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As bases da ocupação colonial da Amazônia. As políticas do Estado português para as regiões dos
vales do Guaporé e Madeira. A questão das fronteiras entre América Portuguesa e o império hispânico e
a criação da Capitania de Mato Grosso. ................................................................................................... 1
A economia colonial nos vales do Guaporé e Madeira: mineração, drogas do sertão, o escravismo, o
contrabando e as rotas fluviais... .............................................................................................................. 3
Colonização e povoamento no vale do Madeira e do Guaporé nos séculos XIX e XX. O advento da
exploração seringueira e a questão das fronteiras. .................................................................................. 7
As diversas etapas da construção da Ferrovia Madeira Mamoré. A Comissão Rondon e a instalação
das linhas telegráficas. ........................................................................................................................... 10
A criação dos Territórios Federais do Guaporé e de Rondônia. Os novos surtos de povoamento e a
ampliação do extrativismo mineral. A implantação do Estado de Rondônia. Os projetos de colonização
estatais e privados. A instalação da rodovia federal BR-364. ................................................................. 19
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todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. As missões religiosas e a ocupação do vale amazônico. Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro <
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/tema66.html>
Para compreender a ocupação do vale do Guaporé pelos europeus, temos que analisar as disputas
territoriais entre Portugal e Espanha no século XVIII. É sabido que anterior a este período já havia
andanças por parte dos ibéricos por esta parte, porém a colonização sistemática passou a ser somente
no século XVIII, entre outros motivos, a descoberta de ouro e também para consolidar as fronteiras
lusitanas e hispânicas na região.
No final do século XVII e início do século XVIII foi encontrado ouro na região (atual) de Minas Gerais
e Goiás. E devido à grande imigração dos lusitanos da península para o Brasil, vários dos bandeirantes
que haviam descobertos tais veias auríferas acabaram por serem expulsos destas minas descobertas e
tiveram deslocar para outras partes em busca de novos achados e também de prear as populações
nativas.
Nas andanças destes paulistas pelo interior (no sentindo oeste) chegaram então ao atual Mato Grosso,
e as margens do rio Coxipó, encontraram então ouro. Mais tarde no córrego denominado de prainha, o
maior achado de ouro daquelas bandas foi descoberto, a famosa Lavras do Sutil, tudo isso ainda na
primeira parte do século XVIII.
Porém até 1750 as lavras de Cuiabá já apresentaram forte esgotamento, pois as técnicas de
exploração eram muito rudimentares. E esse “rápido” esgotamento levaram a importantes consequências
na ocupação das terras a oeste:
“... Assim, os mineiros mais afoitos, na ânsia de encontrar ouro em maior profusão, deixavam Cuiabá,
seguindo rumos diversos. Dessa movimentação, foram descobertas outras jazidas de menor proporção,
responsáveis pelo povoamento de área a Oeste que, pelo Tratado de Tordesilhas, não pertenceria
oficialmente a Portugal...” (SIQUEIRA, p.40)
A movimentação das populações lusitana acabou por modificar as fronteiras entre Portugal e Espanha.
O Tratado de Tordesilhas já havia sido “rasgado” há tempos. Porém a cada dia os portugueses ampliavam
ainda mais suas fronteiras para dentro do território hispânico. As fronteiras chegavam, neste momento,
até o vale do rio Guaporé, que passou a ser sistematicamente ocupado, ora ordenadamente, ora
desordenadamente.
Inicialmente a organização não pautou a ocupação, pois quem ali chegou primeiro foram garimpeiros
sem grandes condições financeiras para construção de casas e fundação de vilas. E também não era, de
início, o interesse da maioria desses garimpeiros se fixarem na região, muito pelo contrário, o sonho do
eldorado, era encontrar riqueza e ir embora, de preferência para a terrinha.
Mas a Coroa lusitana interessada não apenas na riqueza da região, mas também na ampliação das
fronteiras de seu “Império” no Brasil, passou a organizar esta ocupação. A primeira medida foi
desmembrar esta região a oeste da capitania de São Paulo, criando em 1748 a capitania de Mato Grosso.
Foi nomeado para ser o 1º Capitão-General desta capitania Dom Antônio Rolim de Moura, que recebeu
diversas recomendações, diretamente da rainha Mariana para realizar no Mato Grosso.
A principal delas: criar uma capital no extremo oeste da capitania, para assegurar o território
conquistado. Além disso, criar missões jesuíticas (que foi inicialmente criada no atual município de
Chapada dos Guimarães) e construir fortes e fortificações no vale do Guaporé.
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ALCÂNTARA, Mauro Henrique Miranda de. A exploração do vale do Guaporé no século XVIII.
O 1º capitão-general foi um habilidoso diplomata, sabendo avançar para dentro dos territórios
espanhóis, ampliando as fronteiras lusitanas no oeste da América, e também sabendo recuar quando
uma possibilidade de conflito com os hispânicos era evidente. Criou a Companhia de Pedestres, onde
recrutava qualquer homem que se disponibilizasse ou não para compor um exército, dando maior
segurança à região.
