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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


GEOGRAFIA HUMANA E POLÍTICA

Nome: Laone Roberto dos Santos


Data: 19/09/2020

TENDÊNCIAS NA GEOGRAFIA

A geografia tem como objeto de investigação o espaço. Com o decorrer do tempo, diversas
linhas de pensamento e formas de análise chegaram aos estudos geográficos do espaço e
deixaram suas marcas. Mais recentemente, novas tendências surgiram na geografia como
frentes diversas de investigação nesses estudos, que visavam novos problemas propostos na
atualidade do cotidiano.
O espaço emerge agora possuindo novas conotações, com interpretações relacionadas a
fatos externos e internos. Com isso, tem-se áreas diversas de estudo como: Turismo,
Humanística (da Percepção ou Comportamental), Idealista, Religião e Cultural.

- Geografia do Turismo
Os estudos da Geografia do Turismo emergem a partir da década de 1960, onde procurava-
se compreender a diversidade das paisagens naturais e transformações de ação antrópica.
Nessa tendência, é buscado a identificação dos distintos potenciais turísticos, a análise dos
entraves do turismo no desenvolvimento de uma região, o ecoturismo, entre outros.
Esses estudos tratam, então, tanto de aspectos naturais como o clima, relevo etc. quanto
aspectos humanos como a cultura local, a linguagem, seus hábitos, entre outros. Com isso, o
rumo das pesquisas nesse campo seguem tópicos como:
a) planejamento de centros turísticos respeitando a cultura local;
b) análise de dados e realidade turística na área para desenvolvimento do turismo local,
buscando proporcionar melhor aproveitamento do seu potencial;
c) contato com a paisagem e seus signos, como a culinária, música, literatura e seu povo;
d) preservação da natureza local;
e) cuidados com a infraestrutura que possibilite a realização do turismo;
f) valorização da história, cultura e paisagem local;
Percebe-se que o turismo possui sua complexidade, sendo uma prática social, responsável
por um sistema de valores e como ele constitui uma indústria. Então, o papel do estudo nessa
área busca compreender esse produto local, como torna-se um organizador de espaços e
possibilita a vivência da diversidade e uma aprimoração de serviços em muitas áreas.

- Geografia Humanística (da Percepção ou Comportamental)


Para a Geografia Humanística, tendência que se concretiza entre as décadas de 1960 e 1970,
a questão de estudo gira em torno da compreensão de como o indivíduo percebe o mundo ao
seu redor. Ela possui como filosofia a Fenomenologia e, com isso, a descrição dos fenômenos
geográficos ocorre através da experiência do ser que, com seu conhecimento,
individualmente, expressa sua vivência, em um tempo e espaço, de determinado fenômeno.
Certos conceitos, como o de espaço e lugar, tomam uma interpretação diferente. O lugar é
entendido como sendo o lugar onde se ambienta o indivíduo, possuidor de significância para
o ser. E o espaço geográfico é tido como um complexo de ideias.
Então, nesses estudos, busca-se compreender a cultura, as percepções visuais, movimentos e
pensamentos, e como eles se transformam em um característico sentido de espaço para cada
indivíduo.

- Geografia Idealista
A Geografia Idealista toma forma a partir da década de 1970, baseada em uma filosofia
idealista que permite a obtenção de um relato sobre a natureza especial de comportamento
humano.
Através dessa filosofia idealista, toma como objeto de estudo, de forma crítica, a explicação
das ações humanas, ou seja, a reflexão sobre o pensamento. Essa reflexão se dá na forma
como é realizada a atividade humana sobre a Terra tendo certo objetivo final.
Seus estudos possuem abordagem de caráter ideográfica, enfocando-se a história em
detrimento do espaço, mas por outro lado, tem a paisagem como ponto principal.

- Geografia da Religião
A partir da década de 1960, surge a tendência de estudo para Geografia da Religião. Ela se
preocupa com relações e experiências religiosas de indivíduos e grupos sociais.
Nessa tendência, é de grande importância o conhecimento sobre imagens, simbolismos,
valores e significados para esses estudos geográficos. Também assumem importância as
questões entre religião e ambiente, que tratam de como as religiões influenciam pessoas e
seus costumes, ou como os fatores externos levam a possíveis alterações das religiões.
Com isso, surgem conceitos de estudos importantes como o espaço-sagrado, designação de
um campo de forças e valores, sendo estes mutáveis de uma religião a outra; espaço-profano:
constitui os locais que estão fora, para além dos muros do espaço-sagrado da religião;
hierópolis ou cidades-santuário: trata-se de cidades que tem determinada ordem espiritual
predominante, com funções associadas a religião e com práticas religiosas como a
peregrinação ao lugar sagrado etc.
Enfim, a junção de Geografia e Religião, na forma de estudo, ocorre como a análise dos
diferentes espaços e como, enquanto entendido como fenômeno cultural, a religião ocorre e
atua nesses espaços.

- Geografia Cultural
Os estudos da Geografia Cultural surgiram, inicialmente, na Alemanha, França e EUA. Ela
propõe a descrição de áreas habitadas pelos seres humanos, sua mapeação e o
estabelecimento das causas geográficas da distribuição da população.
Com isso, surgiram também termos para os estudos culturais como naturvölker, ou povos
primitivos, e kulturvölker, povos civilizados. Diz-se que povos primitivos são aqueles que
não possuíam técnicas desenvolvidas para as práticas agrícolas, que representavam sua
principal atividade econômica, e povos civilizados seriam aqueles possuidores de técnicas
mais avançadas.
Para os EUA e Alemanha, os estudos geográficos dessa área consideravam apenas a parte
material da cultura, então as diversas sociedades e culturas se apresentavam hierarquizadas,
além de seus os conhecimentos e valores próprios serem negligenciados.
Na Geografia Cultural francesa, as análises e explicações giravam em torno dos grupos
humanos e o meio ambiente que habitavam, como se adaptaram às condições ambientais.
Passando à década de 1970, a Geografia Cultural enfrentou um processo de renovação
motivado por diversas mudanças ocorridas ao redor do mundo, como o fim da Guerra Fria,
maior migração para os países centrais, mudanças econômicas e novas formas de
compreensão da realidade. Assim, surgiu uma dimensão não-materialista, que valorizava o
significado e a subjetividade, sendo a cultura então um conjunto de práticas partilhadas em
um grupo social.
Enfim, esses estudos geográficos passaram a considerar os aspectos materiais, esses dados
pela técnica, e os aspectos imateriais, como crenças e valores, possuindo diversas escalas de
análise.

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