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da História do Amapá
História
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PC/AP

Colonização da região do Amapá. Disputas territoriais e conflitos estrangeiros no Amapá. ................. 1


Principais atividades econômicas do Amapá: séculos XIX e XX. A Cabanagem no Amapá. ................ 5
A Criação do Território Federal do Amapá. Manifestações populares e sincretismo cultural no
Amapá.......... .......................................................................................................................................... 10
Questões. .......................................................................................................................................... 13

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Colonização da região do Amapá.
Disputas territoriais e conflitos estrangeiros no Amapá.

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br

A Colonização do Amapá1

As primeiras notícias de europeus passando pela região do Amapá são de navegadores espanhóis.
Talvez o primeiro tenha sido Francisco de Orellana, no contexto na conquista do Império Inca e seus
desdobramentos. Orellana deixou os Andes e atravessou a bacia amazônica, chegando no litoral do
Maranhão, portanto no Oceano Atlântico, em 1542. Em 1560, outra expedição espanhola adentrou a
Amazônia vinda do oeste, sendo conhecida na posteridade por conta da rebelião comandada por Lopez
de Aguirre contra o comandante, General Pedro de Ursua. Os membros desse motim se
autodenominaram “marañones”, declarando a separação das terras descobertas do império espanhol
(REIS, 1985, p. 17).
Nos anos de 1595/1596 holandeses e ingleses também passaram a assediar com mais afinco a região.
Primeiramente no litoral das Guianas, como demonstra o relato do navegador inglês Walter Raleigh, o
primeiro explorador do chamado “El Dorado”, um mito que afirmava a existência de uma cidade formada
de ouro, refúgio do último imperador inca escapado da conquista espanhola, o “El Hombre Dorado”
(RALEIGH, 1968). Interessante assinalar que esse relato logo ganhou fama no público leitor europeu do
século XVII, despertando as mais criativas imaginações sobre o maravilhoso na região amazônica e
adjacentes.
Posteriormente, a partir de 1600, ocorre a descida dos holandeses e ingleses para dentro da bacia
amazônica, chegando à região do Cabo Norte e as ilhas paraense. A época, os franceses estavam
basicamente mais envolvidos com o acesso à América portuguesa por outros caminhos. Pelo Rio de
Janeiro, através do projeto da França Antártica (1555-1560), e depois São Luís do Maranhão (única
capital brasileira fundada por não portugueses) com a França Equinocial (1611-1615).
Somente diante desse cenário, com destaque para a ocupação francesa em São Luís, é que a
administração portuguesa resolveu de fato organizar uma força militar para expulsar os invasores e tomar
posse da região. Entre 1580 e 1640 as coroas espanhola e portuguesa estavam ligadas dinasticamente,
o que gerou, entre outras coisas, maior agressividade dos Países Baixos para ocupar e pilhar as terras e
navios ibéricos no extremo norte da América do Sul, forma de incrementar o combate pela sua
independência frente aos soberanos espanhóis.
A partir de dezembro de 1615, de acordo com Reis, as tropas luso-brasileiras iniciaram a ofensiva para
expulsão dos estrangeiros. Partindo de São Luís, já libertada, atingiram o interior do Pará onde iniciaram
uma sequência de batalhas e escaramuças. Em união com a atividade guerreira, vários religiosos, a
maioria pertencente à Companhia de Jesus, seguiu com os regimentos militares, objetivando tanto
pacificar os ameríndios quanto organizar núcleos de agricultura que pudessem sustentar os soldados
(REIS (b), 1985, p. 260).
E assim uma sequência irresistível de vitórias confirmou a posse amazônica para os portugueses. As
principais batalhas contra os ingleses e holandeses ocorreram em 1616, 1623, 1625, 1629, 1631, 1639 e
1648. Os holandeses recuaram para o platô das Guianas, os ingleses se retiraram momentaneamente da
região e os franceses, que haviam perdido o Maranhão, se fixaram em Caiena (REIS (b). 1985. pp. 261-
262).
Não foram só essas guerras que chacoalharam o vale amazônico naquele período, uma vez que os
jesuítas, os caboclos que seguiam as expedições e os próprios soldados desenvolveram uma relação de
guerra e paz com os ameríndios, sobretudo os Tupinambás.
Seja como for, o reino português se viu na necessidade de organizar juridicamente as conquistas
recém auferidas, evitando perdê-las novamente para as outras nações colonizadoras europeias. Em
1626, foi criado o Estado do Maranhão e Grão-Pará, com sede em São Luís, desmembrado do Estado
do Brasil, com capital em São Salvador da Bahia. Imaginava-se que um Estado autônomo do restante da
1
CAVLAK, Iuri. Aspectos da colonização na Guiana Francesa e no Amapá: Visões comparadas e imbricações históricas. Revista de Estudos e Pesquisas
sobre as Américas. V.10 N.2 2016 ISSN: 1984 - 1639

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colônia, respondendo diretamente a Lisboa, facilitaria o controle administrativo e agilizaria as trocas de
mercadorias.
Repetindo a dificuldade de colonizar com recursos estatais, Portugal optou por retomar a fracassada
experiência das capitanias hereditárias, implementadas no início do século XVI no litoral. A partir de 1627,
o governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará, Francisco Coelho, desde São Luís, nomeou uma
nova leva de capitães hereditários: Feliciano Coelho de Souza, Capitania de Caeté, Antônio de Souza
Macedo, Capitania do Marajó, Gaspar de Souza Freitas, a Capitania do Xingu, enquanto a Capitania de
Gurupá ficou sendo da coroa. Para nosso interesse, assinala-se que a Capitania do Cabo Norte coube
ao sertanista e desbravador Bento Maciel Parente (REIS (b). 1985, p. 267).
Interessante destacar, já naquele momento da história, o relativo atraso da região amapaense e
entorno em relação ao restante da colônia. A chegada dos portugueses havia se dado em 1500. A
organização da primeira Capitania havia ocorrido em 1504 (Fernando de Noronha), seguindo a tradição
das ilhas da Madeira e Cabo Verde. O primeiro governo geral havia se instalado na Bahia em 1549.
Portanto, a ocupação da Amazônia ocorria 127 anos após o desembarque de Pedro Alvares Cabral.
A colonização efetiva do Amapá, então mais conhecido como Cabo Norte, se daria na importante fase
da história portuguesa sob o ministério de Sebastião José de Carvalho e Melo, o famoso Marquês de
Pombal. Até então, esse pedaço da capitania do Maranhão e Grão-Pará caracterizava-se por uma
população esparsa, formada basicamente por ameríndios livres e aqueles reduzidos nas missões
jesuíticas. Há relatos de que um soldado e sua esposa, por volta de 1738, viviam numa humilde instalação
militar onde seria erguida Macapá.
O ano de 1750, além da ascensão de Pombal ao ministério do Rei D. José I, foi o do Tratado de Madri,
que estabeleceu entre Portugal e Espanha o conceito de uti possidetis, franqueando a legalização da
posse de territórios contestados para aquela nação que possuísse seus súditos efetivamente habitando
as terras em disputa. O Amapá, quase todo o Pará e a região amazônica seriam espanhóis caso fosse
levado em conta o Tratado de Tordesilhas de 1493. Com esse novo arranjo diplomático, as terras do norte
amazônico tiveram reconhecidas seu pertencimento ao império português.
Com efeito, no intuito de reforma do Estado e de modernização de Portugal, Pombal cuidou com afinco
da região amazônica. Em 1751, criou a “Capitania do Grão-Pará e Maranhão”, não somente invertendo a
ordem dos nomes senão transferindo a capital de São Luís para Belém, indicando o influxo da política
lusa. Nomeou para essa nova capitania com sua nova sede uma pessoa de inteira confiança, seu irmão
Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Desfez a doação da capitania do Cabo Norte para Bento Maciel
Parente, passado para seu filho homônimo e depois para seu neto Vital Parente, que não haviam ocupado
nem desenvolvido a região, e reabsorveu essa capitania para o Estado, iniciando de imediato o processo
efetivo de colonização.
Deveras complexas as relações que se estabeleceram a partir de então. Mendonça Furtado, em carta
de 1751 para Pombal, relatou que o Cabo Norte era formado de “boas terras cercadas de maus vizinhos”.
Afirmou a necessidade premente de importar colonos, destacar mão de obra, impulsionar plantações e
extração de riquezas ao mesmo tempo que se queixou da falta absoluta de recursos estatais (RAVENA,
1999, p. 63).
O primeiro passo foi a importação de centenas de colonos da Ilha dos Açores para iniciar a colônia.
Chegados em Belém, cerca de 400 deles se encontraram numa situação de penúria, na medida em que
o Estado não tinha condições financeiras nem de alimentá-los e alojá-los no Pará e tampouco enviá-los
para Macapá, seu destino final (uma minoria de colonos das Ilhas Canárias também estavam juntos). Em
janeiro de 1752, finalmente foi embarcada a primeira leva dos imigrantes que iriam fundar o primeiro
povoado amapaense:

