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ANGOLA: COSMOVISÃO E PROJETO PARA MISSÕES.

Um trabalho de pesquisa

apresentado ao

Curso de Missiologia

Em cumprimento parcial

dos requisitos da cadeira

Introdução a Missões

IVANETE ANA BERNIERI SILVESTRIN

Porto Alegre
09/12/2010
II

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 03
1 OS CONFINS DE ANGOLA 04
2 RELIGIÕES EM ANGOLA 10
3 UM MISSIONÁRIO EM ANGOLA 13
4 COSMOVISÃO DE ANGOLA 17
5 PROJETO DE MISSÕES PARA ANGOLA 18
6 CONCLUSÃO 21
REFERÊNCIAS 23

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INTRODUÇÃO:

Cosmovisão é a maneira pela qual as pessoas vêm ou percebem o


mundo, a maneira pela qual elas entendem o mundo ao seu redor e percebem
sua participação e localização neste mundo. É a compreensão pessoal da
realidade ao redor e do que elas são.
Entender a cosmovisão é o ponto de partida para estabelecerr uma
ponte naquela cultura pessoal e naquela mentalidade formada, a verdade
transcultural do evangelho de Cristo. A cosmovisão de um povo reflete as suas
suposições, valores e entendimento a respeito da vida e do mundo onde eles
vivem. Por isto é necessário participar da vida e das experiências de um povo
com entendimento para entender esta sua cosmovisão. Quando a conhecemos
bem, temos credibilidade e autoridade para apresentar o evangelho nesta sua
localização cultural. A mensagem da fé cristã é indiscutivelmente universal e
destinada a todos os homens de todas as épocas e de todas as culturas, mas
os contextos culturais em que Deus estabeleceu a verdade e a cultura onde
esta verdade está sendo comunicada são bem distintos. Daí, a necessidade de
uma contextualização, ou seja a de apresentar a mensagem ajustavel ao
“ponto de vista”, contexto e estilo cultural local. O conteúdo contextualizado
deve ser acompanhado de um estilo de transmissão contextualizado, através
de uma comunicação contextualizada. O povo precisa entender, visualizar,
aceitar e encarnar a verdade ora comunicada.
A Comunicação Transcultural vem a ser uma comunicação
contextualizada, onde é necessário ter os conhecimentos da antropologia
cultural para entender a cultura e a cosmovisão de um povo. O modelo ideal da
comunicação transcultural do evangelho é o modelo encarnacional, onde o
missionário cristão passa pelo processo de adaptação e aculturação à nova
cultura, e se integra na cultura estabelecendo o senso de pertencer. Nesse
modelo encarnacional, ele faz amigos nessa nova cultura, vive com o povo,
comunica na linguagem do amor, e contextualizada a mensagem para o povo.
O missionário aprende a cultura local, a língua falada bem como a língua
silenciosa, os hábitos e valores que constituem a soma daquela cultura. Ele,
literalmente, “veste a camisa” daquele povo, e se torna um deles. Sua
mensagem então é revestida de autoridade, pois não se trata de uma verdade
“estrangeira”, mas de uma pessoa de dentro da cultura, uma pessoa parte da
vida deles.

“Vá ao povo; viva entre as pessoas. Ame-as.


Comece pelo que sabem. Construa com o que têm.
E quando os melhores líderes surgirem, as pessoas dirão:
“fomos nós mesmos que fizemos isto.”
Robert C. Linthincum.

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1 OS CONFINS DE ANGOLA

("Mas recebereis poder, ao


descer sobre vós o Espírito
Santo, e sereis minhas
testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a
Judéia e Samaria e até os
confins da terra" Atos 1:8)

Quando falamos em ir aos extremos da terra não podemos ignorar os

obstáculos existentes, e muito menos as oportunidades (pontes) para a

pregação do Evangelho. Isso é o que chamamos de diversidade cultural.

São muitas as variedades culturais, por isso o missionário precisa

conhecer a cultura com a qual trabalha, pois na cultura existem obstáculos que

tentam impedir a propagação do Evangelho, embora também haja pontes que

nos ajudam na evangelização.

