização do continente. Os africanos não mais aceitariam ser explorados em seus próprios
territórios.
A luta anti-colonialista teve em Kwame Nkrumah e Jomo Kenyatta dois expoentes máximos. O primeiro levou Gana à
liberdade e o segundo desempenhou o mesmo papel no Quênia. Em 1955, ocorreu a Conferência de Bandung, na Indoné-
sia, “onde países emergentes da Ásia se comprometeram a ajudar a libertação dos povos oprimidos ali representados”
(CANEDO, 1992). Os primeiros países africanos a conquistar suas independências foram: Egito (1922), Etiópia (1941), Líbia
(1951), Tunísia e Marrocos (1956), Gana (1957) e Argélia (1962).
Na década de 50 do século XX, vários movimentos de libertação ganharam força, com o objetivo de expulsar o coloniza-
dor e ver seus territórios como países independentes. Entre 1957 e 1961, quase toda África até então colonial já estava
independente, com exceção das antigas colônias portuguesas (Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São
Tomé e Príncipe), que só se separariam da antiga metrópole após o golpe de estado de 25 de abril de 1974, que derrubou
o regime de Marcelo Caetano.
Houve dois tipos de descolonização: a “amigável” e a obtida através de lutas de libertação. A descolonização do continen-
te africano deu-se de maneira desigual. Algumas colônias conseguiram fazer acordo com suas metrópoles, enquanto
outras precisaram travar guerras de independências, assumidas como lutas de libertação anticolonialista.
A independência deu-se, de modo geral, sob o signo da euforia. As estruturas econômicas herdadas do colonizador
obrigaram os povos africanos a recorrer ao auxílio exterior e, efetivamente, colocou-os de novo numa situação de
dependência, face aos antigos estados colonizadores. As independências alcançadas de forma violenta provocaram o
êxodo de técnicos e de capitais e, em muitas das vezes, deixaram os novos Estados numa situação de insolvência.
Segundo Luca (2002 apud IMPANTA; SUBUHANA, 2015), durante a presença europeia, as mulheres africanas se
rebelaram contra a destruição da ordem anterior, que lhes garantia certa autonomia. Acostumadas a uma relativa
independência, a submissão do administrador branco foi percebida como uma dupla opressão e uma perda de direitos,
sobretudo econômicos e sociais. Foi daí que começaram a surgir líderes que defendiam o direito da mulher e também a
resistência anticolonial. Foi, sobretudo, em contextos de extremo sofrimento, que as africanas demonstraram um maior
compromisso durante as lutas armadas pela emancipação do domínio colonial. Países como Angola, Guiné Conacry,
Moçambique, Zimbábue, entre outros, integraram as mulheres em seus movimentos pela libertação.
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Como se pôde ver ao longo de toda esta Unidade,
longe de representarem dilemas estritamente
contemporâneos, alguns dos desafios enfrentados
pelo continente africano possuem suas raízes mais
https:/ pib.socioambiental.org/pt/Quadro_Geral_dos_Povos
Recomendamos que quando você
trabalhar a História Geral da África,
leve sempre em conta as dinâmicas de
profundas em processos históricos vividos há resistências e o protagonismo das
muito tempo, já que alguns deles, como o Guarde mulheres africanas. Para tanto, sugeri-
subdesenvolvimento e a dependência econômica, bem mos que possa acessar esses materiais
por exemplo, podem remontar à exploração da em:
colonização, que teve início no século XV e foi Mulheres da História Geral da África
https://en.unesco.org/womeninafrica/
reeditada no XIX. A próxima Unidade tratará das https://www.ufrgs.br/africanas/
Biografia de Mulheres Africanas
implicações desse passado sobre o presente vivido
e o futuro desejado.
UNIDADE 3 | GUIA
HERANÇA CIVILIZATÓRIA AFRICANA: UM PASSADO QUE
O PRESENTE E O FUTURO
Discutir a herança civilizatória africana se mostra como possibilidade de reconstrução de saberes, devolvendo autoria e
protagonismo àqueles e àquelas que, na noite da história, além de alijados do seu conhecimento, foram invisibilizados
por ondas de apropriação e expropriação, em nome de uma ocidentalidade hegemônica. Afirmar que em África e para
os/as africanos/as - do continente e da diáspora - “o passado guia o presente” é o mesmo que reafirmar que o legado
africano também está na ciência da qual tanto dependemos. Sigamos a re�lexão ao longo da unidade.
