Você está na página 1de 11

Relação entre a Fortaleza São José de Macapá e a Comunidade do Curiaú

Cleomar América da Silva1, Suel de Araújo Diniz1, Sidney Cypriano da Silva1, Adriana Lucena de Sales2,
Patrícia Castro de Aquino 3.
1
Acadêmicas de Licenciatura em Informática – Instituto Federal do Amapá; 2Coordenadora da área de
Química PIBID/IFAP; 3Supervisora da Escola Estadual Maria do Carmo dos Anjos PIBID/IFAP.

Este trabalho aborda os resultados de uma visita de campo a Fortaleza de São José de Macapá,
em atendimento às atividades previstas pelo Programa de Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID), que teve como objetivo coletar informações históricas a respeito do forte e
verificar se tem alguma influência com o Curiaú. O método utilizado na visita foi informal e
utilizamos o gravador do celular para registrar as informações. O entrevistado respondeu
questões sobre: Como surgiu a Fortaleza de São José de Macapá? Qual o objetivo desta
fortificação? Qual a sua relação com o Curiaú? Diante dessas perguntas o Historiador -
Professor Amiraldo dos Santos respondeu essas perguntas e nos informou que os documentos
históricos da Fortaleza de São José de Macapá se encontram nos arquivos públicos do Pará e
seria muito difícil o acesso a desses documentos; porém os documentos originais do estão em
Portugal. A principal finalidade de construção da fortaleza foi a definição de fronteira que o
Brasil estava passando. Pois, 1750 a região que o Amapá fazia parte estava passando por uma
disputa entre Portugal e Espanha. Foi então que o rei de Portugal resolveu aproveitar os povos
da região, os negros, os índios; a parti daí que o rei criou um projeto transformando os índios
em cidadãos. Desse projeto os índios iriam ser civilizados e ser vassalos do rei. E as terras onde
eles estivessem seriam portuguesas. Desde então, pensaram que a cidade precisava de uma
defesa. Começaram a trazer famílias das Ilhas dos Açores, ilha da Madeira, perto de Portugal.
Aqui já existia uma fortificação só que era muito frágil e estava totalmente em ruínas. Ai
pensaram numa nova fortificação, que foi construída em três meses com 20 canhões pequenos,
galhos e argila. Então pensaram numa outra fortificação mais resistente e definitiva que viesse
a durar. Contrataram uma gama de profissionais na Itália que era o berço do renascimento, e
contrataram profissionais de diversas área que vieram para a Amazônia. Entre os profissionais
vieram o Gláucio, João Brunet, Domingos Cel du Sete. A finalidade da Fortaleza de São José,
era para defender a população e a região contra as invasões francesas e holandesas, devido aos
rios serem navegáveis e o comércio fluir por essas vias proporcionado a comunicação com a
Europa. A formação do Curiaú posta como influência da fortaleza é considerada, segundo o
historiador, algo sem consistência. No Curiaú foi construída uma vigia e era um local onde tinha
uma constante ronda de vigilância. Não tinha como os escravos fugirem para esse local tão bem
vigiado. Por essa razão, muitos historiadores não concordam que o Curiaú seja um quilombo.
A outra história seria que um oficial, criador de gado naquela região, que tinha muitos escravos
e sem herdeiros, quando morreu, deixou o local como herança para os escravos. Acreditamos
que ainda existe muito a ser explorado sobre Fortaleza São José e sua relação com a formação
de quilombos, pois nesta simples pesquisa foram encontradas muitas informações relevantes.
Palavras-chaves: Fortificação, PIBID, Curiaú.
Introdução

Neste artigo, apresentaremos a relação entre a Fortaleza São José de Macapá


e a comunidade do Curiaú, num aspecto de pesquisa feito pelos acadêmicos de
licenciatura de Química e Informática do IFAP. Por meio do PIBID - Programa de
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, tiveram a oportunidade de conhecer
um pouco das duas histórias que fazem parte do Amapá. Através da entrevista com o
Historiador – Professor Amiraldo dos Santos, um dos responsáveis da Fortaleza de
São José de Macapá.

Numa abordagem histórica do XVII, o artigo começa sobre a Arquitetura do


forte. Os portugueses foram em busca dos melhores arquitetos na Europa para a
elaboração e construção de uma fortificação nas terras amapaense. O objetivo era a
proteção das terras herdadas no Tratado de Tordesilhas; que em seguida foi firmado
no Trado de Madri.