Quando chegou a Atenas, Paulo viu uma variedade de altares, cada um

com o seu respectivo deus, e num deles estava escrito: AO DEUS

DESCONHECIDO (Atos 17.16-31). “...Este que adorais sem conhecer é

precisamente aquele que eu vos anuncio”, declarou o apóstolo. Mas, o que

Paulo encontrou – uma ponte ou uma barreira? Se uma barreira, ele o

transformou numa ponte e a usou para declarar a mensagem do Evangelho.

Ele não criticou a cultura ou a vida religiosa do povo. Pelo contrário, disse:

“Vejo que em todas as coisas vocês são muito religiosos” (v.22).

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1.1 Breve história de Angola

O nome Angola deriva da palavra bantu N'gola, título dos

governantes de uma região situada a leste da hoje capital Luanda, no

século XVI, época na qual começou o estabelecimento de entrepostos

comerciais da região pelos portugueses. A ocupação efetiva deu-se após o

Ultimato Britânico.

Foi uma colônia portuguesa até 1975, ano em que o país obteve a

sua independência. Durante a ocupação filipina de Portugal, os holandeses

procuraram desapossar os portugueses desta região, ocupando Luanda e

outros pontos estratégicos do litoral (Benguela, Santo António do Zaire, as

barras do Bengo e do Kwanza). Em 1648, o luso-brasileiro Salvador Correia

de Sá reuniu no Rio de Janeiro uma grande expedição, com uma frota de

quinze navios e cerca de dois mil homens, que expulsou os holandeses

para contentamento tanto dos portugueses como dos colonos do Brasil. No

século XX Angola manteve-se em guerra constante desde 1961 até 2002,

primeiro em virtude da luta contra o domínio colonial português, depois

como consequência da guerra civil que eclodiu em 1975 entre os principais

partidos de Angola, os anteriores movimentos de libertação. O poder

político manteve-se na posse do Movimento Popular de Libertação de

Angola desde 1975, embora o partido da oposição União Nacional para a

Independência Total de Angola (UNITA) tenha dominado uma pequena

parte do território até ao fim da última guerra civil.

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1.2 Línguas de Angola

Os habitantes de Angola são de diferentes raças e etnias, com as

seguintes percentagens:

* Bantus: 95% - Ovimbundos (37%), mbundos (25%), bakongos

(13%), outras etnias (20%).

* Mulatos: 2%

* Caucasianos: 2%

* Outros: 1%

O português é a única língua oficial de Angola. Para além de

numerosos dialetos, Angola possui várias línguas nacionais. A língua com

mais falantes em Angola, depois do português, é o umbundo, falado na

região centro-sul de Angola e em muitos meios urbanos. É língua materna

de 26% dos angolanos.

O kimbundo (ou quimbundu) é a terceira língua nacional mais falada

(20%), com incidência particular na zona centro-norte, no eixo Luanda-

Malanje e no Kwanza Sul. É uma língua com grande relevância, por ser a

língua da capital e do antigo reino dos N'gola. Foi esta língua que deu

muitos vocábulos à língua portuguesa e vice-versa.

Embora as línguas nacionais sejam as línguas maternas da maioria

da população, o português é a primeira língua de 30% da população

angolana — proporção que se apresenta muito superior na capital do país

—, enquanto 60% dos angolanos afirmam usá-la como primeira ou segunda

língua.

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1.3 Economia de Angola

A economia de Angola caracterizava-se, até à década de 1970, por

ser predominantemente agrícola, sendo o café sua principal cultura.

Seguiam-se cana-de-açúcar, sisal, milho, óleo de coco e amendoim. Entre

as culturas comerciais, destacavam-se o algodão, o tabaco e a borracha. A

produção de batata, arroz, cacau e banana era relativamente importante.

Os maiores rebanhos eram de gado bovino, caprino e suíno.

Angola é rica em minerais, especialmente diamantes, petróleo e

minério de ferro; possui também jazidas de cobre, manganésio, fosfatos,

sal, mica, chumbo, estanho, ouro, prata e platina. As minas de diamante

estão localizadas perto de Dundo, no distrito de Lunda. Importantes jazidas

de petróleo foram descobertas em 1966, ao largo de Cabinda, e mais tarde

ao largo da costa até Luanda, tornando Angola num dos importantes países

produtores de petróleo, com um desenvolvimento econômico possibilitado e

dominado por esta atividade. Em 1975 foram localizados depósitos de

urânio perto da fronteira com a Namíbia.

