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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
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O termo diferença aqui é utilizado a partir da perspectiva de Thomas e Ely (1996) do produto
originado a partir da interação entre pessoas com diferentes vivências requer no grupo a capacidade
de gestão de conflitos e liderança madura, para conduzir o time e a implementação de novas ideias
de forma gradual. THOMAS D; ELY, R. J. Making differences matter: a new paradigm for managing
diversity. Havard Business Review, Sep./Oct. 1996
ajudar a fornecer um senso de identidade. Na verdade, essa é uma das principais
razões pelas quais a história é ensinada nas escolas de todo o mundo.
Quando da formação sócio histórica brasileira, deve-se lembrar que a história
afro-brasileira não é toda sobre escravidão, mas que essa “condição” teve um
impacto profundo e alcance que continua até atualmente. Logo, para além de uma
marca histórica, é fundamental que suas marcas sejam revistas e, principalmente,
sejam percebidas como essas podem ser articuladas no ensino escolar para além
das obras científicas.
Diante disso, esse artigo questiona quais as contribuições do ensino da
história afro brasileira no ambiente escolar? Assim, parte-se do pressuposto que a
educação inclusiva deve buscar compreender a formação sócio histórica do seu
povo e, principalmente, valorizar a diversidade cultural. Ademais, o ensino da
disciplina deve acompanhar as demandas e novos contextos sociais e o
cumprimento normativo estabelecido pela Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003,
que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-
Brasileira", e dá outras providências.
Esse estudo, de forma geral, buscou compreender o ensino da história afro
brasileira no ambiente escolar. Especificamente, delimitar a metodologia do ensino
da história; compreender as bases curriculares do ensino da história afro-brasileira
no Brasil; e, por fim, apontar algumas obras que tratam da temática e podem ser
trabalhadas na escola quando das aulas interdisciplinar a partir do uso de obras
clássicas brasileiras
Essa pesquisa se classifica como uma revisão de literatura realizada de forma
exploratória a partir de uma abordagem qualitativa de material previamente
selecionado a partir da utilização dos descritores “Educação inclusiva. Ensino de
história. Cultura Afro”. Quanto ao método, para verificar as aos recursos
tecnológicos no processo de ensino de história, optou-se pelo dedutivo que
conforme Lakatos e Marconi (2005) é desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos
Quando da relevância, é fundamental compreender que o professor de
história conhecimento da cultura afro-brasileira torna pessoas mais completas e
mais bem preparadas para aprender em todas as suas disciplinas acadêmicas em
um contexto social em que as diferenças se tornam cada vez mais produtos de
discussões sociais logo, essa pesquisa busca contribuir com uma reflexão científica
sobre as novas estratégias de ensino que contemplem e interagem.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.
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Explicar esse termo, importante também como sistema de exploração colonial utilizado entre os
séculos XV e XIX principalmente nas colônias europeias da América
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O conceito de ordem de indexicalidade de acordo com Blommaert (2017), são os valores, as
crenças ou normas que são hierarquizados, estratificados e apontados no processo de
indexicalização de Discursos (Blommaert, 2017) por meio de escalas locais e translocais. Segundo
ele, a escala, termo emprestado da história e da geografia, é uma metáfora para imaginar “o
movimento de mensagens ou pessoas pelo espaço e pelo tempo que são constituídos por normas,
expectativas e códigos”.
contrapartida, no mesmo período, a pesquisa de Schwarz (2008) afirma que em
outros estados homens “dotados altas habilidade” eram estimados em 150.000
(Cento e cinquenta mil). Logo, para além da comercialização, havia ainda uma
espécie de mais valia agregada ao escravo.
Especificamente, na região, ocorreu um comércio consolidado tráfico por meio
de assentos com comerciantes privados parecesse ideal tanto para a Fazenda real.
Tal esquema fez com que houvesse uma oneração no preço dessa mão de obra e
uma intensa reclamação da população local a coroa. Nesse sentido, Chambouleyron
(2006) terce uma crítica e afirma que o dinheiro procedente da venda de fazendas e
africanos, ao que parece, servia igualmente para resolver outros problemas da
Coroa.