Em seguida, abordaremos sobre os primeiros habitantes do Amapá; retratando


um pouco das primeiras famílias que chegaram no Amapá. Pois os portugueses
precisavam deixar as famílias morando aqui no Amapá para assegurar as terras da
coroa de possíveis invasões. Principalmente as famílias que vieram de diversas parte
de Portugal, isso tudo está retratado em imagens que foram encontrados no acervo
da Fortaleza de São José de Macapá.

Convém ressaltar que o Quilombo do Curiaú, hoje sobre proteção ambiental,


tem uma forte influência histórica dos escravos que trabalharam na Fortaleza de São
Jose de Macapá. A pesquisa procurou saber se houve de fato essa influência e para
nossa surpresa, foi que alguns pesquisadores não aceitam que o Curiaú seja
chamado de Quilimbo. Por não haver nenhuma comprovação histórico documental,
apenas relatos de moradores.

Mas entendemos que o Curiaú uma influência muito grande de quilombo, e


quiçá estejamos engamos quanto a essa pesquisa. Por isso, deixamos em aberto para
que novos pesquisadores possam ir mais afundo na comprovação de histórica
cientifica de um povo que sua história é conta, mas há de ser contada com muito mais
comprovação.
Arquitetura do Forte

O Tratado de Tordesilhas demarcou oficialmente entre Portugal e Espanha o


limite de terras que cada país teria posse. Porém, esse tratado nunca foi respeitado
pelos dois países; desta feita, outro tratado foi feito, o Tratado de Madri, que foi
assinado pelos reis de Portugal e Espanha, e aconteceu em 1750.

O Tratado de Madrid foi preparado cuidadosamente a partir do Mapa das


Cortes, favorecendo as colônias portuguesas em prejuízo aos direitos dos
espanhóis. Os diplomatas portugueses eram muito espertos e basearam-se
no princípio do Uti Possidetis – direito de posse – para definir como se daria
a divisão territorial, trabalhando também para a vitória portuguesa. Pelo Uti
Possidetis a terra deveria ser ocupada por aqueles já se encontravam
estabelecidos nela, com residência fixa e trabalho nas redondezas. Desta
forma os portugueses se firmaram no grande território que hoje forma o Brasil.
(fonte: infoescola)

Os portugueses perceberam que as terras que herdaram eram extensas e


precisavam de vigilância para não serem invadidas por estrangeiros. Foi nesse
mesmo período que os portugueses começaram a construção de uma fortificação de
pouca duração. Esse forte era feito de material não durável e tinha como função,
apenas a vigilância das terras herdadas. O forte construído em três meses com 20
canhões pequenos de galhos de árvores e argila servia apenas para manter as terras
que Portugal herdou sobre vigilância.

Percebeu-se com o passar dos anos que não se podia mais deixar as terras
herdadas sem vigilância não era a intenção da coroa portuguesa. Era preciso construir
um forte grande para impedir as ameaças de invasões espanholas.

Para conter as essas invasões dos espanhóis, Portugal procurou os melhores


e mais bem formados engenheiros da Europa, para construir uma fortificação que
pudesse garantir a pose das terras.

Os engenheiros se empenharam arquitetar a mais bela engenharia para a


coroa português em defesa de uma grande porção de terras. Conforme veremos na
imagem 1 a planta feita pelos engenheiros da Fortaleza de São José de Macapá.
Imagem 1: Planta da Fortaleza de São José de Macapá.
Fonte: Acervo da Fortaleza de São José de Macapá.

Para o Historiador – Professor Amiraldo (20014) dos Santos entrevistado pelos


bolsistas do Pibid, “a principal finalidade da Fortaleza de São José de Macapá foi a
definição de fronteira que o Brasil estava passando naquele momento e a região do
Amapá estava sendo disputada entre Portugal e Espanha”. Para isso, o forte deveria
ser bem feito e com um planejamento arquitetônico de boa qualidade por engenheiros
muito bem formados na Europa. A imagem 2, mostra uma outra planta mais bem
elabora pelos engenheiros europeus.

Imagem 2: Mapa geométrico de um pentágono regular


A Fortaleza de São José de Macapá foi construída a mais de dois séculos, e é
um importante monumento histórico cultural, construída no império português entre
1764 a 1782. A intenção portuguesa era a soberania portuguesa de toda o extremo
Norte do Brasil na época da colonização. A sua construção empregou, além de oficiais
e soldados, canteiros, artífices e trabalhadores africanos e indígenas.