O entendimento que os africanos do continente e da diáspora têm hoje é que existe uma continuidade entre o seu passa-
do, o seu presente e o seu futuro. Desse modo, compreende-se que as bases civilizatórias africanas foram lançadas, no
Nilótico, há 10 mil anos, na região dos Grandes Lagos, onde se encontram as fontes do Nilo. Foram os seus ancestrais que
construíram as primeiras civilizações, que se ergueram ao longo desse rio e se espalharam dentro e fora do continente.
Nesta seção, pretendemos apresentar alguns temas que poderiam ser abordados em sala de aula, objetivando
compreender a história e a cultura africanas, fortalecendo a identidade nacional brasileira.
Outra herança que a África traz consigo é de ser a civilização mais antiga no mundo. Quando falamos da contribuição
civilizatória africana, pretendemos destacar que foi nesse território que emergiram as primeiras invenções humanas: as
formas de organizações coletivas, a comunicação, línguas, escritas, a ciência, a tecnologia, a arte, a economia, a política,
a religião e a espiritualidade.
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No campo das ciências humanas, a África nos oferece uma gama de saberes, sobretudo do que hoje podemos nomear
como: filosofia africana, psicologia africana, direito africano, economia africana, antropologia africana, teologia africana
e sociologia africana. Acontece que, como avisamos, na Antiguidade do continente não havia a separação desses saberes.
Estudiosos como Diop (1981), para se referirem a esse campo de conhecimento, falam de Filosofia Africana ou, ainda, de
Humanidades Africanas. Toda essa compreensão opera de forma holística e transdisciplinar. A sua finalidade era, e
continua sendo, gerar a harmonia entre a comunidade humana e a sua relação com a natureza, com os ancestrais e com
as divindades. Portanto, essa perspectiva trabalha para o bem-estar não somente humano, mas cósmico. É práxis o uso,
geralmente, dos quatro elementos que formam a realidade cósmica: água, fogo, ar e terra. A espiritualidade africana é
tida como uma ciência de autoconhecimento, da natureza e da sua ancestralidade, a fim de alcançar a superação dos
problemas da vida, em prol da criação do equilíbrio físico, mental e ambiental.
TÓPICO 2 | DA
AFRICANOS COMO INVENTORES DE CIÊNCIAS
NATUREZA E DAS HUMANIDADES
Os estudos de Diop (1981) e Obenga (1990), para abordarem a temática da contribuição da África para a humanidade, nos
levam a compreender que é a partir da Egiptologia africana que se desenvolvem tanto as ciências da natureza quanto as
humanidades, pista didática valiosa deixada por eles. É a esse conjunto de conhecimentos, técnicas e saberes, que geral-
mente se costuma chamar de filosofia africana. (MALOMALO, 2021a)
No que diz respeito às ciências da natureza, esses temas poderão ser estudados junto com os alunos, partindo dos reinos
africanos da Antiguidade Clássica até os estados-nações africanos da contemporaneidade: 1. Matemática egípcia,
geometria e superfície da esfera: raiz quadrada, teorema dito “de Pitágoras” e números irracionais; quadratura do círcu-
lo; superfície do círculo, do retângulo, do triângulo, do trapézio; volume do cilindro, paralelepípedo e da esfera; cálculo
da superfície do triângulo, do círculo, do volume cilíndrico, do ângulo da inclinação de uma pirâmide. 2. Álgebra: séries
matemáticas; equação de primeiro e segundo grau; ponderação de quantidades: “peso”. 3. Aritmética: termos matemáti-
cos egípcios que sobreviveram no walaf. 4. Astronomia: fases da lua; calendário; orientações de monumentos; os decana-
tos; meteorologia. 5. Medicina: cirurgia, tratamentos de doenças. 6. Química: etimologia do verbete “química”, palavra
oriunda de kmti, preto; indústria têxtil, perfume, cerveja; metalurgia do ferro, do ouro e outros metais. 7. Arquitetura e
engenharia: bases matemáticas da arquitetura egípcia; cânone estético da arte egípcia; construção naval e de pirâmides;
8. Aeronáutica experimental no Egito. 9. Agricultura (MALOMALO, 2021a ; OBENGA, 1990; DIOP, 1981).
Quanto às ciências humanas, destacamos os temas
https:/ abpnrevista.org.br/index.php/site/article/view/1228
que poderão ser abordados: a lógica própria do - Anterioridade e feitura da sociologia
pensamento filosófico-espiritual africano, pauta- africana
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Dessa forma é que surgiram as famílias linhageiras, aldeias, reinos e impérios africanos. As famílias são extensas, e não
nucleares, como no Ocidente. O matriarcado, em muitos lugares na África, sempre prevaleceu no lugar do sistema patri-
arcal. Nesse sentido, antes de entrar em contato com as cosmopercepções árabe e ocidental, mulheres africanas ocupa-
vam lugares de destaque em todas as esferas da sociedade.