Colonização Portuguesa: Apesar de os espanhóis terem seus direitos garantidos pelo Tratado de
Tordesilhas, não se interessaram por povoar a Amazônia. Por sua vez, os portugueses não vacilaram em
tomar a iniciativa de seu efetivo controle. A Amazônia já começava a sofrer ameaças de invasão de
ingleses, franceses e holandeses. A expulsão dos franceses do Maranhão, que ali tentaram estabelecer
a França Equinocial alertou os portugueses para a importância da defesa da região. Assim, coube a
Francisco Caldeira Castelo Branco fundar, em 1616, na foz do rio Amazonas, o Forte do Presépio que,
além de proteger possíveis invasões estrangeiras por via fluvial, deu origem à atual cidade de Belém e
serviu como base para o povoamento da Amazônia. Era necessário alargar os domínios portugueses
para oeste, para assegurar a exploração das riquezas ocultas da floresta. Para tanto, foi organizada uma
grande expedição, decisiva para a conquista portuguesa da Amazônia. Coube ao capitão Pedro Teixeira,
em 1637, o comando da expedição composta por cerca de duas mil pessoas, sendo a grande maioria
índios. Apesar das dificuldades enfrentadas, ela conseguiu estabelecer marcos de ocupação territorial
portuguesa ao longo do rio. Além da proteção contra outros europeus, os fortes também serviam para
estabelecer núcleos de povoamento a partir dos quais pudesse ser estabelecida a colonização. Na
Amazônia, os principais recursos explorados pelos portugueses foram a mão-de-obra indígena e as
drogas do sertão, especiarias de alto preço no mercado europeu.
De uma área com uma multiplicidade de povos ameríndios que seguiam seu desenvolvimento próprio,
a Amazônia havia se tornado, em menos de dois séculos, território anexo ao reino português. Além de
serem capturados pelos soldados portugueses, os índios amazônicos passaram a sofrer a ação dos
missionários de diversas ordens religiosas que se dedicavam a convertê-los à fé cristã – boa parte da
ação jesuítica dizia respeito à produção de riquezas com o emprego da mão-de-obra indígena. Os
diversos povos amazônicos resistiram o quanto puderam, mas a “avalanche” europeia trazia muitíssimas
armas desconhecidas. Os europeus trouxeram doenças contra as quais os índios não possuíam
resistência. Sarampo, gripe, tuberculose e outras enfermidades rapidamente se alastraram entre os
grupos indígenas da região, dizimando aldeias inteiras diante de pajés que não sabiam como curar
aquelas moléstias desconhecidas.
Logo de início ficou claro que nem mesmo toda a tecnologia europeia seria capaz de superar as
dificuldades apresentadas pelo povoamento da Amazônia. As enormes distâncias, a selva impenetrável,
perigos de diferentes naturezas perturbavam quem quer que tivesse coragem de ali entrar. As doenças
da selva ganhavam fama, as condições climáticas se revelavam extremas para os europeus e o imenso
esforço necessário para a extração das riquezas ocultas na floresta tornaram a Amazônia um lugar
indomável, indecifrável, impiedosamente selvagem no imaginário do colonizador. Um “inferno verde”.
Passou a predominar por toda a Amazônia o uso de uma língua geral, de origem Tupi, que auxiliava na
incorporação dos índios à empresa colonial. A mestiçagem foi estimulada dando origem à população
cabocla, tão marcante nas terras amazônicas. Calcula-se que, em 1740, havia cerca de 50 mil índios
vivendo em aldeias formadas por jesuítas e franciscanos. O inevitável resultado do processo de
escravidão, imposto pelo colonizador ou por meio da ação dos jesuítas, foi a redução maciça da
população indígena amazônica.
Amazônia Portuguesa
Amazônia Brasileira
Na metade do século XIX, findo o período das “drogas do sertão” e iniciada uma ocupação mais
sistemática da Amazônia, temos uma nova base cultural estabelecida. A fronteira do território da
Amazônia brasileira permaneceria móvel até o início do século XX, quando os contornos políticos do
Brasil seriam definidos com a conquista dos territórios do Amapá e de Roraima, ao Norte, e do Acre, no
extremo Oeste. Estes extremos, especialmente as regiões dos altos rios, na parte mais ocidental da
floresta, permaneciam como área de refúgio dos primeiros habitantes, os povos indígenas mais arredios
que não foram incorporados aos empreendimentos colonialistas, nem de Portugal nem da Espanha. Esta
Amazônia profunda retinha suas riquezas em segredo e realimentava o mito do “inferno verde”.
Ainda no século XVI representantes da coroa portuguesa se aventuraram pelas brenhas amazônicas,
tendo, passado pelos vales do Madeira-Guaporé-Mamoré. Na realidade se pensava em utilizar essa
região como ponte de passagem e ligação entre as colônias do Sul e as do extremo Norte. Uma ligação
extremamente arriscada e difícil de ser realizada.
Um dos primeiros passos de Portugal para assegurar sua posse sobre a região do Guaporé foi a
ocupação desses vales, de onde extraia ouro e as drogas do sertão. Essa ocupação se deu pela ação
dos bandeirantes que, ao mesmo tempo, explorava e ocupava. Além disso, a ocupação se realizou pela
presença militar o que pode ser comprovado pelas inúmeras construções fortificadas.
Era necessária, entretanto uma ocupação estável, para assegurar a posse. Somente as expedições
aprisionando indígenas e colhendo as drogas do sertão não assegurava a presença colonizadora e
definitiva. Ale disso, não cessava a constância dos conflitos, tanto com os índios como com os
castelhanos, que também estavam ocupando a região de oeste para leste.
Foi com vistas nessa presença constante que, ainda antes da assinatura do Tratado de Madri, d.
Antônio Rolim de Moura recebeu a incumbência de povoar a região do Guaporé. Nessa ocasião foi criada
a capitania de Mato Grosso e Rolim de Moura coordenou a estruturação da capital daquela província, às
margens do Guaporé. E cidade, Vila Bela da Santíssima Trindade, além de assegurar a presença
portuguesa, seria um ponto de coleta de impostos sobre a mineração.