As principais indústrias do território são as de beneficiamento de

oleaginosas, cereais, carnes, algodão e tabaco. Merece destaque, também,

a produção de açúcar, cerveja, cimento e madeira, além do refino de

petróleo. Entre as indústrias destacam-se as de pneus, fertilizantes,

celulose, vidro e aço. O parque fabril é alimentado por cinco usinas

hidroelétricas, que dispõem de um potencial energético superior ao

consumo.

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1.4 Pobreza e desigualdade social

Os benefícios do crescimento econômico de Angola chegam de

maneira bastante desigual à população. É visível o rápido enriquecimento

de um segmento social ligado aos detentores do poder político,

administrativo e militar. Um leque de "classes médias" encontra-se em

formação nas cidades onde se concentram mais de 50% da população. No

país, grande parte da população vive em condições de pobreza relativa,

com grandes diferenças entre as cidades e o campo: uma pesquisa

realizada em 2008 pelo Instituto Nacional de Estatística indica que 37% da

população angolana vive abaixo da linha de pobreza, sendo que é no meio

rural que existem mais pobres (o índice de pobreza é de 58,3%, enquanto o

do meio urbano é de apenas 19%).

1.5 Saúde em Angola

A Saúde de Angola é classificada entre as piores do mundo. Angola

está localizada na zona endêmica de febre amarela. A incidência de cólera

é elevada. Apenas uma pequena fração da população recebe atenção

médica ainda rudimentar. A partir de 2004, a relação dos médicos por

população foi estimada em 7.7 por 100 mil pessoas. Em 2005, a

expectativa de vida foi estimada em apenas 38 anos, uma das mais baixas

do mundo. A mortalidade infantil em 2005 foi estimada em 187,49 por 1000

nascidos vivos, as mais altas do mundo. A incidência de tuberculose em

1999 foi 271 por 100000 pessoas. Taxas de imunização de crianças de um

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ano de idade em 1999 foram estimadas em 22% de tétano, difteria e tosse

convulsa e 46% para sarampo. Desnutrição tem afetado cerca de 53% das

crianças abaixo de cinco anos de idade a partir de 1999. Desde 1975 e

1992, houve 300 mil mortes relacionadas com a guerra civil. A taxa global

de morte foi estimada em 24 por 1000 em 2002. A prevalência de HIV/AIDS

foi 3,90 por 100 adultos em 2003. A partir de 2004, havia aproximadamente

240.000 pessoas que vivem com HIV/AIDS no país. Houve uma estimativa

de 21.000 mortes por AIDS em 2003. Em 2000, 38% da população teve

acesso à água potável e 44% tinham saneamento adequado.

1.6 Educação em Angola

Apesar de, na lei, a educação em Angola seja compulsória e gratuita

até os oito anos, o governo reporta que uma cerca percentagem de

estudantes não está matriculada em escolas por causa da falta de

estabelecimentos escolares e professores. Durante a Guerra Civil Angolana

(1975-2002), aproximadamente metade de todas as escolas foi saqueada e

destruída, levando o país aos atuais problemas com falta de escolas.

Em 1995, 71,2% das crianças com idade entre 7 e 14 anos estavam

matriculadas na escola. O Ministro da Educação contratou 20 mil novos

professores em 2005, e continua a implementar treinamento de

professores.

A taxa de alfabetização é muito baixa, com 67,4% da população

acima dos 15 anos que sabem ler e escrever português. 82,9% dos homens

e 54,2% das mulheres são alfabetizados, em 2001.

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2 RELIGIÕES EM ANGOLA

A introdução da doutrina cristã em Angola teve início com a

evangelização sistemática a partir de 1490, quando os missionários católicos

chegaram às "novas terras" e batizaram, sucessivamente, o governador do

Soyo em Abril de 1491 e Nzinga Nkhuvu, rei do Congo, em Maio desse mesmo

ano. A implantação da Igreja Católica nas áreas do Congo do Ndongo e

Matamba estendeu-se ao extremo leste, nordeste e sudeste até ao século XX.

A igreja cristã terá iniciado a sua atividade em Angola na década de 1850, com

maior incidência na parte norte e centro. Tanto a igreja católica como a

protestante comportam várias denominações e congregações.