um primeiro grupo de 86 moradores transportados se estabeleceu sem nenhuma infraestrutura. Não


havia remédios nem “cirurgião” (médico) para acompanhá-los e o Governador preocupava-se por tratar-
se de um grupo composto em sua maioria de mulheres, crianças e velhos (RAVENA, 1999, p. 64).

Embora no contrato assinado entre os colonos açorianos e o governo português houvesse a assertiva
da Coroa cuidar da chegada dos mesmos em seu destino de maneira satisfatória, garantias não havia
que isso fosse cumprido. Não haviam sido construído sequer alojamentos para receber os colonos
fundadores, uma vez que tiveram que habitar as encostas das pequenas fortificações existentes (LUNA,
2011, p. 50).
A empresa instaurada tinha outras características marcantes, na medida em que a necessidade
vislumbrada por Pombal era de criar “soldados-colonos”. Em outras palavras, gente capaz de produzir
alimentos e construir infraestrutura pari passu com a defesa do território e o preparo para eventuais
entreveros armados com os franceses.

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Nas palavras de Rosa Acevedo Marin, se referindo a Macapá (1751) e Mazagão (1765):

Ambos os núcleos foram encarados no plano político de defesa do território, sem estar alheio à
cobrança de resultados econômicos e, para isso, incentivou-se a formação de estruturas agrárias com
acesso estável à terra, vínculos mais ou menos permanentes com o mercado, certo direcionamento na
gestão de atividades agrícolas e utilização de mão de obra escrava, sem esta todavia ser generalizada
entre as unidades (MARIN, 1999, p. 34).
Os colonos foram proibidos de manter qualquer contato com os franceses, naquele momento em torno
de 10 mil na vizinha Guiana. Igualmente de evitarem os “vícios da preguiça” e o “desprezo pelo trabalho
manual”, fatores que se imaginava endêmicos no Brasil colônia (MARIN, 1999, p. 38).
Se o subsídio às famílias da Ilha dos Açores em Belém havia ficado a cargo do governo, a transferência
já indicou a participação de uma junta de empresários especializados no manejo de imigrantes, alguns
deles protagonistas da fundação da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, datada de
1755. Portanto um misto entre capitais estatais e capitais privados que financiaram os primeiros anos em
solo macapaense, entre viagens, acesso ao mercado, ferramentas, sementes, algumas máquinas e
construção de moradias. Significa afirmar assim que os colonos estavam em débito tanto com a
administração pombalina quanto com particulares. Ancorada em documentação da época, afirma a
autora:
Os moradores receberam instruções para dedicar-se ao trabalho agrícola. Por ordem expressa,
definia-se que os soldados "lavradeiros” – designação para o empregado na lavoura – seriam “louvados
e licenciados”, obteriam “possessões de terreno, com faculdade ainda para empregar os indianos” das
aldeias próximas, pagando-lhes “salários”, como “jornaleiros” de Portugal. Encontravam-se em regime de
disponibilidade compulsória para servir como militares, o que implicava ser objeto de um sistema de
requisição especial (MARIN, 1999, p. 39).
Outro imbróglio de saída se deu na questão da mão de obra. Com os demais açorianos chegados em
1752, cerca de 800, numa sociedade escravista, saltou aos olhos a contradição em relação ao regime de
trabalho. De acordo com Ravena, Macapá se tornou um laboratório de experiências, na medida em que
Mendonça Furtado e a administração pombalina demandavam para a região a formação de uma
economia de subsistência articulada à exportação de excedentes, essa última a grande prova da
viabilidade do projeto. Implicava o incentivo do trabalho familiar articulado à escravidão negra e indígena.
Os colonos portugueses reivindicaram a utilização da mão de obra indígena, então aglutinada nas
reduções jesuítas. Por seu turno, os religiosos, que mantinham uma rotina de trabalho e catequese em
relação aos gentios, passaram a boicotar os pedidos dos colonos, escondendo, deslocando ou mesmo
frontalmente se opondo às requisições de força de trabalho. Para a administração em Belém isso se
tornou um problema, na medida em que os jesuítas eram vistos como aliados, mas que cada vez mais
agiam como inimigos. E os próprios nativos, ao fim e ao cabo, optavam por permanecer nas reduções:

De certa forma, havia entre os índios aldeados uma certa confiança na tutela missionária em
comparação à gestão dos colonos, principalmente porque do ponto de vista do parentesco, as práticas
missionárias eram tolerantes com os diversos elementos de definição de parentesco da cultura indígena.
No sistema de rodízio de trabalho, geralmente o índio permanecia por certo tempo no aldeamento
missionário junto a sua família (RAVENA, 1999, p. 65).