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NERI P. CARNEIRO. A colonização do Vale do Guaporé. Disponível em: < http://webartigos.com/artigos/a-colonizacao-do-vale-do-guapore/5116>
A adesão do Pará à independência do Brasil, em 1823, provocou forte frustração nacionalista da parte
da elite amazônica, que se ressentia de ter sido afastada das decisões políticas e econômicas do país. O
poder, no Império brasileiro, continuaria concentrado nas mãos dos conservadores que exploravam o
Pará desde o tempo da colônia. Em 1835, irrompia no Pará a Cabanagem, marcada por ataques e a
tomada de Belém, onde foi proclamada a independência do Pará em relação ao Brasil. A Cabanagem
não foi simplesmente uma revolta popular, era uma frente ampla que congregava burgueses nacionalistas
insatisfeitos, militares que desejavam alcançar mais altos postos, políticos que queriam maior fatia de
poder, escravos que ansiavam pela liberdade, índios e mestiços movidos por séculos de dominação e
opressão portuguesa.
As lutas prosseguiram até 1840. No final, o saldo foi de 30 mil mortos entre rebeldes e legalistas. Belém
foi quase totalmente destruída e sua economia devastada. A Amazônia brasileira permaneceria ainda por
muitos anos mergulhada em uma situação de grave decadência econômica e social. Somente com a
criação da Província do Amazonas, em 1850, por desmembramento do Grão-Pará, e os primeiros
movimentos de valorização da borracha extraída da seringueira, a região experimentaria um novo alento.
A vinda dos Nordestinos: A borracha estava na floresta, espalhada em longas distâncias habitadas
por índios. Era necessário colhê-la nas árvores, ainda líquida, defumá-la até ficar sólida, transportá-la até
as margens dos rios e daí para o comércio nas cidades, um trabalho penoso e perigoso, que só poderia
ser realizado por um exército de homens acostumados à vida mais rude. Esse exército veio do Nordeste
do Brasil, empurrado pela miséria e pelas grandes secas, como as de 1877 e 1878. Antes que o século
findasse, mais de 300 mil nordestinos, principalmente do sertão do Ceará, migraram para a Amazônia.
Nos seringais, esses homens valiam menos que os escravos. Na outra extremidade da sociedade
regional, os seringalistas e grandes comerciantes usufruíam da riqueza fácil proporcionada pela borracha.
Essa evidente contradição no quadro social do Ciclo da Borracha se devia a um perverso sistema de
exploração, que consumiu a vida de milhares de homens. O sistema de aviamento se constituía numa
rede de créditos e se espalhou nos imensos seringais que foram abertos em todos os vales amazônicos.
A Hevea Bralisiensis (nome Científico da seringueira) já era conhecida e utilizada pelas civilizações da
América Pré-Colombiana, como forma de pagamento de tributos ao monarca reinante e para cerimônias
religiosas. Na Amazônia, os índios Omáguas e Cambebas utilizavam o látex para fazer bolas e outros
utensílios para o seu dia a dia. Coube a Charles Marie de La Condamine e François Fresneau chamar a
atenção dos cientistas e industriais para as potencialidades contidas na borracha. Dela, podia ser feito,
borrachas de apagar, bolas, sapatos, luvas cirúrgicas, etc.
Precisamente no ano de 1839, Charles Goodyear descobriu o processo de Vulcanização que consistia
em misturar enxofre com borracha a uma temperatura elevada (140º /150º) durante certo número de
horas, Com esse processo, as propriedades da borracha não se alteravam pelo frio, calor, solventes
comuns ou óleos, Thomas Hancock, foi o primeiro a executar com sucesso um projeto de manufatura de
borracha em larga escala. Em 1833 surgiu a primeira indústria americana de borracha, a Roxbury Índia
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Texto adaptado de Eduardo de Araújo Carneiro.
Economia
- Por causa da crescente demanda internacional por borracha, a partir da segunda metade do século
XIX, em 1877, os seringalistas com a ajuda financeira das Casas Aviadoras de Manaus e Belém, fizeram
um grande recrutamento de nordestinos para a extração da borracha nos Vales do Juruá e Purus.
- De 1877 até 1911, houve um aumento considerável na produção da borracha que, devido às
primitivas técnicas de extração empregada, estava associado ao aumento do emprego de mão-de-obra.
- O Acre chegou a ser o 3° maior contribuinte tributário da União. A borracha chegou a representar
25% da exportação do Brasil.
- Como o emprego da mão-de-obra foi direcionado à extração do látex, houve escassez de gêneros
agrícolas, que passaram a ser fornecidos pelas Casas Aviadoras.
Sistema de Aviamento
- Cadeia de fornecimento de mercadorias a crédito, cujo objetivo era a exportação da borracha para a
Europa e EUA. No 1° Surto, não sofreu regulamentações por parte do governo federal. AVIAR = fornecer
mercadoria a alguém em troca de outro produto.
- O Escambo era usual nas relações de troca - as negociações eram efetuadas, em sua maioria, sem
a intermediação do dinheiro.
Seringal: unidade produtiva de borracha. Local onde se travavam as relações sociais de produção.
Barracão: sede administrativa e comercial do seringal. Era onde o seringalista morava.
Colocação: era a área do seringal onde a borracha era produzida. Nesta área, localizava a casa do
seringueiro e as "estradas" de seringa. Um seringal possuía várias colocações.
Varadouro: pequenas estradas que ligam o barracão às colocações; as colocações entre si; um
seringal a outro e os seringais às sedes municipais. Através desses trechos passavam os comboios que
deixavam mercadorias para os seringueiros e traziam pelas de borracha para o barracão.
Gaiola: navio que transportava nordestino de Belém ou de Manaus aos seringais acreanos.
Brabo: Novato no seringal que necessitava aprender as técnicas de corte e se aclimatar à vida
amazônica.
Seringalista (coronel de barranco): dono do seringal, recebiam financiamento das Casas Aviadoras.
Seringueiro: O produtor direto da borracha, quem extraia o látex da seringueira e formavam as pelas
de borracha.
