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Centro de Mística Judaica Ohr HaKabbalah

O Ana Bekoach
O Nome de D’us de 42 Letras

No livro de Números encontramos um versículo aparentemente irrelevante:


“Moisés descreveu a jornada do povo hebreu segundo suas viagens por ordem
do Eterno...” (Numeros 32:2).
O texto também relata os pontos de partida e de chegada com uma sequência
de nomes e uma lista geográfica incompreensível.
Talvez o leitor menos acostumado não compreenda o que representa
espiritualmente a narrativa do referido texto do livro de Números. Porque o Eterno
ordenou que a viagem fosse narrada em seus mínimos detalhes? Tanto o ponto de
partida quanto o de chegada? Porque descrever minuciosamente um registro
histórico e territorial da saída do Egito? Em que se diferencia este texto das restantes
passagens bíblicas? Seria mera coincidência uma viagem com exatas quarenta e duas
paradas?
A resposta gera algumas divergências entre os gigantes espirituais de gerações
passadas e de nossa geração. Para alguns o mistério de tal preceito não nos foi
revelado. Será?

Na maravilhosa e profundíssima obra denominada Pri Tzadick, de Rabeinu


Tzadock HaKohen, em seu comentário da seção “Behaalotchá”, o sábio escreve:
“É sabido que as quarenta e duas paradas pelas quais passaram os filhos de
Israel desde a saída do Egito estão correlacionadas com o Nome de D’us de quarenta e
duas letras. Cada parada se refere a um determinado nível espiritual, e em cada nível
há uma “viagem” que se deve percorrer para alcançar outro nível superior. Enquanto a
pessoa marcha, se encontra ocupada em alcançar o nível seguinte e depois descansa.
Esta é a tarefa do homem ao longo de sua vida: durante os dias de ação se encontra
ocupado e isto representa uma preparação para alcançar o Shabat...”
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Rabeinu Tzadock também explica que existe uma relação entre um ponto de
partida (um nível espiritual) e um ponto de chegada (um nível superior de
espiritualidade) que se pretende alcançar e é por isto que a Torá insiste em descrever
o ponto de partida e o ponto de chegada.
Surge também a explicação de que assim como as viagens do povo de Israel
pelo deserto respeitam uma ordem essencial, assim também as quarenta e duas
letras do Nome devem respeitar uma ordem ininterrupta e gradual.
Trata-se de uma escada espiritual onde cada degrau representa um ponto de
partida e a base do próximo passo.

A IMPORTÂNCIA DE SUA PRONÚNCIA


Os sábios cabalistas ensinam que a leitura desta seção da Torá (Nm 33:2), tem
um valor em si mesmo, desde o primeiro ponto de partida até o último e que se uma
pessoa a pronuncia letra por letra, palavra por palavra, inclusive nos dias de aflição,
esta assegura a salvação tanto para sua pessoa quanto para o lugar onde ela se
encontra.
Em resumo, a leitura desta passagem bíblica é equivalente a pronuncia do
Nome de D’us de quarenta e duas letras, o qual tem o poder espiritual de liberar e
resgatar uma pessoa de qualquer infortúnio ou adversidade.

O TEMPO DA REVELAÇÃO
A Cabalá ensina que nas últimas gerações se permitiu revelar a ordem das 42
letras do Nome divino e isto está claro no sentido que todos os Sidurim se
encontram a denominada oração Ana Bekoach. O Ana Bekoach é uma das mais
antigas e poderosas orações cabalísticas e foi compilada pelo Rabino Nechuniá Ben
HaKaná, que utilizou os códigos da Torá Oculta em combinação com o alfabeto
hebraico (Lashon HaKodesh) para formular esta poderosa prece. O Ana Bekoach é
composto por 7 linhas formadas cada uma delas por 6 palavras que somam
exatamente 42 palavras. Cada uma destas 7 linhas estão diretamente associadas as 7
sefirot emocionais e aos 7 dias da semana.
O número seis representa o nível deste mundo, tal como está escrito: “Porque
seis dias fez o Eterno os céus e a terra” (Êxodo 20:11). Vale a pena ressaltar que o
versículo original hebraico não diz “em seis” e sim “seis dias”, marcando o caráter
essencial denotado por este número em relação ao mundo físico, o mundo material.
Por outro lado o número sete alude ao sétimo dia, o Shabat, o qual é
preenchido semanalmente com a sexagésima parte do Mundo Vindouro. Isto explica
o motivo dos sábios determinarem pronunciar o Ana Bekoach na véspera de Shabat,
pois se trata do momento do encontro entre o seis e o sete, entre os seis dias da
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semana e o sétimo dia, o Shabat. E assim nos elevamos do mundo material para o
mundo espiritual.

ANA BEKOACH – TRADUÇÃO E TRANSLITERAÇÃO:


Ana Bekoach guedulat iminecha, tatir tserura. Chéssed
Kabel rinat amêchá, saguevênu, taharênu, norá. Guervurá
Na guibor, dorshê yichudêcha, kevavat shonrem. Tiféret
Barcehem, taharem, rechamê tsidcatechá tamid gomlém. Netzach
Chassim kadosh berov tuvchá nahel adatêcha. Hod
Iachid gueê, leamécha penê, zocherê kedushatêcha. Yessod
Shav’atênu kabel u’shemá tsaacatênu, iodêa taalumot. Malchut
*(Em voz baixa): Baruch shem kevod malchuto leolam vaed.
Tradução:

Rogamos-Te que desates com o Poder da Grandeza da Tua destra, as ataduras!


Aceita o canto do Teu povo; exalta-nos e purifica-nos, ó Temido!
Ó mui Poderoso! Rogamos-Te que preserves, como a pupila do olho, os que
exigem Tua Unificação!
Abençoa-os, purifica-os; e Tua Justiça Benevolente, continuamente retribui-lhes!
Ó Poderoso e Santo, com a abundância de Tua Bondade, guia Tua coletividade!
Ó Único e Exalto, verte-se ao Teu povo, àqueles que se lembram de Tua
Santidade!
Aceita nossas súplicas, e ouve os nossos clamores, ó Tu, que sabe todos os
mistérios!
(Em voz baixa): Bendito seja o Nome daquele cujo Glorioso Reino é Eterno!

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