Os africanos inventaram outras formas de comunicação. Além disso, sabemos que as línguas africanas são milenares.
Embora em muitos lugares a oralidade seja anterior e prevaleça em relação à letra, povos africanos criaram a primeira
escrita do mundo. Os egípcios inventaram, entre 4000 a.C., o Mdwt ntr (Medu neter, “palavras da natureza divina”,
semelhante aos hieróglifos gregos, que significam “escrita sagrada”).
Medu Neter, Hierática, Demótica e Copta (Egito) Loma (norte da Libéria, proximidades de Monróvia
Nsibidi (do território dos Efik, sudeste da Nigéria) Sona (Tshoke, norte de Angola)
A religião, a arte e a filosofia africanas são outras formas de comunicação que seus povos inventaram. Como já avisamos,
didaticamente elas deveriam ser abordadas levando-se em conta as relações entre o período antigo e o período contem-
porâneo, pois esses sistemas culturais são dinâmicos. Cientistas da religião africana decidiram nomear, nos anos sessen-
ta do século XX, as práticas religiosas de seus ancestrais, que emergiram das Religiões Tradicionais Africanas (RTA) na
antiguidade. Dessas práticas, podemos citar a religião do Egito antigo, que em muito in�luenciou as religiões grega,
romana, judaica, cristã e islamita. A religiosidade de vodun dos fon, dos orixás dos yorubas e dos nkisi dos bakongo, chega-
ram no Brasil nos séculos XVI e XVII. Existe também um cristianismo negro e um islã negro, praticados no continente
africano e na sua diáspora brasileira, e que desempenham um papel importante na definição de identidade de seus
povos. Hoje há uma efervescência de volta à tradição ancestral africana através da prática do Kemetismo.
A arte africana comporta várias expressões. Entre elas, vale destacar: as artes plásticas: pintura, escultura e colagem; as
artes do corpo: dança, música, canto, teatro; artes marciais e de lazeres, como a luta livre senegalesa, chamada lamb, em
wolof, e também a prática de Ngola, em Angola, que é vista como uma forma de arte marcial que deu origem à capoeira
no Brasil. A literatura africana é também uma criação artística que pode nos oferecer materiais para trabalhar na sala de
aula. Algumas de suas modalidades são: mitos, contos, lendas e estórias. Dentre os assuntos que dizem respeito à África
contemporânea, o cinema africano e o afro-futurismo são temas que podem ser igualmente abordados.
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Sugerimos que acesse alguns museus existentes no país e no mundo e que comportam
temáticas da história e cultura africanas:
Saiba
-http:Museu
/ www.museuafrobrasiAfro
l.org.br/o-museu/
Brasilapresentacao
Mais
http://www.mafro.ceao.u�ba.br/
- Museu Afro-Brasileiro
-httpsMuseu
:/ www.museunacional.ufrj.br/dNacional
ir/exposicoes/etnologia/kumbukumbu.html
Do lado oposto, as lutas dos povos africanos pela descolonização andaram junto com o surgimento da ideologia do panafri-
canismo na África e em suas diásporas. Essas lutas e resistências devem sempre ser interpretadas numa perspectiva históri-
ca de longo alcance. Em 1960, a maioria dos territórios africanos colonizados pelos britânicos e franceses conquistaram suas
independências. Territórios ocupados pelo império português, em África, retomaram a sua soberania na década de 1970,
depois da guerra civil.
O período das independências africanas foi acompanhado pelo pesadelo do neocolonialismo ocidental e a criação da Orga-
nização da União Africana (OUA) - (https://au.int/fr/agenda2063), em 1963. A partir de 1990, a África passa por um processo
de reconfiguração de suas democracias, depois de uma experiência dolorosa de partidos únicos e ditaduras, em geral. A
partir do novo milênio, a OUA foi rebatizada com o nome de União Africana (UA) e, em 2013, lançou a Agenda 2063, que
projetava o desenvolvimento africano para os próximos cinquenta anos.
Observamos que a história do continente africano e de seus povos - incluindo aqueles da diáspora - pode ser tomada como
um percurso condensado da experiência humana. Isso porque, além de ter contribuído direta e literalmente para o surgi-
mento da humanidade, a África também pode ser entendida como epicentro das grandes transformações pelas quais o
mundo passou.
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