Gerente: "braço-direito" do seringalista, inspecionava todas as atividades do seringal.
Guarda-livros: responsável por toda a escrituração no barracão, ou seja, registrava tudo o que entrava
e saía.
Caixeiro: Coordenava os armazéns de viveres e dos depósitos de borracha.
Comboieiros: responsáveis de levar as mercadorias para os seringueiros e trazer a borracha ao
seringalista.
Mateiro: identificava as áreas da floresta que continha o maior número de seringueiras.
Toqueiro: Abriam as "estradas".
Caçadores: abastecia o seringalista com carne de caça.
Meeiro: seringueiro que trabalhava para outro seringueiro, não se vinculando ao seringalista.
Regatão: negociantes fluviais que vendiam mercadorias aos seringueiros a um preço mais baixo que
os do barracão.
Adjunto: Ajuda mútua entre os seringueiros no processo produtivo.
- Havia alta taxa de mortalidade no seringal: doenças, picadas de cobra e parca alimentação.
- Os seringueiros eram, em sua maioria, analfabetos.
- Predominância esmagadora do sexo masculino.
- A agricultura era proibida, o seringueiro não podia dispensar tempo em outra atividade que não fosse
o corte da seringa. Era obrigado a comprar do barracão.
Crise (1913)
- Em 1876, sementes de seringa foram colhidas da Amazônia e levadas a Inglaterra por Henry
Wichham.
- As sementes foram tratadas e plantadas na Malásia, colônia inglesa.
- A produção na Malásia foi organizada de forma racional, empregando modernas técnicas,
possibilitando um aumento produtivo com custos baixos.
- A borracha inglesa chegava ao mercado internacional a um preço mais baixo do que a produzida no
Acre. A empresa gumífera brasileira não resistiu à concorrência Inglesa.
- Em 1913, a borracha cultivada no Oriente (48.000 toneladas) superava a produção amazônica
(39.560t). Era o fim do monopólio brasileiro da borracha.
- Com a crise da borracha amazônica, surgiu no Acre uma economia baseada na produção de vários
produtos agrícolas como mandioca, arroz, feijão e milho.
- Castanha, madeira e o Óleo de copaíba passaram a ser os produtos mais exportados da região.
Consequências
- Povoamento da Amazônia.
- Genocídio indígena provocado pelas "correrias", ou seja, expedições com o objetivo de expulsar os
nativos de suas terras.
- Povoamento do Acre pelos nordestinos;
- Morte de centenas de nordestinos, vítimas dos males do "inferno verde".
- Revolução Acreana e a consequente anexação do Acre ao Brasil (1889-1903);
- Desenvolvimento econômico das cidades de Manaus e Belém;
- Desenvolvimento dos transportes fluviais na região amazônica;
A Guerra do Acre
O espaço físico que constitui o Estado do Acre, era, até o início deste século, considerado uma zona
não descoberta, um território contestado pelos governos boliviano e brasileiro. Por sua vez, o Brasil
utilizava aquela região como um grande presídio a céu aberto, para onde enviava prisioneiros políticos e
criminosos comuns. Entretanto, rico em seringueiras, o Acre recebeu na segunda metade do século XIX,
milhares de nordestinos em busca de trabalho em seus seringais. Prisioneiros, exilados políticos e
trabalhadores nordestinos misturavam-se nos seringais do Acre, fundavam povoações, avançavam e se
estabeleciam em pleno território boliviano. Isto, naturalmente, desagradava ao governo daquele país que
invocou velhos tratados, de duvidosa interpretação, e resolveu tomar posse definitiva do Acre. Fundou a
vila de Puerto Alonso, em 03 de janeiro de 1889, e instalou postos da alfândega para arrecadar tributos
originados da comercialização de borracha silvestre. Essa atitude causou revolta entre os quase sessenta
mil brasileiros que trabalhavam nos seringais acreanos. Liderados pelo seringalista José Carvalho, do
Amazonas, os seringueiros rebelaram-se e expulsaram as autoridades bolivianas, em 03 de maio de
1889.
Mas, foi um espanhol chamado Luiz Galvez Rodrigues de Aurias quem liderou outra rebelião, de maior
alcance político, proclamou a independência e instalou o que ele chamou de República do Acre, no local
conhecido como Seringal Volta da Empresa, em 14 de julho de1889. Galvez, o “Imperador do Acre “,
como auto proclamava-se, contava com o apoio político do governador do Amazonas, Ramalho Junior.
Entretanto, a República do Acre durou apenas oito meses. O governo brasileiro, signatário do Tratado de
Ayacucho, de 23 de março de 1867, reconheceu o direito de posse da Bolívia, prendeu Luiz Galvez
Rodrigues de Aurias e devolveu o Acre ao governo boliviano.
Todavia, a situação continuava insustentável. O clima de animosidade persistia e aumentava a cada
dia. Em 11 de julho de 1901, o governo boliviano decidiu arrendar o Acre a um grupo de capitalistas
americanos, ingleses e alemães, formado pelas empresas Conway and Withridge, United States Rubber
Company, e Export Lumber. Esse consórcio constituiu o temível Bolivian Syndicate que recebeu da
Bolívia autorização para colonizar a região, explorar o látex e formar sua própria milícia, com direito de
utilizar a força para atender seus interesses. Ou seja. Obteve plenos poderes para assumir o controle
econômico e exercer a autoridade civil nas terras do Acre. Os seringueiros brasileiros, a maior parte
formada por nordestinos, não aceitaram aquela situação. Estimulados por grandes seringalistas e
apoiados pelos governadores do Amazonas e do Pará, deram início, no dia 06 de agosto de 1902, a uma
rebelião armada: a Revolta do Acre. Os seringalistas entregaram a chefia do movimento rebelde ao
gaúcho José Plácido de Castro, ex-major do Exército, rebaixado a cabo por haver participado da
Revolução Federalista do Rio Grande do Sul, ao lado dos Magaratos. Plácido de Castro tinha, na época,
29 anos de idade e estava auto exilado há três anos no Acre, trabalhando como seringueiro.