A partir do ano de 1980, assistiu-se a entrada em Angola de expatriados

de várias nacionalidades oriundos, sobretudo da África Ocidental, região de

populações majoritariamente muçulmana (aderentes da religião Islâmica),

dando-se a implantação dessa religião primeiro em Luanda, estendendo-se

atualmente a todo País.

Assim, em Angola registra-se atualmente a presença das religiões

cristãs (Católicos e Protestantes) e Islâmicas como universais.

O aparecimento de uma variedade de organizações religiosas esteve na

base de diferentes interpretações dos textos bíblicos. Assistiu-se ao surgimento

do movimento dos antonianos em Mbanza Congo e, mais tarde, como

consequência lógica, ao tokoismo no século XX, uma das mais importantes

igrejas nacionais, fundada pelo Simão Gonçalves Toko.

Uma outra religião sincrética, que tem emergido e encontrado um lugar

de destaque na sociedade angolana é o Kimbanguismo.

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Decorrente desse fenômeno, verifica-se hoje uma grande proliferação de

organizações religiosas que podem ser classificadas em: a) igrejas

espiritualistas, b) igrejas dissidentes da doutrina cristã e c) igrejas não cristãs.

Algumas dessas igrejas surgiram como resposta à situação colonial

tendo durante esse período, sobrevivido na clandestinidade, enquanto que

outras foram introduzidas pelas comunidades angolanas que a partir de 1974

regressaram ao país.

O monoteísmo atualmente predominante é que justifica a crença na

existência de um Ser Poderoso e Supremo designado Nzambi (entre Bakongo,

Tucokwê e ambundu), Klunga (entre os Ngangela, Kwanyama, Axindonga e

Helelo), e Suku (entre os ovimbundu e Nyaneka Khumbi). Essa entidade

suprema considerada como criadora e supervisora do universo, é coadjuvada,

segundo os povos bantu, por outros deuses menores, mas também poderosos,

através dos quais se chega a ela. É o caso dos deuses da fecundidade, da

caça, das chuvas, da sorte, da proteção, do gado, entre outros.

Para os Kung denominados pejorativamente pelos seus vizinhos de

kamusekele (apreciadores da carne de porco espinho) ou Mukwankhala

(comedores de caranguejos) e pelos europeus de bushman/bosquimanos, esse

ser Supremo é conhecido como N!dii que significa céu nas línguas de kalahari

central, Ndali ou Hishe. Acreditam afetar significativamente a sua atividade

diária, apesar de intervir e ser invocado nos momentos de infortúnio, seca ou

outras calamidades.

Os povos bantu crêem na existência de dois mundos, nomeadamente o

visível, cujo relacionamento e contacto se efetuam através de rituais, preces e

outras cerimônias dedicadas aos antepassados, por intermédio da invocação

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das forças dos espíritos que coabitam com os homens. Este fato é indicador de

uma subordinação ou dependência total dos vivos em relação os espíritos

ancestrais.

A inacessibilidade dessa entidade suprema é ultrapassada através do

culto aos antepassados, que intercedem junto de Nzambi, Kalunga ou Suku

que está no topo das alturas, para que haja chuva, caça, proteção,

fecundidade, fertilidade ou punição para os transgressores.

O fundamento da ancestrologia enquanto ramo de antropologia que se

ocupa do estudo dos cultos e preces dedicados aos antepassados, tem essa

dimensão cultural consubstanciada na interação entre viventes e

antepassados. De um modo geral, os bantu acreditam que as pessoas não

morrem mas que transladam deste mundo para o outro com uma dimensão

transcendental, onde usufruem das mesmas benesses como comida, roupa

entre outras regalias que tinham antes da "mudanças". Este fato determina a

realização de cerimônia de ofertas de bens e de veneração aos defuntos.

Regra geral, nas comunidades rurais, antes de se beber qualquer líquido

entorna-se um pouco no chão como expressão de gratidão aos defuntos.

A veneração dos espíritos dos antepassados, expressa nos cultos ritos e

nas ofertas feitas pelos vivos, constitui um requisito para a harmonização

equilíbrio e tranquilidade comunitários, evitando infertilidade, mortandade,

doenças e outros infortúnios atribuídos aos antepassados como punição pela

desobediência. Na maioria das comunidades rurais, se acredita que não há

doença ou morte que não tenha como causadores, os antepassados

"desprezados e não venerados, os quais através dos feiticeiros", tidos como

seus emissores, sancionam ou punem os transgressores.