Eram pagos 140 réis diários aos primeiros contados apenas quarenta réis para
os segundos (BARRETTO, 1958:57). A imagem 3 representa o monumento sendo
erguido em pleno mata amapaense.

Imagem 3: A fortaleza de São José de Macapá sendo erguida em plena mata.


Fonte: Acervo da Fortaleza de São José de Macapá.

Os detalhes e elementos das fortificações feitas em todo o Brasil, em especial


a do Amapá, são as mais bem feitas e maiores do Brasil. Assim relata Castro (1999).
Imagem 4 e 5 mostram a Fortaleza já erguida em plena selva amapaense.

Nesta classificação as fortalezas seriam a maior categoria de fortificação


pura, incluindo em seus elementos obras externas que aumentavam seu valor
defensivo. Assim, na verdade, existiram poucas “fortalezas” no Brasil que
fizeram jus a este nome e São José de Macapá é, talvez, o caso mais clássico
entre elas, pois ela teve uma série de posições defensivas complementares,
desde a esplanada que cobria as muralhas do lado poente, até o grande
revelim, não se podendo esquecer a bateria externa de faxina, herdada da
antiga fortificação de Macapá [...] e a bateria baixa no lado oeste. Todas estas
obras foram executadas com o objetivo de tornar sua posição a mais
defensável possível.

(CASTRO, 1999, p. 173)


Imagem 4: A Fortaleza erguida em solo amapaense.
Fonte: Acervo da Fortaleza de São José de Macapá.

Imagem 5: O Forte erguida entre as matas.


Fonte: Acervo da Fortaleza de São José de Macapá.

Dessa forma, os portugueses precisavam ter a posse das terras por direito.
Para que isso ocorresse, o rei de Portugal procurou trazer famílias para o Amapá que
pudesse tomar conta das terras.

Os primeiros habitantes do Amapá

Para o Historiador – Professor Amiraldo entrevistado dos bolsistas do Pibid


(2014), “o rei de Portugal tinha pressa nas terras do Brasil, principalmente no Amapá
que faz rota de mercadoria para outros países”. Por isso, trouxesse famílias de
diversas partes de Portugal para morar aqui no Amapá. Porém, os índios se tornaram
cidadãos através de um decreto do rei que em seguida se tornariam vassalos doa rei.

As famílias procuraram morar ao redor da fortificação, dessa forma ficavam


mais protegidas e tinha também como objetivo de inibir a invasão que não fosse os
portugueses. A imagem 6 mostra as primeiras famílias que se instalaram no Amapá.

Imagem 6: Os primeiros habitantes no Amapá.


Fonte: Acervo da Fortaleza de São José de Macapá.

Segundo o Historiador – Professor Amiraldo dos Santos (2014) “as primeiras


famílias a se estabelecerem em Macapá foram os casais de açorianos que, no século
XVIII, enfrentaram uma arriscada viagem pela selva para chegar à "Costa de Macapá",
nome que na época identificava o canal norte do Rio Amazonas”. As famílias
ocuparam as terras amapaenses no ano de 1751. Além do mais, havia o interesse de
Portugal na região como mais um ponto de colonização. A Imagem 7 mostra a
chegada de várias famílias em Macapá.
Imagem 7: Achegada de famílias em Macapá.
Fonte: Acervo da Fortaleza de São José de Macapá.

Com a construção da Fortaleza de São José de Macapá e a vinda de famílias


para o Amapá. Outro acontecimento histórico deve ser lembrado nesse artigo que foi
a formação do quilombo do Curiaú.

A formação do Quilombo do Curiaú

A formação de quilombos, que são comunidades formadas por escravos


foragidos dos seus senhores ou de fazendas que tentavam sobreviver fora da
sociedade colonial, no Brasil, foi um movimento de resistência à escravidão. No
Amapá, a formação do Quilombo do Curiaú, foi a fuga de escravos que trabalhavam
na construção da Fortaleza de São José de Macapá que formou o quilombo do Curiaú.