Assim, embora Mendonça Furtado respeitasse o trabalho catequético, pendia para a retirada da tutela
religiosa e a liberação da mão de obra indígena para a economia mercantil. Frente ao boicote jesuíta, foi
proclamada a lei de “liberdade” dos índios, editada em 1757, e a instalação do chamado “Diretório”,
conjunto de 95 artigos que versavam sobre a inserção do indígena na sociedade portuguesa, o
despojamento de seus costumes e a participação na circulação de mercadorias e na vida política (LUNA,
2011, p. 37). Nesse contexto ocorreu a expulsão dos jesuítas do Amapá e da Guiana Francesa, por conta
de um endurecimento da administração dos Estados europeus frente as práticas que tendiam a prejudicar
a atividade econômica dos colonos e impor óbices a própria administração colonial. O zelo com que a
Companhia de Jesus organizava a catequese em muitos momentos se chocava com a exploração da
mão de obra nativa que os colonos brancos implementavam.
Naquele período de experimentos, desinteligências e improvisos, os habitantes de Macapá viviam da
pesca, da caça e da tentativa de agricultar o arroz. Anos depois, a experiência se mostrou auspiciosa,
pois em 1758 o povoado de Macapá recebeu uma progressão jurídica, transformado em Vila. Para 1759
há notícias da exportação de vários produtos para Belém, como milho, arroz, melancia, banana e frangos.
Em 1761, foram enviados para a capital do Grão-Pará 722 alqueires de arroz, 113 arrobas de algodão,
10 arrobas de tabaco e 17 potes de azeite. O Cabo Norte sinalizou para a superação do problema da mão

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de obra e para a consolidação do modelo de colonização idealizada por Pombal e Mendonça Furtado
(RAVENA, 1999, pp. 94, 95).
Todavia, a condição obrigatória de soldado-camponês fez pesar a balança para outro lado a partir de
então. Em 1764, iniciou-se a construção da Fortaleza de São José de Macapá, obra que consumiria a
energia de milhares de colonos e escravos índios e negros, desviando os esforços de produção de
alimentos para a instalação de guerra.
Nos registros da época, tem-se notícias de fome, desabastecimento e dificuldades acentuadas na
manutenção da população macapaense. Porém, há que se levar em conta que o lugar havia se tornado
um canteiro de obras em torno da fortaleza. Um censo de 1765 apontou para a existência de 802 colonos
e 5 mil trabalhadores compulsórios e escravos, divididos respectivamente entre 2.598 índios e 2.394
negros (MARIN, 1999, pp. 43,44).
A decadência da vila de Macapá foi notória a partir de então, resultando no abandono da presença
estatal portuguesa. A necessidade de controlar o imenso Grão Pará, num contexto de recursos escassos,
conjugado ao fracasso da experiência na vila de Macapá levaram os portugueses a esvaziarem
momentaneamente sua presença no Cabo Norte. Nesse vácuo, os franceses expandiram sua Guiana,
ocupando no início do século XIX a região entre Oiapoque e Calçoene, projetando-se cerca de 300 km
mais perto de Macapá e cercando a bacia amazônica. A maior composição territorial de sua história.

Tratado de Madri2

A partilha das colônias pertencentes à Espanha e Portugal na América do sul gerou polêmicas que
acabaram em altercações e motins durante boa parte da história colonial.
O Tratado de Tordesilhas – oficialmente demarcador das fronteiras entre Espanha e Portugal – nunca
conseguiu ser totalmente respeitado, sendo portanto substituído pelo Tratado de Madrid, assinado na
capital espanhola a 13 de janeiro de 1750, entre os reis de Portugal e da Espanha.
Este tratado tornou-se responsável por determinar os limites entre as duas colônias sul-americanas,
acabando definitivamente com as contendas.
O Tratado de Madrid foi preparado cuidadosamente a partir do Mapa das Cortes, favorecendo as
colônias portuguesas em prejuízo aos direitos dos espanhóis. Os diplomatas portugueses eram muito
espertos e basearam-se no princípio do Uti Possidetis – direito de posse – para definir como se daria a
divisão territorial, trabalhando também para a vitória portuguesa. Pelo Uti Possidetis a terra deveria ser
ocupada por aqueles já se encontravam estabelecidos nela, com residência fixa e trabalho nas
redondezas. Desta forma os portugueses se firmaram no grande território que hoje forma o Brasil.
O Tratado de Madrid estabeleceu que o limite da fronteira entre os domínios espanhóis e portugueses
se daria a partir do ponto mediano entre a embocadura do Rio Madeira e a foz do Rio Mamoré, sempre
seguindo em linha reta até visualizar a margem do Rio Javari. Surgia uma linha imaginária que
futuramente geraria muitas discórdias.
Por este tratado Portugal foi obrigado a ceder a Colônia do Sacramento ao estuário da Prata, mas em
compensação recebeu os atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o atual Mato Grosso do
Sul, a gigantesca área que ficava no alto Paraguai e mais algumas extensões de terras abandonadas,
também adquiridas através de negociações.
O tratado estabeleceu que a paz sempre reinaria entre as colônias, até quando as capitais das
províncias se encontrassem em guerra; a Capital brasileira foi transferida de Salvador para o Rio de
Janeiro; a posse da Amazônia foi cedida para Portugal e o Rio Uruguai foi escolhido como fronteira entre
o Brasil e a Argentina.
O Tratado de Madrid foi importante para o Brasil porque definiu aproximadamente o contorno
geográfico do Brasil hoje.

Questão do Amapá (Tratado de Utrechet)3

O problema em relação à fronteira entre o território do Brasil e a Guiana Francesa se arrastava por
séculos. A França não reconhecia o rio Oiapoque como limite entre a Guiana e o Amapá, reivindicando
para si parte do território no Amapá, ao sul do rio. Contudo, o Tratado de Utrecht, assinado em 1713, pela
França e por Portugal, estabelecia o Oiapoque como fronteira entre os dois reinos na América do Sul.

2
SANTANA, I. M. Tratado de Madri de 1750. InfoEscola. Disponível em: < http://www.infoescola.com/historia/tratado-de-madrid-de-1750/> Acesso em 11 de
julho de 2017.
3
GERAL NOTÍCIAS. Questão do Amapá: Brasil vence disputa por limites com a França. Geral Notícias. Disponível em: <
http://www.geralnoticias.com/questao-do-amapa-brasil-vence-disputa-por-limites-com-a-franca/> Acesso em 11 de julho de 2017.

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Desta maneira, o Brasil, como “herdeiro do Império Português”, alegava que tinha direito sobre as terras
ao sul do rio. Esta disputa territorial ficou conhecida como “Questão do Amapá”.
A situação se agravou a partir de 1895, quando tropas francesas invadiram o território brasileiro até ao
rio Araguari, apropriando-se de aproximadamente 260 mil km². A questão necessitou de uma arbitragem
internacional na Suíça. O Brasil enviou o Barão de Rio Branco para resolver o problema, já que ele
também havia liderado a comitiva que venceu uma questão territorial com a Argentina. A equipe brasileira
foi bem preparada, enquanto a França enviou diplomatas com pouco conhecimento, já que estava mais
interessada na colonização da África. Desta maneira, no dia 1 de dezembro de 1900, o tribunal na Suíça
expediu a decisão favorável ao Brasil. Como resultado, o país incorporou 260 mil km² ao seu território.

Principais atividades econômicas do Amapá: séculos XIX e XX.


A Cabanagem no Amapá.