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3 UM MISSIONÁRIO EM ANGOLA

Se existem barreiras à pregação do Evangelho é necessário que se

façam pontes para transpô-las.

Pesquisando na internet, encontrei o site do Projeto Angola, uma

organização de ação humanitária não governamental que procura amenizar o

sofrimento humano, contribuindo para restauração da dignidade e cidadania.

Em Angola, desenvolvem projetos nas áreas de saúde e educação, procurando

a formação de agentes multiplicadores que irão contribuir para a reconstrução

do país, assolado por quase 40 anos de guerra.

Eles afirmam que “enquanto cristãos, acreditamos na redenção de todas

as áreas da vida do ser humano, principalmente no que se refere à justiça

social. Desta forma, por intermédio de sua ação conceitual, técnica e prática,

os profissionais responsáveis, procuram abordar o ser humano como um todo,

já que crescimento e desenvolvimento, não ocorrem isoladamente”.

Este projeto está direcionado a crianças, adolescentes e jovens em

idade escolar vitimados pela guerra ou em situação de risco social. Também se

estende aos pais e, na medida do possível, professores, pois são personagens

de fundamental importância no desenvolvimento humano.

Nilson Piedade, o responsável pelo Projeto Angola é Professor de

Educação Física e no momento está fazendo o segundo curso na área de

Gestão de Projetos Sociais, pois o desejo dele é se especializar nessa área.

Enviei a ele algumas perguntas que foram respondidas por email, com o

objetivo de buscar informações mais atuais e percebidas por alguém que

possui experiência pessoal com o país e seu povo.

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Apresento a seguir as perguntas que forma feitas e as respostas que o

Professor Nilson gentilmente me retornou:

Pergunta: como eles vêem as outras religiões? São tolerantes aos

missionários?

Resposta: Muito bem...e isto é um problema, pois há uma mistura de todas

elas, inclusive pastores evangélicos que buscam as religiões tradicionais

quando a coisa aperta.

Pergunta: como vêem deus?

Resposta: Deus é o Pai, criador de todas as coisas e alguém que castiga o

pecador.

Pergunta: como eles vêem outros povos?

Resposta: Depende...os europeus não são vistos muito bem, sobretudo os

portugueses. Outros africanos, depende da relação comercial. Se os ajudam,

são bem aceitos, se os exploram, não são muito bem aceitos.

Pergunta: Qual a influência das guerras?

Resposta: Quase 40 anos de guerra, tudo destruído, sobretudo as pessoas...

Salário mínimo: U$ 10,00, Expectativa de vida: 45 anos, 13 das crianças

morrem antes dos 5 anos, 60% da população adulta analfabeta, 50% da pop.

sem água encanada e sem esgoto, Aids, mais de 1 milhão de infectados,

saúde precária, educação péssima, é o país mais minado do mundo, muitos

mutilados....etc.

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Pergunta: Já terminaram ou ainda continuam?

Resposta: A guerra acabou oficialmente em 2002, mas depois de tanto tempo,

há muito por fazer...Contudo, ainda há uma província: Cabinda ,onde ainda há

guerrilha.

Pergunta: como eles vêem os brasileiros?

Resposta: Muuuuuuiiiito bem, Graças a Deus somos muito bem aceitos

Pergunta: como eles vêem a economia?

Resposta: Agora começam a chegar as indústrias, mas ainda a maioria gira em

torno de negócios informais e a base de troca. Há agricultura e pecuária

também.

Pergunta: como eles vêem as mulheres?

Resposta: De um modo geral são machistas...As mulheres trabalham muito. É

muito comum vermos uma mulher com filho nas costas, um balde na cabeça,

outro filho no braço e o homem andando na frente com as mãos livres.

Pergunta: Eu e meu marido lideramos um ministério de casais levando o curso

"Casados para sempre" em nossa igreja. Poderia ser essa uma boa estratégia

lá também?

Resposta: Acredito que sim, por causa da poligamia, mas antes de realizarmos

qualquer projeto, a gente pergunta antes para os líderes que são nossos

parceiros.