O autor supracitado esclarece que importação de escravos africanos para o
Estado do Maranhão, durante o século XVII, fora igualmente pensada a partir de um
outro quadro muito específico, relacionado com os problemas decorrentes do uso de
trabalhadores indígenas em terras locais.
Chambouleyron (2006) destaca que, através de um discurso “progressista”,
Estado buscou, com tempo, formas de coibir trabalho escravo. Entretanto, esse
destaca que a intenção parecia ser, assim, por um lado, estabelecer uma conexão
atlântica, que tinha por objetivo resolver os problemas decorrentes da proibição da
escravização por outros poderes estatais.
Cumpre lembrar que a questão da escravidão não foi totalmente superada na
região nordeste Atualmente, essa toma novos contornos. Conforme a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), resgates de trabalhadores em situação análoga à
de escravidão crescem em diversos municípios e regiões no ano pandemia da
COVID-19.
Sou negro, identifico como meu o corpo em que o meu eu está inserido,
atribuo à sua cor a suscetibilidade de ser valorizada esteticamente e
considero a minha condição étnica como um dos suportes do meu orgulho
pessoal – eis aí toda propedêutica sociológica, todo um ponto de partida
para a elaboração de uma hermenêutica da situação do negro no Brasil
(GUERREIRO RAMOS, 1995, p. 199)
Ademais, a OIT (2021) ainda aponta que, nos últimos 25 anos, os municípios
com maior incidência de pessoas resgatadas encontram-se nos estados do Pará e
do Maranhão. Apenas em 2020, foram 76 casos registrados de pessoas no Estado
do Pará em situação análoga à escravidão. Tal número ratifica a constatação da
pesquisa de Chambouleyron (2006) os números historicamente retratados
definitivamente não podem servir de empecilho, nem de modelo, para se entender
os significados e as implicações da presença africana na região.
Santos (2014) aponta que uma consequenmcia desse transcorrer é o mais
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Aqui utilizado como possibilidade de interferiria em decisões sociais.
é analisado apenas levando em consideração da sua manifestação histórica e não
de fato da análise dos elementos que o compõe.
Denomina-se Escolas Evolucionistas e Continuísta aquelas que tratam da
crença de que as sucessivas regulamentações de um instituto por meio de normas
escritas (ou costumeiras) podem ser descritas seguindo um esquema de
continuidade no tempo, iniciando pela legislação mais antiga do mundo e terminando
com a que está atualmente em vigor.
Sabadell (2018) afirma que a história está para além do fenômeno social, uma
vez, que as percepções e as reações subjetivas são tão diferentes que não
podemos identificar um fenômeno coletivo. Logo, o pesquisador tende construir
objeto como hipótese que nem sempre existiu, então deve ser necessária; seus
críticos ignoram esta lição fundamental da história da humanidade, qual seja, o fato
de o ser uma verdadeira constante antropológica
Ademais, a autora esclarece que a existência do Estado não significa que não
existam outras formas de sociedade. Ao contrário, qualquer corpo social (religião,
partido, associação, empresa) funciona como uma instituição e desenvolve seu
próprio ordenamento jurídico. Ou seja, uma sociedade pode comportar outras
formas de normas de conduta tão coercitivas quanto aquelas advindas desse
modelo e cabe ao historiador a sua identificação.
Apesar de em regra reproduzirem a mesma forma de examinar o objeto, não
há existência de do Estado não significa que não existam outras formas na
sociedade. Ao contrário, qualquer corpo social (religião, partido, associação,
empresa) funciona como uma instituição e desenvolve seu próprio ordenamento
jurídico.
Assim, Sabadell (2018) aponta que uma forma de enfretamento dessa
problemática é a construção de um árduo trabalho de contextualização histórica na
tentativa de descobrir qual era e função e a eficácia social desses elementos
normativos em sua época, isto é, um trabalho de natureza histórica do qual espera-
se entender como esses elementos eram percebidos em seu período e não
simplesmente como atualmente.
Por sua vez, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei nº 9394/96.