A Revolta por ele liderada, financiada por seringalistas e por dois governadores de Estado, fortalecia-
se a cada dia, na medida em que recebia armamentos, munições, alimentos, além de apoio político e
popular. Em todo o país ocorreram manifestações em favor da anexação do Acre ao Brasil. A imprensa
do Rio de Janeiro e de São Paulo exigia do governo brasileiro imediata providências em defesa dos
acreanos. Por seu lado, o governo brasileiro procurava solucionar o impasse pela via diplomática, tendo
à frente das negociações o diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Mas,
todas as tentativas eram inócuas e os combates entre brasileiros e bolivianos tornavam-se mais
frequentes e os combates entre brasileiros e bolivianos tornavam-se mais frequentes e acirrados. No
entanto, foi somente quando o presidente da Bolívia, general José Manuel Pando, organizou, sob seu
comando, uma poderosa expedição militar para combater os brasileiros do Acre, que o presidente do
Brasil, Rodrigues Alves, ordenou que tropas do Exército e da Armada Naval, acantonadas no Estado de
Mato Grosso, avançassem para a região em defesa dos seringueiros acreanos. O enfrentamento de
tropas regulares do Brasil e da Bolívia gerou a Guerra do Acre.
A Comissão Rondon
“A 03 de fevereiro de 1911, pela manhã, foram entregues à Comissão do Dr. Rondon, duzentos
homens, conforme ordem do governo. Os restantes teriam de descer com ele e ir deixando-os pelas
margens do rio. Felizmente, momentos depois, chegavam aos poucos, os seringalistas, que pediam ao
comandante da força, homens para o trabalho. Assim, foi se dispondo o pessoal, até que saíram os
últimos. Nesse mesmo dia, pelas 7h p.m. deixávamos o porto de Santo Antônio, livres e salvos das garras
de tão perversos bandidos”.
O relatório do comandante do navio “Satélite” revelou toda a trama montada para punir severamente
os revoltosos da Ilha das Cobras e da Chibata, a maioria, marinheiros e soldados negros e mestiços,
submetidos a toda espécie de humilhação, viajando como escravos, destinados ao degredo na Amazônia.
No entanto, a viagem do navio “Satélite”, suas razões políticas e raciais, e o destino final de sua carga,
servem para dar uma pequena ideia de como era feito o povoamento da região do Alto Madeira, na
primeira metade deste século, e as perversas condições de trabalho nas obras da ferrovia Madeira-
Mamoré, na Comissão Rondon e nos seringais.
O Marechal Rondon
Cândido Mariano da Silva, nasceu na sesmaria do Morro Redondo, localidade de Mimoso, arredores
de Cuiabá, MT, no dia 05 de maio de 1865. Aos 16 anos de idade era professor primário. Órfão de pai,
foi adotado por um tio, de quem incorporou o nome Rondon, aos 25 anos de idade. Formou-se oficial do
Exército e engenheiro-militar, diplomado em matemática e ciências físicas e naturais na Escola Militar do
Rio Vermelho, no Rio de Janeiro. Como 2º tenente participou da proclamação da República, ao lado do
Marechal Deodoro da Fonseca. Em 1890 retornou a Cuiabá e, por indicação do tenente-coronel Benjamin
Constante, foi nomeado ajudante-de-ordem do tenente-coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro, chefe
da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas Estratégicas de Goiás ao Mato Grosso.
No ano de 1900, no posto de major, Rondon assumiu a chefia desta Comissão em substituição a
Gomes Carneiro, destacado para comandar as tropas federativas que lutavam no Rio Grande do Sul,
onde veio a falecer. Nesse cargo, que exerceu até 1906, Rondon instalou 11.800 quilômetros de linhas
telegráficas. Em 1907, o presidente da República, Afonso Pena, em reconhecimento aos seus serviços,
nomeou-o chefe da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas Estratégicas do Mato Grosso ao
Amazonas, com a missão de ligar a Bacia do Prata à do Amazonas. Essa comissão ficou
internacionalmente conhecida por Comissão Rondon.
Para implantar a linha telegráfica, seção Cuiabá / Santo Antônio do Rio Madeira, com ramal em
Guajará-mirim, a primeira expedição da Comissão Rondon chegou ao sertão dos Parecis em 07 de
setembro de 1907, fixou acampamento às margens do rio Juruena e implantou a primeira estação
telegráfica. No ano seguinte, Rondon organizou sua segunda expedição. Em 1908, com a terceira,
alcançou o vale do Madeira. No dia 25 de dezembro daquele ano, já estava na Vila de Santo Antônio do
Rio Madeira, ponto final da sua missão. Por volta de 1916, o mato Grosso e parte do Amazonas estavam
ligados ao restante do país por linhas telegráficas. Foram 2.270 quilômetros de linhas e vinte e oito
estações telegráficas implantadas. Militar e sertanista, Cândido Mariano da Silva Rondon realizou um
trabalho de vinte anos, cujos resultados incluem um levantamento de cinquenta mil quilômetros, duzentas
novas coordenadas geográficas, doze rios descobertos, além de minas de ouro, diamante e manganês.
Suas expedições penetraram em várias direções, cerca de 1.500 km nos sertões mato-grossenses, que
incidem a maior parte das terras formadoras do Estado de Rondônia, e 1.800 km no Amazonas.