O ciclo da borracha4

O período constituiu uma parte importante da história econômica e social do Brasil, estando
relacionado com a extração e comercialização da borracha.
Este ciclo teve o seu centro na região amazônica, proporcionando grande expansão da colonização,
atraindo riqueza e causando transformações culturais e sociais, além de dar grande impulso às cidades
de Manaus, Porto Velho e Belém, até hoje maiores centros e capitais de seus Estados, Amazonas,
Rondônia e Pará, respectivamente. No mesmo período foi criado o Território Federal do Acre, atual Estado
do Acre, cuja área foi adquirida da Bolívia por meio de uma compra por 2 milhões de libras esterlinas em
1903.
O ciclo da borracha viveu seu auge entre 1879 a 1912, tendo depois experimentado uma sobrevida
entre 1942 e 1945 durante a II Guerra Mundial (1939-1945).

Linhas Gerais

Região da Amazônia, palco do ciclo da borracha. É visível parte do Brasil e da Bolívia, além dos rios
Madeira, Mamoré e Guaporé, perto dos quais construiu-se a Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
A primeira fábrica de produtos de borracha (ligas elásticas e suspensórios) surgiu na França, em Paris,
no ano de 1803.
Contudo, o material ainda apresentava algumas desvantagens: à temperatura ambiente, a goma
mostrava-se pegajosa. Com o aumento da temperatura, a goma ficava ainda mais mole e pegajosa, ao
passo que a diminuição da temperatura era acompanhada do endurecimento e rigidez da borracha.
Foram os índios centro-americanos os primeiros a descobrir e fazer uso das propriedades singulares
da borracha natural. Entretanto, foi na floresta amazônica que de fato se desenvolveu a atividade da
extração da borracha, a partir da seringa ou seringueira (Hevea brasiliensis), uma árvore que pertence à
família das Euphorbiaceae, também conhecida como árvore da fortuna.

O Primeiro Ciclo – 1879/1912

Durante os primeiros quatro séculos e meio do descobrimento, como não foram encontradas riquezas
de ouro ou minerais preciosos na Amazônia, as populações da hiléia brasileira viviam praticamente em
isolamento, porque nem a coroa portuguesa e, posteriormente, nem o império brasileiro conseguiram
concretizar ações governamentais que incentivassem o progresso na região. Vivendo do extrativismo
vegetal, a economia regional se desenvolveu por ciclos (Drogas do Sertão), acompanhando o interesse
do mercado nos diversos recursos naturais da região. Para extração da borracha neste período, acontece
uma migração de nordestinos, principalmente do Ceará, pois o estado sofria as consequências das secas
do final do século XIX.

4
PORTAL SÃO FRANCISCO. Ciclo da Borracha. Portal São Francisco. Disponível em: < http://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/ciclo-da-
borracha> Acesso em 11 de julho de 2017.

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Borracha, lucro certo

O desenvolvimento tecnológico e a Revolução Industrial, na Europa, foram o estopim que fizeram da


borracha natural, até então um produto exclusivo da Amazônia, um produto muito procurado e valorizado,
gerando lucros e dividendos a quem quer que se aventurasse neste comércio.
Desde o início da segunda metade do século XIX, a borracha passou a exercer forte atração sobre
empreendedores visionários. A atividade extrativista do látex na Amazônia revelou-se de imediato muito
lucrativa. A borracha natural logo conquistou um lugar de destaque nas indústrias da Europa e da América
do Norte, alcançando elevado preço. Isto fez com que diversas pessoas viessem ao Brasil na intenção
de conhecer a seringueira e os métodos e processos de extração, a fim de tentar também lucrar de alguma
forma com esta riqueza.
A partir da extração da borracha surgiram várias cidades e povoados, depois também transformados
em cidades. Belém e Manaus, que já existiam, passaram então por importante transformação e
urbanização. Manaus foi a primeira cidade brasileira a ser urbanizada e a segunda a possuir energia
elétrica – a primeira foi Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.

Madeira-mamoré

A ferrovia Madeira-Mamoré, também conhecida como Ferrovia do Diabo por ter causado a morte de
cerca de seis mil trabalhadores (comenta a lenda que foi um trabalhador morto para cada dormente fixado
nos trilhos), foi encampada pelo megaempresário estadunidense Percival Farquhar. A construção da
ferrovia iniciou-se em 1907 durante o governo de Affonso Penna e foi um dos episódios mais significativos
da história da ocupação da Amazônia, revelando a clara tentativa de integrá-la ao mercado mundial
através da comercialização da borracha.
Em 30 de abril de 1912 foi inaugurado o último trecho da estrada de ferro Madeira-Mamoré. Tal ocasião
registra a chegada do primeiro comboio à cidade de Guajará-Mirim, fundada nessa mesma data.
Mas o destino da ferrovia que foi construída com o propósito principal de escoar a borracha e outros
produtos da região amazônica, tanto da Bolívia quanto do Brasil, para os portos do Atlântico, e que
dizimara milhares de vidas, foi o pior possível.
Primeiro, porque o preço do látex caiu vertiginosamente no mercado mundial, inviabilizando o comércio
da borracha da Amazônia. Depois, devido ao fato de que o transporte de outros produtos que poderia ser
feito pela Madeira-Mamoré foi deslocado para outras duas estradas de ferro (uma delas construída no
Chile e outra na Argentina) e para o Canal do Panamá, que entrou em atividade em 15 de Agosto de
1914.

Alie-se a esta conjuntura o fator natureza: a própria floresta amazônica, com seu alto índice de
precipitação pluviométrica, se encarregou de destruir trechos inteiros dos trilhos, aterros e pontes,
tomando de volta para si grande parte do trajeto que o homem insistira em abrir para construir a Madeira-
Mamoré.
A ferrovia foi desativada parcialmente na década de 1930 e totalmente em 1972, ano em que foi
inaugurada a Rodovia Transamazônica (BR-230). Atualmente, de um total de 364 quilômetros de
extensão, restam apenas 7 quilômetros ativos, que são utilizados para fins turísticos.
A população rondoniense luta para que a tão sonhada revitalização da EFMM saia do papel, mas até
à data 1º de dezembro de 2006 a obra ainda nem havia começado. A falta de interesse dos órgãos
públicos, em especial das prefeituras, e a burocracia impedem o projeto.

O Segundo Ciclo – 1942/1945

A Amazônia viveria outra vez o ciclo da borracha durante a Segunda Guerra Mundial, embora por
pouco tempo. Como forças japonesas dominaram militarmente o Pacífico Sul nos primeiros meses de
1942 e invadiram também a Malásia, o controle dos seringais passou a estar nas mãos dos nipônicos, o
que culminou na queda de 97% da produção da borracha asiática.
Isto resultaria na implantação de mais alguns elementos, inclusive de infraestrutura, apenas em Belém,
desta vez por parte dos Estados Unidos. A exemplo disso, temos o Banco de Crédito da Borracha, atual
Banco da Amazônia; o Grande Hotel, luxuoso hotel construído em Belém em apenas 3 anos, onde hoje
é o Hilton Hotel; o aeroporto de Belém; a base aérea de Belém; entre outros.

