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Universidade Federal Rural de Pernambuco

Departamento de História

Disciplina: História e Cultura Afro-Brasileira


Docente: Maria Emília Vasconcelos
Recife, 08 de março de 2023
Discente: Marta Raquel Nascimento Oliveira

1ª Verificação de Aprendizagem

Para elaboração desta reflexão, escolhi os textos da Raquel Gomes e do Carlos


Lopes, a fim de apresentar os conceitos e argumentos defendidos por eles no decorrer dos
textos e como esses se articulam. A autoria do primeiro texto desenvolve suas ideias a
partir da perspectiva da institucionalização da lei 10.639 de 2003, que torna obrigatório o
ensino da História da África e da Cultura Afro-brasileira nos currículos oficiais da educação
básica, e seus desafios à prática de ensino. No segundo texto, o autor, Carlos Lopes,
articula seus argumentos a partir da ideia de um sociedade invertida, onde a história do
povo africano não é historiografada pelo povo a qual a identidade a pertence, tendo, desta
forma,uma história de caráter simplista e reducionista.
De memórias e lutas cotidiana: a institucionalização do ensino de história da África
no Brasil, é o título de um dos capítulos do livro África, Margens e Oceanos: perspectivas
de História Social. Neste capítulo, Raquel Gomes nos faz refletir sobre os desafios de
ensinar a História da África e da Cultura Afro-brasileira, firmada, ou garantida por lei, a mais
de 10 anos na Lei de Diretrizes e Bases (LDB).
Raquel caracteriza os desafios quando pontua que a (nossa) formação de
professores é frágil,no que diz respeito a História e Cultura africana e Afro-brasileira;
quando cita a dificuldade na circulação de materiais didáticos e paradidáticos que
apresentem essas narrativas; quando afirma que falta articulação entre as disciplinas e, de
modo geral, na escola que ainda não está preparada e qualificada para se articular
enquanto unidade de protagonismo da educacional.
Precisamos, enquanto educadores, compreender que, antes de um plano de aula ou
sequência didática sobre História da África acessar as salas de aula, nós precisamos
compreender que essa História, que forças políticas historicamente tentam apagar ao longo
do tempo, é uma área de luta e resistência política. E fazer história na perspectiva da
10.639 é assegurar o lugar político e social nos espaços de ensino formal e na formação
continuada de professores.
Os desafios estão postos em nossa sociedade. As memórias e as lutas cotidianas,
que intitula esse capítulo, remetem aos desafios do convívio com uma estrutura social
predominantemente conservadora, excludente, neoliberal, que busca, a todo custo,
brechas, espaços, para ameaçar e/ou revogar o direito a um ensino que garanta as ações
afirmativas. Os desafios caminham paralelamente com essa ideologia de não aceitação de
uma outra história para a que fora contada pelo colonizador.
Para garantirmos um ensino da História da África e Cultura Afro-brasileira,em
território brasileiro, precisamos assegurar o lugar político-social das ações afirmativas em
nossa formação; fomentar o diálogo da sociedade com a academia e tornar acessível as
práticas de pesquisa ( a fim de fortalecer a formação continuada de professores).
Os argumentos que Lopes defende em seu texto complementam as reflexões
trazidas por Raquel, ao apresentar os desafios. Enquanto Raquel fala dos desafios, dos
paradigmas que ainda precisam ser superados e das urgências que precisam ser atendidas,
como a formação de professores, Lopes argumenta sobre a contradição na escrita, nos
registros históricos que falam da África e estes constituídos por pessoas não africanas. Ora,
se temos uma lei que garante o ensino da História da áfrica na educação básica e na
formação de professores, precisamos refletir quem historiagrafou esse tempo histórico,
como o fez e quem tem acesso a ele.
Lopes problematiza ao afirmar que temos uma historiografia dominada por mãos
não-africanas, carregadas de interpretações rasas e reducionistas diante de uma
complexidade histórica. Em seu texto, Carlos Lopes, organiza suas ideias apresentando
dentro do capítulo de título A pirâmide invertida - Historiografia Africana feita por Africanos,
três grupos ou movimentos,correntes, ideologias, etc, que, ao longo do tempo e da história,
produziram, escreveram sobre África.
No primeiro, como a África era descrita como lugar de não-história antes da
colonização ( ou seja, as vidas, culturas, memórias e todo arcabouço histórico não tinha
relevância alguma antes da colonização), é denominado de Inferioridade Africana. Os
estudiosos ( não-africanos), como o citado Hegel, afirmava que a África não fazia parte da
história do mundo, uma vez que não tinham arsenal histórico, cultural para apresentar. Essa
ideologia de inferioridade africana, alimentada pelas bulas papais ( que conferiram o direito
de colonizar e escravizar populações pretas e tidas “pagãs), fortalecida pela estrutura
colonial de domínio físico, humano e espiritual, onde a etiologia( a comparação de culturas,
a grosso modo ) se impunha a História da África, em que o negro era visto como um ser que
tinha, devido suas caracteríticas físicas, necessidade de ser educado para a civilidade.
Desta forma, o colonialismo produziu um conjunto de ideias, de conhecimentos e meios
para explorar ,e garantindo dessa forma, a dependência do outro.
A proposta ideológica da Superioridade Africana, apresenta um marco na história
dos povos de África, apresentando argumentos favoráveis à superioridade africana, com
mudanças sociais ao longo do tempo e da história; com as contribuições africanas de
resistência ao colonialismo. É nessa ideia que se afirma a corrente da Pirâmide invertida,
uma historiografia que projeta o conhecido e reconhecido, apresentando feitos históricos
africanos muito além, se comparados, aos que se consideravam melhor. Nessa ideia, há
uma pluralidade irredutível da história da África, onde o Egito é uma civilização negra por e
de excelência. A História da África Negra se torna símbolo de afirmação da pirâmide
invertida e do nascimento de novos historiadores africanos. Um marco.
Na terceira e última corrente, há uma ampliação dos historiadores. O processo de
transição entre a segunda e terceira é marcada por crises políticas num contexto de
incertezas, fez com que houvesse um rompimento no processo dos escritos historiográficos.
Assim surgem novos historiadores, que marcam esse período de Nova Escola. Com as
emoções controladas, os novos historiadores, afinaram técnicas, conheceram tendências
transnacionais e quebraram barreiras impostas pelas línguas dos colonizadores.

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