Descendente dos índios Terenas, Guanás e Bororos, Rondon considerava desumana a exploração do
trabalho indígena por particulares. Tanto quanto possível, procurou evitar a utilização de índios no
trabalho de implantação da rede telegráfica. Tinha como lema em relação aos povos indígenas, “morrer
se preciso for, matar nunca”. Por tudo isto, fundou em 1910, o Serviço de Proteção aos Índios e
Por caminhos bem diversos se deu a formação territorial do Estado de Rondônia, quando comparada
com a do Estado do Acre. Quando surgiu a "questão acreana", a região correspondente ao Estado de
Rondônia não apresentava traços notáveis de ocupação.
Os primeiros movimentos são atribuídos ao Frei João de Sampaio, na região onde hoje se encontra a
cidade de Porto velho. Isso, por conta da instalação de missões ao longo do Rio Jamari. Registra o
sertanista Francisco de Mello Palheta que, quando subiu o Rio Madeira, em 1723, por ordem do
Governador do Grão Pará, Maia Gama, se encontrou com o Frei João de Sampaio nas vizinhanças da
cachoeira de Santo Antônio.
Francisco de Mello palheta, comandando um "troço de gene de guerra", percorreu todo o curso do Rio
Madeira, transpondo os trechos encachoeirados e chegando a "Santa Cruz de Los Cajubabas", no Rio
Madre de Dios. Foi o primeiro a explorar o curso desse rio, que, a partir de então, se transforma em via
de ligação dos altiplanos bolivianos com a planície amazônica.
Em 1742, partindo de Mato Grosso, o português Manoel Félix de Lima, atravessa o Sararé, o Guaporé
e o Madeira, chegando ao Pará. Em 1749, mesmo derrotado, José Leme do Prado chega a Belém e
retorna às minas de Cuiabá.
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FERNANDES, Tadeu. A formação do Território de Rondônia. Disponível em: http://www.rondoniagora.com/artigos/a-formacao-do-territorio-de-rondonia.
BR-364, sua origem se dá em Limeira no Estado de São Paulo, e vai até a cidade de Mâncio Lima no Estado do Acre
O principal evento que marca a colonização recente do território federal de Rondônia e a transformação
do mesmo em Estado, foi a abertura da BR 029, posterior 364.
A “estrada das onças” como ficaria conhecida mais tarde, tem sua origem ligada ao então Governador
do Território Federal do Guaporé Aluizio Pinheiro Ferreira que em 1943 inicia sua abertura tendo como
ponto inicial Porto Velho. Inicialmente, a rodovia foi chamada de 029.
Essa iniciativa avançou algumas dezenas de quilômetros rumo à localidade de Ariquemes.
No que pese a iniciativa do então primeiro Governador do Território Federal do Guaporé recém criado,
foi somente 17 anos mais tarde que a estrada realmente saiu do plano teórico para o plano prático.
A iniciativa foi do então Governador Paulo Nunes Leal, como é relatado em seu livro “O Outro Braço
da Cruz”, quando o mesmo assedia o então Presidente JK para construir a estrada.
Juscelino Kubistchek aceitou o desafio e iniciou a obra que foi feita em muito pouco tempo, após um
ano de trabalho o Presidente visitou a localidade de Vilhena para derrubar, simbolicamente a última árvore
na divisa entre o Mato Grosso e as terras do então Território Federal de Rondônia.
Com a abertura da rodovia, o caminho estava livre para a gigantesca migração que não demorou a
acontecer.
Milhares de famílias, em sua maioria, sulistas buscavam sua terra prometida e com eles, garimpeiros,
grileiros e madeireiros, todos os “eiros” da vida pareciam querer aportar nestas bandas, para de alguma
maneira construir seus sonhos e devaneios.
As pessoas que buscavam um pedaço de terra para garantirem sua sobrevivência foram motivadas a
se instalarem na Amazônia Rondoniense sem a estrutura básica necessária. Os últimos quarenta anos
são exemplos claros de como não se deve promover uma política de Reforma Agrária.
A BR-364, foi erguida nos caminhos de Rondon, para o traçado foram utilizados os estudos do grande
General da Paz.
Nosso ilustre Rondon, provavelmente não sabia que seus estudos, trabalhos, levantamentos e
apontamentos geográficos, geológicos, estudos sobre flora e fauna serviriam para auxiliar a abertura da
principal “artéria” do nosso Estado.
A BR-364 foi o mais importante passo para o desenvolvimento regional das terras de Rondon.
Com os seringais, nos tempos anteriores, surgiram praticamente dois municípios: Guajará Mirim e
Porto Velho. Com a abertura da BR 364 foram surgindo povoamentos em todas as localidades,
principalmente nas margens da nova estrada. Hoje, contamos com mais 50 municípios totalizando com
Porto Velho e Guajará Mirim 52 municípios, todos em fraco desenvolvimento.
Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) o Japão, aliado da Alemanha e da Itália (países do Eixo)
conquista e ocupa o Sudeste Asiático área que produzia borracha e, os aliados ficam sem esse importante
produto para a sua indústria. Os Estados Unidos que entraram na guerra em decorrência do ataque
japonês a base americana de Pearl Harbour no Havaí, necessitava da borracha para a sua indústria. O
presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt e o presidente do Brasil Getúlio Dorneles
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GOMES, Emmanoel. A abertura da BR-029 atual 364. Rondônia em pauta. Disponível em: http://rondoniaempauta.com.br/nl/historia/a-abertura-da-br-029-atual-
364-artigo-do-historiador-emmanoel-gomes/.
- RRC (Rubber Reserve Company) que passou a posteriormente a denominar-se RDC (Rubber
Development Company) encarregada de transporte de passageiros e de suprimentos através da SAVA.