O Curiaú fica distante a 8 km de Macapá, é formada por dois pequenos núcleos


populacionais "Curiaú de Dentro e Curiaú de Fora". Constitui-se em uma das raras
comunidades negras existentes no Brasil. O Curiaú é também uma área de
preservação ambiental, que tem como objetivo a proteção e conservação dos recursos
naturais e ambientais da região. Os moradores do Curiaú lutam para preservar a
beleza natural da região a memória dos antigos escravos trazidos no século XVIII para
a construção da Fortaleza de São José de Macapá. Foram eles os formadores dos
pequenos núcleos familiares que originaram a Vila do Curiaú (antigo quilombo) e as
demais comunidades existentes na área.
Para Morais (2009) a contribuição africana está presente na sociedade
amapaense desde o período colonial, quando vários africanos vieram para o Amapá,
misturando-se e adaptando-se aos padrões culturais existentes, construindo e
mantendo uma cultura até hoje manifestada nas festas religiosas, na música, na
culinária, na linguagem e outras práticas artísticas como, por exemplo, nas
manifestações de: marabaixo, batuque, tambor, candomblé, capoeira, religião,
ladainhas, procissões, folias e tradições dos antepassados da comunidade negra que
fazem parte da formação cultural do Amapá. A Imagem 8 e 9 mostra esse aspecto
citado por Morais.

Imagem 8: Descendentes de escravos prontos para o Marabaixo.

Imagem 9: Manifestação religiosa.

Mas de acordo com o Historiador – Professor Amiraldo dos Santos “falar que o
Curiaú foi habitado por escravos ainda não tem consistência histórica”. Pois no Curiaú
foi construída uma “vigia e era um local onde tinha uma constante ronda de vigilância”.
“Não tinha como os escravos fugirem para esse local tão bem vigiado”. “Por essa
razão, muitos historiadores não concordam que o Curiaú seja um quilombo”. Uma
outra versa da história seria que um oficial, criador de gado naquela região, que tinha
muitos escravos e sem herdeiros, quando morreu, deixou o local como herança para
os escravos.

Considerações Finais

A realização dessa pesquisa de campo pelos bolsistas do PIBID nos trouxesse


uma grande gama de conhecimentos que não tínhamos em mente sobre a Fortaleza
de São José de Macapá e a comunidade do Curiaú. Pois nessa pesquisa tivemos a
oportunidade de conhecer um pouco da cultura, dos costumes, do batuque, do
marabaixo, das ladainhas um pouco da história do nosso Estado.
Percebemos que Fortaleza de São José de Macapá possui uma história a ser
descoberta, por qualquer pesquisador que deseje fazer um estudo mais aprofundado.
Esse monumento imponente que foi construído por negros oriundos da África é um
verdadeiro museu a céu aberto. Pela sua relevância que foi na formação da população
macapense, segundo Canto (2011, p.30): “a fortificação representou a constituição
física da vila, tanto econômica como politicamente, pois sem a guarnição militar que
ela abrigou durante parte da sua construção, é possível que Macapá não tivesse
sobrevivido. As obras representam, pois, a fixação da população e a formação política
do lugar”. Tomamos essa afirmação de Canto, e reiteramos que sem a fortificação
feita aqui na costa do Amapá pelos portugueses e a vinda das famílias para essas
terras não teríamos estado.
Queremos ressaltar aqui, que a lei federal 3.924 de julho de 1961 que dispõe
sobre os monumentos arqueológico e pré-históricos de qualquer natureza existentes
no território nacional e todos os elementos que neles se encontram ficam sob a guarda
e proteção do Poder Público, de acordo com o que estabelece o art. 175 da
Constituição Federal.
Portanto, a Fortaleza de São José de Macapá está sobre a responsabilidade
do Governo Federal e recebe recursos para fazer reparos no forte e na divulgação
dos meios de comunicação midiáticos. O Curiaú procura se manter como quilombo e
ainda existe muitos conflitos em relação a poluição da área ambiental e sonora; que
hoje é protegida por lei.

Referencial

CASTRO, Adler Homero Fonseca. O Fecho do Império: História das Fortificações do


Cabo Norte ao Amapá de Hoje. In: GOMES, Flavio dos Santos. Nas terras do Cabo
Norte:fronteiras, colonização e escravidão na Guiana Brasileira (séculos XVIII –
XIX).Belém:Editora Universitária/ UFPA, 1999.

Morais, P. D. (2009). História do Amapá – O passado é o espelho do presente.


Macapá: JM. Morais, P. D. (2011). Amapá em Perspectivas – Municípios do Amapá.
Macapá: JM.

http://correionago.ning.com/profiles/blogs/oriundo-do-quilombo-do-curiau-grupo-
musical-do-amapa-se-apresenta. acessado dia 10/12/2014 as 10:00
http://helidapennafort.blogspot.com.br/2010/08/festa-em-louvor-sao-joaquim-
curiau.html acessado dia 11/12/2014 as 11:00
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/19501969/L3924.htm
acessado dia15/12/2014 as 18:00

Você também pode gostar