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4 COSMOVISÃO DE ANGOLA

Conforme relata o Professor Nilson, o que predomina em Angola é o

catolicismo com 60% da população, 20% dos evangélicos e o restante das religiões

tradicionais, mas mesmo no catolicismo e evangélicos, há influência das religiões

tradicionais. A partir das informações pesquisadas, podemos concluir que a

cosmovisão de Angola é religiosa, pois, de acordo com Lewis, existe “algo por trás

de” tudo o que conhecemos, algo que se reflete em nossos propósitos e sentidos.

Apesar do grande número de católicos e evangélicos, vimos que “mesmo no

catolicismo e evangélicos, há influência das religiões tradicionais”. Dessa forma, a

comunicação do evangelho em Angola deve adotar a lógica que orienta os

missionários a adotarem temporariamente a cosmovisão dos receptores não-cristão.

Assim, diante dessa cosmovisão, eles podem examinar a mensagem e

contextualizá-la, codificando-a de modo que faça sentido aos receptores. Ajuda-nos

a entender isto a palavra de Paulo em 1Coríntios 9:22: "Fiz-me como fraco para os

fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios

chegar a salvar alguns". Ele buscava conhecer as pessoas. Quando chegou a

Atenas, na Grécia, a terra da Filosofia, não começou a pregar por Moisés, mas pelo

nível dos atenienses, a Filosofia.

Não se prega o evangelho no vazio. Prega-se dentro de um contexto. Como é

o mundo para o qual pregamos? Como as pessoas pensam? "Vem para o meio",

disse Jesus ao homem da mão mirrada. O educador e o líder cristão que se prezam

colocam a pessoa no centro.

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5 PROJETO DE MISSÕES PARA ANGOLA

Como os atenienses no tempo de Paulo, os angolanos são muito religiosos.

A crença na existência de um Deus Pai é uma excelente ponte para a

evangelização.

O fato de na sua relação com as mulheres os homens se mostrarem

machistas, acrescido à prática da poligamia, aponta para uma carência na aplicação

dos ensinamentos cristãos à vida diária das pessoas e das famílias.

O curso Casados para Sempre se prestaria muito bem para ser utilizado como

estratégia de evangelização e discipulado para casais.

Os princípios bíblicos compartilhados no curso “Casados Para Sempre”

ensinam aos casais como andar na plenitude do relacionamento de uma só carne,

capacitando-os a se tornar um lar cristão que seja luz, ministrando salvação, cura e

libertação em nome do Senhor Jesus.

A proposta da missão seria apoiar as igrejas no trabalho de edificação das

famílias. Na maioria, as pessoas que fazem parte de uma igreja são ligadas entre si

por grupos menores denominados famílias. Em outras palavras, a igreja é uma

“família de famílias”, deste modo perceber que as principais necessidades dos

membros da igreja estão relacionadas com questões familiares, e atendê-las é uma

missão realmente difícil, mas possível e promissora.

O curso “Casados Para Sempre” contém 13 lições, ministradas em 14

semanas, com os seguintes conteúdos:

Semana 1 - Aliança: Explicação do termo aliança. Aliança como base para o

casamento. Termos e promessas da aliança.

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Semana 2 – Uma Só Carne: O plano original de Deus para o casamento. O

que aconteceu ao casamento na queda. O que o Senhor Jesus Cristo redimiu para o

casamento.

Semana 3 – Papéis: Os papéis bíblicos para o marido e a esposa, com base

no modelo do Senhor Jesus e a Igreja. Aplicação prática dos papéis nas áreas física,

emocional e espiritual.

Semana 4 – Semeando e Colhendo: Percepção do nosso processo constante

de semear e colher em nosso casamento. Como selecionar sementes. O que fazer

com colheitas ruins.

Semana 5 – Perdão: O porquê da necessidade de perdoar o nosso cônjuge.

Como perdoar. Como continuar perdoando, mesmo que a ofensa se repita.

Semana 6 – Visão de Fé e Confiança: Como obter de Deus uma visão de fé

para nosso cônjuge e o nosso casamento. Fixando nossos olhos na Palavra e não

nas circunstâncias. Confiando na firmeza de Jesus.

Semana 7 – Orando Juntos: Intimidade e unidade na oração diária do esposo

e da esposa juntos. Por que orar no Espírito.

Semana 8 – Acordo: O que é acordo bíblico. Problemas com o acordo

mundano. Como marido e esposa podem andar juntos em acordo.