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A Batalha da Borracha

Com o alistamento de nordestinos, Getúlio Vargas minimizou o problema da seca do nordeste e ao


mesmo tempo deu novo ânimo na colonização da Amazônia.
Na ânsia de encontrar um caminho que resolvesse esse impasse e, mesmo, para suprir as Forças
Aliadas da borracha então necessária para o material bélico, o governo brasileiro fez um acordo com o
governo dos Estados Unidos (Acordos de Washington), que desencadeou uma operação em larga escala
de extração de látex na Amazônia – operação que ficou conhecida como a Batalha da Borracha.
Como os seringais estavam abandonados e não mais de 35 mil trabalhadores permaneciam na região,
o grande desafio de Getúlio Vargas, então presidente do Brasil, era aumentar a produção anual de látex
de 18 mil para 45 mil toneladas, como previa o acordo. Para isso seria necessária a força braçal de 100
mil homens.
O alistamento compulsório em 1943 era feito pelo Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores
para a Amazônia (SEMTA), com sede no nordeste, em Fortaleza, criado pelo então Estado Novo. A
escolha do nordeste como sede deveu-se essencialmente como resposta a uma seca devastadora na
região e à crise sem precedentes que os camponeses da região enfrentavam.
Além do SEMTA, foram criados pelo governo nesta época, visando a dar suporte à Batalha da
borracha, a Superintendência para o Abastecimento do Vale da Amazônia (Sava), o Serviço Especial de
Saúde Pública (Sesp) e o Serviço de Navegação da Amazônia e de Administração do Porto do Pará
(Snapp). Criou-se ainda a instituição chamada Banco de Crédito da Borracha, que seria transformada,
em 1950, no Banco de Crédito da Amazônia.
O órgão internacional Rubber Development Corporation (RDC), financiado com capital dos industriais
estadunidenses, custeava as despesas do deslocamento dos migrantes (conhecidos à época como
brabos). O governo dos Estados Unidos pagava ao governo brasileiro cem dólares por cada trabalhador
entregue na Amazônia.
O governo dos Estados Unidos pagava ao governo brasileiro cem dólares por cada trabalhador
entregue na Amazônia.
Milhares de trabalhadores de várias regiões do Brasil foram compulsoriamente levados à escravidão
por dívida e à morte por doenças para as quais não possuíam imunidade. Só do nordeste foram para a
Amazônia 54 mil trabalhadores, sendo 30 mil deles apenas do Ceará. Esses novos seringueiros
receberam a alcunha de Soldados da Borracha, numa alusão clara de que o papel do seringueiro em
suprir as fábricas nos EUA com borracha era tão importante quanto o de combater o regime nazista com
armas.
Manaus tinha, em 1849, cinco mil habitantes, e, em meio século, cresceu para 70 mil. Novamente a
região experimentou a sensação de riqueza e de pujança. O dinheiro voltou a circular em Manaus, em
Belém, em cidades e povoados vizinhos e a economia regional fortaleceu-se.

A cabanagem no Amapá5
De todos os movimentos populares do período da Regência no Brasil, a Cabanagem no Pará foi o que
alcançou maior grau de radicalização, seja pelas propostas de algumas de suas lideranças, seja pelo fato
dos rebeldes terem se mantido no poder durante algum tempo e realizado profundas modificações
políticas na região.
Embora a Cabanagem propriamente dita tenha iniciado em 1833, situações anteriores já lhe
preparavam o terreno. O poder no Pará, ainda antes da proclamação da Independência estava nas mãos
de juntas favoráveis a Portugal, que protegiam os comerciantes lusos da região. Após o 7 de setembro
de 1822, a luta eclodiu no Pará, uma vez que as juntas não reconheceram a Independência.
Os liberais radicais encabeçados pelo cônego Batista Campos, e apoiados principalmente por
comerciantes brasileiros, conseguiram, em janeiro de 1823, reunir número suficiente de pessoas para
jurar a Constituição. Assim, Macapá e Mazagão Velho ratificaram, em 15 de agosto de 1823, a
emancipação política do Brasil do jogo português, tendo os macapaenses e mazaganenses expulsado os
vereadores do antigo Senado da Câmara que apoiavam D. João VI (já em Portugal), escolhendo desde
então novos membros do Poder Legislativo das duas vilas (Jorge Hurley – A Cabanagem no Pará).
Mas os militares portugueses dissolveram a Câmara de Belém e perseguiram os liberais que se
refugiaram no interior, onde passaram a conspirar, ganhando apoio das populações locais. As vilas de
Cametá, Santarém, Macapá, Mazagão, Monte Alegre e Vigia transformaram-se em verdadeiros núcleos
de conspiração.

5
NAVEGADOR BRASILEIRO. Estado do Amapá – A Cabanagem em Macapá. Navegador Brasileiro. Disponível em: <
https://navegadorbrasileiro.wordpress.com/2008/09/03/estado-do-amapa-%E2%80%93-a-cabanagem-em-macapa/> Acesso em 11 de julho de 2017.