20 de dezembro de 1996, em seu art. 2º a educação escolar deverá vincular-se ao
mundo do trabalho e à prática social. A partir da interpretação do artigo normativo
verifica-se que cabe ao professor buscar metodologias que agregue a inclusão ao
processo de ensino e aprendizagem.
A LDB, em seu art. 26, estabelece que nos estabelecimentos de ensino
fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo
da história e cultura afro-brasileira e indígena. Macedo, Santos e Santana (2020)
afirma que discutir o ensino de história é algo que nos oportuniza debates e
reflexões interessantes, em especial no processo metodológico utilizado pelos
professores, pensam-se na organização da escola, no tempo da escola. Para essas,
isso inclui questões essenciais e se alinham com as avaliações e garante que os
alunos entendam exatamente o que precisam saber ao final da unidade.
No âmbito da educação brasileira, como já mencionado a Base nacional
comum curricular (BNCC) traz em seu escopo a necessidade de uma educação que
reconhece uma sociedade com múltiplas identidades. Como exemplo, destaca-se a
Competência nº 3 que estabelece que o modelo brasileiro deve valorizar e fruir as
diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também
participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
Ademais, a LDB, em seu art. 25, ainda versa que:
Sabadell (2018) leciona que não cabe ao historiador se iludir sobre sua
capacidade de entender perfeitamente realidades passadas, nem segue o projeto
continuísta e evolucionista pode, dedicando-se ao estudo das fontes e de seu
contexto, indicar o que se entendia nas ideias da sociedade a que se determinou a
educar.
Muitas são as obras que contribuem para a reflexão crítica das contribuições
da cultura africana para a história brasileira e que possuem ludicidade que o
professor pode explorar no espaço escolar. Ubaldo (2014) traz essa reflexão sobre o
impacto dos fatores políticos quando da formação sócio históricas do povo brasileiro.
Dentre as personagens que marcam esse processo de miscigenação que está, para
além das questões econômicas, Marias da Fé Neta do Nego Leléu é não é apenas
uma expressão da alegoria na obra, mas ainda se faz presente na cultura quando os
laços parentais passam a ser apostos e, até mesmo, adjuntos adnominais.
Ao mesmo tempo os personagens de Ubaldo (2014) conseguem apresentar
elementos de uma classe que inicia a construção de uma consciente de identidade
de si e para si. Apesar do autor colocar em reflexão crítica a veracidade da
construção da história brasileira, visto que, o segredo da Verdade é que não existem
fatos, só existem histórias (UBALDO, 2014), é possível verificar narrativa abaixo:
O povo brasileiro não deve nada a ninguém, tenente. Ao povo é que
devem, sempre deveram, querem continuar sempre devendo. O senhor
papagaia as mentiras que ouve, porque não interessa aos poderosos saber
da verdade, mas apenas do que lhes convém. Como queria o senhor que
um povo conservado na mais funda ignorância pudesse compreender que
não é a República a responsável por tudo de mal que lhe vem
acontecendo? Se tudo piora, se a miséria aumenta, se a opressão se
faz sempre mais insuportável, se a fome e a falta de terras são o destino
de cada dia, enquanto os senhores salvam a Nação na capital, escrevendo
leis para favorecer a quem sempre foi favorecido?" (RIBEIRO, 2014,
recurso digital, grifo nosso).
Não podia ficar, estava muito tarde, precisava acordar cedo, havia muito
que andar e ele não conhecia o caminho direito, tendo começado viagem
havia bastante tempo, saindo do sertão do Piauí por trilhas enoveladas até
bater-se ali. Mas esperava que, com perseverança e boa marcha
andadeira, com fé em Cristo e na Virgem Santíssima, em mais alguns dias
chegaria aonde estava indo para peregrinar e talvez morar, o renomado
Arraial de Canudos, governado pelo Conselheiro. [...] Sua República é um
novo embuste, dos muitos que nos perpetraram e perpetrarão, pois não
tenho ilusões sobre quem terminará vencendo esta guerra civil de Canudos
(RIBEIRO, 2014, recurso digital).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972.
TAUNAY, C, A. Manual do agricultor brasileiro. São Paulo: Cia. das Letras, 2001.