- SESP (Serviço Especial de Saúde Pública): foi criado para promover o melhoramento urbano, o
combate à Malária e o saneamento.
Banco da Borracha - 1942: Que realizava operações de crédito, fomento à produção e financiamento
aos seringalistas. O Banco exercia o monopólio da compra e venda da borracha.
Criação de Territórios: Território do Guaporé (hoje Rondônia), Rio Branco (hoje Roraima) e Amapá,
em 1943, iniciando-se assim o processo de reorganização do espaço político amazônico. O movimento
migratório da Batalha da Borracha, que se desenvolveu no decorrer dos anos de 1941 e início de 1943,
adquiriu um novo colorido com a chegada a partir de 1943 e durante os anos de 1944/1945, de novos
contingentes humanos, os nordestinos que ficaram sendo conhecidos como soldados da borracha. A
diferença entre essas duas correntes de migrantes era flagrante, enquanto a primeira se constituía na sua
maioria de cearenses que se deslocavam do interior. A partir de 1943 até 1945, provinha dos centros
urbanos, geralmente composta de homens solteiros ou desgarrados de sua parentela, muito deles
desempregados ou sem profissão definida, vinham para a Amazônia pelo simples sabor da aventura e
para fugir à convocação para a FEB (Força Expedicionária Brasileira) que lutava na Itália. Com o término
da Guerra em 1945, foram liberadas as plantações de borracha da região asiática, cessando o interesse
norte-americano pela borracha produzida na Amazônia, que passou a acumular em estoques crescentes,
já que o mercado interno não tinha capacidade de absorver toda a produção. A tentativa de produzir
borracha ainda permaneceu até os idos de 1960. A partir desta data, paulatinamente a produção de
borracha cai, ocasionando o fim desse ciclo.
O INCRA foi o principal instrumento governamental encarregado dos projetos de colonização, onde se
destacaram o PIC, Projeto Integrado de Colonização com lotes de 50 a 100 hectares, criado em julho de
1970, com área total de 250 mil hectares, tivemos o Pic denominado Sidney Girão, em Guajará-Mirim,
com área de 200 mil hectares; PIC Gy-Paraná, criado em 1972 na BR-364, com área de 400 mil hectares;
PIC Paulo de Assis Ribeiro, criado em Colorado do Oeste no ano de 1973.
Outro modelo de colonização foi o PAD, Projeto de Assentamentos Dirigidos, um pouco maior que o
Pic com lotes de 100 a 250 hectares criado em 1971; o PAD Burareiro, em Ariquemes no ano de 1974
para incentivar a plantação de Cacau; PAD Mal. Dutra, criado em 1975 para exploração agropecuária; e,
ainda em 1975, o PIC Ouro Preto e o PAD Adolpho Roll.
De 1970 a 1984 foram realizados assentamentos em área superior a 3,6 milhões de hectares,
beneficiando milhares de agricultores. Criou-se, ainda, o Projeto Fundiário Alto Madeira em Porto Velho,
o Projeto Fundiário Ouro Preto, o Projeto Fundiário Corumbiara em Pimenta Bueno e o Projeto Fundiário
Guajará-Mirim, que contribuíram para o desenvolvimento da região.
Deve-se acrescentar que o INCRA realmente atuava com presteza e agilidade, seus técnicos não
mediram esforços para o êxito dos Projetos, sendo que entre 1980 e 1988 desenvolveram condições para
a criação dos municípios de Machadinho do Oeste, Cujubim, Seringueiras, São Felipe, Castanheiras e
Buritis.
Foi graças à regularização das terras que surgiram grandes cidades ainda na década de setenta,
obrigando o Governo a promover nova divisão geográfica com a criação dos municípios de Ariquemes,
Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena. E finalmente criar, pela Lei complementar nº 41, o Estado
de Rondônia que hoje possui 238.512,80 quilômetros quadrados, correspondendo a 2,86% da superfície
do Brasil e 6,79% da região norte.
Quando da posse como primeiro Governador do Estado de Rondônia, Teixeirão assim se manifestou:
“Venham brasileiros de todo o Brasil, venham gentes de todos os povos. Rondônia oferece trabalho,
solidariedade e respeito. Tragam seus sonhos, anseios e ilusões, compartilhem tudo isso com este povo
admirável, assumam com ele os problemas e as dificuldades naturais na trajetória em busca do grande
destino do Brasil.”
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GOMES, Emmanoel. A abertura da BR-029 atual 364. Rondônia em pauta. Disponível em: http://rondoniaempauta.com.br/nl/historia/a-abertura-da-br-029-atual-
364-artigo-do-historiador-emmanoel-gomes/
Questões
01. Desde o período colonial, a ocupação e a colonização da região dos vales dos rios Madeira,
Mamoré e Guaporé foram focos de preocupação dos governos brasileiros porque essa área
(A) representava importante polo de atividade mercantil, vinculado à formação de lavouras e
exportação de cacau.
(B) representava importante via de rota comercial e seu controle garantia a posse territorial e a
integridade de fronteira.
(C) foi dominada por missões jesuíticas que passaram a constituir um “Estado religioso dentro do
Estado”.
(D) estava sujeita às frequentes inundações da Bacia Amazônica, que destruíam qualquer tentativa de
ocupação da região.
(E) viabilizou o apresamento de indígenas para trabalhar nos seringais da Amazônia Ocidental.
02. O controle das fronteiras brasileiras, sobretudo norte e sul, sempre foi motivo de preocupação dos
principais governos republicanos. Acordos de limites, por exemplo, foram vários na República Velha.
Durante o Governo Vargas, porém, este controle foi efetivamente definido com a criação de Territórios
Federais na região, entre eles:
(A) Rio Branco, atual Estado de Roraima, e Guaporé, atual Estado de Rondônia.