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Semana 9 –Fluindo Juntos no Espírito: Quais são os dons do Espírito. Para

quem foram planejados. Eles estão disponíveis hoje. Dons no lar.

Semana 10 – Intimidade: O plano original de Deus para a união sexual do

marido com a esposa. Propósito do sexo. Benefícios da união sexual. Intimidade

física dirigida pelo Espírito Santo.

Semana 11 – Batalha Espiritual: Nosso cônjuge não é nosso inimigo! Contra

quem estamos lutando? Quais são nossas armas. Como lutamos.

Semana 12 – Estilo de Vida: Padrões santos da Palavra para o casamento.

Reconhecimento de áreas de trevas em nosso relacionamento conjugal. Alinhando

nossas vidas com o plano de Deus mostrado na Palavra.

Semana 13 –Ministério de Uma Só Carne: Deus não nos abençoou apenas

por abençoar. Dando de nossa abundância. Como fluir como uma equipe de uma só

carne.

O foco principal de nosso trabalho é dedicar esforços ao progresso da causa

de Cristo restaurando e fortalecendo o relacionamento entre marido e esposa, pais e

filhos, noivo e noiva, através do ensino da Palavra de Deus.

O nosso objetivo é promover o ensino da Palavra de Deus às igrejas para que

vejam a si mesmo como centros de capacitação para casamento e família.

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6 CONCLUSÃO

Aprendemos que um dos maiores obstáculos na comunicação do evangelho

numa outra cosmovisão é a credibilidade das fontes do missionário.

A verdade da Palavra leva as pessoas para Aquele que é a Verdade.

Precisamos aprofundar o relacionamento das pessoas com Jesus.

Deus pode transformar o indivíduo onde ele vive utilizando a vida daqueles

que decidiram ir ao encontro do povo perdido – os missionários. A missão do

Casados para Sempre é evangelizar e colaborar na restauração e fortalecimento dos

relacionamentos familiares, alcançando o mundo perdido através dos lares. O povo

pode ser transformado pelo poder do Evangelho dentro de sua própria cultura.

Devemos ensinar os casais como alcançar a vizinhança, comunidade e outras

esferas de influência.

O texto de Apocalipse 7.14 nos dá a visão para onde devemos direcionar a

mensagem do Evangelho. Temos de ser instrumentos nas mãos de Deus para

apresentar diante do Seu trono representantes salvos de todas as tribos, línguas e

nações. Isso significa que para tê-los diante do trono de Deus é necessário irmos em

direção a cada povo levando a mensagem do Evangelho. Para irmos aos povos

precisamos sair. Não somente um sair geográfico, mas um sair emocional,

sentimental, financeiro.

O conhecimento cultural não é adquirido no primeiro dia que chegamos ao

campo missionário. Existem casos onde passamos anos para conhecer determinado

aspecto da cultura. Sabemos que a mensagem do Evangelho é universal, mas

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devemos levar em consideração a questão cultural e saber como introduzir o

Evangelho através das pontes existentes.

Os obstáculos nunca devem nos fazer voltar, desistir, mas eles existem para

serem ultrapassados. Devemos, portanto, fazer com que o Evangelho seja

introduzido nesses corações. Sim, é possível pregar Cristo aos extremos da terra; é

possível viver entre eles, comer o que eles comem, beber o que eles bebem, vestir o

que eles vestem.

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REFERÊNCIAS

1. LEONARDO, Maria. Etnoteologia e Antropologia Cultural. Disponível em:

<http://instituto.antropos.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id

=557&Itemid=70>. Acesso em: 08 dez. 2010.

2. WIKIPEDIA. Angola. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Angola>.

Acesso em: 08 dez. 2010.

3. KWONONOCA, Américo. As religiões em Angola. Disponível em:

<http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/files/as_religies_em_angola

.doc>. Acesso em: 08 dez. 2010.

4. COELHO FILHO, Isaltino Gomes. A Pós-modernidade, Um Desafio à

Pregação do Evangelho. Disponível em:

<http://www.luz.eti.br/esp_aposmodernidadeumdesafio.html>. Acesso em: 08

dez. 2010.

5. PHILLIPS, Mike e Marylin. Casados para Sempre. Apostila do Curso. MMI-

Brasil.

6. HESSELGRAVE, David J. A Comunicação Transcultural do Evangelho Vol. I,

II e III. Apostila do curso Missiologia.

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