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A adesão das massas populares às propostas de Batista Campos constituíram o começo de um
processo que iria ter seu ponto culminante mais de dez anos depois. Os núcleos de rebeldes assim
constituídos isolaram a junta portuguesa, o que facilitou a tarefa do almirante Greenfell, enviado pelo
imperador para impor um governo fiel. No entanto, deposta a junta, os rebeldes do interior exigiram a
formação de um governo popular, sob a chefia de Batista Campos. Greenfell desencadeou feroz
repressão, fuzilando muitas pessoas – ficou famoso o episódio em que trancou mais de duzentos
suspeitos no porão de um navio e jogou cal sobre eles, provocando a morte de todos por asfixia.
Em vista dos novos rumos que o movimento cabano tomou, como o da instalação de um governo
desatrelado ao imperador Pedro I, este começou a ser sufocado pelas tropas fiéis ao regente do Brasil.
Em abril de 1824 formou-se uma Junta Provisória do governo de Santarém, que imediatamente envia
uma circular ao governo da vila de Macapá, dando instruções e procedimentos que deveriam ser
observados a partir de agora, para o combate aos cabanos nessa região. Em 15 de maio do mesmo ano,
novas orientações e informações foram enviadas da Junta Governativa de Santarém, ao comando da
Praça de Macapá. Em agosto, Batista Campos em Cametá consegue promover uma agitação, que foi
logo sufocada pelo presidente da Província nomeado por D. Pedro I, José de Araújo Rosa.
No dia 26 de dezembro, vários regimentos se insurgiram no momento, que ficou conhecido por
Dezembrada, mas foram logo dominados. Batista Campos e outros implicados foram presos, enviados
ao Rio, julgados, mas absolvidos. O presidente da Província foi logo substituído e Batista Campos voltou
ao Pará, passando a ter influência decisiva nos governos que sucederam a Rosa. A agitação liderada pior
Batista Campos atrai a população pobre da capital e do interior, bem como outros líderes, cujas posições
se radicalizavam, como Felix Antonio Clemente Malcher, os irmãos Vinagre e Eduardo Nogueira Angelim.
Princípios de 1833. Batista Campos impediu a posse do novo presidente da Província, José Mariani,
e em dezembro do mesmo ano a Regência nomeou Bernardo Lobo de Souza. É neste governo que se
inicia a revolta propriamente dita dos cabanos. Partindo para uma política energética de repressão, Lobo
de Souza prende muitos liberais (incluindo Malcher) e incorpora outros à força, ao exercício (como
aconteceu com Angelim). Com base nas populações do interior, os irmãos Francisco Pedro e Antonio
Vinagre prepararam a tomada de Belém, na noite de 6 para 7 de janeiro de 1835. O presidente da
Província, Lobo de Souza, é executado, e Malcher, solto da prisão, assume o governo.
Negociando com a Regência, Malcher provoca descontentamento com os irmãos Francisco e Pedro
Vinagre, que exerciam o comando das Armas. Vinagre o depõe, mas comete o mesmo erro, negociando
com o governo central, o que propiciou o desembarque e a posse do novo presidente nomeado: Manoel
Jorge Rodrigues, que chega apoiado por uma esquadra composta de 600 homens, comandados pelo
almirante inglês Taylor.
Em Macapá Ao assumir o governo, Jorge Rodrigues trata logo de enviar reforços às cidades e vilas
sob jurisdição do Pará. Em Macapá, durante a sessão da Câmara Municipal de 19 de abril, fica resolvido
que uma subscrição pública fornecerá o dinheiro necessário à administração da vila, que se encontra sem
dinheiro devido a Cabanagem. Como urgia preparar a vila para possíveis surpresas, no dia 23 de abriu
formou-se uma comissão de cinco membros, a qual apresentou à Câmara de Macapá o plano de defesa
da vila e do município contra os Cabanos. (Barata, Manuel – A Formação Histórica do Pará).
Obrigados a recuar para o interior, Antonio Vinagre e Eduardo Angelim iniciaram a fase mais radical
do movimento. Apoiados pelas populações locais, desencadearam uma estratégia de guerrilhas, que vai
estrangulando o governo provincial. Em 14 de agosto, invadem Belém e após nove dias de sangrentos
combates, retomam a capital. É instalado um governo popular e revolucionário, encabeçado por Angelim.
Este governo, que contava com imenso apoio popular, coloca em prática medidas inspiradas pelo
socialismo utópico, como a da expropriação e centralização de todo o comércio, incluindo o exterior. Além
disso, proclamou uma República independente, separando o Pará do resto do país.
A repercussão de Angelim e Vinagre começa a encontrar ressonâncias negativas entre os produtores
e população ribeirinha. Em 27 de agosto de 1835, em Macapá reúnem-se autoridades civis, militares e a
população em geral, deliberando resistir à tal empreita de Angelim. Em setembro de 1835, o general
Francisco de Siqueira Monterozzo Mello da Silveira Vasconcellos, comandante da Praça de Macapá,
envia uma circular às autoridades e fazendeiros macapaenses, dando instruções sobre o combate aos
Cabanos que já pensavam em tomar Macapá. Tendo informações seguras de que na Ilha Vieirinha, três
marés distantes da vila de Macapá, havia um ajuntamento crescente de cabanos, o major Monterozzo
enviou em 17 de novembro uma expedição composta de 89 guardas, comandados pelo tenente de
Guardas Nacionais de Macapá Manuel da Silva Golão e o alferes-ajudante da Praça Francisco Pereira
de Brito (Hurley, Jorge – Traços Cabanos).
Além de Vieirinha, outro grupo se aloja em 20 de novembro, em Ilha de Santana, e mais outro no Furo
do Beija-Flor, frente à então vila de Mazagão. Nesse mesmo dia trava-se um violento combate, saindo
vitoriosos os mazaganenses ao raiar do dia, sem que pudessem ter evitado a invasão de suas

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propriedades pelos cabanos. (Hurley, Jorge, Op. Cit.). Uma correspondência do major Monterozzo em 5
de setembro de 1835 relata o episódio ocorrido em Ilha Vieirinha, perto de Macapá. Uma oferta de várias
embarcações de vários comerciantes famosos de Macapá, para o combate aos cabanos, reforça as
tropas de Monterozzo. Em 2 de janeiro de 1836, chegam a Macapá 120 cametaenses para a luta contra
os cabanos, sob o comando do capitão Joaquim Raimundo Furtado de Mendonça, por ordem do padre
Prudêncio, comandante militar e chefe civil de Cametá. Em 12 de fevereiro, Monterozzo comunica a
presença em Macapá, de norte-americanos tentando negociar a troca de produtos naturais da região por
armamentos, que o barco americano trazia.
A carga bélica foi transferida do navio para a Fortaleza de São José de Macapá. Em 28 de fevereiro
sai de Macapá uma expedição militar chefiada por Raimundo Joaquim Pantoja (Pantojão) para atacar os
cabanos que estavam em Breves, conforme notícia Hurley. Com o auxílio do alferes Francisco Pereira de
Brito e soldados da Praça de Macapá, Pantojão consegue vence-los em Curuçá e Caju-Una, com mais
armamentos. Pantoja parte para Breves em março de 1836. Em 17 de março chegam a Macapá as
autoridades de Santarém que acabava de cair em mãos dos cabanos, entre eles o juiz de Direito da
comarca de Tapajós, Joaquim Francisco de Souza. Em 29 de maio o alferes Brito consegue vencer os
cabanos no Bailique.
Em Belém, o movimento estava nos seus últimos dias. Em abril, poderosa força militar comandada
pelo brigadeiro Francisco José de Souza Soares de Andréia ataca Belém, ocupando-a em 13 de maio.
Os cabanos retiraram-se novamente para o interior, resistindo até 1840. Empossado no governo do Pará,
Soares de Andréia começa a campanha pró-retomada. Do major Monterozzo, Andréia recebeu um
relatório datado de 24 de maio, sobre a situação dos conflitos em Macapá. Em meio à euforia da
Cabanagem, os franceses por sua vez não perderem tempo. Em 29 de agosto de 1836 o governador da
Guiana Francesa, Laurens de Choise, comunica ao governador do Pará que, nos termos do Tratado de
Amiens (cuja cláusula estipulava que os limites da França passariam a ser contados até o rio Araguari)
resolvera ocupar a região do Amapá até o rio Araguari. Mas isso não passou do papel, pois na prática a
região continuava a mesma, com a presença de pequenos conflitos isolados.
Até o final desse ano, a corporação militar da vila de São José de Macapá, durante a luta da
Cabanagem, estava constituída de seis capitães, seis tenentes, seis alferes, um sargento-ajudante, um
sargento-quartel-mestre, um corneteiro-mor, 51 sargentos, 50 cabos e 315 soldados. Apesar das forças
cabanas terem sido dizimadas em Belém e Vigia a partir de abril de 1836 por força do brigadeiro Soares
de Andréia, alguns grupos organizados ainda insistiam em reagir contra o governo da Província. O próprio
Soares de Andréia, na presidência da Província, comunicava a Lisboa, numa correspondência datada de
6 de outubro de 1837, que 200 cabanos oriundos da Ilha de Marajó com mais de 20 embarcações, nas
ilhas em frente a Macapá, dispostos a fazer aliança com os franceses, o que representava um perigo para
se reacenderem os conflitos de limite com aquele país.
Em 1838, em ofício de 20 de janeiro, Soares de Andréia expõe, dessa vez ao ministro da Justiça, o
modo como está fortificada a Província e a Praça de Macapá, cuja situação era precaríssima, precisando
de muitos consertos, e seu comandante nada podendo fazer, pois até mesmo seus soldos militares
estavam em risco de serem cortados, pela falta de verbas. Um dos episódios dignos de nota durante o
período da Cabanagem no Amapá, foi o que envolveu o comandante Francisco Monterozzo (o nome todo
dele era Francisco de Siqueira Monterozzo Mello de Silveira Vasconcellos).
Após tantas expedições e planos de defesa organizados por este comandante militar natural de
Cametá, sua bravura também encontrou opositores fortes e à altura. Alguns de seus oficiais
subordinados, baseados em fatos meramente circunstanciais, passaram a acusa-lo de que estava
favorecendo aos cabanos. Os fatos culminaram com uma sedição ocorrida em julho de 1839. Na noite de
9 para 10, alguns oficiais se rebelaram e depuseram o seu comandante, estipulando aí um comando
alternativo. Mas tal comando só durou alguns dias. Por intervenção direta do governador Bernardo de
Souza Franco, este fez partir imediatamente reforços, normalizando a situação.