(B) Acre, atual Estado do Acre, e Guaporé, atual Estado de Rondônia.
(C) Ponta Porã, atual Estado de Tocantins, e Rio Branco, atual Estado de Roraima.
(D) Iguaçu, atual Estado de Roraima, e Acre, atual Estado do mesmo nome.
(E) Amapá e Palmas, atualmente Estados do mesmo nome.
10. O início da exploração da borracha amazônica foi próspero, mas a bonança durou pouco. Em 1912,
a produção atingia o pico de 42 mil toneladas. A borracha representava 40% de todas as exportações
nacionais. Em um segundo momento, entre 1942 e 1945, a borracha teve uma sobrevida que não foi com
a mesma pujança do início do século, e logo voltou a perder em expressão no cenário econômico
nacional. Nas duas fases mais expressivas da produção, um fator apontado abaixo pode ser considerado
como responsável pelo declínio da borracha brasileira:
(A) falta de crédito à extração e ao beneficiamento do látex.
(B) precariedade da mão de obra usada pelos seringueiros.
(C) dificuldade para escoar a produção até o porto de Belém.
(D) concorrência da borracha produzida pelos asiáticos.
(E) população indígena dificultava o acesso aos seringais.
11. (TCE-RO - Técnico em Informática – Cesgranrio) A região do atual Estado de Rondônia passou
a integrar oficialmente a colônia portuguesa na América somente em 1750, quando foi firmado o Tratado
de Madri, cuja base para determinações acerca de territórios foi o princípio do uti possidetis, segundo o
qual:
(A) a aquisição dos territórios reivindicados só pode ser realizada através da compra.
(B) as terras situadas às margens dos rios Guaporé e Mamoré passam a pertencer aos proprietários
das minas de Potosí.
(C) os territórios anteriormente ocupados pelos espanhóis ficam protegidos por expedições marítimas
e terrestres.
(D) os territórios devem pertencer a quem realmente os ocupa.
(E) todos os acidentes geográficos devem alterar sua denominação, se mudarem os proprietários dos
respectivos territórios.
15. Desde o período colonial, a ocupação e a colonização da região dos vales dos rios Madeira,
Mamoré e Guaporé foram focos de preocupação dos governos brasileiros porque essa área:
Gabarito
01.B / 02.A / 03.C / 04.D / 05.B / 06.D / 07.E / 08.A / 09.C / 10.D / 11.D / 12.A / 13.E / 14.E / 15.B /
16.C
Comentários
01.Resposta: B.
Os rios até hoje representam um papel importante na mobilidade de pessoas e cargas na região Norte
do Brasil, sendo os citados até hoje utilizados.
03.Resposta: C.
As ações do governo federal para a região Norte do país causaram muitos danos às populações
nativas e ao meio ambiente, com exploração intensiva dos recursos minerais e vegetais.
04.Resposta: D.
Na década de 80 o território de Rondônia mostrava-se expressivo, o que ajudou a garantir a elevação
a estado.
05.Resposta: B.
O objetivo dos portugueses no início da colonização era a de manter o território e dele extrair suas
riquezas, sem necessariamente precisar povoar a região.
06.Resposta: D.
A intenção de enriquecer atraiu milhares de pessoas para a região, em busca de melhores condições
de vida. Entre os que mais se destacam estão os mineradores que vinham da província do Mato Grosso.
07. Resposta: E.
A questão agrária no norte Brasil ainda é um tema que gera muita polêmica. Durante a ocupação nos
anos de Ditadura muitas propriedades foram absorvidas pelos grandes proprietários rurais, muitas vezes
sem ter necessariamente pago por elas.
08. Resposta: A.
Durante a construção da estrada de ferro milhares de trabalhadores morreram pelos ataques indígenas
e as condições geográficas e climáticas da região, que ficam evidentes também após sua conclusão, já
que boa parte da ferrovia foi destruída pela ação do tempo.
09.Resposta: C.
Apesar da necessidade de modernização da região Norte, um dos principais pontos é a destruição da
floresta e do ecossistema da Amazônia, além de prejudicar populações nativas que perdem sua ligação
com a terra ancestral e seus costumes. A criação de barragens e eclusas inundam grandes áreas e
impedem a migração de peixes durante a piracema.
10.Resposta: D.
A produção em terras asiáticas foi iniciada pelos ingleses que levaram sementes de seringueiras do
Brasil e através de pesquisas começaram o cultivo no continente. O investimento na produção e qualidade
do produto desbancou a concorrência, já que o produto brasileiro não conseguia competir com os preços.
11.Resposta: D
Apesar do limite imaginário imposto pelo Tratado de Tordesilhas, Portugal sempre buscou penetrar no
território de sua colônia, o que lhe assegurou novas terras que não lhe pertenciam, de acordo com o
tratado de 1494.
12.Resposta: A
A ferrovia Madeira-Mamoré ajudaria no escoamento da produção da borracha boliviana, transpondo
um trecho fluvial com diversas cachoeiras no rio Madeira, que impossibilitava a navegação.
13.Resposta: E
Entre os acordos do Tratado de Petrópolis, criado com a ajuda do Barão do Rio Branco. Além da
construção da estrada de ferro, o Brasil comprou da Bolívia o Território do Acre, pelo preço de 2 milhões
de libras esterlinas.
14.Resposta:E
No período citado a Madeira-Mamoré já encontrava seu fim, com sua desativação determinada em
1966 e as últimas atividades ferroviárias encerradas em 1972
16.Resposta: C
Como a Bolívia não possui acesso ao mar, e o destino da borracha produzida era em grande parte a
Europa e o leste dos Estados Unidos, o acesso ao rio Amazonas garantiria o escoamento da produção
até o oceano Atlântico.