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ALEXANDRO GONÇALVES.......................................................................................100237
1. Introdução.
Para o trabalho a seguir foi escolhida a criação de um curso de capacitação para
professores em atuação no âmbito educacional, relacionado a história da África, utilizando
como ferramenta de ensino a arte africana trazida pelo texto de Frank Willet, que traz
sobre como as mudanças na arte estão relacionadas com a trajetória da história do
continente africano. Nesse sentido, nós escolhemos o curso capacitacional como uma
maneira de auxiliar os professores já em atuação, sendo dividido em três aulas que buscam
sintetizar a forma como esses professores podem aplicar esse novo tema de maneira
didática em sala de aula. O trabalho segue apresentando os planos de aula do curso como
um roteiro metodológico de seu funcionamento. O enfoque é trazer a África de maneira
simples a este público que por sua formação mais antiga, não obteve contato com a
temática e, além disso, explicar a forma didática de como fugir do teórico bruto em sala de
aula, utilizando a arte africana como ferramenta de aprendizagem, de memória e de
construção da consciência histórica dos alunos.
2. Público Alvo.
O curso de capacitação tem como seu público alvo os professores da educação básica
que passaram pela graduação antes da mudança de grade curricular que inclui a
obrigatoriedade do ensino de África, uma vez que estes agora são obrigados a lecionar
sobre nas escolar, mas sem o conhecimento adequado, ficando muitas vezes a mercê de
seu próprio interesse em aprender sobre a matéria que há de lecionar, fugindo do
conhecimento apenas oferecido pelo próprio livro didático. O curso tem como objetivo
principal, ajudar estes profissionais a complementar seu currículo, tendo em vista que
atualmente no mercado, a demanda por profissionais capacitados em história da África é
gradativamente maior, devido às mudanças curriculares tanto na grade superior quanto na
educação básica.
3. Plano de aula.
Geral
Tema
Professor ------------
Tendo em vista a falta de formação na área, as duas primeiras aulas teriam mais um
tom de apresentação, servindo como uma versão extremamente reduzida dos temas tratados
neste curso e, por causa disso, apenas perpassaremos por vários temas da disciplina de modo a
dar-lhes uma base para futuras leituras e programar aulas sobre o tema. Em razão disto, as
aulas 1 e 2 serão abordadas de forma mais breve pois farão pouco uso do texto selecionado.
Aula 1
- Apresentar o curso.
Desenvolvimento
Aula 2
1 SLENES, R. W. A importância da África para as ciências humanas. História Social, 19. 19 – 32.
2 FAUVELLE, François-Xavier. O rinoceronte de ouro: histórias da idade média africana. São Paulo: Ed.
USP, 2018
3 THORNTON, John. O desenvolvimento do comércio entre europeus e africanos. In. A África e os africanos
na formação do Mundo Atlântico, 1400 – 1800. Rio de Janeiro, Elsevier, 2004.
4 MACEDO, José Rivair. Antigas formações sociais mandingas na África Ocidental: introdução histórica,
seguida de uma versão em língua portuguesa da tradução das viagens de Ibn Batutta ao Bilad Al-Sudan em 1352
– 1353. In. THOMAZ, Fernanda (org.). Afrikas: História, Cultura e Educação. Juiz de Fora, Editora UFJF,
2019.
Materiais necessários Idem
Desenvolvimento
- A aula terá início com a apresentação do site Slavevoyagers.net para tanto dar a eles um
material didático de qualidade para uso futuro quanto para dar partida ao questionamento que
será feito durante toda a aula, que é “quem lucra com a escravidão?”, que ao final se
estabelecerá que não só a Europa se beneficiou, mas também as elites locais e os envolvidos
no comércio de ambos os lados, os prejudicados sendo as vítimas diretas e indiretas desse
processo e todos aqueles que descenderam destes .
- A aula então tomará rumo ao reino do Congo e Angola, utilizando como base os textos de
Souza5 e Carvalho6, assim como utilizamos do Mali na aula anterior, utilizaremos Congo
como um exemplo de contato entre Portugal e África que se teve uma recepção não
condizente com as noções de encontro de povos tidos como bárbaros e civilizados. Tal como
5 SOUZA, Maria de Mello e. Além do visível: poder e catolicismo no Congo e em Angola (séculos XVI E
XVII). São Paulo.: EDUSP, 2018. Capítulo 1 – Catolicismo: o elo entre Congo e Portugal.
6 CARVALHO, Flávia. Os homens do rei de Angola: sobas, governadores e capitães-mores, séculos XVII –
XVIII. Tese (doutorado). Programa de Pós-graduação em História. Niterói. UFF, 2013.
referenciar outro grupo que pode aparecer no conteúdo programado do livro didático ao
estudar África medieva.
- Por meio dos conteúdos presentes na obra de Paul Lovejoy 7 e com nossas incessantes
discussões sobre a escravidão, a aula tomará um rumo em debater os pontos estabelecidos no
começo da aula sobre quem lucrou com a escravidão e como ela afetou o mundo africano.