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A Criação do Território Federal do Amapá.
Manifestações populares e sincretismo cultural no Amapá.

A criação do Território Federal do Amapá6

Vamos voltar para o século passado no ano de 1940. No contexto histórico, o mundo vivia em plena
Segunda Guerra Mundial e apesar do Brasil não estar explicitamente em guerra (em batalha dentro de
seu território), sofria diversas intervenções por fazer parte das potências dos aliados, grupo de países
liderado pelos Estados Unidos, Inglaterra e China. O país na época vivia o modelo de Estado Novo de
Getúlio Vargas e começou a ser usado pelos americanos como base estratégica naval e terrestre, já que
o país havia assinado a Carta do Atlântico (Documento que previa apoio automático com qualquer nação
do continente americano que fosse atacada por uma potência extracontinental).
O Amapá que até então pertencia ao estado do Pará foi desmembrado e elevado à categoria de
Território Federal visando fatores estratégicos, econômicos, políticos e principalmente militares. “O que a
gente percebe é que havia uma estratégia de ocupação do Norte do Brasil. As áreas eram amplas demais
para serem administradas por um único chefe de estado. A criação do Território foi uma estratégia de
administração, ocupação litorânea e territorial do Amapá visando à lógica da Segunda Guerra”, explicou
o professor de história, José Farias.
Devido a esses fatores que em 13 de setembro de 1943 foi criado pelo presidente Getúlio Vargas por
meio do Decreto-lei n° 5.812 o Território Federal do Amapá. O território possuía três municípios: Macapá,
Mazagão e Amapá, este último foi decretado capital. Três meses depois da criação, no dia 17 de
novembro de 1943, Janary Gentil Nunes é nomeado governador do território. Mas, ao chegar em terras
amapaenses em 1944, o governador intitula o município de Macapá como capital do território. “O
município de Amapá nunca chegou a comportar na prática a capital. Janary instalou a sede de governo
no prédio onde hoje funciona o Museu Joaquim Caetano da Silva, aliás essa é a terceira obra mais antiga
do Amapá”, contou o professor.
A construção inaugurada em 15 de novembro de 1895 servia antes de sede da intendência municipal
de Macapá. De acordo com historiadores amapaenses, dentro do prédio foram tomadas grandes
decisões, como por exemplo, a criação de municípios, construção de escolas, divisão da arrecadação
pública e resolução de outros problemas, inclusive a instalação da Base Aérea no município do Amapá
em 1945. O lugar localizado a 15 quilômetros da cidade de Amapá abrigou um aeroporto na cidade para
abastecer aviões norte-americanos que iriam combater as tropas do eixo, na Segunda Guerra Mundial.
Com a instituição do Território Federal do Amapá foram criadas diretrizes políticas e administrativas,
infraestruturas e incentivos para o desenvolvimento de atividades econômicas, principalmente voltadas
ao setor do extrativismo mineral. Com a descoberta de ricas jazidas de manganês na Serra do Navio, em
1945 a instalação da Icomi no território revolucionou da economia local.

Manifestações populares e sincretismo cultural no Amapá

Marabaixo, Boi-Bumbá, Festas Religiosas...as riquezas do folclore amapaense.

Assim como em todas as cidades da Amazônia, no Amapá o folclore é forte e possui diversas
influências: indígenas ou africanas e até religiosas. Boi-Bumbá, Marabaixo e a Festa de São Tião são
algumas das festas que fazem parte da cultura amapaense.
Ao longo do ano, são realizados eventos na capital do Estado e no interior que valorizam e ajudam a
preservar as tradições do folclore local. Conheça agora as Principais manifestações realizadas no Amapá.

Boi-Bumbá.

O Boi-Bumbá é uma tradição muito comum no Norte do Brasil, especialmente nos Estados da
Amazônia.
As pessoas vestem fantasias e dançam para contar a história do boi que ressuscita graças à
intervenção do pajé, feiticeiro dos índios.
A festa conta a história de uma mulher grávida que tem o desejo de comer a carne do boi preferido do
patrão do marido dela.
6
LIMA, CÁSSIA. 13 de setembro: uma história que se perde com a modernidade. SeleNafes.com. Disponível em: < http://selesnafes.com/2014/09/13-de-
setembro-uma-historia-que-se-perde-com-a-modernidade/> Acesso em 11 de julho de 2017.

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O marido, para satisfazer a vontade da esposa, mata o animal, mas o dono descobre.
Inconformado com a morte do seu boi preferido, o patrão ordena ao peão que dê um jeito de trazer de
volta o animal vivo.
O homem então pede ajuda ao pajé. Quando a mágica acontece, todos dançam alegremente em volta
do boi.

Marabaixo

A festa é em homenagem ao Divino Espírito Santo e foi criada pelos escravos negros que foram
trazidos para Macapá no século XVIII para construir a Fortaleza de São José.
A tradição do Marabaixo foi passada pelos escravos aos seus descendentes que vivem na Vila de
Curiaú, a 8 km de Macapá, e também aos municípios de Mazagão Velho, em Mazagão, e Macapá, porém,
apenas na capital amapaense, o Marabaixo sobrevive com grande parte de suas características originais.
Em Mazagão Velho, por exemplo, ele desapareceu completamente. Na Vila de Curiaú, ainda se dança
o Marabaixo por ocasião da festa em louvor à Santa Maria, no fim de maio.
A transformação que a festa sofreu ao longo tempo, deve-se - de acordo com os estudiosos -, a
variáveis como urbanização, a modernização e a migração rural.
A festa do Marabaixo começa no domingo de Páscoa e dura meses. O ponto alto da festa, por exemplo,
acontece no começo de novembro, com o Encontro dos Tambores, em Macapá.
Durante quatro dias, as pessoas cantam e dançam o marabaixo. Para garantir a energia dos
dançarinos, é servido uma bebida chamada de gengibirra, que é feita de gengibre ralado, cachaça e
açúcar.

Datas principais do marabaixo:

Domingo de Páscoa:

- Começa com uma missa na Igreja de São Benedito, no bairro do Laguinho, no município de Macapá.

Dança-se o Marabaixo pela manhã e à tarde na casa do festeiro.

Cortação do Mastro:

- É feita a "Cortação do Mastro" cinco semanas após a Páscoa, no sábado, nos arredores da cidade.

É deixado nas proximidades da casa do festeiro, como preparação para o dia seguinte.