- A aula se encerra com a apresentação do que será feito na próxima aula, indicando a leitura
do texto de Willet8, que será o enfoque junto da apresentação do site Slave images.
Aula 3
- Trazer luz quanto aos atuais debates sobre o destino dessas obras
e artefato.
- Encerramento.
Desenvolvimento
7 LOVEJOY, Paul. A África e a Escravidão. In. A escravidão na África: uma história de suas transformações.
Rio de Janeiro: civilização brasileira, 2002.
8 WILLET, Frank. Rumo a uma história da arte africana. In. Arte africana. São Paulo: Edições SESC São
Paulo; imprensa oficial do estado de São Paulo, 2017.
- A aula se iniciaria com a apresentação das imagens contidas nos textos de base da
aula, para mostrar aos professores as obras que seriam debatidas durante a aula.
- E por fim passar pelo debate atual que é a volta dessas obras para seu lugar de
origem, uma vez que as obrar foram furtadas do seu país e levadas para vários lugares
da Europa e América e de como esse debate é importante para os países africanos que
sofreram com o colonialismo europeu.
O campo historiográfico é, sem dúvida, sempre plural e diversificado. Isso se deve à natureza
da historiografia se dedicar ao estudo de um passado que é também, por si só, complexo e
multifacetado, uma vez que envolve uma infinidade de aspectos, de eventos, de culturas, de
identidades, de memórias com possibilidades de serem explorados e interpretados de
diferentes formas. Mesmo que, em muitos momentos, se ache que uma linha de pensamento
possa ter uma certa sobreposição no campo historiográfico, não significa que é a única
maneira válida e correta de se pesquisar ou escrever a história.
Por exemplo, a oralidade se desenvolve a partir de diferentes contextos, que variam de
determinado local para o outro. Já a escrita, método mais “adequado” e “promovido” por
aquilo que se chama de “primeiro mundo”, tende um enfoque no ser como elemento central
da comunidade - o que faz com que se negligencie uma natureza coletiva, com
acontecimentos comunitários. Opostamente, a história oral abrange todas as experiências,
considerando, por tanto, todos os sujeitos enquanto agentes históricos. Portanto, qualquer
membro de uma comunidade e a sua história são dignas de prestígio e de atenção, não apenas
aqueles que exercem, ocupam algum espaço, seja ele politicamente, geograficamente,
racialmente, de gênero, entre outros, de poder. Um historiador pode escolher se concentrar na
história política de um período, explorando as ações dos líderes e as mudanças nas estruturas
de poder. Outro historiador pode estar mais interessado na história social ou cultural do
mesmo período, olhando para as vidas das pessoas comuns, suas crenças, costumes e
experiências cotidianas. Ambas as abordagens são válidas e oferecem uma visão mais
‘completa’ do passado.
Portanto, embora possa haver tendências ou modas no campo historiográfico, a verdadeira
essência da história reside em sua diversidade e pluralidade. Não há uma única maneira
correta de fazer história. Cada historiador traz sua própria perspectiva única para o estudo do
passado, e é essa multiplicidade de vozes e pontos de vista que mantém a história viva e
relevante. Sendo assim, a criação de um curso de capacitação para professores em História da
África, tendo um enfoque em utilizar a arte africana como um instrumento didático, traz uma
série de impactos significativos para a comunidade escolar, abrangendo diversas esferas e
proporcionando, por conseguinte, um ambiente educacional mais enriquecedor, multiforme e
alinhado às demandas contemporâneas.
Por esses impactos, pode-se entender o enriquecimento do conhecimento dos professores,
uma vez que, a partir deste curso, os docentes podem aprimorar a sua própria compreensão da
história africana, possibilitando o preenchimento de lacunas que podem ter sido deixadas por
formações anteriores - tendo em vista que o tema foi ‘recentemente’ incluído como
obrigatório na grade curricular. Também se pode destacar a melhoria na qualidade de ensino,
trazendo uma abordagem mais completa e precisa ao lecionar sobre o continente africano,
além da utilização da arte como um recurso pedagógico, diversificando a abordagem dentro
da sala de aula e promovendo um ensino mais dinâmico e atrativo. Existe um longo percurso
na quebra de diversos pensamentos instaurados no processo de ensino-aprendizagem. É
preciso que se instaure no processo de conhecimento a visão plural e diversificada para que o
aluno de fato saiba enxergar com facilidade os diversos caminhos do processo histórico
representados pela historiografia. A formação do professor e o ensino de história estão
diretamente ligados aos materiais didáticos enquanto relevantes instrumentos ativos no
processo de ensino-aprendizagem, uma vez que "é uma característica humana buscar e
construir estratégias e ferramentas facilitadoras de seu cotidiano" (FREITAS, 2009, p. 21). 9
Por consequência, o impacto nos alunos também é evidente. A arte africana pode despertar
ainda mais o interesse dos alunos e trazer uma visão envolvente da história, apresentando-se
não apenas como uma ferramenta de transmissão de conhecimento, mas como um veículo de
troca, capaz de resgatar e preservar identidades.
9 FREITAS, Olga. Equipamentos e materiais didáticos. Brasília: Universidade de Brasília, 2009, p. 21.