Domingo do Mastro:

- Os participantes deslocam-se até o lugar onde está o mastro, dançando, cantando e soltando
foguetes, com a bandeira do Divino e da Santíssima Trindade.

Em seguida, apanham o mastro e o levam para a casa do festeiro, onde será guardado.

Quarta-feira de Murta:

- Na primeira Quarta-feira, depois do domingo do mastro, à tarde, os participantes vão "tirar a murta"
às cercanias da cidade, levando a bandeira vermelha do Espírito Santo e voltam pelo mesmo itinerário,
guardando a murta para enfeitar o mastro no outro dia.

Quinta-feira da Hora:

- Pela manhã, depois que cavam e enfeitam o mastro do divino com os galhos da murta e a bandeira
em sua extremidade, há a "Levantação do Mastro".

Dançam o Marabaixo até tarde. A partir desta data, durante 18 dias, são rezadas ladainhas em
homenagem ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade, na casa do festeiro, em frente a um altar
ornado com fitas, velas e ricas e seculares coroas de prata do Espírito Santo.

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À noite, depois da ladainha, é realizada uma festa para os participantes e convidados.

Sábado do Divino Espírito Santo:

- Nove dias após a Quinta-feira da Hora é realizada uma festa dançante, à noite, para participantes e
convidadas na casa do festeiro.

Domingo do Divino Espírito Santo:

- Dança-se o Marabaixo nesse Domingo e as ladainhas continuam sendo revezada durante mais uma
semana.

Sábado da Trindade:

- Festa dançante para participantes e convidados na casa do festeiro.

Domingo da Trindade:

- Há missa pela manhã na Igreja do bairro.

Á tarde há a "quebra da murta". Os participantes saem pelas ruas dançando, cantando e soltando
foguetes, desta vez empunhando a bandeira da Santíssima Trindade.

À noite, rezam a última ladainha em louvar à Santíssima. Seguindo-se a realização do baile, que só
termina na Segunda-feira do Mastro.

Segunda-feira do Mastro:

- A partir das 6 horas, os participantes cavam um buraco em frente da casa do festeiro, enfeitam o
segundo mastro de murta, este da Santíssima, e fazem a "Levantação" ao lado do mastro do Divino.

Após levantado o mastro, inicia-se a dança do Marabaixo até às 12 horas. Só reiniciando no Domingo
do Senhor.

Domingo do Senhor:

- Este é o último dia do ciclo anual do Marabaixo. Os participantes dançam até às 18 horas, quando
param para fazer a "Derrubada do Mastro" (os dois), em seguida recomeçam a dança, até tarde da noite.

Festa de São Tiago:

A festa é realizada entre os dias 16 e 28 de julho, na Vila de Mazagão Velho, situada a 29 km de


Mazagão, distante a 65 km de Macapá, às margens do Rio Mutuacá.

A Vila foi fundada em 1770, com objetivo de abrigar 163 famílias de colonos lusos vindos da Mauritânia
(Costa Africana) em decorrência dos conflitos políticos - religiosos entre Portugueses e Muçulmanos que
ainda por lá perduravam.

Através da festa, eles revivem as batalhas em que cristãos e muçulmanos travaram no Continente
Negro.

A festa então tem sua origem ligada a lenda que conta o aparecimento de São Tiago como anônimo
que lutou heroicamente contra os mouros.

Ela enfoca personagens interessantes como: São Tiago, São Jorge, Rei Caldeira, Atalaia e outros.

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Questões.

01 - Na disputa final pela posse do território que mais tarde comporia o estado do Amapá, em 1899,
teve grande importância a argumentação apresentada
(A) Francisco Xavier da Veiga Cabral.
(B) Candido Mendes Ferreira
(C) Joaquim Caetano da Silva
(D) Barão do Rio Branco
(E) João Severiano Maciel

02 - A criação do território do Amapá ocorreu na década de


(A) 1930, no governo de Getúlio Vargas.
(B) 1940, no governo de Getúlio Vargas.
(C) 1940, no governo do marechal Dutra.
(D) 1950, no governo do marechal Dutra.
(E) 1950, no governo de Juscelino Kubitscheck.

03 - Considere as seguintes afirmações sobre a história do Amapá.


I. A costa do Amapá foi descoberta pelo espanhol Vicente Pinzón.
II. Pelo Tratado de Tordesilhas apenas metade do atual espaço amapaense era de Portugal.
III. Durante séculos, ocorreram disputas entre brasileiros e ingleses pela delimitação das
fronteiras.
IV. Em meados do século XVIII, o Marques de Pombal ordenou o povoamento de Macapá com
colonos açorianos.

Está correto o que consta APENAS em


(A) I e II
(B) I e III
(C) I e IV
(D) II e III
(E) III e IV

04 - A criação do Território Federal do Amapá no ano de 1943, atendeu a vários objetivos do


governo de Getúlio Vargas, dentre os quais, destaca-se
(A) a desconcentração das atividades industriais que estavam fortemente concentradas no Sul e
Sudeste.
(B) a proteção das áreas de fronteiras que apresentavam baixas densidades demográficas.
(C) a necessidade de redimensionar os estados extensos, como era o caso do Pará.
(D) as questões geopolíticas provocadas pela posição do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial.
(E) a política expansionista do governo federal frente aos vizinhos Sul-americanos.

05 - Na segunda metade do século XIX, as terras do sul do Amapá foram incorporadas à economia
da borracha. Alguns fatores responsáveis pela expansão da economia da borracha pelo vale do
Amazonas estão relacionados a seguir, à exceção de um. Assinale-o.
(A) O aumento da demanda externa.
(B) As inovações tecnológicas
(C) A ocorrência de espécimes gomíferas.
(D) O crescimento do consumo regional.
(E) A disponibilidade de mão de obra barata.

Respostas.

01 – D
Em 1893, Floriano Peixoto escolheu Rio Branco para substituir o barão Aguiar de Andrade, falecido no
desempenho da missão encarregada de defender os direitos do Brasil aos territórios das Missões. A
questão, nos últimos dias do Império, fora submetida ao arbitramento do presidente Cleveland, dos EUA,
como resultado do tratado de 7 de setembro de 1889, concluído com a Argentina.

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02 – B
Em 13 de setembro de 1943, as terras amapaenses que até então pertenciam ao estado do Pará foram
transformadas em Território Federal do Amapá por decisão do Governo Federal, na época representado
pelo presidente Getúlio Vargas.

03 – C
II. Pelo Tratado de Tordesilhas apenas metade do atual espaço amapaense era de Portugal.
Nenhum espaço era de Portugal: todo o espaço era espanhol.
III. Durante séculos, ocorreram disputas entre brasileiros e espanhóis pela delimitação das fronteiras

04 – B
Os problemas a respeito das fronteiras do norte brasileiro sempre foram constantes, mesmo no século
XX. Getúlio pretendia através do povoamento dessa região assegurar a posição dominante brasileira no
território.

05 – D
A grande demanda do produto derivado do ciclo da borracha sempre foi do mercado externo. Contar
que o Estado fez parte desse processo por sua própria procura é errado.

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1338431 E-book gerado especialmente para PAULO CESAR CABRAL CORREIA
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